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Entrevista com o comandante da Marinha do Brasil R$ 18,00 ANO 30 - Nº 135 A renovação da Esquadra A Marinha na Amazônia Ocidental

Tecnologia & Defesa Nº 135

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A edição Nº 135 da Revista Tecnologia & Defesa mostra o importantíssimo trabalho realizado pela Marinha do Brasil na Amazônia Ocidental Brasileira com seus navios patrulha e navios de assistência hospitalar, conhecidos como "Os Navios da Esperança". Veja também tudo sobre a escolha do caça sueco Gripen NG, da SAAB, como o vencedor da concorrência FX2 da Força Aérea Brasileira! Entrevista com o Comandante da Marinha do Brasil

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Entrevista com o comandante da Marinha do Brasil

R$ 18,00ANO 30 - Nº 135

A renovaçãoda Esquadra

A Marinhana Amazônia Ocidental

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á iniciamos o novo ano o qual, segundo alguns, deverá ser difícil em função de uma série de fatores conjunturais ligados à economia, combinados com acontecimentos já sabidos e aguardados, e que devem “parar” o País. De fato,

e sem querer nos alinharmos à corrente mais pessimista, o horizonte à frente é para ser visto com prudência. Além disso, 2014 se apresenta, para nós brasilei-ros, principalmente, sob o “vernáculo domínio” do verbo “torcer”. Sim, e como teremos que conjugá-lo na prática nos próximos meses.

Começamos torcendo para que a velha máxima de que o Brasil só passa a funcionar após o Carnaval, não seja uma completa verdade, se bem que, faze-mos isso anualmente e sempre perdemos. Depois, teremos a realização da Copa do Mundo da FIFA e lá estaremos nós, torcendo apaixonadamente pela Seleção Canarinho, e para que tudo ocorra na mais perfeita ordem para que possamos passar ao mundo uma imagem de país sério e eficiente (é claro, torcendo ainda muito mais para isso). Passado o evento, logo, teremos a campanha política e as eleições e, novamente, vamos torcer por nossos candidatos e, de maneira fervo-rosa, para que os resultados a serem apurados nas urnas venham a refletir, com as maiores doses de acerto e sabedoria possíveis, a vontade popular.

Por outro lado, vamos torcer para que boas notícias para o setor em que atua-mos venham a se registrar, tal qual foi em 2013, mesmo que de forma surpreen-dente, como veio a suceder. Dentre outras ações efetivas, podemos contabilizar a assinatura dos primeiros contratos para a produção do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), diversas movimentações oficiais (governo e classe política) e empresariais em busca de medidas e atos concretos em prol dos segmentos envolvidos na “construção” da Defesa Nacional, e a entrega do Certificado de Empresa Estratégica de Defesa (EED) às primeiras 26 empresas integrantes da Base Industrial de Defesa (BID), possibilitando a essas passarem a usufruir dos benefícios do Regime Especial Tributário para a Indústria de De-fesa (RETID), o que irá aumentar significativamente a sua competitividade nos mercados interno e externo.

Contudo, e sem nenhuma dúvida, o grande destaque ficou para o anúncio, no apagar das luzes do ano, do resultado (coisa que quase ninguém mais acreditava) do célebre e longevo programa F-X2, com a indicação do seu vencedor, o caça de origem sueca SAAB Gripen NG. Aliás, entendemos nós, de Tecnologia & Defesa, que a atitude (sábia, diga-se de passagem) da Força Aérea Brasileira (FAB) em não buscar mais uma solução paliativa a partir da desativação dos Mirage 2000, propositadamente ou não, acabou tendo grande influência na solução de uma incômoda situação que já se arrastava há cerca de 15 anos, embora ainda venha pela frente um período de mais negociações até a assinatura dos contratos.

