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TEFLÁ CHECADO OFIMDOJOCO PA^A MUR.DOCH? Por Geoffrqj Wheatcroft Págs. 8 a 12

TEFLÁ CHECADO OFIMDOJOCO PA^A MUR.DOCH? · 2012. 8. 11. · EM FEVEREIRO DE 2008, dois jornalistas en- volveram-se numa discussão no programa To- day, uma rubrica da rádio BBC

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  • TEFLÁ CHECADOOFIMDOJOCOPA^A MUR.DOCH?

    Por Geoffrqj Wheatcroft Págs. 8 a 12

  • TEkA CHECADOOFIMDOJOGO

    PARARJJPERJ

    MUFIDOCH?Muitas investigações académicas confirmaram que os Jornais não decidem os resultados das eleições. Mas

    os políticos acreditam que eles o fazem e é isso que confere poder a Murdoch. Sucessivos líderespartidários e primeiros-ministros pensaram que só podiam ser eleitos, e depois governar, com o

    consentimento dos jornais

    por Geofjfrey Wheatcroft

  • EM FEVEREIRO DE 2008, dois jornalistas en-volveram-se numa discussão no programa To-

    day, uma rubrica da rádio BBC que dá início aodia e, por vezes, dita a agenda política. Um de-les era Nick Davies, um repórter veterano doGuardian, daqueles que diligentemente inves-

    tiga e descobre histórias, a última das quais foia das "escutas telefónicas" ilegais feitas por jor-nalistas e outras pessoas. Muito antes de teracontecido o que quer que fosse aos telefonesdos jovens príncipes William e Harry, em2005, já tinha havido rumores de que jornalis-tas de tabloides estavam clandestinamente aaceder às mensagens de voz deixadas nos tele-móveis de figuras públicas. Muitas mensagensdos seus aparelhos e dos de diversos assessoresda realeza britânica foram misteriosamente

    gravadas, como se tivessem sido acedidas an-tes de os proprietários dos respetivos telemó-veis as terem ouvido. Além de que, tinhamaparecido histórias sobre os príncipes, que só

    poderiam ser baseadas nessas mesmas mensa-

    gens, na edição de domingo do News of theWorld m e também no diário Sun {2> , os dois jor-nais que Rupert Murdoch (3) tinha adquiridoem 1968 e 1969, no início da sua assombrosacarreira como magnata da imprensa britânica.

    Quando a polícia foi informada deste facto,

    aconselhou a que os telemóveis continuassema ser usados normalmente enquanto eles iam

    seguindo o rasto de quem fazia as escutas ile-

    gais, que se demonstrou ser Clive Goodman,um jornalista do News ofthe World, e GlennMulcaire, um detetive privado. Em janeiro de2007 foram ambos condenados a penas de pri-são e Andy Coulson demitiu-se do cargo de di-retor do New 5 ofthe World. Desde 2003 que ele

    dirigia este jornal, altura em que tomou o car-

    go das mãos de Rebekah Wade, promovida adiretora no ano 2000 quando tinha apenas 32anos e que saiu para dirigir o Sun; em 2009, elaseria elevada a uma posição ainda mais alta pa-ra se tornar diretora executiva da News Inter-national, a empresa de Murdoch que controlaos seus jornais de Londres. (Desde o seu casa-

    mento, nesse mesmo ano, passou a chamar-seRebekah Brooks.) Mas Coulson não estevemuito tempo desempregado: apenas algunsmeses mais tarde, em julho, foi nomeado che-fe do Gabinete de Comunicações, ou aquilo a

    que costumávamos chamar assessor de im-

    prensa, de David Cameron, o líder do PartidoConservador.

    O escândalo das escutas ilegais de telemóveisestava entre os assuntos que o jornalista NickDavies discutiu no seu livro Fiat Earth News

    'Dial M for Murdoch: NewsCorporation and the

    Corruption of Britam'

    de Tom Watson e Martin HickmanAllen Lane,3B4págs.

    ISBN-13: 978-1846146039

    (2008), uma autêntica acusação aos mediaatuais que vai desde a tendência para tratar fo-lhetos publicitários como notícias importantesà vergonhosa credibilidade da imprensa quan-to à forma como o Reino Unido foi levado a en-trar na guerra do Iraque. Davies tinha ido a umaestação de rádio discutir o seu livro com StuartKuttner, editor executivo do News ofthe World.Desde que o escândalo tinha estalado, o jornalde Kuttner, bem como a News Internationalem geral, tinham-se mantido agarrados a umaposição inabalável: Clive Goodman tinha sidoum vilão isolado, um "jornalista descontrola-do" cujas atividades de forma alguma espelha-

    vam a atuação característica do seu jornal.Kuttner rejeitou desdenhosamente a impor-tância de Davies e do seu livro "azedo e tene-broso", insistindo que a imprensa britânica era"a melhor do mundo" e reiterando que as escu-tas ilegais tinham "acontecido uma única vez":o transgressor tinha sido despedido e preso e aquestão estava encerrada.

