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TEILHARD TEILHARD TEILHARD TEILHARD HOJE HOJE HOJE HOJE na na na na Europa Europa Europa Europa Revista do CET Revista do CET Revista do CET Revista do CET Centro Europeu Teilhard de Chardin Centro Europeu Teilhard de Chardin Centro Europeu Teilhard de Chardin Centro Europeu Teilhard de Chardin EDIÇÃO DE PORTUGAL EDIÇÃO DE PORTUGAL EDIÇÃO DE PORTUGAL EDIÇÃO DE PORTUGAL ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DE PIERRE TEILHARD DE CHARDIN PIERRE TEILHARD DE CHARDIN PIERRE TEILHARD DE CHARDIN PIERRE TEILHARD DE CHARDIN EM PORTUGAL EM PORTUGAL EM PORTUGAL EM PORTUGAL Outubr Outubr Outubr Outubro 20 20 20 2010

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EDIÇÃO DE PORTUGALEDIÇÃO DE PORTUGALEDIÇÃO DE PORTUGALEDIÇÃO DE PORTUGAL

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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO ::::

Pág. 2: Origem:

Portugal Entre a planetização e a

globalização Ana Luísa Janeira

Pág. 5 Origem:

Itália Science, conscience et future

Gianluigi Nicola

Pág. 8 Origem:

França Teilhard de Chardin –

Henri de Lubac Dialogue d’une vie

Georges Chantraine sj

Pág. 13 Origem:

Espanha

Evolucionismo total em Teilhard de Chardin

Josep-Maria Puigjaner

Ω Associação dos Amigos de Pierre Teilhard de Chardin

em Portugal

R. Vila Catió, 397 – 6.º esq. 1800-348 LISBOA

[email protected] www.portugal.teilhard.org

www.teilhard.org

CET

« Ensemble, construisons la Terre« Ensemble, construisons la Terre« Ensemble, construisons la Terre« Ensemble, construisons la Terre dans dans dans dans

la Paix et l’Amour »la Paix et l’Amour »la Paix et l’Amour »la Paix et l’Amour »

Sob este mote, decorreu, nos meses de Outubro e Novembro, em Assis e em Paris, um conjunto de encontros e colóquios, constituindo o grande evento do CET neste ano de 2010. Estando, no biénio 2009-2010, o CET (Centre Européen Teilhard de Chardin) sob a presidência da Association des Amis de Pierre Teilhard de Chardin, Paris, foi por sua iniciativa e com a estreita colaboração da Associazione Italiana Teilhard de Chardin, Itália, que esta iniciativa foi realizada, com enorme êxito. Conforme foi anunciado nestas páginas, nos dias 14 a 17 de Outubro decorreu um grande encontro em Assis, em que, perante uma audiência de mais de duzentas pessoas vindas de diversos pontos da Europa, quinze oradores de diferentes nacionalidades fizeram importantes comunicações, todas inspiradas na aproximação das espiritualidades de Francisco de Assis e Teilhard de Chardin. Um dos oradores foi o vice-presidente da nossa associação portuguesa, o Prof. Michel Renaud, que falou de “O eco de T. Chardin no seio duma ética da vida numa sociedade pluralista” Em Paris, este evento teve continuidade em dois momentos, um entre 23 e 29 de Outubro na Mairie du 16eme Arrondissement, que foi área de residência de Teilhard nas suas estadas naquela cidade, e outro, nos dias 19 e 20 de Novembro, no Centre Sèvres, Faculdade de Teologia dos jesuítas. No primeiro, foi prestada homenagem a Teilhard com a inauguração duma exposição comemorativa e uma série de conferências. No segundo, decorreu um colóquio em que foram desenvolvidos os temas Construir uma Terra habitável, Construir uma Terra pacífica, Construir uma Terra justa e fraterna. Participaram neste colóquio mais de trezentas pessoas e uma dezena de oradores. Com a inauguração do novo site do CET, www.teilhard.org passamos a ter acesso directo às diversas organizações Teilhard de Chardin por esse mundo, especialmente Europa e América do Norte, dando assim continuidade ao espírito que, em 1989, presidiu à fundação em Estrasburgo deste fórum internacional. Aí podemos encontrar, além do nosso, os sítios das nossas congéneres nos EUA, Reino Unido, Itália e, evidentemente, França, com informação sobre as suas acitividades, implantação, projectos, bibliografia, etc. Futuramente espera-se que os sítios de outros países membros do CET venham enriquecer esta janela de informação teilhardiana. A British Teilhard Association, Reino Unido, foi eleita em Novembro passado para assumir a presidência do CET no biénio 2011-2012. Comemorando-se em 2011 o centenário da ordenação de Teilhard de Chardin em Hastings, Inglaterra, a BTA organiza um encontro no mês de Junho, em Londres, com programa a anunciar oportunamente.

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de Portugal

Entre a Planetização e a Globalização 1 ANA LUÍSA JANEIRA2

Na medida mesma em que comemorar deve constituir um tempo especialmente votado para a maior

interiorização de uma vida e de uma obra, cabe-nos a responsabilidade de aproveitá-lo como momento privi-legiado para argumentos em favor de um maior espírito crítico.

Numa conjuntura onde a crise modernista crispava as fronteiras entre «crença e ciência, Teilhard de Chardin exigiu de si a capacidade de as levar às últimas consequências, razão pela qual instaurou uma centelha reflexiva, entre a ousadia e a temeridade, nos meios católicos e científicos, com efeitos perturbadores e reacções diversificadas, com impacto à escala mundial.

Dotado de uma formação católica consistente e de uma informação científica sólida, confrontou-se com a necessidade interior de levar até ao fim as exigências do conhecimento, sem prescindir de todas as consequências inerentes.

Na verdade, instigou a comunidade religiosa a não petrificar em crenças inquestionáveis, ao mesmo tempo que a revigorava com problemáticas, a que corresponderam aproximações fundadoras entre o cristianismo e o mundo científico moderno. Dessa atitude, decorreu também uma sinergia interpelante contra o cientismo e o positivismo, ideologias que alimentavam, à época, a recusa de qualquer brecha em favor da crença.

Ao chamar a si o direito de explorar o saber, entre os limites do possível e do quase impossível, não deixou, contudo, de cair em territórios fronteiriços, que nunca foram interrogados, e num optimismo montado nas margens larvares de um certo cientismo.

Aspectos gerais presentes na estrutura configurante, onde emergiu o conceito de planetização. Envolvido pela suspeição do imobilismo atávico de quem temia tanta actividade intelectual, exilado por

força das vontades apostadas em silenciá-lo, Teilhard de Chardin teve de afrontar uma terceira inércia, não menos penosa: a sobrevivência inovadora contra as teias do isolamento e do ostracismo.

Para o conseguir, estimulou estratagemas psicológicos perdurantes, de modo a manter a energia anímica e a resistência física, com maior ou menor sucesso. Nesse sentido, alimentou a capacidade espiritual, a nível do conhecimento, e a vontade inabalável, a nível da acção, mediante uma actividade de escrita e uma epistolografia quotidianas.

Convicto de quanto esse estímulo era essencial, como fermento constante para a criatividade, dir-se-á que as manejou com uma perícia invulgar, sem nunca desistir desses recursos, com temperança e intrepidez. O que não lhe terá permitido, contudo, uma situação de comunicabilidade igual à troca de ideias sem restrições, à contraposição de pontos de vistas e ao confronto de ecos imediatos, por via da publicação permanente e generalizada.

Porque sentiam o obscurantismo imperturbável da santa ignorância ameaçado, porque recusavam os prejuízos da literacia catequizada e do dinamismo mental, aquele ponto terá sido, sem dúvida, a cabala mais cobarde e mais perversa, contraposta à originalidade fluente deste pensamento.

1 Conferência proferida pela autora no Colóquio “Teilhard de Chardin – Evolução e Esperança”,

realizado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em Maio de 2005.

2 (n. 1943) Licenciada em Filosofia, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 1967; Doutorada em Filosofia Contemporânea, Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne), 1971, com a tese Réflexion philosophique sur l’Energétique dans la pensée de Pierre Teilhard de Chardin, sob a orientação do Professor Henri Gouhier; Agregação em Filosofia das Ciências, FCUL, 1985; Técnica Superior do Gabinete de Investigações Sociais, 1970-1971; Técnica Superior do Instituto de Alta Cultura e Instituto Nacional de Investigação Científica, 1974-1980; Leitora de Português nas Universidades de Montpellier (França), 1971-1973, e Sheffield (UK), 1973-1974; Pró-Reitora da Universidade de Lisboa, 1986-1989; Membro do Comité Científico do Programa "The Development of Chemistry in Europe", da European Science Foundation; Membro do Comité Michel Foucault, Paris; Membro do Comité International Diderot, Paris; Coordenadora, em Portugal, da Red de Intercambios de la Historia y la Epistemologia de las Ciencias Químicas e Biológicas, Cidade do México.

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Aspectos gerais presentes na estrutura configurante, onde emergiu o conceito de planetização. Inteligência inserida numa época fustigada por antagonismos estribados entre aquilo que a ciência ia

descobrindo, com fórmulas eficientes e tecnologias de pasmar, e aquilo onde a fé impunha limitações com a desfaçatez da irracionalidade, Teilhard de Chardin estribou a vida num aguerrido combate em favor da aproximação justa entre ambas. Mérito seu.

Todavia, a distância crítica obriga a ir mais longe e a relevar como permaneceu sem ter explorado devidamente os requisitos da incomensurabilidade.

Assim sendo, importa perceber as razões por que terá ficado dependente do fideísmo, para uns, como terá sido vítima do cientismo, para outros. Algumas delas advêm de ter manejado com argúcia as exigências teóricas e as metodologias requeridas pela ordem do ser e pela ordem do devir.

Facto que não sendo bem interpretado, logo resvala para o comentário simplista, a culminar no epíteto de espiritualista ou de materialista. Atitude que não correspondia ao seu modo de pensar que, não sem abusos, reivindicava o desejo de mover as duas ordens, ao retirar argumentos no sentido de uma "fenomenologia", abraçando "todo o fenómeno".

Aspectos gerais presentes na estrutura configurante, onde emergiu o conceito de planetização. Atraindo o rótulo de pioneiro, como a designação de precursor ou de visionário, às vezes indevidamente,

importa perceber porque é que isso acontece. Acontece porque a falta de propriedade nessas designações resultam de muita aproximação superficial,

resultante de sintonias espontâneas, impressionistas e imediatas, sem nenhum suporte reflexivo. Mas acontece, igualmente, porque a pujança e a riqueza inerentes a uma obra tão inovadora, têm favorecido esse tipo de deturpações.

