37
São Carlos 2016 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DE TÊMPERA COM REVENIMENTO NA DUREZA DOS AÇOS SAE 5160 E SAE 9254. TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVES GUSTAVO BULDRINI TEIXEIRA

TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

  • Upload
    others

  • View
    6

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

SãoCarlos2016

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DE TÊMPERA COM REVENIMENTO NA DUREZA DOS AÇOS SAE 5160 E SAE 9254.

TECNOLOGIAEMMANUTENÇÃODEAERONAVES

GUSTAVOBULDRINITEIXEIRA

Page 2: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

Tecnologia em Manutenção de Aeronaves

Gustavo Buldrini Teixeira

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DE TÊMPERA COM REVENIMENTO NA DUREZA DOS

AÇOS SAE 5160 E SAE 9254.

São Carlos - SP 2016

Page 3: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços
Page 4: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

Gustavo Buldrini Teixeira

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO TÉRMICO DE TÊMPERA COM REVENIMENTO NA DUREZA DOS AÇOS SAE 5160 E SAE 9254.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus São Carlos, visando à obtenção do grau de Tecnólogo em Manutenção de Aeronaves.

Orientador: Prof. Me. Roberto Ramon Mendonça

São Carlos - SP 2016

Page 5: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços
Page 6: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

GUSTAVO BULDRINI TEIXEIRA

INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO

TÉRMICO DE TÊMPERA E

REVENIMENTO NA DUREZA DOS

AÇOS SAE 5160 E SAE 9254

Monografia apresentada ao Instituto Federal de

São Paulo — campus São Carlos, como parte

das exigências para a conclusão do Curso

Superior de Tecnologia em Manutenção de

Aeronaves.

Data de aprovação:

Me. Roberto Ramon Mendonça

Instituto Federal de São Paulo

Me. Athos Henrique Plaine

Instituto Federal de São Paulo

Me. João Fiore Parreira Lovo

Universidade de São Paulo

29

Page 7: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços
Page 8: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

Dedico este trabalho a Deus.

A minha família, namorada, amigos

e a todos que contribuíram direta

ou indiretamente na minha formação.

Page 9: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus.

A minha família, os meus melhores amigos e

meu porto seguro, pelos conselhos e todo o apoio.

A Natalia, pelo incentivo e compreensão,

com toda a paciência e companheirismo.

Ao meu orientador Prof. Me. Roberto R. Mendonça,

por toda instrução e encorajamento,

pelo seu papel fundamental no desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus amigos, por todo o suporte,

toda a disponibilidade para ajuda e

pelos momentos de descontração.

Page 10: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

RESUMO

Os aços SAE 5160 e SAE 9254 são comumente empregados como molas no sistema de suspensão de veículos. Atualmente, o principal tratamento térmico para a produção dessa aplicação consiste na já consagrada têmpera seguida pelo revenimento que confere, dentre várias características importantes para esses materiais, uma boa resistência à fadiga e aumento da dureza. Entretanto, pouco se encontra na literatura sobre as proporções dessa mudança para este tipo de aplicação. Sendo assim, este trabalho visa realizar o estudo da influência do tratamento térmico de têmpera e revenimento, na dureza do material. O teste de dureza Rockwell classe C foi efetuado com fins comparativos, verificando, após o tratamento térmico, alterações de 31,60 % na dureza média do aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços como recebidos/normalizados. Palavras-chave: SAE 5160. SAE 9254. Têmpera e Revenimento. Ensaio de Dureza.

Page 11: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

ABSTRACT

SAE 5160 and SAE 9254 steels are commonly used as springs in the vehicle suspension system. Currently, the main heat treatment for the production of this application consists of the already consecrated quenching followed by tempering that gives, among several important characteristics for these materials, a good resistance to fatigue and increase of hardness. However, not much can be found in the literature on the proportions of this change for this type of application. Therefore, this work aims to study the influence of quenching and tempering on the material hardness. The Rockwell class C hardness test was performed for comparative purposes, after heat treatment, changes of 31.60% in the average hardness of SAE 9254 steel and 29.84% in hardness of SAE 5160 steel in relation with the hardness of steels as received/standardized. Key-Words: SAE 5160. SAE 9254. Quenching and Tempering. Hardness Test.

Page 12: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Principais tipos de molas existentes e utilizados na indústria. ....................................... 1 Figura 2 - Sistema de amortecedor convencional. ......................................................................... 2 Figura 3 - Diferentes tipos de molas helicoidais, sendo: em vermelho molas utilizadas na

dianteira dos veículos e em azul, as utilizadas no amortecimento traseiro dos automóveis. .. 5 Figura 4 - Um dos primeiros tipos de molas feitos para uso em carruagens do século XV e XVI. 6 Figura 5 - Mola de torção. .............................................................................................................. 6 Figura 6 - Sistema de suspensão em fibra de carbono para veículos de alto desempenho............. 7 Figura 7 - Automação na indústria de molas. ................................................................................. 9 Figura 8 – Diagrama de transformação isotérmica completo para uma liga de Ferro-Carbono com

composição eutetóide utilizado para indicar a rota de tratamento térmico de Têmpera e Revenimento (I). .................................................................................................................... 11

Figura 9 - Método do ensaio de dureza Rockwell. ....................................................................... 12 Figura 10 – Efeito da quantidade de carbono na dureza dos aços. ............................................... 13 Figura 11 - Barras de aços-mola como recebido sendo as superiores, aço SAE 5160 e as

inferiores SAE 9254. ............................................................................................................. 14 Figura 12 - Forno de tratamento térmico. ..................................................................................... 15 Figura 13 - Distribuição dos 7 pontos de endentação na seção transversal do corpo de prova.... 15 Figura 14 - Equipamento de Ensaio de Dureza Rockwell Leco RT-240. .................................... 16 Figura 15 - Gráfico comparativo do Aço 5160. ........................................................................... 18 Figura 16 - Gráfico comparativo do Aço 9254. ........................................................................... 18

