52
TÉCNICAS VERTICAIS

TÉCNICAS Verticais

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TÉCNICAS Verticais

TÉCNICAS VERTICAIS

Page 2: TÉCNICAS Verticais

“ESCALAR NÃO É EMOCIONANTE PELA CONQUISTA.A REALIZAÇÃO É INTEGRAR-SE AO OBJETIVO

E CHEGAR AO FIM DA ESCALADA SEM ACIDENTES.É UM SINAL DE RESPEITO MÚTUO.”

(ANÔNIMO)

2

Page 3: TÉCNICAS Verticais

SUMÁRIO

1. Técnicas Verticais 042. Vestimenta 043. Técnicas de Condução 044. Técnicas de Escalada 055. Principais Nós e Amarrações 066. Equipamentos de Segurança 087. Rapel 108. Tirolesa 119. Cordas 12

10. Primeiros Socorros 14 11. Acidentes Ofídicos 14 12. Fraturas 25 13. Reanimação 25 14. Obstrução Respiratória 27 15. Afogamento 28 16. Serra do Espinhaço 31

3

Page 4: TÉCNICAS Verticais

TÉCNICAS VERTICAIS

O termo empregado no título acima abrange uma série de ações dispostas ordenadamente para utilizar na segurança de atividades, muitas vezes, utilizadas em aventuras em lugares altos. A intenção dessa pauta é fazer com que vocês conheçam o mínimo de técnicas de segurança que irá garantir a sua segurança e das pessoas que você atenderá. Vamos passear pelo mundo dos equipamentos de ferro - a vedete dos esportes de aventura -, técnicas de escalada, vestimenta e “nós e amarrações” -não necessariamente nessa ordem- que são no mínimo tão ou mais importantes que os já citados equipamentos.

VESTIMENTA

A vestimenta ideal deve ser composta por calça ou bermuda leve, resistente e de material que retenha pouca água. Um calçado com sola anti-derrapante e bico rígido -para evitar eventuais pancadas- para auxiliar em uma possível escalada. Luvas - vai por mim... corda queima, machuca, faz calo e tem mulher que não gosta - que não tirem a sensibilidade dos dedos para trabalhos que necessitam de tato - mas não tanto - e que possibilitam trabalhos mais tranquilos como tirar fotos ou mesmo fechar uma cadeirinha ou travar um mosquetão.

Nos trabalhos realizados em lugares próximos a água é recomendável que não tenha muito contato com a mesma, para se evitar uma possível hipotermia – a temperatura do corpo cai. Há relatos em que pessoas foram encontradas mortas, depois de ficarem um tempo relativamente curto com a temperatura em torno de 28° graus.

TÉCNICAS DE CONDUÇÃO

Depois de falar sobre quase todas as técnicas prometidas, vamos falar um pouco sobre como se movimentar em rochas ou até mesmo em trilhas. Algumas observações podem e devem ser checadas para melhor aproveitamento da atividade que estará sendo realizada. Isso se chama SEGURANÇA e vamos trabalhar visando o máximo em cima desse termo para evitar qualquer incidente.

O tipo de roupas e calçados são alguns itens. Toda vez que forem fazer uma caminhada, qualquer uma, deve ser feita com calçado próprio para a atividade. Bota ou tênis que o turista tiver em mãos. Quanto à roupa, a que ele estiver mais acostumado. Camisa de algodão, calça jeans ou bermuda, caso o turista já tenha costume de realizar atividades na natureza e se sentir melhor assim ou como a trilha se apresenta. No momento em que estiver conduzindo as pessoas nas trilhas deve-se observar a pessoa que está andando mais devagar, mais cansada e é essa a pessoa que irá ditar o ritmo da caminhada, sem aquela coisa de andar rápido e ficar esperando o mais fraco chegar. Nunca, jamais permitir que “panelinhas” se formem e fujam do resto do grupo para se aventurarem sozinhos pelo mato afora. Muito cuidado com essa situação.

Outro ponto importante é se a trilha é passa-um ou se é em estrada. Deve-se tomar muito cuidado para não se entreter com conversas e esquecer o que está fazendo ali no momento. Quando for trilha tipo passa-um com mato fechado ao longo da mesma ou não, deve-se seguir em fila indiana para evitar que:

4

Page 5: TÉCNICAS Verticais

1. Os turistas não se espalhem e tomem direções indesejadas pelo guia, garantindo com isso um controle maior da situação;

2. Evitar cobras. Uma das maneiras das cobras se defenderem de possíveis agressores é com um mecanismo simples: o ventre da serpente é a área de maior contato com o solo e é através dele que ela sente as vibrações dos passos e assim pode tomar uma direção evasivo-contrária a que a turma vem.

Quando é estrada o problema com as cobras é bastante minimizado, mas não relaxe com o controle com os turistas/visitantes. Em vários casos turistas se entusiasmam por estar no mato e aquele sonho de serem desbravadores vem à tona e querem por que querem se embrenhar mato adentro para explorá-lo. Cuidado pouco é bobagem.

TÉCNICAS DE ESCALADA

Quanto à escalada em rocha, onde a inclinação já necessita de um apoio das mãos, a regra fundamental é ficar a prumo, com o corpo ereto e apoiado sobre os pés. É importante sempre manter três apoios na rocha - duas mãos e um pé ou dois pés e uma mão -, para evitar qualquer susto eventual na rocha. Os novatos tendem a colar o corpo na rocha, o que não só os impede de observar a parede e descobrir as melhores agarras e apoios, como também trava os movimentos e aumenta a chance de que os pés se descolem da pedra fazendo com que escorreguem. Muito equilíbrio e elasticidade são fundamentais, conseguindo com isso transferir o peso do corpo para as pernas usando as mãos ,que devem ser mantidas na altura dos ombros para descansar melhor, somente como ponto de equilíbrio.

Existem vários tipos de agarras, sendo que, algumas são conhecidas como “mão de Deus” e outras como “ponta de dedo”. Há ainda variações dessas mesmas agarras como mono-dedo - apenas um dedo -, bi-dedo - dois dedos - e assim por diante. Em paredes lisas temos a chance de escalar, mas somente com a aderência das mãos e pés com a rocha, não há agarras e a técnica se difere um pouco da escalada com agarras. Em geral o corpo se apóia completamente em cima das mãos que devem ser viradas para baixo ou para o lado se preferirem e nos pés que devem manter o máximo de contato com a rocha - quanto mais contato mais atrito - e empurram o corpo para cima.

E há ainda a escalada em negativa. Esse tipo de escalada é para quem já é mais experiente e a galera que convive com esse tipo de escalador costuma colocar apelidos do tipo “chimpanzé”, “calango”, entre outros. Consiste em ser uma formação rochosa onde o escalador tem que ficar de costas para o chão quando está escalando a via. Aí não tem segredo nenhum. É muita força nas mãos e braços. Os pés ainda ajudam para dar equilíbrio e aliviar um pouco o peso do corpo nas mãos e braços. Ainda na negativa, outra regra que se quebra é a dos três apoios. Você geralmente irá ficar em dois ou até mesmo em um apoio (entendemos os apelidos anteriores agora, né?).

Nas escaladas são usadas sapatilhas próprias para tal atividade. Além de serem leves e mais justas, as borrachas do solado chegam mesmo a colar na rocha. Outro complemento do material é o carbonato de magnésio que é usado

5

Page 6: TÉCNICAS Verticais

para secar o suor das mãos (para evitar que as mesmas escorreguem durante a escalada).

PRINCIPAIS NÓS E AMARRAÇÕES

Na hora em que vamos falar de nós, muita gente até acha que conhece muito ou quase tudo de nó só porque conseguiu prender o primo naquela festa na casa dele. Mas o negócio não funciona nesses termos e ninguém quer arriscar a vida de ninguém com um nó cego - desses que a gente vê a toda hora - que a qualquer traçãozinha já destrava todo o sistema e complica e muito o trabalho em andamento. Portanto, todo cuidado é pouquíssimo quando se trata de confeccionar um nó ou uma laçada.

No texto abaixo vamos aprender os principais nós que se usa no montanhismo nacional e internacional - que posso dizer com certeza que peca em várias situações, embaraçosas até - e que irá nos ajudar a realizar um trabalho limpo, seguro e que satisfaça a todos.

1. Laçada: este é um dos princípios básicos para se confeccionar um nó. Consiste basicamente em fazer uma curva na corda como se ela estivesse indo e de repente ela voltasse para o lugar de onde saiu.

2. Chicote: é a menor parte da corda quando se efetua uma laçada ou um nó. É a pontinha da corda.

3. Fixa: é a outra ponta da corda (a maior) que geralmente está presa a uma pessoa ou à ancoragem.

4. Permear: é a ação de dobrar a corda no meio exato. Geralmente algumas cordas já vêm com o meio marcado para facilitar essa e outras tarefas.

