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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE E FUNCIONALIDADE DO INTESTINO UTILIZADAS NA CIÊNCIA ANIMAL Fernanda Vieira Castejon Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini GOIÂNIA 2011

TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE E … · radioautografia. Porém, trabalhos que utilizam essa técnica, em sua maioria, não a utilizaram com a finalidade de quantificar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE E

FUNCIONALIDADE DO INTESTINO UTILIZADAS NA CIÊNCIA

ANIMAL

Fernanda Vieira Castejon

Orientador: Prof. Dr. José Henrique Stringhini

GOIÂNIA

2011

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FERNANDA VIEIRA CASTEJON

TÉCNICAS PARA AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE E

FUNCIONALIDADE DO INTESTINO UTILIZADAS NA CIÊNCIA

ANIMAL

Seminário apresentado junto à disciplina

Seminários Aplicados do Programa de Pós-

graduação em Ciência Animal da Escola de

Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás

Nível: Mestrado

Área de concentração:

Produção animal

Linha de pesquisa:

Metabolismo nutricional, alimentação e

forragicultura na produção animal

Orientador:

Prof. Dr. José Henrique Stringhini – EVZ/UFG

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Edemilson Cardoso da Conceição – FF/UFG

Prof. Dra. Elisabeth Gonzales – EVZ/UFG

GOIÂNIA

2011

iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 2

2.1 AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE INTESTINAL ............................................... 2

2.1.1 Avaliação da diferenciação e desenvolvimento ........................................... 2

2.1.2 Avaliação dos fatores endógenos que regulam o desenvolvimento e

crescimento intestinal ............................................................................................. 9

2.2 AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE ............................................................ 12

2.2.1 Avaliação dos parâmetros físico-químicos ................................................ 12

2.2.2 Avaliação da permeabilidade intestinal ..................................................... 14

2.2.3 Avaliação das proteínas da parede intestinal ............................................ 16

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 19

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 20

1 INTRODUÇÃO

Pesquisadores da ciência animal têm um objetivo comum, que é o

de manter a integridade física, funcional e comportamental dos animais. Isso é

obtido por meio de um conjunto de ações e fatores interdependentes que vão

desde o período anterior ao nascimento (melhoramento genético e qualidade

das matrizes) à nutrição e ambiência adequadas.

Na produção animal, para que se obtenha os melhores resultados

zootécnicos (menor mortalidade, melhor conversão alimentar e menor tempo

de criação até o abate), o perfeito funcionamento intestinal é necessário. A

integridade física e funcional da parede intestinal dos animais é um dos

principais fatores a serem considerado na produção, pois se deve associar

essa integridade intestinal a correta digestão dos alimentos e absorção dos

nutrientes.

Além das funções de digestão e absorção, outra função não menos

importante do epitélio intestinal, é a de proteção. O epitélio intestinal possui a

capacidade de impedir que substâncias indesejáveis como microorganismos e

toxinas presentes no lúmen intestinal atravessem a mucosa e atinjam tecidos e

órgãos.

A integridade da mucosa intestinal é mantida por dois fatores

principais. O primeiro deles é a própria camada contínua de células que

íntegras constituem uma forte barreira. O segundo é a camada de muco

produzido pelas células caliciformes que recobre as células intestinais.

Há necessidade que os estudos feitos por pesquisadores da área de

produção animal elucidem os princípios básicos morfológicos e fisiológicos dos

animais para que se possa obter, de fato, o controle completo de todos os

fatores envolvidos.

Existem algumas técnicas desenvolvidas e que estão

constantemente sendo aprimoradas para avaliar o intestino e auxiliar na

compreensão de processos que ocorrem no mesmo.

Objetivou-se elucidar alguns fatores que afetam a integridade

intestinal, assim como especificar as metodologias mais utilizadas na ciência

animal para avaliações dos mesmos.

2

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE INTESTINAL

2.1.1 Avaliação da diferenciação e do desenvolvimento

As células que compõem o epitélio intestinal são formadas nas

criptas através de divisões mitóticas de células totipotentes. Essas células

produzidas migram ao longo da membrana basal até o topo da vilosidade, e

durante esse processo amadurecem. Já no topo da vilosidade, ocorre a

apoptose da célula que é então descartada no lúmen intestinal (JEURISSEN et

al., 2002). O processo de extrusão de células no ápice dos vilos ocorre,

também, em decorrência do atrito com o bolo alimentar, presença de toxinas e

microorganismos com potencial patogênico (MAIORKA et al., 2002).

O processo de absorção de nutrientes é totalmente dependente dos

mecanismos que ocorrem na mucosa intestinal. Desta forma, a integridade não

pode ser comprometida, pois influencia diretamente a produtividade dos

animais, devendo permanecer saudável e funcional por toda a vida (SANTOS,

2010).