    Mais tarde, nessa mesma manhã, quase co-mo se estivesse no meio de um filme de sus-pense, Davies recebeu um telefonema de umestranho. Era alguém muito bem colocadodentro da News International que tinha ouvi-do o programa e ficado indignado com a arro-

    gância de Kuttner. O que Kuttner tinha ditoera totalmente falso, disse o interlocutor deDavies ao telefone: não apenas o próprioGoodman tinha feito escutas ilegais de tele-móveis em larga escala, como a prática era cor-rente em todo o News ofthe World. Incentiva-do por este telefonema, Davies retomou a suainvestigação. Os argumentos avançados pelo"jornalista descontrolado" para se justificarnunca tinham parecido muito plausíveis masagora tudo se começava a deslindar - e a NewsInternational estava a travar uma desesperada

    Continua napágina 10 >

  • > Continuação da página 9batalha à retaguarda que contradizia os seus

    protestos de inocência.

    1. AÇOES ECOMPENSAÇÕES

    À medida que as pessoas iam sabendo que ti-nham sido vítimas de escutas ilegais começa-ram a interpor ações em tribunal e também areceber, confidencialmente, ofertas de com-

    pensação. Apenas alguns meses depois da jac-tância de Kuttner, Gordon Taylor, diretor dosindicato dos jogadores de futebol, aceitou quelhe fossem pagas, a título de compensação,450 mil libras (cerca de 567 mil euros, à cota-ção atual) mais custas judiciais no valor de 250mil libras (pouco mais de 315 mil euros, à co-tação atual), sob condição de manter segredosobre o sucedido; e o silêncio de outras vítimasfoi também comprado. Tudo isto estava a cor-rer muito bem mas, se houvesse um númeroelevado de vítimas, então comprá-las a este ní-vel seria ruinoso para a News International -ou para a News Corporation, a empresa-mãeda primeira, que Murdoch tinha criado naAmérica e cujos investidores nunca tinhampartilhado o seu amor pelos jornais de Londres.

    A questão estava sob investigação de uma co-missão parlamentar que começou a suspeitarter sido induzido em erro. Suspeitas que não fo-ram apaziguadas pelo facto de Coulson ter re-petido, em 2009, que "não tinha recordação al-guma" de terem sido feitas escutas ilegais en-quanto fora diretor do News qfthe World. Da-vies continuou a cavar mais fundo, encorajadopelo diretor do Guardian, Alan Rusbridger, quetinha entrado para este jornal no mesmo dia

    que Davies, em 1979, e o dirigia desde 1995.De seguida, habilmente, Rusbridger abriu

    outra frente de combate ao instar Bill Keller, oseu homólogo rival do The New York Times, adar uma vista de olhos à história das escutas

    ilegais de telemóveis. No livro Dial Mfor Mur-doch, um relato útil ainda que escrito num es-tilo tabloide - o que, ironicamente, parece seruma tendência infeciosa -, da autoria de TomWatson, um deputado trabalhista, e MartinHickman, um jornalista do Independent, os au-tores afirmam com toda a naturalidade queesta é "uma boa história para um jornal liberalamericano" por causa de "Rupert Murdoch seruma personagem típica de Manhattan". Maseles não mencionam o facto de Murdoch teradquirido o Wall Street Journal em 2007 e de oter posto em competição direta com o Times.

    Este parecia ser outro motivo sobejamente for-te para Keller ter ido atrás da história das escu-tas, do mesmo modo que o zelo do Guardian

    terá, naturalmente, sido reforçado pela sua ri-validade com o jornal londrino de Murdoch, Ti-mes. E porque não?

    Em setembro de 2010, apareceu na The NewYork Times Magazine um extenso artigo, como título Tabloid Hack Attack on Royals, and

    Beyond [trad. livre: Ataque Pirata dos Tabloidesà Realeza e Não Só], cujas ondas de choqueprovocadas se propagaram além Atlântico,com os seus detalhes acerca de quão generali-zada tinha sido a prática das escutas ilegais detelemóveis. As provas condenatórias incluíamum e-mail de Ross Hindley, um jornalista doNews ofthe World, para Neville Thurlbeck, o re-pórter principal deste diário, contendo "a

    transcrição de mensagens pirateadas que ti-nham sido enviadas por um repórter do jor-nal". Isto era uma prova clara de que os protes-tos de inocência ou ignorância iniciais daNews International eram falsos. Quatro mesesantes, em maio de 2010, as eleições gerais bri-tânicas tinham deixado David Cameron e oPartido Conservador com o maior número dos

    lugares no Parlamento mas aquém de umamaioria. Cameron tinha-se tornado primeiro-ministro depois de formar uma coligação comos liberais democratas - e levou consigo Coul-son para o n'lo de Downing Street. Coulson sóabandonou a sede do governo britânico em ja-neiro de 2011, meses antes da explosão do

    grande escândalo.A l 5de junho de 2011, Rupert Murdoch deu

    a sua habitual e sumptuosa festa de verão e en-tre os numerosos políticos de topo convidados