5. Azelha simples: é um nó alceado de fácil confecção e muito utilizado como segurança. Tende a socar quando sob muita pressão. Evite essas situações usando outros nós como o nove e o oito (azelhas).

6. Azelha oito: nó alceado, também muito resistente. É o mais usado por montanhistas (tanto experientes como novatos). Tem a mesma função das outras azelhas, diferenciando somente no modo de confeccioná-lo.

6

Page 7: TÉCNICAS Verticais

7. Azelha nove: como já disse tem a mesma função das outras azelhas. 8. Direito: nó de junção para unir cordas de diâmetros iguais ou completar o

fechamento de ancoragens, seguidas de arremate. É muito seguro e fácil de desfazer após muita tração.

9. Pescador simples e duplo: também utilizado para unir cordas de mesmo diâmetro. É um nó de junção e também arremate.

10.Nó de porco (volta do fiel): nó de amarração, muito eficiente nas ancoragens (estropos). São duas formas de execução: aberta, quando é encaixado envolvendo algo – ex: mosquetão, toco de árvores, etc; fechado, quando se contorna um objeto – ex: tronco ou rochedo.

11.Prússico ou prussik: nó autoblocante. Pode ser utilizado na compensação de tração e em substituição aos equipamentos blocantes de ascensão. Trava na corda por compressão.

12.Borboleta Alpina: Nó de isolamento de partes danificadas e para fazer ancoragens.

13.Cabeça de Coelho: Nó específico para ancoragens. A confecção desse nó se parece bastante com o nó Azelha Oito (item 6), porém, se difere por possuir duas azelhas, dando mais segurança, pois divide o peso e é mais fácil de desfazer no final da tarefa.

7

Page 8: TÉCNICAS Verticais

EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA

Este é um dos itens que tornam os esportes de aventura mais segura, atraentes e também mais caro. Grande parte dos equipamentos, mosquetões, ascensores, freios, cordas, capacetes e etc. são importados e chega ao país com um preço um tanto injusto, com base na cotação do dólar e até mesmo a do Euro. Apesar disso, todos os esforços devem ser feitos para que o grupo e cada um adquiram esses equipamentos, pois caso contrário corre-se o risco de um acidente, ou a interrupção da atividade que está sendo realizada.

1. Mosquetão: este é um dos mais versáteis equipamentos utilizado em praticamente todos os sistemas de segurança, escaladas e técnicas verticais. Os mosquetões, de acordo com a necessidade, são encontrados em vários formatos, materiais e resistências. Eles podem se classificar em:

Mosquetão comum (sem rosca); Mosquetão de segurança (com rosca); E seus devidos formatos: Oval, periforme, direcional, trapezoidal e semi-oval

ou pêra.

2. Baudrier ou Assento: também conhecido como cadeirinha. É por onde o esportista é fixado junto à corda, através de um mosquetão ou até mesmo pela corda, que será a mais utilizada aqui, e o restante do equipamento que estiver utilizando. Existem modelos acolchoados, próprios para escalada livre e outros sem acolchoamento, que nós iremos trabalhar aqui, para escalada In Door - muro de escalada -, tirolesa e rapel. De forma improvisada podemos usar cadeirinhas confeccionadas com cordas e fitas tubulares, mas somente em último caso.

3. Cordas: deve ser leve e resistente - polipropileno, polietileno, ou perlon alma fibrosa, trançado ou alma dura. As cordas utilizadas em esportes de aventura passam por diversas condições que obrigam o esportista a muitos cuidados. Proteções contra atrito com rochas e árvores, evitar contato com areia, não

8

Page 9: TÉCNICAS Verticais

deixar expostas ao sol sem necessidade e lavar apenas com água ou sabões neutros, secando a sombra.

4. Oito, dresler, stop e reco (rack): equipamentos utilizados para descidas – rapel - e segurança dos escaladores em geral. Seguros e de fácil manuseio, possuem seu funcionamento baseado no atrito de partes das peças ou aparelho com a corda. O oito é o mais simples e de menor custo. Muito usado no montanhismo, mesmo fazendo com que a corda fique um pouco torcida, pela facilidade de acoplagem do freio ao mosquetão e na hora de certificar se está mesmo como deveria. Essa desvantagem - torção da corda - pode ser compensada pelo uso do sistema operacional, onde a corda não sofre torção contrária reduzindo o desgaste, mas que só deve ser usado por pessoas mais experientes. Nas decidas em abismos “virgens”, deve-se utilizar um sistema de trava automática, como nó prussico, o trava-quedas, shunt ou o grigri. O Dresler e o stop têm o funcionamento parecido, diferenciando pelo fato de no primeiro o esportista freia com a utilização do oito travando a corda na mão. No caso do Stop a ação é contrária. Ao soltar a mão, ocorre o bloqueio e para a descida é preciso que se pressione a alavanca de trava. O Stop é um tipo de freio não recomendado para principiantes, pois a tendência das pessoas, no caso de pânico é agarrar o equipamento, provocando a descida e muitas vezes a queda. Lembrete: independente do equipamento, o mais adequado é que sempre haja um segurança na base do rapel. O primeiro a fazer a descida, deve obrigatoriamente utilizar recursos com travas - prussico ou travas automáticas -.

5. Blocantes: pela maioria dos esportistas é conhecido como “jumares”, mas seu nome correto é Poignne e Croll. São equipamentos utilizados para subidas e trações de cordas, para mantê-las a mais esticada possível. São auto-blocantes que se movimentam em um só sentido, “mordendo” a corda caso o esforço seja contrário ao seu movimento.

6. Roldanas: são utilizadas nos sistemas de içamento e descidas de pessoas e equipamentos. Sua função é diminuir o atrito e o esforço aplicado sobre a corda e/ou mudar o sentido da

9

Page 10: TÉCNICAS Verticais

força. Existem vários modelos, desde os mais simples e de menor resistência, até os mais complexos e que suportam grandes cargas.

7. Martelete, chapeletas, spits e pitons: são instrumentos utilizados principalmente na segurança de escaladas e lances verticais. O martelete perfura a rocha onde fica fixado um grampo de expansão - chumbador - onde em seguida é colocada a chapeleta com abertura para o mosquetão, dando início à costura de segurança para escalada e ancoragem para segurança ou rapel.

RAPEL

O Rapel, conhecido por muitos aventureiros como um esporte radical, surgiu em meados dos anos setenta, criado por militares para facilitar o acesso a áreas remotas e de difícil acesso e que foi incorporado por montanhistas e espeleólogos com o mesmo objetivo de chegar a lugares que anteriormente era praticamente impossível e para facilitar as descidas após as escaladas.

Hoje as técnicas de rapel se diferem em muito das técnicas utilizadas anteriormente. Algumas dessas técnicas foram aperfeiçoadas, transformadas ou esquecidas devido à dificuldade de empreendê-la em alguma atividade ou até mesmo pela disparidade como era realizada. Há atualmente dezenas de “equipes” que realizam essa técnica de escalada de forma irresponsável e colocam em risco a vida de terceiros e dos próprios integrantes do grupo.

Vamos observar agora como realizar ancoragens, nós, colocação das cadeirinhas e regras de seguranças.

Ancoragens:Deve sempre ser realizada em rochas ou árvores resistentes e que tenham

sido testadas de forma exaustiva, verificando se reagem de forma consistente a trancos e tensões permanecendo intactas e firmes no lugar de origem. A ancoragem deve ser presa às rochas e árvores de forma que se forme um Y fazendo que assim o peso fique distribuído igualmente aos dois pontos de fixação.

10

Page 11: TÉCNICAS Verticais

Na figura anterior vemos uma ótima forma de se fazer uma ancoragem com pontos presos à rocha e com fitas tubulares, mas, podemos apenas amarrar às rochas ou árvores como foi descrito usando fitas e/ou cordas lembrando sempre em manter um ângulo de 45° aproximadamente mantendo os dois pontos sempre do mesmo tamanho. Procure sempre prender a corda por onde se realizará a atividade independente das ancoragens conseguindo com isso mais um back-up.

Algumas cadeirinhas normalmente vêm descrevendo com utilizá-la, sua carga de ruptura entre outras informações que devem ser respeitadas.

Existem equipamentos que garantem totalmente a segurança de quem está realizando o rapel. Para iniciantes recomenda-se a utilização do freio Oito, pois o mesmo garante segurança e se propõem a um resgate rápido sem maiores dificuldades ou complicações. Verifique sempre se “O SEGURANÇA” está ciente de que tem pessoas presas à corda e que o exercício está sendo realizado.

Alguns itens devem ser observados quando estiver fazendo rapel. Deve existir um check-list que obrigatoriamente será seguido toda vez que alguém for fazer o rapel. São eles:

1. Checar toda a ancoragem para verificar se está normal ou se as lonas de proteção não saíram do lugar;

2. Verificar os pontos onde as fitas da cadeirinha são presas;3. Verificar se a corda está passada corretamente no freio e no mosquetão;4. Verificar se os cabelos estão presos para não se enrolarem no

equipamento de frenagem;5. Verificar se o segurança está consciente da descida da pessoa.

