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PROTEÇÃO DE PLANTAS: Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos 1

Tecnologia e Equipamentos de Aplicação de Defensivos Agrícolas.pdf

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PROTEÇÃO DE PLANTAS: Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos

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PROTEÇÃO DE PLANTAS: Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos

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Universidade Federal de Viçosa

Luiz Cláudio Costa - Reitor

Nilda de Fátima Ferreira Soares - Vice-Reitora

CEAD - Coodenadoria de Educação Aberta e a Distância

Frederico Vieira Passos - Diretor

MATUO, T.; PIO, L. C.; RAMOS, H. H.; FERREIRA, L. R. Proteção de Plantas - Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos. Viçosa, 2010.

Esta apostila é parte integrante do curso Proteção de Plantas, ministrado pela Universidade Federal de Viçosa.

Layout: José Timóteo Júnior

Edição de imagens e capa: José Timóteo Júnior

Editoração Eletrônica: Hamilton Henrique Teixeira Reis, José Timóteo Júnior, Lívia Alcântara, Marcelo dos Santos Teixeira, Rômulo Siqueira Santos.

Revisão Final: João Batista Mota

CEAD - Prédio CEE, Avenida PH Rolfs s/nCampus Universitário, 36570-000, Viçosa/MGTelefone: (31) 3899 2858 | Fax: (31) 3899 3352

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Sumário

Capítulo 1 - Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos

1. Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos ......................................... 05 1.1. Introdução .................................................................................................................. 052. Alvo Biológico e Eficiência ............................................................................................ 06 2.1. O alvo biológico ......................................................................................................... 06

2.2.Eficiêncianaaplicaçãodeagroquímicos.................................................................073. Formulação de agroquímicos ........................................................................................ 08

3.1. Pó-seco (P) ............................................................................................................... 08 3.2. Grânulos (Gr) ............................................................................................................ 08 3.3. Pó-molhável (PM) ..................................................................................................... 08 3.4. Pó solúvel (PS) ......................................................................................................... 09 3.5. Concentrado emulsionável (CE) ............................................................................... 09 3.6. Solução aquosa concentrada (SAqC) ...................................................................... 09 3.7. Suspensão concentrada (SC) .................................................................................. 10 3.8. Ultrabaixo volume (UBV) .......................................................................................... 10 3.9. Grânulos dispersíveis em água (GRDA) .................................................................. 11 3.10. Outras formulações ................................................................................................ 11

4. Métodos de aplicação de agroquímicos ....................................................................... 11 4.1 Aplicação via sólida ................................................................................................... 11 4.1.1. Aplicação de grânulos ................................................................................. 11 4.2. Aplicação via líquida ................................................................................................. 12 4.2.1. Diluentes para aplicação via líquida ........................................................... 13 4.2.2. Volume de aplicação ................................................................................... 15 4.2.3. Cobertura .................................................................................................... 16 4.2.4. Gotas .......................................................................................................... 19 4.2.4.1. Parâmetros para o estudo das gotas ............................................ 19 4.2.4.2. Amostragem e observação de gotas ............................................ 20

5. Literatura consultada ...................................................................................................... 246. Glossário ........................................................................................................................... 26

Capítulo 2 - Equipamentos e técnicas de aplicação

1. Introdução ........................................................................................................................ 292. Equipamentos e técnicas para aplicação via sólida .................................................... 29

2.1. Aplicadores de Pós ................................................................................................... 29 2.2. Aplicadores de Granulados ...................................................................................... 29 2.2.1. Regulagem de granuladoras ...................................................................... 30

3. Equipamentos de aplicação via líquida ........................................................................ 31 3.1.Tipoeclassificaçãodospulverizadores...................................................................31 3.2. Componentes básicos dos pulverizadores hidráulicos ............................................. 31 3.3. Pontas de Pulverização ............................................................................................ 40 3.3.1.Classificaçãoetiposdepontasdepulverização........................................40 3.3.2. Pontas hidráulicas de pulverização ............................................................ 44 3.3.2.1. Estudo da vazão das pontas ......................................................... 45 3.3.2.2. Estudo da distribuição das gotas .................................................. 46 3.3.2.3. Tamanho de gotas ........................................................................ 49

3.3.2.4. Nomenclatura ................................................................................ 50 3.3.2.5. Material e durabilidade .................................................................. 51

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3.3.2.6. Alguns exemplos de pontas encontradas no mercado e suas características ............................................................................... 52

4. Regulagem e Calibração dos equipamentos ................................................................ 52 4.1. Reconhecendo o equipamento ................................................................................. 52 4.2. Regulando a aplicação ............................................................................................. 53 4.3. Preparando a calda .................................................................................................. 55 4.4. Exercício de Exemplo ............................................................................................... 56

5. Literatura Consultada ..................................................................................................... 62

Capítulo 3 - Pulverizadores assistidos a ar

1. Introdução ........................................................................................................................ 642. Conformação ................................................................................................................... 643. Calibração ........................................................................................................................ 67 3.1. Procedimentos pré-calibração .................................................................................. 67 3.2. Métodos de calibração ............................................................................................. 69 3.2.1. Método das tentativas ................................................................................. 69 3.2.2. Método Matemático .................................................................................... 704. Considerações finais ...................................................................................................... 715. Literatura Consultada ..................................................................................................... 73

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PROTEÇÃO DE PLANTAS Tecnologia de aplicação dos agroquímicos e equipamentos

Profº. Tomomassa Matuo (UNESP/FCAVJ - SP)Profº. Luis César Pio (Herbicat - SP)

Profº. Hamilton H. Ramos (IAC/Jundiaí - SP)Profº. Lino R. Ferreira (UFV)

1.1 Introdução

Tecnologiaconsistenaaplicaçãodosconhecimentoscientíficosaumdeterminado processo produtivo. Portanto, entende-se por tecnologia de aplicação de agroquímicos o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação do produto biologi-camente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômi-ca, com mínimo de contaminação de outras áreas.

A aplicação de agroquímicos, tal como se pratica hoje, não difere essen-cialmente daquela praticada há 100 anos e se caracteriza por um conside-rável desperdício de energia e de produto químico (HIMEL, 1974; RAINEY, 1974; GRAHAM-BRYCE, 1975; MATTHEWS, 1983). No entanto, o cres-cente aumento do custo de produtos químicos, da mão de obra e da ener-giaeapreocupaçãocadavezmaioremrelaçãoàpoluiçãoambientaltêmrealçado a necessidade de uma tecnologia mais acurada na colocação do produto químico no local correto, bem como, de procedimentos e equipamentos adequados à maior proteção ao trabalho.

Tratando-se da aplicação de todos os conhecimentos existentes, a ma-tériaémultidisciplinarporexcelência.

No presente curso procurar-se-á apresentar essa complexa matéria, de formasimplificadaeprática,tarefanemsemprepossíveldeserexecutadaa contento do mundo, sendo que esta população está a cada dia mais exi-gente, tendo, de fato, o direito de ter alimentação abundante e saudável.

Hoje, a sustentabilidade da produção agrícola e a adequação ambiental são rotineiras.

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A fixação pouco exata do alvo leva, invariavelmente, a perdas degrandes proporções, pois o produto é também aplicado sobre partes que nãotêmrelaçãodiretacomocontrole.Porexemplo,emmédia,30%doproduto aplicado visando às folhas atingem o solo por ocasião da aplicação (HIMEL, 1974).

2. Alvo Biológico e Eficiência

2.1. O alvo biológico

O agroquímico deve exercer a sua ação sobre um determinado organismo que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido é esse organismo, seja ele uma planta daninha, um inseto, um fungo, etc. Qualquer quantidade do produto químico (ou agente de outra natureza) que não atinja o alvo, não terá qualquer eficácia e representará uma forma de perda.

É, portanto, de fundamental importância que se fixe comexatidão oalvo quando se aplica um agroquímico. No caso de um herbicida de pós-emergência,oalvoseráaplantadaninhaquesepretendeeliminar.Nocasode inseticida, o alvo será o inseto (praga) que se deseja destruir. Entretanto, parafinspráticos,adefiniçãodoalvoémuitomaisabrangente.

Exemplificandooque foidito, imaginemaaplicaçãodeumacaricidapara o controle do ácaro branco do algodoeiro, que se encontra nas folhas jovens, isto é, nos “ponteiros” da planta. O alvo a ser atingido poderá ser eleito entre os seguintes:

a) o ácaro branco;b) as folhas do “ponteiro” da planta;c) a planta do algodoeiro;d) o algodoal.

Percebe-se que, com os atuais conhecimentos e instrumentos disponíveis,nãoépossívelatingirsomenteosácarose,portanto,afixaçãodo alvo deve ser mais “frouxa” e recairá sobre os outros itens. Fixando-se o alvo como sendo as folhas do ponteiro da planta,adefinição do alvo estarámaisexatadoquesefixaraescolhasobreoalgodoal comoumtodo.Noatualestágiodeconhecimentoéprocedimentocorrentesefixaro alvo como sendo o algodoal e as indicações da dosagem são dadas em forma de quilogramas do agroquímico por hectare da cultura.

O alvo (também conhecido com o alvo químico, ou seja, onde o produto deve ser depositado para obter o máximo efeito), é uma entidade eleita para ser atingida, direta ou indiretamente, pelo processo de aplicação. Diretamente, quando se coloca o produto em contato com o alvo no momento da aplicação e, indiretamente quando se atinge o alvo posteriormente, pelo processo de redistribuição. Essa redistribuição poderá se dar por meio da translocação sistêmica ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do produto.

Atenção

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2.2. Eficiência na aplicação de agroquímicos Suponha, como exemplo, que a dose letal de um determinado inseticida

para uma lagarta seja de 0,03 mg. Suponha que em um hectare exista uma população de 1 milhão dessas lagartas. Seriam necessários, então, somente 30 mg do inseticida por hectare para matar todas as lagartas, se fossepossívelcolocartodooinseticidasemperda,istoé,comaeficiênciade100%naaplicação.Emcondiçõespráticas,maisde3000vezesessaquantidade é colocada na cultura (BROWN, 1951).

Aeficiênciadaaplicaçãoéarelaçãoentreadoseteoricamenterequeridapara o controle e a dose efetivamente empregada, geralmente expressa em porcentagem.

onde:

E=Eficiênciadaaplicação(%); dt = dose teórica requerida; dr = dose real empregada

Quando o alvo é de grandes dimensões e quando a coleta do produto químico é favorável, essa eficiência pode ser relativamente alta. Porexemplo, GRAHAM-BRYCE (1977) determinou eficiência de 30% nocontrole de gramíneas com o herbicida Paraquat. COMBELLACK (1979) relata a eficiência de 30% no controle de plantas de folhas largas comoherbicida2,4D,aopassoque,comomesmoherbicidaaeficiêncianocontroledeplântulas(seedlings)caiupara0,5a2%.

Nocasodealvosdiminutosaeficiênciacaibastante.Nocontroledeafídeos, GRAHAM-BRYCE (1975) calculou uma eficiência de 0,02%enquanto que RAINEY (1974) é de opinião que, em controle de insetos em condiçõesdelavoura,aeficiênciamédiadaaplicaçãoestejaporvoltade0,000001%.

Diantedetãobaixaeficiência,HIMEL(1974)chegouadeclararqueaaplicaçãodeagroquímicosé,provavelmente,oprocessomaisineficientequeohomemjápraticouatéhoje.A ilustraçãodessabaixaeficiênciafoidramatizada por SPILLMAN (1982) com a seguinte comparação: imagine-se um soldado munido de uma metralhadora que dispara 4 tiros por segundo;seessesoldadoatirassecomamesmaeficiênciadocombateainsetos, deveria atirar ininterruptamente durante 29 dias (isto seria mais do queummêsinteirodefevereiro)paratercertezadequepelomenosumtiro acertaria o inimigo!

A melhoria nessa eficiência deverá ser alcançada através da evolução no processo de aplicação, nos seus variados aspectos.

O melhor adestramento do homem que opera o equipamento aplicador é, sem dúvida, um dos pontos importantes nessa evolução. No entanto, paralelamente, deve-se desenvolver uma série de outros aspectos, notadamente novos equipamentos capazes de cumprirem essa tarefa com maioreficiência.Nesteaspectoéimportantesalientarqueosinvestimentosefetuados até hoje na melhoria de equipamentos estão muito aquém das necessidades. Apesar de tudo, muitos avanços foram registrados: adoção de controladores eletrônicos; uso do sistema GPS (global positioning system); sistema de injeção direta - alguns exemplos recentes.

Entretanto, para que todos esses recentes avanços se tornem realidade no nosso meio, muito esforço deve ser despendido, em todas as áreas desta matéria multidisciplinar.

E = dt dr

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3. Formulação de agroquímicos

Não é possível discorrer sobre a tecnologia de aplicação sem fazer menção às formulações, pois a primeira é totalmente dependente da segunda.

Formular um agroquímico consiste em preparar os componentes ativos na concentração adequada, adicionando substâncias coadju-vantes, tendo em vista que o produto final deve ser dispersado em determinadas condições técnicas de aplicação, para poder cumprir eficazmente a sua finalidade biológica, mantendo essas condições durante o armazenamento e transporte (COSTA et al, 1974). O produto resultante do ato de formular denomina-se formulação ou preparado co-mercial.

3.1. Pó-seco (P) Formulação de pronto uso, para aplicação via sólida.Embora tenha sido importante no passado, seu uso decaiu a partir do

início da década de 70 e, atualmente, está completamente em desuso. 3.2. Grânulos (Gr) Formulação de pronto uso, para aplicação via sólida.Na sua elaboração, partículas sólidas são impregnadas pelo ingrediente

ativo. Essas partículas são relativamente grandes e podem ser de materiais os mais diversos: silicatos, argila granulada, gesso, resíduos vegetais triturados e homogenizados (sabugos, bagaço), plástico, etc. A granulometria é baseada em peneiras, a saber:

8/22 mesh (2 - 0,7 mm)22/44 mesh (0,7 - 0,35 mm)15/30 mesh (1,5 - 0,5 mm)30/60 mesh (0,5 - 0,2 mm)Existem, no entanto, grânulos gigantes, como as iscas formicidas,

e microgrânulos, como os microencapsulados.Ao contrário do pó-seco, todas as partículas do grânulo veiculam o

ingrediente ativo.A concentração de grânulo também não ultrapassa os 10%, sendo

comunsasformulaçõesa2,5%ea5%.Dentreasformulaçõesgranuladaspredominamosinseticidassistêmicos,

sendo mais raros os fungicidas e os herbicidas. 3.3. Pó-molhável (PM) É uma formulação sólida para ser diluída em água e posterior

aplicação via líquida. Na sua composição entra o veículo sólido (mineral de argila) que absorve o ingrediente ativo na sua superfície; sobre o veículo são adicionados os adjuvantes (agentes molhantes, dispersantes, antiespumantes, estabilizantes, etc.) que possibilitam o rápido molhamento e propiciam a formação de uma dispersão razoavelmente estável.

O pó molhável, quando diluído em água, forma uma mistura homogênea de sólido no meio aquoso (suspensão). A suspensão não é tão estável e necessita de agitação contínua para que a calda se mantenha homogênea.

Por outro lado, o atrito de partículas sólidas nas passagens estreitas do pulverizador (válvulas, bicos) provoca desgastes acentuados do

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equipamento, mormente quando o veículo da formulação apresenta alto grau de dureza.

Apesar das suas limitações, o pó molhável é uma formulação mais barata que outras equivalentes (concentrado emulsionável, suspensão concentrada, etc.). É uma formulação largamente utilizada para fungicidas (grande maioria), herbicidas e inseticidas.

Outra particularidade importante no uso do pó molhável é que a dosagemdesteédadaempesoporárea(Ex:kg/ha);comohádificuldadeem se dosar peso no campo, é frequente que a sua quantidade seja medida em volume (utilizando “canecas”), o que resulta em erros de aplicação. Outra característica desta formulação é que, durante a diluição, ocorre a necessidade de se preparar, em recipientes à parte, uma pré-mistura, colocando-se a dose do produto e um pouco de água, fazendo-se uma pastafluidaqueseráfinalmenteadicionadaaotanquedopulverizador.

Devidoaessesinconvenientes,atualmentesevêumanítidatendênciapara substituição desta formulação pela formulação de suspensão concentrada(inicialmentedenominadasdeflowable)ounasformulaçõesde grânulos dispersíveis em água.

3.4. Pó solúvel (PS) Formulação sólida destinada à diluição em água e posterior

aplicação via líquida.É pouco comum, pois o ingrediente ativo deve ser solúvel em água.

O resultado da diluição de um pó solúvel na água é uma solução verdadeira, o que é interessante na aplicação, pois, uma vez dissolvida, a calda resultante sempre se mantém homogênea, sem a necessidade de agitação constante. A solução é translúcida, podendo ser colorida ou não.

3.5. Concentrado emulsionável (CE) É uma formulação líquida destinada à diluição em água. Para a

sua elaboração, o ingrediente ativo é primeiramente dissolvido em um solvente apropriado, resultando uma solução concentrada. Como essa solução é imiscível em água, são adicionados adjuvantes (agentes emulsionantes, estabilizadores, corretivos, etc.) para possibilitar a mistura com a água. O resultado da diluição do concentrado emulsionável na água é uma mistura homogênea onde glóbulos líquidos da formulação ficam dispersos na fase aquosa (emulsão), constituindo uma calda de aspecto leitoso. A estabilidade da emulsão é muito melhor que a da suspensão e, portanto, a necessidade de agitação não é tão crítica.

É uma formulação bastante comum para inseticidas e encontradas também em alguns herbicidas. Sendo líquido é de fácil dosagem, pois se medem volumes ao invés de peso. Não tendo partículas sólidas, a calda não provoca desgaste nem obstrução das passagens estreitas do pulverizador. Entretanto, adjuvantes empregados na formulação a tornam mais cara que o pó molhável.

3.6. Solução aquosa concentrada (SAqC) É uma formulação líquida para ser diluída em água. Na sua

elaboração, o ingrediente ativo solúvel, geralmente na forma de sal, é dissolvido em água, até próximo do limite de saturação.

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3.7. Suspensão concentrada (SC)

É uma formulação líquida para ser diluída em água. Esta formulação, quejáfoiconhecidacomoflowable,surgiuparacontornarasdificuldadesapresentadas pelo pó molhável, que são: a dificuldade de se medir adose, a necessidade de se preparar uma pasta à parte antes da diluição final,desgasteeentupimentodebicospulverizadores,alémdoperigodeinalaçãodopóduranteapreparaçãodecalda.Defato,essasdificuldadesforam superadas e a suspensão concentrada pode ser diretamente despejada no tanque do pulverizador, com o agitador ligado.

Na sua elaboração, geralmente o ponto de partida é o próprio pó molhável, que é suspendido em pequena porção de água e nele se adicionam os adjuvantes para manter essa suspensão estável. No entanto, a suspensão nem sempre é estável no armazenamento, pois durante o repouso as partículas sólidas se sedimentam e após certo tempo formam uma camada de separação e não mais se ressuspendem. Porém, com o aperfeiçoamento da arte de formular, muitos produtos já superaram essa fase.

É formulação que se está popularizando entre herbicidas e fungicidas. 3.8. Ultrabaixo volume (UBV) É uma formulação líquida de pronto uso para aplicação em

pulverização a ultra baixo volume.Na sua elaboração o ingrediente ativo é dissolvido em um solvente que

deve possuir as seguintes propriedades (MAAS, 1971): a) volatilidade muito baixa; b) alta capacidade de dissolução do ingrediente ativo; c) baixa viscosidade; d)nãofitotóxico; e) compatível com o ingrediente ativo. Como, geralmente, o volume total empregado na aplicação em

ultrabaixo volume se situa abaixo de 5 L/ha, frequentemente entre 1 a 2 L/ha,aformulaçãodeveserconcentradaosuficienteparaqueesse volume contenha a necessária quantidade do ingrediente ativo. Sendo subdividido em gotas muito pequenas (abaixo de 100 mm) durante a aplicação, a questão de volatilidade é bastante crítica, pois se a substância for volátil desaparecerá no percurso entre a máquina e o alvo.

