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Técnicas cirúrgicas de
preservação do alvéolo
Casos de reabilitação posterior
Pág.2o
Técnicas cirúrgicas de preservação do alvéolo
em reabilitações finais com implantesPreservar o alvéolo pós-extraçào em casos de reabilitação posterior com políticos de prótese fixa ou com implantes é sempre mais vantajoso, defende a
Dra. Célia Coutinho Alves.
Figura 1 a: Situação inicial da raiz do 2. 1 perdida por fratura
longitudinal com presença vestibular de fístula gengival, quedeixa antever uma fenestração da tábua vestibular
Figura 1 b: Raio-X
periapical apresentando
radiotransparência apical
Figura 1 c: Extração atraumática da raiz
Figura 1 d: Preservação alveolar com colocação em 1° lugarduma membrana de colagénio reabsorvivel (Bio-guide®) em
forma de cone de gelado invertido no interior do alvéolo em
contacto com a tábua vestibular para isolar a fenestração;
em 2° lugar preenchimento do alvéolo com Bio-oss®
Figura 1 e: Selamento com a própria membrana Figura 1 f: Membrana suturada a palatino
Comoabordámos no artigo anterior sobre preserva-
ção do alvéolo em reabilitações com pônticos de
prótese fixa, preservar significa não destruir o que
já está construído. Técnicas de preservação do alvéolo são
todas aquelas que permitem aproveitar a anatomia e fisio-
logia de cicatrização do alvéolo dentário no sentido que a
cicatnzação do mesmo se faça com o mínimo dano sobre o
volume tridimensional inicial aquando da extração da raiz.
Dependendo da indicação que esteve na origem da extra-
ção, as tábuas ósseas alveolares podem estar mais ou menos
preservadas, bem como o tecido mole envolvente, e assim
necessitar da combinação de técnicas e materiais diferentes
consoante a quantidade/qualidade de tecidos a preservar.
Quando o plano de tratamento para a substituição da raiz
perdida passa pela colocação dum implante e sua posterior
reabilitação, a análise do alvéolo pós-extração juntamente
com factores de risco locais pode indicar ou não a colocação
do implante imediatamente a seguir à extração. Quando
por razões infecciosas, estéticas ou de estabilidade primáriadiminuída o implante não pode ser colocado imediatamen-
te, a preservação do alvéolo para a sua colocação diferida
deve ser tida em conta.
A preservação alveolar permitirá manter ou melhorar as
condições ósseas e dos tecidos moles para a posterior co-
locação do implante. Isto torna-se ainda mais imperativo
quando se trata de implantes em regiões estéticas em pa-
cientes com uma linha de sorriso alta. O objetivo final du-
ma restauração fixa implanto-suportada, do ponto de vista
cirúrgico, é conseguir um tecido mole, estética e funcional-
mente perfeito. Este facto depende diretamente de atingir:• espessura e posição da gengiva aderida adequadas;• tamanho e forma da papila ideal;
• volume vestibular (contorno) do osso alvéolo;
• nível e configuração da margem gengival naturais.
No último artigo tínhamos distinguido dois tipos de pro-cedimentos clínicos consoante a presença ou ausência da
tábua vestibular após extração. Assim:
• se a tábua óssea vestibular está preservada, o alvéolo será
preenchido apenas com um material substituto ósseo de re-
absorção lenta, que permita a manutenção do espaço físico
sem perda significativa de volume. Um enxerto de tecido
conectivo ou epitelial pode ser necessário para selar o alvé-
olo, sobretudo nos biótipos gengivais finos.
• se a tábua vestibular apresenta deiscências ou fenestra-
ções, estas deverão ser primeiramente isoladas com uma
membrana reabsorvível e só posteriormente o alvéolo de-
verá ser preenchido com um material substituto ósseo. Um
enxerto de tecido conectivo ou epitelial pode ser necessário
para selar o alvéolo ou utilizarmos a membrana reabsorví-
vel para esse efeito.
A situação clínica II é aquela com que mais frequentemente
nos deparamos face à decisão de preservar o alvéolo para
posterior colocação dum implante, pois em situações em
que todas as paredes ósseas estão preservadas, a possibili-dade de fazer um implante imediato é muitas vezes a situa-
ção a considerar. Como sabemos, o rebordo alveolar na re-
gião anterior da maxila pode ser reduzido em 23 por cento
nos primeiros seis meses após exodontia e, adicionalmente,mais 1 1 por cento nos seguintes cinco anos.
