Teísmo um estudo introdutório

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    Tesmo

    TEONTOLOGIATEOLOGIA PROPRIAMENTE DITA

    IBETELSite: www.ibetel.com.brE-mail: [email protected]

    Telefax: (11) 4743.1964 - Fone: (11) 4743.1826

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    (Org.) Prof. Pr. VICENTE LEITE

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    Quem o IBETEL

    O IBETEL uma empresa de Sociedade Civil Ltda., fundada em 12 deJaneiro de 1995 pelo pastor e professor Vicente Paula Leite.

    Atualmente possui alunos em todo o territrio nacional e em alguns pases daEuropa, sia, frica, Amrica do Norte e Amrica do Sul.

    O IBETEL alm de sua sede em Suzano, So Paulo, possui vrias unidadeslocalizadas em vrias regies do Brasil, com endereos disponveis em nossoSite: www.ibetel.com.br.

    O IBETEL no administrado por nenhuma denominao eclesistica, seusensinos esto abertos s pessoas de qualquer denominao. umainstituio particular, no possui patrocnio de nenhuma empresa, nem deinstituies evanglicas. Sua sobrevivncia tem perdurado unicamente coma ajuda de Deus.

    Algum no evanglico pode estudar no IBETEL? Sim. O IBETEL umainstituio educacional, e seria inconstitucional proibir o ingresso de qualquer

    pessoa, todavia importante lembrar que todo o corpo docente evanglico,e que todo o material didtico oferecido e indicado, tambm elaborado poreducadores e escritores evanglicos, e sua Teologia ProtestantePentecostal Ortodoxa.

    O IBETEL oferece cursos na modalidade frequencial e distncia. Paracolao de grau do estudante no sistema EAD, o mesmo poder receber oHistrico Escolar e Diploma ou Certificado pelos Correios, ou ento marcaruma data para vir ser diplomado aqui em So Paulo, ou estar verificando a

    nossa agenda onde constam vrias formaturas em endereos e ocasiesdiversos, ou ainda, o aluno poder solicitar a presena de um dosrepresentantes do IBETEL para entrega de seus documentos, ou finalmente,o discente poder esperar uma eventual colao de grau organizada peloIBETEL mais prxima da sua regio.

    As disciplinas cursadas em outros seminrios, universidades, faculdades soaceitas pelo IBETEL? Sim, desde que legitimamente comprovadas. Algumasdisciplinas sero averbadas e o aluno, se desejar, no precisar curs-las

    novamente.

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    Como o Estudar

    Teologia com Qualidade1 Preparao para o estudo teolgico

    O bom estudo teolgico exige preparao. Expomos a seguir quatro coisas quelhes traro maiores benefcios no estudo.

    (a) Fixe um horrio para o estudo teolgico

    Separe uma quantidade especfica de tempo para fazer o estudo teolgico acada semana. Isto depender de quanto tempo voc quer passar estudando. Noexagere, mas tambm no se dedique de menos. Se voc no colocar o estudona agenda semanal, nunca encontrar tempo ou far um estudo espordico epouco profundo.

    (b) Mantenha um caderno

    Voc no pode estudar sem escrever as coisas que observou.(c) Adquira as ferramentas certas

    Considere fazer um investimento nestas ferramentas de referncia e montar umapequena biblioteca. Ser um investimento que voc usar pelo resto da vida.

    (d) Faa uma orao antes de cada estudo

    Primeiramente, pea ao Senhor que limpe sua vida de todo o pecado conhecidoe o encha com o Esprito Santo, assim voc estar em comunho com eledurante o estudo. Portanto, certifique-se de que voc est em comunho comCristo antes de estudar a Palavra. O apstolo Paulo disse que se voc estiver nacarne, no poder entender as verdades espirituais (1Co 2.10-3.4). Em segundolugar, ore para que o Esprito Santo o guie no estudo. Memorize o Salmo 119.18e o use antes de cada estudo: ''Abre os meus olhos para que eu veja asmaravilhas da tua lei".

    2 Como escolher as ferramentas certas para um bom estudo

    Nesta seo, examinaremos oito tipos de ferramentas indispensveis para oestudo teolgico.

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    (a) Bblia de estudo

    Sua primeira e mais importante ferramenta uma boa Bblia de estudo. Certas

    Bblias so mais adaptveis ao estudo pessoal da Bblia que outras. Uma boaBblia de estudo deve ter letras grandes o bastante para voc ler por longosperodos de tempo sem ficar com dor de cabea por forar os olhos. Tambmdeve ter papel espesso o bastante para voc tomar notas sem que a tintatraspasse o outro lado do papel. Margens largas so teis, porque permitemfazer anotaes pessoais.

    (b) Vrias tradues recentes

    Nos ltimos 50 anos, vimos a produo de muitas novas tradues da Bblia.

    Embora existam falhas em toda traduo, cada uma faz contribuio nica para omelhor entendimento da Bblia. O maior benefcio que podemos obter destasverses comparando-as umas com as outras no estudo. Os muitos possveissignificados e usos de certa palavra podem ser encontrados mediante a leitura dedeterminado versculo nas vrias verses e anotar as diferenas.

    (c) Concordncia exaustiva

    Sem dvida, a ferramenta mais importante que voc vai precisar para o estudo

    da Bblia ao lado da Bblia de estudo a concordncia. Esta ferramenta umndice bblico das palavras contidas em certa verso bblica. Vrias Bbliaspossuem concordncias limitadas a certo nmero de palavras e nomesimportantes. Uma concordncia exaustiva relaciona todos os usos de cadapalavra da Bblia, e d todas as referncias onde tal palavra encontrada.Tratam-se de volumes grandes e vultosos, bastante caros, mas valem cadacentavo investido.