JOHNSTONE & JOHNSTONE (1977) preconizaram uma técnica para se medir a volatilidade das formulações, que consistem em embeber papel defiltrode11cmdediâmetro,com0,5mldaformulaçãoeacompanharaperdadepeso.AformulaçãoUBVnãodeveperdermaisde30%deseupeso nos primeiros 20 minutos, a 30°C.

A formulação UBV era bastante popular entre 1965 e 1975, época em que muitos inseticidas foram empregados em pulverização a ultrabaixo volume, tanto por equipamentos terrestres como por meio de aeronaves. Atualmente ainda sobrevivem alguns inseticidas e poucos fungicidas nesta formulação, principalmente para aplicação aérea.

Esta formulação, quando diluída em água, forma solução verdadeira. É uma formulação muito pouco comum. (O exemplo mais comum são os glyfosatos nessa formulação).

Atenção

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3.9. Grânulos dispersíveis em água (GRDA) São formulações granuladas para serem diluídas em água. Essa

formulação, em contato com a água, se dissolve prontamente formando solução estável. É formulação de desenvolvimento recente e está se popularizando bastante. Algumas podem ser embaladas em saquinhos solúveis e, assim, podem ser colocadas no tanque do pulverizador sem oferecerriscoaooperador.Poroutrolado,opacote(sobreembalagem)ficapraticamente livre de contaminação, facilitando o seu descarte. Entretanto, nemtodososingredientesativospodemserembaladosemfilmessolúveis,pois existem problemas de incompatibilidade entre os compostos.

3.10. Outras formulações Além das formulações citadas existem outras menos comuns,

geralmentedestinadasausosespecíficos,como:comprimido(CP),tablete(TB),pastilha(PA),pasta(PT),fibrasplásticas(FP),etc.

4. Métodos de aplicação de agroquímicos

Os métodos de aplicação atualmente em uso podem ser basicamente agrupados em aplicações via sólida, via líquida ou via gasosa, em função do estado físico do material a ser aplicado. Dentre esses, a aplicação via líquida, com o emprego de água como diluente, é, de longe, o métodopredominante.Entretanto,emalgumascondições,asdificuldadesna obtenção e no transporte de água podem conduzir à adoção de alternativas, tais como a aplicação via líquida sem o uso de água ou aplicação via sólida. A aplicação via gasosa é bastante restrita devido às dificuldadesassociadasaoprocesso.

4.1 Aplicação via sólida Uma das principais vantagens da aplicação via sólida é a não utilização

da água, o que dispensa diluição pelo usuário. Nessas aplicações as formulações estão prontas para o uso, isto é, já se encontram diluídas em concentração adequada para o campo. Entretanto, o transporte de grandes quantidades de materiais inertes sólidos, que integram a formulação, faz aumentar substancialmente o custo da unidade do ingrediente ativo.

Dependendo da granulometria do material, a aplicação de sólidos comporta duas modalidades: aplicação de pó e aplicação de grânulo, sendo que a primeira não é mais praticada entre nós.

4.1.1. Aplicação de grânulos A aplicação de formulações granuladas tem crescido paulatinamente

nos últimos anos. Produtos sistêmicos granulados são usados para aplicação no solo para controle de pragas que se alimentam da seiva (insetos e ácaros), larvas de brocas e de lepidópteros, nematóides, etc. Inseticidas de contato são granulados e aplicados no controle de pragas do solo. Herbicidas e fungicidas também são experimentados nessa formulação.

Uma das características mais interessantes dos granulados é que,

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dependendo da matriz empregada como veículo, pode-se controlar a velocidade de liberação do ingrediente ativo, de tal forma a prolongar a sua ação residual.

Aspartículassãosuficientementepesadaspararesistiremàaçãodovento durante a aplicação e, estando bem elaborada a formulação, não há formação de pó. Essas características tornam a aplicação um dos processos mais seguros entre as diversas alternativas. Produtos altamente tóxicos podem ser aplicados com relativa segurança.

Geralmente, a aplicação de granulados pode ser efetuada com equipamentos bastante simples e isso torna o processo mais facilmente aceito nas regiões pouco desenvolvidas.

Uma boa formulação de grânulos deve apresentar as seguintes características: fácil escoamento; não empastar; livre de pó; não se quebrar durante o transporte e armazenamento.

FARMERY (1976) cita como vantagem dos granulados, as seguintes:a) o risco do operador é reduzido porque o ingrediente ativo está

encerrado dentro da partícula sólida;b) produtos altamente voláteis podem ser liberados mais lentamente;c) partículas sólidas podem ser colocadas com maior exatidão no solo

ou na folhagem;d) a distribuição pode ser muito precisa porque o tamanho das partículas

pode ser padronizado facilmente;e) há menor risco de deriva;f) o rendimento da aplicação pode ser maior devido a volume reduzido

e a dispensa da operação de diluição;g) a calibração é mais fácil e exata;h) uma variedade grande de matérias-primas está disponível ao

formulador e este fato pode ser explorado no sentido de conferir maior eficáciaaoingredienteativo.

A dosagem de granulado é recomendada em função da área (kg/ha), do comprimento (g/m de sulco) ou por planta (g/planta). A dosagem em função da área oscila entre 10 e 40 kg/ha.

O desenvolvimento do processo de aplicação de granulados tem sido lento,porémprogressivo.Umadascausasdessalentidãoéainexistênciade máquinas aplicadoras, que por serem demasiado simples, não têmdespertado interesse de grandes fabricantes.

4.2. Aplicação via líquida Nesta modalidade, geralmente, uma formulação é diluída em um

líquido apropriado antes da aplicação. O diluente mais empregado é, sem dúvida, a água e as formulações empregadas são: pó molhável, suspensão concentrada, pó solúvel, concentrado emulsionável, grânulos dispersíveis em água e solução concentrada. Ao resultante da adição do diluente à formulação dá-se o nome de calda e esta se encontra na concentração adequada para a aplicação. Há caso em que a aplicação via líquida se faz sem a adição do diluente. Neste caso, a formulação que se emprega é o UBV (ultrabaixo volume).

Via de regra, a aplicação é feita na forma de gotas (pulverização), havendo, no entanto, casos em que se faz na forma de filete líquido(rega ou injeção) ou na forma de gotas muito diminutas formando neblina (nebulização).

A adesividade das partículas líquidas no alvo é muito superior a do pó, bem como a sua tenacidade, o que leva à recomendação de dosagens mais baixas. Como o método é bastante antigo, existem muitos tipos de equipamentos apropriados para as mais variadas situações, bem como as

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formulações existentes estão bem desenvolvidas para serem miscíveis à água.

4.2.1. Diluentes para aplicação via líquida Diluente é o material adicionado à formulação com o intuito de aumentar-

lhe o volume para possibilitar a sua distribuição. O diluente, segundo alguns autores, é também denominado “veículo”. Porém, para não confundir com o veículo, que é componente de muitas formulações, é preferível manter adenominação“diluente”ouentãoespecificar“veículodeaplicação”paraessas substâncias.

A água é o diluente mais comum nas aplicações via líquida por ser de fácil obtenção e de baixo custo (via de regra, o custo da água na fonte é muito baixo, porém deve-se considerar o seu custo no campo) e por contar com a ampla opção de formulações compatíveis.

Entretanto, a água apresenta duas limitações:a) Tensão Superficial: a água apresenta alta tensão superficial.

Isso faz com que a gota depositada numa superfície permaneça na forma esférica, fazendo com que tenha pouca superfície de contato. Para corrigir este problema, basta adicionar nela algum agente tensoativo (ou surfactante) que lhe diminua a tensão superficial. Com isso a gota se espalha facilmente na superfície, molhando maior área. Alguns adjuvantes integrantes da formulação como os agentes molhantes, emulsionantes, etc. são agentes tensoativos e, portanto, a simples presença dessas formulaçõesnacaldapodesersuficienteparadiminuira tensãosuperficialdaáguaatéosníveisdesejados.Outrasvezes,hánecessidadeda adição desses agentes tensoativos, que na prática são conhecidos como espalhantes adesivos.

b) Evaporação: a superfície do líquido é enormemente aumentada quando fragmentada em pequenas gotas e perde a porção volátil por essa superfície. A água é um líquido volátil e pode se evaporar no trajeto entre a máquina e o alvo.

Segundo AMSDEN (1962), o tempo de “vida” da gota de água pode ser calculado pela fórmula:

t = d² 80∆T

onde:t = tempo de “vida” da gota (seg.);d = diâmetro da gota (mm);DT= diferença de temperatura (°C) entre os termômetros de bulbo seco

e bulbo úmido de psicrômetro. No Quadro 1 pode ser visto o tempo de “vida” da gota de água em duas

condições diferentes de temperatura e umidade, e a distância que a gota percorre até a sua total extinção.

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Quadro 1 - Tempo de “vida” da gota de água e distância de queda

Temperatura (ºC) 20 30

∆ T (°C) 2,2 7,7Umid.Rel.(%) 80 50

∅ inicial Tempo até extinção

Distância da queda

Tempo até extinção

Distânciada queda

50 14 s 12,7 cm 4 s 3,2 cm100 57 s 6,7 m 16 s 1,8 m200 227 s 81,7m 65 s 21,0 m

Em condições tropicais, de alta temperatura, o fenômeno da evaporação das gotas de pulverização é bastante problemático, agravando-se sobremaneira em dias muito secos.

Atenção

Aplicações com gotas médias e pequenas, muitas vezes não chegam a atingir o alvo, desaparecendo antes.

JOHNSTONE & JOHNSTONE (1977), estudando as aplicações por meio de aeronaves, recomendaram as seguintes condições limites:

b.1) Aplicações com calda de formulação líquida em água, usando gotas de 200 a 500 mm de diâmetro e volume de 20 a 50 L/ha - Interromper a aplicação quando a diferença de temperatura entre termômetro de bulbo seco e de bulbo úmido exceder a 8°C ou quando a temperatura exceder 36°C.

b.2) Aplicação com calda de formulação líquida em água, usando gotas de 150 a 170 mm de diâmetro e volume de 10 a 15 L/ha - Interromper a aplicação quando DT for superior a 4,5°C ou temperatura exceder a 32°C.

O problema da evaporação impede que a água seja subdividida em gotas muito pequenas, principalmente nos climas tropicais. Por isso, quando se utiliza calda à base de água, o volume de aplicação por hectare deve ser relativamente grande. Quando for necessário o emprego de pequenos volumes de aplicação (por exemplo, abaixo de 50 L/ha) é necessário controlar a evaporação da água ou, então, passar a utilizar outro diluente que não seja volátil.

O controle da evaporação da água não está muito pesquisado e até hoje, em que pese algumas tentativas feitas, não há produtos comerciais "antievaporantes".

PesquisascomOED(orto-etilenodocosanol) têmmostradoqueesteproduto,emconcentraçãopróximade1%nacalda,retardaecontrolamuitobem a evaporação da água (MURAI et al., 1974).

Tem sido também recomendada a mistura de óleo emulsionável na calda para impedir a evaporação. Os resultados de ensaios (JOHNSTONE & JOHNSTONE, 1977; CORREA & MAZIERO, 1980; WODAGENEH & MATTHEWS, 1981) mostram que óleo não atua como antievaporante da água. O que se observa é que a parte aquosa da gota acaba evaporando com a mesma velocidade da água e no final resta somente a porçãocorrespondente ao óleo.

O fenômeno de evaporação da água parece ser um problema não sentido pelos agricultores. Isso porque, na maioria das aplicações tradicionais, empregam-se gotas grandes e o bico está suficientemente próximo do

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Quadro 2 - Categoria de aplicação via líquida segundo MATTHEWS (1979)

Designação Volume (L/ha)

Culturas de campo Culturas arbóreas

Volume Alto > 600 > 1000

alvo, de tal forma que esse fenômeno, ainda que manifeste, não chega a afetar o desempenho biológico do produto químico. Entretanto, quando se utilizam gotas pequenas que devem caminhar uma razoável distância atéasuadeposiçãofinal(aplicaçãoporaviõesoupor"canhão"terrestre)ofenômenodaevaporaçãotorna-seperceptível, influindonegativamenteno resultado da aplicação. Mesmo nas aplicações clássicas, existe um apreciável contingente de gotas pequenas entre as gotas grandes. As gotas que perdem peso ou se extinguem no percurso para o alvo, deixam o ingrediente ativo solto no ar (partícula flutuante), que é captado pelacorrente aérea e arrastado para regiões distantes onde, posteriormente, vem se depositar, principalmente fazendo parte do núcleo de condensação das nuvens. Esses mecanismos de transporte a longa distância são os principais responsáveis pela poluição de regiões não agrícolas remotas, como as calotas polares.

Para esses casos, é usual lançar-se mão de líquidos não voláteis. A formulação UBV não volátil pronta para uso é recomendada para essas situações. Não havendo formulação UBV de um ingrediente ativo e necessitando-se de seu emprego em volumes reduzidos, a solução é lançar mão de diluentes não voláteis.

O diluente para esses casos é o óleo mineral agrícola (spray oil). Paraqueoóleosejaclassificadocomo“agrícola”deveatenderacertasespecificações,sendoumdessesrequisitosaausênciadefitotoxicidade.Nem sempre, porém, as formulações podem ser diretamente diluídas em óleo, pois elas foram desenvolvidas visando ser acrescentadas à água. Portanto, a miscibilidade da formulação ao óleo deve ser testada. Não sendo possível, pode-se lançar mão de um artifício que consiste em se diluir a formulação em um pequeno volume de água, adicionar emulsionantes e acrescentar o óleo, formando uma mistura que contém pouca água e muito óleo, conhecida como “emulsão invertida”.

Nas condições noturnas, a umidade relativa é elevada e a evaporação é drasticamente diminuída e permite o emprego de gotas de menor diâmetro. A Fundação ABC (1996) tem estudado em profundidade as aplicações noturnas para o controle da evaporação e tem logrado resultados importantes na redução do volume de aplicação através do emprego de gotas pequenas.

4.2.2. Volume de aplicação Naaplicaçãovia líquidaéusualclassificaroprocessoem funçãodo

volume de calda aplicado por hectare.NoQuadro2,éapresentadaaclassificaçãopropostaporMATTHEWS

(1979).

Quando se empregam aplicações de pequenas gotas, a água não é o diluente mais apropriado. Atenção

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16

Atualmente existe um consenso entre os principais pesquisadores europeus que a denominação "volume alto" seja dada à aplicação feita até além da capacidade máxima de retenção das folhas, de tal modo que haja escorrimento. Neste tipo de aplicação, o depósito de produto químico sobre a superfície tratada é proporcional à concentração da calda utilizada e independente do volume de calda aplicada (MATTHEWS, 1979. Portanto, a indicação da dosagem para a modalidade de alto volume (ou mais corretamente, volume alto) é dada via concentração (por exemplo, 200 g/100 litros de água; 0,2%) e se recomenda volume de aplicações suficiente para provocar escorrimento.

Esse volume é muito variável dependendo do grau de enfolhamento da lavoura. Por exemplo, para saturar todas as folhas e provocar escorrimento em cultura de amendoim com 20 dias de idade bastam 100 L/ha, ao passo que, aos 60 dias de idade, essas plantas requerem mais de 700 litros na mesma área.

Em contraposição ao volume alto, o volume ultra baixo (ou ultra baixo volume) é hoje definido como o volume mínimo por unidade de área para se alcançar um controle econômico (MATTHEWS, 1979), independente de um limite rígido, pois esse volume mínimo também depende das características do alvo.

A tendência atual, devido ao alto custo do transporte de água aocampo e a perda do tempo representada pelas constantes paradas para reabastecimento do pulverizador, é a prática de modalidades que requerem menor volume de aplicação, visando com isso, diminuir o custo e aumentar a rapidez do tratamento.

A diminuição do volume de aplicação, por sua vez, implica no emprego de gotas menores, se quiser manter uma adequada cobertura do alvo.

4.2.3. Cobertura A cobertura é dada pela fórmula de COURSHEE (1967)

V R K2

C = 15 -------------- A Donde: C=cobertura(%daárea) V = Volume de aplicação (L/ha) R = taxa de recuperação (% do volume aplicado, captado peloalvo) K = fator de espalhamento de gotas A = superfície vegetal existente no hectare D = diâmetro de gotas

Segundo a fórmula, para se conseguir uma elevada cobertura, devem-se manter altos os valores do numerador ou manter baixos os do denominador. Portanto, uma elevada cobertura pode ser conseguida à custa de grande volume de pulverização (V). Em aplicações a alto

Volume Médio 200 – 600 500 – 1000Volume Baixo 50 – 200 200 – 500Volume muito baixo 5 – 50 50 – 200Volume ultra baixo <5 <50Volume ultra baixo <5 <50

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volume consegue-se bom grau de cobertura, mesmo se empregando gotas grandes. O aumento da taxa de recuperação (R), em condições normais se consegueutilizandotamanhodegotasmaiseficientementecoletadaspeloalvo. Foi dado um avanço considerável no aumento no valor de R quando se conseguiu carregar as gotas eletrostaticamente. Gotas eletricamente carregadas induzem na superfície do alvo cargas elétricas de sinal contrário e no momento seguinte são atraídas eletrostaticamente, aumentando consideravelmente a taxa de recuperação.

O fator de espalhamento (K) atua sensivelmente na cobertura (função quadrática). O seu aumento se consegue com a adição de agentes tensoativos que diminuem a força de tensão superficial e fazem com que a gota se espalhe.

Quanto aos fatores do denominador, há a considerar que, aumentando a área foliar existente no hectare e mantendo as demais condições, a cobertura fatalmente será prejudicada. Por isso, à medida que a planta cresce e aumenta o índice de enfolhamento devem ser efetuados os necessários ajustes nos outros fatores. Normalmente, esse ajuste se faz através do aumento do volume de aplicação (V). A diminuição do tamanho de gotas proporciona aumento no grau de cobertura do alvo.

OQuadro3mostraque,comovolumedeaplicaçãomantidofixoem1 L/ha, a cobertura decresce à medida que se aumenta o tamanho das gotas.

O Quadro 4 mostra que, para se manter uma densidade de 50 gotas/cm2, à medida que se aumenta o tamanho de gotas, é requerido maior volume de líquido por área. Inversamente, pode-se conseguir a mesma cobertura com gotas menores, empregando volumes reduzidos, porém a concentração dessas gotas deve ser proporcionalmente aumentada.

Quadro 3 - Densidade de gotas teóricas na aplicação de um litro por hectare.

Diâmetro de gotas (µm) Número de gotas/cm²

10 19.09920 2.38750 153

100 19200 2,4400 0,3

1000 0,02

Portanto, para se conseguir uma boa cobertura da superfície a ser tratada, pode-se lançar mão de pulverização a alto volume (até escorrimento) usando-se grandes volumes de aplicação (caldas diluídas e gotas grandes) ou então, o mesmo pode ser conseguido com volumes menores, usando-se gotas menores e mais concentradas.

A rigor, gotas menores são mais eficientemente captadas pelo alvoe, por isso mesmo, proporcionam melhores resultados. No Quadro 5 estão relacionados os tamanhos de gotas mais indicados para diferentes finalidades. Entretanto, a utilização de gotas menores implica certaslimitações, entre as quais a evaporação e a deriva são as principais.

A massa das gotas caminhando no ar tem grande influência na sua trajetória, pois o ar oferece resistência ao seu caminhamento. A “caminhada” das gotas no ar é regido pela lei de Stokes, que determina a velocidade máxima que elas podem alcançar.

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Quadro 4 - Volume de líquido necessário para cobrir 1 ha com 50 gotas/cm2 e concentração necessária para distribuir 500 g de ingrediente ativo por hectare.