    figuravam Cameron e Ed Miliband, o líder tra-balhista. Três semanas mais tarde, a 5 de julho,o Guardian publicou a sua mais devastadorahistória até então. Milly Dowler era uma me-nina de 13 anos que tinha sido raptada em mar-ço de 2002, quando Rebekah Brooks era dire-tora do News ofthe World. Como tragicamen-te se veio a comprovar, Milly tinha sido assas-sinada; mas enquanto o seu destino permane-cia desconhecido e a polícia estava a tentar en-contrá-la, os jornalistas do News ofthe World ti-nham acedido ilegalmente ao seu telemóvel.Mais do que isso, Davies afirmou então quehavia "mensagens de voz apagadas que davamfalsas esperanças à família": saber que elas ti-nham sido apagadas, presumivelmente pelaprópria Milly, levara a sua família a acreditar

    que ela talvez pudesse ainda estar viva. Na rea-lidade, o relato destas "falsas esperanças" da fa-

  • mília veio a demostrar-se não ser verdadeiro,algo que o Guardian poderia ter admitido mais

    rapidamente, uma vez que foi um erro come-tido em boa-fé.

    Mas esta foi a última gota. Murdoch pensouque só um gesto melodramático podia estancara ferida. Dois dias mais tarde surgiu o surpreen-dente anúncio de que o Netos ofthe World esta-va em processo de encerramento após 168 anosde existência e mais de quatro décadas nasmãos de Murdoch. Brooks afirmou que estava"de pedra e cal" à frente da News Internationalmas houve quem levantasse objeções. Emborao nome de Âl-Waleed bin Talai Alsaud dificil-mente fosse alvitrado nos meios jornalísticosou em Westminster [Parlamento britânico],acontece que o príncipe saudita era o segundomaior investidor da News Corp. Alsaud disse àBBC que Brooks devia demitir-se da News In-ternational e ela assim fez, no dia seguinte, aomesmo tempo que Cameron anunciava que se-ria conduzido um inquérito, sob supervisão do

    juiz supremo Leveson, ao papel da imprensa eda polícia no escândalo das escutas ilegais de te-

    lemóveis, para analisar "a cultura, prática e éti-ca dos media".

    Tudo isto ocorreu num momento péssimopara Murdoch. Com a sua habitual perspicáciapara o negócio, Murdoch cedo alcançara omundo de possibilidades da televisão por saté-lite, que se demonstrara ser imensamente lu-crativa, o que é realmente um contraste face aoque ocorre com os seus jornais. Murdoch de-tém 3 9 por cento da estação de televisão BSkyße queria adquiri-la totalmente, para o que esta-vam a ser feitas muitas pressões confidenciais:James Murdoch, filho de Rupert, admitiu quetinha tido "uma pequena conversa de bastido-res" - presumivelmente sobre a BSkyß - comCameron em casa de Rebekah Brooks, no dia23 de dezembro de 2010. Mas a indignaçãopública do verão passado significava que Mur-doch tinha de abandonar os seus intentosquanto à BSkyß, pelo menos por enquanto.

    Entretanto, a comissão parlamentar chama-va a depor Rupert Murdoch e o seu filho, Ja-mes Murdoch, acabaria por dizer que aqueleera "o mais humilhante dia da sua vida", en-quanto Tom Watson, um dos membros da co-missão - e, mais tarde, coautor de DM MforMurdoch - lhe chamava na cara "patrão da má-fia". Na primavera passada, a comissão apre-sentou um relatório altamente condenatóriosobre a News International, dizendo que Mur-doch não estava "apto" a dirigir a empresa. A

    seguir, no dia 11 de maio, Rebekah Brooks

    apresentava-se para testemunhar no inquéri-to de Leveson e manteve-se surpreendente-mente serena enquanto ia fornecendo provasde que Cameron não pode ter gostado. Cincodias mais tarde chegaram as notícias eletrizan-tes de que Brooks, o seu marido e quatro ou-tros colegas eram acusados de conspiração pa-ra perverter o curso da justiça ao removeremmateriais relevantes para a investigação poli-cial. Este é um crime muito mais grave do queas escutas ilegais de telemóveis.

    Por esta altura, o caso dificilmente poderiatornar-se mais sério. Uma unidade policial queinvestigava escutas ilegais prendeu 22 pessoas,outra que investigava a violação informáticade computadores prendeu mais três e uma ter-ceira, que investigava pagamentos ilegais afuncionários públicos, procedeu à prisão de 20

    pessoas. E parece que vai ser necessária maisuma investigação para averiguar as interpene-trações entre a News International e a própriaPolícia Metropolitana. A relação entre as duascorporações, e os alegados pagamentos ilegaisa funcionários e agentes policiais, provocaramarrepios na espinha de algumas pessoas daNews Corp, uma vez que tal atitude parecia serexatamente o que o Congresso americano ti-nha em mente quando aprovou a Lei sobre asPráticas de Corrupção no Estrangeiro.

