Técnicas de Irrigação Para Agricultores de Pequena Escala

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Técnicas de Irrigação Para Agricultores de Pequena Escala

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  • Tcnicas de Irrigao para Agricultores de Pequena Escala

    Prticas Fundamentais para implementadores

    de rrc

  • Tcnicas de Irrigao para Agricultores de Pequena Escala: Prticas Fundamentais para Implementadores de RRC

    As designaes empregadas e a apresentao do material neste produto de informao no implicam a expresso de qualquer opinio por parte da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e Alimentao (FAO) sobre a situao jurdica ou estgio de desenvolvimento de qualquer pas, territrio, cidade ou rea ou de suas autoridades, ou sobre a delimitao de suas fronteiras. A meno de companhias especficas ou produtos de fabricantes, patenteados ou no, no implica que sejam endossados ou recomendados pela FAO em preferncia a outros de natureza similar no mencionados.

    As opinies aqui expressadas so dos autores e no representam necessariamente as opinies ou polticas da FAO.

    ISBN 978-92-5-008326-1 (impresso)E-ISBN 978-92-5-008327-8 (PDF)

    FAO, 2014

    A FAO incentiva o uso, reproduo e divulgao do material contido neste produto de informao. Salvo indicao em contrrio, o material pode ser copiado, baixado e impresso para estudo, pesquisa e ensino, ou para uso em produtos e servios no comerciais, desde que se indique a FAO como fonte e detentora dos direitos autorais e no implique o endosso pela FAO das opinies, produtos ou servios dos usurios. Todos os pedidos de traduo e direitos de adaptao, bem como revenda e outros direitos de uso comercial, devem ser feitos atravs de www.fao.org/contact-us/licence-request ou endereados a [email protected].

    Os produtos de informao da FAO esto disponveis no site www.fao.org/publications e podem ser adquiridos atravs de [email protected].

    Autores Martin Smith, Giovanni Muoz e Javier Sanz AlvarezCoordenadores da srie Javier Sanz Alvarez e Erin OBrienFotos FAO/Javier Sanz Alvarez, salvo indicao em contrrioDesenho e composio Handmade Communications, [email protected] Bangula Lingo Centre, [email protected]

  • Tcnicas de Irrigao para Agricultores de Pequena Escala

    Prticas Fundamentais para implementadores

    de rrc

  • Este documento faz parte da srie, Um Guia de Campo para a Reduo do Risco de Calamidades na frica Austral: Prticas Fundamentais para Implementadores de RRC, coordenada pelo Escritrio Sub-regional da FAO para a Reduo/Gesto de Risco de Calamidades para a frica Austral. Esta srie foi produzida com contribuies por parte da COOPI, FAO, OCHA e UNHABITAT, e constituda pelos seguintes documentos tcnicos:

    Tcnicas de Irrigao para Agricultores de Pequena Escala (FAO) Escolas de Campo para Agricultores (FAO) Gesto da Diversidade de Culturas (FAO) Variedades de Sementes Apropriadas para Pequenos Agricultores (FAO) Sistemas Apropriados de Armazenamento de Sementes e Cereais para Pequenos Agricultores (FAO) Hospitais Seguros (COOPI) Tecnologia Mvel para a Sade (COOPI) Sistemas de Gesto de Informaco e Conhecimento (COOPI) Arquitectura para a Reduo de Risco de Calamidades (UN-Habitat) Reduo de Risco de Calamidades para a Segurana Alimentar e Nutricional (FAO) Sistema de Alerta Prvio de Base Comunitria (OCHA e FAO)

    A Ajuda Humanitria e Proteco Civil da Comisso Europeia financia operaes de auxlio a vtimas de calamidades naturais e conitos fora da Unio Europeia. O auxlio direccionado imparcialmente, directamente para as pessoas que dele necessitam, independentemente da sua raa, grupo tnico, religio, gnero, idade, nacionalidade ou afiliao poltica.

    Este documento refere-se a actividades de auxlio humanitrio implementadas com a assistncia financeira da Unio Europeia. As opinies expressas neste documento no devem ser consideradas, de qualquer modo, como reectindo a opinio oficial da Unio Europeia, e a Comisso Europeia no responsvel por qualquer uso que possa ser feito quanto informao nele contida.