Diâmetro (mm)Volume de Aplicação

(L/ha)Concentração

necessária60 0,56 8980 1,34 37

Quadro 5 - Tamanho das gotas indicado para diferentes alvos

Alvo Tamanho da gota (mm)Insetos em vôo 10 – 50

Insetos sobre folha 30 – 50Folhagem 40 – 100

Solo (e para evitar deriva) 250 – 500Fonte: BROOKS 1947 (*) - queda de 3m em ar parado (**) - vento de 5 km/h paralelo ao solo

Gotas pequenas não podem caminhar com velocidade maior devido à re-sistênciadoarepermanecemmuitotemponoar,dandooportunidadeparaaocorrênciadederiva.OQuadro6mostraasvelocidadesmáximas(deno-minada de velocidade terminal) que gotas de diferentes tamanhos podem alcançar em queda no ar. É importante frisar que, na aplicação prática, a velocidade da gota é resultante da velocidade inicial de lançamento deter-minada pelo bico (que dita a velocidade da gota nos primeiros centímetros) e pela velocidade determinada pela lei de Stokes. Estando o alvo dentro da distância de 1 metro (para gotas de tamanho médio para maior), o que predomina é a velocidade conferida pelo bico.

Com velocidade terminal muito reduzida, as gotas de pequeno diâmetro podem ser arrastadas a distâncias consideráveis.

Quadro 6 - Velocidade terminal, tempo de queda e distância percorrida pela gota

Diâmetro da gota (micrometro)

Velocidade terminal

(m/s)

Tempo de queda(*)

DistânciaHorizontal

Percorrida (**)1 0,000036 28,1 h 155,7 km

10 0,00303 16,9 min 1,4 km50 0,075 40,55 s 54 m

100 0,279 40,95 s 14,6 m200 0,721 4,25 s 5,7 m500 2,139 1,65 s 2,1 m

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As seguintes fórmulas são úteis para os cálculos que envolvem tamanho de gotas e cobertura: Volume da esfera:

V=πR³

Cobertura (número de gotas/centímetro quadrado):

η=310060

dpQ

onde, η=númerodegotas/centímetroquadrado; d = diâmetro da gota (dmv em mm); Q = Volume de aplicação (L/ha)

4.2.4. Gotas

Na esmagadora maioria das aplicações líquidas, a calda é fragmentada empartículasdenominadasgotas, que têmcomportamentodiferentedeacordo com o seu tamanho (massa). Torna-se importante, um conhecimento um pouco mais aprofundado sobre elas.

4.2.4.1. Parâmetros para o estudo das gotas

A nuvem de gotas pode estar composta de gotas grandes ou

pequenas, homogêneas ou não. Para se expressar numericamente o tamanho e a uniformidade das gotas são utilizados vários parâmetros.

Atualmente, os parâmetros mais utilizados para se representar o tamanho das gotas de um conjunto, são os seguintes:

a) vmd (volume median diameter) - É a mediana (não a média) do volume das gotas, que pode ser chamada de diâmetro mediano volumétrico (dmv).

É o diâmetro da gota que divide o volume pulverizado em duas metades iguais, isto é, metade do volume pulverizado é constituída de gotas maiores que o vmd e a outra metade é constituída de gotas menores que esse valor.

Frise-se que o valor vmd está situado mais próximo do limite superior das classes de diâmetro, pois o volume de poucas gotas grandes equivale ao de muitas gotas pequenas.

Atualmente, quando se fala em diâmetro de gotas, sem nenhuma referênciaespecial,estásesubentendendoovmd.

b) nmd (number median diameter) - É a mediana do número de gotas ou diâmetro mediano numérico (dmn).

É o diâmetro da gota que divide o número de gotas em duas porções iguais, isto é, metade das gotas de conjunto é maior que nmd e a outra metade, menor.

c) Coeficiente de dispersão - proposto por JOHNSTONE (1978), é dado pela razão:

nmdvmdr =

Expressa a uniformidade do conjunto de gotas ou o espectro de variação do tamanho das gotas.

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Suponha uma amostra de gotas absolutamente homogêneas, porexemplo, um conjunto de gotas, todas iguais, de 200 µm. O vmd, neste caso, seria 200 µm e o nmd também, pois sendo um conjunto de gotas iguais, qualquer gota divide o conjunto em duas metades iguais. Assim o valor r seria igual a 1,0.

O valor r, quanto mais se afastar de 1,0 indica maior heterogeneidade das gotas. Até o valor r < 1,4, o conjunto de gotas é considerado homogêneo. Diz-se neste caso que o espectro de gotas é estreito.

Quando r é menor ou igual a 1,4 a homogeneidade é tal, que atende a especificação para ser enquadrado como CDA (controlled droplet application). Essa uniformidade se consegue raramente em pulverizadores convencionais. Os bicos centrífugos, sob determinadas condições operacionais (isto é, nem sempre) conseguem produzir gotas, cuja homogeneidade atende a esse limite (Quadro 10). Nos pulverizadores eletrostáticosécomumseterocoeficientededispersãomuitopróximode1,0 (CHAIM, 1984).

d) Amplitute de dispersão (Span) - É outra forma de se expressar a uniformidade das gotas e mais empregado nos dias atuais. É dado pela fórmula:

Onde: - V10 é o diâmetro da gota abaixo do qual os volumes acumulados totalizam 10% do volume;- V90 é o diâmetro da gota abaixo do qual os volumes acumulados totalizam 90% do volume;- V50 é o valor do vmd.Assim, quanto menor o valor da amplitude (próximo de zero), mais uniforme é o tamanho das gotas da amostra e vice-versa.

4.2.4.2. Amostragem e observação de gotas

Não é objetivo deste capítulo ensinar a medir o tamanho de gotas, pois

não é possível transmitir essa habilidade por meio de exposição teórica. A técnica de medição de gotas é, no entanto, relativamente simples e com poucos dias de prática pode se adquirir relativa destreza no assunto. Neste capítulo pretende-se apresentar algumas técnicas que podem ser utilizadas no campo, ou no laboratório, para se ter uma idéia mais apropriada das gotas de pulverização.

Quandosefazobservaçõesdegotas,aprimeiraprovidênciaécoletaruma amostra das mesmas. Para tanto, se deve ter uma superfície suscetível de ser marcada pelas gotas, seja através de formação de manchas, crateras ou outro fenômeno visível.

A superfície padrão para a coleta de gotas é a lâmina de microscópio revestida por uma camada de óxido de magnésio. Entretanto, para observações qualitativas pode-se empregar outros meios mais acessíveis. Pode-se, por exemplo, empregar tiras de papel e adicionar à calda, uma tinta que provoque mancha bem visível no papel. Se desejar efetuar observações comparativas é interessante que o papel seja padronizado para que as condições sejam constantes entre as repetições. Um tipo de papel, cuja qualidade é controlada com rigor, é o papel fotográfico (porexemplo, papel Kromekote, da KODAK). O corante a ser diluído na calda pode ser uma anilina. Um corante muito fácil de encontrar no comércio, a baixo custo, é o corante destinado a colorir tintas para pintura de paredes (látex). A concentração desses corantes na calda deve ser relativamente alta para provocar manchas bem nítidas no papel.

A gota, ao atingir o papel, provocará uma mancha, que é maior que a

V90 - V10 V50

S =

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gota que lhe originou, devido ao espalhamento. Para se conhecer o fator de espalhamento haveria a necessidade de se ter um meio de conhecer o diâmetro real da gota, o que só é possível em laboratório equipado para tal. Portanto, não se conhecendo o fator de espalhamento, as manchas obtidas nopapelsóservemparafinsqualitativoseparaefeitoscomparativos,quesão de grande utilidade ao nível do campo.

Outra técnica bastante interessante é a utilização de um papel sensível à água que, em contato com gotas de água, desenvolve manchas azuis muito nítidas. É a técnica mais empregada atualmente, devido à sua praticidade. O papel sensível à água, também denominado de hidrosensível, pode ser encontrado nos distribuidores da Spraying Systems.

Outra técnica bastante interessante, e que tem bonito efeito demonstrativo, é a utilização de corantes fluorescentes. Um pigmentofluorescente(podemsertintascintilantesnormalmentevendidasemcasade material para artesanato) é diluído na calda e pulverizado sobre a planta. Partes da planta (folhas, ramos, etc.) podem ser destacadas e levadas a uma câmara escura provida de luz ultravioleta (luz negra). O pigmento brilhará intensamente e mostrará exatamente os locais onde as gotas se depositaram.

A determinação do tamanho das gotas pode ser efetuada ao microscópio, provido de sistema de micrometria. No entanto, este método é muito trabalhoso e hoje praticamente não é utilizado.

Atualmente existem sistemas computadorizados que efetuam rapidamente a medição das gotas, a sua classificação e os cálculos de seus parâmetros, com bastante rapidez.

Como exemplo, no Quadro 7 é apresentada uma planilha fornecida por um desses sistemas.

Quadro 7 - Planilha fornecida pelo analisador de partículas a raios laser Mastersizer-S, do laboratório de análise de gotas da UNESP, Jaboticabal, SPRange:300mmBeam:2,40mmSampler:NoneObs:6,8%Presentation:3$$DAnalysis:Polydisperse Residual:0,743%Modifications: KilledDataChannels:low3:High0Conc.=0.0286%volDensity=1.000g/cm³ S.S.A=0.2038m²/gDistribution: volume D(4,3) = 100.47µm D(3,2) = 29.44µm D(v,0.1) = 12.02µm D(v,0.5) = 69.38µm D(v,0.9)=237.27µmSpan=3.247E+00 Uniformity = 1.064E+00

Size(µm)

Volume Under%

Size(µm)

Volume Under%

Size(µm)

Volume Under%

Size(µm)

Volume Under%

0.533 0.00 3.46 0.46 22.46 25.22 145.8 71.980.574 0.00 3.73 0.62 24.20 27.25 157.2 74.930.618 0.00 4.02 0.81 26.08 29.24 169.4 77.910.666 0.00 4.33 1.04 28.11 31.18 182.5 80.840.718 0.00 4.66 1.30 30.29 33.05 196.7 83.680.774 0.00 5.03 1.60 32.65 34.83 212.0 86.360.834 0.00 5.42 1.93 35.18 36.54 228.5 88.840.899 0.00 5.84 2.31 37.92 38.17 246.2 91.090.969 0.00 6.29 2.74 40.86 39.72 265.4 93.09

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22

Na planilha pode ser lido que o dmv é 69,38 mm - lido no cabeçalho onde está: D(v,0.5)=69.38 -, que V10 é 12,02 mm - lido no cabeçalho onde está: D(v,0.1)=12.02 -, que V90 é 237,27 mm (lido da mesma forma anterior) e que a amplitude é 3,247 (lido onde está: Span =3.247E+00).

A determinação do tamanho das gotas é fundamental para se enquadrar a pulverização dentro das classes: muito fina, fina, média, grossa e muito grossa. Os bicos de pulverização devem ser enquadrados nessas classes e as recomendações de seus usos são estabelecidas segundo a classificação. Um bom catálogo de bicos traz sempre a classificação deles nas diferentes condições de uso. O Quadro 8 apresentaaclassificaçãoadotadaatérecentemente.

1.04 0.00 6.78 3.22 44.04 41.22 286.0 94.831.13 0.00 7.31 3.78 47.46 42.67 308.2 96.321.21 0.00 7.88 4.40 51.15 44.08 332.1 97.551.31 0.00 8.49 5.12 55.12 45.49 358.0 98.551.41 0.00 9.15 5.94 59.41 46.91 385.8 99.291.52 0.00 9.86 6.88 64.02 48.37 415.7 99.791.64 0.00 10.62 7.95 69.00 49.88 448.1 100.001.76 0.01 11.45 9.15 74.36 51.48 482.9 100.001.90 0.02 12.34 10.50 80.14 53.17 520.4 100.002.05 0.03 13.30 11.98 86.36 54.98 560.8 100.002.21 0.04 14.33 13.61 93.07 56.93 604.4 100.002.38 0.07 15.00 14.65 100.3 59.02 651.4 100.002.56 0.11 16.65 17.20 108.1 61.27 702.0 100.002.76 0.16 17.94 19.14 116.5 63.69 756.5 100.002.98 0.24 19.33 21.14 125.6 66.30 815.3 100.003.21 0.34 20.84 23.17 135.3 69.08 878.7 100.00

Entretanto, com o avanço dos métodos utilizados para a determinação do tamanho das gotas, foi verificado que cada umdos sistemas utiliza-dos (difração dos raios laser, análise de imagens, etc.) por se basearem em princípios e sensibilidades diferentes forneciam resultados numéricos conflitantes. Ospesquisadores ingleses acharampor bemadotar bicosdereferênciaparaservircomopadrãoparaessafinalidade.Portanto,nahoradeseclassificarumbico,eleémedidoemumdeterminadosistemaecomparado com os valores do bico padrão no mesmo sistema, no mesmo

Quadro 8 - Classificação da pulverização segundo tamanho das gotas.

Designação Vmd (mm)

Pulverização grossa >500Pulverização média 200-500Pulverizaçãofina 100-200

Pulverizaçãomuitofina 30-100Aerossol <30

(JOHNSTONE,1985).

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Por exemplo, o bico 8008, funcionado a 35 psi (pound per square inch ou libra-força por polegada ao quadrado), divide a classe muito grossa da grossa, isto é, se o bico testado for de partículas maiores que o bico padrão (8008a35psi)seráclassificadocomodepulverizaçãomuitogrossa.Seaspartículas do bico em teste forem menores que o padrão será enquadrado na classe inferior. Assim, o bico 11006 a 28 psi separa a classe "grossa" da "média" e assim por diante.

As recomendações para a pulverização são baseadas nessas classes.

Quadro 9 - Classificação da pulverização segundo bicos de referência

Designação Vmd (mm)Pulverização muito grossa

Pulverização grossa F80/2.92/2.5 (8008 a 35 psi)Pulverização média F110/1.96/2.0 (11006 a 28 psi)Pulverizaçãofina F110/1.20/3.0 (11003 a 42 psi)

Pulverizaçãomuitofina F110/0.48/4.5 (11001 a 63 psi)(FAO,1997)

laboratório.Porcomparaçãodosresultadospode-seclassificarobicotes-tado. Na reunião de especialistas da FAO, ocorrida em maio de 1997, foi decidido adotar os mesmos critérios britânicos.

NoQuadro9estãorelacionadososbicosdereferênciaqueclassificamos bicos.

É importante lembrar que gotas finas proporcionam boa cobertura, mas têm problemas de evaporação e deriva. Go-tas grossas são menos afetadas pelo vento, mas apresen-tam baixa cobertura, requerendo, portanto, volumes mais altos.

Atenção

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5. Literatura consultada

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6. Glossário

Baseado nos estudos da Comissão de Estudos sobre Equipamentos e Sis-temas de Aplicação de Agroquímicos, da ABNT.Documentos: TB344, de out./1988 ; TB-394, de ago./1991; NBR12936 e NBR 12937 de jun./1993. AlvoAquilo que foi escolhido para ser atingido pelo processo de aplicação (planta hospedeira ou suas partes, organismo nocivo, planta daninha, solo, etc.). Aplicação sob derivaPulverização na qual as gotas, deliberadamente submetidas à deriva, se destinam para o alvo. CaldaLíquido, na concentração para aplicação, resultante da diluição de uma formulação. CalibraçãoDeterminação da taxa de aplicação de um equipamento. CoberturaParte da área alvo coberta pelo produto aplicado, expressa em porcenta-gem. DerivaDesvio da trajetória das partículas liberadas pelo processo de aplicação. DiluenteGás, líquido ou sólido usado para reduzir a concentração do ingrediente ativo de uma formulação para a aplicação. DosagemQualquer relação ou razão que envolva dose, expressa em quantidade de material por unidade de peso, comprimento, área ou volume. DoseQuantidade, expressa em peso ou volume, de qualquer material. DepósitoQuantidade de agroquímico coletado pelo alvo. EndoderivaMovimento de partículas distribuídas dentro da área a ser intencionalmente atingida. ExoderivaMovimento de partículas distribuídas fora da área a ser intencionalmente atingida. EficáciaCapacidade de produzir um efeito desejado.

FumigaçãoAplicaçãodeumagroquímico,viagasosaouasergaseificadoparatrata-mento espacial.

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FumaçaPartículas entre 0,001 e 0,1 micrometro de diâmetro originário de um pro-cesso de queima. Faixa de aplicaçãoLargura da área tratada que é atingida pelas partículas aplicadas. Faixa total de aplicaçãoLargura da área tratada que é atingida pelas partículas aplicadas. Faixa de deposição efetivaFaixa onde, em qualquer ponto considerado, a quantidade depositada do material se enquadra dentro dos limites estabelecidos. Intervalo de reentradaPeríodo de tempo entre a aplicação do agroquímico e a reentrada na área tratada. NebulizaçãoAplicação de aerossol que preencha um volume de ar de forma a reduzir a visibilidade. Partícula flutuantePartícula em suspensão no ar que não se deposita por insuficiência deenergia. PerdaQuantidade do material aplicado que não é retido pelo alvo, geralmente expressa em porcentagem. Ponto de saturaçãoPonto de máxima retenção de líquido pela superfície vegetal. Pulverização saturantePulverização realizada além do ponto de saturação (ocorre escorrimento). RecuperaçãoQuantidade de material retida pelo alvo, geralmente expressa em porcen-tagem.

Taxa de aplicaçãoQuantidade de qualquer material aplicado por unidade de comprimento, superfície ou volume. TermonebulizaçãoNebulizaçãoporenergiacalorífica. Tratamento fitossanitárioOperação envolvendo uma ou mais aplicações de produtos ou processos químicos,físicos,mecânicosoubiológicosparadefesafitossanitária. VazãoQuantidadedematerialquefluiporunidadedetempo. Volume de aplicaçãoVolume de calda aplicado por unidade de área, peso ou volume.

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Veículo de aplicaçãoGás, líquido ou sólido, usado para propelir ou transportar o agroquímico na aplicação.

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2 Equipamentos e técnicas de aplicação

1. Introdução

Os equipamentos para a aplicação de agroquímicos são numerosos e podemserclassificadossegundoomaterialqueaplica.Assim,polvilhadoraaplica pó; a granuladora, os grânulos, o pulverizador, as gotas e o nebuli-zador, a neblina. Existindo uma variedade de equipamentos, é necessário adotaralgumsistemaparaclassificá-los,paradenominá-losdeformainte-ligível por aqueles que trabalham dentro do assunto.

A maneira usual de se denominar os equipamentos deste grupo tem sidopormeiodousodetrêspalavras:aprimeiraindicaafunçãodamáqui-na (o que aplica); a segunda indica a forma de deslocamento; a terceira, a maneira de acionamento. Assim, “pulverizador costal motorizado” é um equipamento que aplica líquido dividido em gotas, transportado no dorso do operador e com motor próprio. No presente trabalho será adotada essa forma de se nomear o equipamento.

2. Equipamentos e técnicas para aplicação via sólida

Nesta categoria podem-se distinguir dois tipos de aplicador: os de pó e os de grãos.

2.1. Aplicadores de Pós São denominados polvilhadoras e aplicam a formulação pó seco,

de pronto uso. A base do processo consiste em assoprar o pó sobre a área visada no tratamento. Portanto, o equipamento deve possuir, no míni-mo, um reservatório para se colocar o pó e um sistema de ventilação. Para poder controlar a vazão do pó, equipamentos de maior precisão possuem um sistema dosador que regula a quantidade de saída do pó. As polvilha-doras mais rudimentares nem possuem os órgãos (depósito, ventilador e dosador) independentes. Alguns exemplos de polvilhadores simples são a “lata de Neocid” e a polvilhadora manual aplicadora de formicida. As polvi-lhadoras costais manuais foram outrora muito utilizadas em cafezais para o controle da broca. As polvilhadoras de grande porte, tratorizadas, foram empregadas na lavoura de algodão. Hoje, esses equipamentos, pratica-mente, caíram em desuso, substituídos por outros processos mais seguros eeficazes.