TIROLESA

Esse tipo de atividade surgiu a partir da necessidade de passar de um ponto a outro com a ajuda de cordas devido à altura e a distância existente entre esses dois pontos. Anteriormente existiam somente duas formas de realizar esse tipo de atividade, que eram o “Cabo Aéreo” e o “Croll” que se diferem pela forma como se pendura na corda. A Tirolesa consiste basicamente em amarrar as duas pontas em pontos distintos e passar de um lado ao outro preso a um sistema de roldanas - que foram empregados mais recentemente -. No entanto, deve-se

11

Page 12: TÉCNICAS Verticais

observar que, o ângulo das ancoragens é de 180º e que isso triplica o peso da carga nas ancoragens. Fato importante é sempre utilizar outra corda como back-up para garantir a segurança de quem está utilizando o sistema e uma forma adequada de frenagem no final da tirolesa.

CORDAS

Sempre quando for trabalhar com cordas, fazer no mínimo dois pontos de ancoragens (amarrações específicas). Primeiro para reduzir o peso e tração no ponto onde a ancoragem foi confeccionada e segundo para garantir a segurança de todos, caso alguma ancoragem venha a romper o que no caso eu garanto que será por falha HUMANA. A ancoragem é um processo complicado, que assim como todos os outros métodos de segurança devem prestar atenção, máxima, assegurando de que a corda não está encostando-se a nada que possa danificá-la em seu trajeto e como os nós estão feitos e se foram confeccionados corretamente. Proteger a corda do atrito com o local onde foi amarrada é obrigatório e requer checagem de tempos em tempos para verificar se a proteção ou a corda não se moveu.

As cordas são uma das ferramentas mais importantes nas técnicas verticais, pois é principalmente através delas que se desloca e é ela quem fornece a segurança dos escaladores. Existem vários tipos de cordas para vários tipos de tarefas, mas as especificas para as técnicas verticais são:

Corda TorcidaConfeccionada nos mais diversos materiais, formada por feixes torcidos sobre simesmos e entre si. Foi utilizada nos primórdios da escalada e posteriormente substituída com a evolução dos equipamentos. Seu trançado não equalizado não permite a distribuição da carga sobre as fibras, promovendo um esforço desigual. As fibras de sustentação permanecem periodicamente tencionadas e, além disso, são expostas a maior contaminação e abrasão.

Cordas TrançadasConfeccionadas em diversos tipos de nylon, seu trançado promove a distribuição de carga nas fibras, além de que a capa forneça proteção para a alma, que é responsável pela maior parte da sua resistência. Estas cordas, entretanto dificultam a avaliação real do seu estado de conservação, pois não é possível visualizar a alma, exigindo um bom acompanhamento por parte do(s) usuário(s).Dividem-se praticamente em três grupos: Estáticas, Semi-estáticas e Dinâmicas.

Estáticas e Semi-estáticasEstas cordas, que não são confeccionadas com o intuito de absorver a força de impacto de uma queda, são utilizadas para ascensão, transporte de material, mecanismos de tração e tirolesas, por apresentarem pouco destendimento (cerca de 2 a 3%). Dividem-se em dois grupos: Com alma e sem alma.

12

Page 13: TÉCNICAS Verticais

As cordas sem alma possuem um trançado compacto de pequenos feixes de fibras de poliamida ou outro tipo de nylon que não são recomendadas para a prática do rapel, da tirolesa e da escalada, sendo mais usada no içamento de cargas e estropos. As cordas com alma possuem um ou mais feixes internos de fibras contínuas envoltas por uma ou mais capas trançadas, que têm por finalidade principal a proteção da alma, que é quem sustenta o peso. Para a espeleologia e trabalhos verticais existem homologações de dois tipos básicos de cordas:

Cordas tipo A: Utilizadas para ascensão, descida e permanência. O diâmetro é variável acima de 10 mm e dificilmente ultrapassa 13 mm, em função do peso. A resistência e o número de quedas suportado variam conforme modelo e marca.

Cordas tipo B: São empregadas como auxiliares, corda back-up e em mecanismos de transporte de materiais. Também são homologadas e sua função principal é para ascensão e permanência, seu diâmetro varia de 10,5mm a 12mme utilizam descensores apropriados para travamento contra quedas. A capacidade de carga e a quantidade de quedas suportadas é igual ou inferior a das cordas tipo A, variando conforme modelo e marca.

Cordas tipo C: Para cannyoning também são homologadas cordas com diâmetro de 9,5 a 9,8 mm e são exclusivas para rapel em dupla. A vantagem deste sistema é que em explorações onde não se retorna pelo caminho de descida, com o mesmo peso de corda se dispõe de quase o dobro de metros, proporcionando um rapel mais longo entre os pontos de ancoragem.

DinâmicasFormadas por feixes internos de fibras contínuas, contidos numa capa de proteção, projetadas para absorver a força de impacto de uma queda. Normalmente possuem a capacidade de carga inferior às das cordas estáticas. A elasticidade se deve à forma do trançado e ao tipo de material utilizado na confecção da alma, geralmente Perlón, ou outro tipo de nylon. Distende-se cerca de 5 a 10%, e por este motivo são empregadas em escaladas livre, artificial, esportiva ou em situações que exponham o escalador a quedas.

Cordas tipo 1: São as cordas de diâmetro de 10 a 13 mm, projetadas para serem utilizadas em simples para segurança do escalador. Podem ser utilizadas para descida e ascensão, mas a elasticidade proporciona maior desgaste do praticante e consecutivamente maior desgaste do equipamento.

Cordas tipo ½: São cordas de diâmetro de 8,5 a 9,5 mm, projetadas para expedições em montanhismo, gelo e escaladas. São versáteis, mas exigem muita prática e experiência na utilização. Devem ser utilizadas sempre em dupla e se aplicam para segurança e rapel. Têm seu ponto forte em vias onde a corda é muito exposta a arestas e onde os rapeis são longos (como as cordas estáticas tipo B). As cordas tipo ½ normalmente tem um desgaste mais acentuado que as tipo 1 e vida útil mais curta.

13

Page 14: TÉCNICAS Verticais

Cordas tipo 2 ou twin: São as cordas gêmeas homologadas para uso constante em duplas, incrivelmente são as que maior margem de segurança proporcionam quando bem utilizadas, mas são muito mais frágeis quando em simples. São direcionadas a escaladores mais radicais, com nível técnico elevado, em expedições onde redução de peso é um fator crucial.

Procurem sempre se lembrar: A GRAVIDADE NÃO DESCANSA E NEM TEM CABELO PARA SE SEGURAR.

E lembramos que o homem não tem asas e mesmo o Ícaro personagem mitológico que consiste de um homem com asas, morreu em uma queda quando suas asas foram queimadas.

PRIMEIROS SOCORROS

Vamos falar um pouco aleatoriamente do que pode ocorrer com você condutor no meio de uma trilha com os turistas que estiver conduzindo e depois vamos falar mais diretamente dos problemas.

O básico do socorro prestado a uma vítima no meio de uma trilha (seja lá qual for o ocorrido) a primeira coisa a fazer é ligar para o corpo de bombeiros, ambulância ou qualquer órgão especializado, observar o quadro geral da vítima e acompanhar ou interferir (caso seja necessário) no quadro geral.

Os incidentes mais comuns são taquicardias (coração dispara, boca seca, a pessoa não consegue respirar), estado de pânico (além da taquicardia a pessoa trava onde estiver e não consegue fazer mais nada e tem crises de histeria), reações alérgicas (picadas de insetos e plantas), cefaléia (dor de cabeça), dores musculares (causada por tensão nervosa ou falta de preparo físico), torções (viradas de pés) e espinhos em contato com a pele. Esses são os incidentes mais comuns e você precisa saber que não está livre de outros. Jamais medique o paciente sem antes consultá-lo sobre seu histórico médico (pergunte se ele tem costume de tomar o remédio que você carrega na bolsa). Não force e muito menos tente fazê-lo engolir o remédio quando estiver desacordado.

Caso o turista esteja descordado por qualquer motivo que seja acompanhe respiração e batimentos cardíacos e peça para todos os “entendidos” para que se afastem do local (a não ser que realmente tenha um médico ou enfermeiro por perto). Sempre se mantenha calmo e passe confiança para a vítima e para o restante das pessoas que estiverem com você. Nunca remova ninguém que tenha caído de grande altura e nem confunda as situações. Não pode haver dúvidas. Nunca.

ACIDENTES OFÍDICOS

É um dos grandes perigos em uma trilha e temos que conviver (pacificamente) com as temidas cobras. Vou tratar de alguns tabus nesse capítulo que irá ajudar a todos a compreender esse “temido” ser.