Caberá, pois, ao rigor filosófico situá-lo, na sua identidade mais específica, ou seja, como valor inerente à intuição em prol da síntese.

Possuidor de uma imensa e fecunda capacidade intuitiva, Teilhard de Chardin demonstrou grande coerência, na defesa de uma exigência dotada do direito de legitimar por via e com base na intuição. Com isso, muniu-se de uma postura intrépida, à rebeldia das tendências vigentes na primeira metade do século XX, período marcadamente conflitual, em defesa do modelo racionalista e do raciocínio analítico.

Contrapôs-lhes uma tendência minoritária, até desacreditada, em favor de uma configuração, onde o esforço interdisciplinar equivalia ao melhor gesto de salvaguarda de um conhecimento sem disciplinas, mas com problemas.

Contrapartida que estava alicerçada numa experiência pessoal extremamente rica, pois, neste ponto, a vida proporcionou-lhe oportunidades únicas de trabalho de campo, no meio de equipas enriquecidas por muitas e variadas formações.

Aspectos gerais presentes na estrutura configurante, onde emergiu o conceito de planetização. Tenha-se a coragem de constatar quanto o conceito de Homem e o conceito de Humanidade são pensados e

usados como figuras contraditórias. Por um lado, a preocupação de os distinguir com maiúsculas, por outro lado, à sua volta, formas de desprezo

continuado, do malquerer à inveja e ao ódio, no extremo à guerra. Neste particular e com diferenças nas materialidades concretas e nos significados inerentes, surgiram idades

de descoberta e de conquista, predominantes no passado, bem como modos de povos, de nações e de países continuaram a impor-se, até à actualidade.

Prestando-lhes sempre atenção, Teilhard de Chardin foi sensível às tendências convergentes e centrípetas, do átomo à comunidade humana.

Surpresa das surpresas, terá mesmo começado a despertar para o tema, quando tudo pareceria oposto, ou seja, enquanto transportava feridos no campo de batalha, durante a Guerra de 1914-1918. Na verdade, essa terá sido a circunstância iniciática para a tomada de consciência de um fenómeno que só veio a apelidar de "planetização", anos depois, aquando da Guerra de 1934-1945.

Este neologismo significava que o conceito não estava moldado por qualquer outro conceito ou palavra preexistentes. Ou seja, indicava que a palavra nova surgia por imposição directa de uma ideia nova.

Acrescente-se não ser identificável com "colectivização", "socialização" ou "universalização". Como não deverá ser trocada por "mundialização" ou "globalização", que, dentro da tendência banalizadora

vigente, está a ser desapropriada de si mesma, pelo uso indevido. Razão por que convirá contrapor-lhe uma reflexão que contribua para lhe devolver o rigor, na dimensão histórica e na situação actual.

É na própria origem do vocábulo planetização que reside a singularidade imediata do conceito. Na verdade, o étimo marca indelevelmente o pensamento que transporta. Apesar de parecer óbvio, vale a pena dedicar-lhe um olhar a atenção especial, habitada como está por um conteúdo específico, em perfeita afinidade com a configuração intelectual de onde emerge.

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Segundo a lei da complexidade-consciência, a tendência para a convergência é universal, pelo que cada um dos estádios implica sempre o estádio anterior.

Desde a partícula material à comunidade espiritual, passando pelo indivíduo, a pessoa e o grupo, intervieram vectores de centralização que condicionaram e prepararam Un grand événement qui se dessine: "La Planétisation Humaine" 3.

Sendo assim, a cosmogénese preparou a biogénese, como a antro-pogénese correspondeu a uma hominização, antecedida pela vitalização. Sendo assim, as diferentes fases da confluência necessitaram de um processo, onde "tudo o que sobe converge", da matéria à sociedade.

O "fenómeno humano", o "grupo zoológico humano", a "noosfera" e demais expressões similares correspondem, pois, a oportunidades geradas de longa data, incluindo esta realidade fundamental: é o espaço limitado e a estrutura esférica do planeta que condicionam a possibilidade da planetização.

Consequentemente e em perfeita coerência com os eixos maiores da sua Energética, Teilhard de Chardin insistiu em que os fenómenos relacionados com a Humanidade convergente - âmbito predominante da "energia radial" - têm sido e são condicionados pela esfericidade da Terra - âmbito predominante da "energia tangencial".

Inteligibilidade que ele próprio invocou para explicar diferentes situações - antigas e contemporâneas -, como sejam as façanhas dos Descobrimentos, os modos de aproximação entre gentes distantes, ou os intercâmbios desenvolvidos pelas equipas de investigação mais recentes.

Sendo assim, a arqueologia-genealogia do conceito de planetização adquire identidade a partir de um discurso fundador, onde sobressai o condicionamento cosmológico. Por isso, não é possível pensá-la sem este pressuposto. Por isso, será limitante se não se lhe juntar uma tendência teológica.

Facto que está quase ausente, quando se fala da universalização - nível lógico - com acento no geral, quando se fala da colectivização -nível social — com tónica no conjunto, ou quando se fala da mundialização e da globalização - nível geográfico - com incidências no supra-local.

Razão pela qual a "Planetização Humana" é um acontecimento compósito, de que não se podem descurar as múltiplas instâncias, sem perdas anuladoras da essência.

Daí que este pensamento reclame, sempre, como o concurso de qualquer uma delas é exigido pela substância identificadora: precedida pela personalização e pela socialização, sem dúvida, mas pela hominização e pela vitalização, também.

Por outras palavras, é enquanto implica uma "causa material" de tipo cosmológico e uma "causa final" de tipo teológico que a "noosfera" corresponde a uma etapa decisiva de sentido mais englobante.

A nível do espírito, a planetização contém uma "energia radial" máxima e uma "energia tangencial" mínima, porque confluem nela vectores maiores da noosfera.

Correspondendo a uma etapa evolutiva significativa, logo preparada e completada ao longo de todo o processo evolutivo anterior, ela incorpora os diferentes aspectos dos demais tempos precedentes, e nunca pode ser interpretada como uma realidade despegada deles.

Se é certo que os tempos presentes não comprovam a previsão teilhardiana, pois a convergência é substancialmente económica, também é certo que este pensamento poderá fornecer argumentos importantes para corrigir e perspectivar melhor as características do fenómeno globalizante.

Concluindo, é precisamente pela relevância acordada ao espírito que Teilhard de Chardin poderá revigorar o debate em volta da globalização, pois, ao trazer a complexidade do fenómeno para o campo de ideias no espaço plurivocal contemporâneo, obrigará a exigências teóricas e práticas, ao arrepio do reducionismo centrado numa entidade tão falaciosa como a estrutura económica dominante.

3 TEIHARD DE CHARDIN, P. – L’Avenir de 1'Homme, Paris, Éditions du Seuil, 1959, 157-175.

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de Itália

SCIENCE, CONSCIENCE ET FUTUR

« Les prophéties disparaîtront, le don des langues cessera et la science s’évanouira. Notre conscience, en effet, est imparfaite comme l’est notre prophétie; mais quand ce qui est parfait surviendra, ce qui est imparfait disparaîtra ».

Quelle fatigue ! Quelle grande fatigue ! Une fatigue de Sisyphe que de rechercher, découvrir et puis construire une théorie de la vérité, parce que la vérité/réalité est énorme, grandiose, va au-delà de notre expérience terrestre, si marginale et limitée.

Et pourtant les hommes indomptables ne s’arrêtent pas, comme le mythique Ulysse, ils visent les colonnes d’Hercule et se demandent avec courage comment ils pourront les passer : et bien, avec une méthode, la méthode scientifique probablement, qui, surtout lors des trois siècles derniers, a donné une impulsion et une accélération très fortes à la connaissance humaine. Celle-ci a amené une vision lucide, consciente et ample de la constitution et du fonctionnement de notre monde, avec une première ouverture à l’univers dont nous faisons partie, enchanteresse et inquiétante.

Néanmoins notre connaissance est imparfaite parce qu’elle a d’abord utilisé pendant longtemps, les organes de sens et puis, à des époques plus récentes, l’élaboration mentale consciente, qui sont tous des instruments supportés par une structure corporelle limitée et mortelle.

L’humanité a réussi à se doter, dans tous les cas, de théories au moins partiellement explicatives, s’en remettant à l’observation phénoménique qui induit une connaissance dont on peut déduire des généralisations. Ces dernières deviennent science si elles sont opportunément vérifiées au moyen d’un modèle expérimental cohérent, ayant la caractéristique de la répétitivité.

Notre cerveau ne répond pas, d’autre part, à l’objet en soi, mais à sa représentation mentale. Une science soutenue par cette structure biologique ne peut que produire des modèles vérifiables ou peut-être falsifiables, lesquels en vertu de la limite intrinsèque à ce même esprit qui les a générés, ne sont pas définitifs et engendrent, sans aucun doute, de nouvelles demandes, faisant de la science un système de connaissances ouvert et non déterministe.

Tout ceci permet d’accéder à des décodages du réel, progressivement plus amples, en construisant, chaque fois, des systèmes interprétatifs et des savoirs plus étendus, capables justement de falsifier les acquisitions précédentes, dans la mesure où c’est compatible avec leurs limites et leur contexte, en les recomposant ensuite, si possible, comme partie d’une lecture plus générale de la réalité.

C’est un chemin évolutif, non pas de relativisme mais de « relativité » qui a toutefois produit des retombées technologiques de grande portée, par rapport à la limite humaine. Il en est surgi la société contemporaine qui a fait du processus d’objectivation scientifique le levier pour forcer les poids et les fatigues dus à l’indifférence des dynamiques puissantes de la réalité physique.

Si notre monde savait se doter d’un modèle énergétique cohérent et non irrationnel comme il l’est actuellement, dominé par des instincts ancestraux, et, justement scientifiquement pauvres, il est certain que le modèle social contemporain conserverait sa capacité de survie et diffuserait ses technologies pour le soulagement d’une grande partie de la population, aujourd’hui en prise avec une existence précaire. Serions-nous devant un miracle de la science, dominatrice de la nature grâce à sa méthode interprétative et objectivante ?

Peut-être que oui, bien que, cependant, semble émerger le problème du processus d’objectivation, celui qui a attaqué et attaque non seulement les réalités naturelles mais aussi les valeurs sur lesquelles les sociétés humaines se régissent. L’homme aussi ne va plus très bien et sent planer sur lui-même une dépersonnalisation qui montre des revers dévastateurs et destructeurs.