2.2. Aplicadores de Granulados Ao contrário do que ocorre com o polvilhamento, a aplicação de granu-

lados vem paulatinamente crescendo. A máquina aplicadora de granula-dos é ainda mais simples que as polvilhadoras pois dispensa o ventilador.

Para aplicar granulados em cova, existem diferentes dispositivos sim-ples. No Brasil, desse grupo de equipamentos, o mais popular é a matraca, que originariamente era semeadora manual. A matraca adaptada para aplicação do material granulado é bastante usada para aplicar inse-

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ticidas sistêmicos em covas distribuídas em volta de fruteiras, cafe-eiras, etc. Existe matraca especialmente desenvolvida para aplicação de granulados que possui o depósito (mochila) que vai às costas do operador, aumentando a autonomia do trabalho e aliviando o peso das mãos do ope-rador. Este tipo está sendo empregado por uma empresa que trabalha com sistema de venda aplicada.

Para aplicação em sulco, as granuladoras podem ser de diferentes tipos: manuais, costais ou montadas em trator. Dentre os dispositivos manuais, pode ser destacado um simples recipiente de fundo afunilado, provido de alça. A vazão é fixa e depende da área do orifício que existe no fundo, que pode ser fechado através de uma tampa acionada por uma haste. Dos montados em trator, o equipamento possui um depósito com fundo afunilado em cujo extremo inferior existe o sistema dosador e um condutor de saída direcionável. Essas unidades podem aplicar o produto granulado no sulco de plantio ou ao lado das plantas já estabelecidas. Para o caso de controle de lagartas (Spodoptera frugiperda) que atacam as gra-míneas (milho, sorgo) a saída pode ser direcionada para o ponteiro (car-tucho) das plantas. O funil natural formado pelas folhas conduz o material para a parte onde se encontram as lagartas. Essas máquinas podem ser acopladas a outras ou ter funções polivalentes como aplicação conjunta de adubo nitrogenado e cultivo simultâneo (SIQUEIRA, 1983).

A aplicação de granulado também pode ser efetuada a lanço. Nes-te caso, há necessidade de um ventilador ou uma base rotativa (força centrífuga), para arremessar os grãos à distância. A aplicação a lanço em cobertura total do terreno não é tão comum. Quando a aplicação é feita a lanço destina-se a tratamento de uma faixa limitada, geralmente ao lado da fileiradeplantas(citros).Existeumaplicadorqueespalhagrãosalanço,conjugada a uma grade que faz a incorporação do material ao solo. Essa gradegeralmenteficanaposiçãolateralepodeincorporaroprodutoquími-co sob a “saia” das árvores.

Figura 1 - Diferentes tipos de aplicador de granulados utilizados em cafeicultura

2.2.1. Regulagem de granuladoras Para aplicação de formulações granuladas em covas, a regulagem é

bastante simples. Basta acionar o equipamento em cima de um coletor (recipiente qualquer), medir o peso do material e ir, tentativamente, abrindo ou fechando o dosador, até acertar a dose por cova.

Quando a aplicação é em sulco, basta acionar o equipamento em cima de uma lona de comprimento conhecido, recolher o material, pesar e, por tentativa, ajustar a abertura do dosador para aplicar a dosagem requerida. Em alguns equipamentos existem tabelas de orientação que facilitam essa operação.

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Entre os sistemas, a pulverização é responsável pela aplicação da maior parte dos agrotóxicos utilizados no mundo. Por isso, no presente trabalho serão suprimidas as apresentações de injetores e nebulizadores, de pouco uso no Brasil, e as atenções estarão concentradas nos pulveri-zadores hidráulicos.

3.1. Tipo e classificação dos pulverizadores Alémdaclassificaçãobásicadosequipamentosdeaplicaçãodeagrotó-

xicos,ondeseclassificaaformulaçãoaplicada,aformadetransportedosequipamentos e a forma de energia utilizada (Ex. Polvilhadeira costal mo-torizada)ospulverizadoresaindatêmumaoutra classificação quanto à forma de levar a gota até o alvo; sendo então dividido em dois outros grupos:

• Pulverizadores de jato lançado • Pulverizadores de jato arrastadoNo primeiro caso, as gotas depois de lançadas no ar pelos bicos,

deverão chegar ao alvo pela sua própria energia cinética e no segun-do caso, uma corrente de ar deverá arrastar a gota até o alvo. Essa ca-racterística determina uma grande diferença nas condições de regulagem e calibração dos equipamentos, como veremos mais adiante.

3.2. Componentes básicos dos pulverizadores hidráulicos Existe uma grande variedade de pulverizadores. Por questão de espa-

ço, são apresentados aqui apenas os tratorizados, que são os que apre-sentam o circuito hidráulico mais complexo. No entanto, se compararmos o pulverizadorcostalaequipamentosmaissofisticados,comoosautoprope-lidos ou aviões, não existe diferença nos princípios de funcionamento.

Ospulverizadorestêm,deummodogeral,algumaspartesemcomum,sendo que todos apresentam pelo menos um tanque, uma fonte de energia para acionamento do líquido (pode até ser a gravidade) e um elemento que forma gotas. No entanto, para se ter controle sobre todas as condições operacionais, muitas outras partes e acessórios são necessários, como podeservistonafigura2,paraocircuitohidráulicodeumpulverizadortra-torizado. Para maior facilidade e compreensão desses componentes, suas funções e importância, estaremos a seguir estudando cada um deles.

Os equipamentos para aplicação de líquidos podem ser divididos em injetores, pulverizadores e nebulizadores. Os injetores aplicam um filete de líquido (sem fragmentação em gotas); os pulverizadores aplicam gotas, e os nebulizado-res, a neblina (gotas menores que 50 mm).

Atenção

3. Equipamentos de aplicação via líquida

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Figura 2 - Circuito hidráulico de um pulverizador convencional. 1-tanque; 2-agitador; 3-re-gistro;4-filtro;5-bomba;6-câmaradecompressão;7-reguladordepressão;8-manômetro;9-registro de seções; 10-tubulação de retorno; 11-barra; 12-bicos

a) Depósito O depósito ou tanque é o componente responsável por armazenar a

calda (água ou outro diluente mais o produto) que será pulverizada.Sendo assim, é importante observar se não tem vazamentos e

possa garantir uma boa homogeneização da calda, permitindo que os sistemas de agitação (mecânico ou hidráulico) funcionem muito bem e que permitam o total esvaziamento do seu conteúdo no final do tanque.

Outro fator muito importante é ler os manuais dos equipamentos e não apenasconfiarnapercepçãoouinterpretaçõesdecódigosdopulverizador.Por normas construtivas, a capacidade total de um tanque para pulveri-zadores,quandocheioatéàboca,deveráterentre5e10%amaisqueacapacidadenominaldeuso.Testesnocampotêmmostradoqueesseerroémuitocomum,causandofalhasdeaplicaçãonaordemde5%a8%devariação nas aplicações.

Ao abastecer de água ou calda, tome o cuidado de observar o nível do pulverizador para não colocar mais calda que o nível designa como indica-do e possível.

Outro cuidado muito importante é o pleno esvaziamento, alguns mo-delos de tanque, em topografiamais inclinada, deixam no final de umaaplicaçãooutros3a5%dacapacidadedotanquecausandooutroerrodedosagem nas aplicações.

b) Agitadores de tanque Os sistemas de agitadores de tanque são muito importantes, principal-

mente para produtos que necessitam de uma boa agitação para per-manecerem homogêneos na calda (por exemplo, os pós molháveis) e podem ser de dois tipos básicos:

- Mecânicos, com uso de uma hélice acionada por um eixo da bomba (ou outro acionamento) dentro do tanque;

- Hidráulicos, usando parte do sistema de retorno da bomba para agita-ção da calda. Em tanques maiores, para não necessitar de bombas muito grandes, são colocados sistemas de agitadores que usam o princípio de Venturi que proporcionam um deslocamento da calda de 3 e 5 vezes maior queoretornonormaldabomba(figura3).

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Figura 3 - Agitador hidráulico com sistema de Venturi utilizado nos tanques de pulveriza-dores

c) Registros Essa peça, apesar de muito simples, é importante e, no campo, é muito

comum encontrá-la em mau estado de funcionamento, ocasionando gran-de desperdício de produtos na limpeza de filtros ou namanutenção deoutras partes do sistema quando o tanque está carregado.

d) Filtro Esse é um componente fundamental no pulverizador e é responsável

por quatro funções muito importantes:- Garantir maior uniformidade das aplicações, não permitindo que

o entupimento de pontas venha a causar a distribuição desuniforme da calda;

- Garantir maior capacidade operacional dos pulverizadores, dimi-nuindo o tempo parado dos pulverizadores enquanto se desentope as pon-tas, tratando assim uma maior área por dia;

- Garantir segurança ao trabalhador durante o serviço, não expondo o trabalhador à tarefa de desentupir as pontas e entrando em maior contato comoprodutoquímico,ficandootrabalhadorapenasnaoperaçãodetrato-rista ou condutor do equipamento;

- Garantir maior durabilidade das pontas, diminuindo as impurezas como areia e, assim, a abrasão nas pontas, além de garantir que o opera-dor não venha a desentupir essas peças com objetos não recomendados.

Onúmerodefiltrosemumpulverizadornãodeveserlimitadoapenasauma forma de construção da máquina, mas sim, de acordo com as neces-sidades das condições de trabalho, podendo cada pulverizador ter entre 3 a6filtros.Osmaiscomunsequaseobrigatóriossão:

- Na boca do tanque, para garantir a entrada de líquido mais limpo no reservatório;

- Antes da bomba, garantindo melhor desempenho e segurança para a bomba;

- Na linha de pulverização, garantindo menor e mais fácil manutenção de limpeza;

-Nosbicos,sendoasegurançafinaldonãoentupimentodaspontas.Aescolhadofiltrocorretodependededuasvariáveisimportantesque

são:- Formulação do produto, caso o produto a ser aplicado seja de gra-

nulometriamaisgrossa,tambémofiltrodeveráser;sendoassim,paraosprodutos pós molháveis e seus derivados (suspensão) são mais recomen-dadosousodefiltrosmalha50(ouaté30emalgunscasos).Jáparaasformulações que formam soluções como os pós-solúveis, solução aquosa, bemcomoasemulsões,comoosconcentradosemulsionáveis,osfiltrospodem ser malha 80 ou 100.

- Modelo e tamanho da ponta selecionada, especificamente, paracadamodeloetamanhodepontastemumfiltromaisadequado;aspontas

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demenor vazãoexigemfiltrosmais finos (malha100)eparaaspontasdemaiorvazão,osfiltrospodemsermaisgrossos (malha50).Assim,énecessário que o fabricante de pontas forneça em sua tabela qual a malha dofiltro idealparacadamodeloe tamanhodepontas(videumcatálogocomercial de pontas; observe essa informação).

Alimpezadofiltrodeveserfrequuente,sendoindicadonomínimoumalimpeza diária. Eles devem ser instalados em locais de fácil acesso e de-vem ser desmontados com o menor número de chaves possíveis ou até mesmomanualmente.Éimportantelembrarque,paraabrirofiltro,estan-do o tanque com calda em seu conteúdo, existe um registro antes dele. Portanto,existe,obrigatoriamente,umasequência:tanque-registro-filtro- bomba.

Maisrecentementealgunsequipamentosjásãoproduzidoscomfiltrosautolimpantesquenãoexigemlimpezasrotineiras,commaiorfrequência,duranteajornadadetrabalho,sendoque,comessesfiltros,ostanquesetodo o sistema poderão ser limpos no momento de manutenção programa-da (paradas por vento, chuva, ou mesmo manutenção periódica).

Figura 4 - Filtros para pulverizadores, A- pré-bomba, B- de linha, C- auto-limpantes

Obs.: O tamanho da malha - por exemplo, 50 - representa a quantidade de orifícios que se tem em uma polegada. Portanto, quanto maior o número, mais fino é o filtro.

e) Bomba

A função da bomba é pressionar a calda, colocando no sistema a energia que será usada para fazer a pulverização (energia potencial). Existem vários tipos de bomba, como bomba de pistão, de diafragma, de roletes, de engrenagens e centrífuga.

No Brasil, para pulverizadores tratorizados, a esmagadora maioria das bombas ainda é de pistão.

Atualmente já temos no Brasil as bombas de diafragma (pistão diafrag-ma) sendo importadas e instaladas em novos pulverizadores ou em re-posição nos pulverizadores existentes no mercado. Também as bombas centrífugas estão sendo usadas para pulverização com a introdução dos pulverizadores autopropelidos importados (SPX da Case, John Deere, Ro-gator da AgChem, Agco, entre outros) ou produzidos aqui no Brasil (Parru-da da Montana, Gafanhoto da ServSpray, entre outros).

As bombas de pistão e pistão diafragma, são bombas de bombeamento positivo,oquepermitesuccionaracaldadotanque;etêmumacurvadedesempenho praticamente constante, dependente da rotação e da capaci-dade do conjunto de pistões ou diafragmas e independente da pressão de

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trabalho. Já as bombas centrífugas precisam trabalhar em posição mais baixaqueadotanque,poisnãotêmcapacidadedesucçãoesuacurvadedesempenho para volume deslocado cai à medida que aumenta a pressão. Essa diferença provoca problemas de restrição de aumento do volume de calda quando se precisa de maior pressão. Porém, as bombas de pistão são menos adaptadas para volumes maiores, exigidos por pulverizadores que desempenham maior velocidade.

Figura 5 – Bombas de pistão Jacto, de diafragma Comet e centrífuga da Hypro

As bombas de pistão têm sua capacidade de deslocamento direta-mente ligada à sua rotação, sendo que essas bombas são projetadas para trabalhar entre 450 e 540 RPM. No Brasil a capacidade nominal das bombasémedidaa540RPM;assim,umabombadepistãoespecificadapara aplicar 40 L/min a 540 RPM desloca apenas 33,3 L/min se estiver a 450 RPM. Esse é um cálculo simples de regra de 3, como pode ser obser-vado a seguir:

RPM Capacidade L/min 450 x 40540 40 X = ——————— = 33,3 L/min.450 X 540 Assim, ao regular um pulverizador para uma aplicação, deve-se somar

a vazão individual de todas as pontas e observar se a bomba é capaz de deslocar o volume suficiente para atender a demanda das pontas.Tecnicamente não devemos usar mais que 60% do volume real deslocado, sendo que, no máximo, poderemos usar até 80%.

Esse cálculo também é feito por regra de 3, e usando o exemplo anterior temos:

% VolumedeslocadoL/min 33,3x60

100 33,3 X = ————— = 19,98 litros 60 X 100 Portanto, o somatório da vazão das pontas não deverá ultrapassar

19,98 litros, sendo que, no máximo, o valor aceitável poderá ser de 26,64 L/min(80%).

f) Câmara de compressão O regime de trabalho das bombas de pistão e diafragma geram

pontos de mais alta pressão (compressão do pistão) e de menor pressão (admissão da calda), ocasionando variações de pressão no sistema e, por isso, uma pulsação nas pontas. Com a função de eliminar as pulsações oriundas dessas bombas, é instalado no circuito, após a bomba, na linha de pressão, uma câmara que é um compartimento parcialmente cheio de ar. Como o ar é mais elástico e aceita melhor a compressão, no momento de aumento de pressão, o ar se retrai e absorve o aumento da pressão,

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Figura 6 – A- Regulador de pressão de mola e B - de estrangulamento

e quando a pressão reduz, o ar se expande, devolvendo ao sistema a pressão acumulada; mantendo assim a pressão mais uniforme no sistema. Essa câmara é muito importante nas bombas de 2 pistões.

Para bombas de ação contínua, como as bombas centrífugas, não é necessária essa câmara. Para bombas de vários pistões (por exemplo, 6) a câmara também é dispensável.

g) Regulador de pressão Eliminada uma possível pulsação, a calda entra no regulador de

pressão (Figura 6). O regulador, basicamente, é um divisor de volume. Por exemplo, suponha que a capacidade de bomba seja de 100 litros por minuto e que a vazão de cada bico seja de 1,5 litro por minuto, e que a barra de pulverização tenha 36 bicos. Ora, se a bomba envia 100 litros e a saída total é de 54 litros, existe um excesso de 46 litros. O regulador de pressão é a peça que faz com que esses 46 litros excedentes retornem ao tanque. Esta peça, então, deve apresentar uma entrada (que recebe a calda que vem da bomba) e duas saídas: uma que se comunica com os bicos e a outra que leva o excesso de volta ao tanque. Para poder variar essa proporção (do que vai para o bico e do que retorna ao tanque) basta girar um parafuso que comprime uma mola que comanda a passagem para o retorno. Quanto mais se comprime essa mola, mais difícil será o retorno e, portanto, mais líquido será enviado aos bicos. Como a saída dos bicos é pequena, a pressão nessa parte do circuito se elevará até a pressão que possa garantir que as pontas permitam a vazão desejada, por isso é chamado de regulador de pressão.

Nas bombas de pistão ou diafragma esse regulador deverá sempre ser de mola, garantindo que, ao fechar as saídas para os bicos, o volume deslocado para as pontas possa retornar pelo regulador, forçando a mola a abrir maior passagem de retorno, funcionando, assim, como uma válvula de segurança ou alívio.

Nas bombas centrífugas o regulador pode ser de estrangulamento, pois em caso de fechamento das seções da barra , a bomba deslocará menor volume de calda com o aumento da pressão.

Os pulverizadores de maior capacidade (autopropelidos) já são equipados com sistemas eletrônicos computadorizados onde o regulador de pressão tem um sistema que ajusta a pressão de acordo com o volume pré programado e a velocidade de operação com uma válvula de esfera funcionando como estrangulamento ou retorno (bypass). Também nos pulverizadores de maior porte, já existentes no mercado, pode-se instalar esses controladores de pulverização gerando grandes ganhos em uniformidade de pulverização, economia de produtos e aumento da capacidade operacional dos mesmos.

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h) Manômetro É uma peça muito importante, pois tem a função de medir a ener-

gia usada pelo sistema para pulverizar. O manômetro comum traz escala em lb/pol.2 e kg/cm2 (ambas não oficiais, porém consagradas pelo uso). Normalmente, o manômetro comum apresenta problemas de durabilidade, pois lhe falta robustez para suportar as árduas condições de trabalho no campo (vibração e líquido agressivo circulando no seu interior). Atualmente os manômetros com banho de glicerina, são um pouco mais resistentes. Para quem quiser poupar o manômetro, uma solução criativa éutilizá-loenquantoseregulaapressãoouquandoseestáverificandoamesma,eapósisso,retirá-lodocircuitousandoumkitmanômetro(figura7). É necessário manter travado o regulador de pressão para que a mesma não se altere até que nova regulagem seja realizada. Entretanto, por pre-caução, é bom conferir 2 ou 3 vezes ao dia.

No caso do uso do kit manômetro, poderemos colocar o conjunto exa-tamente no local da ponta de pulverização, avaliando a pressão correta de trabalho da ponta; enquanto os manômetros colocados no circuito, longe das pontas, podem indicar pressão maior que a real encontrada na ponta, pois existem perdas de pressão entre o ponto de coleta (comando) e as pontasdepulverizaçãopormangueiras,conectores,filtros,cotovelos,etc.

Figura 7 – Kit manômetro instalado na barra de pulverização

i) Registro ou válvulas direcionais Depois do regulador de pressão e manômetro, deve haver um registro,

que o operador comanda para abrir ou fechar a passagem do líquido para os bicos. O número de válvulas pode variar de acordo com o número de seções de barra do pulverizador.

Nos comandos mais simples, ao fechar uma das seções da bar-ra, a pressão do sistema aumenta provocando um aumento da vazão das pontas em funcionamento, podendo esse aumento variar de 5% até 15% dependendo do número de seções, tipos de comando, pres-são de trabalho, etc. Atualmente já existem comandos que para cada seção existe uma válvula reguladora de retorno dessa seção. Nesse caso, após regulado o pulverizador, devemos fechar cada uma das se-ções, individualmente, e regular o retorno de cada seção para não alterar a pressãototaldasseçõesquecontinuamabertas(figura8).Essessistemaspodem ser dotados de válvulas mecânicas ou válvulas elétricas.