    (d) Dicionrio bblico e/ou enciclopdia bblica

    Um dicionrio bblico explica muitas das palavras, tpicos, costumes e tradiescontidos na Bblia, bem como presta informao histrica, geogrfica, cultural earqueolgica. Tambm fornece material do cenrio de cada livro da Bblia eapresenta biografias curtas das principais pessoas de ambos os testamentos.Uma enciclopdia bblica um dicionrio bblico expandido com artigos maislongos que tratam com maiores detalhes de mais assuntos.

    (e) Bblia temtica

    Esta ferramenta semelhante a uma concordncia, exceto que categoriza osversculos da Bblia por temas e no por palavras. Isto ajuda o estudante deteologia, porque freqente um versculo tratar de um tema sem nunca usar apalavra especfica. Se voc tivesse de confiar apenas na concordncia, perderiaalguns versculos ao estudar um tema. Por exemplo, se voc procurar o assunto

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    "Trindade" numa Bblia temtica, achar diversas referncias alistadas, embora apalavra no ocorra na Bblia.

    (f) Manual bblico

    Esta ferramenta a combinao de enciclopdia com comentrio em formaconcisa. usado para referncia rpida, enquanto se l do princpio ao fimdeterminado livro da Bblia. Em vez de estar organizado alfabeticamente portemas, os manuais so projetados a seguir a ordem dos livros da Bblia.Fornecem notas de fundo, breve comentrio e mapas, quadros, diagramas, notasarqueolgicas e muitos outros fatos teis.

    (h) Livro com estudo de palavras

    Esta rea na qual o cristo de hoje tem o grande privilgio de se beneficiar dotrabalho dos estudiosos de teologia. Por causa da disponibilidade de ferramentasde referncia prticas escritas para o cristo comum, voc pode estudar aspalavras originais da Bblia sem saber nada de hebraico ou grego. Algunsautores tm passado a vida inteira procurando os significados completos daspalavras originais para depois escrever sobre elas em linguagem simples ecompreensvel.

    Um bom livro com estudo de palavras lhe dar a seguinte informao: osignificado da raiz original da palavra grega ou hebraica (sua etimologia), osvrios usos da palavra ao longo da Bblia e na literatura similar no-bblicadaquele perodo histrico e a freqncia na qual a palavra ocorre na Bblia.

    (i) Comentrios

    Um comentrio uma coletnea especializada de notas explicativas einterpretaes do texto de determinado livro ou seo da Bblia. Seu propsito explicar e interpretar o significado da mensagem bblica analisando as palavras

    usadas, o plano de fundo, a introduo, a gramtica e a sintaxe, alm da relaodesse livro em particular com o restante da Bblia. Usado corretamente, oscomentrios aumentam grandemente sua compreenso da Bblia. Em geral, vocno deve consultar um comentrio at que faa seu estudo. No deixe outrapessoa roubar-lhe a alegria de descobrir insights bblicos por conta prpria.Nunca permita que a leitura de um comentrio tome o lugar do estudo pessoal daBblia. Os comentrios so obras falhas, porque so escritas por homens. svezes, comentaristas igualmente capazes discordam entre si no que tange ainterpretaes do mesmo texto bblico. O melhor modo de usar um conferir os

    achados em seu estudo com os do autor!

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    Declarao de f

    A expresso credo vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia ecujo significado eu creio, expresso inicial do credo apostlico -,provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: Creio em Deus Paitodo-poderoso.... Esta expresso veio a significar uma referncia declarao de f, que sintetiza os principais pontos da f crist, os quais socompartilhados por todos os cristos. Por esse motivo, o termo credo jamais empregado em relao a declaraes de f que sejam associadas adenominaes especficas. Estas so geralmente chamadas de confisses(como a Confisso Luterana de Augsburg ou a Confisso da F Reformada

    de Westminster). A confisso pertence a uma denominao e inclui dogmase nfases especificamente relacionados a ela; o credo pertence a toda aigreja crist e inclui nada mais, nada menos do que uma declarao decrenas, as quais todo cristo deveria ser capaz de aceitar e observar. Ocredo veio a ser considerado como uma declarao concisa, formal,universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da f crist.

    O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismopara facilitar as confisses pblicas, conservar a doutrina contra as heresias

    e manter a unidade doutrinria. Encontramos no Novo Testamento algumasdeclaraes rudimentares de confisses f: A confisso de Natanael (Jo1.50); a confisso de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confisso de Tom (Jo20.28); a confisso do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de f (Hb 6.1-2).

    A Faculdade Teolgica IBETEL professa o seguinte Credo aliceradofundamentalmente no que se segue:

    (a) Cr em um s Deus eternamente subsistente em trs pessoas: o Pai,o Filho e o Esprito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).

    (b) Na inspirao verbal da Bblia Sagrada, nica regra infalvel de fnormativa para a vida e o carter cristo (2Tm 3.14-17).

    (c) No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicria e expiatria,em sua ressurreio corporal dentre os mortos e sua ascensovitoriosa aos cus (Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9).

    (d) Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glria de Deus, eque somente o arrependimento e a f na obra expiatria e redentorade Jesus Cristo que o pode restaurar a Deus (Rm 3.23; At 3.19).

    (e) Na necessidade absoluta no novo nascimento pela f em Cristo e pelo

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    poder atuante do Esprito Santo e da Palavra de Deus, para tornar ohomem digno do reino dos cus (Jo 3.3-8).

    (f) No perdo dos pecados, na salvao presente e perfeita e na eternajustificao da alma recebidos gratuitamente na f no sacrifcioefetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26; Hb 7.25; 5.9).

    (g) No batismo bblico efetuado por imerso do corpo inteiro uma s vezem guas, em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo, conformedeterminou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12).