O Governo Federal, mais que simplesmente resolver o F-X2, conseguiu, ao menos, dois outros aspectos altamente positivos. Um deles é colocar em marcha um ambicioso programa que, por suas características, vai alavancar uma das premissas da Estratégia Nacional de Defesa (END) que trata do domínio de tecno-logias de elevados níveis de sofisticação (e, isso, qualquer que fosse o vencedor), por parte da já avançada indústria aeronáutica nacional, do mesmo modo como já vem sendo registrado na área naval com o ProSub ou no campo terrestre, com os projetos do SISFRON e blindado Guarani. O outro reflete-se sobre a própria credibilidade de execução dos diversos programas de modernização das Forças Armadas brasileiras. Foi um importante sinal ansiosamente aguardado pelas nos-sas, até heroicas, empresas da BID, e que melhora, por tabela, a imagem externa do País perante governos e grandes conglomerados tecnológicos-industriais. Para que assim continue, como escrevemos, continuaremos a torcer.

Mas, ao mesmo tempo, todos que labutamos na imprensa especializada em aviação, espaço, defesa e segurança, hoje tão disseminada, já que outros são os tempos, devemos manter, também, uma torcida incansável para que consi-gamos continuar a desenvolver o nosso trabalho. Problemas, não nos faltam e se traduzem nos novos meios de mídia (internet), nas tradicionais dificuldades em viabilizarmos financeiramente nossas publicações e que são agravadas pela explosão dos custos gráficos, na concorrência entre nós mesmos, e no mais complicado desafio que enfrentamos atualmente, ou seja, as revistas oficiais ou institucionais, comemorativas ou de série, que não estão sujeitas às normas que regulam as atividades privadas e leis de mercado. Não estamos, aqui, contestando o direito dessas existirem – que são líquidos e certos – mas, talvez, o seu meio de produção que conta com o apoio direto da instituição que retratam e, isso sim, não raro, em detrimento daquelas da livre iniciativa.

Assim, vamos torcer para não acabarmos por perder os nossos espaço e papel como órgãos de informação.

Tecnologia & DefesaAno 30 - Número 135 (2013/2014)

CorrespondênciaTecnodefesa Editorial Ltda.Rua Bonfiglio Beraldi, 70/31CEP: 13206-070Jundiaí (SP) - BrasilTel.: (011) 3964-5315

Torcendo... e com entusiasmo

Editorial

Diretor Geral/ Editor ChefeFrancisco Ferro

Editores AdjuntosAndré M. MileskiPaulo Maia

Consultores TécnicosReginaldo BacchiRonaldo Olive

Relações PúblicasJulio Maringolo

WebmasterRoberto Caiafa

Repórter EspecialKaiser Konrad

Equipe de ReportagemAnderson Subtil, Christián Marambio, (Chile), Guilherme Wiltgen, Hélio Higuchi, Ivan Plavetz, Leonardo Ferro, Luiz Padilha, Marcos Junglas, Paulo Roberto Bastos Jr., Ricardo Bonalume Neto, Silvio Maciel, Ricardo J. Sigal Fogliani (Argentina)

Jornalista ResponsávelFrancisco Ferro

Programação VisualEquipe T&D e Vladimir Rizzetto

Impressão e AcabamentoPré-Impressão e Impressão GarilliTel: (011) 2696-3288Distribuição NacionalFernando Chinaglia DistribuidoraTel: (011) 2195-3188

www.tecnodefesa.com.br

[email protected]

TECNOLOGIA & DEFESA 3

Os artigos de caráter opinativo podem não refletir a opinião da revista.