Recentemente, no Brasil, com o aumento dos tratores com cabine, os comandos de seções elétricos tomaram um novo impulso e começam ser usadosemlargaescala,pois,nessescasos,dentrodacabineficaapenasum painel elétrico sem contaminação de produto e de fácil acionamento pelo operador.

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Figura 8 –ComandoMasterFlowdaJacto

Figura 9 - Comando elétrico 744 da Teejet

j) Barra As barras de pulverização contêm os bicos. O comprimento da barra

varia conforme o modelo do pulverizador. Quanto mais comprida a barra, mais larga será a faixa de tratamento e, portanto, maior a capacidade operacional do equipamento. Entretanto, quanto mais comprida a bar-ra, maior será a oscilação da mesma e a deposição poderá ser mais heterogênea. Há, portanto, um compromisso entre a qualidade e a rapidez dotrabalho,devendoocomprimentodabarraficardentrodecertoslimites.Entretanto, uma longa série de estudos conduzidos na Inglaterra (NATION, 1977, 1980, 1982) na década de 1970, culminaram na adoção, pelas in-dústrias, na década de 1980, de sistema de acoplamento de barra que veio reduzir substancialmente o problema da heterogeneidade da deposição provocada pela oscilação da barra. NATION demonstrou que tanto as os-cilações verticais como as horizontais são igualmente responsáveis pela heterogeneidade de deposição.

A solução proposta pelo pesquisador levou, basicamente, a tornar a barra independente da estrutura do pulverizador, nela se ligando através de um sistema de suspensão (com molas e amortecedores). Com isso, as oscilações do trator não mais se transmitem diretamente à barra, sendo absorvidas pelo sistema de suspensão. Essa solução possibilitou construir barras bastante longas, denominadas autoestáveis, sem grandes proble-mas de oscilações. As indústrias brasileiras aderiram entusiasticamente à idéia e hoje existem pulverizadores de barras muito longas e de grande capacidade operacional no mercado nacional. Porém, no campo é muito comum encontrarmos muitos pulverizadores com esses sistemas em mau estado de conservação ou mesmo com uso indevido.

k) Bicos de pulverização O bico de pulverização é todo o conjunto e suas estruturas de fi-

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xação na barra como: corpo, porca, ponta, etc.(figura10). Os bicos se acham posicionados na barra em distâncias uniformes, fixados por diferentes sistemas. Essa montagem está adequada para as situações mais comuns de cobertura do alvo, que é a cobertura total da superfície do solo ou da cultura. Entretanto, para cada situação particular, deve-se procurar o melhor posicionamento do bico para que maior quantidade do produto químico seja colocado no alvo, evitando-se os desperdícios. Se o alvo a ser tratado situa-se no topo das plantas em fileira, os bicos de-vem ser posicionados acima de cada fileira de plantas. Se o alvo está na posição abaixo do topo, os bicos devem ser posicionados de tal forma a cobrir melhor essa região e, talvez, a melhor solução fosse colocar dois bicosemcadaentrelinha,posicionadosemângulovoltadoparaafileira.Seo alvo está no baixeiro da planta, haverá necessidade de se usar pingentes para colocar o bico dentro da entrelinha e dirigir o jato (Figura 11).

Figura 10 – Partes dos bicos como: engate rápido, corpos múltiplos com antigotejo, corpo, filtrodebico,capa,abraçadeira

Figura 11 - Posição de bicos em relação à planta. a) bico pingente para o baixeiro da planta; b) bicos pingentes e convencionais para cobertura total da planta

Atualmente estão sendo muito utilizados os corpos de bicos com siste-ma antigotejante. Esse sistema, além de garantir a economia de produtos, evitando os desperdícios por gotejamento das pontas nas manobras das linhas de pulverização ou em pontos de paradas, evita a contaminação ambiental e aumenta a segurança para alguns produtos, como herbicidas, que, nesses pontos de acúmulo, podem causar danos à cultura. Também o sistema com engate rápido, hoje, já é uma realidade na maior parte dos pulverizadores novos, pois, além de facilitar a rápida desmontagem de uma ponta para limpeza, facilita a colocação e garantem a posição correta da ponta,comonocasodaspontaslequesqueficampré-direcionadaspelaprópria capa do engate.

Também os corpos múltiplos para pontas passam a ser adotados nos equipamentos maiores, garantindo uma troca rápida de ponta em caso de se necessitar a alteração do volume de aplicação desejado durante a jornada de trabalho.

É sempre bom frisar que os pulverizadores, quando saem da fábrica, vêm em conformação para atender às condições médias da sua utilização. Cada usuário deve ter iniciativa e imaginação para adequar a conformação da máquina para atender ao seu caso particular.

Atenção

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A ponta de pulverização é a peça mais importante na formação da qualidade da aplicação. Por isso, teremos um capítulo a parte sobre o assunto a seguir.

3.3. Pontas de Pulverização Todo sistema de pulverização hidráulico completa o processo nas PON-

TAS(bicos)depulverização.Elessãooórgãofinal quetempor funçãoformar as gotas e distribuí-las adequadamente. Por isso iremos tratar nes-se capítulo das pontas hidráulicas de pulverização. Porém, por se tratar de um curso de especialização, estaremos apresentando uma introdução mais técnica e ampla sobre o tema.

3.3.1. Classificação e tipos de pontas de pulverização As pontas de pulverização são classificadas basicamente pela for-

ma de energia utilizada para a produção de gotas, por isso podemos dividirosmodelosdeacordocomaseguinteclassificaçãodepontas,pro-posta por MATTHEWS (1979):

•EnergiaGasosa•EnergiaCentrífuga•EnergiaCinética•EnergiaTérmica•EnergiaElétrica•EnergiaHidráulica•OuCombinados a) Bicos de Energia Gasosa Quandoumfluidoélançadoemumacorrentedeoutrofluidocommaior

velocidade,ocorreafragmentaçãodofluidomaislento.Oprimeirofluidopode ser a calda do agroquímico e o segundo, o ar.

O exemplo mais conhecido de aplicação deste princípio encontra-se na bomba de Flit, largamente empregada na aplicação de inseticidas domissa-nitários, no passado. Os equipamentos agrícolas que empregam este tipo de bico possuem um ventilador (mais adequado para turbinas radiais) que geram uma forte corrente de ar dentro de um tubo, geralmente com veloci-dade superior a 100 km/h. Próximo à saída do tubo é lançado o líquido que, em contato com o ar em alta velocidade, é fragmentado em gotas e lançado sobre a área a ser tratada.

Um exemplo deste tipo de equipamento é conhecido como “atomizador” costal motorizado. Dentro do tubo de ar, a corrente em alta velocidade, cria por efeito Venturi, uma forte sucção, de tal modo que, mesmo que a posi-ção do bico esteja acima do depósito, a calda ainda é “puxada” ao bico. O tamanho das gotas formadas é diretamente proporcional à vazão do líquido e inversamente proporcional à velocidade do ar.

No Brasil, temos os pulverizadores da Montana, utilizados na cultura do mamão e os pulverizadores Martiniani em citros, que usam bomba centrí-fuga e esse sistema de formação de gotas para pulverização.

b) Bicos de Energia Centrífuga Molhando-se um disco que está girando, haverá formação de gotas na

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periferia do mesmo (Figura 12). Se o regime de molhamento do disco não for excessivo, as gotas que se formam apresentam um espectro bastante homogêneo.

FRASERetal.(1963)descreveramtrêsregimesdeformaçãodegotasemdiscosrotativos,ilustradosnafigura13.Molhando-seodiscocompou-co líquido, há formação de gotas diretamente nos bordos. Aumentando-se a quantidade do líquido, há formação de filetes líquidos nos bordos, decujas extremidades se formam as gotas. Molhando-se ainda mais o disco, isto é, encharcando-o, há formação de lâmina líquida e a desintegração da mesma,formando-seasgotas.Essestrêsregimessãoconhecidosrespec-tivamente por regime de formação direta de gotas, formação de ligamentos e formação de lâmina, sendo que, neste último, o processo de geração de gotas é o mesmo dos bicos hidráulicos. As gotas formadas nos regimes de formação direta ou através de ligamentos são uniformes. Entretanto, mes-mo nestes regimes, existem sempre as gotas satélites que são geradas juntamente com as gotas principais (DOMBROWSKI & LLOYD, 1974).

Figura 12 – Bico rotativo ULVA

Figura 13 - Processo de formação de gotas em bicos centrífugos: b1 - regime de formação direta de gotas (Herbi, 2000 rpm, 60 mL/min.); b2 - regime de formação de ligamentos (2500 rpm, 100 mL/min.); b3 - regime de formação de lâminas (1000 rpm, 800 mL/min.). Foto: MICRON SPRAYER LTD.

O diâmetro de gotas formadas pode ser previsto pela equação de WALTON & PREWET (1949):

d = K 1w

Dgr

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onde: d=diâmetrodagota(m) w=velocidadeangular(rad/s) D = diâmetro do disco =tensãosuperficialdolíquido(mN/m) p = densidade do líquido (g/cm3) K = constante (geralmente 3,76) Como, num dado momento, todos os parâmetros podem ser

mantidos constantes, o diâmetro das gotas formadas pode ser entendido como:

constante d = —————————————- rpm Em termos gerais, a constante é cerca de 500.000 (MATTHEWS, 1979),

porém para cada líquido e cada disco existe um número próprio.No regime de trabalho adequado, os discos rotativos produzem gotas

cuja uniformidade atende a uma das condições para ser enquadrado como CDA (controlled drop application), com coeficientes de dispersãomenorque 1,4. Entretanto, se a vazão for excessiva, essa uniformidade não será atingida.

Existem discos rotativos com bordos lisos ou com bordos denteados (BALS, 1970), estes últimos, patentes da companhia Micron. Nos discos ULVA existem 360 dentes e nos Micromax, 180 dentes.

Os bicos centrífugos podem ser discos, copos, gaiolas ou escovas rotativas. Alguns dos bicos mais conhecidos são: ULVA, HERBI, MICROMAX e MICRONAIR, dentre outros . As pontas do tipo gaiolas ainda são muito usadas na aviação agrícola, principalmente para aplicação de inseticidas e fungicidas.

Os bicos centrífugos podem também ser instalados dentro de uma corrente de ar, bem como podem ser constituídos por discos múltiplos. Exemplos desses bicos são o TURBINA J-80 e MULTIDISCO, da Jacto.

Distinguem-se duas formas de aplicação com bicos rotativos. A primeira é a utilização de alta rotação para produzir gotas pequenas que são lançadas sobre a área a ser tratada (conhecida como “drift spray”). A segunda é a utilização de gotas maiores, cerca de 250 micra, para aplicação sem deriva (conhecida como “placed spray”).

A utilização de discos ou copos de maior diâmetro, com baixa rotação, produzindo gotas de 250 micra, para aplicação de herbicidas, foi testada a partir de 1975 pela equipe de FRYER, na Inglaterra (LUSH, 1978) e se popularizou no início da década de 1980. A sua expansão foi tal que, para o leigo, quando se fala em CDA pensa tratar-se de aplicação de herbicida com o disco rotativo. Isso não é correto.

Os padrões de deposição dessas pontas são típicos e devem ser estudados de acordo com a vazão, altura de trabalho e outras condições de operação para se poder formar uma distribuição uniforme.

No Brasil, o uso para aplicação nas culturas de baixo fuste, não desenvolveu, devido à má distribuição causada por esse tipo de ponta, sendo mais usado em pulverizações aéreas ou em alguns equipamentos com sistema de jato lançado.

Atualmente está sendo produzida no Brasil a ponta Turbo-aero para uso na aviação para aplicação com baixos volumes de calda usando parte de óleo como veículo de aplicação. É o chamado aplicação BVO ou baixo volume oleoso. Essa aplicação, pelas características da calda, seria quase impossível com bicos hidráulicos normais. Assim, esse modelo de ponta tem permitido aplicações aéreas com volume de calda entre 5 a 10 litros

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com bons resultados.

c) Bicos de Energia Cinética Umfilamentodelíquidoseformaquandoesteatravessaumpequeno

furo. Por exemplo, colocando-se água num recipiente que tenha furo no fundo,aáguaescoarána formadefilamento.Seoscilaresserecipientecomumadeterminadafrequência,ofilamentoseromperáeformarágotasgrandes. Este mecanismo é empregado em bicos de energia cinética. O interesse neste processo é que não há formação de gotas satélites.

Um exemplo de bico de energia cinética é o bico Vibrajet. O líquido enviado pela bomba do pulverizador chega ao bico, que contém vários furos,eformam-seosfiletes.Nobicoestáacopladoumvibradorelétrico,acionado pela bateria do trator que provoca vibração (58 Hertz) na peça que contém os furos. Acontece assim, a formação de gotas bastante grandes (maiores que 500 micra), sem gotas satélites; e sem problema de deriva.

No Brasil, esta tecnologia ainda não foi introduzida. d) Bicos de Energia Térmica Neste tipo de bico, a expansão de líquido oleoso, provocada pelo

calor, forma as gotas, que resultam em partículas pequenas (menores que 30 micra).

O esquema geral dessa ponta é semelhante aos de energia gasosa, comadiferençadeque,aoinvésdacorrentedear,ofluidodearrastoéum gás quente, proveniente de escape de motor (convencional ou de um pequeno motor pulso-jato) ou de outros meios (queima de gás).

Os equipamentos que utilizam este tipo de bico são conhecidos como nebulizadores e se empregam para tratamento de ambientes fechados (armazéns) e em condições onde a nuvem de gotas possa ser contida por algum tempo (seringal). Os nebulizadores também são frequentemente empregados em saúde pública, no combate a pernilongos, visto que, essas pequenas gotas ficam flutuantes e são eficientemente coletadas pelas asas em movimento.

e) Bicos de Energia Elétrica A energia elétrica tem sido empregada para produzir gotas eletricamente

carregadas e controlar a sua trajetória e deposição no alvo. Para carregar as gotas eletricamente, existem duas alternativas: carregar gotas já formadas ou formar gotas através do processo eletrohidrodinâmico no qual as gotas já se formam com carga (COFFEE, 1979).

No processo eletrohidrodinâmico, o líquido de baixa condutividade elétrica escoa por uma estreita fresta. Neste ponto é aplicada uma corrente contínua de alta voltagem, cerca de 20.000 Volts. O líquido, pela ação da alta tensão e do intenso campo elétrico formado, emerge da fresta sob forma de ligamentos, que se rompem em pequenas gotas que são arremessadas em direção à terra (ou do objeto mais próximo). A carga da gota obedece ao limite de estabilidade de RAYLEIGH, estabelecido em 1879.

Asgotascarregadaseletricamentetêmavantagemdeserematraídaspara as plantas pelas forças elétricas de atração, produzindo uma melhor cobertura na parte inferior das folhas e menor risco de serem arrastadas pela deriva.

No Brasil, CHAIM (1984) desenvolveu um pulverizador eletrodinâmico, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, em Jaboticabal,SP e continua trabalhando em projetos semelhantes na Embrapa de Jaguariúna

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– SP.A empresa AGCO tem, no Brasil, os pulverizadores fabricados nos

EUAdaSpra-Coupe,quetambémtêmumsistemadeproduçãodegotascom cargas elétricas. Nesse sistema, as gotas são formadas pelos bicos hidráulicos convencionais, porém o líquido a ser pulverizado é carregado eletricamente antes de chegar no bico, conseguindo, com isso, os benefícios da boa distribuição dos bicos hidráulicos e as vantagens das gotas carregadas eletricamente.

Para aviação também existe um sistema semelhante a esse que tem ajudado a melhorar substancialmente as aplicações.

Essa tecnologia ainda é pouco utilizada no Brasil devido à falta de conhecimentos adequados sobre esse princípio e dos limites de seu uso. Para que essa tecnologia funcione adequadamente é necessário trabalhar comgotasfinasparaqueaforçaelétricasejamaiorqueaforçapesodasgotas e possam arrastar essas gotas para o alvo. Outro ponto importante é o cuidado com as condições climáticas, pois, em situações de baixa umidade do ar e altas temperaturas, essas gotas podem evaporar antes de chegarem ao alvo.

f) Bicos de energia hidráulica Como visto anteriormente, os pulverizadores hidráulicos ainda são os

equipamentos mais importantes na aplicação das moléculas químicas para proteçãodaagriculturae,porisso,umaênfasetodaespecialserádedicadaàs pontas hidráulicas.

3.3.2. Pontas hidráulicas de pulverização

As pontas hidráulicas de pulverização para a agricultura têm quatro funções muito importantes e suas relações são:

• Determinar a vazão = função (tamanho do orifício, características do líquido e pressão)

• Distribuição = função (modelo da ponta, característica do líquido e pressão)

• Tamanho de gotas = função (modelo da ponta, características do líquido, vazão e pressão-1)

• Velocidade inicial das gotas = Função (modelo da ponta, pressão e ângulo da ponta-1)

Observe que todas as funções das pontas de pulverização dependem da pressão, que é a fonte de energia (energia potencial) para a formação das gotas.

Como trabalharemos com pressão em nossos estudos é bom lembrar que a unidade padrão de pressão, usada internacionalmente, é o bar, porém a unidade mais corrente é “libras” que a rigor deve ser lbf/pol2. Veja a seguir outras unidades e as relações entre as mesmas:

1 bar = 14,50 lbf/pol2 = 100 kPa1 kgf/cm2 = 14,22 lbf/pol2

Para saber mais sobre pontas hidráulicas de pulverização acessewww.ipem.sp.gov.br/5mt/cv2/index.htm

Saiba

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3.3.2.1. Estudo da vazão das pontas A vazão de uma ponta de pulverização ocorre em função do tamanho

do orifício de saída, das características do líquido pulverizado, como densidade e viscosidade, e da pressão de trabalho. Para cada um desses fatores é possível utilizar fórmulas e tabelas de correção, para determinar a vazão correta do mesmo. As duas variáveis mais importantes, em relação a variação da vazão, são a pressão e a densidade do líquido.

A variação da vazão para a maioria das pontas leques e diversas outras pontas, pode ser expressa pela fórmula:

2

2

1

1

PV

PV =

onde: V1 = Vazão da ponta na pressão 1 V2 = Vazão da ponta na pressão 2 P1 = Pressão 1 P2 = Pressão 2 Sendo assim, para dobrar a vazão de uma determinada ponta,

temos que quadruplicar a pressão de trabalho. Isso pode ser observado verificando as tabelas de vazão das pontas leques que trabalham compressões entre 1 e 4 bar.

A variação da vazão quanto a densidade do líquido, pode ser corrigida usando a tabela 1 a seguir:

Tabela 1 – Fatores de conversão de vazão para líquidos com densidade diferente da água

Densidade kg/l Fator de conversão

0,84 0,920,96 0,981,00 1,001,08 1,041,20 1,101,28 1,131,32 1,151,44 1,201,68 1,30

Como as tabelas de vazão das pontas são calculadas para uso com água (densidade 1 kg/L), quando trabalhamos com líquidos de densidade diferente (adubo líquido, por exemplo, com densidade de 1,28 kg/L), temos que ajustar nossos cálculos para essa nova condição.

Como exemplo, se temos que escolher uma ponta para aplicar uma vazão de 2 L/min de um líquido com densidade de 1,28kg/L, precisamos multiplicar o valor 2 L/min pelo fator 1,13 e escolher qual a ponta que possa aplicar 2,26 L/min e a que pressão.

Exemplo

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3.3.2.2. Estudo da distribuição das gotas

O líquido sob pressão é forçado através de uma pequena abertura, de tal forma que se espalhe, formando uma lâmina que depois se desintegra em gotas de diferentes tamanhos. A pressão, as características físicas do líquido (tensão superficial, densidade, viscosidade), o modelo da ponta(projeto)eascondiçõesdoarambiente, influemnodesenvolvimentodalâmina líquida. Nesse processo são determinados os tamanhos das gotas e a sua forma de distribuição.