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    Prefcio do ECHO

    A regio da frica Austral e Oceano ndico extremamente vulnervel no que respeita a ciclones, cheias, secas e tempestades tropicais. Estes choques recorrentes relacionados com o clima afectam negativamente os meios de subsistncia e economias altamente sensveis da regio e desgastam a capacidade de recuperao total por parte das comunidades, o que, por sua vez, aumenta ainda mais a fragilidade e vulnerabilidade face a calamidades subsequentes. A natureza e tipo de desastres climticos esto a mudar e a tornar-se mais imprevisveis, aumentando em frequncia, intensidade e magnitude em consequncia da mudana climtica. A vulnerabilidade na regio ainda agravada por factores socioeconmicos negativos prevalecentes tais como a elevada taxa de VIH, a pobreza extrema, a insegurana crescente e o crescimento e tendncias demogrficos (incluindo a migrao intra-regional e a crescente urbanizao).

    A Ajuda humanitria e Proteco civil da Comisso Europeia (ECHO) tem estado envolvido activamente na regio, desde 2009, atravs do programa ECHO de Prontido para Calamidades (DIPECHO), apoiando intervenes multissectoriais para reduo do risco de calamidades nas reas de segurana alimentar e agricultura, infra-estrutura e arquitectura adaptada, informao e gesto de conhecimentos, gua, saneamento e higiene e sade. Este programa opera segundo dois objectivos a saber: Preparao face a Emergncias atravs do desenvolvimento de

    capacidades a nvel local para gesto e estado de preparao sustentveis, no que respeita a perigos relativos a condies atmosfricas, incluindo planos de preparao sazonais, formao,

    stocks e equipamento para socorro de emergncia, bem como Sistemas de Alerta Prvio.

    Habilitao das comunidades atravs de abordagens multissectoriais e a vrios nveis, com a integrao de RRC como componente central e maior segurana alimentar e nutricional como resultado.

    Isto feito em alinhamento com estratgias e quadros nacionais e regionais.

    Para o DIPECHO, uma das principais medidas de sucesso a replicabilidade. Para este efeito, o apoio tcnico atravs de directivas estabelecidas para os implementadores de RRC constitui um resultado bem-vindo das intervenes do DIPECHO na regio. O ECHO tem apoiado parceiros regionais, nomeadamente, COOPI, FAO, UN-Habitat e UN-OCHA, para melhoramento da resilincia das populaes vulnerveis na frica Austral atravs da proviso de financiamento para o teste no terreno e estabelecimento de boas prticas, e para o desenvolvimento de um toolkit para a sua aplicao na frica Austral. A inteno do Escritrio para os Assuntos Humanitrios da Comisso Europeia e dos seus parceiros de concretizar os dois objectivos de forma sustentvel e eficiente, atravs das prticas contidas no actual Toolkit a fim de assegurar uma maior resilincia das populaes mais vulnerveis na regio.

    cees WittebroodChefe da Unidade para a frica Oriental, Ocidental e AustralDirectorado Geral para Ajuda Humanitria e Proteco Civil (ECHO)Comisso Europeia

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    FAO/Antonello Proto

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    Prefcio da FAO

    A regio da frica Austral vulnervel a grande diversidade de perigos, em grande parte associados a causas ambientais (como secas, ciclones, cheias) e tambm a doenas humanas e animais, pragas, choques de natureza econmica e, em algumas reas, agitao e insegurana sociopoltica, entre outros. O perfil de risco da regio est em evoluo com o aparecimento de novos factores de proeminncia crescente, incluindo elevadas taxas de crescimento populacional e uma tendncia para maior urbanizao, migrao e mobilidade, para alm de outros factores. As ameaas naturais continuaro a ser progressivamente mais inuenciados pelas tendncias relativas mudana climtica. As calamidades na regio so muitas vezes compsitas e recorrentes, causando impactos dramticos sobre os meios de subsistncia e sobre a economia e meio ambiente dos pases da frica Austral, muitas vezes prejudicando o crescimento e as conquistas arduamente conseguidas em termos de desenvolvimento.