    E contudo, independentemente de quão es-cabroso e sórdido seja tudo isto, o mais aterro-rizante é aquilo que ficámos a saber sobre a in-timidade quase simbiótica entre Murdoch e ossucessivos governos britânicos.

    2. UMA HISTÓRJAANTIGA

    Talvez, no entanto, a história tenha começadoem 1915. A Turquia tinha entrado na guerra aolado dos alemães e, numa vã tentativa de que-brar o impasse que se vivia na Frente Ociden-tal, tropas inglesas e australianas tinham de-sembarcado na península de Gallipoli, a Oestede Constantinopla. Um dos desembarquesocorreu na "Enseada Anzac", de signação ins-

    pirada na sigla inglesa para Corpo do ExércitoAustraliano e da Nova Zelândia (Australianand New Zealand Army Corps) e a Austráliacontinua hoje a assinalar o Dia Anzac comouma data de comemoração nacional para re-cordar aquele feito. A desastrosa iniciativa ter-minou no seguinte mês de janeiro, deixandono seu rasto 46 mil soldados aliados mortos,8700 dos quais australianos. Um jovem jorna-lista australiano chamado Keith Murdoch ti-nha visitado a "Enseada Anzac" e de lá saído

  • com uma história de flagrante incompetênciamilitar por parte dos altos comandos britâni-cos, que abalaram o governo de Londres; o seufilho, Rupert, citou "Gallipoli" com orgulho,como se este fosse o derradeiro talismã da suahonra, quando enfrentou a comissão parla-mentar.

    O escândalo das escutas ilegaisde telemóueis estava entreos assuntos que o jornalistaNick Dauies discutiu no seulivro TlatEarthNeius' (2008),uma autêntica acusação aosmedia atuais que uai desde atendência para tratar folhetospublicitários como notíciasimportantes à vergonhosacredulidade da imprensaquanto à forma como oI^eino Unido foi levadoa entrar na guerra do IraqueA medida que as pessoas iamsabendo que tinham sidovítimas de escutas ilegaiscomeçaram a interpor açõesem tribunal e também areceber, confidencialmente,ofertas de compensaçãoA l 5de Junho de 2011,Rupert Murdoch deu a suahabitual e sumptuosa festa deverão, e entre os numerosospolíticos de topo convidadosfiguravam Cameron e EdMiliband, o líder trabalhista.Três semanas mais tarde,a 5 de [ulho, o 'Guardian'publicou a sua maisdevastadora históriaaté então

  • Rupert Murdoch e Rebekah Brooks em 2011 (imagem da esquerda) e a última edição do 'News ofThe World' ouvia harrg k luke macgregor / reuters

    Sir Keith, título que viria a receber mais tar-de, continuou caminho, construindo uma car-reira de sucesso nos jornais e acabando por sero proprietário do diário Adelaide News. Rupertnasceu em 1931 e foi criado na Austrália, ape-sar de ter completado a sua instrução emOxford, onde, no seu quarto, mantinha o bus-to de Lenine em exposição. Rupert só tinha 21anos quando o pai morreu e ele assumiu a di-

    reção do jornal, um pouco como o jovem Char-les Foster Kane assumiu a do Inquirer. Depres-sa evidenciando um faro muito próprio para osnegócios, Murdoch rapidamente começou umprocesso de expansão, adquirindo mais jornaispela Austrália fora. Depois, Londres surgiu noseu horizonte. Em 1968 Murdoch arrancoudas mãos do seu proprietário o que DwightMacdonald uma vez tinha chamado "aquele

    colosso disforme da imprensa britânica que éo The News ofthe World"; e fê-lo mesmo debai-xo do nariz do dito proprietário, o suspeito e si-nistro Robert Maxwell, voltando, no ano se-guinte, a suplantá-lo na aquisição do Sun.

    Este jornal era o que restava do Daily Herald,um diário que tinha originalmente pertencidoao Partido Trabalhista e aos sindicatos. Duran-te uns tempos, na década de 1930, o Herald

    empenhara-se numa violenta guerra de circu-

    lação com o Daily Express e o Daily Mail, ven-dendo mais de dois milhões de cópias por dia.Mas por volta de 1964, o jornal era uma som-bra daquilo que tinha sido, altura em que vol-tou a reposicionar-se no mercado para se diri-

    gir a leitores menos exigentes, sendo relança-do com o título Sun, mas sem sucesso. Assim,Murdoch comprou-o, prometendo que o jor-

  • nal continuaria a apoiar os trabalhistas, apesarde mais tarde comentar: "Fico constantemen-te espantado com a facilidade com que entreino negócio dos jornais britânicos". Uma dasmelhores fontes para investigar a sua históriaé a biografia de Murdoch escrita por WilliamShawcross e publicada pela primeira vez em1992. Sendo, por vezes, um assumido detratordo abuso de poder por parte de Nixon e Kissin-

    ger, Shawcross parece ter ficado enfeitiçadopor Murdoch e agora, por razões que só ele co-nhece, defende-o incansavelmente.