Quanto à forma do jato e sua distribuição, os bicos hidráulicos se dividem em bicos de jato cônico e bicos de jato plano. Os de jato cônico se subdividem em bicos de cone cheio e bicos de cone vazio e os bicos de jato plano em bicos leques e bicos de impacto.

a) Pontas de jato cônico

As pontas de jato cônicos ainda são de uso muito comuns dentre os bicos hidráulicos, sendo que os de cone vazio são os predominantes. A deposição de gotas, no cone vazio, se concentra somente na periferia do cone, sendo que no centro do cone, praticamente não há gotas. Já os de cone cheio a distribuição das gotas atingem o centro da pulverização.

As pontas cônicas podem ainda ser divididas em dois modelos muito comuns que são as pontas da série X e da série D.

Nos bicos mais conhecidos da Spraying Systems (bicos da série D e série X), os componentes podem ser vistos na Figura 14, sendo que a capa e o corpo são comuns para todos os bicos da marca.

Nos bicos da sérieD, o filtro é de ranhuras e não demalhas comonos demais bicos. O núcleo é conhecido por outros nomes como difusor, caracol, espiral, “core”, etc. e serve para proporcionar movimento helicoidal ao jato líquido que por ele passa. Após tomar esse movimento, o líquido passa através do orifício circular do disco e então se abre em um cone.

Figura 14 - Ponta de série D da Spraying Systems Co

Nos bicos da Spraying Systems o núcleo recebe as numerações como 13, 23, 25, 45, etc. O primeiro algarismo indica o número de abertura existente no núcleo. Por exemplo, o nº 45 indica que existem 4 aberturas no núcleo. O segundo algarismo indica o tamanho da abertura. O disco recebe a numeração como D2, D4, D5 etc., sendo que o número após a letra D indica o diâmetro do orifício (ex: 2/64", 5/64"). Da combinação núcleo-discoresultaaidentificaçãodobico.Exemplo:D2-13,D4-45.

NosbicosJacto,onúcleoéidentificadoatravésdonúmerodefuros:onúmero 1 possui um furo, o núcleo 2 possui dois. O disco Jacto pode ser 10 ou 14, sendo que esses números também indicam o diâmetro do orifício

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(1,0mme1,4mm,respectivamente).AidentificaçãodobicoJactoéfeitaassim: JD14-1 (disco 14, núcleo de 1 furo); JD10-2 (disco 10, núcleo de 2 furos).

Quanto à distribuição, com a combinação de difusores e chapa orifício é possível obter pontas de jato cheio, quando o difusor tem um furo no centro, e cone vazio, quando o difusor só tem furos nas laterais.

Esses modelos de pontas são muito utilizados nos turbopulverizadores para culturas arbóreas (citros, manga, etc.) e permitem diversas combinações entre difusores e pontas, gerando uma grande variação de ângulos, vazões e tamanho de gotas.

Os bicos cônicos trabalham a pressões mais elevadas que os bicos de jato plano. Geralmente os bicos cônicos trabalham acima de 4 bar (60 lb/pol.2 ), podendo, conforme o bico, suportar até 20 bar (300 lb/pol2). Tecnicamente é mais indicado não trabalhar com pressões maiores que 10 a 15 bar (150 a 225 psi). Cada fabricante possui tabela de vazão do bico que fabrica, portanto procure conhecer mais sobre essas tabelas disponíveis no mercado

As pontas da série X são normalmente usadas para menores vazões e gotas muito pequenas. Isso pode ser facilmente observado, pois, na própriacodificaçãousada,essaspontastêmseunúmeroligadoavazãodegalões americanos por hora. Assim, uma ponta X1 é uma ponta capaz de aplicar 3,785 litros em uma hora, se estiver a 40 psi. Diversos fabricantes têm lançadopontasdessasérie,cadaumcomnomenclaturaespecífica,mas baseados no mesmo padrão.

b) Pontas de jato leque de impacto Nas pontas de impacto, conhecidas como TK, o jato do líquido bate em

um plano inclinado e se abre em forma de leque (Figura 15). Estes bicos operam com pressões muito baixas, a partir de 0,7 bar (padrão de 10 psi). Por possuírem ângulo muito aberto, no passado, eram as melhores pontas para trabalhar muito próximo do alvo (solo) e, por isso mesmo, preferidas para equipar barras cobertas para aplicar herbicidas sob a saia das árvores e arbustos (pomares, cafezais) e jato dirigido em pingentes (cana-de-açúcar e algodão). Normalmente são de alta vazão e produzem gotas grandes, porém a utilização desses bicos de impacto de baixa vazão, produzem gotas relativamente pequenas (TK 0,5).

O padrão de deposição dos bicos de impacto não é muito regular (distribuição de “dromedário”) e, devido a isso, a sua utilização em barras apresenta problemas de sobreposição, tornando a deposição bastante irregular (Figura 16).

Osbicosdeimpactodealtavazão,utilizadosdentrodasespecificações(10 a 20 psi), produzem gotas grandes e não haveria problemas de deriva. No entanto, observa-se, na prática, que os bicos estão sendo utilizados a pressões muito superiores ao recomendado e, nessas condições, os bicos de impacto geram muitas gotas pequenas, sujeitas à deriva.

Entre as pontas de impacto a Spraying Systems lançou um novo modelo Turbo Floodjet TF-VS (Figura 15), que produz gotas maiores que as defletorasnormais,abrindoumângulode130ºecomumperfildedeposiçãoelíptico,largoeafinado,idealparacomporembarrasdeaplicaçãoemáreatotalcomexcelentedistribuiçãoebaixocoeficientedevariaçãoao longoda barra. Esse modelo é patenteado e está protegido pelas leis de patente nos próximos anos.

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Figura 15-PontasdejatoplanodefletormodelosTKeTFdaSprayingSystemsCo

Figura 16-PerfildedeposiçãodapontaTKedapontaTFcompressãode1.7bar

Os bicos da série Floodjet da Spraying Systems são designados pelas letras TK seguidos de um número (Ex.: TK-2). O número indica a vazão do bicoa10psi.Nocaso,TK-2significaqueavazãoàpressãode10psiéde0,2 galão/minuto.

OutrosfabricantescomoaLurmaktêmadenominaçãodeDT,aMagnoapenaspordefletor,aJactoporDef.

c) Ponta de jato Leque As pontas de jato leque produzem jato em um só plano e o seu

uso é mais indicado para alvos planos, como solo, parede ou mesmo culturas como soja, etc. Como a maioria dos herbicidas é aplicada na superfíciedosolo,ficouarraigadaacrençadequebicolequeébicoparase aplicar herbicidas. Entretanto, o bico leque é indicado também para aplicar inseticidas e fungicidas ao solo (e parede, no caso de programas de Saúde Pública) ou culturas como amendoim, etc., pois a ponta deve ser selecionada considerando todos os fatores que qualificam a função de uma ponta (vazão, distribuição e tamanho de gotas geradas) e do alvo.

Os bicos leque podem ser de deposição contínua, quando a distribuição do líquido na faixa de deposição, é uniforme (Figura 17) e pode ser de deposição descontínua, quando a deposição é maior no centro da faixa, decrescendo simetricamente para os bordos (Figura 18).

O bico de deposição contínua, conhecido como bico “Even” é indicado para aplicações em faixa, sem haver superposição com os bicos vizinhos. O bico de deposição descontínua, é recomendado para ser usado em série, montado em barra, sobrepondo-se o jato com os bicos vizinhos.

Na figura 19, podemos ver que o mais importante não é a distribuição individual de uma ponta, mas o somatório da aplicação. No exemplo, a parte A mostra um conjunto de pontas sobrepondo em condições ótimas, obtendo uma perfeita distribuição ao longo da barra ( Coeficiente deVariação“CV”menorque10%).Nasoutrasseções,temosdistribuições

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desuniformes, que podem ser causadas por uso de pontas desgastadas ou de baixa qualidade (inicial), pressões inadequadas ou mesmo condições de altura e espaçamentos inadequados. É importante consultar o catálogo do fornecedor para conhecer qual a pressão máxima e mínima indicada para cada modelo de ponta.

Figura 17 - Padrão de deposição de bico leque de deposição descontínua (acima) e bico leque de deposição contínua “Even” (abaixo). Observe a maior concentração no centro (acima) e a formação de patamar (abaixo). Fonte: MATTHEWS, 1979

Figura 18-PerfildedeposiçãodeumXR

Os ângulos mais comuns são de 80 e 110 graus (também de 65º e 95º) e as vazões que variam de 0,1 a 0,8 galão/minuto. Os bicos “Even” estão sendo introduzidos no Brasil, adaptados nas máquinas semeadoras para aplicação conjugada, na operação de plantio, para aplicação de herbicidas apenas na linha de plantio.

3.3.2.3. Tamanho de gotas

A terceira e, talvez, mais importante função das pontas de

Figura 19 - Perfildedistribuiçãodeumabarracomseuscoeficientesdevariação

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pulverização é o tamanho das gotas que a ponta gera. Como já foi visto, o tamanho das gotas tem relação direta com a deriva, evaporação e cobertura do alvo.

Portanto, escolher a ponta que produz uma gota de tamanho adequado ao produto a ser utilizado e ao alvo a ser atingido, é de fundamental importância.

Atualmente, com as novas propostas da FAO e outras organizações internacionais preocupadas com o meio ambiente, cada vez mais devemos nos preocupar com essa importante função das pontas no momento de selecionarmos e recomendarmos seu uso nos pulverizadores.

Conhecendo os processos de medição do tamanho das gotas (4.2.4) e as formas de comparar diferentes pontas, em função dessas gotas, torna-se necessário escolher a melhor ponta para a aplicação do produto selecionado e do alvo a ser atingido. As pontas que geram gotas mais finas são ideais para as aplicações que exigem maior cobertura (por exemplo fungicidas de contato) e para aplicar volumes menores. Nesse caso, devemos tomar muito cuidado com a deriva e evaporação, pois essas gotas são facilmente deriváveis.

Já para aplicações de herbicidas pré emergentes ou produtos sistêmicos, devemos usar as gotas maiores, gerando melhor controle da pulverização com menos deriva e evaporação.

Muito cuidado, devem ser observadas pontas que geram gotas muito finasoudealtoporcentualdegotasmenoresque150m,poisesseéogrupo de gotas mais perigoso na aplicação.

Os catálogos dos fabricantes devem informar o tipo de pulverização gerado pela ponta (muito fina, fina, média, grossa, muito grossa) ou o porcentual de volume aplicado abaixo do V10 (vide 4.2.4.1 Span), para poder avaliar o grau de risco de deriva e evaporação.

Podemos concluir que, para uma boa seleção do modelo de pontas e sua distribuição, é necessário conhecer o alvo biológico que se pretende controlar, o produto químico que será usado, as condições ambientais e escolher adequadamente qual o equipamento que será utilizado. Assim, poderemos selecionar a ponta mais adequada em função do tamanho de gota, distribuição e volume de calda que será usado.

3.3.2.4. Nomenclatura

De acordo com as normas internacionais, as pontas de pulverização devem estar codificadas, obedecendo um padrão internacional na suanomenclatura e formatos.

Pela norma ISO 10.625 as pontas de pulverização devem ter um tamanho definido de flange e dimensões para poderem ser usadas emqualquertipodesistemadefixaçãonosbicos(porcaouengaterápido).

A norma ISO 10.626 padronizou a cor em função da vazão. As medições devazão,pelanormaISO,devemsera3bar,especificandooângulodeprojeção na nomenclatura das pontas. Como existe um padrão americano adotado ao longo do tempo de uso, hoje temos no mercado duas formas comuns de relacionar a vazão e as cores que seguem na tabela 2.

O ângulo deve vir grafado no próprio corpo da ponta e pode ser determinadoemoutrapressão,masdeveserespecificadoemcatálogosemanuais técnicos da ponta.

Sendo assim, podemos ter no padrão americano (uso corrente) a ponta leque 110.02, onde 110º representa o ângulo que ela deve abrir a 40 psi (2,8 bar) e 0,2 a vazão em galões americanos/ minuto.

Cada fabricante adota determinadas informações junto com a nomenclatura-padrão, sendo que a Spraying Systems Co. coloca ainda as informações de modelos e material, como TT11003VP, no qual TT

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Tabela 2 – Código de cores e seu significado comparativo entre os padrões usados

Cor da ponta Sistema Internacional Sistema Americano

Vazão a 3 bar em L/min –Vazão a 40 psi em

gal/min (L/min)

Laranja 0,39 L/min0,1 gal/min (0,38 L/

min)

Verde 0,59 L/min 0,15 gal/min

(0,57 L/min)

Amarelo 0,79 L/min0,2 gal/min (0,76 L/

min)

Azul 1,18 L/min0,3 gal/min (1,14 L/

min)

Vermelho 1,58 L/min 0,4 gal/min (1,51 L/min)

Marrom 1,97 L/min 0,5 gal/min (1,89 L/min)

Cinza 2,37 L/min0,6 gal/min (2,27 L/

min)

Branco 3,16 L/min0,8 gal/min (3,03 L/

min)

Outros materiais disponíveis: SS – inteiro de aço inoxidável; HSS – in-teiro de aço inoxidável endurecido, VK – Cerâmicas com código de cores, VS – aço inoxidável com código de cores, VH – aço inoxidável endurecido com código de cores, entre outros.

A Jacto coloca nas pontas de Kematal as duas informações. Por exem-plo uma ponta 110.04 é denominada em uma forma como 110º / F / 1,54 / 3 sendo, ângulo(110º), modelo da ponta(F), vazão em litros por minuto (1,54 L/min) e a pressão que foi medida de 3 bar. A outra da forma americana 110 / F / 04 , sendo o ângulo (110º) modelo (F) e a vazão em galões por minuto 0,4 gaL/min, como padrão de 40 psi.

Outros fabricantes usam o código, colocando primeiro a vazão, depois o modelo da ponta e por último o ângulo, mas todos estão referenciando os valores básicos dos códigos do produto. Mesmo assim, é necessário estu-dar e conhecer melhor os limites de trabalho e operação de cada modelo de ponta, contidos nos catálogos técnicos das mesmas.

3.3.2.5. Material e durabilidade

Falar em durabilidade das pontas a campo é muito difícil, pois não se pode definir antecipadamente qual a qualidade da água, produto e a pressão que será usada nas aplicações. Ainda é impossível saber como serão realizadas as manutenções e limpeza das pontas no cam-po.Assim,sópodemosafirmarque,emlaboratório,aspontasdelatãosão

representa o modelo Turbo Teejet, e VP que essa ponta tem código de coresVisiflo(V)eédepolímero(P).

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as que apresentam a menor durabilidade, que alguns polímeros suportam a abrasão tão bem quanto as peças em aço inoxidável e que as cerâmicas de boa qualidade são as mais resistentes ao desgaste por abrasão. No campo, temos observado que a durabilidade dos polímeros não está cor-respondendo, devido aos maus tratos na limpeza com materiais de ferro ou mais duros que o polímero. Algumas cerâmicas podem não apresentar o melhor desempenho por terem baixos teores de alumina (matéria-prima da cerâmica) ou por defeitos no processo de fabricação. Também no campo, as pontas em cerâmica sofrem com problemas de manutenção pois, ape-sar de serem resistentes à abrasão, não suportam fortes impactos (panca-das por batidas no solo ou por ferramentas inadequadas).

A durabilidade da ponta não é mais importante que a sua qualidade, pois se escolhermos uma ponta de cerâmica de alta dureza, mas com defeitos de distribuição, desde o início do uso, teremos um prejuízo muito maior pelo tempo que essa ponta será usada com esse defeito do que o valor da ponta (ou mesmo do pulverizador).

Atenção

Evidentemente, quanto mais nobre o material utilizado, mais caro é o bico. Entretanto, se analisar bem a situação, o bico deve ser de boa qua-lidade, não importando o seu preço, pois esse preço, diante do preço do produto químico que atravessa esse mesmo bico durante um ano agrícola, torna-se completamente irrisório. O que importa é fazer uma boa aplicação para poder extrair do agroquímico o melhor desempenho, com maior prote-ção ao homem e ao meio ambiente.

3.3.2.6. Alguns exemplos de pontas encontradas no

mercado e suas características

Vocêsreceberãoumaapostilaextracommaisinformaçõesespecíficasde um grupo de pontas.

4. Regulagem e Calibração dos equipamentos

Nesse capítulo, vamos apresentar o processo de regulagem e calibra-ção dos pulverizadores de barra para cultura de baixo fuste e os pulveriza-dores costais simples.

Vale diferenciar a regulagem da calibração, pois na regulagem deve-mosestudaraconfiguraçãodoequipamentoaserutilizado,conhecendoseus limites e pontos ideais de trabalho. Na calibração apenas ajustamos o equipamento para a tarefa pré-regulada.

4.1. Reconhecendo o equipamento A regulagem e a calibração dos pulverizadores são fundamentais para

a correta aplicação dos agrotóxicos.Uma vez acoplado o pulverizador e abastecido com água, deve-se ve-

rificarofuncionamentodamáquina;senãoháeventuaisvazamentos,seoscomponentescomo:reguladordepressão,bomba,filtros,conectores,etc.estãofuncionandodemaneirasatisfatória,fazeralimpezadosfiltrose

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outrosreparosquesefizeremnecessáriosparaobomfuncionamentodopulverizador.

Tambéménecessárioconhecerasespecificaçõestécnicasdoequipa-mento, como capacidade do tanque e da bomba.

Outro fator que interfere na regulagem do pulverizador é observar o espaçamento entre as pontas, que deve ser uniforme para pontas iguais, se o objetivo é cobrir toda a área de forma uniforme. Nos pulverizadores normalmente encontrados no campo o espaçamento entre as pontas é de 40 ou 50 cm, porém isso não é plenamente obrigatório, podendo variar de acordo com a capacidade das pontas, condições e espaçamento da cultura a ser tratada.

Conhecido o espaçamento dos bicos e as pontas que serão utilizadas, o passo seguinte é determinar a uniformidade de vazão entre as pontas. Comopulverizadoremfuncionamento,comumapressãoprédefinida(useo kit manômetro colocado direto na ponta), recolhe-se o líquido pulveriza-do por cada um dos bicos durante um minuto (para abreviar, pode ser 30 segundos), mede-se, compara-se com a vazão esperada de uma ponta nova e verifica-se a moda (moda é o número mais frequente no con-junto).

Seavazãofor10%maiorqueumapontanovaparaaquelapressão,esse conjunto de pontas deve ser substituído. Caso isso não aconteça e apenas algumas pontas (2 ou 3 em cada 10) fujam desse padrão, substi-tuem-se os bicos cuja vazão fuja muito de moda e equipa-se a barra toda combicoscujavazãosejaamaishomogêneapossível.Parafinspráticos,pode-se adotar um desvio de 10% entre a vazãomáxima emínima doconjunto.

Essas medições devem ser realizadas usando recipientes gradua-dos de boa qualidade, pois pequenos erros cometidos nesse momen-to serão extrapolados para grandes áreas, podendo causar grandes danos econômicos e ambientais. É aconselhável que se use provetas plásticasqueapresentambonsníveisdequalidadeeresistênciaaotraba-lho de campo.

Durante essa operação, observe se existe algum problema de distribuição nas pontas, observando se não existem riscos na formação do jato ou pontas com ângulos diferentes, que possam prejudicar a distribuição uniforme do produto.

Para ajuste da altura ideal de trabalho (e altura mínima) consulte a tabeladofabricantedapontaemusoeverifiquequalarelaçãoidealentreespaçamento e altura de trabalho. Isso pode ser testado com as mesas de deposição de canaletas, já popularizadas no mercado (Spraying Systems Co.),ondeépossívelobservaroperfilcorretodadistribuição.