    (h) Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santamediante a obra expiatria e redentora de Jesus no Calvrio, atravsdo poder regenerador, inspirador e santificador do Esprito Santo, quenos capacita a viver como fiis testemunhas do poder de Jesus Cristo(Hb 9.14; 1Pe 1.15).

    (i) No batismo bblico com o Esprito Santo que nos dado por Deusmediante a intercesso de Cristo, com a evidncia inicial de falar emoutras lnguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).

    (j) Na atualidade dos dons espirituais distribudos pelo Esprito Santo Igreja para sua edificao conforme a sua soberana vontade (1Co12.1-12).

    (k) Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas.Primeira - invisvel ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra,antes da grande tribulao; Segunda - visvel e corporal, com suaIgreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).

    (l) Que todos os cristos comparecero ante ao tribunal de Cristo parareceber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo,na terra (2Co 5.10).

    (m) No juzo vindouro que recompensar os fiis e condenar os infiis,(Ap 20.11-15).

    (n) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiis e de tristeza etormento eterno para os infiis (Mt 25.46).

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    Sumrio

    Quem o IBETEL 5Como o Estudar Teologia com Qualidade 7Declarao de f 11

    CAPTULO 1Prolegmenos 15

    1.1 Fundamentos Teolgicos 151.2 Definio de Teologia 161.3 Outras Definies 171.4 A Palavra Teologia 17

    1.5 Estudantes de Teologia 211.6 Exigncias Essenciais 221.7 Sistemas Teolgicos Protestantes 241.8 A Necessidade da Teologia 271.9 A Possibilidade da Teologia 29

    CAPTULO 2A Doutrina de Deus

    2.1 O nico e Verdadeiro Deus 332.2 A Existncia de Deus 332.3 Evidncias Racionais da Existncia de Deus 352.4 Os Nomes Bblicos de Deus 402.5 Formas de Negao da Existncia de Deus 46

    CAPTULO 3A Natureza de Deus 49

    3.1 A Doutrina de Deus 493.2 A Imanncia e a Transcendncia de Deus 503.3 Os Atributos de Deus 54

    3.4 Classificaes dos atributos de Deus 55

    CAPTULO 4Os atributos incomunicveis de Deus 59

    4.1 Independncia 594.2 Imutabilidade - inalterabilidade 614.3 Eternidade infinitude 664.4 Onipresena 694.5 Oniscincia - Conhecimento 734.6 Onipotncia - Poder 734.7 Espiritualidade 754.8 Vida 754.9 Personalidade 77

    CAPTULO 5

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    Atributos Comunicveis de Deus 795.1 Pureza moral 795.2 Integridade 825.3 Amor 84

    CAPTULO 6A Triunidade de Deus: a Trindade 89

    6.1 Evidncias Bblicas para a Doutrina da Trindade 906.2 A Deidade das Trs Pessoas 936.3 O Inter-relacionamento entre as Pessoas da Trindade 946.4 A Trindade Explicada 966.5 A Trindade e a Doutrina da Salvao 98

    Referncias 101

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    Captulo 1

    Prolegmenos1.1 Fundamentos Teolgicos

    A boa teologia escrita por aqueles que tomam o devido cuidado em deixarque suas perspectivas sejam moldadas pela revelao bblica. Por isso, emtoda esta obra, conservaremos como princpios bsicos, as seguintes

    asseveraes bblicas: Deus existe, Ele se revelou e tem deixado estarevelao disposio da raa humana.

    Na Bblia, vemos Deus agindo na vida e na histria da humanidade a fim delevar a efeito o seu grande plano de redeno. Noutras palavras, a Bbliaapresenta as suas verdades em meio aos acontecimentos histricos ao invsde apresentar-nos uma lista sistematizada de suas doutrinas. Todavia,carecemos sistematizar tais ensinos para que possamos compreend-losmelhor e aplic-los nossa vida.

    Por outro lado, a sistematizao deve ser levada a efeito com muito cuidado,prestando-se especial ateno tanto ao contexto quanto ao contedo dadoutrina bblica usada em sua elaborao. A grande tentao de muitostelogos selecionar somente os textos que se acham de acordo com osseus pontos de vista, e rejeitar os que se mostram contrrios. Outra tentao:usar o texto sem considerar o seu contexto. A Bblia tem de ter a liberdade defalar com clareza sem ser influenciada pelos preconceitos e falsos conceitosdo intrprete.

    Outra asseverao bblica que orienta o desenvolvimento deste livro que oEsprito Santo, que inspirou a escrita da Bblia, tambm orienta a mente e ocorao do cristo, hoje (Jo 16.13). A obra do Esprito Santo, ao ajudar oleitor a entender a Bblia, no deve ser temida como se fosse lev-lo ainterpretaes estranhas e desconhecidas. Na verdade, guiando-nos em todaa verdade, o Esprito Santo esparge luz sobre, ou elucida, o que j conhecido. Alm disso, "no pode haver nenhuma diferena bsica entre averdade que a comunidade crist conhece atravs do Esprito Santo que nela

    habita, e a que exposta nas Escrituras".

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    Os pentecostais possuem uma rica herana no mbito da experincia,demonstrando convices fervorosas no tocante sua f. Todavia, no tmse mostrado igualmente dispostos a registrar, por escrito, as explicaes a

    respeito de suas experincias com as verdades da Bblia. Agora, porm, huma literatura, cada vez mais notria, que, tendo-se em conta a perspectivapentecostal, leva adiante o esforo de se expandir o entendimento entre osvrios grupos dentro da igreja.

    Reconhecemos tambm que somente a Bblia, por ser a Palavra de Deus,tem a resposta definitiva. Todas as palavras meramente humanas so, namelhor das hipteses, meros ensaios, e s so verdadeiras medida que seharmonizam com a revelao da Bblia. No nos consideramos superiores

    em virtude de nossas experincias. Pelo contrrio: somos companheiros que,ao longo da viagem, desejam compartilhar o que tm aprendido a respeito deDeus e de suas diversas maneiras de lidar conosco.