Capa: O NaPaFlu Pedro Teixeira navega no ponto onde as águas dos rios Negro e Solimões se encontram.Foto: Roberto Caiafa

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18Entrevista com o comandante da Marinha do Brasil

Destaque:Caça Gripen para o Brasil 50 A indústria de defesa

da Polônia

80 A Marinha na Amazônia Ocidental

Sumário

74 Seminário de Guerra de Minas

112 A dinastia Mirage se despede do Brasil

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34 A renovação da Esquadra Brasileira

122 Ensaio Fotográfico:A Marinha em dois momentos

44 Arquivo:Voando no Gripen

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Internacional

Kaiser David KonradEnviado especial à Varsóvia e Kielce

ram 4 horas e 45 minutos da madrugada do dia 1º de Se-tembro de 1939. O encoura-

çado alemão “Schleswig-Holstein” abria fogo contra a cidade báltica de Danzig, atual Gdansk. Poucas horas depois as tropas da Wehrmacht iniciavam a inva-são do território polonês. A operação Fall Weiss havia começado e, com ela, para valer, a Segunda Guerra Mundial.

O povo polonês sentiu as agruras da guerra pela pior forma, que foi ter seu território invadido por uma força mili-tar estrangeira, superior em tamanho, força e tecnologia. Para se precaver ante a possibilidade de que algo do tipo se repita – logicamente dentro de um cenário geopolítico parcialmente dife-rente – seus governantes vêm levando

Mantendo na memória os dias da Segunda Guerra Mundial, o país trata o assunto como da maior relevância

e quer ser parceiro estratégico do Brasil

POLÔNIA

50 TECNOLOGIA & DEFESA

o assunto defesa bem a sério. Aliás, a Defesa Nacional é um tema que ocupa destaque no noticiário e no cotidiano da sociedade, preocupa o governo e é tão delicado cuja importância não merece medidas paliativas, como em outros países, mas exige políticas de estado.

Para satisfazer as necessidades ope-racionais e apoiar o processo contínuo de modernização das Forças Armadas, incluindo o suporte às obrigações atra-vés da destacada atuação como mem-bro efetivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), à qual o país foi o primeiro ex-integrante do Pacto de Varsóvia a ingressar, em 1999, a Polônia criou uma forte e reconhecida base industrial de defesa. Parte desses equipamentos é derivada daqueles

produzidos na antiga União Soviética, sendo que outros foram desenvolvidos de acordo com requerimentos internos, frutos de estreita cooperação com em-presas estrangeiras, principalmente da Inglaterra e Alemanha.

A indústria de defesa polonesa é composta por cerca de 150 empresas. Várias delas são controladas pelo Es-tado através de uma holding. Cerca de 90% das vendas são feitas às Forças Armadas, que estão divididas em Ma-rinha, Força Aérea, Exército e Forças Especiais. O restante da produção é destinado ao mercado de exportação, onde o país tem mostrado a qualidade e confiabilidade dos seus produtos, que têm sido provados em combate nos mais diversos teatros de operações.

Todos o anos, em 1º de setembro, a Polônia relembra a invasão nazista ocorrida em 1939 e que iniciou a Segunda Guerra Mundial. Civis com uniformes de época homenageiam

a resistência e os defensores da pátria nas celebrações, em Varsóvia

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Defence Holding, a nova designação do Grupo BUMAR.

A construção do sistema nacional de defesa aérea, que engloba as defesas antiaérea e antimíssil, visa garantir que

as Forças Armadas sejam capazes de combater ae-ronaves e, principalmen-te, mísseis de curto e médio alcances nos seus estágios finais de voo, e deverá ser totalmente compatível com o Siste-ma Integrado de Defesa Aérea da OTAN (NATO NATINADS), sendo parte operativa do Sistema de Segurança Europeu. O “Tarcza Polski” integra o

processo de modernização das Forças Armadas e foi uma iniciativa do próprio presidente da República, Bronislaw Komorowski. Um detalhe interessante

| NO CENTRO EUROPEU |

Fotos do autor

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A Polônia, constantemente, tem que lidar diretamente com o mau humor russo em relação a OTAN, com a ameaça de posicionar mísseis Iskander em Kali-nigrado, um enclave russo entre o país e a Lituânia. Isso sempre gera uma rela-tiva apreensão, não só em Varsóvia, como em toda a Europa. Ademais, o fato de os Estados Unidos não mais estarem determinados a instalar na Polônia o Escudo Antimíssil obrigou o país a iniciar seu próprio progra-ma que veio a ser conhecido como “Tarcza Polski” (Escudo da Polônia), que é liderado pelas empresas PCO, MESKO, ZM Tarnów e Elektronica, todas integrantes do Polish

Com a defesa no foco

TECNOLOGIA & DEFESA 51

é que o orçamento anual de defesa é equivalente a 1.95% do PIB e, des-tes, 20% é dedicado inteiramente à vitalização das capacidades de defe-sa aérea, o que demonstra o quanto o assunto é estratégico.