Page 13: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Materiais comuns para molas......................................................................................... 3 Tabela 2 - Efeito básico dos elementos de liga. .............................................................................. 7 Tabela 3 - Faixa de composições comumente utilizadas ao redor do mundo para aços mola. ....... 8 Tabela 4 – Dimensões dos aços. ................................................................................................... 14 Tabela 5 - Valores de Dureza Rockwell C e Vickers obtidas. ...................................................... 17

Page 14: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ADI Austempered Ductile Iron AISI American Iron and Steel Institute ASTM American Society for Testing and Materials Hb High Viscosity B HRC Hardness Rockwell C HV Hardness Vickers SAE Society of Automotive Engineers TCC Tetragonal de Corpo Centrado TeP Têmpera e Partição

Page 15: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1

1.1 SELEÇÃO DOS MATERIAIS USADOS EM MOLAS .......................................................................... 2 1.2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................... 3 1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 3

1.3.1 Objetivos específicos ................................................................................................................... 4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................... 5 2.1 AS MOLAS ................................................................................................................................ 5

2.1.1 A evolução das molas .................................................................................................................. 5 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS ........................................................................................................ 7

2.2.1 Elementos de Composição Química ............................................................................................ 7 2.3 MANUFATURA DOS AÇOS-MOLA .............................................................................................. 9 2.4 TRATAMENTOS TÉRMICOS NOS AÇOS MOLA ........................................................................... 10

2.4.1 Têmpera e Revenimento ........................................................................................................... 10 2.5 PROPRIEDADES DOS AÇOS-MOLA ........................................................................................... 11

2.5.1 Ensaio de Dureza Rockwell ........................................................................................................ 12

3 METODOLOGIA ................................................................................................................. 14 3.1 MATERIAIS ............................................................................................................................. 14 3.2 MÉTODOS .............................................................................................................................. 14

3.2.1 Tratamento térmico ............................................................................................................... 14 3.2.2 Ensaio de Dureza ................................................................................................................... 15

4 RESULTADOS ..................................................................................................................... 17

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 20

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 21

Page 16: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

1

1 INTRODUÇÃO

Devido às suas características, como fácil obtenção, baixo custo de produção, possibilidade de alteração de propriedades, fácil reciclagem e muitas outras, o aço continua sendo o principal material usado pelo homem há séculos (METAL, 2016). Como se sabe também, o aço é o principal material da indústria mecânica.

Dentre suas várias aplicações, há uma classe específica de aços que, desde a criação dos primeiros veículos automotores, é muito requisitada: os aços mola. As molas são elementos de máquinas que são utilizadas para, segundo Norton (2013), “...prover um intervalo de força dentro de um espaço significativo de deflexão e/ou para armazenar energia potencial.”.

Os aços selecionados para a utilização em molas devem possuir características específicas, como alto ponto de escoamento, alta resistência ao impacto e à fadiga, bem como um baixo módulo de elasticidade, que está relacionado diretamente com a rigidez do material (CARLSON, 1978).

Para Adetunji et al. (2012), uma mola é definida como um corpo elástico, que tem como função se deformar quando carregada e se recuperar, voltando à sua forma original, quando a tensão for retirada. Existem diversos tipos de molas, ver Figura 1, cada qual tendo uma finalidade específica.

Figura 1- Principais tipos de molas existentes e utilizados na indústria.

Fonte: NORTON (2013).

No caso deste trabalho, serão estudadas as molas utilizadas no conjunto de amortecimento dos veículos, que tem como principal função, absorver os impactos causados pelas irregularidades do piso, suportar o peso e conferir altura ao veículo, garantindo segurança e conforto ver Figura 2.

Page 17: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

2

Figura 2 - Sistema de amortecedor convencional.

Fonte: AA SILENCERS (2014).

1.1 SELEÇÃO DOS MATERIAIS USADOS EM MOLAS

As características básicas para a seleção de materiais para molas que devem ser consideradas são:

x Propriedades mecânicas estáticas: resistência à tração, limite elástico, limite de deflexão da mola, dureza e módulo elástico;

x Propriedades dinâmicas: resistência à fadiga; x Fluência ou relaxação; x Resistência à corrosão; x Casos especiais: condutividade elétrica ou magnética. x Histerese.

Os materiais utilizados para molas podem também ser divididos em (i) materiais que sofrem

tratamento térmico durante o processo de conformação, em que a mola estará em altas temperaturas e (ii) materiais que as propriedades mecânicas são obtidas após o material ter sido conformado (YAMADA 2007). De maneira que (ii) possui uma desvantagem econômica, uma vez que necessita de dois processos distintos para a produção e, sendo assim, energia é gasta em forma de calor para reaquecer e finalizar o processamento dos materiais.

No caso (i), o tamanho do componente a ser produzido é relativamente grande (no caso, o diâmetro ou espessura), uma vez que o trabalho é realizado à quente. O contrário acontece em (ii), em que o tamanho da peça deve ser menor, uma vez que o processo de conformação à frio requer

Page 18: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

3

forças maiores e devido a um tratamento térmico anterior que gerou um aumento da resistência mecânica da peça.

As melhorias e avanços na ciência dos materiais, têm trazido diversos benefícios para a indústria de molas, conseguindo aços com resistência à tração que podem facilmente ultrapassar os 1500 MPa em ensaios de tração (SANDVIK AB, 2016).

1.2 JUSTIFICATIVA

Segundo a literatura, os aços mais comuns utilizados para a produção de molas na indústria são apresentados na Tabela 1. Nela, é possível observar a nomenclatura desses aços, seus principais elementos e suas propriedades mecânicas.

Tabela 1 - Materiais comuns para molas.

Fonte: CARLSON (1978); YAMADA (2007) e NORTON (2013). Adaptado.