    1.2 Definio de Teologia

    A teologia, definida com simplicidade, o estudo de Deus e do seurelacionamento com tudo quanto Ele criou. Cremos que a teologia deriva-seda revelao de Deus na Bblia, pois de nenhuma outra maneira poderia

    postar-se como testemunho fidedigno para os que buscam a verdade.

    A revelao bblica no somente dirige o telogo s doutrinas que devem sercridas, como tambm define os limites do contedo da f. A teologia devereferendar como crena obrigatria somente o que a Bblia ensina explcitaou implicitamente. A teologia deve tambm importar-se vitalmente com ainterpretao correta da Bblia e sua aplicao apropriada.

    Embora a matria fundamental da teologia seja tirada da Bblia, a teologia

    tambm se interessa pela comunidade da f de onde surgiu a revelao. E deigual modo se importa com a comunidade para a qual a mensagem sertransmitida. Sem haver compreenso da comunidade da antiguidade, amensagem no ser corretamente aplicada. Esse duplo esforo pode serressaltado em deixar claro que a teologia empenha-se em "oferecer umadeclarao coerente" dos ensinos da Bblia, colocada no contexto da culturaem geral, expressada em linguagem idiomtica contempornea e relacionadacom as questes da vida. Tem sido definida, ainda, como uma reflexosistemtica sobre as Escrituras... e a misso da igreja em mtuo

    relacionamento, tendo as Escrituras como a norma. A teologia umadisciplina viva e dinmica; sua fonte de autoridade no muda; esfora-se porcomunicar as verdades eternas ao mundo que vive em constante mudana.

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    A teologia sistemtica apenas uma diviso dentro do campo maior dateologia, que tambm inclui a teologia histrica, a teologia bblica e exegtica,e a teologia prtica. Ser til examinar cada uma das demais divises dateologia, e notar como a teologia sistemtica se relaciona com elas.

    1.3 Outras Definies

    DR. W. Lindsay define a Teologia Sistemtica como "a cincia de Deus... umsumrio da verdade religiosa organizada cientificamente, ou como um digestofilosfico de todo conhecimento religioso".

    Dr. A. H. Strong define a Teologia Sistemtica como "a cincia de Deus e das

    relaes entre Deus e o Universo".

    Dr. Charles Hodge declara que a Teologia Sistemtica tem como seu objeto"sistematizar os fatos da Bblia, e averiguar os princpios ou verdades geraisque esses fatos envolvem".

    O Dr. W. H. Griffith Thomas afirma: "Cincia a expresso tcnica das leis danatureza; teologia a expresso tcnica da revelao de Deus. a rea dateologia que examina todos os fatos espirituais da revelao, que estima o

    valor deles, e que os dispe num corpo de ensino. A doutrina, dessa forma,corresponde s generalizaes da cincia."

    Dr. W. G. T. Shedd define a Teologia Sistemtica como "uma cincia queest preocupada tanto com o infinito quanto com o finito, tanto com Deusquanto com o Universo. O material, portanto, que ela inclui mais vasto doque o de qualquer outra cincia. Ela tambm a mais necessria de todas ascincias".

    Agostinho denota a teologia como "uma discusso racional a respeito dadivindade".

    L. S. Chafer afirma que a Teologia Sistemtica pode ser definida como acoleta, cientificamente organizada, comparada e defendida de todos os fatose de toda e qualquer fonte a respeito de Deus e de suas obras. Ela tambmchamada dogmtica porque segue uma forma de tese humanamente legadae apresenta e verifica a verdade como verdade.

    1.4 A Palavra TeologiaO Termo Teologia, segundo os seus aspectos etimolgicos, um vocbulocomposto de duas palavras gregas theos - Deus, e logos - discurso ouexpresso. Tanto Cristo, a Palavra Viva, quanto a Bblia, a Palavra Escrita,

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    so Logos de Deus. Eles so para Deus o que a expresso para opensamento e o que o discurso para a razo. A teologia , portanto, aTheo-Iogia ou discurso sobre um assunto especfico, a saber, Deus.

    Entretanto, visto que nenhuma considerao sobre Deus ser completa queno contemple suas obras e os modos no Universo que Ele criou, assimcomo sua Pessoa, a teologia pode ser ampliada devidamente para incluirtodas as realidades materiais e imateriais que existem e os fatos a respeitodelas e contidos nelas.

    Embora no seja prtico dificultar a cincia da teologia com amplos discursosque cubram todas as "logias" do Universo, permanece verdadeiro, noobstante, que o fato bsico, o qual subjaz todas as cincias, sua relaocom o Criador de todas as coisas e o seu propsito na criao.

    Embora no comumente includa na cincia da teologia, as outras cinciasque se ocupam dos pensamentos dos homens seriam tanto santificadasquanto exaltadas, se fossem abordadas, como deveriam ser, com areverncia que reconhece nelas a presena, o poder e propsito do Criador.Grande prejuzo acontece, como bvio, da parte da tendncia moderna dedivorciar todos os assuntos que margeiam o natural de todo relacionamentodivino quando, na realidade, no h base sobre a qual essas "logias" possamdescansar, a no ser a do propsito original do Criador.

    Embora no encontrada nas Sagradas Escrituras, a palavra teologia, ocomposto de duas palavras bblicas familiares, escriturstica no seu carter.Em Romanos 3.2 aparecem as palavras ta logia tou Theou, os orculos deDeus; em 1 Pedro 4.11 surgem as palavras logia Theou, orculos de Deus;e em Lucas 8.21 encontramos a frase ton logon tou Theou, a palavra deDeus.