Ainda hoje, a defesa antiaérea de médio alcance polonesa (> 20 km), é baseada em mísseis soviéticos que, depois de extensa atualização mantive-ram a capacidade operacional, mas já não estão totalmente aptos a se contra-por às modernas ameaças, tais como as provenientes das novas gerações de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), ou de aviões de combate. Entendendo que nenhum sistema de defesa antiaéreo é 100% eficaz, deci-diu-se que o Escudo da Polônia deveria operar em três camadas de detecção e engajamento, que consistem em “mui-to curto alcance” (VSHORAD), “curto” (SHORAD) e “médio alcance” (MRAD).

DEFESA AÉREA - UM PROGRAMA ESTRATÉGICO

Soldado polonês apresenta o míssil Grom (Trovão), durante a MSPO 2013

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80 TECNOLOGIA & DEFESA

Especial

Fazendo muito com pouco

A Marinha na Amazônia Ocidental

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TECNOLOGIA & DEFESA 81

| REPORTAGEM DE CAPA |

Flot

Am

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34 TECNOLOGIA & DEFESA

Paulo Maia

Análise

om a chegada, em 1808, do príncipe Dom João Maria de Bragança, regente de Portugal,

que transferiu a Corte Real para a então Colônia, devido às Guerras Napoleôni-cas, o Brasil recebeu elementos de um poder naval consolidado. Foi instalada no Rio de Janeiro a Secretaria de Estado da Marinha e, sob sua subordinação, a Academia de Guardas-Marinha, o Quar-tel-General da Armada, a Intendência e a Contadoria, o Hospital de Marinha e o Arquivo Militar, além de navios de guerra e demais meios necessários ao funcionamento da instituição. A Independência, proclamada no dia 07 de setembro de 1822, fez do mar uma área de importância vital no panorama bélico que se seguiu durante a luta pela emancipação da jovem nação. Nasceu naquele grave momento a Esquadra Brasileira, com os meios navais rema-nescentes da frota portuguesa que se encontravam na Baía de Guanabara.

O primeiro ministro da Marinha no Império, o brasileiro Luís da Cunha Moreira, realizou um esforço notável para reconstruir com rapidez o que encontrou disponível, devido à urgência de dispor de uma força naval com capa-cidade militar crível, capaz de expulsar os portugueses que tinham o domínio da província Cisplatina e do Norte do País. Os trabalhos, que contaram com o apoio de outras importantes figuras políticas, deram resultados e, em 10 de novembro de 1822 foi içado, pela primeira vez, na nau Martim de Freitas

Do papel para a

A Esquadra Brasileira continua a precisar de ações concretas para o seu reequipamento

e adequado dimensionamento

realidade

(rebatizada Pedro Primeiro), navio capitania da Esquadra em formação, o Pavilhão Nacional. Quatro dias de-pois, partiu da Baía de Guanabara em direção à Cisplatina a primeira força naval brasileira em operações de guerra ostentando em seus mastros a bandeira imperial.