Dentre os possíveis materiais apresentados na tabela acima, serão estudados neste projeto dois aços utilizados em uma multinacional que possui filial no Brasil, devido ao seu amplo uso como aços-mola em sistemas de suspensão de veículos. Estes são aços-liga baseados nas normas SAE (Society of Automotive Engineers) ou AISI (American Iron and Steel Institute) 5160 e 9254, que tem grande aplicabilidade em molas (SILVA; MEI, 2010; VILLARES METALS S.A, 2015).

As propriedades dos materiais são determinadas pela sua microestrutura, processamento e composição química. Assim, propriedades mecânicas diferentes podem ser obtidas por modificações nos ciclos de tratamento térmico, sendo justificável a aplicação do ensaio de dureza para avaliar alterações da microestrutura do material (ADETUNJI et al., 2012).

O tratamento térmico mais comumente utilizado na indústria de molas é a têmpera com posterior revenimento (NORTON, 2013). Para estudo de desempenho, torna-se necessário avaliar esse processo para a aplicação em molas automotivas, sendo esta a proposta do presente trabalho.

1.3 OBJETIVOS

Avaliar a propriedade mecânica de dureza dos aços SAE 5160 e SAE 9254 após o tratamento térmico de têmpera e revenimento.

Page 19: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

4

1.3.1 Objetivos específicos

Após a obtenção dos aços comerciais SAE 5160 e SAE 9254 na condição “como recebido”, proveniente de uma empresa parceira do projeto, foram determinados os seguintes objetivos específicos:

a) Avaliação do estado inicial dos dois materiais através de seus processos de produção, no que diz respeito à sua dureza.

b) Tratar termicamente os aços através do processo de têmpera com posterior revenimento.

c) Reavaliação da propriedade mecânica de dureza.

Page 20: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 AS MOLAS

De acordo com Wahl (1963): “Uma mola pode ser definida como um corpo elástico que tem como função primária sofrer uma flexão ou torção sob ação de uma tensão (ou ainda absorver energia), e que recupera sua forma original quando essa tensão for retirada.”.

Se observado quão amplo é esta conceituação, é possível avaliar diversos itens do cotidiano considerados como molas. Um exemplo simples seria a atuação de um tênis, pois quando submetido às cargas impostas pelo peso ao caminhar do usuário, deforma-se e volta a forma original em instantes, absorvendo impacto.

Dessa forma, devido à variedade existente de molas, neste projeto foi escolhido o foco nas molas de compressão helicoidais para uso automotivo, como apresentado na Figura 3. Essas molas são muito utilizadas por esta indústria devido às suas propriedades atrativas para esta aplicação específica (PORTEIRO, 2010), suportando grandes cargas de trabalho durante seu ciclo de vida pré-determinado próximo aos 40 mil quilômetros de rodagem média em um carro popular. (ORTIZ, 2014). Figura 3 - Diferentes tipos de molas helicoidais, sendo: em vermelho molas utilizadas na dianteira dos veículos e em

azul, as utilizadas no amortecimento traseiro dos automóveis.

Fonte: RASSINI NHK (2015)

No que diz respeito ao projeto de uma mola para esta aplicação, os princípios básicos são (SILBERSTEIN, 2015):

x Quanto mais denso o arame, mais forte será a mola. x Quanto menor a espiral, mais forte será o efeito mola. x Quanto mais espiras, menos carga necessária para mover a mola em certa distância.

2.1.1 A evolução das molas

Tendo as molas como parte crucial em diversos conjuntos mecânicos da atualidade, praticamente todos os equipamentos utilizados pela população se beneficiam de alguma forma desses elementos de máquina. Alguns artigos estudando as molas datam dos anos 1770 e até os dias atuais ainda se estuda melhorias desse dispositivo.

Não se sabe ao certo a data precisa de quando foi criada a primeira mola como conjunto mecânico. Alguns artefatos mais sofisticados são datados da Idade do Bronze, no qual ocorreu o

Page 21: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

6

desenvolvimento da liga de bronze, resultante da mistura de cobre com estanho, entre 3300 a.C. até 700 a.C. (BLOIS; SPEK, 2008).

No período de guerra, um exemplo de aplicação na área militar eram as catapultas usadas para atacar os inimigos, as quais eram feitas utilizando molas. Usos mais modernos de molas vieram de invenções como fechaduras e relógios, datados dos séculos XV e XVI, além do uso nas suspensões de carruagens, como apresentado na Figura 4 (PORTEIRO, 2010). Com o advento da Revolução Industrial no século XVIII, os métodos, materiais e técnicas de fabricação desenvolvidos na época permitiram a produção em massa das molas, como a mola de torção observada na Figura 5 (PORTEIRO, 2010).

Figura 4 - Um dos primeiros tipos de molas feitos para uso em carruagens do século XV e XVI.

Fonte: PORTEIRO (2010).

Figura 5 - Mola de torção.

Fonte: PORTEIRO (2010).

Hoje, o principal material utilizado para a produção de molas são os chamados “aços-mola”,

materiais que devem possuir propriedades específicas para seu uso. Esses aços podem ser trabalhados a frio ou a quente, em função das necessidades e do diâmetro desejado (BUDYNAS; NISBETT, 2014; MARGHITU, 2001).

Neste contexto, o desenvolvimento de novos materiais, processos e métodos de fabricação são extensamente estudados nas universidades e centros de pesquisa de todo o mundo. Com o surgimento de materiais compósitos, uma recente aplicação é a construção de molas em fibra de carbono para utilização em carros de competição devido a sua menor densidade em relação ao aço (PORTEIRO, 2010; CHOI, 2011), ver Figura 6.

Page 22: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

7

Figura 6 - Sistema de suspensão em fibra de carbono para veículos de alto desempenho.