O desenvolvimento intestinal consiste basicamente da associação

entre a renovação celular e a perda de células. O equilíbrio entre esses dois

processos denomina-se turnover celular.

O desenvolvimento e diferenciação intestinal podem ser avaliados

por diversas técnicas, variando de algumas bastante específicas a outras que

devem ser realizadas em conjunto com outras técnicas para que seja possível

apresentar resultados confiáveis.

Uma das técnicas utilizadas é a quantificação do ácido ribonucléico

(RNA), ácido desoxirribonucléico (DNA) e proteínas totais. A dosagem de RNA

é indicadora da capacidade de síntese protéica, e a de DNA é indicadora da

proliferação celular do epitélio (BAGALDO et al., 2006).

A quantidade de proteína por célula é verificada pela relação

proteína/DNA. A concentração de RNA e proteínas pode aumentar, mesmo

mantendo constante o número de células. A esse estado denomina-se

hipertrofia da mucosa (MAIORKA et al., 2002).

3

FURLAN (2008) afirmou que o mecanismo de secreção de enzimas

e transportadores de membrana depende de estímulos para ativar a transcrição

de genes, os quais pelo processo de tradução sintetizam as enzimas

envolvidas na digestão e absorção de nutrientes.

As concentrações de DNA, RNA e suas relações com o conteúdo de

proteína passam por uma variação natural durante o desenvolvimento do trato

gastrointestinal específicos para cada espécie.

De acordo com MAIORKA et al., (2002) o método mais comumente

utilizado para essa avaliação é a incorporação de 3H-timidina (isótopo

radioativo) ao DNA e quantificados através de auto-radiografias ou

radioautografia. Porém, trabalhos que utilizam essa técnica, em sua maioria,

não a utilizaram com a finalidade de quantificar DNA e RNA.

GARTNER & HIATT (2003) descrevem a técnica de radioautografia,

e afirmam ser um método útil para localização e o estudo de uma seqüência

temporal de eventos. WHEBY et al. (1963) utilizaram a técnica de

radioautografias para verificar a absorção intestinal de ferro em ratos.

GERSHON et al., (1965) também utilizaram a técnica, porém para avaliar a

síntese e liberação de serotonina pelo plexo mioentérico do intestino de ratos

(Figura 1).

FIGURA 1 - Radioautografias do plexo mioentérico do intestino de ratos. Seqüência temporal (A e B). O acúmulo de grãos prata que indica presença de serotonina tituláveis em torno de células ganglionares(G). Fonte: GERSHON et al. (1965)

4

O elemento que se deseja estudar é radiomarcado (etapa de

incorporação) e é injetado no animal. Fragmentos do tecido em estudo são

colhidos em vários intervalos de tempo. A lâmina de vidro é recoberta com uma

fina camada de emulsão radiográfica. Posteriormente, a lâmina é colocada em

uma caixa escura por alguns dias ou semanas, durante os quais partículas

emitidas pelo isótopo radioativo atingem a emulsão nos locais da célula em que

o isótopo está localizado. A emulsão é revelada e fixada por técnicas

fotográficas e pequenos grãos de prata fixam-se nas porções expostas da

emulsão. O espécime é então lacrado com uma lamínula e observado em

microscópio óptico (GARTNER & HIATT, 2003). Provavelmente, o menor uso

dessa técnica, atualmente, é devido à descoberta de novas técnicas com maior

rapidez e facilidade de execução, e que não necessitem de instalação

específica para uso de material radioativo.

Os métodos que utilizam o espectrofotômetro para quantificação de

DNA e RNA são os mais utilizados. BAGALDO et al. (2006) realizaram

experimento para comparar o desenvolvimento dos segmentos jejuno e íleo do

intestino delgado de bezerros com o uso de indicadores de atividade celular

(DNA, RNA e proteína) e pela expressão do gene do IGF-I (“insuline like growth

factor”) e de seu receptor. Para extração do DNA um grama de tecido foi

homogeneizado em 19 mL de água deionizada, e após seguiu-se a

metodologia de LABARCA & PAIGEN (1980) que utilizaram o

espectrofotômetro calibrado para diferentes comprimentos de ondas. Para a

quantificação da proteína total, retirou-se 1mL do homogenato, sendo feita a

determinação segundo o método de LOWRY et al. (1951). A utilização dessas

técnicas possibilitou a conclusão, pelos autores, de que as porções do intestino

delgado, jejuno e íleo, apresentam diferenças temporais no seu

desenvolvimento.

BAGALDO et al. (2007) determinaram o DNA total do jejuno, íleo e

fígado de bezerros para verificar a ação do IGF-I presente no colostro de vacas

tratadas com o hormônio somatrotopina recombinante bovina (rbST). A

determinação do DNA e RNA foi realizada pelas mesmas metodologias já

citadas. Através das respostas dos indicadores de atividade celular intestinal e

hepática, os autores sugeriram a importante participação do IGF- I na

maturação celular e no comportamento da primeira geração de enterócitos.