Durante três anos (1822-1824) os navios da Esquadra mantiveram o bloqueio às tropas leais à Metrópole, as linhas de comunicações marítimas livres para o transporte de tropas e suprimentos e a prontidão para a in-terceptação das forças navais lusitanas que rumavam para o litoral brasileiro, contribuindo de maneira imprescindí-vel para a conquista e manutenção da soberania recém conquistada. Após Guerra da Independência, a Esquadra foi chamada para enfrentar novos desafios e lutas, como a Campanha Cisplatina (1825-1828), Guerra dos Farrapos (1835-1845), Guerra do Prata (1851-1852), Guerra do Uru-guai (1864-1865), Guerra do Paraguai (1864-1870), Revolução Federalista (1893-1895), Primeira Guerra Mundial (1917-1918), Segunda Guerra Mun-dial (1941-1945) e o incidente que ficou conhecido como a “Guerra da Lagosta” (1962-1963). Atualmente, emprega a experiência adquirida no passado participando de missões da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti e no Líbano e protegendo as imensas riquezas existentes nas águas jurisdicionais brasileiras.

O Comando-em-Chefe da Esquadra (ComenCh) foi criado em 1º de outubro de 1924, através do Decreto nº 16.623, que definiu a Esquadra brasileira como: “força de combate organizada, junta-mente com as esquadrilhas de aviões e os navios auxiliares necessários às suas operações’’.

Tem como responsabilidade imedia-ta a proteção de uma área marítima de aproximadamente 3,6 milhões de km², que devem ser somados a uma área adicional de 970 mil km² corres-pondentes aos limites da Plataforma Continental, que está sendo pleiteada pelo Brasil junto às Nações Unidas. Nessa imensa área, a chamada Ama-zônia Azul, que corresponde a quase a metade do território terrestre nacional é realizado 95% do comércio com o exte-rior que se estende através das Linhas de Comunicação Marítimas por todos os oceanos do planeta, movimentando as atividades de exportação e importação. O maior volume de petróleo e gás, com destaque para as regiões do pré-sal, que o Brasil produz, vem do subsolo marinho. A essa expressiva riqueza devem ser somados a atividade pesqueira e outros recursos naturais inexplorados, como os nódulos polimetálicos: óxidos de ferro e manganês com significativas concentra-ções de diversos elementos metálicos de relevante importância econômica como o cobalto, o cobre e o níquel.

O QUADRO EXISTENTE

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| A ESQUADRA PARA O FUTURO |

TECNOLOGIA & DEFESA 35

Luiz

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Luiz

Padi

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Fragata Bosisio, da Classe Greenhalg

Fragata Independência, da Classe Niterói

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Fotos do autor

112 TECNOLOGIA & DEFESA

Registro

A saga brasileira

dos Deltas franceses

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| FORÇA AÉREA |

H á mais de 40 anos, o Alto Co-mando da Aeronáutica, atento à evolução do Poder Aeroes-

pacial com a incorporação das novas tecnologias em aeronaves de combate a jato, a implantação dos sistemas de detecção, controle de trafego aéreo e, principalmente, a defesa aérea, busca-va soluções para equipar a Força Aérea Brasileira (FAB) com um sistema atua-lizado e de pronta resposta, garantindo a manutenção da soberania do espaço aéreo do País em qualquer situação.

Após detalhados estudos realiza-dos pelo Estado-Maior da Aeronáutica,

foi criada uma comissão formada por ofi ciais aviadores e engenheiros para pesquisar, avaliar e indicar a adoção de um caça supersônico moderno que viesse a atender àquela necessidade. Dentre as diversas opções de então, foram selecionadas quatro aeronaves: os norte-americanos Northrop F-5A Freedom Fighter e o poderoso McDonell Douglas Phantom II, o francês Marcel Dassult-Bréguet Aviation Mirage IIIE, e o britânico English Electric Lightining.