    Dentro da enciclopdia que o retrata, o termo teologia usado com vrios

    significados restritos. Quando se deseja o reconhecimento do primeiroexpoente de um sistema teolgico, o nome do indivduo combinado com otermo, como Teologia Agostiniana, Teologia Calvinista, Teologia Luterana,Teologia Arminiana. Quando a fonte do seu material est em foco, termosespecficos so empregados, como Teologia revelada, Teologia natural,Teologia catlica, Teologia evanglica. Assim, igualmente, a teologia podeser classificada pelo lugar de sua origem, como, Teologia de Genebra,Teologia de Mercersburgo, Teologia de Oxford, Teologia da Nova Inglaterra,Teologia de Oberlin.

    Quando um contedo particular de determinada teologia est em foco, elapode ser nomeada de acordo, como Teologia Bblica, Teologia Fundamental,Teologia Histrica, Teologia Homiltica, Teologia tica, Teologia Prtica ouTeologia Pastoral. De maneira semelhante, vrias teologias podem ser

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    classificadas pelo mtodo que elas empregam, como Teologia Dogmtica,Teologia Exegtica, Teologia Apologtica, Teologia Racional, TeologiaSistemtica.

    Entre essas classificaes gerais, h diversas formas de teologia que exigemuma definio especial.

    a) Teologia Natural. A teologia natural designa uma cincia que baseada somente naqueles fatos concernentes a Deus e seuUniverso que esto revelados na natureza.

    b) Teologia Revelada. Este termo designa uma cincia que estbaseada somente naqueles fatos concernentes a Deus e seu

    Universo que esto revelados nas Escrituras da verdade.c) Teologia Bblica e Exegtica. A teologia bblica e a exegtica so

    disciplinas gmeas. Enfatizam o emprego das ferramentas etcnicas interpretativas corretas a fim de poderem auscultarcorretamente a mensagem dos textos sagrados. O empenhosupremo ouvir a mesma mensagem da Bblia que os primeirosfiis ouviram. Tal fato obriga esse departamento da teologia aoestudo dos idiomas bblicos, dos costumes e da cultura daquelestempos (especialmente o que a arqueologia tem descoberto) etc.

    A teologia bblica no busca organizar o ensino total da Bblia em categoriasespecficas; pelo contrrio: o alvo isolar os ensinamentos em determinadoscontextos, usualmente livro por livro, autor por autor, ou em agrupamentoshistricos. A teologia exegtica, aproveitando-se da estrutura da teologiabblica procura identificar a nica verdade que cada locuo, clusula e frasepretende transmitir ao perfazer o pensamento dos pargrafos, sees e, emltima anlise, de livros inteiros. A exegese (ou a teologia exegtica) tem deser vista luz do contexto total do livro bem como no contexto imediato do

    trecho bblico.

    A teologia do Antigo Testamento a etapa inicial. importante deix-lo falarpor si mesmo, comunicando sua prpria mensagem, para sua prpria poca,ao seu prprio povo. Mas ao mesmo tempo, no desvendar progressivo doplano de Deus, ele prev o futuro no seu olhar proftico.

    A teologia do Novo Testamento tambm deve ser estudada, segundo seusprprios valores, procurando a mensagem que o autor tinha para os leitores

    aos quais escrevia, usando boa exegese para determinar seu significadooriginal.

    Alm disso, importante perceber a unio entre os dois Testamentos semdeixar de reconhecer a diversidade dos seus contextos histricos e culturais.

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    O autor divino, o Esprito Santo, inspirou todos os escritores da Bblia,fornecendo-lhes a orientao que cimentou a unio entre os seus escritos.Levou os escritores do Novo Testamento a citar o Antigo, e a apresentar

    Jesus como o cumprimento deste, e especialmente do plano divino dasalvao. Essa unio, na Bblia, importante porque possibilita a aplicaoda teologia bblica a situaes diversas e em culturas diferentes, assim comoa teologia sistemtica procura fazer ao usar a teologia bblica como fonteinformativa.

    d) Teontologia - Tesmo (Teologia Propriamente Dita). Este termodesigna uma cincia limitada que contempla somente a pessoade Deus - Pai, Filho e Esprito Santo, e sem referncia s obrasde cada uma delas.

    e) Teologia Histrica. A teologia histrica o estudo da maneira dea igreja ter procurado, no decurso dos sculos, esclarecer assuas afirmaes a respeito das verdades reveladas dasEscrituras. A Bblia foi escrita no transcorrer de um perodo detempo medida que o Esprito Santo inspirava profetas eapstolos a escrever a revelao divina. Semelhantemente, massem a inspirao que a Bblia possui, a igreja, no decorrer dossculos, tem afirmado e reformulado o que ela tem crido. O

    desenvolvimento histrico das afirmaes doutrinrias oassunto tratado pela teologia histrica. O estudo comea com ocontexto histrico dos livros da Bblia, e continua seguindo ahistria da Igreja at chegar aos nossos dias.

    De especial importncia para a teologia histrica so as tentativas de seesclarecer e defender os ensinos da Bblia. O mundo pago, no qual a Igrejanasceu, requeria explicasse ela suas crenas em termos que todospudessem compreender. medida que ataques eram lanados contra seus

    dogmas, a Igreja era levada a defender-se contra acusaes dos maisvariados tipos. Os cristos, por exemplo, eram acusados de canibais (porcausa da Ceia do Senhor), ou eram tachados de revolucionrios (porqueadoravam um s Senhor, que no era Csar). Nessas disputas, a Igreja poliaas suas declaraes de f; demonstrava de forma racional e lgica overdadeiro teor de sua crena.

    f) Teologia Dogmtica. Verdade teolgica sustentada com certeza.

    g) Teologia Especulativa. Verdade teolgica sustentada no abstratoe parte de sua importncia prtica.

    h) Teologia do Antigo Testamento. Assim designada porque ela restrita poro da Escritura indicada.