Fonte: HYPERCO MW INDUSTRIES, INC. Devido ao seu alto custo, complexidade de manufatura e de manutenção, as molas

fabricadas com materiais compósitos ainda têm seu uso restrito. Sendo assim, os aços-mola são largamente empregados para aplicação em sistemas de suspensão em veículos populares. 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS

Devido à grande variedade de tipos de aços, sistemas de classificação foram criados para facilitar sua catalogação. Sendo assim, eles podem ser divididos em grupos com base em propriedades semelhantes provenientes de suas composições químicas (como aços-carbono e aços-liga), processos de manufatura (a quente e a frio) e formato do produto acabado (chapas grossas e finas, barras e tubos, por exemplo). 2.2.1 Elementos de Composição Química

Normalmente os aços-mola possuem uma quantidade maior do elemento carbono do que outros aços, tendo sua quantidade em torno de 0,6 % em massa. Além disso, os outros elementos existentes na crosta terrestre influenciam, direta ou indiretamente, nas propriedades físicas e mecânicas dos materiais. Na Tabela 2 a seguir, são apresentadas essas interferências nos aços de acordo com introdução de cada elemento específico na liga, segundo Carlson (1978), Yamada (2007), Maalekian, (2008) e Silva; Mei (2010).

Tabela 2 - Efeito básico dos elementos de liga.

Elementos Efeitos nos aços Alumínio (Al) Refina os grãos do cristal e endurece a superfície quando em nitretação. Boro (B) Aumenta sua dureza e previne fragilidade em baixas temperaturas. Cobalto (Co) Aumento da dureza em ferramentas de corte de alta velocidade. Cromo (Cr) Aumenta a resistência à tração, dureza e tenacidade. Além de aumentar

a penetração da dureza e a resistência à corrosão. É um importante elemento nos aços inoxidáveis em quantidades variando de 12 a 20%.

Fósforo (P) e Enxofre (S) Eles reduzem a resistência à tração, ductilidade, impacto e aumentam a fragilidade. Por essas razões há uma tentativa de deixá-los nos níveis mais baixos possíveis.

Page 23: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

8

Manganês (Mn) Melhora a formabilidade dos aços e aumenta sua dureza. A quantidade que aparece nos aços molas varia de 0.6 a 1.20% de Mn. Sendo o mínimo encontrado de 0.3%

Molibdênio (Mo) Aumenta a penetração da dureza, sua tenacidade e a capacidade de trabalhar em altas temperaturas.

Nióbio (Nb) Refina os grãos do cristal. Níquel (Ni) Aumenta sua dureza e previne fragilidade em baixas temperaturas. Silício (Si) É responsável pelo aparecimento de determinadas fases durante os

tratamentos térmicos, aumenta a resistência à tração e facilita o trabalho a quente do material. É importante ressaltar que este elemento aparece em quantidades que variam de 0.1 a 0.3% em grande parte dos aços, porém frequentemente encontram-se aços com quantidades superiores à esta, variando de 1.80 a 2.20%. Com quantidades maiores, aumenta-se a resistência à tração sem comprometimento da ductilidade e tenacidade, além de facilitar o trabalho à quente do material. Usa-se em associação com o elemento Mn, criando as chamas ligas de silício-manganês, muito importante nos estudos dos aços-mola e também neste trabalho.

Tungstênio (W) É utilizado em aços ferramenta, em que uma elevada dureza é necessária. Quando empregado em conjunto com outros elementos, pode se tornar um material com maior dureza em altas temperaturas.

Vanádio (V) Aumenta a resistência à tração, tenacidade e a capacidade do material de suportar impactos e choques.

Fonte: CARLSON (1978), YAMADA (2007), MAALEKIAN (2008) e SILVA e MEI (2010). Adaptado.

Além dos materiais supracitados, o carbono possui um grande papel nas ligas metálicas. Como se sabe, ele é um dos principais elementos no aço e aumenta a resistência à tração, ponto de escoamento e dureza, porém reduz a ductilidade, tenacidade e resistência ao impacto.

Em raros casos, observa-se aços-mola com teor de carbono superior a 1,05 % massa, uma vez que quantidades maiores causam fragilidade sem aumento significativo na dureza (CHIAVERINI, 2012; YAMADA, 2007). Existem diversas ligas que podem ser usadas como aços-mola, a Tabela 3 mostra algumas das principais faixas de composições usadas para este fim.

Tabela 3 - Faixa de composições comumente utilizadas ao redor do mundo para aços mola.

Fonte: YAMADA (2007). Adaptado.

Classe (SAE)

%Composição Química Composição do Sistema

C Si Mn P S Cr Mo V B

1075 0.75 - 0.90

0.15 -0.35

0.30 - 0.60

≤ 0.035

≤ 0.035 - - - - Aço com alto teor

de carbono

9260 0.56 - 0.64

1.80 - 2.20

0.70 - 1.00 ≤ 0.035 ≤ 0.035 - - - - Aço Si-Mn

5155 0.52 - 0.60

0.15 - 0.35

0.65 - 0.95 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.65 -

0.95 - - - Aço Mn-Cr

5160 0.56 - 0.64

0.15 - 0.35

0.70 - 1.00 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.70 -

1.00 - - -

6150 0.47 - 0.55

0.15 - 0.35

0.65 - 0.95 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.80 -

1.10 - 0.15 -0.25 - Aço Cr-V

51B60 0.56 - 0.64

0.15 - 0.35

0.70 - 1.00 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.70 -

1.00 - - ≤ 0.0005 Aço Mn-Cr-B

9254 0.51 - 0.59

1.20 - 1.60

0.60 - 0.90 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.60 -

0.90 - - - Aço Si-Cr

4161 0.56 - 0.64

0.15 - 0.35

0.70 - 1.00 ≤ 0.035 ≤ 0.035 0.70 -

0.90 0.25 - 0.35 - - Aço Cr-Mo

Page 24: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

9

Um enfoque especial deve ser dado as ligas SAE 5160 e 9254, uma vez que estas foram utilizadas para a realização desta pesquisa. Ambas apresentam porcentagens próximas de carbono (0,51 a 0,64 % massa), manganês (0,60 a 1,00 % m), fósforo (≤0,035 % m), enxofre (≤0,035 % m), e cromo (0,60 a 1,00 % m), sendo a maior quantidade de silício no SAE 9254 a diferença entre elas. 2.3 MANUFATURA DOS AÇOS-MOLA

O processamento dos aços-mola é o mesmo de qualquer outro aço em uma indústria siderúrgica, passando pelo alto forno e aciaria. Suas rotas de processamento completas podem ser obtidas em diversas literaturas (CARLSON, 1978; YAMADA, 2007; MURRAY, 1997; COLPAERT; SILVA, 2008).