O Phantom II era o favorito, mas foi descartado pois sua venda para países da América Latina não era autorizada

Quatro décadas de operação dos Dassault Mirage na defesa da soberania aérea do Brasil

Julio Maringolo

por Washington. Tal restrição não se aplicava ao F-5A, porém este deixou de interessar à FAB por suas defi ciências e baixo rendimento ope-racional. Seguindo a lista, o número dois era o Mirage III, que depois do Phantom era considerado o caça mais moderno disponível, cuja capa-cidade fora amplamente comprovada em combate no confl ito árabe-is-raelense de 1967 (Guerra dos Seis Dias), além de contar com uma certa fl exibilidade de Paris quanto ao fornecimento de equipamentos militares. Em terceiro lugar, vinha o

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TECNOLOGIA & DEFESA 113

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Destaques

Gripen NG, em desenvolvimen-to pela empresa sueca SAAB, é a nova aeronave de caça da

Força Aérea Brasileira (FAB). O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, em entrevista coletiva realiza-da em 18 de dezembro último, em Bra-sília. O programa F-X, iniciado em 2001, previa a aquisição de 36 aeronaves com transferência de tecnologia para o Bra-sil. De acordo com o ministro Amorim, a definição entre o Dassault Rafale, Boeing F-18 Super Hornet e o Gripen foi objeto de estudos e ponderações que levaram em conta três fatores. “Foram analisadas a performance, transferência de tecnologia e custos, não só de aqui-sição, mas também de manutenção. A escolha se baseou no equilíbrio desses três índices”, afirmou. O projeto, com a escolha da opção Gripen NG, terá um custo estimado de US$ 4,5 bilhões. Segundo o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Juniti Saito, está prevista a transferência integral de tecnologia. “Quando terminar a fase de desenvolvimento, nós teremos proprie-dade intelectual sobre este avião, isto é, acesso a tudo”, explicou. A assina-tura do contrato com a empresa sueca deverá demandar em torno de 12 a 18 meses. A partir de então, estima-se que em mais 48 meses a FAB já disponha dos primeiros aviões. “A Força Aérea está de parabéns. Em breve, teremos caças a altura das necessidades de defesa do País”, ressaltou o ministro da Defesa.

O Gripen NG é um modelo super-sônico monomotor projetado para emprego em missões ar-ar, ar-mar e ar-solo, sob quaisquer condições meteorológicas e desenvolvido para se adaptar à evolução das ameaças e exigências operacionais enfrentadas pelas modernas Forças Aéreas. A ver-são brasileira, a ser desenvolvida em parceria com empresas locais como a Akaer e a Embraer Defesa & Segurança, a partir do projeto original destinado à Força Aérea da Suécia, contará com modernos sistemas embarcados, radar de última geração e capacidade para empregar armamentos de fabricação nacional. Dotada de um sistema de reabastecimento em voo compatível com os novos aviões tanques recém selecionados (dois Boeing 767 segundo o programa KCX-2), o caça será capaz de defender o espaço aéreo nos pontos mais remotos do Brasil. Tais caracte-rísticas, aliadas ao desempenho da plataforma e seus avançados sistemas, possibilitarão um expressivo ganho na capacidade operacional da FAB. O novo jato integra um conjunto completo de sensores, com total flexibilidade de in-

tegração de armamento, podendo ser equipado com armas adquiridas de ou-tros fornecedores. A capacidade de so-brevivência é garantida pelo equilíbrio existente entre as baixas assinaturas no espectro visível, infravermelho e ra-dar, assim como por um avançadíssimo sistema modular de guerra eletrônica, comunicações e autoproteção. Como caça multiemprego de última geração, incorpora elevado alcance operacional, capacidade de carga útil e a capacidade de guerra centrada em rede (NCW), re-curso significativamente aprimorado no modelo brasileiro, pois será operado em combinação com o sistema E-99 Erieye, do 2º/6º GAv “Esquadrão Guardião” , cuja frota está sendo submetida a um programa de modernização. Dotado

de um avançado sistema de armas, o Gripen NG, versão aprimorada do já consagrado Gripen C/D, foi concebido para combater no ambiente NCW de forma muito eficiente.