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Outra técnica, utilizada para identificação do material genético

celular, é a reação em cadeia da polimerase (PCR). A técnica básica foi sendo

modificada para diferentes finalidades, fazendo com que hoje existam diversos

tipos de protocolos. O PCR em tempo real, por exemplo, pode quantificar a

expressão gênica. Em humanos, é bastante utilizada na pesquisa de doenças e

câncer de intestino (DYDENSBORG et al., 2006). HOUGHTON & COCKERILL

(2006) publicaram uma revisão sobre a técnica relatando também várias

aplicações da mesma, inclusive a possível aplicação para avaliação intestinal.

LEHMANN & KREIPE (2001) fizeram algumas considerações sobre

a técnica de PCR em tempo real para a quantificação de DNA e RNA em

tecidos já fixados com formalina e embebidos em parafina, o que é bem útil

quando se faz análises conjuntas de um mesmo material por diferentes

técnicas.

A avaliação do intestino através de cortes histológicos e mensuração

de parâmetros morfométricos é, sem dúvida, a técnica mais utilizada nos

trabalhos feitos para avaliação intestinal, principalmente na ciência animal. É

uma técnica simples, barata e que oferece bons resultados para avaliação.

O desenvolvimento da mucosa intestinal é avaliado por meio de

dados morfométricos do tamanho e número de vilos, da profundidade das

criptas, da altura do epitélio, da altura e número de microvilos do enterócito e

da integridade da mucosa ou perda de epitélio (STERZO, 2007).

Quando o intestino responde a algum agente com desequilíbrio da

relação de extrusão e proliferação, ocorre modificação na altura dos vilos. O

número e o tamanho dos vilos dependem do número de células que o

compõem. Assim, quanto maior o número de células, maior o tamanho do vilo,

e por conseqüência, maior é a área de absorção de nutrientes. No geral, a

maior altura de vilos e relação vilo/cripta estão associadas com uma boa

diferenciação da mucosa intestinal (JEURISSEN et al., 2002). Criptas menos

profundas indicam melhor estado de saúde intestinal (VIOLA & VIEIRA, 2007).

SCHEEMAN et al. (1982) sugeriram que vilos curtos (relativo a profundidade de

cripta) tem menos células absortivas e mais células secretórias.

Outro fator relevante para a absorção dos nutrientes na membrana

luminal é a quantidade de microvilos existentes nos enterócitos. Os microvilos

são modificações do plasmalema apical das células epiteliais que recobrem as

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vilosidades intestinais (GARTNER & HIATI, 2003). O número de microvilos atua

como um amplificador de área para a absorção dos nutrientes (MAIORKA et

al., 2002).

As metodologias utilizadas para confecção das lâminas histológicas

para visualização em microscópio óptico já são consolidadas e variam entre si

de acordo com protocolos dos laboratórios nos quais é feito o processamento

do material. Fragmentos do duodeno, jejuno e íleo são coletados e

imediatamente lavados com solução fisiológica e fixados, na maioria dos

protocolos, em solução de Bouin por 24 horas. Passam pelas etapas de

desidratação em álcool, diafanização ou clareamento por xilol e inclusão em

parafina. São feitos cortes com micrótomo que, posteriormente, são corados.

Quanto à coloração, SILVA et al. (2010) em análise dos efeitos da

infecção causada pelo Toxoplasma gondii sobre a parede do duodeno de

gatos, utilizaram em seu experimento diferentes corantes, sendo o Azan para

evidenciação de fibras colágenas, o Tricrômico-Mallory para detecção das

células de Paneth. Já o Ácido Periódico de Schiff (PAS) é indicado para

detecção de mucinas neutras e sialomucinas lábeis. O Alcian- Blue (AB) pH 2,5

para detecção de sialomucinas e sulfomucinas e Alcian-Blue (AB) pH 1,0 para

detecção das sulfomucinas. Um dos resultados encontrados por SILVA et al.

(2010), foi que na avaliação qualitativa, as fibras colágenas ocupavam uma

área dos estratos da parede intestinal visivelmente maior, o que sugere que

estejam aumentadas no grupos infectados (Figura 2).

FIGURA 2 - Cortes transversais, corados com Azan, de 3 µm da parede do duodeno de gatos. Evidência de fibras colágenas envolvendo glândulas duodenais. Gatos hígidos (esquerda) e submetidos à infecção pelo Toxoplasma gondii (direita). Fonte: Adaptado de SILVA et al. (2010).

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A coloração para a análise morfométrica é feita com os corantes

hematoxilina e eosina (HE) que são de utilização rotineira na avaliação

histológica de tecidos. Pode-se, também, quantificar linfócitos intraepiteliais.