Em relação à conformação, até então, praticamente todas as molas eram feitas em tornos mecânicos, conformados a frio. Ainda hoje utilizam-se destes equipamentos, porém a tecnologia trouxe avanços significativos nesta área. O principal diferencial encontra-se na automação, que dominou o setor, trazendo eficiência, segurança e melhoria da qualidade, como é possível observar na Figura 7.

Figura 7 - Automação na indústria de molas.

Fonte: RASSINI NHK (2015)

Diversos métodos e projetos de produção e conformação de molas surgiram no meio de

século XX (LAHER SPRING AND TIRE CORP, 1950). Atualmente, para a confecção de uma mola de compressão utilizada nas suspensões de veículos, primeiramente as barras são aquecidas em fornos que podem ser de indução ou a gás, com temperatura de patamar variando entre 940°C e 980°C e em seguida levadas para um torno adaptado, aonde ocorrerá a conformação. Neste ponto a barra é enrolada no formato da mola. Após conformada, a mola é levada para o banho de têmpera e, então, a temperatura do material estará em torno de 880°C. A temperatura do óleo de têmpera gira em torno de 60°C a 80°C e sua

Page 25: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

10

viscosidade é de 415 a 477 Hb. Após resfriada é aquecida novamente, dessa vez para realizar o revenimento, a uma temperatura de 650 °C. No caso da indústria que apoia este trabalho, todas as etapas são automatizadas e realizadas por robôs, onde a cada 35 segundos uma mola é produzida.

Assim como outros aços produzidos, os aços-mola também sofrem tratamentos térmicos com o intuito de garantir a sequência de processos posteriores, após o lingotamento contínuo. Os tratamentos mais comuns são recozimento e esferoidização, sendo que até mesmo normalização pode ser realizada (YAMADA, 2007).

2.4 TRATAMENTOS TÉRMICOS NOS AÇOS MOLA

Os tratamentos térmicos são métodos de processamento altamente difundidos na indústria. Desses, o mais utilizado é a têmpera com posterior revenimento, que proporcionam aos aços as características necessárias para sua aplicação já descritas nos tópicos anteriores.

Existe também o processo de austêmpera, que possibilita a formação de aços com estrutura bainítica a qual possui características muito interessantes do ponto de vista das suas propriedades mecânicas (LEFEVRE; HAYRYNEN, 2013; SAXENA et al., 2006). Inicialmente, usou-se este processo nos ferros fundidos, em um tratamento chamado de ADI (Austempered Ductile Iron) e, atualmente, ocorre uma migração no uso deste processo para aços (PÁEZ; FUENTES; BATTAGLIESE, 1996; MANDAL et al., 2009).

Em 2002, o Prof. John Speer da Universidade do Colorado nos EUA, utilizou uma nova rota de processamento para a obtenção de uma estrutura que continha uma certa quantidade da fase austenita retida. Este novo processo ficou conhecido por Têmpera e Partição (TeP) e é muito estudado desde então (MARTINS, 2007).

A seguir, serão apresentados maiores detalhes sobre o tratamento térmico por meio de têmpera e revenimento. Esse processo foi escolhido por sua simplicidade e eficiência para atingir as propriedades necessárias em um aço-mola.

2.4.1 Têmpera e Revenimento

Os aços utilizados para molas eram tratados apenas pelo processo de têmpera e revenimento. A escolha dessa rota de processamento se dá pelas ótimas características mecânicas que são possíveis obter nesses materiais.

A têmpera é um dos processos de aumento de resistência mecânica dos aços mais antigos conhecidos pelo homem. Suas etapas consistem, basicamente, de um aquecimento à altas temperaturas atingindo a temperatura de austenitização do aço, acima de 760 °C (CALLISTER, 2000), seguida por posterior resfriamento rápido em meios diversos (óleo, água, sal, etc). Dessa forma, a estrutura básica encontrada em um aço temperado será a martensita, que possui alta resistência mecânica e dureza (HTUN; KYAW; LWIN, 2008).

Em seguida, é comum levar o aço novamente ao forno, dessa vez em uma temperatura mais baixa, com objetivo de aumentar sua tenacidade e ductilidade, em um processo chamado de revenimento.

A Figura 8 apresenta o ciclo de processamento dos aços na têmpera e posterior revenimento (I) para uma liga ferro-carbono com composição eutetóide.

Page 26: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

11

Figura 8 – Diagrama de transformação isotérmica completo para uma liga de Ferro-Carbono com composição eutetóide utilizado para indicar a rota de tratamento térmico de Têmpera e Revenimento (I).

Fonte: CALLISTER 2000. Adaptado.

2.5 PROPRIEDADES DOS AÇOS-MOLA

Segundo Yamada (2007), alguns dos itens básicos para a seleção dos materiais usados em molas são:

x Materiais e processos que atendam requisitos de qualidade; x Disponibilidade do material; x Baixo custo; x Reciclagem; x Baixo nível de poluição; x Segurança.

No que diz respeito as funções básicas de uma mola: x Quando retirada a carga, a mola deve voltar a sua forma e posição original; x Deve absorver vibração; x Deve ocorrer relaxação ou absorção de forças impactantes; x Armazenamento de energia.