Le seul espoir repose désormais sur le fait de penser qu’il s’agit de déviations dues à l’utilisation partielle, acéphale et avidement intéressée d’un instrument puissant qui, pour bien fonctionner, doit être intrinsèquement neutre et objectif, non chargé d’idéologies : la science naît de l’esprit rationnel de l’homme qui, pour disposer d’une même vision de la réalité, a dû toutefois parvenir au dépassement de ses propres limites, conquérir la capacité critique de la pensée réfléchie, se transfigurant lui-même dans un passage de seuil qui lui a donné la lumière de la conscience.

Science et conscience donc, l’une dans le prolongement de l’autre, sujets d’une dynamique qui, dans son devenir, rend utilisable des espaces intellectuels et spirituels très amples, ouverts sur des tranches de vérité/réalité inimaginables. Est-ce si beau, si simple, est-ce ainsi pour tous ?

Les chroniques d’aujourd’hui semblent contredire des optimismes improvisés. Il y a autour de l’argument une impalpable incertitude, une insondable désorientation : la conscience de soi est gênée dans ses tentatives d’intégrité, d’identité et d’identification, parce que le monde d’aujourd’hui dans son ampleur et sa complexité, n’est plus aussi facile à déchiffrer et à discerner, il apparaît même plutôt confus.

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Essayons alors de faire une tentative, essayons de distinguer l’éthique de la morale et essayons de penser à la première en tant que science des milieux, entendus comme synthèse d’une phénoménologie, et en tant que science des références, entendues comme clés de lecture, comme paradigmes interprétatifs .

Puis la morale, qui vient après l’éthique, se posera comme médiation culturelle relative au contexte où se déroule la vie humaine. Les règles morales détermineront d’un côté le comportement de l’individu qui s’exprimera en fonction de son caractère, structure ontologique de l’appareil neuropsychique individuel, et contribueront, d’un autre côté, à la formation d’un système de valeurs, capable de régir la coexistence sociale.

Ainsi conçue, l’éthique pourrait permettre une orientation, pourrait aider l’apparition de compartimentations à l’intérieur de ce creuset apparemment insensé et entropique qu’est le monde contemporain. Il devient pourtant nécessaire, à ce moment-là, de donner des noms, sachant qu’en outre l’éthique, en tant que science, se dépasse dynamiquement elle-même : j’essaie de les distinguer et je commence à parler d’éthique du milieu biologique laquelle a comme références la survie et la reproduction.

Cela peut, en apparence, paraître étrange, mais à y bien réfléchir, une éthique ainsi conçue permet d’expliquer différentes choses du monde contemporain, qui, malgré toutes ses réalisations mirobolantes, n’a cependant pas réussi à aller au-delà des comportements induits par l’approche biologique, aussi bien de la réalité concrète que des idéaux. La tragi-comédie qui se joue chaque jour dans nos métropoles hypertechnologiques, semble être plus utile à couvrir et dorer ces attitudes qui nous accompagnent encore depuis la nuit des temps plutôt qu’à stimuler un réel progrès, considérant même toutes les limites du terme.

Les techniques de la survie, entendues comme permanence de la vie, sont ainsi devenues hypertrophiques, transformant par exemple, l’abri en gratte-ciel ou l’aliment en obésité vorace. L’approche reproductive, de son côté, a même réussi à se muter en une technique commerciale ou à exprimer un érotisme exagéré d’images. Ce sont des dynamiques qui conservent encore quelque positivité initiale, mais qui, de la nature dont elles tirent leur origine, gardent seulement un pâle souvenir, tant elles sont emplies de rationalité inconsciente mêlée à des instincts de pulsion.

Le processus d’objectivation scientifique, privé de la réflexion et de l’effort d’exprimer une valeur sémantique, n’a fait qu’aggraver les choses, contribuant à construire une réalité balayée par une raison insensée.

La récupération du sujet, de la personne entière dans sa conscience, se présente alors comme un passage de seuil dont il faut tenir compte, pour donner souffle et espoir au futur proche. Si ceci peut-être vu comme un objectif important, il devient alors inévitable de se doter d’une éthique différente, plus générale que la première, biologique, c’est-à-dire une éthique que nous pourrions définir dans le milieu conscient, basée sur des paradigmes de liberté et d’amour.

Nous parlons d’une perspective à l’intérieur de laquelle c’est l’homme, tout à fait homme, qui émerge dans son intégrité, un être conscient qui sait concevoir des ampleurs et qui voit devant lui un horizon de croissance et de convergence bien plus étendu qu’un horizon animal, biologique, construit par le cas évolutif et tendant vers le statu quo.

Pour ces raisons, l’éthique de la conscience ne peut pas ne pas faire usage d’une liberté intellectuelle et d’une énergie d’amour qui ensemble consentent aussi bien le décodage que la gestion des systèmes complexes. Leur présence a été et est nécessaire à la survie de la biosphère parce que, générant des compartimentations, elles peuvent contrarier l’homogénéité désordonnée de l’entropie et son hasard statistique, tandis que grâce à leur structure en réseau capable d’auto-organisation, elles contribuent à accroître cette même conscience qui avait commencé à les interpréter.

Voici alors qu’émerge dans toute son importance, l’intuition de Teilhard de Chardin concernant la définition de la loi de complexité/conscience avec sa dynamique sous-tendue. Précurseur dans la compréhension de ce que pouvaient être les développements futurs de l’humanité, il voyait avec clarté combien le passage du monde des instincts et des émotions au monde des signifiés aurait été important, grâce à ces relations qui, comme on est entrain de le comprendre aujourd’hui, construisent une réalité dynamique structurée selon l’intéressante logique des réseaux.

La complexité, d’autre part, origine de la conscience, est ainsi par un effet de relation évolutive, ce lien étant construit sur l’échange des signifiés, en vertu duquel il est possible aux réseaux d’exister et de créer les conditions sine qua non pour que l’union efficace d’entités plus simples, grâce justement à de nombreuses possibilités de relation évolutive, produise une nouvelle réalité plus complexe et aux propriétés potentielles nouvelles.

De fait, le corps humain, par exemple, est ontologiquement et filogénétiquement complexe, à cause des très nombreuses relations entre ses éléments constituants, mais il est extrêmement simple et inutile dans sa totalité, quand il existe en absence de relations évolutives avec l’altérité et le milieu.

Si alors pratiquer l’éthique de la conscience conduit à structurer l’homme dans la plénitude de ses potentialités, il est intuitif de penser à l’exigence d’un autre passage de seuil ou transition de phase, pour utiliser un terme familier à la théorie des réseaux, afin d’éviter de perdre par isolement, le fruit précieux de la rencontre entre l’évolution matérielle et la réalité spirituelle ; ici, c’est à nouveau Teilhard qui établit, avec son idée de

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noosphère, la sphère de la pensée qui se constitue et se place à côté des autres sphères concentriques et interconnectées, comme par exemple, la lithosphère, l’atmosphère, la biosphère, qui ensemble forment Gaia, la planète qui vie.

La noosphère, basée sur les relations évolutives entre esprits conscients, est un phénomène nouveau, très récent, actuellement en pleine croissance et qui aujourd’hui promet, peut-être, des problèmes majeurs à une humanité fatiguée, peu encline à un travail intellectuel . Cependant, on commence à percevoir cette réalité dans son mode de fonctionnement : elle se répand et met en évidence combien sont sans doute nécessaires, tant le dépassement de visions, qui commencent à montrer des limites significatives, que la formation d’une nouvelle éthique, que tel changement peut orienter.

Jacques Monod avait fait, à ce sujet, une proposition et avait parlé d’éthique de la connaissance, comme système de valeurs impliqué nécessairement par la recherche scientifique, ce qui constitue en soi une ascèse ; une éthique, pourtant, dont le seul but aurait été la pure et simple connaissance objective, grâce à laquelle le monde moderne a été édifié et avec lequel elle serait justement la seule compatible : « Quel idéal proposer aux hommes d’aujourd’hui - se demandait Monod en conclusion – qui soit au-dessus et au-delà d’eux-mêmes, sinon la reconquête, à travers la connaissance, du néant qu’eux-mêmes ont découvert ? »

Quarante ans se sont écoulés depuis ces paroles. Les blessures de l’horrible guerre, qui a laissé après soi, inutilité et désenchantement, sont un pâle souvenir. Le monde tente avec peine, une carte inédite, la globalisation, et voudrait lier à celle-ci une espérance nouvelle, avec, cependant, une vision d‘ensemble. Si une analyse, acte de la connaissance, est nécessaire, si une synthèse, acte d’intelligence intuitive, est indispensable et si des décisions, acte de la volonté créative, sont désirables, alors une éthique de la connaissance n’est plus évitable.

Pourtant, à la différence du passé, il semble aujourd’hui improbable de penser à une connaissance qui n’aille pas au-delà de l’objectif : en effet, bien que le fructueux chemin réductionniste ait produit par la science, une technologie inimaginable, pour ne pas perdre l’homme, dominé par la neutralité glaciale du machinisme invasif, il est nécessaire de récupérer des relations qui, même partant de lois objectives et démontrées, sachent les faire interagir, non pas pour se plaquer contre elles, mais pour créer de nouvelles références complexes, capables de rendre à l’être constitué par la pensée réfléchie, une dignité qui le remette au centre de sa propre action.

Il s’agit, en somme, de concevoir cette nouvelle éthique pour laquelle des références intéressantes pourraient être le copartage, l’accueil : bien sûr, si dans le milieu de cet effort choral d’unité mondiale, aujourd’hui actuel, on veut éviter de rester annihilés par l’impersonnel invariant, rien d’autre que le matérialiste horizon financier, il est vraiment temps de tendre la main à une idéalité inédite, pour pouvoir se défaire des pièges antiques, s’ouvrir à des relations nouvelles et plus ramifiées, lire d’un regard nouveau, libre et conscient, la sagesse qui est sédimentée dans les siècles pour pouvoir faire de la connaissance un horizon non seulement d’informations déliées, mais surtout chargées de sens.

Le futur, projection consciente du présent remémoré, sera toujours plus caractérisé par une recherche convergente de vérité, parce que les esprits qui voudront et pourront y accéder, grandiront jusqu’à atteindre un numéro critique, que, une fois amorcée une transition de phase, un teilhardien passage de seuil, fera de la noosphère un milieu de référence dont il faudra tenir compte, pour le devenir d’une humanité à la recherche de la lumière, qui illumine ces signifiés tirés du limite terrestre et, les ayant transfigurés, en accompagne leur devenir selon la tension à l’immense.