Para a maioria das pontas leques, o ideal é que a sobreposição entre os jatos seja, no mínimo, de 30% de cada lado.

Um teste mais técnico pode ser feito usando uma mesa de deposição decanaletas,quedevesercolocadaembaixodabarraeobservadooperfilde deposição do conjunto de pontas nas condições de uso.

4.2. Regulando a aplicação

O pulverizador deve ser levado até o local de trabalho, onde se mede a velocidade ideal para as condições de topografia, cultura, preparo do solo, equipamento e mesmo a capacidade do operador. Isso deve ser realizado no campo, onde será aplicado o produto.

Na prática, medem-se 50 metros dentro da área a ser tratada e coloca-se o pulverizador para percorrer a distância demarcada, marcando o tempo em segundos. Durante essa cronometragem,

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o pulverizador deve estar em funcionamento, como se estivesse realmente executando o trabalho de pulverização. Lembrar que o teste é feito só com água, por razões de segurança e economia.

Nessa operação devemos selecionar a rotação e marcha que serão usadas nas condições de campo. É importante que a rotação selecionada permita ter na tomada de força do trator uma rotação próxima de 540 rpm para o perfeito funcionamento da bomba.

Esse momento também é ideal para se testar o tipo de ponta que será utilizada, para que se possa colocar o produto de forma mais correta e econômica no alvo, com menor deriva e cobertura desejada. Testes de cobertura (planta ou solo) e escorrimento (solo) podem ser feitos com o uso de papel sensível a água colocado na planta, nos pontos onde se deseja aplicar o produto e no solo, avaliando o número e tamanho das gotas que atingiram o papel.

É importante lembrar que o volume de calda a ser utilizado na aplicação não pode ser uma condição pre estabelecida, pois como vimos no início dessa apostila, pela fórmula de COURSHEE (1967), uma mesma cobertura poderá ser obtida variando outras condições que não apenas o volume de calda e depende da quantidade de massa foliar da cultura a ser tratada. Assim sendo, não existe valor pre definido para volume de calda apenas em função do produto. O importante é colocar o produto de forma correta no alvo sem desperdícios e sem contaminação do ambiente. Por razões de economia, devemos aumentar a capacidade operacional dos pulverizadores, procurando trabalhar com o menor consumo de líquido por hectare.

Para isso a escolha da ponta mais adequada se faz necessária, onde podemos definir o tamanho de gota mais adequado, sua forma de distribuição e o volume de calda desejado. É importante observar na tabela do fabricante das pontas os dados de faixa de pressão e vazão de trabalho, bem como os limites de espaçamento e altura de trabalho.

Caso tenha que trocar o modelo da ponta, devemos repetir os testes de uniformidade realizados anteriormente.

A calibração consiste em se determinar o volume de calda que o pulverizador aplica por unidade de área ou por planta e ajustá-lo à melhor condição operacional. No exemplo citado, o que se necessita saber é o volume de aplicação, em litros por hectare.

Para se saber o volume de aplicação, existem vários procedimentos práticos, sendo o mais indicado o uso da fórmula a seguir:

q(L/min) x 60.000 T (l/ha)= ————————— e (cm) x V (km/h)

onde:

T = Taxa de aplicação ou volume de aplicação em l/ha; q = vazão coletada da ponta em L/min; e = espaçamento entre as pontas na barra em cm; V = velocidade de trabalho no campo, do pulverizador.

O processo de saquinhos (maiores cuidados) e das canecas graduadas são práticos no trabalho de campo, mas podem levar a erros graves por problemas de erros na graduação ou mesmo por não observarmos a capacidade de vazão das pontas em L/min, nas tabelas das mesmas. Esse processo é desaconselhável no campo.

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Se, durante a regulagem, a vazão de todos os bicos foi checadaeopadrãodedeposiçãofoiverificadopeloaferidordepulverização, a medida do consumo em litro/ha, pode ser feita em apenas alguns bicos. Porém, se não foi feita anteriormente, a determinação do volume aplicado deve ser feita em todos os bicos.

Atenção

4.3. Preparando a calda Para iniciar a pulverização propriamente dita é necessário preparar a

calda a ser pulverizada. Para isso, devemos conhecer as diluições a serem realizadas.

Diluição - Uma vez conhecido o volume a ser aplicado por hectare,

deve-se fazer mais um cálculo para se saber a quantidade do defensivo a ser diluída no tanque. Por exemplo, se no caso anterior, no qual o volume de aplicação é de 200 L/ha, o produto a ser aplicado fosse o Diuron, na dosagem de 2 kg/ha e se o tanque fosse de 600 litros, ter-se-ia o seguinte cálculo (por regra de 3 simples):

Volume de calda produto (kg) 2 x 600 200 l (l/ha) 2 kg X = ———— = 6,0 kg por tanque. 600 X 200 Portanto, deve-se diluir 6,0 kg de Diuron no tanque de 600 litros, para

que a dosagem indicada seja aplicada.Dosagem - É importante salientar que existem diferentes formas de se indicar

a dosagem dos produtos. Dose é quantidade do produto, expressa em peso ou volume; dosagem é qualquer relação que envolve quantidade, isto é, dose por unidade de peso, volume ou comprimento. (Cf. HAYES, 1975).

Basicamente a dosagem do produto pode ser recomendada por concentração (dose por hectolitro) ou em dose por área. No primeiro caso, o produto seria indicado assim: 200 g de Manzate por 100 litros de água. No segundo caso, seria: 6 litros de Roundup por hectare.

A indicação por meio da concentração é adequada somente para aplicações de alto volume, onde há escorrimento de calda, de tal forma que a quantidade retida nas folhas é proporcional à concentração da calda, independentemente do volume total aplicado. Portanto, essa forma

Emcasodeajustes,podemosusara fórmulaanterior,especificandoa melhor ponta e as condições de pressão que se realizará o trabalho de pulverização. Assim o novo raciocínio pode ser feito da seguinte forma:

V (km/h) x e (cm) x T (L/ha) q (L/min) = ———————————————————— 60.000

onde as variáveis são as mesmas da fórmula anterior, apenas determinando a necessidade de vazão da ponta a ser usada, para que possamos procurar nas tabelas dos fabricantes qual a ponta ideal e a pressão de trabalho.

Esses cálculos normalmente são usados para ajustar o valor do volume de aplicação, deixando um valor arredondado, que facilite a preparação da calda no tanque, evitando números fracionados.

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de indicação é adotada mais frequentemente para fungicidas, que na sua grande maioria é recomendado para culturas onde a forma de aplicação utilizada é a de alto volume. A vantagem deste sistema encontra-se na sua simplicidade. A variação na superfície a ser coberta não precisa ser levada em conta, isto é, a concentração a ser usada é a mesma, tanto para plantas pequenas, pouco enfolhadas, como para grandes, pois a quantidade se ajusta por si, desde que se aplique a calda até o escorrimento.

A indicação por meio da quantidade do produto por hectare é a forma preferida, principalmente, para os herbicidas e para os inseticidas destinados às grandes culturas. A vantagem deste sistema reside no fato de que ele independe do volume de calda empregado na distribuição do produto. À primeira vista parece ser um sistema mais técnico que o anterior. Tratando-se de produtos distribuídos à superfície do solo, como é a maioria dos herbicidas, esse sistema não encerra restrições. Tratando-se, no entanto, de aplicação sobre superfície da cultura, deve-se levar em conta a relação existente entre a superfície vegetal e a superfície do terreno. Numa lavoura nova, para um hectare do terreno, poderá haver menos de um hectare da superfície de folhas, mas a superfície foliar cresce rapidamente e, em pouco tempo, esse mesmo hectare poderá conter 3 ou 5 hectares de superfície vegetal e, evidentemente, não se pode indicar a mesma dosagem para situações tão diferentes. Portanto, a rigor, essa indicação deve estar condicionada ao “índice de área foliar”, um parâmetro pouco empregado na prática. Novamente a interpretação do fórmula proposta por Courshee, deve ser estudada e considerada na tomadadedecisãofinaldotécnico.Nocasodeplantasnovasemlinhas,pode-se adotar o sistema de aplicações em faixa, usando-se acessórios específicosparaisso(kitfileira).

Oqueseverificaéque,atualmente,aindicaçãodadoseporhectarenãovemacompanhadadenenhumareferênciasobreotamanhodasplantasenisso reside uma forma de desajuste, normalmente acentuado e em regra geral, as aplicações de fungicidas e inseticidas em plantas novas, podem representar o emprego de uma sobredosagem apreciável.

4.4. Exercício de Exemplo

Emassistênciatécnicaaumprodutor,temosquerealizararegulagemecalibração de um pulverizador para as condições propostas. Na propriedade, dispomos de um pulverizador de barras contendo 36 bicos espaçados a 50 cm, equipado com bomba de pistão de 120 L/min e tanque de capacidade de 2.000 litros.

Condições de trabalho:Velocidade medida na área de aplicação = 6 km/h (ou 30 seg. para

percorrer 50 metros).Rotação do trator = 1400 rpm(sabendo-sequeparaestetratorénecessário1680rpmnomotor,afim

de obtermos 540 na tomada de força) Condições para aplicação do herbicida:Volume de calda desejado = 200 L/haDosagem do produto = 1 L/ha Condições para aplicação do fungicida:Volume de calda desejado = 600 L/haDosagem do produto = 2,5 L/ha Pontas de pulverização disponíveis e suas tabelas:

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Tabela de Vazão (L/min) VS pressão (PSI) das Pontas para uso

Modelo da Ponta 15 PSI 22,5 PSI 30 PSI

TF-VS2 0,91 L/min 1,12 L/min 1,29 L/min

Obs.: Pontas de jato plano que produzem gotas grandes (dmv maiores que 600 micra).

Tabela de Vazão (L/min) VS pressão (PSI) das Pontas para uso

Modelo da Ponta 15 PSI 22,5 PSI 30 PSI

TF-VS2 0,91 L/min 1,12 L/min 1,29 L/min

Obs.:Pontasdejatocônicoqueproduzemgotasfinas.

Solução Comentada

Os comentários estarão sinalizados por {COMENTÁRIOS}. 1- Primeiro deve caracterizar o pulverizador. Tanque de 2.000 litros Barra de 18 metros. {COMENTÁRIO 36 bicos a 50cm de espaçamento

à 36 x 0.5 (m) = 18 (m)}.Número de bicos = 36Espaçamento entre bicos = 50 cmBomba pistão de 120 L/min. COMENTÁRIO: O valor da capacidade de vazão da bomba só é ver-

dadeiro se a rotação no eixo for 540 rpm. Para isto, o trator deverá estar na rotação determinada pelo fabricante. Neste caso, a rotação necessária do trator para obtermos 540 rpm na PTO é de 1.680 RPM. Assim, se tra-balharmos a uma rotação de 1400 RPM, como proposto no problema, por uma regra de 3 teremos:

rpm no trator rpm na tomada de força 1680 540 1400 Z

1400 x 540 Z = ——--—--—— = 450 rpm na PTO.

1680

É importante lembrar que, se a rotação no eixo da bomba (= à ro-tação da PTO) é de 450 rpm, a bomba de pistão não poderá aplicar os 120 litros/min padrão. Devemos calcular ou, pelo menos, tomar cuida-do, pois esse pode ser um fator limitante na aplicação.

Vamos calcular a capacidade operacional dessa bomba nas condições propostas pelo problema.

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540 rpm na bomba 120 litros/min 450 rpm na bomba Y

450 x 120 Y = ——————— = 100 L/min. 540

Em nosso raciocínio, a bomba do pulverizador em uso só aplica 100 litrosporminuto (especificamentena rotaçãodeterminadaparaoexem-plo).

Os problemas que normalmente encontramos e devemos resolver no

campo, podem ser resumidos nas questões a seguir:1- Qual a ponta ideal para determinada aplicação?2- Qual a vazão necessária de cada ponta?3- Qual a pressão de trabalho de uma determinada ponta?4- Acapacidadedabombaésuficiente?5- Que tamanho de bomba é necessário?6- Qual a velocidade ideal para ajustar uma aplicação?7- Qual o volume de calda ideal para ajustar uma aplicação?8- Quantos hectares são tratados por tanque?9- Qual a quantidade de produto a ser colocado no tanque? Soluções e Comentários

1 - Qual a ponta ideal para determinada aplicação?A seleção de um modelo de ponta está baseada, primeiramente, no

tamanho de gota que ela produz e no tipo de distribuição que ela propor-ciona. Vamos analisar esses fatores separadamente.

Tamanho de gotas (vejamos os extremos):Gotas maiores são menos arrastadas pela deriva e apresentam meno-

res problemas com a evaporação das gotas no trajeto da ponta ao alvo, porém promovem uma menor cobertura da superfície a ser tratada e uma menor concentração de gotas por cm2. Normalmente, não é possível redu-zir muito o volume de calda aplicado com esse tipo de gota.

Gotas menores são mais arrastadas pela deriva e apresentam grandes problemas com evaporação durante a aplicação, porém a cobertura do alvo e quantidade de gotas por cm2 são normalmente altas (se as condições climáticas permitirem).

Na escolha da ponta, devemos considerar a praga, o alvo que ela se encontra, o produto e seu modo de ação e absorção. Sendo assim, para herbicidas pré-emergentes (aplicados no solo), podemos usar gotas grandes e, para um fungicida de contato, precisamos usar gotas menores, pois a área do alvo fica maior (folhas de uma planta) e temos que produzir sua “cobertura total”.

Tipo de distribuição-ApenascônicooulequeNÃOdefineseéparauso de herbicida ou inseticida/fungicida. Na distribuição é mais importante observar se a ponta é de jato que propicia a sua associação na barra (pontas usadas em todas as barras totais), produzindo uma aplicação uniforme, ou se são de jato contínuo, utilizados para tratamento em faixas como ocorre nas aplicações conjugadas nas semeadoras no plantio.

Resposta: Neste caso, o modelo de ponta ideal para aplicação do

herbicida é, sem dúvida, a ponta TFVS-2 (produz gotas grandes) e para o fungicida é a ponta JA-2 (produz gotas pequenas), ou outra de gotas menores.

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2 - Qual a vazão necessária de cada ponta?Para resolver esta questão, basta usar a fórmula proposta para esse

fim.Vamosdiscutiraquiaaplicaçãodoherbicida, façavocêoscálculospara o fungicida.

veloc (km/h) x Esp. dos Bicos (cm) x Volume de Aplic. (L/ha)Vazão da ponta (L/min) = ————————--------—————— = 60.000

6 x 50 x 200Vazão da ponta (L/min) = ————————————— = 1,0 L/min 60.000

Resposta: A vazão necessária na ponta de pulverização é de 1,0 litro/minuto.

3 - Qual a pressão de trabalho de uma determinada ponta?Na aplicação do herbicida, a ponta proposta é a ponta TFVS-2 e como

podemos observar, sua capacidade de vazão está entre 0,91 L/min (15 psi) a 1,29 L/min (30 psi).

Resposta: Observando a tabela, vemos que a pressão necessária está

um pouco acima de 15 psi e abaixo de 22,5 psi, porém dentro da faixa normal de uso. Esse é o fator mais importante: dentro da faixa normal de uso.

4 - A capacidade da bomba é suficiente?Na aplicação do herbicida é muito fácil saber.Vejamos:Temos a vazão individual de cada ponta que é de 1 L/min;Temos o número total de bicos na barra que é de 36.Então: a vazão total da barra é 36 x 1 = 36 L/min.Sabemos, também, que a bomba do equipamento nas condições

propostas (leia as condições propostas de velocidade e rotação e leia comentários gerais no início da solução do problema), tem a capacidade deaplicar100L/min.Sendoassim,36émenorqueos80%dos100L/minque a bomba desloca.

Resposta:Sim,acapacidadedabombaésuficiente. 5 - Que tamanho de bomba é necessário?Sevocêfezoscálculosparaofungicida,deveterencontradoumvalor

para a vazão da ponta de 3 L/min e com 36 bicos, o que exige a utilização de uma bomba muito maior que a apresentada no problema.

Vejamos:36 bicos x 3 L/min = 108 litros/min.A bomba deveria deslocar 108 / 0,8 = 135 litros/min; sendo assim

poderíamosusar80%dessevaloreencontraros108L/minnecessários.Vale lembrar que, no campo, não podemos mudar a bomba do

pulverizador com facilidade, pois isto exige a compra de um novo equipamento. Então, devemos ajustar uma nova condição para essa aplicação. Para solucionarmos este problema, usualmente, variamos a

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velocidade mudando a marcha do trator (não alterar a rotação para utilizar o mesmo cálculo da bomba) ou diminuindo o volume de calda a ser aplicado por hectare. Ainda podemos também diminuir o espaçamento de bicos na barra ou o número total de bicos na barra (em ambos os casos, deixando a barra menor).

Observe também que nas condições propostas de trabalho, as pontas não se adaptam a essa aplicação nas pressões recomendadas (evitem trabalhar com mais de 150 psi). No caso, se tivéssemos uma bomba capaz de realizar tal aplicação, a pressão seria absurdamente alta. Lembrem-se de que para dobrar a vazão é necessário quadruplicar a pressão de trabalho da ponta.

6 - Qual a velocidade ideal para ajustarmos uma aplicação?No caso do fungicida, uma das alternativas é ajustar a velocidade da

máquina. Vejamos o raciocínio: Podemos usar até 80 L/min da bomba e temos 36 pontas.Então:80 / 36 = 2,22 L/min.Se usarmos a mesma fórmula do cálculo para vazão da ponta,

poderemos calcular a nova velocidade.Vejamos:

veloc (km/h) x Esp. dos Bicos (cm) x Volume da Aplic. (L/ha)vazão da ponta (L/min) = ——————————————— = 60.000

veloc (km/h) x 50 (cm) x 600. (L/ha)2,22 (L/min) = -———————————————— à velocidade (km/h) = 60000 4,44 km/h

A pergunta se refere a qual velocidade poderíamos aplicar o fungicida em relação a bomba. Para escolhermos a ponta de pulverização possível para essa aplicação é só procurarmos nos quadros disponíveis de pontas, aquela que se ajusta a essa aplicação. Neste caso, temos duas tabelas com as informações necessárias na formulação do problema. As tabelas são de vazão versus a pressão de trabalho para cada ponta e sua indicação sobre tamanho de gotas. Para fungicida, normalmente se usa gotas menores e devemos selecionar na tabela dessas pontas qual a ponta ideal para essa aplicação.

Resposta: No caso estudado a ponta ideal é a ponta TXVK-18

trabalhando a 150 PSI.

7 - Qual o volume de calda ideal para ajustar uma aplicação?Vamos fazer um exemplo com a aplicação do fungicida.Se resolvermos mudar o volume de calda e trabalhar com a ponta JA-2

a 150 PSI a fórmula é a mesma.Vejamos:

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veloc (km/h) x Esp. dos Bicos (cm) x Volume da Aplic. (L/ha)vazão da ponta (L/min) = ——————————————————

60.000

6 (km/h) x 50 (cm) x Volume de Aplic. (L/ha)1,0 (L/min) = ——————————————————— 60.000

Vol. Aplic. = 200L/ha

Resposta: O volume de calda ideal é de 200 L/ha.

8 - Quantos hectares são tratados por tanque?Neste caso, é importante definir as condições da pulverização e do

equipamento. Vejamos como exemplo, a aplicação do herbicida com o pulverizador proposto:

Pulverizador com tanque de 2000 litros;Aplicação com 200 L/ha.

Então:200 litros - 1 ha 2000 x 12000 litros - Z Z = —————————— = 10 ha por tanque 200

Resposta: São tratados 10 ha por tanque.

9 - Qual a quantidade de produto a ser colocado no tanque?Seguindo o exemplo anterior, temos que a dose do produto a ser

aplicado é de 1 L/ha, assim também por “regra de 3” temos:

1 ha - 1 litro 10 ha x 1 litro10 ha - K K = ——————————— = 10 litros do produto

1 ha herbicida/ por tanque Resposta: A quantidade de produto a ser colocada no tanque é de 10

litros.