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    i) Teologia do Novo Testamento. Assim designada porque ela restrita poro da Escritura indicada.

    j) Teologias Paulina, Petrina, Joanina. Elas so designadas assim

    porque so restritas aos escritos das pessoas indicadas.

    k) Teologia Prtica. Diz respeito aplicao da verdade aoscoraes dos homens. a diviso da teologia que coloca asverdades da investigao teolgica em prtica na vida dacomunidade dos fiis. Essa diviso inclui a pregao, oevangelismo, as misses, o atendimento e aconselhamentopastoral, a administrao pastoral, a educao na igreja e a ticacrist. nessa altura que a mensagem da teologia assume (por

    assim dizer) carne e sangue, e ministra entre os cristos.l) Teologia Sistemtica. Uma cincia que segue um esquema

    humanamente legado ou uma ordem de desenvolvimentodoutrinrio e que se prope a incorporar em seu sistema toda averdade a respeito de Deus e seu Universo de toda fonte. ATeologia Sistemtica pode ser distinta da Teologia Natural nosentido em que esta ltima retira o seu material somente danatureza; distinta da Teologia Bblica no sentido que esta ltima

    retira o seu material somente da Bblia; distinta da Teontologia Tesmo, no sentido em que esta ltima restrita consideraoda Pessoa de Deus, e exclui as suas obras.

    Ao definir a Teologia Sistemtica, certos termos enganosos e desautorizadostm sido empregados. Tem sido declarado ser "a cincia da religio"; mas otermo religio em senso algum sinnimo da Pessoa de Deus e todas assuas obras. Igualmente, tem sido declarado ser "o tratamento cientficodaquelas verdades que so encontradas na Bblia"; mas esta cincia,conquanto retire a poro principal de seu material das Escrituras, noobstante ela retira seu material de toda fonte possvel. A Teologia Sistemticatem sido definida como o arranjo ordenado da doutrina crist; mas como ocristianismo representa somente uma mera frao do campo total da verdaderelativa Pessoa de Deus e seu Universo, esta definio inadequada.

    1.5 Estudantes de Teologia

    O indivduo que se compromete ao estudo da cincia da Teologia Sistemtica propriamente um theologos (telogo). O termo grego - theologos deveria

    ser usado de maneira ativa como a sua nfase indica, e denotaria aquele quefala por Deus, mas, se usado passivamente, ele se referiria quele a quemDeus fala. Esses dois conceitos mostram que o uso aceito do termo telogo bvio. Contudo, certas exigncias necessrias so postas sobre o telogo e

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    certas qualificaes devem ser encontradas nele se ele quer fazer qualquercoisa nesta tarefa a que se comprometeu.

    1.6 Exigncias Essenciais1.6.1 So Pressupostas a Inspirao e a Autoridade das Escrituras

    O telogo pode ser chamado de apologeta, quando a ocasio exigir, paradefender verdades especficas que pertencem ao domnio de sua cinciadistintiva; e embora entre as doutrinas que ele defenda esteja a da autoridadee confiabilidade das Sagradas Escrituras, ele no est primariamentecomprometido com a tarefa crtica de provar a inspirao e o carter divinodas Escrituras, mas, antes, comprometido com a formulao e apresentao

    da verdade positiva que as Escrituras demonstram. Por ser a Bblia aprincipal fonte de todo o material que faz parte de sua cincia, o telogo obrigado a organizar o material dado por Deus em sua ordem lgica ecientfica.

    Ele um biblicista, a saber, o que no somente considera a Bblia como anica regra de f e prtica, mas como a nica fonte confivel de informaonas esferas das quais a revelao divina fala. Como um qumico noconsegue fazer qualquer avano em sua cincia se ele duvida ou rejeita o

    carter essencial dos elementos que ele combina, assim um telogo que noaceita a confiabilidadeda Palavra de Deus tambm vai falhar. tarefa docrtico reverente descobrir e defender o carter essencial da revelao divina;mas o telogo deve estar comprometido com a tarefa de sistematizar edeclarar a revelao divina como ela lhe foi apresentada.

    Por causa do fato de que a cincia da Teologia Sistemtica deve proceder dacerteza de que as Escrituras so os orculos de Deus, o modernismo e oracionalismo, com suas dvidas quanto inspirao verbal, revelao e

    autoridade bblica, no esto preocupados com este conhecimento cientficoe at se apartam dele com desprezo. Ao considerar o fato da revelaodivina, a cincia da Teologia Sistemtica tanto possvel quanto exigida, eimediatamente se descobre que ela excede todas as outras cincias como oCriador excede sua criao.

    1.6.2 As Leis da Metodologia

    O telogo no cria seus materiais assim como o botnico no inventa asflores ou o astrnomo no ordena as estrelas. Como os outros cientistas, otelogo deve reconhecer o carter de seu material e dar a ele umaformulao ordenada. Ele nunca deveria deturpar ou alterar a verdade quelhe foi confiada, nem mesmo lhe dar uma nfase desproporcionada. Se existeo cunho cientfico, necessariamente ele repele a inverdade, a verdade parcial,

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    e toda forma de preconceito infundado ou noo preconcebida. A importnciade se asseverar e de sustentar a verdade em sua pureza absoluta epropores certas no pode ser superestimada. Este fim pode serassegurado somente pelo mtodo sistemtico, por uma atitude de cunhocientfico e de labor continuado.

    Dos dois mtodos de lidar com a verdade da Palavra de Deus - o dedutivo,pelo qual um tema expandido em seus detalhes de expresso, um mtodoque pertence amplamente ao campo da homiltica; o indutivo, pelo qual asvrias declaraes sobre um assunto so reduzidas a uma afirmaoharmoniosa e todo-abrangente - o indutivo distintamente o mtodoteolgico. Uma induo perfeita acontece quando todos os ensinos daEscritura, de acordo com o significado exato deles, tornam-se a base de uma

    afirmao doutrinria. Est evidente que para as mentes finitas, a induoperfeita mais ou menos ideal, e o fato de que existem indues variadas eimperfeitas mostra, em alguma medida, a ampla divergncia nas crenasdoutrinrias entre homens de igual sinceridade.