A hematoxilina cora preferencialmente os componentes ácidos da

célula com tonalidade azulada. Como o DNA e o RNA, o núcleo e as regiões do

citoplasma ricas em ribossomos coram-se em azul-escuro, estes componentes

são ditos basófilos. A eosina é um ácido que cora os componentes básicos da

célula com uma cor rósea. Como muitos dos componentes citoplasmáticos têm

pH básico, várias regiões do citoplasma se coram em rosa, estes elementos

são ditos como acidófilos (GARTNER & HIATT, 2003).

A avaliação é feita a partir de imagens dos cortes corados com HE,

capturadas com o auxílio de uma câmera digital acoplada a um microscópio de

luz. São efetuadas medidas, em micrômetros, de vilosidades e profundidade de

cripta. As medidas de altura das vilosidades são tomadas a partir da região

basal. A medida de profundidade das criptas é realizada da base até a região

de transição cripta-vilo.

FASINA et al. (2010) estudaram a influência da infecção por

Salmonella enterica Sorovar Typhimurium nas células caliciformes e na

morfologia de vilos intestinais de frangos de corte. Determinaram a densidade e

o tamanho das células caliciformes, além dos tradicionais parâmetros

morfométricos. A densidade foi definida pelo número de células PAS ou Alcian

blue (ALB) positivas por mm2 de superfície quadrada do vilo (Figura 3).

A segunda barreira de proteção da integridade do epitélio intestinal é

o muco. O muco é produzido por células caliciformes, glândulas unicelulares,

que se encontram entre as células epiteliais. O duodeno tem o menor número

de células caliciformes e seu número aumenta ao se aproximar do jejuno.

Essas células produzem mucinógeno, cuja forma hidratada constitui a mucina,

um componente do muco (GARTNER & HIATT, 2003).

É composto por glicosaminoglicanas que protegem o vilo, ou até

mesmo participam do processo absortivo através das proteínas ligadoras de

cálcio (MACARI et al. 1994). O aumento da proliferação celular na cripta pode

alterar o número de células caliciformes e podem mudar a composição da

mucina e propriedades físico-químicas do muco.

8

A determinação do número de células caliciformes é uma técnica

estabelecida usando segmentos intestinais corados com Alcian blue e ácido

periódico Schiff (PAS). Embora a alta densidade de células caliciformes pode

resultar em um aumento da secreção de mucina, o número de células

caliciformes não pode ser usado para quantificar a secreção de mucina, que

necessita de análise específica.

A biometria dos órgãos que compõem o sistema digestório é outra

metodologia utilizada para avaliação do desenvolvimento intestinal expressa

pelo comprimento e peso relativo. O peso do intestino grosso é dado pela soma

do peso dos cecos (aves), cólon e reto. O peso e comprimento do intestino

delgado são medidos da porção compreendida entre o piloro e a junção íleo-

ceco-cólica (LEITÃO, 2007).

ROCHA (2009) avaliou a inclusão de glicomanano esterificado em

rações para frangos contendo milho ou sorgo contaminado por fungos, e fez a

biometria dos órgãos do aparelho digestório das aves. Obteve resultados

diferentes dos relatados na literatura. O autor sugere que a avaliação somente

dos dados de peso dos órgãos não constitui em bom indicador de avaliação do

efeito de grãos de diferentes tipos e qualidades na ração.

FIGURA 3 – Vilosidades do jejuno coradas em PAS, ALB e HE, respectivamente. ME: camada epitelial da mucosa; VLP: lâmina própria. 1) Células coradas em rosa são PAS positivas; 2) Células coradas em azul são ALB positivas. 3) a- altura do vilo; b- largura do vilo; c- profundidade de cripta. Fonte: Adaptado de FASINA et al. (2010)

9

Portanto, avaliação qualitativa e quantitativa da perda do epitélio é

muito importante, tendo em conta que permitem uma avaliação confiável da

capacidade digestiva e absortiva do intestino, além da avaliação dos danos

causados à mucosa intestinal por agentes patogênicos ou jejum.

Para avaliação qualitativa da mucosa intestinal, tem-se usado a

técnica de microscopia eletrônica de varredura. Usada para observar a

superfície de um espécime sólido, obtendo uma imagem tridimensional do

objeto. O material a ser observado é preparado de um modo especial que torna

possível o depósito de uma delgada camada de metal pesado (ouro, paládio,

ósmio, etc.) sobre a superfície do espécime.

O microscópio emite um feixe de elétrons que varre a superfície do

objeto. Alguns elétrons são refletidos diretamente, mas outros são emitidos

pela cobertura de metal pesado. Ambos são capturados por detectores de

elétrons e essas diferenças são interpretadas e mostradas em um monitor

como uma imagem tridimensional. Pode ser acoplado a um computador para

armazenar as imagens obtidas (GARTNER & HIATT, 2003).