Un espace, alors, un espace d’infini, libéré peut-être d’une chrétienté en décadence et toutefois prête à accueillir le christianisme renaissant, vécu non pas comme une religion parmi toutes ces religions totémiques qui agitent notre monde, mais comme annonciation, l’annonciation de l’existence du Vivant, de Celui qui est, l’Incommensurable, source limpide d’une vie consistante, expression de l’énergie transfigurée par la Conscience Suprême, le Verbe.

Il s’agit d’une Vie qui sait conférer même à l’état vivant de la matière, la capacité de passer le seuil de sa propre limite et d’expérimenter de façon consciente, l’expérience de l’Ultérieur authentique, de la lucidité spirituelle avec sa force exubérante. En effet, selon un ami prêtre turinois à la capacité d’expression aiguë, Don Enrico Molgora : « le décodage d’étincelles de vérité, quelle que soit la voie choisie, fait entrevoir la lueur scintillante de la Vérité toute entière », et j’ajouterai, suscite l’aspiration à la communion avec le Bon Dieu qui vient, qui nous a choisi et qui à nous s’est révélé, avec puissance, avec autorité mais surtout, avec la substance de l’amour/charité, qui de toutes les choses est le plus grand, qui du néant sait en tirer des essences et qui ne s’éteindra jamais.

Gianluigi Nicola4. Associazione Italiana Teilhard de Chardin

4 Membro da direcção da Associazione Italiana Teilhard de Chardin, director responsável pela versão

italiana da revista do CET, formação em biologia, activo na área da farmacologia e das neurociências.

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de França

Teilhard de Chardin – Cardeal Henri de Lubac O diálogo duma vida (1922-1955)

Georges Chantraine sj 5

La genèse des livres du Père de Lubac sur Teilhard compte dans 1'interprétation de la pensée de Teilhard. Elle montre un nouveau combat du Père de Lubac contre une théologie sclérosée et, d'autre part, une manière d'insérer la pensée de Teilhard dans la grande Tradition de 1'Eglise, sans cacher ni son envergure ni ses limites, au moment ou le concile Vatican II, dont le Père de Lubac est expert, puise lui-même dans cette Tradition, autant qu'il le peut.

Les relations de Lubac et Teilhard commencèrent en 1922. Le jeune Lubac est allé taper des papiers sur la machine à écrire de Teilhard à Paris. II a connu les Mémoires échangés entre Blondel et Teilhard par l’intermédiaire du Père Valensin qui a mis en rapport les deux penseurs. Lubac les a lus et communiqués à ses amis Robert Hamel et Gaston Fessard. II est plus proche intellectuellement de Blondel que de Teilhard à ce moment. Mais sautant par-dessus prés de quarante ans, nous décrirons le temps ou Lubac écrivit ses livres sur Teilhard, et en général s'occupa de présenter la pensée de Teilhard et de la défendre.

Pour l'honneur de Teilhard

Depuis 1955, les éditions du Seuil publient les œuvres complètes de Pierre Teilhard de Chardin. Le 20 janvier 1960, le P. de Lubac fait une conférence à Grenoble sur le Milieu divin. Le 2 avril, il remet au Père Provincial un avant-propos pour la brochure sur le Milieu divin. Le 8 avril, le Père Provincial lui annonce qu'il ne peut la publier. Voici ce que le Père de Lubac lui répondit le 19 avril : « La réponse romaine dont vous me faites part ne m'étonne pas. ]’avais pense bien faire en tentant un nouvel effort. (...) Mais tout en voulant évacuer des sentiments trop personnels, je ne peux pas ne pas juger, de plus en plus, absurde et immoral un système qui fait l’univers catholique presque entier dépendant, dans les questions les plus graves, d'un ou deux hommes pesant dans le secret sur le supérieur général des jésuites, sans qu'aucune sorte de contrôle, de discussion, voire de simple Information ne soit possible ».

Devant cette interdiction, le 15 juillet, le Père de Lubac écrit à Mgr Bruno de Solages : « La question teilhardienne me préoccupe de plus en plus. Le succès grandissant devient plus dangereux. Trop de mondains, trop de politiques, trop d'incompétents, trop de doctrinaires aux trop courtes vues, voila de quoi se compose presque uniquement l’ensemble de ceux qui parlent de Teilhard et qui finiront bientôt par en imposer à tous une interprétation profondément déformante. Il faudrait qu’une voix, autorisée a tout point de vue, s'élève, et fortement. Je ne dis pas : « il faut » ,parce que je ne veux pas faire sur vous de pression indiscrète. Mais vous savez mon désir ».

En août, le Père de Lubac tenta de tourner 1'obstacle, sans se décourager. Sur le conseil du Père Stanislas Lyonnet, exégète de saint Paul, il a fait demander au Père General de la Compagnie de Jésus, le Père Janssens, par l’intermédiaire du Père René Arnou, professeur à la Grégorienne, de pouvoir publier un petit ouvrage sur le Milieu divin, qu'il avait lu et corrige en 1932, en vue de faire connaitre la pensée véritable du Père Teilhard et de la soustraire au « teilhardisme » défini comme une utilisation de certains thèmes teilhardiens qu'on sécularisait en profitant du silence de 1'Eglise et de l’absence de toute publication au sujet d'un homrne longtemps proscrit, soit aussi comme une présentation de pensées de Teilhard destinée à en rendre évident 1'éloignement de la foi chrétienne. Le Père de Lubac aurait ainsi profité de 1'offre que lui faisait Daniel Rops pour sa nouvelle collection Le Signe et aurait pu lui remettre le manuscrit « en peu de jours ». II aurait développé un texte intitule Du Bon Usage du Milieu divin, « issu d'une intervention improvisée aux Journées teilhardiennes de Cérisy-la-Salle (en 1957) ; ce texte avait été ensuite polycopie, à mon insu, par un groupe de jeunes officiers en Algérie ». Mais cette demande présentée par le Père Arnou est finalement repoussée et ce dernier précise même le 28 septembre « qu'il ne faut pas insister». Henri Bouillard et Henri de Lubac projettent alors de publier dans les Archives de Philosophie : « Maurice Blondel et le Père Teilhard de Chardin. Mémoires échangés en décembre 1919». Mais le P Régnier, directeur des Archives, n'est guère favorable à la publication de ces Mémoires ; sans commentaires, le document ne serait guère intelligible et celui-ci demanderait la censure de Rome. Pourtant, prépar’es en novembre, corriges entre décembre 1960 et avril 1961, ces Mémoires paraîtront en 1961 pour célébrer l’anniversaire de la naissance de Blondel. Le Père de Lubac note que selon « cet excellent Bruno [de Solages] »,

5 Texto (versão abreviada) duma conferência proferida a 27 de Março de 2010 na Fondation Teilhard de Chardin, Paris, pelo Padre Chantraine, especialista da obra de Henri de Lubac. O Padre Chantraine faleceu subitamente no dia de Pentecostes de 2010. Esta foi, pois, a sua última conferência. Este artigo foi-nos cedido pela revista Teilhard Aujourd’hui, da Ass. T. Chardin, Paris, tal como foi publicado no seu nº 34, de Junho 2010

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ils sont « d'UN INTÉRÊT PRODIGIEUX (c'est lui qui souligne deux fois) » Ils seront publiés en volume en 1965 « a la demande du P Régnier ». Par ailleurs, en novembre 1960, le Père de Lubac informe Henri Bouillard qu’il est en train de faire dactylographier « les lettres de Teilhard à Auguste Valensin, d'après la copie que Mlle Mortier m'a prêtée et que vous avez vue l’autre jour rue de Sèvres ». C’est le début des Lettres intimes. En 1961, Henri de Lubac relit 1'échange de correspondance entre Teilhard et Valensin qu'il juge « un document de première importance ». II écrit au Père Bouillard: « Vous savez bien que je souffre de ne pouvoir pas publier quelque chose sur le Père Teilhard ; ces lettres me confirment pleinement dans l’idée que je m'en suis faite, — et me seraient d'un secours inappréciable pour le travail que je ne ferai pas. J'ai cependant commencé, depuis 2 ans, a grossir, surtout a coups de citations, la conférence que j’ai faite sur le Milieu divin ; de temps en temps, ici, j’en recopie quelques pages, pour en commencer une copie a peu prés nette, que je pourrai faire lire a d'autres ». II continuera par la suite à recopier ses pages et en janvier 1971, la préparation des Lettres intimes est « bien avancée », le manuscrit pouvant être remis à Aubier. Mais le livre tarde à sortir !

La douloureuse gestation de « La pensée religieuse »

Revenons à 1961. Le dimanche 23 avril 1961 au soir,« le Père Provincial me dit son échec a Rome : interdiction d’essayer même d’écrire sur Teilhard ; interdiction de rien envoyer sur lui a la super-censure romaine. Motif : je suis présumé d'avance incapable de comprendre les motifs qui ont fait refuser jadis le permis d’imprimer du Père Teilhard ». Néanmoins, le 5 mai, le Père de Lubac envoie « une lettre au Père Swain, Vicaire général, au sujet de Teilhard, lui disant la nécessité d’un exposé objectif qui redresse des fausses interprétations, dommageables à l’Église autant qu'à la mémoire de Teilhard». La réponse romaine sera "tardive", mais dès le 8 mai, sans attendre cette réponse, le Père de Lubac « achève de recopier [s]on travail sur la doctrine spirituelle de Teilhard : manuscrit de plus a serrer dans mon placard ». Le 16 mai, il met au net le volume, « quoique ce soit sans espoir ». Le Père Bouillard apprécie ce « brouillon » : c'est un « excellente apologie en faveur d’une pensée souvent mal comprise, mais aussi et en même temps une œuvre de doctrine spirituelle. [...] J’admire que vous puissiez encore rédiger si bien malgré vos fatigues ». H. de Lubac commente : cette lettre « m’a donné du courage pour refaire un chapitre sur Teilhard, en y corsant la partie critique. J'ai amasse également des Notes pour un nouveau chapitre de critiques, — mais la vague de chaleur me détourne présentement de le rédiger ». II achève son livre le 29 juin : « Je pense remettre mon travail sur Teilhard, revu ici (j'achèverai demain), au P. Arminjon, [son provincial] la semaine prochaine ».