    1.6.3 As Limitaes Finitas Devem Ser Reconhecidas

    Se no fosse o fato de que Deus concedeu uma revelao apropriada de simesmo aos homens e de que Ele espera que eles dem ateno a ela,

    poderia parecer ser uma presuno injustificada para a mente finita procurarcompreender o que infinito. O telogo nunca deveria perder de vista o fatode que ele, como nenhum outro cientista, obrigado a tratar das coisassobrenaturais, que transcendem os limites do tempo e do espao ondenenhuma ajuda do pensamento humano pode penetrar, e a tratar dos seresinvisveis, inclusive as trs pessoas da Trindade e dos anjos.

    Confrontado com assuntos como esses, ele deveria permanecer em atitudede santa reverncia, como Moiss quando esteve diante da sara ardente, e

    ficou impressionado com a futilidade da dependncia da mera opiniohumana, assim como das conseqncias desastrosas a que tal dependnciapode levar. Em termos mais simples, Deus falou de si mesmo, e das coisasinfinitas e eternas. A Bblia essa mensagem, conquanto o homem nopossa originar qualquer verdade similar, ele, embora finito, privilegiado pelailuminao graciosa do Esprito ao receber, com algum grau deentendimento, a revelao a respeito de coisas que so infinitas.

    1.6.4 Uma Iluminao Espiritual Necessria e Proporcionada

    Como j afirmamos embora a Bblia seja expressa em termos muito simples,a sua mensagem, em muitos aspectos, transcende o alcance doentendimento humano; mas uma proviso divina dada pela qual essaslimitaes humanas so vencidas. O Esprito de Deus dado para cada

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    pessoa salva como o Paracleto que habita dentro dela, e proporciona assimum recurso ilimitado tanto para o entendimento quanto para a capacidade deaprender. Cristo, dessa forma, trabalhou nos coraes dos dois discpulos

    que andavam com Ele no caminho de Emas. O texto declara que Ele nosomente abriu as Escrituras diante deles, mas que abriu-lhes o entendimentopara que pudessem compreender as Escrituras (Lc 24.27-32, 45).Igualmente, o segundo Paracleto haveria de ministrar em favor de todos emquem Ele habita.

    1.6.5 Um Estudo Paciente e Incansvel deve ser Exigido

    Assim como algum pode se aventurar a ir cada vez mais longe sem

    nenhuma esperana de alcanar os seus limites distantes, assim o telogosempre confrontado com um material ilimitado na esfera das doutrinas daEscritura. Tem sido costumeiro para o telogo passar pelo menos trs anosnas salas de aula no estudo da introduo da cincia da Teologia Sistemticae sob a instruo daqueles que, por meio de estudo paciente e experincia,so capazes de gui-lo nessa pesquisa introdutria. Contudo, o estudo dadoutrina bblica tarefa para a vida inteira e exige seu tempo e foras.

    1.6.6 A F

    Como j foi afirmado, o estudante de Teologia Sistemtica chamado paratrabalhar no campo das coisas sobrenaturais. Sua pesquisa quase todarestrita ao Livro, o qual inspirado por Deus, e atravs do poder paracompreender a mensagem que esse texto apresenta; ele avana somente namedida em que capacitado e ensinado pelo Esprito de Deus. No somenteessas coisas so verdadeiras; mas o seu sublime e santo servio comoexpositor deste Livro, seja pela palavra oral ou pela incorporao dasverdades da mensagem bblica em sua vida diria, ser vantajoso e eficazsomente quando ele ministra essa Palavra no poder de Deus. A Bblia no

    entendida nem recebida pelo homem no-regenerado (1Co 2.14), nempodem as suas revelaes mais profundas ser captadas pelos cristoscarnais (1Co 3.1-3).

    1.7 Sistemas Teolgicos Protestantes

    Dentro do protestantismo h vrios sistemas teolgicos. O exame de cadaum deles ocuparia mais espao do que o podemos dispor. Examinaremos,portanto, dois deles que tm se destacado desde a Reforma: o calvinismo e o

    arminianismo. Atualmente, h muitos outros sistemas teolgicos. Trs delessero considerados resumidamente: a teologia da libertao, oevangelicalismo e o pentecostalismo. Essa abordagem seletiva necessriatanto por causa das limitaes de espao, quanto por causa dorelacionamento entre esses sistemas e o estudo que ora fazemos.

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    1.7.1 O Calvinismo

    O calvinismo deve seu nome e suas origens ao telogo e reformador francs

    Joo Calvino (1509-64). A doutrina central do calvinismo que Deus soberano de toda a sua criao.

    A maneira mais fcil de entender o calvinismo conhecer as suas cinco tesescentrais:

    a) A total depravao: a raa humana, como resultado do pecado,est to decada que nada podemos fazer para melhorarmos oupara sermos aceitos diante de Deus.

    b) A eleio incondicional: o Deus soberano, na eternidadepassada, elegeu (escolheu) alguns membros da raa humanapara serem salvos, independentemente da aceitao de suaoferta, que tem como base sua graa e compaixo.

    c) A expiao limitada: Deus enviou seu Filho para prover aexpiao somente para aqueles que Ele elegera.

    d) A graa irresistvel: os eleitos no podero resistir a sua ofertagenerosa; sero salvos.

    e) A perseverana dos santos: uma vez salvos, perseveraro at ofim, e recebero a realidade ltima da salvao: a vida eterna.