    O aumento da Resilincia dos meios de Subsistncia a Ameaas e Crises constitui um dos objectivos estratgicos da estratgia empresarial da FAO (Objectivo Estratgico 5, ou SO5). A FAO pretende especificamente aumentar a resilincia no que respeita agricultura e segurana alimentar e nutricional, sectores que so dos mais gravemente afectados por ameaas naturais. O impacto de choques e calamidades pode ser mitigado e a recuperao em grande parte facilitada com o estabelecimento de prticas agrcolas adequadas. Assim, o melhoramento da capacidade das comunidades, autoridades

    locais e outros intervenientes fundamental para o desenvolvimento de resilincia

    A FAO, em conjunto com outros parceiros, est a realizar trabalho intensivo na frica Austral no sentido de consolidar a resilincia de comunidades sujeitas a choques o que est a desenvolver uma melhor base de conhecimentos e a documentar boas prticas. Este toolkit (conjunto de ferramentas) pretende disseminar melhores mtodos e tecnologias relativos a aspectos fundamentais da agricultura, tais como variedades apropriadas de sementes, irrigao, sistemas de armazenamento, utilizao da terra e da gua e Escolas de Campo para Agricultores, na esperana de que estes possam ser teis para diferentes intervenientes, no que respeita aos seus esforos para melhoramento da sua resilincia. Uma abordagem multissectorial e parcerias slidas so consideradas fundamentais para o xito do trabalho no sentido da criao de resilincia. Por este motivo, este toolkit inclui igualmente aspectos de boas prticas de resilincia no especificamente agrcolas contribudos por parceiros da FAO (UN-OCHA, UN-HABITAT e COOPI),os quais certamente enriquecem esta coleco.

    mario samajaCoordenador SniorEscritrio Sub-regional da FAO para RRC na frica Austral Joanesburgo

    david PhiriCoordenador Sub-regional Escritrio Sub-regional da FAO para a frica AustralHarare

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    ndiceAcrnimos e Abreviaturas .......................................................................................05

    1. Introduo .........................................................................................................06

    2. Exemplos Prticos de Tecnologias Comuns para Irrigao ........................................09

    3. Princpios e Prticas Fundamentais de Seleco e Instalao ..................................31

    4. Formao e Demonstraes Destinadas aos Agricultores ..........................................41

    5. Bibliografia e Referncias para Leitura Adicional ...................................................45

  • 05

    Acrnimos e AbreviaturascV .............................................cavalo-vapor G/rrc .......................................gesto/reduo de risco de calamidadesiPm ...........................................gesto integrada de pragas (integrated pest management)FaO ...........................................Organizao das Naes Unidas para Alimentao e AgriculturaFFs ............................................escola de campo para agricultoresFWm..........................................gesto de gua para agriculturaOG .............................................organizao governamentalHa .............................................hectareKm ............................................quilmetrom ...............................................metrom2..............................................metro quadradom3 .............................................metro cbicoOnG ...........................................organizao no-governamentalnrLW........................................Servios da FAO para a Gesto e Desenvolvimento de Recursos HdricosO&m ..........................................operao e manutenoOFWm .......................................gesto da gua nos campos agrcolasPeP ...........................................tubos de polietilenoPt&e .........................................formao e extenso integrativasPVc ...........................................polivinilcloretosPFs ..........................................Programa Especial para a Segurana Alimentartot ............................................formao de formadoresus$ ...........................................dlar dos estados unidosWcc ..........................................componente de controlo de guaWua .........................................associao dos utilizadores de gua

  • 0606

    1. Introduo

    Antecedentes e Justificao

    As emergncias recorrentes na Africa Austral1 causadas por

    perigos naturais e biolgicos, tais como cheias, secas, ciclones, pragas e doenas expuseram um importante segmento da

    populao a altos nveis de vulnerabilidade. Esta situao por vezes agravada ainda mais por dissenses civis, VIH/SIDA e sobressaltos econmicos. As alteraes climticas e o incremento previsto na frequncia e severidade de eventos climticos extremos, afectar o sector da agricultura, agravando assim os riscos enfrentados pelas

    1 Angola, Botswana, Comores, RD do Congo, Lesoto, Madagscar, Malawi, Moambique, Nambia, frica do Sul, Suazilndia, Zmbia, Zimbabu

    populaes rurais, a maioria das quais depende da agricultura para os seus meios de vida e segurana alimentar.

    Os programas internacionais de emergncia contriburam muito para superar os choques imediatos derivados de eventos climticos extremos e de situaes de emergncia, atravs da proviso das necessidades imediatas em gneros alimentcios e abrigo e para corrigir os seus impactos negativos sobre as vidas das populaes e seus meios de subsistncia.

    Contudo, urge no focalizar somente em torno da resposta, mas tambm no incremento da resilincia2 das comunidades vulnerveis atravs da preveno e reduo do impacto associado a eventos destrutivos e incrementar a prontido para a resposta das populaes a fim de reduzir as suas vulnerabilidades. A reduo/gesto do risco de calamidades (R/GRC) e adaptao a alteraes climticas tm merecido uma alta prioridade na estratgia integrada da FAO para apoiar os governos a melhor responderem aos desastres naturais mediante a adopo de polticas, instituies e mecanismos de coordenao adequados e fortalecer as suas capacidades a nvel nacional e local para avaliar, reduzir e adaptar-se aos riscos de desastres climticos.