Com relação às propriedades mecânicas, é necessário que este possua as seguintes características, segundo Chiaverini (2004):

x Alto ponto de escoamento, para evitar que haja deformação plástica após altas cargas aplicadas;

x Baixo módulo de elasticidade, para favorecer um trabalho constante da mola na região elástica;

x Alto limite de fadiga, que é a falha mais comum apresentada nas molas; x Resistência ao impacto, uma vez que as molas utilizadas em projetos mecânicos,

como por exemplo nos automóveis, normalmente sofrem este tipo de carregamento.

Page 27: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

12

Outras propriedades são comumente requeridas, como por exemplo a resistência à corrosão. Entretanto, serão focadas neste trabalho a propriedade básica de dureza em uma mola e que, sem ela, estes dispositivos não poderiam ser aplicados como tal.

2.5.1 Ensaio de Dureza Rockwell

Segundo Callister (2000), a propriedade mecânica da dureza está relacionada à propensão do material à deformação plástica localizada, isto é, a resistência que um material determinado oferece às pequenas impressões, penetrações e riscos.

Dentre os diversos tipos de ensaios de dureza possíveis, como Brinell (HB), Vickers (HV), Knoop (HK) entre outros, foi selecionado o Rockwell (HR) em escala C. Este último se caracteriza por atingir cargas próximas a 140 kgf, sendo assim, utilizado para ensaios em aços endurecidos, ferro fundido e titânio, por exemplo.

No ensaio de dureza é aplicada uma força superficial no material a ser analisado. Essa carga, por sua vez, é empregada por um agente penetrador padronizado que produz uma endentação no material. Com isso, a variação da força exercida para a máquina penetrar o material é catalogada.

No ensaio Rockwell C, o endentador é feito com diamante e possui formato de cone com ângulo de 120°. Na Figura 9 é mostrado o procedimento do ensaio, onde o endentador é pressionado contra a superfície do corpo de prova com uma pré-carga F0, de 10 Kgf até ser atingido um equilíbrio devido à quebra da interface do material em e. Ainda com a pré-carga aplicada, uma nova carga (F1) é introduzida, aumentando a penetração para E. Após alcançar novamente equilíbrio essa carga é removida, mantendo F0.

Figura 9 - Método do ensaio de dureza Rockwell.

Fonte: RODRIGUES, 2016. A retirada de F1 provoca uma recuperação parcial elástica, reduzindo altura da penetração,

com isso, a profundidade não-recuperada é utilizada para calcular o valor da dureza Rockwell por meio da Equação (1) abaixo.

HR = E - e (1)

Onde: HR é o valor da dureza Rockwell; E, a constante que depende do formato do endentador (sendo 100 para endentador de diamante); e, por último, e é o aumento permanente da profundidade de penetração devido à carga F1, medido em unidades de 0,002 mm.

Nos metais, características microestruturais como tamanho de grão e direções cristalográficas, assim como trabalho a frio e os elementos de liga influenciam no aumento da dureza.

Page 28: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

13

Como visto na seção 2.2.1, os aços têm suas propriedades afetadas devido à presença de elementos de liga. A Figura 10 é um gráfico comparativo do efeito da quantidade de carbono na dureza dos aços temperados. Em sua grande maioria, os aços-carbono irão apresentar quantidades que variam entre 0.50 a 0.65 %massa desse elemento, fazendo com que sua dureza seja maior do que um aço-liga quando temperado.

Figura 10 – Efeito da quantidade de carbono na dureza dos aços.

Fonte: YAMADA (2007).

Page 29: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

14

3 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos propostos será utilizada a metodologia apresentada a seguir. 3.1 MATERIAIS

Foram escolhidos dois tipos de aços-mola para avaliação da dureza. Os aços SAE 5160 e SAE 9254 foram obtidos por doação de uma empresa internacional com filial no estado de São Paulo e os materiais como recebido/normalizados apresentam as dimensões organizadas na Tabela 4, seguida pela fotografia das barras na Figura 11.

Tabela 4 – Dimensões dos aços.

SAE 5160 SAE 9254 Comprimento da barra (mm) 144,00 111,50

Seção transversal (mm) 13,50 14,00 Fonte: Próprio autor

Figura 11 - Barras de aços-mola como recebido sendo as superiores, aço SAE 5160 e as inferiores SAE 9254.

Fonte: Próprio autor. As barras foram cortadas com 240 mm de comprimento, utilizando uma serra manual, para tratamento térmico e, posteriormente, em corpos de prova de 30 mm para análise da dureza, mantendo a seção transversal original.

3.2 MÉTODOS

3.2.1 Tratamento térmico

O tratamento térmico de têmpera e revenimento foi efetuado com o objetivo de simular o que já é realizado atualmente na indústria, porém não tão presente na literatura sobre suas intervenções nas propriedades dos materiais.

As barras de aço foram tratadas termicamente utilizando um forno disponível no Departamento de Engenharia de Materiais (SMM), EESC-USP como pode ser visto na Figura 12.

Page 30: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

15

Figura 12 - Forno de tratamento térmico.

Fonte: Próprio autor.

Os aços foram aquecidos a temperaturas próximas a 950 °C com posterior resfriamento em óleo a 70 °C. Em seguida foram reaquecidos até 650 °C e resfriados no ambiente, como descrito na seção 2.3. 3.2.2 Ensaio de Dureza

Tanto o material como recebido/normalizado como aquele tratado termicamente foram submetidos ao ensaio de dureza Rockwell escala C (HRC), por meio de 7 pontos alinhados ao decorrer de toda a seção transversal do corpo de prova, ver Figura 13. Isso possibilitou a comparação entre a dureza da borda e do centro de cada corpo de prova, além da comparação da influência ou não do tratamento térmico.

Figura 13 - Distribuição dos 7 pontos de endentação na seção transversal do corpo de prova.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de Ensaios Mecânicos no Departamento de Engenharia de Materiais e Manufatura da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), utilizando a máquina de ensaio de dureza Rockwell da marca Leco RT-240 (Figura 14) como equipamento aferidor, seguindo a norma padrão American Society for Testing and Materials, ASTM E18-15 (2015).