Nunca uma cobra irá armar o bote para atacá-lo se tiver uma maneira de fugir de você. Muita gente diz que cobra não vê, não escuta, não sente cheiro... Alguns pontos são verdadeiros, como o que diz que elas não têm audição, mas

14

Page 15: TÉCNICAS Verticais

enxergam muito bem. Outras formas que as cobras usam para interpretar o meio ao qual ela freqüenta é a língua (que é uma espécie de termostato) e o ventre (que sente todas as vibrações emitidas através solo) que é a parte mais sensível e que tem mais contato com o solo. E sabendo disso fica mais fácil de entender por que andamos em fila única quando estamos no mato. É somente para a serpente sentir que as vibrações vêm de apenas uma direção e darmos a ela a oportunidade de fugir por várias direções. Caso você tenha a sorte de encontrar uma cobra na trilha procure não persegui-la nem açoitá-la. Algumas cobras são lentas por natureza e se estiver com barriga cheia então... Não matá-las. Fazem parte do bioma, da cadeia alimentar, do cotidiano e merece respeito como todo ser vivo e estavam aqui há muito mais tempo que você.

No geral existem quatro gêneros de cobras venenosas e são eles:

Micrurus: conhecidas vulgarmente como corais, são as que possuem o veneno mais agressivo.

Crotalus: são as famosas cascavéis. Facilmente reconhecidas pelo guizo no final da cauda.

Lachesis: serpentes pouco conhecidas são chamadas de surucucu ou surucutinga sendo mais encontradas na região amazônica e zona da mata nordestina.

Bothrops: são as mais comuns e mais numerosas vulgarmente conhecidas como Jararacas, e deste gênero fazem parte a jararaca, jararacuçu, etc. estas serpentes são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos no Brasil e são encontradas em todo território nacional.

A forma mais prática de identificar se a serpente é venenosa ou não é verificando a existência de Fosseta Loreal e a dentição da mesma (lembrando que as corais fogem à regra da fosseta loreal sendo reconhecida apenas pela sua dentição para diferenciar se é ou não venenosa).

A Fosseta Loreal é um orifício entre as narinas e os olhos e a dentição deve apresentar duas presas grandes, agudas e ocas como uma agulha de injeção comum que são usadas na inoculação do veneno. Essas serpentes são chamadas de Solenóglifas.

Caso ocorra um acidente com cobras venenosas, mantenha-se calmo, leve a vítima até ao local onde ela poderá ter um tratamento mais adequado ou um resgate mais tranqüilo. Ninguém (em perfeito estado de saúde) irá morrer por causa do veneno. As mortes ocorrem por falta de tratamento sorológico que pode ser ministrado após algumas horas depois da mordida.

Essas medidas devem ser tomadas em caso de picadas de aranhas e escorpiões. Os acidentes com abelhas (que são os mais temidos) devem ser atendidos rapidamente e encaminhados ao pronto socorro o mais rápido possível (no caso da pessoa ser alérgica à picada). O quadro é preocupante e quanto mais rápido a pessoa for atendida será melhor.

15

Page 16: TÉCNICAS Verticais

Caracterização das serpentes

Os ofídios conhecidos também como cobras ou serpentes, pertencem ao grupo dos répteis assim como os lagartos, jacarés e tartarugas. No mundo, são conhecidas atualmente cerca de 2.900 espécies de serpentes, distribuídas entre 465 gêneros e 20 famílias. No Brasil há representantes de 9 famílias, 75 gêneros e 321 espécies, aproximadamente 10% do total de espécies.

- Corpo alongado, coberto por escamas;

- Trocam de pele a medida que crescem, o qual acontece ao longo de toda a vida do animal;

- Não possuem membros locomotores;

- Não possuem ouvido externo. Percebem as vibrações do solo através do próprio corpo, que se encontra em contato com o substrato;

- Os olhos não possuem pálpebras móveis, dando a impressão de permanecerem sempre abertos;

- A língua bífida, isto é, dividida em duas pontas, permite que o animal explore o ambiente, captando partículas que se encontram suspensas no ar e encaminhando-as ao órgão de Jacobson, o qual localiza-se no “céu da boca” e desempenha função semelhante ao olfato;

- Os órgãos das serpentes são como os dos demais vertebrados, porém apresentam formato alongado. As cobras, assim como as aves, não possuem bexiga, expelindo a urina juntamente com as fezes, através da cloaca.

As serpentes ocupam quase todos os tipos de ambientes do globo terrestre, com exceção das calotas polares, onde o clima frio impede a sobrevivência de animais ectotérmicos, isto é, animais que obtêm energia a partir de fontes externas, não metabólicas. Os ofídios podem ser aquáticos ou terrestres. Entre os aquáticos há os que vivem em água doce e os marinhos. No ambiente terrestre, ocupam os hábitats fossoriais, arborícolas ou terrestres, podendo viver em matas, savanas ou desertos.

Os ofídios são exclusivamente carnívoros, alimentando-se tanto de vertebrados quanto de invertebrados, os quais são engolidos inteiros, em alguns casos até 3,5 vezes o seu diâmetro. Quanto ao tamanho estes animais pouco mais de 10 cm até cerca de 10 metros, como a sucuri.

As cobras possuem os dois sexos e sua reprodução pode ocorrer de duas formas. Através da postura de ovos (ovíparas) em locais com condições de temperatura e umidade adequadas ou pelo nascimento de filhotes já

16

Page 17: TÉCNICAS Verticais

desenvolvidos. A quantidade de ovos ou de filhotes varia de acordo com a espécie.

Cobra Venenosa ou Não Venenosa?

Esta é uma pergunta bastante freqüente, pois existe uma grande variedade de serpentes e muitas delas apresentam semelhanças entre si, algumas vezes dificultando a diferenciação entre os animais que são perigosos e os que não o são. Porém, existem algumas características que facilitam o reconhecimento de ofídicos que podem provocar acidentes por envenenamento.

Animal venenoso é aquele que secreta alguma substância tóxica para outros animais, inclusive para o ser humano. Estas substâncias, ou venenos, podem estar presentes na pele ou em outros órgãos e tem a função de proteção contra predadores. Alguns peixes, diversos anfíbios e alguns invertebrados são exemplos de animais venenosos.

Existem animais que, além de possuírem veneno, possuem estruturas especializadas (dentes, ferrões, espinhos), capazes de inocular seus venenos. Quando isto ocorre, os animais são chamados de peçonhentos. As abelhas, marimbondos, lagartas, aranhas, escorpiões, alguns peixes e as cobras são exemplos de animais peçonhentos.

Principais características das serpentes

As cobras consideradas venenosas ou peçonhentas possuem glândulas secretoras de veneno localizadas de cada lado da cabeça, recobertas por músculos compressores e conectadas, através de ductos, às presas inoculadoras de veneno. Estas presas têm tamanho diferenciado dos demais dentes e podem estar localizadas nas porções anterior ou posterior da boca.

Podem ser observados quatro tipos de dentição

1. DENTIÇÃO ÁGLIFA: Não existem dentes inoculadores e nem glândulas secretoras de veneno. Está presente em jibóia, sucuri, boipeva.

* Desenho esquemático da cabeça de uma serpente áglifa – observe todos os dentes iguais e voltados para trás.

17

Page 18: TÉCNICAS Verticais

2. DENTIÇÃO OPISTÓGLIFA: Dentes inoculadores fixos, contendo um sulco por onde escorre a substância secretada pelas glândulas de veneno. Estão localizados na região posterior da boca, um de cada lado da cabeça. Este tipo de dentição é encontrado em falsas-corais, muçuranas e cobras-cipó.

* Desenho esquemático da cabeça de uma serpente opistóglifa – observe o dente modificado presente na região posterior da boca.

3. DENTIÇÃO PROTERÓGLIFA: Dentes inoculadores fixos, localizados na região anterior da boca. Esta dentição é característica das corais verdadeiras.

* Desenho esquemático da cabeça de uma serpente proteróglifa – observe o dente modificado presente na região anterior da boca. Estes dentes apresentam um sulco profundo através do qual o veneno penetra no local atingido pela mordida do animal.

4. DENTIÇÃO SOLENÓGLIFA: Os dentes inoculadores de veneno estão presentes e localizam-se na região anterior da boca. Estes dentes são móveis e grandes, com um canal por onde o veneno penetra no local atingido pela mordida do animal.

* Desenho esquemático da cabeça de uma serpente solenóglifa – observe o dente modificado presente na região anterior da boca.

18

Page 19: TÉCNICAS Verticais

Diferenças entre serpentes venenosas e não venenosas: As jararacas, cascavéis e a sururucus, possuem em comum, a fosseta

loreal, um orifício localizado entre a narina e o olho, em cada lado da cabeça. Somente as serpentes peçonhentas possuem este órgão. Vale a pena ressaltar que existem serpentes venenosas que não possuem fosseta loreal, como é o caso das corais verdadeiras.