Il le juge « superficiel.» ; «Je voudrais avoir une bonne révision provinciale, qui me permettrait de faire circuler le manuscrit ». Le 3 juillet, il remet « au P. Provincial en 2 exemplaires [s]on manuscrit sur la Doctrine spirituelle du P Teilhard de Chardin ; celui-ci pense confier l’une des révisions au P. Boné (Louvain) ». « II voudrait presser l’affaire à Rome, — car il est d’une persévérance admirable ; mais il n'y a aucun espoir ». Le 4 septembre, il a reçu les censures de sa province : « Au milieu de ces déboires, j’ai pu mettre a peu prés au point mon travail sur Teilhard, remis pour révision le 4 juillet au Père Provincial. J'ai une 1ère révision, incomplète encore pour le détail, mais ultra-approbative pour l’essentiel. Quant a la 2e, elle est si laudative que je n'oserais pas la montrer, s'il ne s'agissait pas de Teilhard. Elle insiste sur la nécessité et l’urgence de cette publication. Fort de ces censures le Père Provincial (tenez cela secret) va provoquer une lettre collective des 4provinciaux a Rome.. .Nous verrons la suite. Je n'ai cependant aucun espoir, sachant le tempérament du Père General, les dispositions de ses conseillers, la mentalité régnante à Rome ». La «documentation » est « achevée » fin octobre. Le 12 novembre, Henri de Lubac note que « le Père General a réclamé à Rome mon travail sur Teilhard a deux reprises. Aussi pensons-nous qu’il n’y a plus d'espoir de paraître ».

Persuade dès le début que la réponse de Rome serait négative, le Père de Lubac avait adressé, dès le 6 juin au Père Swain, une lettre de conscience. Mais contre toute attente, la réponse romaine sera finalement positive, le Père Swain se bornant à demander à de Lubac quelques explications qu'il s’empressera de fournir. Les supérieurs de la Compagnie de Jésus s'étaient en effet convaincus qu'il devenait urgent d'écrire un ouvrage sur Teilhard pour défendre celui-ci de tant de déformations. Et ils estimaient que le Père Henri de Lubac était le seul survivant qui possédât une si grande connaissance de Teilhard. Naturellement, Henri de Lubac fut prompt à accepter cette offre, qu'il avait non seulement appelée de ses vœux, mais sollicitée par devoir de conscience envers Teilhard et envers 1'Église. II envoie son manuscrit à Rome en décembre 1961: « Mon "Teilhard" est à Rome depuis les environs du 10 décembre » écrit-il. « Vers la fin janvier 1962, il attendait encore la super-censure romaine ». Le 5 février « le manuscrit de mon "Teilhard" a été approuvé par Rome contre toute attente. On n’exige aucun changement. Je le porte, a Paris, à Mme Aubier-Gabail ». Le 11 mai 1962, après le dîner, le Père D'Souza, assistant de 1'Inde, 1'appellera pour le remercier de son livre sur Teilhard, « il me dit que j'ai rendu par là grand service à la Compagnie, etc. Je lui ai dit pourquoi j'ai été heureux de pouvoir publier ce livre, et combien j'ai été surpris d'y être si bien et si vite autorisé ».

Le 22 février 1962, Lubac est heureux que son Teilhard « s'imprime vite ». Le lendemain, jusqu'au 26, il en corrige les épreuves avec le P. Mogenet. Le 1er mars, avant de partir à Rome, il en confie le soin au Père Bouillard et l’ouvrage reçoit son titre définitif: La Pensée religieuse du Père Pierre Teilhard de Chardin. Le 9

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mars, il est critique pour son livre : « Plus j'avance dans la correction des épreuves, plus je crois qu’il me faudrait reprendre certains chapitres, relire divers textes, nuancer, discuter, etc. Mais, tant pis : ce livre sur Teilhard n'est qu'une esquisse, et mes jugements ne sont pas inébranlables comme ceux d'un concile...». Rentré de Rome depuis le 12 mars, « je corrige maintenant, écrit-il au P Bouillard, des épreuves à un rythme accéléré, car l’imprimeur de mon Teilhard fait diligence. Ce soir, je renvoie les derniers placards des 1es épreuves, et j'ai déjà corrige 144 pages des les épreuves. Couverture et tirage : fort, mais 10.000 paraît trop ». La sortie de presse est prévue pour avril. Le Père Bouillard lui annonce que la couverture est celle que le Père de Lubac a choisie ; tirage de 15.000 exemplaires. « C’est une belle et heureuse victoire que vous avez remportée ».

Le livre sortit le 6 avril 1962. II connut le succès. Henri de Lubac en indique deux limites : « Dans mon livre sur Teilhard, il manque au moins deux chapitres ; dont l’un pourrait s’intituler : "La Matière de l’Esprit", et Vautre : "Energétique de l’Amour" ». II prévoit des réactions négatives, mais les premières sont plutôt favorables et « viennent de monastères (hommes et femmes) ». Le 7 mai, le Père Congar, dominicain, donne une conférence sur Teilhard. Du 6 au 15 juin, le Père de Lubac participe au « Congrès international sur Teilhard, dans Vile San Giorgio (fondation Cini) »

Le déchaînement des opposants et l'affaire du monitum

Mais il y avait des opposants. Le mercredi 23 mai, 1'abbé Journet fit une conférence, que Henri de Lubac suppose être « une contre-attaque ». II la publiera « dans Nova et Vetera, avec toutes les roueries de la polémique. Mais les gens auxquels il s’adresse ne demandent qu’à le croire sur parole. C’est misérable. Je pense qu'il n’en a pas conscience » note H. de Lubac. Mgr. Journet continuera « sa campagne contre Teilhard, chaque fois qu'il prêche, jusque dans les Carmels ». Dans sa lettre au Père Fessard, le Père de Lubac est encore plus vif: « Et votre ami Mgr Journet vient de contre-attaquer dans Nova et vetera, avec plus de mauvaise foi que jamais : tout est truque dans son article. J'ai déjà préparé une petite réponse, — mais ou la faire paraitre ? Pour moi, je m'en fiche, — mais je ne voudrais pas livrer Teilhard a cette bande de fanatiques menteurs, sans avoir tout essayé ».Tels sont les premiers « assauts au sujet de Teilhard ».

Par contre, « les pages si sympathiques parues dans les Etudes sous la signature de Le Blond m'ont réconforté ». Etienne Borne rédigea du livre un compte-rendu « élogieux et intelligent » dans Le Monde; le P. d'Ouince en fit un autre dans Vie chrétienne de mai ; Jean Onimus dans les Cahiers universitaires catholiques, Jean Bastaire, dans Esprit. Le 28 juin, son Teilhard lui « vaut toujours de la correspondance je suppose qu’il se vend ». 9.000 exemplaires ont été vendus début juillet.

Le livre avait provoque, nous 1'avons suggéré, « l’émoi du Saint-Office. D’après une indication que m'a fournie le Père Lamalle, archiviste de notre Curie généralice, Mgr Parente aurait demandé sa mise a I’Index. Quelques consulteurs du Saint-Office s'étant trouvés d’avis contraire, l’affaire aurait été portée devant Jean XXIII, qui aurait dit : non ». L’abbé Pierre Haubtmann, retour de Rome, confirmera le rôle de Mgr Parente, ainsi que celui des autorités du Séminaire français ; « pour Mgr Parente, cette mesure était l’extrême minimum. On peut redouter davantage ». En raison de la volonté pontificale, ce sont « des mesures plus bénignes qui furent adoptées. En public, il y eut un Monitum aux formules assez vagues, dont l’importance fut parfois exagérée ; il fut aussitôt commenté par le Père Philippe de la Trinité (Joseph Rambaud, l’un de mes anciens élèves de Mongré), carme déchaussé, professeur au Collège théologique carmélitain de Rome, dans "l’Osservatore romano" dans un article sans signature et sans autorité qui critiquait directement mon livre ». L'article fut « traduit intégralement dans Les Informations catholiques internationales » sur la demande de Rome. Le 7 octobre 1962, le Père de Lubac rapportera des propos plus nets au sujet du Monitum : « on conviendrait généralement, a Rome que l’affaire du Monitum marque un point final, que le parti de la condamnation a décidément échoué » Le 5 octobre, le Président Senghor était intervenu en faveur de Teilhard auprès du Pape contre le Monitum : «je lui expliquerai, a dit Senghor a un de ses amis, comment cest Teilhard qui m’a fait retrouver la foi catholique » ; le pape en fut « profondément impressionné ».

Le Père de Lubac est néanmoins « un peu peiné par ce Monitum. Mais en ce qui me concerne, ce n'est qu’une égratignure. Habitue, entrainé depuis longtemps à bien pire, je n'en suis guère ému ». D'autant que deux jours avant sa parution, le jeudi 28 juin en fin d'après-midi, « le Père Provincial, Blaise Arminjon, me fait appeler. II vient de trouver une lettre du Père General, sous double enveloppe : "secret du Saint-Office". II doit me signifier, de la part du Saint-Office, une double interdiction : 1) défense de publier aucune traduction de mon livre sur Teilhard ; 2) défense de le rééditer. Nous remarquons que, cette fois, le Père General marque son rôle de simple intermédiaire ». La pensée religieuse du Père Teilhard de Chardin ne put dès lors être traduite ou rééditée avant la fin de 1964. Le Père provincial, qui revient d'un voyage-éclair à Rome,« a vu le Père General, qui, me disait-il, est mécontent, et même "irrité" de ce Monitum, ainsi que de l’article non signé de l’Osservatore, qu’il juge "lâche". II n’y attache d’ailleurs pas grande importance ». Le 13 juillet, le Père de Lubac se propose de « rédiger aussi deux ou trois pages de Remarques sur l’article de l’Osservatore où je suis critique pour mon indulgence a l’endroit de Teilhard : c'est " la carte de visite a mon adresse de la part de quelques-uns de mes anciens collègues de la feu-commission théologique".

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Selon ce que m’en dira le Père Arminjon, je les enverrai ou non à quelques personnes ». II commence à les rédiger le 17 juillet à Saint-Hugues de Biviers et le 20, il les remet à son provincial, ainsi que son article La prière de Teilhard, demandé par Daniel Rops pour Ecclesia. En octobre, il les donnera au Père Arnou, qui les fera lire au Père Lucas et au Père General. Ce dernier, qui a approuvé le livre, demande une nouvelle fois au Père de Lubac patience et silence : «Je suis pleinement d'accord avec vous : votre livre constitue une première élucidation fort importante de l'œuvre du Père Teilhard, et, dans l’esprit même du Monitum, une "mise en garde" contre les extrapolations possibles de la pensée du Père. f ai estime que votre livre servait l’Eglise et la vérité et j’ai voulu qu’il soit publié. Je nai pas a regretter cette décision... Il me parle de í(notre souffrance silencieuse" la mienne et la sienne ensemble !... S'il ne se savait couvert par le Pape, je pense qu'il ne parlerait pas ainsi ». Le ton du Père General a changé et réconforte le Père de Lubac.