    Para construir a resilincia dos pequenos produtores agrcolas expostos a perigos derivados de desastres naturais recorrentes,

    2 A capacidade dos agregados familiares de manterem um certo nvel de bem-estar (isto de segurana do ponto de vista alimentar), mediante resistncia aos choques e aos estresses associados.

  • 07

    as intervenes da FAO visam promover a divulgao de mtodos melhorados e de tecnologias de RRC sobre aspectos fundamentais dos sectores de agricultura e de segurana alimentar, incluindo a agricultura de conservao, produo de culturas, variedades de sementes apropriadas, uso e gesto de terras e de gua, distribuio de insumos agrcolas, seguros, reabilitao ambiental, reorestao protectiva e irrigao, entre outros.

    Objectivo e Justificao

    Para restabelecer a produo alimentar e criar um sistema agrcola susceptvel de providenciar uma melhor segurana alimentar e garantias de sustentada produo e receitas, a FAO pretende tomar como ponto de partida a sua experincia acumulada durante os ltimos anos na implementao de programas de gesto/reduo de risco

    de calamidades e proporcionar um guia prtico para introduo de tcnicas e tecnologias eficazes que possam assistir as comunidades propensas a perigos a ultrapassarem as ameaas recorrentes.

    A introduo de tcnicas apropriadas de gesto de gua para agricultura, incluindo a irrigao, poder providenciar uma forma eficaz para rapidamente restabelecer a produo e receitas e incrementar significativamente a resilincia da populao local para superar emergncias subsequentes.

    Muito embora as respostas em cada tipo de emergncia sejam diferentes, a introduo de tcnicas de irrigao ser, na maioria dos casos, uma opo atractiva: Depois das cheias e dos ciclones que ocorrem na estao das

    chuvas, a introduo da irrigao na estao seca subsequente permitir aos agricultores produzirem culturas adicionais e facilitar uma recuperao rpida e atempada.

  • 08

    Em condies de seca, altura em que a irrigao ajudar a ultrapassar os dfices na precipitao, podendo a produo de alimentos ser substancialmente incrementada em resultado do acesso regular a gua.

    Uma variada gama de tecnologias de irrigao provou a sua eficcia para as diferentes condies relacionadas com o clima, solo e recursos hdricos disponveis. A seleco da tecnologia apropriada de acordo com um dado contexto agro-geolgico fundamental para o sucesso ou fracasso.

    A introduo de novas tecnologias para os agricultores de pequena escala muitas vezes no foi coroada de xito na medida em que, tanto os agricultores como as organizaes que os assistem tinham limitada experincia e conhecimento tcnico para garantir uma apropriada seleco, instalao e gesto do equipamento e das facilidades de irrigao num dado contexto social e agro-geolgico. Isso resultou em ineficcias e ineficincias, desperdcio de recursos e/ou falha tcnica do equipamento providenciado.

    Aplicao pretendida

    Este guia descreve as principais prticas para os implementadores e oficiais de campo envolvidos em vrios programas de RRC e de assistncia como uma introduo inicial s vrias tcnicas de irrigao que provaram ser um sucesso para os pequenos agricultores na frica Austral.

    Estes exemplos prticos de tecnologias comuns de irrigao so proporcionados com ilustraes, conceitos de projeo, requisitos tcnicos relevantes, assim como constrangimentos comuns

    experimentados na introduo das tecnologias. Uma indicao do investimento e custos operacionais igualmente proporcionada para cada tcnica de irrigao. Os princpios e etapas fundamentais necessrios no terreno para garantir o sucesso da introduo de tcnicas so apresentados com etapas e procedimentos para a implementao baseada no terreno.

    Estas directivas esto baseadas numa reviso extensiva dos sucessos e fracassos das tcnicas de irrigao introduzidas no mbito do Programa Especial para a Segurana Alimentar3 durante um perodo de mais de 15 anos, essencialmente em frica. Estas experincias demonstram que o processo de introduo e de familiarizao dos agricultores com as tcnicas de irrigao a partir da fase inicial fundamental para o sucesso ou fracasso. Neste contexto, deve ser prestada a devida ateno ao contexto socioeconmico, bem como s ferramentas e prticas (tais como as escolas de campo para agricultores) para assistir os agricultores no processo de adopo e adaptao as novas tecnologias. O acesso ao crdito deve igualmente merecer uma anlise cuidadosa para assegurar a viabilidade da tecnologia a longo prazo.