A fosseta loreal tem como função a captação de calor, que permite às serpentes perceberem as diferenças de temperatura no ambiente.

As cobras venenosas também apresentam como características básicas:

Região dorsal da cabeça de serpente do gênero Bothrops (jararaca).

Região dorsal da cabeça de serpente do gênero Crotalus (cascavel).

Região dorsal da cabeça coberta por pequenas escamas.

As cascavéis, jararacas e surucucus apresentam dentição do tipo solenóglifo.

As corais verdadeiras possuem dentição do tipo proteróglifo e a região dorsal e cabeça coberta por placas ou escudos.

Região dorsal da cabeça coberta por placas.

Principais Serpentes Peçonhentas no Brasil

CASCAVEL Crotalus durissus

A cascavel vive em áreas abertas, campos, regiões secas e pedregosas. São conhecidas também como maracambóia, maracabóia, boicininga e

19

Page 20: TÉCNICAS Verticais

cascavelha. Seu nome científico é Crotalus durissus. Os indivíduos adultos chegam ao comprimento de 1,6 metros. São vivíparas. Uma das características mais marcantes deste animal é a presença do chocalho na ponta da cauda. Os acidentes envolvendo cascavéis representam cerca de 10% dos ocorridos no Brasil.

Ponta da cauda de cascavel demonstrando o chocalho ou guiso.

URUTU CRUZEIRO Bothrops alternatusAnimal corpulento que pode alcançar até 1,5 m Vive em montes de paus e

pedras, em locais úmidos ou alagadiços onde se alimentam de roedores. São vivíparas, e parem de 10 a 15 filhotes. Sua ocorrência está registrada para o norte da Argentina, Uruguai, Paraguai e do sudeste ao sul do Brasil.

JARARACA Bothrops jararacaA espécie apresenta colorido variável, com coloração que vai do castanho

claro até quase completamente negra. Estes animais têm grande capacidade adaptativa, ocupando tanto áreas silvestres quanto áreas agrícolas, suburbanas e urbanas. É a espécie mais comum da região sudeste, ocorrendo desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul. Seu tamanho médio gira em torno de 1 metro, produzem ninhadas com até 35 filhotes.

JARARACUÇU Bothrops jararacussuEsta serpente pode alcançar até 1,8 m. Ocorre desde o sul da Bahia até o

noroeste do Rio Grande do Sul. Os animais jovens apresentam colorido em tons castanhos evoluindo nos adultos para mancahs pretas sobre fundo amarelo, nas fêmeas, e sobre fundo castanho, nos machos. As fêmeas produzem ninhadas compostas em média por 40 filhotes, cujos nascimentos ocorrem de fevereiro a março.

CAISSACA Bothrops moojeniÉ a principal espécie de ofídio do cerrado do Brasil central, distribuindo-se

do Paraná ao Maranhão. Têm boa adaptação em ambientes modificados, comportamento agressivo e porte avantajado.

CORAL VERDADEIRA MicrurusAs corais verdadeiras pertencem à família Elapidae. Estas serpentes

possuem um aparelho inoculador de veneno do tipo proteróglifo, amplamente distribuídas pelo mundo, com aproximadamente 250 espécies. As najas e as temidas mambas são representantes da família Elapidae. Nas Américas temos as corais verdadeiras, sendo que no Brasil ocorrem cerca de 22 espécies, a maioria do gênero Micrurus . As corais apresentam o corpo cilíndrico recoberto por

20

Page 21: TÉCNICAS Verticais

escamas lisas e brilhantes, cabeça oval recoberta por placas, olhos pequenos e pretos. A fosseta loreal está ausente.

Estes animais têm hábitos fossoriais ou subfossoriais. Sua alimentação consta de pequenas serpentes ou répteis serpentiformes. São ovíparas, pondo entre 2 a 10 ovos em buracos no chão, formigueiros ou troncos em decomposição.

SURUCUCU PICO-DE-JACA Lachesis mutaAs surucucus pico-de-jaca (Lachesis muta) são as maiores serpentes

peçonhentas da América Latina, chegando a alcançar até 4,0 m de comprimento total. No Brasil, ocorrem na região Amazônica e em áreas de Mata Atlântica. Estas serpentes apresentam como características a fosseta loreal e a ponta da cauda com escamas em forma de “espinhos”. Os hábitos são preferencialmente noturnos. São animais ovíparos, pondo cerca de 15 ovos, de acordo com observações realizadas em laboratório.

Prevenção de Acidentes Ofídicos Para se evitar acidentes com cobras, além de conhecê-las melhor,

devemos adotar certos cuidados básicos, tais como:

- Utilizar botas de cano alto ou perneiras de couro. Essa medida pode evitar até 80% dos acidentes, pois as cobras, em sua maioria, dão botes de aproximadamente 1/3 do comprimento do seu corpo, o que faz com que a maioria das picadas ocorra do joelho para baixo;

- Na falta de botas, utilizarem pelo menos sapatos ou tênis de couro, nunca se deve andar descalço ou de chinelos em locais onde possam ocorrer cobras ou outros animais peçonhentos. O uso de sapatos ou botinas pode evitar 50% a 60% dos acidentes;

- Não pegar objetos, frutas ou plantas no chão sem antes observar os arredores;

- Não enfiar a mão em buracos, ocos de árvores ou vãos de pedras;

- Não sentar, deitar ou se agachar próximo a arbustos, barrancos, pedras, pilhas de madeira ou material de construção sem certificar-se de que ali não existem cobras ou outros animais. O mesmo cuidado deve ser tomado antes de passar por baixo de uma cerca;

- Observar bem o local antes de entrar em lagoas, rios ou cachoeiras, e também em barcos parados nas margens;

- Nas colheitas de arroz, café, milho, feijão, frutas e nas hortas é preciso verificar onde se vão colocar as mãos;

- Sapatos, botas, cobertores e sacos de dormir podem ser utilizados como abrigo por animais peçonhentos. Antes de usá-los, verifique se não há algum intruso indesejável;

- Manter limpas as áreas ao redor da casa, o paiol e as plantações, eliminando os montes de entulho, lixo, restos de alimento e folhagens altas

21

Page 22: TÉCNICAS Verticais

e fechadas. Essas medidas evitam a aproximação de ratos e de outros animais que servem de alimentos para as cobras;

- Não segurar as cobras com as mãos, mesmo que estejam mortas, pois o veneno das glândulas permanece ativo por certo tempo após a morte do animal;

- Devem ser protegidos os predadores naturais das serpentes, como emas, seriemas, gaviões, gambás e a conhecida cobra muçurana. Estes animais alimentam-se de cobras e, com isso, participam do controle do crescimento das populações de ofídios;

- Capturar e criar cobras exige treinamento e autorização especial do IBAMA.

Aranhas de interesse médico

Todas as aranhas têm veneno e podem causar acidentes. Mas nem todas são responsáveis por acidentes humanos graves, devido a fatores como a baixa toxicidade do veneno para seres humanos, pequena quantidade de veneno injetado, quelíceras incapazes de perfurar a pele.

No Brasil apenas três gêneros, com cerca de 20 espécies, podem causar envenenamentos graves em humanos, Latrodectus (viúva negra), Loxoceles (aranha marrom) e Phoneutria (armadeira). Os acidentes causados por Lychosa (aranha de grama) e caranguejeiras, são destituídos de maior importância.

Principais características das aranhas venenosas do Brasil

PhoneutriaAranha-armadeira

TamanhoCorpo: 3 cmTotal: 15 cm

HabitatDurante o dia, permanecem escondidas sob troncos, bromélias, bananeiras,

22

Page 23: TÉCNICAS Verticais

palmeiras, e também junto às construções, em lugares escuros, como dentro de sapatos, atrás de móveis, cortinas etc.

HábitoAtiva à noite, abriga-se durante o dia em lugares escuros.

TeiasNão vivem em teias.

AcidentesNão foge quando surpreendida, coloca-se em posição de ataque, isto é, apoia-se nas pernas traseiras, ergue a dianteira e procura picar.

Principais espécies e distribuição geográfica

P. fera: região amazônica. P. nigriventer: ES, MS, MG, RJ, SP, PR, SC e RS.P. reidyi: região amazônica.

LoxoscelesAranha-marrom

TamanhoCorpo: 1 cmTotal: 3 cm

HabitatSob cascas de árvores, folhas secas de palmeiras, nas casas: atrás de móveis, sótão, porões, garagens etc.

HábitoAtiva durante à noite

TeiasTeia irregular revestindo o substrato.

AcidentesPica quando espremida contra o corpo (roupa pessoal, na cama e em colheita no campo).

23

Page 24: TÉCNICAS Verticais

Principais espécies e distribuição geográfica

L. adelaide: Rio de Janeiro.L. amazonica: Norte e Nordeste do Brasil.L. gaúcho: SP e MG.L. hirsuta: Sul do Brasil.L. intermedia: Sul do Brasil.L. laeta: espécie introduzida que ocorre em alguns focos isolados no Brasil.L. simili: SP e MG.