    E contudo, o mais curioso acerca da sua ad-mirável biografia, além do facto de estar maisbem escrita do que Dial Mfor Murdoch, é quese a lermos atentamente ficamos a saber a ver-dade sobre uma lista, aparentemente intermi-nável, de promessas e compromissos quebra-dos. O Sun tornou-se mais estridente e vulgar,criando a rubrica das "Miúdas da Página Três"em topless, sendo que por volta de 1979 grita-va: "Desta vez, votem nos conservadores." Es-tas eleições foram ganhas pela senhora Tha-tcher e pelo seu partido e, desde então, ela eMurdoch passaram a cantar em harmonia. Em1981, Murdoch adquiriu o Times e o Sunday Ti-mes. A transação devia ter sido comunicada àentidade reguladora dos monopólios, mas este

    imperativo foi anulado, com base numa ficçãolegal, pelo ministro da pasta responsável, o fa-lecido John Biffen, que era, no geral, um dosmais aprazíveis e decentes conservadores doseu tempo. Só recentemente ficámos a saber

    que Murdoch tinha tido um almoço privadocom a senhora Thatcher antes de Biffen teraprovado a dita anulação.

    No ano seguinte, a Guerra das Malvinas per-mitiu ao Sun exibir traços nunca antes vistosno jornalismo britânico. O afundamento deum navio de guerra argentino com pesadasbaixas deu origem à manchete Gotcha! [trad.livre: Toma!] e os relatos objetivos da BBC fo-ram denunciados com palavras como: "Há trai-dores entre nós".

    A própria atitude de Murdoch relativamen-te aos padrões jornalísticos e ao rigor factualfoi sublinhada, em 1983, pelo episódio burles-co dos "Diários de Hitler" forjados. O historia-dor Hugh Trevor-Roper, agora Lorde Dacre, ti-nha-se mantido como diretor da Times News-

    papers, apesar de nutrir uma profunda desa-

    provação por Murdoch. Trevor-Roper recebeuinstruções para analisar os diários e, num mo-mento de insensatez que, daí em diante, la-mentaria para sempre, declarou-os autênti-cos. Mas o historiador teve dúvidas e disse-o

    ao diretor do Sunday Times no momento em

    que o jornal estava a ir para a gráfica, para serimpresso, com a história dos diários. Quandoas desconfianças do académico foram trans-mitidas ao proprietário, Murdoch respondeude uma forma que ficaria imortalizada: "O Da-cre que se f* **. Publiquem." Quando a grotes-ca impostura foi revelada, Murdoch não semostrou contrito: "Estamos no negócio do en-tretenimento", afirmou.

    Até agora, tudo isto pode não parecer maisdo que um auto de acusação contra Murdoch,mas há mais. Em 1986 ocorreu a "sublevação"de Wapping. Durante anos os tipógrafos e grá-ficos de Fleet Street tinham levado a cabouma espécie de prática protecionista que qua-se tocava a extorsão e que tornava impossíveluma produção de jornais racional e lucrativa.Depois das várias tentativas infrutíferas de

    chegar a um compromisso terem acabado emgreve, os jornais de Murdoch foram fisica-mente transferidos, a meio da noite, para no-vas instalações em Wapping (um edifíciohorrível erigido depois de o governo de Tha-tcher ter, com o seu característico espírito fi-listeu, autorizado a demolição dos bonitos ar-mazéns ao estilo georgiano do local) e aí fo-ram produzidos com trabalhadores não sindi-

    calizados. Foi-nos recentemente dito por An-drew Neil, que era então diretor do Sunday Ti-mes, que Thatcher tinha confidencialmenteprometido a Murdoch a proteção policial su-ficiente, face aos piquetes de greve, por vezesviolentos, para assegurar a saída dos jornais, o

    que ajudou Murdoch a atingir uma vitória to-tal.

    Então eu trabalhava diária e amigavelmen-te com os tipógrafos e gráficos do EveningStandard. Na altura pensei, e continuo a pen-sar agora, que Murdoch tinha razão. E haviaoutros que pensavam o mesmo. O correspon-dente em Londres do The New York Times eraentão Joseph Lelyveld, mais tarde seu diretor.Ele fez um relato imparcial dos acontecimen-tos, dizendo que Murdoch tinha agido de umaforma extremamente implacável mas, corre-tamente, transmitiu também a opinião domi-nante de que os tipógrafos estavam a pedi-las.Bem como que os resultados do episódioWapping eram benéficos para toda a impren-sa londrina, assim liberta dos métodos de pro-dução antiquados e do flagrante excesso de

    pessoal. O que os jornais fizeram com a sua re-cém-adquirida liberdade já é outra questão.

    O Sun continuou como de costume, commanchetes como "Up yours Delors" - Jacques

  • Delors era então presidente da Comissão Eu-

    ropeia. As legislativas revelaram algo especial.No dia das eleições, em 1983, o Sun publicouuma fotografia de Michael Foot, o líder traba-lhista, com a manchete "Você Quer MesmoEste Velho Idiota a Governar a Grã-Breta-nha?" Nove anos mais tarde, o líder trabalhis-ta era Neil Kinnock e a manchete do Sun nodia das eleições de 1992 dizia: "Se Kinnock ga-nhar hoje, a última pessoa a deixar Inglaterrapor favor apague as luzes."