    3 O Programa Especial da FAO para a Segurana Alimentar (SPFS) foi lanado em 1996 depois da Cimeira Mundial de Alimentao com o objetivo especfico de incrementar a segurana alimentar e reduzir a fome. Durante um perodo de mais de 15 anos, o Programa introduziu tecnologias novas e melhoradas que resulta-ram num rpido incremento da produo agrcola e das receitas do agricultor em mais de 100 pases. As tecnologias de controlo da gua formaram um elemento fundamental no conjunto das tecnologias introduzidas. A reviso pode ser consultada no portal eletrnico da FAO: http://www.fao.org/docrep/014/i2176e/i2176e00.pdf

  • 09

    2. Exemplos Prticos de Tecnologias Comuns para Irrigao

    Esta seco apresenta uma gama de tecnologias comuns para irrigao. Cada tecnologia acompanhada por, nomeadamente: Ilustraes relevantes; Conceitos do projecto; Requisitos tcnicos, assim como constrangimentos comuns; e Indicao dos custos de investimento e de funcionamento.

    Regador

    O regador pode providenciar uma tcnica de irrigao simples e acessvel que entendida e largamente aplicada pelos agricultores de pequena escala na produo de hortcolas. A tecnologia no requer grandes investimentos, mas requer trabalho intensivo e somente permite a irrigao de uma pequena rea/horta (50 a 100 m2.)

    Tabela 1: Condies, requisitos e constrangimentos relativos a rega com regador

    Condies tcnicas Requisitos Constrangimentos

    Fontedegua(rios,riachos,canais,drenos,poosrasos)navizinhanaimediata)(2m

    Artesoslocaiscomexperinciatradicionalnaaberturadepoos

    Boaestabilizaomediantenecessriorevestimentoparaossolosinstveis(areia)

    Assessoriatcnicaparaofabricodemanilhasdebetoeprocedimentosdeinstalao

    Baixocaudal Pequenareapara

    regadio Conhecimentotcnico

    sobrerevestimentoefabricodemanilhasdebeto

    Proteoevisibilidadeparapreveniracidentes

    CustosOs custos de aber tura de poos tubulares podem var iar consideravelmente dependendo da profundidade do poo e do equipamento utilizado para a perfurao; os custos podem oscilar entre US$ 5001 500 por cada poo com revestimento em manilhas de beto. Tradicionalmente, a abertura de um poo superficial com ou sem revestimento de tijolo pode ser muito mais barato e geralmente feito por artesos locais.

    Figura 10: Guarnio interior de um poo aberto

    FAO/O

    livier Asselin

  • 17

    Poos tubulares (furos) superficiaisOs poos tubulares (furos) superficiais so uma tcnica relativamente nova e promissora na frica Austral e provaram ser particularmente efectivos com um sistema de tubagem PVC que est largamente disponvel at nas zonas rurais. Algumas tcnicas novas e rentveis de perfurao de poos tubulares foram desenvolvidas para as diferentes condies hidrogeolgicas que permitem a perfurao em vrias condies de solos, incluindo solos arenosos e camadas de pedra dura.

    As tcnicas de desenvolvimento de poos tubulares (furos) superficiais incluem, nomeadamente: Perfurao de poos tubulares (furos) com broca Perfurao de poos tubulares (furos) com rota sludge Perfurao por percusso Lavagem por mquina de presso Perfurador com martelo Equipamento de perfurao rotativa

    ONG internacionais especializadas, desempenharam um papel importante na introduo de poos tubulares (furos) superficiais e na formao de construtores locais em novas tcnicas de perfurao de poos, tais como a tecnologia rota sludge. Atravs da formao de pessoal local especializado na Perfurao, as tecnologias podem ser disponibilizadas aos agricultores a custos acessveis.

    CustosO custo de Perfurao de um poo tubular (furo) superficial equipado de tubos PVC de 150 mm feita por equipas treinadas localmente oscila entre US$ 300400 por unidade e, em geral, pode irrigar uma rea de 1 ha. O poo est acoplado a uma motobomba (US$ 250). Os poos

    tubulares de profundidade superior a 30 m requerem equipamento de Perfurao especializado e bombas de mltiplos estgios e o seu custo unitrio pode ser superior a US$ 10 000.