GOMIDE JUNIOR et al. (2004) realizaram, com microscopia

eletrônica, estudo sobre a estrutura do duodeno, jejuno e íleo de frangos de

corte que passaram por período de restrição hídrica e alimentar. Com as

imagens obtidas, fizeram classificação por escore das lesões através das

imagens obtidas. Assim, o número de vilosidades com perda de epitélio foi

expressa como porcentagem do número total de vilosidades, considerando

cada grau de perda do epitélio. Desta forma puderam não só qualificar quanto

quantificar as lesões (Figura 4).

2.1.2 Avaliação de fatores endógenos que regulam o desenvolvimento e

crescimento intestinal

Estudos relacionados ao controle do crescimento e renovação da

mucosa intestinal têm sido feitos, principalmente, em relação aos efeitos

modulatórios dos peptídeos secretados na mucosa. Os peptídeos são

produzidos por células enteroendócrinas e têm ação regulatória sobre o

desenvolvimento da mucosa.

10

Dentre esses peptídeos incluem-se os fatores de transformação do

crescimento (“transforming growth factor”) – TGF, sendo os mesmos TGF-,

TGF- e IGF (“insuline like growth factor”). O TGF-é estimulador da

proliferação celular e o TGF- potente inibidor da proliferação das células

intestinais indiferenciadas. As evidências de participação desses peptídeos no

processo regulatório são claras, pois o TGF- é encontrado em grandes

concentrações nas células não proliferativas dos vilos. Por outro lado, a

expressão do TGF- tem sido verificada em maior concentração nas células da

cripta (MAIORKA et al., 2002).

Como a maioria dos fatores de crescimento, o IGF-I é produzido

amplamente pelo organismo e é liberado assim que é sintetizado, diferindo da

FIGURA 4 – Micrografia eletrônica de varredura de intestino de frangos. Níveis de perda epitelial das vilosidades intestinais. A) graus 0 e 1; B) grau 2; C) grau 3; D) grau 4; E) grau 5; F) grau 6. Fonte: Adaptado de GOMIDE JUNIOR et al. (2004)

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maioria dos hormônios clássicos que são armazenados em grânulos secretores

(BAGALDO et al., 2006). A síntese do IGF-I é difusa, porém o fígado é a maior

fonte do peptídeo circulante (MURPHY et al., 1987).

Em aves, o receptor do IGF é expresso na maioria dos tecidos. No

intestino, é expresso na região da submucosa e células da cripta. A quantidade

de receptor de IGF diminui com o avançar da idade (JEURISSEN et al., 2002).

Os níveis séricos de IGF podem ser detectados em radioimuno

ensaios (RIE). KINDLEIN et al. (2008) realizou ensaio imunoradiométrico

utilizando kit comercial para quantificação da concentração de IGF-I no

colostro.

O radioimunoensaio é uma reação de ligação competitiva, na qual

uma quantidade fixa de antígeno radio-marcado e antígeno da amostra

competem por um número limitado de sítios de ligação de anticorpos

específicos. Ambos os antígenos, marcado e não marcado, ligam-se ao

anticorpo e formam complexos precipitáveis. Os antígenos marcados livres e

os ligados ao anticorpo são separados por centrifugação, decantação, etc. para

mensurar a radioatividade dos radioisótopos ligados. A concentração de

antígeno nas amostras testadas é inversamente proporcional à quantidade de

radioatividade na fração ligada (STEINBECK & WYNER, 1993).

O RIE possui alta sensibilidade para detectar antígenos em

concentrações picomolares ou inferiores. É prático, pois na maioria dos kits de

RIE os tubos já possuem forração com o anticorpo específico, diminuindo

assim a quantidade de pipetagens a serem realizadas e facilitando o processo

de separação (STEINBECK & WYNER, 1993).

As desvantagens deste método são que a utilização do radioisótopo

de iodo, 125I, exige licença e instalações adequadas para sua manipulação e

descarte, ocasionando ainda, problemas de armazenamento e, principalmente,

o perigo de exposição à sua radiação (REGHELIN, 2007).

Outra técnica que pesquisadores utilizam para mensurar IGF é a

quimioluminescência. TSE et al. (2010), avaliando a adição de proteínas

lácteas e zinco suplementar em leitões desmamados, analisaram as

concentrações séricas de IGF-I pelo método de quimioluminescência com kits

comerciais.

12

Vários sistemas estão disponíveis comercialmente com a finalidade

de dosar hormônios, drogas e outras substâncias presentes em baixos níveis

em fluidos orgânicos. Esses métodos utilizam um anticorpo ligado a um

marcador quimioluminescente ou luminescente (luciferina, luciferase, luminol e

outros). A energia excedente é dissipada na forma de radiação

eletromagnética, diferente do que a maioria das reações exotérmicas, onde a

dissipação é na forma de calor ou exitação rotacional ou vibracional (SANTOS

et al., 1993)

Segundo REGHELIN (2007), as principais vantagens da

quimioluminescência em relação ao RIE são a ausência do risco de

contaminação radioativa tanto pessoal quanto ambiental e o fato de não serem

necessárias licenças para que sejam realizados. Porém, possui menor

sensibilidade, ocorrem problemas na leitura de algumas amostras e há

necessidade de ambiente refrigerado, pois os reagentes só atuam

adequadamente em baixas temperaturas.