Foram utilizadas cargas F0 = 10 Kg e F1 = 90 Kg, tendo assim, uma carga total de 100 Kg.

Page 31: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

16

Figura 14 - Equipamento de Ensaio de Dureza Rockwell Leco RT-240.

Fonte: Próprio autor

Page 32: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

17

4 RESULTADOS

Os tratamentos térmicos foram realizados no primeiro semestre de 2016 e o ensaio de dureza no semestre seguinte.

Para uma apresentação mais clara dos resultados de dureza obtidos, a Tabela 5 apresentará as informações dos dois diferentes tipos de aços, seus tratamentos térmicos e durezas em Rockwell C (HRC) e Vickers (HV), esta última obtida por meio de uma tabela de conversão de durezas (METALÚRGICA VERA, 2011).

Tabela 5 - Valores de Dureza Rockwell C e Vickers obtidas.

Fonte: Próprio autor.

Assim, pode-se constatar o real aumento da dureza do material após tratamento térmico de têmpera e revenimento. Os valores destacados em vermelhos são as médias dos setes pontos onde foram realizadas as medições.

Adicionalmente à tabela exposta é possível observar, os resultados dos ensaios de dureza a partir das Figuras 15 e 16, sendo estes gráficos comparativos.

Page 33: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

18

Fonte: Próprio autor.

Na Figura 15, podemos reparar que tanto o aço SAE 5160 temperado e revenido quanto normalizado, possuem uma tendência linear semelhante. Entretanto, os pontos com maior divergência no gráfico, possivelmente foram causados pela qualidade das técnicas de processamento aplicadas.

Figura 16 - Gráfico comparativo do Aço 9254.

Fonte: Próprio autor.

É possível perceber que nos pontos próximos a extremidade do material temperado e revenido, há uma grande mudança em sua dureza. Isso é causado devido a pequena secção transversal da amostra, onde, no momento da realização do teste, a peça pode ter sido levemente movimentada e, assim, os resultados foram possivelmente alterados.

Com isso, para o aço 9254 após o tratamento térmico, optou-se por desconsiderar o ponto 6, o qual apresentou grande discrepância quando comparados aos outros valores, para efetuar o

Figura 15 - Gráfico comparativo do Aço 5160.

Page 34: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

19

cálculo das porcentagens finais em uma média de valores. Para o aço SAE 9254 foi notado então, um aumento de 31,60 % na dureza média do material

na escala HRC e um aumento de 31,39 % na escala Vickers. Já no aço SAE 5160, o aumento foi de 29,84 % na Dureza HRC e de 27,84 % na Dureza Vickers. Apesar de próximas, as diferenças entre as porcentagens existentes se devem as aproximações realizadas nas conversões de uma escala para a outra.

Esse fato pode ser explicado pelas influências dos tratamentos realizados na microestrutura dos materiais. A têmpera tem como principal característica, resfriar rapidamente o aço à uma taxa crítica, ou seja, utilizando a menor taxa de resfriamento permitida para que a microestrutura obtida seja ao menos 50% martensítica no centro da amostra. Essa microestrutura resultante é monofásica tetratogonal de corpo centrado (TCC), encontra-se instável e sua dureza depende diretamente do teor de carbono e dos elementos de liga do aço. Sendo utilizado os aços de médio teor de carbono, a resultante será uma martensita, caracterizada por tornar o material significantemente duro, porém, frágil (CALLISTER, 2000).

Já o processo seguinte, o revenimento, mantém a microestrutura martensítica. Contudo, controla a relação de dureza e tenacidade reduzindo as tensões superficiais produzidas no processo de têmpera. Esses dois métodos de processamento, quando unidos, resultam em uma estrutura martensítica com aumento de ductilidade, a qual possui dureza superior ao material normalizado.

Page 35: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os aços-mola são largamente empregados na indústria automotiva nos sistemas de suspensão veicular. Esses possuem como principais características sua alta resistência à fadiga, ao impacto, alta disponibilidade de material e baixo custo. Esses materiais passam por tratamentos térmicos antes de sua aplicação para melhoria das propriedades mecânicas. Com isso, foram estudadas as influências de um tratamento térmico, o de têmpera seguido por revenimento, na dureza do material.

Os objetivos propostos neste trabalho foram alcançados. A exposição do tema reforçou o conhecimento de que materiais temperados e revenidos apresentam um valor final em sua dureza superior aos somente normalizados. Através dos dados obtidos, foi observado como as molas são afetadas pela têmpera e revenimento, mais especificamente a porcentagem média da variação da dureza: para o aço SAE 9254 notou-se aumento de 31,60 % na dureza média do material na escala HRC e um aumento de 31,39 % na escala Vickers. No aço SAE 5160, o aumento foi de 29,84 % na Dureza HRC e de 27,84 % na Dureza Vickers.

Os resultados indicam que esse aumento da dureza pode possibilitar a aplicação desses aços em sistemas com uma menor densidade e mesma propriedade mecânica em comparação aos apenas normalizados. Sendo assim, é proposto para uma futura pesquisa o estudo do comportamento desses materiais sob outros testes mecânicos, sendo eles: tração e fadiga, análise microestrutural e da composição química. Além disso, sugere-se analisar a incorporação de outros tratamentos térmicos que possam aprimorar a microestrutura dos aços-mola para suportar maiores esforços com menores massas do material.

Page 36: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

21

REFERÊNCIAS

AA SILENCERS (USA). Car Suspension Repairs - Cheadle, Uttoxeter & Stoke on Trent: The Function of Car Suspension. 2014. Disponível em: <http://www.aasilencers.com/about-aasilencers>. Acesso em: 26 abr. 2015.

ADETUNJI et al. Effect of Normalizing and Hardening on Mechanical Properties of Spring. Journal Of Minerals And Materials Characterization And Engineering. Nigeria, p. 832-855. 30 jul. 2012.