Par ailleurs, le Père de Lubac craint que « de plusieurs cotes se préparent des publications tendant a imposer de Teilhard une interprétation "dialectique", c'est-à-dire marxisante ou progressiste » ; il a reçu une « longue discussion de son livre par Claude Soucy, qui "dialectise" Teilhard et se soucie peu d'objectivité historique ; il prépare sur Teilhard une thèse ». « Et cela renforcera l’opposition intégriste. C’est bien la ce que je craignais depuis quelques années ». De fait, en octobre 1962, le Père Philippe de la Trinité,« qui avait entrepris une croisade anti-teilhardienne », récidiva : il publia une brochure sous le titre « Teilhard et le Teilhardisme ». D'autres critiques furent publiées: celle d'August Brunner, de Dom G. Frenaud de Solesmes et de tracts distribués en France contre Teilhard. D’autre part, La Pensée religieuse fut retirée de son exposition à la Grégorienne, le livre continuant à se vendre à St Louis des Français à Rome, mais non dans le magasin. Car « par les soins de Mgr Parente, mon livre sur Teilhard serait proscrit des librairies catholiques de Rome... Quelqu’un du Vatican en a même acheté d'un coup trente exemplaires ! ». Dernière escarmouche enfin : le Père de Lubac dut soutenir en 1963 une polémique pour défendre La Pensée religieuse contre « Mgr André Combes, homme érudit mais manquant de discernement, lie a l’abbé Luc Lefèvre, dans l’entreprise intégriste de la (<Pensée catholique" et farouche anti-teilhardien ». Nous n'en dirons pas plus!

Dans le souffle de Vatican II

Dans le climat nouveau du concile, Henri de Lubac disposait d'une plus grande liberté. II donna une série de conférences en 1962, 1963 et 1964. Le 2 mars, il avait repris « la rédaction de deux articles à publier sur Teilhard », qui seront publiés sous le titre Teilhard missionnaire et apologiste. « Dernière mise au point des deux études sur Teilhard : 102 pages dactylographiées remise au Père Socius pour une dernière révision » Néanmoins, le Père de Lubac perçoit 1'enjeu : Teilhard pourrait encore être condamné : il en prévient le Père Ravier en février 1964 : « La campagne faite a Rome et dans diverses revues contre moi, a propos de Teilhard, ne cesse de s’amplifier, et ni moi ni le Père General (qui n'est d'ailleurs pas au courant de tout) n’y pouvons rien. Une catastrophe est encore possible. A la grâce de Dieu ! » Henri de Lubac fut pris durant ces années « dans un engrenage ». II introduisit les Lettres à Léontine Zanta. II projeta un petit volume signé par le Père Fessard et lui, comprenant sa réponse à Mgr Combes, une note examinant le texte de Teilhard qui a le plus scandalisé 1'auteur de l’article de 1'Osservatore romano, ainsi que Dom Frénaud (texte tire de Comment je crois) ; je pourrais y ajouter, revu et augmenté, le petit article sur La Prière du Père Teilhard donné à Ecclesia. II rédigea dans la foulée plusieurs ouvrages : La Prière du Père Teilhard de Chardin qui eut, en 1967, une seconde édition augmentée ; Teilhard missionnaire et apologiste ; UEternel Féminin ; Teilhard Posthume. Avant les Lettres intimes de Teilhard, il avait préparé dès le début juillet 1962 avec le Père Auguste Demoment, archiviste de la Province, puis annoté et édité, ses Lettres d'Égypte 1905-1908, ses Lettres d'Hastings et de Paris 1908-1914, ses Ecrits du temps de la guerre 1916-1919 ainsi que sa Correspondance de 1919 avec Maurice Blondel, qu'il avait d'abord publiée, on s'en souvient, dans les Archives de Philosophie. Puisque les Lettres intimes vont de 1919 à 1955, la correspondance éditée par H. de Lubac couvre la vie de Teilhard depuis la « régence » de celui-ci en Egypte (1905) jusqu'à sa mort. Textes, notes et références des Lettres intimes « font de cet ouvrage un instrument privilégie pour suivre à la trace l’existence pérégrinante de Teilhard, ainsi que les développements de sa réflexion et les vicissitudes de sa vie intérieure ». A ces activités d'écrivain et d'éditeur s'ajoutent à partir de 1965 d'autres activités : conférences, articles, entretiens concernant Teilhard. Ainsi le 9 octobre après-midi, il reçoit « un séminariste suisse, licencie en théologie, qui veut venir prendre son doctorat a Lyon, pour travailler avec moi ; sujet : Création et Christologie chez Teilhard ». Le 11 octobre, il assiste à la conférence de Henri Rambaud sur « la (<Conversion, du Père Teilhard de Chardin » et selon laquelle, à partir de 1916-1918, Teilhard aurait lâché la foi chrétienne pour une "religion de l'effort humain". Prenant la parole, il rétablit la vérité en quelques phrases dont Le Monde et La Croix rendent compte. Il donne le 15 octobre 1965 à Rome, à la demande des évêques brésiliens, dans la grande salle, bondée, de la Domus Mariae, une conférence sur Teilhard et saint Paul. Le Cardinal Florit l'invite à venir parler de Teilhard à Florence. Le 16 novembre, à Rocca di Papa, il parle de Teilhard aux congressistes du mouvement « pour un monde meilleur ». Le 21 novembre, il a un long entretien avec un groupe d'étudiants de 1'Université de Rome, sous la conduite du Père Parisi, leur aumônier. Ils lui posent « beaucoup de questions sur Teilhard, dont ils ont étudié la pensée en cercle d’études ». Fin novembre, il parle de

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Teilhard et saint Paul successivement à Milan et à Florence, après avoir présenté les « principales étapes de la vie et de la pensée de Teilhard ». On soulignera que dans cet ensemble d'activités, on ne trouve rien concernant la France. Mgr Guyon aurait dit au Père de Lubac en 1965 « qu’il avait proposé de me faire inviter par les évêques fiançais pour une conférence sur Teilhard, mais qu'il sétait heurté de la part de quelques-uns à un veto ».

A la suite du concile Vatican II, l’attitude envers Teilhard a changé. "La conférence faite la semaine dernière par O. Cullmann sur le Christ et le monde, est caractéristique des tendances d'aujourd'hui. Il n'y avait rien à ce sujet dans sa Christologie du Nouveau Testament. II parle maintenant du rôle cosmique du Christ, etc. Tout cela semble bien dû à 1'influence de Teilhard, qui oblige exégètes et théologiens à traiter d'un thème qu'ils négligeaient". Pour le l0e anniversaire de la mort de Teilhard, en avril 1965, une séance commémorative se tient à Paris ; Mgr Hélder Câmara y est invité et il « me met un résumé de ce qu'il pense dire a Paris ». Autre événement - le Père Pedro Arrupe est élu Préposé général de la Compagnie le 22 mai 1965. « Dès le lendemain de son élection, il était intervenu aussi, et publiquement, dans une conférence de presse, d'une manière significative, au sujet de Teilhard de Chardin, ou plutôt en faveur de Teilhard, dont l’œuvre était encore sous les coups du monitum du Saint-Office ».

Entre 1963 et 1965, le Père de Lubac est en relations à propos de Teilhard avec Mlle Mortier, Mgr Bruno de Solages, les Peres d'Ouince, Rideau et Caries et d'autres. Le 7 février 1963, le Père d'Ouince lui montre « les premiers chapitres de son livre sur Teilhard ». Le 1er avril, H. de Lubac remet « au conseiller juridique de Mlle Mortier le résultat de mon examen du Milieu divin dans les recensions que j'en possède ». Fin avril-début mai, il voit « longuement Mgr Bruno de Solages : nous parlons de son futur livre sur Teilhard, ainsi que de l’édition des Écrits de guerre (1916-1919), etc. » Le Père de Lubac apprend à mieux connaitre la vie religieuse de Teilhard grâce à une lettre de son frère Joseph du 3 novembre 1964. Le 22 février 1965, il envoie au Père Bréchet, à Genève, pour Choisir un petit article sur Teilhard. Le 25 février, il reçoit une « lettre de Mgr Bruno de Solages, qui a commencé hier a rédiger son Teilhard. Je lui envoie une série de renseignements ». Le 19 juillet, il recevra et lira « les trois premiers chapitres de l’ouvrage de Bruno de Solages sur Teilhard ». Le 18 mars, le Père de Lubac a « envoyé au Père Émile Rideau, sur sa demande, quelques remarques en vue d'une réédition de son livre sur Teilhard ». Le Père Caries lui a montré début mai « son petit livre sur Teilhard qu’il va publier aux Presses universitaires ». Le 29 mai 1964, le P. de Lubac reçoit la visite de Robert Speaight, qui prépare une biographie de Teilhard de Chardin et « vient chercher des documents » Les carnets de retraite du Père Teilhard, remis à la "Fondation Teilhard" en septembre 1965, seraient 1'occasion « de fuites et d’interprétations tendancieuses ». Le 6 septembre, « Visite d'un journaliste américain qui veut écrire une vie de Teilhard ; il s’est procure des correspondances en Amérique. (II a notamment une longue lettre de Teilhard à un jeune homme assez insolent qui lui avait reproche "sa mondanité") ». Le 23 novembre, il a un entretien téléphonique avec Robert Speaight, biographe de Teilhard, et reçoit la visite de John Kobler, du Saturday Evening Post, sur Teilhard.

Après 1965, la fièvre teilhardienne s'apaise. En 1966, le Père de Lubac confie au Père Bouillard : « Il se passe dans la Compagnie, autour de Teilhard, des choses étranges. Mais ce serait trop long de vous les raconter ». Mais il ne les lui écrira pas, malgré le désir du Père Bouillard. En 1967, il prépare l’Eternel Féminin et « Teilhard de Chardin dans le contexte du renouveau ». Au début de janvier 1968, il en rend compte au Père Fessard : « du Teilhard et encore du Teilhard, cela me fatigue et m'ennuie, d’autant plus que je sens bien tout ce qu’il y a de peu teilhardien en moi (pour ne rien dire de plus) ».

La fidélité d’une amitié

Ainsi, depuis 1961, Henri de Lubac a accepté d'assumer un engagement public en faveur de Teilhard. II a alors 65 ans. II le soutiendra pendant dix ans. En 1961, il est expert à la commission préparatoire du Concile, puis expert de la commission doctrinale du Concile. C’est aussi la période des publications les plus nombreuses de ses œuvres en français et en langues étrangères. C’est alors que paraissent, outre les études teilhardiennes, la deuxième partie d'Exégèse médiévale, Augustinisme et théologie moderne, Le Mystère du Surnaturel, La révélation divine, Paradoxe et Mystère de 1'Eglise, Athéisme et sens de l’homme. Une double requête de « Gaudium et spes », la Foi chrétienne. Essai sur la structure du Symbole des Apôtres, Eglises particulières dans Eglise universelle. Pris dans 1'aura du concile, son nom attire alors des auditoires aux Etats-Unis et en Amérique latine, comme des demandes provenant d'éditeurs étrangers.