    3. RELAÇÕES COMPODER.

    Quando Murdoch foi ouvido no inquérito de

    Leveson, em abril deste ano, disse que tinha fi-cado encantado com aquela manchete, mas fu-rioso com outro título de capa publicado pou-co depois: "It's the Sun wot won it" [trad. livre:"Foram as gracinhas do Sun que ganharam as

    eleições"]. Por entre a surpresa geral com a fa-cilidade com que, durante a recessão de 1992,os irascíveis conservadores, liderados por ummuito ridicularizado John Major, tinham con-quistado uma clara vitória nas eleições desseano, Alistair McAlpine, um empresário genialque tinha sido um angariador de fundos para asenhora Thatcher, disse, sem mais nem menos,que eles deviam a sua vitória ao apoio dos ta-bloides. Daí aquela manchete e daí a fúria deMurdoch. Se ele vai usar o tipo de influênciasa que habitualmente deita mão, convém queseja de uma forma discreta e não que essa sejauma questão para se fazer alarde.

    Pelo menos, não havia má-fé nas ligações en-tre Murdoch e Thatcher, uma vez que eles es-tavam do mesmo lado: o seu golpe aos sindica-tos em Wapping era um microcosmos do Tha-tcherismo. Tony Blair foi outra história. Em

    1995, no ano a seguir à sua eleição como líderde um partido cuja própria designação denotaa sua origem como a politização da voz dos tra-balhadores organizados, Blair foi discursar nu-ma conferência corporativa de Murdoch, naAustrália, em que esclareceu que se posiciona-

    va bem à direita de qualquer anterior líder dostrabalhistas. O Sun apoiou devidamente Blairao longo de três eleições legislativas e o Timestornou-se num verdadeiro porta-voz deDowning Street. Alastair Campbell, ex-chefede Gabinete de Comunicações de Blair, disse no

    inquérito Leveson que nunca houve quaisqueracordos firmados entre Blair e Murdoch, mastambém Campbell - que encenou as afirma-ções de Blair acerca de Saddam Hussein ter ar-mas de destruição maciça - é um homem que,há muitos anos, foi descrito por um juiz de umSupremo Tribunal como estando "longe de ser

    completamente sincero e franco".Pelo contrário, houve até, de forma bem ma-

    nifesta, uma quantidade considerável de acor-dos informais. O não menos importante dos

    quais foi o facto de Blair, antes da invasão do

    Iraque, falar regularmente com Murdoch, queapoiava entusiasticamente a guerra. Murdoché dono de uma data de jornais em quatro con-tinentes diferentes e todos, à exceção de umdeles, parecem ter sancionado a invasão; deviamanter-se um lugar de honra permanente-mente em aberto para o jornal dissente de Mur-doch, o Post-Courier da Papua-Nova Guiné.

    A seguir, no verão de 2004, Blair realizou umdesconcertante volte-face quando, de repente,anunciou, para horror dos que o apoiavam, quehaveria um referendo sobre a Constituição Eu-ropeia. Isto foi um mimo para o "Eurófobo"Murdoch, para assegurar a continuação do

    apoio do Sun nas eleições que iriam realizar-sena primavera seguinte. Murdoch disse a Leve-son que nunca tinha pedido, nem sequer umavez, um favor a qualquer primeiro-ministro.Por muito chocante que isto possa parecer, ofacto é que pode mesmo ser verdade. ComoOrwell disse, um cão pode ser treinado para sal-tar a cada estalo de chicote, mas um cão verda-deiramente bem treinado salta até sem o chi-cote. Murdoch não tinha de pedir o que quer

    Continua napágina u.

  • > Continuação da página uque fosse aos políticos; eles próprios vinham tercom ele, ansiosos pelo seu apoio.

    Assim foi com Cameron. Por muito sórdida

    que tenha sido a maior parte da história das es-cutas ilegais de telemóveis, o episódio mais as-sombroso de todos continua a ser a nomeaçãode Coulson por Cameron para seu chefe de Ga-binete de Comunicações depois de ele se terdemitido do News ofthe World, na sequência da

    condenação, por ter feito escutas ilegais, dojornalista que para ele trabalhava. Cameron foi

    encorajado a contratá-lo por George Osborne,então ministro das Finanças, e foi aplaudidopor isso em jornais que não pertenciam a Mur-doch. "Ao longo das duas últimas semanas, acotação do sr. Cameron tem oscilado nos mer-cados", escreveu Matthew d'Ancona - ex-dire-tor do Spectator, para não dizer um ex-mem-bro do conselho de direção da faculdade AliSouls, de Oxford - no Sunday Telegraph, conti-nuando a sua elucidação:

    "Mas a sua cotação recuperou fortemente naquinta-feira quando o partido anunciou a con-

    tratação de Andy Coulson Isto foi um golpe per-feito para os conservadores, uma vez que o sr.Coulson é um dos mais formidáveis jornalistasda sua geração, combinando um astuto olhar detabloide a um aguçado intelecto político."