ASTM INTERNATIONAL. ASTM E18-15, Standart Test Method For Rockwell Hardness Of Metallic Materials. West Conshohocken, PA, USA, 2015.

BLOIS, Lukas de; SPEK, R. J. van Der. An Introduction to the Ancient World. 2. ed. Oxon, Usa: Routledge, 2008. 337 p.

BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, Keith. Mechanical Engineering Design. 9. ed. Usa: Mcgraw-hill, 2014. 1104 p. (Shigley's). CALLISTER, William D. Jr. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 5ªedição. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

CARLSON, Harold. Spring designer's handbook. New York: Marcel Dekker, 1978.

CHIAVERINI, Vicente. Aços e Ferros Fundidos. 7. ed. São Paulo: Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração, 2012. 599 p. ISBN: 978-85-7737-041-2. COLPAERT, Hubertus; SILVA, André Luiz V. da Costa e. Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns. 4. ed. S.i: Blucher, 2008. 672 p. HTUN, Min Shan; KYAW, Si Thu; LWIN, Kay Thi. Effect of Heat Treatment on Microstructures and Mechanical Properties of Spring Steel. Journal Of Metals, Materials And Minerals. Mandalay, p. 191-197. 19 jan. 2008.

HYPERCO MW INDUSTRIES, INC. Carbon Composite Bellows Spring. Disponível em: <http://www.hypercoils.com/carbon-composite-springs>. Acesso em: 07 nov. 2016.

LAHER SPRING AND TIRE CORP (Usa). Clary Harry B. Vehicle spring manufacturing method. USA nº US2518867 A, 13 abr. 1948, 15 ago. 1950. 1950.

LEFEVRE, Justin; HAYRYNEN, Kathy L.. Austempered Materials for Powertrain Applications. J. Of Materi Eng And Perform, [s.l.], v. 22, n. 7, p.1914-1922, 23 abr. 2013. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1007/s11665-013-0557-4.

MAALEKIAN, Mehran. The Effects of Alloying Elements on Steels. Technische Universität Graz: Tu Graz, 2008. 36 p. Institut für Werkstoffkunde. MARGHITU, Dan B.. Mechanical Engineer's Handbook. S.i: Academic Press, 2001. 876 p. (Academic Press Series). MANDAL, D. et al. Effect of austempering treatment on microstructure and mechanical properties of high-Si steel. J Mater Sci, [s.l.], v. 44, n. 4, p.1069-1075, 14 jan. 2009. Springer Science + Business Media. DOI: 10.1007/s10853-008-3203-z.

Page 37: TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO DE AERONAVESantigo.scl.ifsp.edu.br/portal/arquivos/publicacoes... · aço SAE 9254 e de 29,84 % na dureza do aço SAE 5160 com relação à dureza dos aços

22

MARTINS, Ana Rosa Fonseca de Aguiar. Têmpera e Partição em Aços de Alta Resistência contendo Ni: Modelagem Cinética, Microestrutura e Propriedades Mecânicas. 2007. 147 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Ciência dos Materiais e Metalurgia, Pontíficia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 2007. METAL: História, composição, tipos, produção e reciclagem. Disponível em: <http://www.recicloteca.org.br/?post_type=material-reciclavel&p=76>. Acesso em: 1 dez. 2016.

METALÚRGICA VERA (São Paulo). Tabela de Conversão de Durezas. 2011. Disponível em: <http://metalurgicavera.com.br/produtos/TABELA-DE-CONVERSAO-DE-DUREZAS.php>. Acesso em: 15 nov. 2016.

NORTON, Robert L.. Projeto de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2004. 1028 p. ORTIZ, Diego. Veja quando trocar os amortecedores. 2014. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/jornal-do-carro/noticias/servicos,veja-quando-trocar-os-amortecedores,20688,0.htm>. Acesso em: 15 nov.2016.

PÁEZ, J.l.; FUENTES, F.; BATTAGLIESE, A.. Tratamiento isotérmico de los aceros aleados al silicio Tipo SAE 92XX. Rev. Metal Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas Licencia Creative Commons 3.0 España, Madrid, v. 1, n. 32, p.3-9, jan. 1996. PORTEIRO, John L.. Spring Design Optimization With Fatigue. 2010. 39 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Master Of Science In Mechanical Engineering, Department Of Mechanical Engineering, University Of South Florida, Tampa, Fl 33620, EUA, 2010. Disponível em: <http://scholarcommons.usf.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2741&context=etd>. Acesso em: 15 nov. 2016.

RASSINI NHK (Brasil). Molas Helicoidais. 2015. Disponível em: <http://www.rassini-nhk.com.br/produtos/fabrini>. Acesso em: 29 set. 2015. RODRIGUES, Luiz Eduardo Miranda J.. Ensaios Mecânicos de Materiais: São Paulo, 2016. 82 slides, color. Disponível em: <http://www.engbrasil.eng.br/pp/em/aula3.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2016.

SANDVIK AB (Org.). Strip steel: Springs. 2016. Disponível em: <http://www2.kanthal.com/sandvik/0140/internet/se01248.nsf/1ab734b4713311544125653d002eb28b/eb2c5f873de6dcaa41256567005a9819!OpenDocument>. Acesso em: 16 nov. 2016.

SAXENA, Atul et al. Influence of austempering parameters on the microstructure and tensile properties of a medium carbon–manganese steel. Materials Science And Engineering: A, [s.l.], v. 431, n. 1-2, p.53-58, set. 2006. Elsevier BV. DOI: 10.1016/j.msea.2006.05.097. SILBERSTEIN, Dave. How to Make Springs. 2015. SILVA, André Luiz da Costa e; MEI, Paulo Roberto. Aços e Ligas Especiais. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2010. 664 p.

WAHL, A. M.. Mechanical Springs. 2. ed. Cleveland - Ohio: Mcgraw-hill, 1944. 323 p. YAMADA, Yoshiro. Materials for Springs. 7. ed. Usa: Springer, 2007. 377 p.