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5. Literatura Consultada

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3 Pulverizadores assistidos a ar

1. Introdução

Os pulverizadores hidráulicos convencionais podem, geralmente, projetargotasacurtasdistânciasdapontadepulverização,oquedificultao tratamento de alvos como árvores e arbustos. Nesses casos ou mesmo para a pulverização de várias linhas de cultivo, o fluxo forçado de ar tem se constituído em uma ferramenta muito importante para compelir, transportar e depositar as gotas de pulverização. Os pulverizadores que utilizam tal princípio são denominados de “pulverizadores assistidos a ar” e podem ser divididos, conforme o formato da corrente de ar, em dois tipos: canhão (ou atomizadores) e cortina (ou turbopulverizadores).

Os pulverizadores do tipo canhão foram muito populares no Brasil por muitos anos, mesmo para aplicação em culturas anuais. São, geral-mente, máquinas montadas em tratores, com tanques de 400 a 600 litros e ventilador centrífugo, que direciona o ar em alta velocidade para uma saída em forma de “canhão”. São normalmente equipados com bicos pneumáticos e alguns modelos possuem saídas secundárias para melhorar a cobertura próxima à máquina. No entanto, apresentam uma distribuição, via de regra, deficiente, especialmente quando fai-xas largas são empregadas. Atualmente são de utilização muito restrita, havendo relatos de seu emprego nas culturas de cacau, seringueira, coco, dendêebanana,comalgumsucesso.Não são largamente recomenda-dos nem promovidos pela indústria de pulverizadores. Entretanto, são adquiridos por serem baratos e por se constituírem em soluções para terrenos difíceis, onde se tornam economicamente viáveis. Devido ao uso restrito, mais considerações não serão aqui realizadas sobre este tipo de pulverizador.

Os pulverizadores do tipo cortina de ar, ou mais comumente turbopulverizadores, têm se tornado mais populares em culturas arbóreas ou arbustivas que aqueles de mangueiras ou pistolas tradicionalmente utilizados. As aplicações de agrotóxicos nessas culturas têm apresentado desafios particularmente difíceis desde os primórdios da proteção química de plantas, por freqüentemente possuírem copas grandes e densas, com formas variando na estrutura e enfolhamento durante as estações do ano. Nestas condições, a assistência do ar, desde que bem utilizada, pode assegurar uma melhor cobertura dentro e na superfície do alvo. Tal fato, aliado à melhor capacidade operacional, tem sido responsável pela popularização dos turbopulverizadores. O presente capítulo discute os princípios de funcionamento e regulagem deste tipo de pulverizador.

2. Conformação

Os componentes básicos de um turbopulverizador são similares aos dos pulverizadores de barras (Figura 1), com a diferença de que os bicos são colocados em uma barra, vertical ou horizontal, posicionada à frente de uma forte corrente de ar gerada por um ventilador, situado no próprio equipamento e acionado pela tomada de potência (TDP) do trator ou por um motor próprio.

Os tanques dos turbopulverizadores são normalmente elaborados em

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plástico, fibra-de-vidro ou aço inox e possuem capacidade entre 200 e4000 l. A capacidade do tanque montado no trator é limitada pelo máximo peso permitido na traseira do veículo sem afetar sua dirigibilidade. Algumas vezes, a colocação de pesos na frente do trator pode ser necessária para contrabalançar o peso traseiro. Os turbopulverizadores de arrasto são normalmente representados pelo tipo carreta de duas rodas e o tamanho máximo é dado pela capacidade de tração dos tratores nos diferentes terrenos. Neste caso, é recomendável também que tenham uma altura relativamente elevada visando reduzir a possibilidade do ventilador puxar lixo do chão, e que a forma do tanque seja tal que permita ao pulverizador se mover facilmente no interior da cultura.

01. Tanque02. Agitador mecânico03. Filtro04. Bomba05. Regulador de pressão06. Manômetro07. Tubulação de retorno08. Barras09. Bicos

Figura 1:Diagramasimplificadodocircuitohidráulicodeumturbopulverizador.

Ofluxodolíquidodentrodosistemadepulverizaçãoécontroladoporválvulasmultidirecionais,quedirecionamofluxodelíquidoparaosbicosou para o retorno. Nos pulverizadores mais simples, estas válvulas são normalmente de esfera operadas manualmente, mas nos sistemas mais sofisticados,elassãoválvulasdesolenóidesoperadaseletricamente,con-troladas pelo tratorista de dentro da “cabina”.

Abarrapodeserdivididaemseções,eofluxodelíquidoparaelaspodeser também controlado por válvulas multi-direcionais. Tais válvulas, apesar de serem passíveis de utilização em qualquer turbopulverizador, equipam mais comumente aqueles com múltiplos sensores eletrônicos de plantas. Em complemento a elas, existe uma válvula principal ON/OFF, posicionada entreoreguladordepressãoeabarra,aqualdesviatodoofluxoouparaa barra ou para o retorno.

Abarradepulverizaçãocontémosbicos,queseachamfixadospordi-ferentes sistemas. Alguns deles permitem através de um giro de 180º a op-çãodeescolhaentredoisbicos,semanecessidadedevariá-lofisicamen-te,ouaindaofechamentodofluxodelíquidoatravésdobico,possibilitandoo fechamento de bicos selecionados na barra. O formato, normalmente em arco, e o comprimento da barra variam conforme o modelo do pulverizador, mas, em todos eles, é posicionada na saída do ventilador.

Os turbopulverizadores em utilização no Brasil são, em sua grande maioria, equipados com bicos hidráulicos. Tan-to as pontas leque quanto as cônicas podem ser utilizadas, no entanto, as do tipo cônico, vazio e cheio, são as mais comuns (Figura 2). Algumas máquinas são equipadas com bicos de cone ajustável, mas isto não é recomendado devi-do à dificuldade de se obter uniformidade e repetibilidade de regulagens em posições intermediárias.

Atenção

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Figura 2: Detalhe de bico hidráulico para utilização em turbopulverizador

Os ventiladores produzem um fluxo de ar cuja função é transpor-tar as gotas dos bicos até o alvo. A energia para a movimentação dos ventiladores pode ser fornecida ou pela TDP ou por motor próprio do pulverizador. Quando a energia é fornecida pela TDP, o eixo cardam é normalmente ligado a outro eixo que movimenta uma caixa de engrena-gens ligada ao ventilador, através de uma série de correias em “V”. Algu-mas opções de polia podem ser fornecidas pelo fabricante visando alterar a velocidade do ventilador e consequentemente o volume de ar gerado. Em qualquer situação, é importante se observar que o sistema ventilador-bombapodeconsumirgrandequantidadedepotênciadotratorparaseuacionamento, sendo muito importante, portanto, sua correta adequação.

Todo ventilador é dotado de um dispositivo desligador, para ser utilizado durante o abastecimento, agitação da calda durante o traba-lho e também na utilização do equipamento para aplicação com o uso de lanças.Afinalidadedestedispositivoéreduziroconsumodepotênciaem qualquer das situações citadas.

NoBrasil,doisprincipaistiposdeventiladoressãoutilizados:defluxoaxial e radial. O ventiladore de fluxo axial move o ar paralelamente ao eixo do ventilador e, com o auxílio de defletores, expele o ar na forma de um leque perpendicular à direção de caminhamento da máqui-na, passando pela barra de bicos em direção ao alvo. Os ventiladores de fluxo axial movimentam grande volume de ar à baixa pressão e baixa velocidade. Em alguns turbopulverizadores, as pás do ventilador podemserajustadasparaalterarofluxodear.Osdefletorespodemserde simples escoamento ou de duplo escoamento. Os defletores de sim-ples escoamento (Figura 3) em geral apresentam maior concentração de ar nas partes baixas, causada pelo fechamento da abertura de saída do arnaparteinferiordodefletor.Taldefletorérecomendadoparaarbustos(café, videira, etc.). Nos defletores de duplo escoamento (Figura 4) o ar da parte inferior do ventilador é desviado, criando um escoamento de ar complementarquereforçaapartesuperiordojato.Essedefletoréutilizadoquando se necessita atingir o ponteiro de plantas altas. Os ventiladores de fluxo axial equipam a maioria absoluta dos turbopulverizadores, produzindo um volume de ar entre 570 e 870 m3/min, a uma velocidade de deslocamento de 112 a 150 km/h. Nos ventiladores de fluxo radial, as hélices do ventilador impulsionam o ar diretamente em direção ao alvo, passando pela barra de bicos. Este tipo de ventilador é capaz de movimentar o ar a grandes velocidades, no entanto, a velocidade do ar ao longo da cortina formada é bastante desuniforme.

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Figura 3:Defletorcomsimplesescoamentodear

Figura 4:Defletorcomduploescoamentodear

3. Calibração

A utilização de turbopulverizadores baseia-se no princípio da tro-ca do ar seco existente dentro da folhagem por um volume de ar sa-turado de gotículas de calda (Figura 5). O deslocamento do ar seco da copa depende de três variáveis que são os fundamentos dessa técnica: vazão de ar do ventilador, velocidade de deslocamento da máquina e tamanho da copa da árvore. Em função disso, e de condições deaplicaçãoespecíficasdealgumasculturas,turbopulverizadorescomdi-ferentes modelos de turbina podem ser encontrados no mercado brasileiro. Qualquer que seja o tamanho do equipamento ou modelo de turbina, no en-tanto, alguns passos devem ser observados para sua correta calibração.

Antes da Pulverização Durante a Pulverização Após a PulverizaçãoFigura 5: Princípio da utilização dos turbopulverizadores

3.1. Procedimentos pré-calibração Nos turbopulverizadores, a velocidade do ar transportando as gotas é

afetada pela densidade da folhagem, velocidade e direção do vento e, a um menor grau, pela temperatura e umidade relativa. A velocidade de

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Figura 6: Efeitos do mau dimensionamento do volume de ar em turbopulverizadores

Figura 7: Correto dimensionamento do volume de ar em turbopulverizadores

Como dito anteriormente, alguns turbopulverizadores são equipados com duas velocidades do ventilador, a menor produzindo um baixo movimento do ar, o qual é adequado para árvores baixas, enquanto que a maior velocidade se faz necessária, por exemplo, na pulverização de árvores altas com densa cobertura foliar.

Quandoopulverizadorforequipadocomdefletoresdear,estesdevemser ajustados na parte superior e inferior da saída do ventilador, em ambos oslados,deformaaconfinaracortinadearàculturaalvoeevitarqueacalda pulverizada caia no chão ou seja arrastada pelo vento para além das árvores(Figura8).Umcertocuidadoénecessárionoajustedosdefletores,visto que o seu incorreto posicionamento, pode fazer com que interceptem a calda resultando em um desperdício. Pode ser também necessário ajustar o posicionamento dos bicos para que propicie uma correta distribuição da

deslocamento do pulverizador é também importante pois deve-se dar tempo suficiente ao ar e à calda pulverizada para que penetrem na copa e produzam alguma turbulência. Para um determinado equipamento e condição da cultura, velocidades muito baixas resultarão em excesso de ar gerado com perda de produto químico, de tempo e de combustível. Por outrolado,velocidadesmuitoaltasresultarãoemcoberturasineficientes,sem a troca completa do ar interno da planta (Figura 6). Na velocidade adequada, que normalmente não ultrapassa os 4,0 km/h, o ar expelido pelo pulverizador deve ser ajustado para dar a penetração necessária na copa sem, no entanto, carregar um excesso da calda para além do topo ou para o outro lado das árvores, onde ela seria desperdiçada (Figura 7). Em geral, ventiladores grandes e ruas estreitas permitem o uso de velocidades de deslocamento maiores.

Cabe ressaltar também que, nos turbopulverizadores acionados pela tomada de potência do trator (TDP), os ventiladores são dimensionados para gerar o volume de ar adequado às diferentes culturas quando trabalhando a 540 rpm na TDP. Dessa forma, a primeira regulagem a ser realizada é posicionar o acelerador do trator na rotação que corresponda a 540 rpm na TDP. A partir daí, a mudança de velocidades deve estar relacionada apenas com a mudança de marchas e NUNCA COM A MUDANÇA DA ROTAÇÃO.

Atenção

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Figura 8: Direcionamento do ar em turbopulverizadores

3.2. Métodos de calibração Na utilização de turbopulverizadores, duas formas de se expressar

o volume de calda a ser empregado são comuns, em função da cultura: litros/ha (café, uva, etc.) ou litros/planta (citros, manga, etc.). Para qualquer um deles a calibração pode ser feita pelo método das tentativas ou pelo método matemático. O método das tentativas é prático, exige poucos cálculos, mas é relativamente demorado. É recomendado para pessoas com pouco nível de instrução. O método matemático, apesar de exigir mais cálculos que o anterior, é mais prático e rápido, e mais adequado a pessoas mais instruídas.

3.2.1. Método das tentativas Este método consiste basicamente dos seguintes passos:1. 1. encha o tanque do pulverizador até a marca “cheio”. Caso não

haja marca, faça uma.2. 2. área de regulagem (Figura 9)• volumeemL/planta:Marque100covasparaculturasdeportebaixo

(p.e. café) ou 10 para culturas de porte alto (p.e. citros) no terreno a ser tratado.

• volumeemL/ha:Meçaadistânciaentreduaslinhasdeplantio(E)ecalcule quantos metros precisam ser pulverizados para cobrir 100 m2 . (100 ÷ E)

3. escolha a marcha de trabalho.4. ligueatomadadepotência(TDP).5. acelere o motor até a rotação correspondente a 540 rpm na TDP.6. inicie o movimento do trator no mínimo 5 metros antes do ponto

marcado.7. pulverize na área demarcada8. meça a quantidade de água necessária para reabastecer o tanque

do pulverizador até a marca “cheio”. Para medidas precisas, o pulverizador deve estar na mesma posição antes e depois da operação.

9. para obter o volume pulverizado:• por planta: divida o volume pulverizado pelo número de covas

considerado.• porha:multipliqueovolumepulverizadopor100casoaaplicação

esteja sendo realizada nos dois lados da rua simultaneamente, ou por 200 caso a aplicação esteja sendo realizada em apenas um dos lados da rua.

10.leiaabuladoprodutoparaverificarseestataxadeaplicaçãoestádentro dos limites recomendados. Caso não esteja, pequenos ajustes podem ser realizados variando-se a pressão, porém, para ajustes maiores, recomenda-se a troca das pontas de pulverização para pontas de vazões

calda dentro da copa. Bicos que estejam pulverizando sobre o topo do alvo, ou além da faixa de aplicação, devem ser fechados.

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maiores ou menores, conforme a necessidade. Nos casos onde a dosagem do produto é recomendada em concentração (p.e. 150 ml/100 l de água), o volume adequado pode ser visualizado através do início do escorrimento da calda, no caso de folhagens, ou da obtenção da concentração de gotas desejada.

11. leiaabuladoprodutoparaidentificaradosagemrecomendada• seadosagemestiverrecomendadaporhectare.(ex.:3,0l/ha),calcule

a quantidade de produto a ser colocada no tanque a cada reabastecimento em função do volume pulverizado.

• se a dosagem estiver recomendada em concentração (ex.: 150ml/100 l de água), calcule a quantidade de produto a ser colocada no tanque a cada reabastecimento em função da capacidade do tanque.

Figura 9: Regulagem de um turbopulverizador

3.2.2. Método Matemático Este método consiste basicamente dos seguintes passos:1. abasteça o pulverizador.2. marque 50 metros no terreno a ser tratado.3. meça o espaçamento entre plantas (Figura 9): •nalinhadeplantio(e)paravolumeemL/planta •entreduaslinhasdeplantio(E)paravolumeemL/há4. escolha a marcha de trabalho.5. ligueatomadadepotência(TDP).6. acelere o motor até a rotação correspondente a 540 rpm na TDP.7. inicie o movimento do trator no mínimo 5 metros antes do ponto

marcado.8. anote o tempo (T) necessário para o trator, na marcha selecionada,

percorreros50metros.(Emterrenosdetopografiairregular,repitaaope-ração várias vezes e tire a média)

9. calcule a velocidade (V) de trabalho: •emm/sparavolumeemL/planta.(V=50÷T) •emkm/hparavolumeemL/ha.(V=50÷Tx3,6)10.leiaabuladoprodutoparaverificarovolumerecomendado(VR)

para a sua aplicação. 11. determine a vazão necessária (Q), em litros por minuto, para que a

barra de bicos pulverize a quantidade desejada de calda por planta, através de uma das seguintes fórmulas:

•volumerecomendadoemL/planta

60 x V x VRQ = ----------------- e

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onde:Q = vazão da barra de bicos (l/min)V = velocidade (m/s)VR = volume recomendado (l/planta)e = espaçamento entre plantas na linha (m) •volumerecomendadoeml/ha V x VR x EQ = ----------------- onde: 600 Q = vazão da barra de bicos (l/min)V = velocidade (km/h)VR = volume recomendado (l/ha)E = espaçamento entre duas linhas de cultura (m) •quandooturbopulverizadorestiverpulverizandoapenasumdos

lados da rua, considerar metade do volume desejado. (VR = VR/2)12.verifiqueonúmerototaldebicosnabarradepulverização(NB).13. determine a vazão necessária por bico (q), em litros por minuto,

para que a barra de bicos pulverize a quantidade desejada de calda por planta. (q = Q/NB)

14. procure na tabela fornecida pelo fabricante da ponta selecionada, qual o tamanho e pressão de trabalho necessários para obter a vazão de-sejada.

15. com o trator parado, na rotação selecionada, abra os bicos e regule apressãodetrabalhoparaapressãoespecificada.

16. faça uma breve checagem visual do padrão de pulverização das pontas e do seu alinhamento.

17. colete o volume pulverizado por um bico durante um minuto (q).18. repita essa operação em vários bicos para obter a taxa de aplicação

média.19.asvazõesobservadasnãodevemvariarmaisque10%davazão

médiaeessamédianãodevevariarmaisque10%davazãoencontradano passo 13. Caso isto ocorra, troque as pontas.

20.leiaabuladoprodutoparaidentificaradosagemrecomendada •seadosagemestiver recomendadaporhectare. (ex.:3,0 l/ha),

calcule a quantidade de produto a ser colocada no tanque a cada reabas-tecimento em função do volume pulverizado.

• seadosagemestiver recomendadaemconcentração (ex.:150ml/100 l de água), calcule a quantidade de produto a ser colocada no tan-que a cada reabastecimento em função da capacidade do tanque.

As fórmulas citadas no passo 11 são bastante úteis e, apesar de um pouco complicadas para utilização por agricultores de baixa escolaridade, constituem uma ferramenta muito importante a ser utilizada por técnicos e agrônomos, por permitir que se trabalhe com qualquer uma das variá-veis da pulverização, na determinação das condições mais adequadas de aplicação. Normalmente, a utilização destas fórmulas permite que o tem-po necessário para a regulagem seja consideravelmente reduzido quando comparado com o do método das tentativas.

4. Considerações finais

A utilização de turbopulverizadores possui algumas peculiaridades em relação aos demais tipos de pulverizadores que não devem ser ignoradas. O transporte das gotas, por exemplo, é realizado pela corrente de ar, o que torna necessário que não sejam muito grandes. Gotas grandes tornam-se pesadas e, portanto, de difícil transporte, depositando-se

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nas partes mais externas da planta, prejudicando a deposição no seu interior. Por outro lado, gotas muito finas podem evaporar mais ra-pidamente ou serem perdidas por correntes de convexão, caso não sejam retidas pelo alvo. O tamanho de gota mais adequado varia de cultura para cultura, sendo o mais sensato avaliar a deposição das gotas no alvo, por meio de métodos como a utilização de papel hi-drossensível, corantes ou traçantes fluorescentes.

De qualquer forma, pulverizações finas ou médias deverão ser uti-lizadas, fazendo com que os fatores ambientais interfiram de forma significativa na eficiência da operação.

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5. Literatura Consultada

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