    Quem era este "formidável jornalista"? Ten-do no início escrito a coluna de espetáculos do

    Sun, cuja rubrica se intitulava Andy Coulson'sBizarre, ele especializara-se em fazer perguntassobre a vida sexual das pessoas, incluindo a de

    Tony e Cherie Blair, e tinha acabado de ser obri-gado a demitir-se do cargo de diretor de um ta-bloide semipomográflco. Cameron e Osborne,conscientes das suas próprias origens abastadas

    e da dispendiosa instrução que receberam, po-dem muito bem ter pensado que lhes podia serútil um assessor de imprensa que compreen-desse as pessoas comuns; mas havia, além dis-

    so, fortes suspeitas de que eles também que-riam ter um agente que fizesse a ligação diretaa Murdoch.

    Há umpuzzle que se mantém. Por que razãoos diretores do News ofthe World e os executi-vos da News International continuaram amanter uma negação que sabiam ser falsa,quando era óbvio que quanto mais persistis-sem mais prejudiciais seriam os seus efeitos sea verdade viesse ao de cima? A resposta tem deser que a sua experiência de longos anos tinha-os habituado a pensar que a News Internatio-nal gozava de uma imunidade especial, que lheera conferida por políticos e pela polícia, e que

    eles iam conseguir safar-se. Afinal, durantetanto tempo eles tinham-se safado com o tudomais, graças à aura de invencibilidade de Mur-doch e à forma como sucessivos governos ti-nham sido hipnotizados por ele.

    Soubemos de um indício verdadeiramenterevelador desta aura e efeito hipnótico. Quan-do Cameron se tornou primeiro-ministro, em2010, recebeu avisos confidenciais, vindos de

    Rusbridger e de Paddy Ashdown, o ex-líder li-beral democrata, sobre as sombras que paira-vam sobre Coulson, além do escândalo das es-cutas ilegais, mas mesmo assim ele trouxe-o

    para Downing Street - sem, sabemo-lo agora,o sujeitar ao mais alto nível de verificação de se-

    gurança.E Cameron continuou a tratar Rebekah

    Brooks como uma estimada amiga, dando pas-seios a cavalo com o seu marido, jantando emsua casa e enviando-lhe, frequentemente, mis-sivas com um teor de grande familiaridade. Oousado testemunho de Brooks perante Leveson

    foi muito prejudicial para Cameron, sendo quea não menos importante das revelações feitasfoi o facto de os seus textos serem sempre assi-nados com "LOL" até ela lhe ter explicado quetal sigla não significava "Lots of Love" [trad. li-vre: "Com Amor Fraterno"], como ele pensava,mas "Laugh Out Loud" [trad. livre: "Rir à Gar-

    galhada"]. Outros dois elementos do círculomais íntimo de amigos de Cameron são William

    Hague, o ministro dos Negócios Estrangeirosque durante algum tempo recebeu, inexplica-velmente, cerca de 200 mil libras (pouco maisde 252 mil euros) por ano para escrever uma co-luna de opinião para o News ofthe World, e Mi-chael Gove, o ministro da Educação que costu-mava trabalhar para o Times, tal como a sua mu-lher ainda continua a fazê-10. Em fevereiro pas-sado, Gove aproveitou um discurso feito parajornalistas parlamentares para atacar o inquéri-to de Leveson, dizendo que este era uma "cura

    pior que a doença original" e que teria um efei-to "arrepiante" no jornalismo britânico.

    Em novembro de 2007, meses depois de oviolento mas inepto Gordon Brown ter assu-mido o cargo de primeiro-ministro, a Câmarados Comuns irrompeu às gargalhadas quandoVince Cable, o deputado liberal democrata, dis-se que tinham assistido, "nas últimas sema-nas, à notável transformação de Brown, de Es-taline para o Mr. Bean". Três anos mais tarde,Cable era ministro do Comércio do governo de

    coligação mas foi vítima de uma armadilha

    traiçoeira, montada pelo DaUy Telegraph, quan-do diversas jornalistas fazendo-se passar por

  • eleitoras o levaram a afirmar: "Declarei guer-ra ao sr. Murdoch." Depois disso, foi-lhe reti-rada a superintendência da BSkyß, que passoupara Jeremy Hunt, um ministro conservador,para, no fim, se assistir, este ano, à demissão doseu assessor especial depois de se ter demons-trado que ele tinha andado a trocar informa-