2.2 AVALIAÇÃO DA FUNCIONALIDADE

2.2.1 Avaliação dos parâmetros físico-químicos

A viscosidade e o pH do conteúdo intestinal são os principais

parâmetros físico-químicos avaliados, pois podem interferir nos processos

digestivos e absortivos.

A viscosidade da dieta é fator importante principalmente em animais

não ruminantes. Dietas que contém grandes quantidades de polissacarídeos

não amiláceos (PNAs) solúveis apresentam maior viscosidade. São dietas

formuladas com trigo, aveia, centeio e outros cereais.

MEURER & HAYASHI (2003) relataram que a diminuição do

desempenho animal relacionado ao aumento dos níveis de PNAs na ração é

consequência da influência destes elementos sobre a digestão. Ocorre menor

digestibilidade dos nutrientes e energia, além de diminuição da ingestão de

matéria seca. Há aumento da demanda energética com o aumento da

produção de secreções digestivas, aumento do tamanho dos órgãos do trato

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gastrointestinal e maior taxa de renovação celular, quando o organismo faz

modificações adaptativas às rações com altos níveis de PNAs. O aumento da

viscosidade do bolo alimentar dificulta o acesso das enzimas aos substratos e

dos alimentos digeridos à borda do intestino (BEDFORD, 1996).

JEURISSEN et al. (2002) afirmaram que o aumento da viscosidade

intraluminal pode limitar a mistura de nutrientes da dieta com enzimas

pancreáticas e ácidos biliares. Além disso, também aumenta a espessura da

camada aquosa estacionária que recobre as células da mucosa. As duas ações

limitam, respectivamente, a digestão e absorção de nutrientes.

Os mesmos autores ainda acrescentam que o crescimento de

determinados microorganismos pode ser favorecido, já que a redução da

mistura diminui a oxigenação do conteúdo intestinal. Há aumento na velocidade

de passagem, com dietas contendo PNA insolúvel,que também pode interferir

no equilíbrio da microbiota intestinal.

A medida da viscosidade da dieta é feita por uma técnica

estabelecida por BEDFORD & CLASSEN (1993) em que há coleta e

centrifugação do conteúdo do intestino delgado, com a viscosidade do

sobrenadante sendo determinada por um viscosímetro. A limitação dessa

técnica é a quantidade de digesta. Após a centrifugação deve haver quantidade

suficiente de sobrenadante para avaliar a viscosidade.

O pH intestinal aumenta da extremidade oral para aboral e o pH de

cada segmento é regulado pela atividade secretória do próprio segmento. A

produção bacteriana de metabólitos ácidos diminui o pH no papo, ceco e cólon.

Essa alteração do pH ao longo do trato gastrointestinal é necessária para que

atividade enzimática seja ótima para os grupos enzimáticos presentes em cada

segmento.

Modificação no pH da dieta pode, além de interferir na atuação

enzimática, alterar também a absorção, já que alguns mecanismos de

absorção ativa dependem de potenciais iônicos. A absorção de minerais, assim

como o tamanho dos complexos minerais também podem ser alterados

(JEURISSEN et al., 2002).

A determinação do pH é simples, e pode ser feita na mesma fração

aquosa na qual a viscosidade é medida.

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CALAÇA (2009) ao pesquisar ácidos orgânicos para controle de

Salmonella enteritidis, mensurou o pH intestinal utilizando a metodologia

descrita por SILVA et al. (2000), em que os conteúdos do intestino e cecos

foram colhidos, diluídos 15 mL em água destilada, homogeneizados por 30

minutos, deixado em descanso por 5 minutos e determinado o pH.

A determinação do pH utiliza o peagâmetro digital. O principio de

funcionamento desse equipamento é a quantificação de íons H+ devido à

diferença de potencial entre a substância na qual o pH está sendo medido e à

solução padrão presente dentro do eletrodo.

2.2.2 Avaliação da permeabilidade intestinal e turnover

A permeabilidade intestinal (PI) está relacionada com a capacidade

da mucosa intestinal em permitir a passagem de moléculas para a corrente

sanguínea (MENDONÇA et al., 2009), por difusão (JEURISSEN et al., 2002).

As técnicas estudadas são capazes de estimar a permeabilidade

intestinal através da administração oral de açúcares que não são

metabolizados, e posteriormente são determinados em fluidos biológicos,

principalmente na urina. Os açúcares mais utilizados, segundo JEURISSEN et

al. (2002) são L-rhamnose, manitol, lactulose, 3-O-metilglicose, porém outros

monossarídeos e dissacarídeos são utilizados.