Graças aos seus maiores tanques de combustível internos, o Gripen NG, na configuração de patrulha aérea de combate, alcança 700NM (milhas náu-ticas), ou seja, 1.300km, a partir da base de operações, com mais de 30 minutos “na estação”. Tem um alcance de traslado de 2.200NM (4.000 km). O tipo é considerado um dos mais ágeis em combate próximo, ao combinar um avançado layout aerodinâmico e uma configuração canard-delta com um sistema triplex de controle de voo fly-by-wire digital. Incorpora os sistemas de

18 TECNOLOGIA & DEFESA

Brasil

vai d

e

Gripen

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links de dados multifrequenciais mais desenvolvidos e seguros do mundo (conectividade com criptografi a), con-ferindo ao piloto uma completa noção da situação ao seu redor, em todos os modos de operação. Esta condição de consciência situacional se deve a uma cabine 100% digital, com grandes e co-loridos displays MFD (Multi-Functional Displays), controles HOTAS (Hands-On-Throttle-And-Stick) e capacete com visor acoplado HMD (Helmet Mounted Display). O seu sistema de apresenta-ção de missão resulta da fusão total dos dados dos sensores e possibilita uma capacidade de combate excepcional, garantindo o lançamento extrema-mente preciso de armas inteligentes. O motor General Electric F414G incorpora

avançada tecnologia, sendo um turbojato modular com pós-combustão, baixa ra-zão de diluição e efi ciência no consumo de combus-tível. Com uma taxa de empuxo superior a 22 mil lb (libras), o F414G gera 20% mais potência que o atual Volvo Aero RM12, viabilizando velocidade de super cruise equivalente a Mach 1.1 na confi guração com armas ar-ar.

O Gripen NG integra o único radar AESA de 2ª geração do mundo, o ES 05 Raven, o que garante a sua vanta-gem em termos de noção situacional. Desenvolvido pela Selex-Galileo e

Jan Cadil/ SAAB

TECNOLOGIA & DEFESA 19

Em 1996, T&D tornou-se a primeira revista brasileira a ir conhecer o Gripen, na Suécia

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| ENSAIO FOTOGRÁFICO |

Marinha do BrasilDois momentos

O Araguari chega à sua nova casa.T&D acompanhou a viagem do navio patrulha

na travessia Recife-Natal

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| FORÇA NAVAL |

Texto e Fotos: Silvio Maciel

TECNOLOGIA & DEFESA 123

O NPaOc Araguari chegou a Natal, sua nova base de operações, na manhã do dia 25 de outubro de 2013. O mais novo navio da Marinha do

Brasil, vindo do Rio de Janeiro (RJ),

foi recepcionado em Recife (PE), no

dia 24, pelos navio-veleiro Cisne

Branco e navios-patrulha Macau,

Graúna e Guaíba.

Durante a travessia do Grupo-

Tarefa formado pelos navios do

Grupamento de Patrulha Naval

do Nordeste, do 3º Distrito Naval,

para Natal, foram realizados exer-

cícios de manobras táticas e tiro

antiaéreo noturno.

No final da tarde do dia 24, acon-

teceu o primeiro pouso de uma

aeronave (UH-12 Esquilo, N-7085,

do Esquadrão Águia) a bordo de

um navio do Comando do 3º Dis-

trito Naval.

Na manhã do dia 25, o navio foi

visitado por diversas autoridades

locais, recebidas pelo comandante

do 3º Distrito Naval, o vice-almi-

rante Marcos Nunes de Miranda.

Após a passagem sob a Ponte

Newton Navarro, foi realizado

o tradicional “Salva à Terra” (21

tiros de canhão).

O NPaOc Araguari, da Classe Ama-

zonas (ver T&D nº 130) é o sétimo

navio do Comando do Grupamen-

to de Patrulha Naval do Nordeste,

subordinado ao Com3ºDN e contri-

buirá para a vigilância e patrulha

naval da “Amazônia Azul”, que

abrange uma área marítima de

4.500.000 m2.

Com agradecimentos pela colaboração ao

Comandante Cleber Ribeiro,

Assessor de Comunicação

Social do 3ºDN

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