LatrodectusViúva-negra

TamanhoCorpo: 1,5 cmTotal: 3 cm

HabitatEm vegetação arbustiva, nas gramíneas, ocupando buracos de erosão em gramados. Também usam canaletas de água de chuva, podem abrigar-se em latas vazias, pneus velhos etc.

HábitoAtiva durante o dia.

TeiasTeia irregular suspensa entre a vegetação.

AcidentesSemelhante a Loxosceles (roupa pessoal, na cama e em colheita no campo).

Principais espécies e distribuição geográfica

L. geometricus: em todo o Brasil.L. curacavienses: em todo o Brasil.L. mactans: em todo o Brasil.

24

Page 25: TÉCNICAS Verticais

Escorpiões de Importância MédicaA ordem Scorpiones abrange cerca de 1.500 espécies, apresentando ampla

distribuição geográfica, estando representados em todos os continentes, com exceção da Antártida. Estes animais são encontrados em todas as zonas tropicais do mundo.Os escorpiões ocorrem em vários tipos de ambientes terrestres, sendo encontrados desde regiões desérticas até florestas tropicais super-úmidas. Todas as espécies de escorpiões consideradas perigosas para o homem pertencem à família Butidae, com 550 espécies, das quais apenas 25 são consideradas capazes de provocar acidentes graves ou fatais. Os mais perigosos pertencem aos gêneros Androctus e Leiurus (África do Norte e Oriente Médio), Centruroides (México e Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Trinidad).

No Brasil, os escorpiões de interesse médico pertencem ao gênero Tityus, com as espécies T. serrulatus (escorpião amarelo) encontrado na Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Goiás; T. bahiensis (escorpião marrom) registrado para Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e T. stigmurus que ocorre nos estados da Região Nordeste.

Os escorpiões ou lacraus apresentam o corpo formado pelo tronco (prosoma e mesosoma) e pela cauda. O prosoma é coberto dorsalmente por uma carapaça, o cefalotórax, onde se articulam quatro pares de pernas, um par de quelíceras e um par de pedipalpos. O mesosoma apresenta sete segmentos dorsais, os tergitos, e cinco ventrais, os esternitos. A cauda é formada por cinco segmentos e no final da mesma situa-se o telso, composto de vesícula e ferrão (aguilhão). A vesícula contém duas glândulas de veneno, que é inoculado pelo ferrão.

Os escorpiões são animais carnívoros, alimentam-se de insetos, como grilos e baratas, porém são capazes de permanecerem longos períodos sem se alimentar. Têm hábitos noturnos e escondem-se sob pedras, troncos, dormentes de linhas de trem, entulhos, telhas e tijolos.

FRATURAS

Como também pode ocorrer uma fratura em uma caminhada, por exemplo, vamos falar em como identificar, tratar e conduzir a até um local seguro. Mas no caso aqui trataremos apenas fraturas de extremidades como braços e pernas. E ainda há fraturas expostas que tem mais um agravante da ferida exposta. Vamos falar rapidamente como reagir em caso de uma fratura mais complicada como fratura na coluna e em áreas vitais.

Fratura se define como uma ruptura total ou parcial do tecido ósseo. Para reconhecer uma fratura há alguns itens que devem ser observados como deformação do membro, inchaço, hematomas, feridas, palidez ou cianose na extremidade, diferença da temperatura no membro afetado, crepitação e incapacidade funcional. São essas características que determinam (todas ou apenas algumas) se houve ou não a fratura.

Vamos tratar a fratura.

1. Verifique o estado geral da vítima;

25

Page 26: TÉCNICAS Verticais

2. Nas fraturas retas imobilize com tala rígida;3. Nos deslocamentos, em fraturas expostas e fraturas em articulações,

imobilize na posição encontrada (membro) com tala rígida;4. A tentativa de alinhar deverá ser feita, suavemente, e uma única vez. Se

houver resistência, imobilize na posição encontrada com tala rígida.5. Use bandagens para imobilizar fraturas e luxações na clavícula,

escápula e cabeça do úmero;6. Após a imobilização continue checando pulso e perfusão capilar;7. Na fratura de fêmur não tente realinhar, imobilize na posição encontrada

com duas talas rígidas até o nível da pelve e transporte em prancha longa.

Quanto às fraturas de crânio, coluna, pelves e tórax, você deve acompanhar o estado geral do paciente e mantê-lo acordado até a chegada de socorro apropriado.

REANIMAÇÃO

É o nome que define a forma como a vítima é auxiliada a voltar a respirar. O quadro é assustador e todas as suas atitudes vão interferir no resultado final do atendimento. Agir rapidamente e com confiança não garante o sucesso do atendimento. Deve-se manter a calma acima de tudo e reagir friamente.

Vamos falar dos quadros de parada respiratória.É quando a vítima apresenta falha no sistema respiratório, mas os outros

sistemas continuam a trabalhar normalmente. Você tem que agir rapidamente, pois o quadro pode se agravar e progredir para uma parada cárdio-respiratória.

Passos a serem seguidos:

1. Verifique estado de consciência da pessoa. Caso apresentar perda total de consciência deve-se passar imediatamente para o próximo passo. Caso contrário tente manter a vítima acordada para se obter resposta imediata ao atendimento.

2. Libere vias aéreas para passagem melhor do ar;3. Verifique se há sinais de respiração. Aqui vamos utilizar o Ver, Ouvir e

Sentir.4. Se a vítima não respira, libere as vias aéreas, pressione suas narinas

com os dedos e efetue duas insuflações boca a boca quando adulto e boca a boca e nariz quando bebê.

5. Verifique pulso freqüentemente com o controle de grandes hemorragias. Quando no adulto verifique pulso na artéria carotídea e quando criança na artéria braquial.

6. Se a vítima tem pulso, então a vítima apresenta uma parada respiratória. No adulto faça uma insuflação a cada cinco segundos verificando pulso a cada dez ventilações e quando a vítima for uma criança faça uma insuflação a cada três segundos verificando pulso a cada vinte ventilações.

26

Page 27: TÉCNICAS Verticais

Agora, após realizar todas essas ações e você constatar que a vítima progrediu para um quadro de parada cárdio-respiratória as medidas mudam um pouco. São elas:

1. Verifique estado de consciência da pessoa. Caso apresentar perda total de consciência deve-se passar imediatamente para o próximo passo. Caso contrário tente manter a vítima acordada para se obter resposta imediata ao atendimento.

2. Libere vias aéreas para passagem melhor do ar;3. Verifique se há sinais de respiração. Aqui vamos utilizar o Ver, Ouvir e

Sentir.4. Se a vítima não respira, libere as vias aéreas, pressione suas narinas

com os dedos e efetue duas insuflações boca a boca quando adulto e boca a boca e nariz quando bebê.

5. Verifique pulso freqüentemente com o controle de grandes hemorragias. Quando no adulto verifique pulso na artéria carotídea e quando criança na artéria braquial.

6. Se a vítima não tem pulso, então ela apresenta um quadro de parada cárdio-respiratória. Ache o local da massagem cardíaca externa. O local é achado colocando a mão dois dedos acima do Apêndice Xifóide. As mãos devem ser sobrepostas, dedos entrelaçados e somente uma das mãos tem contato direto com o corpo da vítima. As compressões fazem com que o sangue circule, substituindo o trabalho que deveria ser realizado pelo coração.

SINCRONISMO DAS VENTILAÇÕES E MASSAGENS CARDÍACAS EXTERNAS

Há algum tempo atrás, você tomaria atitudes diferentes em relação à idade da vítima. Hoje, por motivos óbvios, mudaram o processo para facilitar o atendimento e memorização do mesmo. Você somente terá que gravar essas informações: duas insuflações e trinta massagens cardíacas contando cinco ciclos para verificar se houve normalização do quadro geral da vítima. A única manobra que se manteve com diferença por causa da idade foi a forma de fazer o bombeamento artificial do sangue que é duas mãos para adultos, uma mão para crianças e dois dedos para bebês.

OBSTRUÇÃO RESPIRATÓRIA

É um quadro que se apresenta quando a vítima não conseguiu engolir ou algum objeto estranho adentrou acidentalmente a laringe/faringe da mesma. Há duas formas de apresentação da vítima: consciente e inconsciente. Vamos aprender a tratar as duas formas.

Consciente: tente conversar com a vítima para tentar acalmá-la e não perca muito tempo nessa tarefa. Existe uma forma para desobstrução

27

Page 28: TÉCNICAS Verticais

chamada Manobra de Heinlich que funciona com o socorrista atrás da vítima, com as mãos fechados uma sobre a outra na altura do Apêndice Xifóide e com movimentos para trás e para cima (ao mesmo tempo) consegue liberar as vias aéreas da vítima.