Pourquoi donc Henri de Lubac, si chargé d'activités, a-t-il accepté de prendre un tel engagement supplémentaire et d'ajouter une telle série d'ouvrages ? Pour honorer 1'ami, pour faire connaître la pensée véritable de Teilhard et montrer son insertion dans la pensée chrétienne, pour écarter des interprétations tendancieuses, souvent « aveugles » sur « les textes centraux » ou les prenant « pour des restes de piété, sincères sans doute, mais en marge de la synthèse teilhardienne ». Henri de Lubac a été courageux dans la défense de Teilhard. II savait les différences entre sa pensée et celle de Teilhard. Mais il a montré « ce qu'il y avait de positif, de prometteur, de prophétique dans Teilhard ».

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de Espanha

EVOLOUCIONISMO TOTAL EM TEILHARD DE CHARDIN6

Josep-Maria Puigjaner 7

Completam-se, neste ano de 2010, cinquenta e cinco anos da partida de Teilhard de Chardin para aquele ponto Ómega em que sempre acreditou. E pode dizer-se que é salutar recordar as suas ideias, as suas intuições, a sua genial concepção do mundo. Porque Pierre Teilhard continua sendo hoje um ponto de referência num mundo que, passada já a fronteira do terceiro milénio, tanto carece de vitalidade de espírito e de optimismo perante a complexidade do presente e os reptos do futuro.

A toda a obra de Teilhard preside a ideia da evolução. A partir dos seus conhecimentos científicos do passado e, mais concretamente, desde a sua dedicação à paleontologia, Teilhard chega à concepção evolucionista como explicação coerente e global da vida do homem sobre a terra. Esta ideia que, como nota o pensador francês, apareceu num determinado momento do século XIX, foi-se impondo, com passo firme mas não sem oposição, na consciência humana. Darwin tinha dado um passo em frente, ainda que o seu conceito de evolução estivesse demasiado subordinado à noção de transformismo. Está claro que o evolucionismo é outra coisa. Que é, pois, o evolucionismo? Não se pode dizer dele que seja uma teoria, nem mesmo um sistema ou uma hipótese. É muito mais que tudo isso. A evolução é a condição indispensável à qual devem tributo de sujeição todas as teorias, todas as hipóteses e todos os sistemas para chegarem a ser possíveis e adequados à verdade. Enquanto o homem não aceitou a realidade da evolução global, “o Mundo – como escreve Teilhard –, estático e fragmentável, parecia repousar sobre os três eixos da sua geometria. Porém, agora, damo-nos conta de que o Mundo se mantém graças a um fluxo único”.

Na concepção teilhardiana, a evolução afecta a totalidade daquilo que existe, ou seja, a realidade universal. Desde o início, o homem encontra-se situado num Universo evolutivo. E não apenas se acha situado, está permanentemente nele integrado. “Vivemos – diz Teilhard – no meio do emaranhado densíssimo das influências cósmicas, como no seio da massa humana ou como rodeados de miríades de estrelas […] Gelar-se-nos-ia o coração se nos apercebêssemos da extensão e intimidade das nossas relações com o Universo”. E acrescenta: “Estas influências cósmicas não operam sobre o conjunto dos seres humanos mas antes sobre cada um deles, de forma individual”. De modo que “a alma humana, ainda que criada à parte daquilo que a nossa filosofia imagina, é inseparável, tanto pelo seu nascimento como pela sua maturação, do Universo em que nasceu”.

Uma vez assente que o Universo é evolutivo, o Mundo, evidentemente, também está submetido à evolução. O Mundo caminhou sempre para a frente, desde as formas mais primitivas do ser vivo até ao surgimento da consciência, do ser consciente, ou seja, do Homem. Foi precisamente o Mundo que desenvolveu uma dinâmica evolutiva que gerou a aparição do Homem sobre a Terra. E é no seio deste Mundo que o Homem, ou melhor, a Humanidade, também caminha para diante. O objectivo prioritário dos humanos deve ser o de fazer avançar a Noogénese, que outra coisa não é senão o processo do pensamento, empregando todo o esforço necessário. Existem possibilidades de êxito e de chegar muito mais longe, ultrapassando a cada momento os marcos já alcançados nos diversos âmbitos da realidade.

Nesta altura, em que um novo milénio arranca, surgem falsos profetas que anunciam situações de derrota e de pessimismo em redor da pessoa humana, mas o Mundo, inversamente ao que apregoam alguns visionários, não caminha na direcção da degradação moral. Pelo contrário, apesar das crueldades e horrores espalhados por toda a parte, que o homem não é capaz de evitar, o Mundo procura sempre novos e melhores horizontes. E, por consequência, a Humanidade avança sempre que nós, os humanos, pomos em jogo aqueles pensamentos, aqueles sentimentos e aquelas atitudes que nos levam a níveis superiores do espírito, que são os que fixam os objectivos da convivência e da reconciliação.

6 Tradução do castelhano para português da responsabilidade da Associação dos Amigos de Pierre Teilhard

de Chardin em Portugal 7 Escritor e jornalista, nascido em Barcelona em 1937, licenciado em filosofia e teologia, colaborador de

diversos periódicos catalães e autor de numerosos ensaios sobre a problemática da Catalunha, difusor do pensamento de humanistas europeus, inclundo Teilhard de Chardin.

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A consciência, que é a energia mais poderosa do Universo, foi crescendo com a passagem das gerações.

Hoje, alcançou uma magnitude tal que se torna já inconcebível e até contraditório que possa parar ou entrar em involução. As situações críticas por que passam o Mundo e a Humanidade, que podem dar lugar à dúvida, são por demais abundantes, mas mesmo assim a reversão, o voltar para trás, é impossível. No fio da sua reflexão, o jesuíta francês interroga-se se o Mundo, depois de ter percorrido um longuíssimo processo que desembocou na aparição do Homem, poderá acabar por se deter. Porém, se nos movemos – diz – é porque nos encontramos no centro do fluxo, participando como protagonistas do milenar processo da vida.

Sabendo que a sua reflexão podia adoptar diferentes formulações, Teilhard inclina-se para uma colocação em forma de dilema. “Ou a Natureza – diz ele – se fecha às nossas exigências de futuro e, nesse caso, o pensamento, fruto de milhões e milhões de anos de ingente esforço, afoga-se em si mesmo e no seio de um Universo absurdo, ou existe outra abertura, uma super-alma acima das nossas almas, e então esta saída há-de abrir-se diante de nós sem restrições, sobre espaços psíquicos que ninguém seja capaz de limitar ”. Em definitivo, encontramo-nos perante o dilema vital mais importante: optimismo ou pessimismo absolutos. Neste ponto não existe uma possível posição intermédia. Porque, por natureza, o Progresso ou é tudo ou nada.

Embora não dispondo de prova tangível que possa fundamentar irrefutavelmente o optimismo ou o pessimismo, Teilhard decide-se pela opção optimista. E isto porque crê que a melhor garantia que temos para que algo suceda é que nos apercebamos de que isso é vitalmente necessário. Efectivamente, quando consideramos o futuro, o optimismo é vitalmente necessário. Através do exercício da investigação e com a ajuda da intuição, Teilhard conclui que a vida, uma vez chegada ao estádio pensante, não pode continuar sem exigir, por congruência com a sua estrutura, uma ascensão progressiva.

Colocados, pois, perante o futuro da Terra e da Humanidade, estamos persuadidos de que todos nós estamos embarcados numa mesma aventura. A nave do progresso exige o esforço colectivo e exclui a indisciplina e os esforços isolados. O repto do futuro é tão sério que nos obriga a pensar na sorte dos nossos filhos, dos nossos netos e de todos os que daqui em diante nos hão-de suceder. De todos aqueles que, finalmente, hão-de tomar a nossa tocha para a entregar às gerações posteriores e ao julgamento da História.

Tratando-se da reflexão dum cientista cristão e, portanto, de um crente na transcendência, Teilhard coloca Deus como eixo do seu pensamento. Assim como o Homem se encontra integrado no Cosmos, Deus está envolvido com o Mundo no seu processo evolutivo. Deus, na sua plenitude vivencial, não está de maneira nenhuma longe de nós nem fora da esfera tangível. Dir-se-ia – para nos compreendermos – que presta atenção às acções que os homens vão realizando. É uma concepção dinâmica e extraordinariamente estimulante porque eleva o esforço humano à máxima potência, que consiste em colaborar na magna obra da criação contínua, a qual se pôs em marcha desde o primeiro instante da existência do Universo.

O ponto crucial da concepção transcendente e totalizadora de Teilhard é a sua convicção de que, para além das dúvidas, vacilações, fracassos ou aparentes retrocessos, “o Universo conseguirá a plenitude total”. E esta plenitude será o fruto da confluência definitiva com o ponto Ómega, que não é outro senão o Cristo Universal. É aqui que, com um desassombro e uma coragem impressionantes, entra em jogo a fé. A fé em Deus, sim, mas também e simultaneamente a fé na Humanidade. Esta Humanidade que, contra ventos e marés, e sofrendo muitas crises de crescimento, foi avançando, porque, no seu caminhar milenar, foi tomando consciência de tudo o que ainda lhe falta e de tudo de que é ainda capaz.

Como consequência da absoluta consciência entre a evolução do Mundo e a dinâmica desencadeada desde a criação do Universo, o cristão não deve renunciar em nenhum momento ao seu compromisso com o Mundo. Em qualquer dos âmbitos humanos – pensamento, arte, política, comércio, indústria, investigação, etc. –, a contribuição de cada crente cristão é absolutamente indispensável para a evolução da Humanidade na direcção que a conduzirá à plenitude.

Há que constatar que, publicada em meados do século XX, quando ainda uma parte importante da intelectualidade católica europeia não se havia desprendido da neo-escolástica, a obra de Teilhard foi qualificada de “revolucionária”. Se bem que, no ano de 1981, aquando do centenário do seu nascimento, o Vaticano tenha reabilitado a pessoa e obra de Teilhard, contudo, hoje ainda, transcorridos mais de cinquenta anos, a Igreja institucional não assumiu aqueles contributos básicos do pensamento do jesuíta francês que teriam implicado uma evolução no sentido de posições mais razoáveis e mais convincentes perante crentes e não crentes. Precisamente porque era revolucionária, a obra de Teilhard desencadeou a polémica. Tratava-se de um pensamento inserido na alma da evolução e, por isso mesmo, convertia-se num poderoso fermento de inconformismo contra a preguiça dos indiferentes e contra a comodidade dos conservadores.