    Sistema de distribuio por canalizao ou tubagem

    O transporte de gua desde o local de captao at s culturas um elemento essencial do sistema de irrigao e na maioria dos casos assegurado por gravidade, atravs de um canal. As perdas de gua resultantes de um tal sistema podem ser considerveis devido a evaporao e infiltrao atravs do fundo do canal, particularmente em solos arenosos. Por outro lado, se no existirem estruturas de regulao da gua ou o seu funcionamento for inadequado, no ser possvel controlar a distribuio da gua e isso pode resultar na rotura do canal e desperdcio de gua. Em termos de perdas de gua, a efetividade dos sistemas de gravidade a cu aberto geralmente de 40% e grande parte da gua pode ser desperdiada com a consequente perda de energia para o bombeamento, sendo a rea de regadio menor do que a prevista.

    A proviso de uma bomba de irrigao aos agricultores sem a necessria assessoria tcnica adicional de como proceder para a distribuio da gua pelos campos e culturas resultou muitas vezes em grandes desperdcios de gua, desempenho desencorajador, salinidade e frequentes desaires.

    Nesta conformidade, em qualquer sistema de irrigao importante prestar ateno adequada configurao e ao desenho do sistema do canal e determinar o tipo de sistema a utilizar, os melhoramentos a introduzir e as estruturas de regulao a ser includas.

    Os sistemas de distribuio por tubagem so muito eficientes, mas requerem investimentos significativos e energia. Alguns princpios

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    bsicos dos dispositivos e as principais caractersticas tcnicas so resumidamente elaborados a seguir, mas o desenho e a instalao de ambos os sistemas requerem assessoria tcnica e apoio adaptados situao especfica.

    Sistema de irrigao por gravidadeA captao de gua de um canal aberto feita a partir de um aude ou de uma estrutura de desvio ou de uma bomba. Para reas maiores onde a gua deve ser transportada por alguns quilmetros necessrio construir canais secundrios e tercirios. Para estes ltimos, necessrio uma disposio e desenho que tomem em conta as estruturas de regulao do controlo e dos nveis da gua nos canais e a distribuio da quantidade apropriada da gua por cada segmento do canal, revestimento e escoamento da gua do campo. Para reduzir as perdas de gua no canal e prevenir a eroso, particularmente em

    solos arenosos e instveis, dever ser considerado o revestimento de pelo menos uma parte do sistema do canal (Figura 11). As estruturas de regulao do canal (Figura 12) incluem reguladores da corrente e do nvel da gua, estruturas de inclinao, entradas e sadas, assim como pontes e sifes para travessias de estrada e drenagem.

    Apoio tcnico adequado necessrio para garantir o desenho e a instalao apropriados de um sistema de canais de irrigao, mesmo para as pequenas reas de irrigao de menos de 1 hectare. Alm da disposio e da construo do sistema de canal, os agricultores precisam de receber formao sobre a operao e manuteno do sistema, incluindo assessoria sobre quando irrigar e a quantidade de gua necessria para aplicao nas diversas culturas.A construo de um sistema de canais envolve trabalho de escavao para os canais de irrigao e de drenagem, assim como estruturas de regulao da corrente. Ademais, parte do canal terrestre poder ter de

    Figura 11 (esquerda): Cobertura em tijolo de canal de irrigao

    Figura 12 (direita): Regulao de um canal com estrutura para desnvel e entradas para o terreno.

    FAO/Antonello Proto

    FA

    O/Alberto Conti

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    ser revestido para reduzir as perdas de gua e o transporte da gua em alguns troos difceis do canal (Figura 13).

    CustosCom a premissa bsica dos custos de escavao a US$4 por m3, trabalho de beto a US$ 150 por m3 para o revestimento e estruturas de regulao, os custos de construo do canal podem atingir US$ 600800 por hectare, incluindo o custo do revestimento parcial (10 %) e das pequenas estruturas de regulao. Para reduzir

    os custos, recomenda-se, tanto quanto possvel, o recrutamento de construtores locais. Quando grandes empreiteiros nacionais e estrangeiros so chamados a desenhar e a construir a obra, os custos so substancialmente mais elevados e o custo do investimento pode oscilar entre US$3 0008 000/ha.

    Sistema de tubagem de baixa pressoO sistema de distribuio por tubagem de baixa presso (sistema Californiano) provou ser uma tecnologia efectiva e eficiente para os grupos de agricultores de pequena escala para transportar eficientemente a gua para os campos e culturas (Figura 14). Em geral, a maioria dos materiais (tubos PVC ou PEP, mangueiras exveis) pode ser obtida localmente e os agricultores podem instalar o sistema com mnima assistncia tcnica ou com a ajuda de tcnicos de irrigao privados localmente treinados.