Inconsciente: deite a vítima de costas para o chão, libere as vias aéreas e verifique respiração. Faça duas ventilações. Caso você constatar que o ar não passou para os pulmões e que a vítima não respira repita a liberação das vias aéreas, faça duas novas insuflações e efetue cinco compressões abdominais logo abaixo do externo. Após a manobra verifique se a vítima respira. Caso ela não estiver respirando repita o processo de ventilação e retorne a fazer a manobra para desobstrução. Caso contrário tente visualizar o objeto e retire do interior da boca da vítima. O tempo estimado para o quadro não se agravar (não passar para uma parada respiratória ou uma parada cardíaca) é de seis minutos.

AFOGAMENTO

O afogamento se caracteriza quando ocorre um quadro de asfixia por imersão em um meio líquido. Há duas formas de se classificar um afogamento. Quanto ao mecanismo e quanto à natureza do meio líquido. O mecanismo nós classificaremos em primário (é o efeito evidente de afogamento, ocorre o quadro de asfixia e a seguir parada cardíaca. Encontrada em 90% dos casos. A vítima apresentasse cianótica, congestionando-se com espuma na boca e no nariz) e secundário (acontece a parada cardíaca e em seguida a asfixia. A vítima se apresenta com aspecto lívido e pálido, sem os sintomas do primário e respiração completamente ausente. Neste grupo temos o afogado seco que devido ao espasmo mantido da glote, não aspira água para os alvéolos pulmonares. Um caso especial de afogamento é a hidrocussão ou Síndrome Térmico Diferencial – choque térmico – ocorre por mecanismo reflexo e ocasiona a parada cardíaca.).

Quanto à natureza do meio líquido temos a água doce e a água salgada. Iremos trabalhar somente com a água doce. O que ocorre com a vítima quando ela se afoga em água doce é o seguinte: a água entra nos pulmões; a água nos alvéolos pulmonares passa para a corrente sanguínea. Ocorre a hemodiluição, aumento do volume sanguíneo, passando para a célula, causando a hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos). A reanimação de uma vítima de afogamento deve ser a mesma para parada respiratória (caso seja necessária uma intervenção). O melhor é realmente retirar a vítima da água antes do afogamento propriamente dito.

SEQUÊNCIA DOS EVENTOS NO AFOGAMENTO

Existe realmente esta sequência, e quanto antes ela for quebrada melhor. Toda a atenção deve estar voltada à água e os ouvidos apurados para impedir qualquer incidente.

A sequência é a seguinte:

28

Page 29: TÉCNICAS Verticais

1. Imersão total do indivíduo;2. Pânico iminente;3. Luta contra a asfixia;4. Espasmo da glote;5. Deglutição líquida;6. Vômito;7. Perda da consciência;8. Aspiração líquida;9. Distúrbios hidrosalinos;10.Convulsões;11.Parada cárdio-respiratória;12.Morte cerebral.

ETAPAS DO SALVAMENTO AQUÁTICO

1. Pesquisa no local (ganchos, galhos de árvore, etc.).2. Salvamento propriamente dito (técnicas de judô aquático e reboque)3. Técnicas de primeiros socorros.

A) Respiração boca a boca na água;B) Reanimação cárdio-pulmonar (se necessário)

4. Encaminhamento a recurso hospitalar (todas as vítimas devem ser encaminhadas ao hospital).

Observações: cuidado com lesões na coluna; Estado de inconsciência; Decúbito ventral; Ferimento na cabeça; Perguntar ao paciente, se possível, se sente sinais de sensibilidade.

29

Page 30: TÉCNICAS Verticais

Os Dez Mandamentos do Socorrista

1. Mantenha a calma.

2. Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver prestando socorro: · PRIMEIRO EU (o socorrista).

· DEPOIS MINHA EQUIPE (Incluindo os transeuntes).

· E POR ÚLTIMO A VÍTIMA.

Isto parece ser contraditório a primeira vista, mas tem o intuito básico de não gerar novas vítimas.

3. Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao atendimento pré-hospital de imediato ao chegar no local do acidente. Podemos por exemplo discar três (3) números: 193 (número do corpo de bombeiros da cidade de Belo Horizonte).

4. Sempre verifique se há riscos no local, para você e sua equipe, antes de agir no acidente.

5. Mantenha sempre o bom senso.

6. Mantenha o espírito de liderança, pedindo ajuda e afastando os curiosos.

7. Distribua tarefas, assim os transeuntes que poderiam atrapalhar lhe ajudarão e se sentirão mais úteis.

8. Evite manobras intempestivas (realizadas de forma imprudente, com pressa)

9. Em caso de múltiplas vítimas dê preferência àquelas que correm maiores risco de morte como, por exemplo, vítimas em parada cárdio-respiratória ou que estejam sangrando muito.

10. Seja socorrista, não herói (lembre-se do 2o mandamento). 

30

Page 31: TÉCNICAS Verticais

SERRA DO ESPINHAÇO

Ao norte de Ouro Preto (Minas Gerais), eleva-se a Serra de Ouro Branco, onde está o ponto de partida da alta cadeia de montanhas conhecida como Espinhaço, servindo como divisor de águas entre as Bacias do São Francisco e rios que drenam diretamente para o Atlântico. Seu nome é bastante significativo, denomina-se Serra do Espinhaço, que é um alinhamento montanhoso, caracterizado pela existência de rochas muito antigas (proterozóicas). Apresenta aspecto rugoso e alcantilado em sua topografia, partilhando em serras menores e recebendo denominações locais, como exemplo podendo ser citado Serra Geral e Serra do Cipó, em Minas Gerais e na Bahia, a Chapada Diamantina. Representa um importante acidente geográfico que se estende desde as proximidades de Belo Horizonte em Minas Gerais até o limite norte do Estado da Bahia com o Estado do Piauí. O relevo da serra é marcadamente acidentado com altitude geralmente superior a 1.000 m, alcançando um máximo de 2044 m de altitude no Pico do Itambé. Localizado a cerca de 30 km a sudeste de Diamantina e a 18 km da sede do município de Santo Antônio do Itambé.

Na primavera, sua vegetação apresenta grande variedade de orquídeas, sempre-vivas e outras plantas típicas de serra. Abrange uma extensão da ordem de 1.200 km, aproximadamente metade em cada estado, Minas e Bahia, que se orienta segundo N-S e que tem largura variável entre poucos quilômetros até mais de 100 km. Em Minas Gerais, a Serra do Espinhaço orienta-se segundo N-NW, seguindo aproximadamente o meridiano 43o 30´.

De Diamantina para o norte, tem-se a porção discreta da serra, predominando um planalto elevado, até as proximidades de Itacambira. Desse local para Grão-Mogol e mais para o norte, volta a aparecer a morfologia da serra, escarpada e de perfil abrupto. Nem sempre a Serra do Espinhaço foi uma imponente cadeia de serras, há cerca de um bilhão e seiscentos milhões de anos, iniciou-se a formação da bacia sedimentar do espinhaço, onde rios, ventos e mares desempenharam o papel de agentes modificadores daquela paisagem. As camadas de arenitos, conglomerados e calcários hoje expostos na Serra do Espinhaço representam as atividades destes agentes ao longo do tempo geológico.

Nas ruas e cidades por onde a Serra segue, lajes de superfícies onduladas revelam a ação dos ventos e das águas que passavam sobre areais antigos.

Os depósitos de diamante da Região da Serra do Espinhaço foram intensamente trabalhados no século XVIII. A descoberta de ouro no final do séc. XVII promoveu a fundação de pequenos núcleos populacionais na serra. Diamantina é uma das principais cidades ligadas a este período. Outras cidades importantes e que estão associadas ao contexto da serra são: Serro, Guanhães, Conceição do Mato Dentro, Araçuaí, Grão-Mogol, Salinas e Minas Novas. A Serra do Espinhaço, termo introduzido por Eschwege (1822), representa a faixa orogênica pré-cambriana (500 a 600 mil anos) mais extensa e contínua do território brasileiro. Alonga-se por cerca de 1200 km na direção N-S desde a região de Belo Horizonte até os limites norte da Bahia com os Estados de

31

Page 32: TÉCNICAS Verticais

Pernambuco e Piauí. Ao longo de sua extensão as unidades páleo-mesoproterozóicas do Supergrupo Espinhaço que, sob o ponto de vista volumétrico e orográfico, é o principal constituinte do edifício desse orógeno, exibe contato direto com várias entidades

Supracrustais de idade semelhante ou não como o Supergrupo Minas do Quadrilátero Ferrífero, Grupo Macaúbas s.s., Grupo Bambuí, Faixa Araçuaí, Chapada Diamantina, entre outros. Formada por orogênese e metamorfismo.De posse de um Banco de Dados, com 5,9 mil registros de ocorrências de espécies de plantas e animais, reunidas com a contribuição de pesquisadores ao longo de cinco meses, existem mapas detalhados desse patrimônio natural: o estado de conservação de grupos de fauna e flora, a sua distribuição, as ameaças potenciais, o grau de proteção atual e a análise de custo-benefício.