STEINER et al. (2000) descrevem, na introdução de seu trabalho

para avaliação da permeabilidade em caninos, os principais tipos de transporte.

Acredita-se que há dois tipos de transporte que permitem a passagem de

moléculas de maneira passiva pela mucosa gastrointestinal. Poros menores

estão localizados entre as células da parede intestinal (diâmetro máximo de 0,4

nm) permitindo a passagem de moléculas pequenas (massa molecular 150-185

Da) como os monossacarídeos. A freqüência desses poros transcelulares é

maior e é mais dependente da área de superfície da mucosa intestinal.

Poros maiores com raios máximos de diâmetro de aproximadamente

0,5 a 0,8 nm permitem a penetração de moléculas maiores, como o Cr-EDTA e

dissacarídeos (aproximadamente 340 Da). Esses poros estão localizados na

15

área das junções celulares (“tight junctions”). A freqüência desses poros

paracelulares é bem menor e muito dependente da integridade da mucosa.

O método mais aceito para verificação da integridade da barreira

intestinal é o teste de manitol (monossacarídeo) e lactulose (dissacarídeo) que

são transportados por caminhos transcelular e paracelular, respectivamente.

Através da razão lactulose/manitol (L/M) infere-se as condições da

permeabilidade intestinal (MENDONÇA et al., 2009).

Em processos patológicos do intestino delgado, as junções

paracelulares podem permitir a passagem de moléculas maiores, levando ao

aumento da permeabilidade dos marcadores dissacarídeos. Geralmente estão

associados a diminuição da área de superfície, levando a diminuição da

permeabilidade a marcadores monossacarídeos (STEINER et al., 2000).

Para medir a presença dos açúcares na urina muitos métodos já

foram desenvolvidos e validados. Há relatos do uso de cromatografia líquida de

alta eficiência, ensaio imunoenzimático, espectrometria de massas (LEE &

CHUL CHUNG, 2006) e cromatografia gasosa. MENDONÇA et al. (2009)

desenvolveram um protocolo de cromatografia gasosa que permite medir

adequadamente a presença de manitol e lactulose em amostras biológicas,

comprovando ser um excelente método para explorar a permeabilidade

intestinal normal e em condições patológicas. É mais realizada em humanos e

em animais nos quais a urina é facilmente coletada. Em aves, há limitação ao

uso dessa técnica, devido à produção de excretas. Entretanto, é possível que

seja realizada utilizando sondas nas aves (JEURISSEN et al., 2002).

A integridade intestinal também pode ser avaliada in vitro. A

vantagem é que pode-se investigar a permeabilidade de diferentes regiões

intestinais, e há a possibilidade de eliminar a interferência de outros fatores que

não sejam o objeto de estudo, já que as condições experimentais podem ser

controladas e monitoradas.

São estudos que utilizam a metodologia semelhante à realizada por

WAGNER & GALEY (2003). Os autores fizeram análise cinética do transporte

de hexoses para determinar a cinética de absorção de medicamentos.

Para avaliação do turnover intestinal e da taxa metabólica dos

tecidos, técnicas que utilizam isótopos estáveis estão sendo cada vez mais

usadas. Os isótopos são átomos de um mesmo elemento químico que

16

possuem mesmo número de prótons, mas diferente número de nêutrons.

Características que fazem com que tenham propriedades físicas distintas, mas

as mesmas propriedades químicas. São ditos estáveis por não emitirem

radiação. Para mensuração das diferenças de proporção entre isótopos nos

tecidos, após preparação do material, utiliza-se espectrômetro de massa

(BORDINHON, 2008).

CALDARA et al., 2010 afirmaram que dietas isotopicamente distintas

podem ser usadas para medir taxas de turnover nos tecidos do animal. Após a

troca de dieta, a mudança na composição isotópica do tecido depende de quão

rápido esses constituintes são assimilados.

Tecidos com rápido metabolismo refletem dietas recentes, enquanto

aqueles com baixo turnover metabólico representam dietas consumidas há

mais tempo. Esses autores avaliaram a influência da glutamina sobre o

turnover do carbono da mucosa intestinal de leitões desmamados.

PELÍCIA et al. (2011) utilizando também isótopos estáveis de

carbono, avaliaram o efeito da dieta suplementada com nucleotídeos sobre

taxa de turnover da mucosa intestinal de frangos antes e após lesões causadas

por coccidiose.

2.2.3 Avaliação das proteínas da parede intestinal

A camada de muco presente no trato gastrointestinal, como já

mencionado, é secretada pelas células caliciformes e é fundamental na

manutenção da integridade e saúde intestinal. As propriedades funcionais das

mucinas são a lubrificação das superfícies epiteliais, formação da barreira de

difusão para nutrientes, proteção contra microorganismos patogênicos e

interação com o sistema imune.