Para além de estar presidida – como dissemos – pela evolução, a obra deste génio europeu é logicamente dialéctica. Como bem afirmou o paleontólogo catalão Dr. Crusafont Pairo, excelente conhecedor do paleontólogo francês, a obra de Teilhard acende a poderosa chama da luta pela Verdade. “Ele não tem a pretensão de a ter

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encontrado, mas o seu pensamento impulsiona-nos a todos, com o seu inveterado optimismo, a sermos lutadores pela Verdade” – escreve o Dr. Crusafont.

A concepção evolucionista total de Teilhard aparece num panorama europeu ainda em flirt com o

marxismo. O pensador francês rejeita a dialéctica do amo e escravo, transfigurando-a na do amor entre o homem e a mulher, símbolo a uma escala bem compreensível, ainda que deficiente, do Amor universal que a Humanidade é chamada a tornar possível, num horizonte cada vez mais próximo. Teilhard analisa, intui, observa, mas, acima de tudo, cria. Cria uma síntese, porém não a síntese fechada e sem esperança da teoria sintética da Evolução que preconizavam os mais eminentes biólogos da época (Simpson, Huxley, Mayr) e que parava ao chegar ao ser consciente. O homem, ser consciente, precisamente porque tem consciência de que é o produto do esforço total da vida, há-de assumir o papel de dirigir o rumo da Evolução. “O Homem – escreve o cientista francês – não o devemos olhar como centro estático do mundo, como se acreditou durante muito tempo, mas antes como eixo e flecha da Evolução”.

Hoje, encontramo-nos já algo afastados dos ardores iniciais do debate teilhardiano. É lamentável que o pensamento deste extraordinário pensador e cientista tenha ficado sepultado e esquecido sob a superficialidade intelectual produzida em abundância pela sociedade actual, sobretudo nas nossas latitudes. Em vida, Teilhard teve que sofrer animosidades e desqualificações de críticos muitas vezes incompetentes e irresponsáveis. Ainda que, há que recordá-lo, também tivesse contado com vozes amigas que se posicionaram a favor das suas ideias, com teólogos tão prestigiados como Karl Rahner, Jean Daniélou, Claude Cuénot, D’Armagnac, entre outros. A grandeza da visão teilhardiana merece hoje, neste início do terceiro milénio, uma análise em profundidade. Cientistas, pensadores e teólogos especializados examinam e reflectem sobre o pensamento deste génio francês e realçam a sua actualidade. Há já vários anos que a Associação de Amigos de Pierre Teilhard de Chardin, com sede em Paris, assumiu a tarefa de promover a difusão do conhecimento de Teilhard em todo o mundo, facto com que nos congratulamos sinceramente. Há que destacar também que os seus discípulos se multiplicam: Karl Schmitz-Moorman, Denis Edwards e outros. E, ao mesmo tempo, aumentam também os estudiosos e divulgadores da sua obra.

Na actualidade, está fora de dúvida o forte impacto que a doutrina teilhardiana causou nas directrizes do humanismo moderno. A obra de Teilhard é uma obra que fez abrir os olhos para as verdadeiras inquietações do mundo contemporâneo. Ele não teve medo e comunicou-nos aqueles raciocínios e aquelas intuições de que necessitávamos para superar a hipocrisia católica da primeira metade do século XX. Além disso, iniciou um novo estilo humanístico ao abordar o futuro a partir duma ciência dedicada ao passado. Darwin deu o arranque à Neobiologia, mas foi ultrapassado por Teilhard que, partindo dos seus conhecimentos paleontológicos, acabou por penetrar nos campos sedentos do humanismo contemporâneo. Teilhard, hoje, tornou-se-nos mais próximo e mais compreensível. Apenas continua impenetrável para aqueles conservadores recalcitrantes, que não percebem que debaixo dos seus pés se derrubam as fundações. É impossível que cheguem a aceitar a sua concepção do Mundo e da Humanidade os que, inconsciente ou conscientemente, se fecham em padrões empedernidos pelo tempo e necessitando ser renovados.

No que respeita ao cristianismo, Teilhard, obedecendo às exigências da evolução, igualmente o projecta em direcção ao futuro. Concebe o cristianismo no seio dum Universo dinâmico, que contrasta com o Universo estático que tinha presidido até então ao pensamento religioso (e também ao pensamento laico) dos começos do século XX. Consequente com a sua concepção do Universo, da Terra e do Homem – estes três substantivos escrevia-os sempre com letra maiúscula –, Teilhard concebe um cristianismo também tributário da evolução do devir da história. “Adorar a Deus – escrevia – era, em outros tempos, preferir Deus às coisas, sacrificando-as a Ele”. Agora, que temos consciência da Evolução, “adorar a Deus implica a dedicação de corpo e alma ao acto criador, associando-nos a Ele com o propósito de tornar o Mundo mais perfeito com o esforço e a acção investigadora. Em tempos passados, amar o próximo significava não lhe causar dano algum e curar-lhe as feridas. Hoje, a caridade, além de compassiva, consiste em dedicar a vida ao progresso comum da Humanidade”.

Esta posição ideológica, apesar de ter sido partilhada por teólogos tão credíveis como Rahner ou Von Balthasar, a que já nos referimos, não foi aceite pelas autoridades eclesiásticas romanas. Teilhard era suspeito de heterodoxia. Seguramente, aquelas autoridades não tinham a percepção de que as propostas do jesuíta francês entusiasmavam muito crentes porque implicavam uma actualização da mensagem evangélica, em concordância com a evolução da mente e da sensibilidade das pessoas.

Passaram mais de cinquenta anos desde a morte deste génio que se esforçou por apontar os caminhos dum progresso tão necessário quanto inevitável. Ainda que a ciência tenha valorizado altamente o seu trabalho e avançado a partir da sua contribuição, a cúpula da instituição eclesial quase não se moveu da sua posição indiferente perante as propostas dinâmicas de renovação que decorrem da obra de Teilhard.

A Igreja hierárquica não parece muito consciente do facto de que, à medida que o tempo avança, se multiplicam as dificuldades para transmitir a mensagem cristã às sociedades modernas. Os hierarcas não se dão

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conta de que a linguagem eclesiástica de hoje já não se compreende e que o clima geral propício às práticas religiosas tradicionais nunca mais voltará. É preciso, portanto, reposicionar-se. É necessário suscitar uma nova sensibilidade do espírito para poder superar a angústia de viver sem bússola e recuperar o sentido da vida à escala do indivíduo e da Humanidade inteira. Por essa razão, Teilhard ensaiou novas formulações. Impressiona e estimula a sua formulação do primeiro mandamento: “Amarás a Deus através do génesis e da evolução do Universo e da Humanidade”.

Por outro lado, Teilhard aponta para uma convergência global das religiões do mundo, em virtude de um princípio que emana também da sua concepção evolutiva: “Por natureza – afirma – tudo o que é fé nos eleva e tudo o que se eleva acaba inevitavelmente por convergir”.

E, na recta final deste breve balanço sobre Teilhard, gostaria de vos referir as diversas componentes literárias que se entrelaçam no seu pensamento. No decurso da sua produção, a escrita do pensador francês utiliza recursos verdadeiramente poéticos e, em repetidas ocasiões, eleva a sua linguagem até ao plano da mística. Porém, nunca em detrimento da precisão científica. Dominando como ninguém a língua materna, Teilhard expressa-se com um estilo original, singular, pessoalíssimo. É elegante e, por vezes, audaz, sobretudo quando quer sublinhar a sua intenção inovadora ou as suas atitudes anti-farisaicas. De qualquer modo, a recusa parcial ou total da sua obra por parte dos campeões do ultraconservadorismo não se deveu ao brilho do seu estilo literário, antes à inovação que implicava a sua visão do Mundo, da Humanidade e do Cristianismo.

Por razões perfeitamente explicáveis num regime político de signo ditatorial como o que se encontrava implantado em Espanha, favorável a um catolicismo retrógrado, a obra mais significativa de Teilhard – Le Phénomène humain – não foi traduzida em castelhano até ao ano de 1963, ainda que já tivesse aparecido no seu francês original em 1955, o ano da morte do seu autor. A editora Taurus e os poucos conhecedores do universo ideológico do pensador francês tiveram a gentileza de pôr à disposição dos nossos leitores alguns exemplares da obra deste singular humanista do século XX. Porque Teilhard, além de cientista, é um formidável humanista, a quem as jovens gerações europeias dos anos sessenta daquele século ficaram a dever a aquisição de hábitos mentais que nos ajudaram a viver com mais plenitude. Na Catalunha, a desapare3cida editora Nova Terra, atenta às inquietações dos sectores mais vivos da sociedade catalã, desde cedo embarcou na aventura de publicar em catalão uma parte da produção teilhardiana.

Nesses anos, constituiu para mim uma enorme satisfação contribuir para essa aventura traduzindo Le Milieu Divin, que posteriormente a editora Claret reeditou. Hoje, volvidas quatro décadas, penso que as grandes intuições de Teilhard não perderam a validade, fortalecem o espírito e proporcionam a esperança necessária para trabalhar pelo futuro. Porque o futuro nunca chega, somos nós que caminhamos para ele.

Josep-Maria Puigjaner

Escritor e tradutor de Teilhard de Chardin

CET – CENTRE EUROPÉEN TEILHARD DE CHARDIN

Numa sessão solene, que teve lugar no Palácio da Europa, em Estrasburgo, em Setembro de 1989, sob o

patrocínio do Conselho da Europa, foi assinada a “Charte Européenne Teilhard de Chardin”, onde se

estabeleceram os seguintes princípios de cooperação a nível internacional:

a) A evolução das sociedades humanas, os problemas com que são confrontadas no limiar do terceiro milénio,

os avanços científicos mais recentes e as interrogações sobre o futuro que surgem por todo o lado, conferem

hoje em dia uma enorme actualidade à visão de Teilhard.

b) Importa, nestas condições, reforçar a acção exercida nos diversos países da Europa pelas Associações

Teilhard de Chardin, intensificando e organizando as suas relações num quadro apropriado.

c) A fim de se manter em harmonia com a concepção teilhardiana de desenvolvimento dos conjuntos

complexos, o que implica uma centração a cada nível de organização antes de passar ao nível seguinte, e

para facilitar o desenvolvimento ulterior da cooperação intercontinental, uma organização europeia deve

basear-se nas organizações nacionais que reúnem, em cada país, grupos locais e regionais, respeitando a

sua autonomia e diversidade.