O caso clínico que selecionei para ilustrar esta técnica é
exemplificativo duma situação com que nos deparamos
frequentemente e onde a colocação dum implante para rea-
bilitar em dente perdido é a primeira escolha. Trata-se dum
dente incisivo central perdido por fratura longitudinal da
raiz num adulto jovem que mantém os seus dentes adjacen-tes praticamente íntegros.Tratando-se sobretudo de uma zona estética, a preservaçãoalveolar pós-extração em situações clínicas de reabilitaçãofinal com implantes, toma-se essencial para minimizar a
reabsorção fisiológica quer no sentido horizontal, querno sentido vertical que ocorre mais significativamente no
primeiro ano. Esta reabsorção é responsável pelo contorno
vertical e/ou horizontal que pode condicionar desarmonia
com o lado contra-lateral, o que pode comprometer o resul-
tado estético (contorno gengival, reflexão da luz) e funcio-
nal (fonética, defleção alimentar) final.
Na maior parte das vezes, é necessária uma regeneraçãoadicional da tábua óssea perdida aquando da colocação do
implante, mas em muito menor escala do que se não se
tivesse preservado o alvéolo previamente, normalmente pa-ra reforçar a espessura vestibular da tábua óssea e evitar a
sua reabsorção ao longo do tempo. Sobretudo em biótipos
gengivais finos, a adição dum enxerto de tecido conjun-tivo neste mesmo passo cirúrgico adiciona a vantagem de
termos mais tecido mole para trabalhar aquando da mode-
lação posterior com um dente provisório. Sempre que pos-
sível, em situações clinicas de reabilitações com implantesem regiões estéticas, o recurso a este tipo de enxertos de
tecido conjuntivo mostram-se muito vantajosos, também
na estabilidade do contorno da margem gengival ao longodo tempo, situação mais difícil de controlar apenas quandohá um enxerto ósseo.
Os enxertos ósseos serão alvo de remodelação óssea contí-
nua ao longo do tempo, remodelação óssea essa que favore-
ce a perda de volume. Pelo contrário, os enxertos de tecido
mole tendem a incorporar-se cada vez melhor nos tecidos
receptores e a sua maturação ao longo do tempo tende a ser
por aumento ou manutenção do volume.
Em conclusão, preservar o alvéolo pós-extração em casos de
reabilitação posterior com pônticos de prótese fixa ou com
implantes é sempre mais vantajoso do que apenas esperar
para depois ter de corrigir uma situação mais exigente. ¦Os artigos da autoria da Dr." Célia Alves não têm canz científi-
co, mas pretendem apelar para a importância dos temas rela-
cionados com a Periodontolovia.
Dra. Célia Coutínho Alves.Licenciada em Medicina Dentária
pela FMDUP - 2000. Pós-
-graduação em Periodontologia
pela FMDUP - 2001. Residência
clínica 2004-Pericop. P.C. Dr. Myron Nevins,
Boston, EUA. Curso de cirurgia mucogengival em
Harvard 2004-Boston-USA. ITI Fellow. ProfessoraConvidada dos mestrados de Periodontologia do
ISCSN, Porto, Portugal e Universidade de Santiagode Compostela, Espanha. Aluna de doutoramento
da Universidade de Santiago de Compostela.Prática de Periodontologia na Clínica MedicinaDentária Dr. Manuel Neves.
Figura 1 i e j: Colocação de implante com reforço da regeneração óssea com Bio-oss® e uma membrana de colagénioreabsorvivel (Bio-guide®) e ainda enxerto de tecido conjuntivo por vestibular, tudo em simultâneo com a colocação do
implante
Figura 1 g: Adaptação do dente provisório fixo aderido aos
dentes adjacentesFigura 1 h: Resultado do perfil marginal dos tecidos moles
após três meses da cirurgia
Figura 1 k: Sutura e estabilização de dente fixo provisórioaderido por mais três meses. Adaptação posterior duma
coroa provisória aparafusada ao implante para modulaçãodos tecidos moles marginais durante mais três meses
Figura 1 1: Contorno vestibular e margem dos tecidos
gengivais e adaptação dum coto personalizado em zircónia.
Preparação do dente 1.2 para coroa fixa
Figura 1 m: Coroa cerâmica final cimentada no implante 2.1
e coroa total cerâmica no 1.2 - resultado final um ano após
a colocação