Várias técnicas foram desenvolvidas e modificadas durante os anos

para mensurar a secreção de muco. Variam de testes inespecíficos até

imunoensaios para quantificação de determinadas proteínas mucinas. Os

ensaios de proteína por espctofotometria permitem a quantificação da proteína

total do muco dentro de uma área específica do intestino, mas sem a

especificidade da origem dessa proteína.

17

Técnicas colorimétricas são formas específicas para medir as

glicoproteínas que são presentes em uma amostra a partir de superfícies

epiteliais. Além disso, são uma forma muito barata para determinar a

quantidade e composição do muco.

SHIRAISHI et al. (2009) estudaram a dinâmica de mucinas

secretadas no íleo de frangos infectados por Toxoplasma gondii. Utilizaram o

protocolo descrito por MYERS et al. (2008), no qual foi quantificado o número

de células caliciformes presentes em 0,3 mm2 de túnica mucosa de cada

animal. Essa análise foi realizada com lâminas submetidas às técnicas

histoquímicas para detecção de glicoconjugados (PAS, AB pH 2,5 e AB pH

1,0).

A composição de mucinas em condições patológicas é expressa

pela alteração na relação entre mucinas neutras, sulfatadas e sialomucinas. No

estudo de SHIRAISHI et al. (2009) houve somente alteração no perfil

secretório de mucinas neutras. Sugere-se que o aumento da secreção de

mucinas neutras nos grupos infectados tem a finalidade de deixar mais denso o

muco que recobria o epitélio, no intuito de protegê-lo da abrasão que

normalmente ocorre durante a diarréia que foi observada nesses animais.

MONTAGNE et al. (2000) propuseram um teste de ELISA (Enzyme-

Linked Immunoabsorbent Assay) para isolamento, caracterização e

quantificação de mucinas na digesta ileal desenvolvido para bezerros. O

método utilizado para realizar o teste se baseia na interação anticorpo-

antígeno. A limitação da utilização do ELISA é a necessidade de desenvolver

teste específico para cada espécie animal. As mucinas não apresentam

reatividade cruzada entre as espécies animais (JEURISSEN et al., 2002).

Aumento na secreção de mucina pode ser benéfico ou não de

acordo com a espessura da camada de muco. Se essa camada aumenta

somente em quantidades suficientes para maior proteção contra adesão

bacteriana, pode ser benéfico. Porém, se tornar-se demasiadamente densa,

pode ocorrer alteração na mistura da digesta com enzimas digestivas.

O aumento da renovação celular resulta em maturidade reduzida de

células caliciformes. Nessa situação verifica-se aumento de sialomucinas e

redução de sulfomucinas. Assim, o tipo de mucina produzida pode ser reflexo

18

do comprimento do vilo e, portanto, o perfil de mucina particular pode ser

indicativo de uma morfologia intestinal alterada.

Outra avaliação que pode ser feita é a da atividade das enzimas da

borda em escova. Na superfície dos microvilos são encontradas enzimas de

membrana (dissacaridases, oligapeptidases, etc.) que têm papel importante na

digestão de nutrientes (MACARI et al., 1994). São dissacaridases, fosfatase

alcalina, g-glutamiltransferase, aminopeptidases, sacarase-isomaltase (BOLELI

et al., 2002), que degradam oligômeros e oligopeptídeos em componentes

absorvíveis.

SAKAMOTO (2009) utilizou a metodologia descrita por DAHLQVIST

(1964) com espectrofotômetro para avaliação de atividade enzimática em

frangos de corte suplementados com glutamina e nucleotídeos. A unidade de

atividade especifica das enzimas foi definida como a quantidade de enzima que

hidrolisa 1 mol de substrato por mg de proteína por minuto.

19

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Técnicas histológicas para observação em microscópio de luz

continuam sendo bastante utilizadas para avaliação intestinal devido à

facilidade de execução, custo reduzido, e principalmente, porque resultam em

bons dados para análise.

Porém, as metodologias moleculares são promissoras por serem

bastante específicas, sensíveis, possibilitar diagnósticos rápidos e não serem

invasivas. Na medicina humana essas técnicas são as mais utilizadas e nota-

se que a pesquisa animal já está seguindo esse caminho, principalmente

devido à preocupação crescente com o número de animais utilizados pela

experimentação animal. Pelo mesmo motivo, metodologias in vitro para

determinar funções fisiológicas também devem ser promissoras.

As técnicas disponíveis para avaliação da integridade e

funcionalidade intestinal têm mostrado serem eficientes para as determinações

em que são utilizadas. Porém, alguns ajustes nas metodologias são sempre

necessários para que as diferenças fisiológicas entre indivíduos e espécies

sejam minimizadas.

Sempre que possível, deve-se preferir realizar as análises de dados

obtidos por várias técnicas, para que se tenha maior segurança ao relatar um

evento no intestino. E assim, poder inferir os eventos de digestão e absorção,

conhecê-los e otimizá-los, obtendo o melhor desempenho do animal.

20

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