    Utilizado combinando uma pequena bomba motorizada ou bomba de pedal a presso ou por gravidade a partir de um reservatrio em

    Figura 13: Eroso do canal sada da bomba motorizada

    FAO-TCOF

    Tabela 6: Condies, requisitos e constrangimentos relativos a sistemas de canais

    Condies tcnicas Requisitos Constrangimentos

    Disponibilidadedeumaestruturadecaptaodeguafivel(bomba,barragem,transposio)

    Fornecimentoadequadodeguaparaareaderegadio

    Bompotencialdeexpansodareaderegadio

    Fracaeficincia/correntedaguanosistemadetransporteexistente

    Disponibilidadedefundosadequadosparaaconstruo

    Assistnciatcnicaadequadaparaodesenhoeserviosdeassessoriatcnicaparaosagricultores

    Ospedreiroslocaisdevemsertreinadosempequenasestruturasderegulao

    Grupodeutilizadoresdebombasdeguamotivadospreparadosparacontribuirsubstancialmentenoqueconcerneaescavaoetrabalhosdeconstruo

    Altoscustosdeinvestimento

    FracamotivaodosmembrosdeWUAnopagamentodetaxadeoperaoemanuteno

    Conflitosentreosutilizadoresdeguaamontanteeajusante

    Complexidadedadistribuiodegua

    Faltadeserviosdeapoiotcnicocompetentesparaaoperaoemanuteno

  • 20

    Figura 15 (esquerda): Sistema de tubo de PVC enterrado com sada ligada a um tubo flexvel

    Figura 16 (direita): Rega com tubo flexvel

    Boca para entrada de guaBoca aberta para sada de guaTubo flexvel para rega da cultura

    Boca para sada de gua fechada

    Tubo de ligao

    Bomba motorizada

    Tubo para suco

    Rio, lago ou canal

    Figura 14: Disposio de sistema de condutas de baixa presso

    M Smith

    M

    Smith

    M

    Smith

  • 21ponto elevado, o sistema transporta e distribui eficientemente gua directamente as reas irrigadas (> 0.5 ha) e aos campos e assegura a irrigao rotativa entre as diferentes sadas da tubagem. As sadas da tubagem ou os hidrantes so colocados a uma distncia regular (20 m.) num sistema subterrneo PVC fixo. As sadas podem ser abertas orientadas directamente para o terreno ou conectadas a uma mangueira exvel que pode ser movida para qualquer ponto do campo para irrigar campos e culturas individuais (Figura 15).

    Os sistemas de tubagem de baixa presso foram introduzidos com relativo sucesso em vrios pases Africanos, na maioria dos quais com a assistncia de agncias tcnicas.

    CustosO investimento necessrio para os sistemas de tubagem de baixa presso ainda alto e oscila entre US$ 1 0001 500/ha, mas pode ser facilmente recuperado tendo em conta que a locao da gua e a

    facilidade de operao asseguram uma mais eficiente e eficaz aplicao da gua, resultando em colheitas maiores, poupana de gua e reas de irrigao aumentadas.

    Sistemas de irrigao por asperso

    A irrigao por asperso foi largamente introduzida nos esquemas comunitrios e individuais, nas reas de irrigao de pequena escala e de grande escala. A tcnica inclui um sistema completo de irrigao acoplado a uma bomba, tubos de distribuio e eixos laterais mveis onde so colocados os aspersores. O sistema assegura uma alta eficincia do uso da gua, fcil de instalar e est a venda no mercado. Porm, os altos custos do investimento, associados aos elevados custos do combustvel para a operao das bombas de presso, constituem os principais ns de estrangulamento e muitas vezes as razes por detrs do fracasso ou do abandono da implementao desta tecnologia.