Endemismos e Ameaças - Formada por um contínuo de serras que se estende desde Minas Gerais até a Chapada Diamantina, na Bahia -, a Cadeia do Espinhaço é o divisor dos biomas da Mata Atlântica e do Cerrado, ambientes que abrigam a maior diversidade biológica e estão entre os mais ameaçados do planeta. O complexo montanhoso apresenta uma das vegetações brasileiras mais ricas em endemismos, que somente ocorrem naqueles ambientes, como sempre-vivas, canelas-de-ema, orquídeas e bromélias, entre as quais, muitas correm risco de extinção.

Aproximadamente 2/3 das espécies vegetais consideradas ameaçadas de extinção em Minas Gerais ocorrem nos campos rupestres desta formação.

Uma das mais antigas formações geológicas das Américas, com cerca de 1,5 bilhões de anos, a Serra do Espinhaço desperta o interesse dos pesquisadores desde o início do século 18, quando foram descobertas as primeiras jazidas de diamantes na região. Da década de 60 do século 20 até meados dos anos 70, professores da Universidade de Fraiburg, da Alemanha, identificaram na Serra o local ideal para desenvolver pesquisas para o seu curso de doutorado em Geologia.

A Serra ostenta características geológicas únicas no mundo inteiro, daí o interesse dos pesquisadores.

O lugar abriga a maior diversidade vegetal do mundo.O Espinhaço é o divisor de águas das bacias do São Francisco e dos rios

Doce, Jequitinhonha e Mucuri. A Serra do Cipó, antes conhecida como Serra da Vacaria, era o caminho natural dos bandeirantes, em busca de ouro e pedras preciosas que, por essas trilhas, aportaram lá para as bandas do Arraial do Tejuco, hoje Diamantina.

Diversidade e Endemismo

Espécies Total de Espécies Espécies Endêmicas

Plantas 10.000 4.400

Mamíferos 161 19

Aves 837 29

Répteis 120 24

Anfíbios 150 45

32

Page 33: TÉCNICAS Verticais

Referências:

MARTINS, Felipe J. Aidar. A Primeira Resposta – Manual do Socorro Básico de Emergência

7ª Edição Revisada 2004

ASSIS, Eduardo Gomes de. Apostila do Curso Básico de Espeleologia – Espeleogrupo Peter Lund

Edição Março de 2002

SALGADO, Hebert Canela. ASSIS, Eduardo Gomes de. Turismo no Norte de Minas: Uma nova possibilidade a partir da Expedição Caminhos dos Geraes.

LINO, Clayton F. ALLIEVI, João. Cavernas Brasileiras. Ed. Melhoramentos

São Paulo – SP. Brasil 1980.

BRASIL Alpitec do. Manual de Acesso por Cordas

Revisão Julho de 2006

LUZ, Benjamim da. SOLER, Ivan. CAVALCANTE, Tenório. Escalada Artificial em Dossel.

Março de 2002

BECK, Sérgio. Ratos de Caverna, Edição Independente.

1998.

BECK, Sérgio. Com Unhas e Dentes, Edição Independente.

1998.

BUTANTÂ, Instituto. São Paulo-SP – www.butanta.org.br

LTDA, Fernandes e Teixeira - FT Empreendimentos – Curso de Trabalho em Altura em Ambiente Industrial. – www.ftequipamentos.com.br

33

Page 34: TÉCNICAS Verticais

Os Autores:

Renato Martins Lima

Escala em rocha desde 2001, quando em Montes Claros realizou o primeiro curso de Montanhismo com o Espeleogrupo Peter Lund.

Realizou escaladas em diversas cidades, sendo que, a principal fonte de atividades foi Montes Claros.

Participou do Curso de Espeleologia do Espeleogrupo Peter Lund em 2002.

Trabalhou com espeleologia a partir do ano de 2003, prestando serviços para a Ong Instituto Grande Sertão – IGS e Espeleogrupo Peter Lund durante cinco anos.

Trabalhou com ecoturismo e turismo de aventura em Montes Claros, Grão-Mogol, Botumirim, Brasília de Minas, Januária, Janaúba, Vila de Santa Bárbara, Joaquim Felício, Buenópolis, Curumataí, Belo Horizonte, Raposos. Rio Acima - MG, Ilha Grande – RJ.

Trabalhou como instrutor do curso de Espeleologia 2004. Guia e perito em Técnicas Verticais.

Trabalhou como instrutor da reciclagem de Técnicas Verticais do Espeleogrupo Peter Lund em Brasília de Minas em 2004.

Trabalhou com o Projeto Eco Educação junto a estudantes de 5º a 8º séries de escolas particulares, estaduais e municipais, mostrando as cavernas e a importância da preservação ambiental junto ao grupo EPL e IGS.

Participou do curso de Brigadista Florestal oferecido pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em 2005.

Trabalhou como Brigadista Florestal Ativo do Ong Organização Vida Verde - OVIVE - de Montes Claros.

Participou do Curso de Primeiros Socorros promovido pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em 2005/06.

Trabalhou no 2º Encontro Norte mineiro de Escalada.

Trabalhou como Guia de Ecoturismo no Projeto Estrada Real do Norte realizando cavalgadas entre Grão-Mogol - Botumirim e Botumirim - Itacambira no ano de 2006.

Ainda em novembro de 2006 realizou levantamento Ecoturístico em Vila de Santa Bárbara, sendo responsável pelas medidas das trilhas já existentes, levantamento histórico, implantação de sinalização, diagramação de mapas, diagramação de panfletos explicativos, entre outros.

Trabalhou como Guia de Ecoturismo em Vila de Santa Bárbara durante dois anos, tendo construído parede de escalada, responsável pelas atividades de tirolesa, rapel, trekking, cavalgada, caiaque e passeios de Jeep.

Iniciou implantação do Curso de Ecoturismo para moradores em Vila de Santa Bárbara - MG.

34

Page 35: TÉCNICAS Verticais

Auxiliou levantamento turístico da região do Norte de Minas em um raio de 200 km da cidade de Montes Claros.

Desde março de 2008 possui Certificado Internacional IRATA nº. 1/25.224 em acesso por cordas.

Participa de atividades voltadas a escalada, em montanhas na região de Belo Horizonte.

Realiza trabalhos de altura em geral, prestando serviços a diversas empresas da região metropolitana de Belo Horizonte.

Realiza trabalhos conjuntamente com empresas de São Paulo - SP, voltadas para turismo de aventura e arborismo. Tendo inclusive participado de atividades in door no Minas Shopping no período de Janeiro a Março de 2009.

Trabalha com Ecoturismo e Turismo de Aventura na Região Metropolitana de Belo Horizonte, realizando trekking, rapel, tirolesa e escalada in door e out door.

Trabalha como Alpinista Industrial - Técnico de Ultra-Som e Medição de Espessura - para a empresa Read – Inspeções Técnicas em Belo Horizonte - MG.

Guilherme Silva Moreira

Montanhista e praticante de Escala em rocha desde 1997, quando em Montes Claros realizou o primeiro curso de Montanhismo e espeleologia pelo Espeleogrupo Peter Lund - EPL.

Realizou escalada em diversas cidades, sendo que, as principais fontes de atividades foram em Montes Claros junto ao Clube Excursionista de Montes Claros - CEMC.

Trabalhou e participou do 1º e do 2º Encontro Norte Mineiro de Escalada Montes Claros - MG.

Participou do Curso de Espeleologia do Espeleogrupo Peter Lund em 1997.

Trabalhou com espeleologia a partir do ano de 1998, prestando serviços para a Ong Instituto Grande Sertão – IGS e Espeleogrupo Peter Lund durante sete anos.

Trabalhou com o projeto Próturismo do Instituto Grande Sertão – IGS, de levantamento de potencial turístico nas cidades de Botumirim, Grão-Mogol, Cristália.

Trabalhou com o Projeto Eco Educação junto a estudantes de 5º a 8º séries de escolas particulares, estaduais e municipais, mostrando as cavernas e a importância da preservação ambiental junto ao grupo EPL e IGS.

Trabalhou no projeto de Revitalização das Bacias do João Moreira próximo a cidade de São João da Ponte – Norte de Minas.

Participa de atividades voltadas à escalada em montanhas, Trekking, Mountain Bike, Ecoturismo e Turismo de Aventura na região de Belo Horizonte, Caetés, Sabará, Ouro Preto, Nova Lima, Rio Acima, Catas Altas, Lapinha, Serra do Cipó.

35

Page 36: TÉCNICAS Verticais

Trabalha como Alpinista Industrial - Técnico de Ultra-Som, Medição de Espessura, Partícula Magnética, Liquido Penetrante, e NR13 - para a empresa Read Inspeções Técnicas em Belo Horizonte - MG.

Apostila revisada em 03 de Março de 2009

Belo Horizonte - MG

36