    ções com aquela estação de televisão.Por trás de tudo isto está o grande respeito,

    ou medo, puro e simples, que Murdoch inspi-ra e que moldou a vida nacional britânica aolongo de uma geração inteira. No seu testemu-nho perante Leveson, Brooks afirmou que ti-nha sido "eleita" pelos leitores, o que é engra-çadinho mas pateta e ofensivo. Ninguém ele-

    ge os diretores dos tabloides. Ela também dis-

    se, a certa altura, com uma fascinante presun-ção: "tínhamos de conseguir fazer aprovar aLei da Saúde e Segurança Social" Como se ostabloides da News International fossem umbraço de governo - e, de facto, é dessa formaque eles têm sido tratados. Ã parte as objeçõespessoais de Murdoch à manchete, dizer que fo-ram as gracinhas do Sun que venceram as elei-

    ções é quase, de certeza, verdade.Muitas investigações académicas confirma-

    ram os meus instintos: que os jornais não deci-

    dem, de facto, os resultados das eleições. Mas os

    políticos acreditam que eles o fazem e é isso queconfere poder a Murdoch. Sucessivos líderes

    partidários e primeiros-ministros pensaram quesó podiam ser eleitos, e depois governar, com oconsentimento dos jornais. Um ex-assessor deBlair disse que sempre houve, em DowningStreet, a sensação de que Murdoch era a 25. a

    presença invisível à mesa das reuniões do go-verno; e as recentes atitudes de Cameron, Ha-

    gue, Gove e Hunt transmitiram uma forte im-pressão de que o governo de Sua Majestade éuma subsidiária da News International.

    Completamente à parte dos benefícios do

    golpe de Wapping para todos os jornais, a"Murdochia" não é simplesmente um mono-lítico e perverso império. Até a FoxTelevisionnos trouxe o glorioso feito que são os Simpsonse a Sky Sports não tem espetador mais dedica-do, ou fanático, do que este vosso autor, que foi

    apenas um dos vários milhões de pessoas, daInglaterra, ao Brasil, passando pela China, queassistiram ao clímax da época inglesa de fute-bol, com o Manchester City a conquistar o títu-lo nos últimos segundos do jogo. O admirávelTimes Literary Supplement continua a ser o pia-nista do bordel londrino de Murdoch, enquan-to o The Wall Street Journal tem mantido a suatradição de relatos escrupulosamente objetivos

    (pelo menos, nas suas páginas de notícias) aofazer a cobertura da história da News Interna-tional; e a Sky News, o canal britânico, tem sidoexemplar nas suas reportagens sobre Leveson.

    Há uma última linha de defesa para Murdoch:se ele tem vindo a gozar do tipo de influência

    que tem, então a culpa reside, não nele, mas noslíderes democraticamente eleitos, que a ele sesubmeteram. Agora eles, até mesmo Camerone a sua corriqueira entourage, têm de compreen-der que o jogo acabou para este extraordináriovelhote. O que quer que seja que aconteça a Re-bekah Brooks e aos outros acusados, ou inde-

    pendentemente do tempo que os desanimadosinvestidores da News Corp levem a livrar-se dostóxicos jornais de Londres, o feitiço está quebra-do. Rupert Murdoch passou de um Svengali aumTar Baby* 41 , pegajoso e deixando nódoa ao to-

    que. Cameron pensou que ia beneficiar com asua proximidade com o grandioso magnata; masela ainda pode pôr fim à sua carreira de primei-ro-ministro, com a expressão "Rir às Gargalha-das" como seu epitáfio político.Este texto é a tradução e adaptação por Adelaide Cabral

    de 'What Rupert HathWroughtí™, de GeqffreyWheatcrqft, publicado no volume 59, número 11, da

    New York Review of Books.

  • (4) Tarßaby, cuja tradução literal é "bebé de alcatrão", é

    uma personagem fictícia dos contos do Tio Remus

    publicados em Inglaterra, nos finais do século XIX. É

    um boneco feito de alcatrão e terebentina, usado paraapanhar o Coelho Br'cr: quanto mais este luta para selibertar mais enredado vai ficando.

    (5) Adaptação da citação bíblica do capítulo dos

    Números 23:23: "Contrajacó,pois, não há

    encantamento, nem adivinhação contra Israel. Agora

    se dirá dejacó e de Israel: Que coisas Deus tem feito!"

    A atitude de Murdochrelativamente aos padrõesjornalísticos e ao rigor factualfoi sublinhada, em 1983,pelo episódio burlesco dos'Diários de Hitler' forjadosSucessivos líderes partidários eprimeiros-ministros pensaramque só podiam ser eleitos,e depois governar, com oconsentimento dos jornais.Um ex-assessor de Blair disseque sempre houve, emDouming Street, a sensaçãode que Murdoch era a 25.-presença invisível à mesa dasreuniões do governo; e asrecentes atitudes de Cameron,Hague, Goue e Hunttransmitiram uma forteimpressão de que o governode Sua Majestade é umasubsidiária da NewsInternationalPor muito sórdida que tenhasido a maior parte da históriadas escutas ilegais detelemóueis, o episódio maisassombroso de todos continuaa ser a nomeação de Coulsonpor Cameron para seu chefede Gabinete de Comunicaçõesdepois de ele se ter demitidodo 'Neu>s of the World', nasequência da condenação,por ter feito escutas ilegaisdo jornalista que para eletrabalhava