    Tabela 8: Condies, requisitos e constrangimentos relativos a sistemas de irrigao por asperso (borrifador)

    Condies tcnicas Requisitos Constrangimentos

    Abastecimentoadequadodeguadosrios,lagos,reservatriosoufontedeguasubterrnea

    Necessrioumsistemadeirrigaomvel

    Irrigaosuplementar Condiesdeventosfracos

    Equipamentodisponvelnomercado

    Sistemadebombapressurizada(23bar)

    Energiabaratadisponvel Assessoriatcnicasobre

    desenho,instalaoesistemadeoperao

    Altoscustosdeenergia

    Altocustodeinvestimento

    Custosdofactordetrabalhonamudanadelateraisparafilasdeplantio

    Tabela 7: Condies, requisitos e constrangimentos relativos a sistemas de tubos de baixa presso

    Condies tcnicas Requisitos Constrangimentos

    Abastecimentodeguadisponvelatravsdeumaparelhodeelevaodegua(bombadepedal,pequenamotobomba)oudeumpequenoreservatrio

    reairrigadaaalgumadistnciadafontedegua

    Extensodareairrigada>5000m2compossibilidadedeextenso

    Adequadoparasercombinadocomirrigaonaestaosecaemarrozais

    Bombadepedaloubombamotorizadadisponveisnomercado

    TuboseacessriosPVCdisponveislocalmente

    Assessoriatcnicasobreodesenho,instalaoesistemadefuncionamento

    Altoscustosdeinvestimentoinicial

    Roturadostubosflexveis

  • 22

    Na irrigao por asperso, a bomba capta a gua a partir de uma fonte (rio, lago, canal ou poo) e transporta essa gua a uma presso considervel (23 bar) atravs de um sistema de tubagem parcialmente subterrneo e parcialmente acima do solo com acoplamento e tubo exvel que pode ser transportado ao longo do campo at s culturas (Figura 17). Os aspersores esto colocados ao longo de eixos laterais e atravs das cabeas dos aspersores (Figura 18), a gua em injectada nas culturas em padres circulares. As perdas de gua so relativamente baixas (

  • 23

    irrigao por aspersores oscilam entre US$3 0005 000/ha. Devido alta presso requerida, os custos operacionais so elevados e podem oscilar entre US$8001 000/ha por cada estao agrcola.

    Sistemas de irrigao por gotejamento

    Na irrigao por gotejamento, a gua directamente injectada na cultura atravs de pequenos gotejadores montados em tubos de polietileno exveis ao longo das fileiras das culturas. O sistema pode ser muito eficiente em termos de utilizao da gua que chega a atingir ndices de 90% e a injeco da gua feita com extrema preciso sobre a cultura, resultando em ptimas colheitas. A irrigao por gotejamento aplicada com muito sucesso na maioria das empresas e estufas dedicadas a produo comercial de fruta e hortcolas.

    Os sistemas familiares de irrigao por gotejamento e outros sistemas similares foram comercialmente desenvolvidos e introduzidos na frica

    Austral para uso pelos agricultores de pequena escala. Um reservatrio/balde de 1015 L ou um tambor de combustvel de 200300 L colocado a uma altura elevada (12 m) acima do campo e conectado a pequenos tubos e gotejadores (Figura 19) para irrigar uma horta com uma rea de 50 m2 para o caso do reservatrio em balde ou 250500 m2 no caso da irrigao por gotejamento com um reservatrio maior.

    Apesar de ser uma tecnologia eficiente, os sistemas de irrigao por gotejamento para os agricultores de pequena escala no foram bem-sucedidos em alguns casos visto que os agricultores no foram devidamente familiarizados com os aspectos operacionais da tecnologia. As dificuldades incluem a necessidade de enchimento frequente do balde ou reservatrio; acesso fonte de gua; falta do conhecimento da frequncia da aplicao da gua; e falta de limpeza regular dos sistemas de filtros (Figura 20); todos estes constrangimentos causaram um desempenho desencorajador e fracasso dos sistemas de gotejamento de pequena escala.

    Figura 19 (esquerda): Instalao de linhas de irrigao por gotejamento

    Figura 20 (direita): Filtro em um sistema de gotejamento

    Stepha

    n Abric/Prac

    tica Foun

    dation

    FAO-TCOF

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    Tabela 9: Condies, requisitos e constrangimentos relativos a tecnologias de irrigao

    Tecnologias de irrigao

    Condies tcnicas Requisitos Constrangimentos

    Gotejadoresfamiliares

    Maximizaodosescassosrecursoshdricosdisponveis(estaosecaouzonasridas)

    Abastecimentodeguadepoossuperficiais,bombamanualoudequalqueroutrafontedegua

    Boaqualidadedegua(gualimpa)

    Gotejadoresdisponveisnomercado

    Reservatriodeguadevolumeadequadodisponvel

    Disposiesadequadasparaaelevaodaguaataoreservatrio(bombadepedal)

    Assessoriatcnicasobreofuncionamentodosistemadegotejamentoefrequnciadairrigao

    Pequenareaparairrigar(