    1.7.2 O Arminianismo

    O telogo holands Jacob Arminius (1560-1609) discordou das doutrinas do

    calvinismo, argumentando que tendem a fazer de Deus o autor do pecado,por ter Ele escolhido, na eternidade passada, quem seria ou no salvo, enegam o livre arbtrio do ser humano, por declararem que ningum poderesistir graa de Deus.

    Os ensinos de Arminius foram resumidos nas cinco teses dos Artigos deProtesto (1610):

    a) A predestinao depende da maneira de a pessoa corresponder

    ao chamado da salvao, e fundamentada na prescincia deDeus.b) Cristo morreu em prol de toda e qualquer pessoa, mas somente

    os que crem so salvos.

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    c) A pessoa no tem a capacidade de crer, e precisa da graa deDeus.

    d) A graa pode ser resistida.e) Nem todos os regenerados perseveraro.

    As diferenas entre o calvinismo e o arminianismo ficam, portanto, claras.Segundo os arminianos, Deus sabe de antemo as pessoas que lheaceitaro a oferta da graa, e so estas que Ele predestina a compartilhar desuas promessas. Noutras palavras, Deus predestina todos os que, de livre eespontnea vontade, lhe aceitam a salvao outorgada em Cristo, e

    continuam a viver por Ele. A morte expiatria de Jesus foi em favor de todasas pessoas indistintamente. E a expiao ser eficaz para todos quantosaceitarem a oferta da salvao gratuita que Deus a todos faz. Essa ofertapode ser recusada. Se corresponderem aceitao da graa divina, porcausa da iniciativa dessa mesma graa, e no em virtude da vontadehumana. A perseverana depende de se viver continuamente a f crist, e ha possibilidade de se desviar da f, embora Deus no deixe que ningumcaia facilmente.

    A maioria dos pentecostais tende ao sistema arminiano de teologia tendo emvista a necessidade do indivduo em aceitar pessoalmente o Evangelho e oEsprito Santo.

    1.7.3 A Teologia da Libertao

    Nascida na Amrica Latina no fim da dcada de 1960, a teologia dalibertao um "movimento difuso" de vrios grupos dissidentes (negros,feministas etc.). Seu interesse primrio a reinterpretao da f crist do

    ponto de vista dos pobres e dos oprimidos. Os proponentes dessa teologiaalegam que o nico evangelho que lida corretamente com as necessidadesdesses grupos o que proclama a libertao destes da pobreza e daopresso. A mensagem dos defensores dessa teologia a condenao dosricos e dos opressores, e a libertao dos pobres e dos oprimidos.

    Um dos alvos principais da teologia da libertao a questo da prtica: ateologia deve ser posta em prtica, e no apenas aprendida. Isto : aessncia do seu esforo empenhar, se na renovao da sociedade a fim de

    libertar os pobres e oprimidos de suas circunstncias. Para se alcanar essealvo, seus elaboradores freqentemente so obrigados a interpretar asEscrituras fora de seu contexto, alm de em, pregar mtodos que, na maioriadas vezes, so considerados marxistas ou revolucionrios.

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    1.7.4 O Evangelicalismo

    O sistema teolgico conhecido como evangelicalismo tem hoje uma influncia

    mui considervel. Com a formao da Associao Nacional dos Evanglicosem 1942, um novo mpeto foi dado s doutrinas desse sistema. E estas tmsido aceitas por membros de muitas denominaes crists. O prprio nomerevela-nos uma das preocupaes centrais do sistema: a comunicao doevangelho ao mundo inteiro. Essa comunicao conclama os indivduos fpessoal em Jesus Cristo. As expresses teolgicas do evangelicalismoprovm, indistintamente, de arraiais calvinistas e arminianos. Declaram que oevangelicalismo nada mais que o mesmo sistema de f ortodoxa que seachava primeiramente na Igreja Primitiva. A agenda social do evangelicalismo

    conclama os fiis a agirem em prol da justia, na sociedade, bem como dasalvao das almas.

    1.7.5 O Pentecostalismo

    Em sua maior parte, a teologia pentecostal encaixa-se confortavelmente noslimites do sistema evanglico. Por outro lado, os pentecostais levam a srio aoperao do Esprito Santo como comprovao da veracidade das doutrinasda f, e para outorgar poder proclamao destas. Esse fato leva

    freqentemente acusao de que os pentecostais baseiam-seexclusivamente na experincia. Tal acusao no procede; o pentecostalconsidera que a experincia produzida pela operao do Esprito Santo acha-se abaixo da Bblia no que tange autoridade. A experincia corrobora ,enfatiza e confirma as verdades da Bblia, e essa funo do Esprito Santo importante e crucial.

    1.8 A Necessidade da Teologia

    (a) O Instinto Organizador do Intelecto

    O intelecto humano no se contenta com uma simples acumulao de fatos:invariavelmente busca uma unificao e sistematizao de seuconhecimento. A mente no se satisfaz apenas em descobrir certos fatos arespeito de Deus, do homem, e do universo; ela deseja conhecer as relaesentre estas pessoas e coisas e organizar suas descobertas em forma desistema.

    (b) A Natureza das Escrituras

    A Bblia para o telogo o que a natureza para o cientista, um conjunto defatos desorganizados ou apenas parcialmente organizados. Deus no achounecessrio escrever a Bblia numa forma de Teologia Sistemtica; nossa

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    tarefa, portanto, ajuntar os fatos dispersos e coloc-los sob a forma de umsistema lgico. Veja como exemplo a doutrina da pessoa de Cristo: Jo 1.1-18; Fp 2.5-11; Cl 1.15-19; Hb 1.1-4. necessrio, portanto, se quisermos

    conhecer todos os fatos a respeito de qualquer assunto, ajuntar osensinamentos dispersos e coloc-los em sistema lgico e harmonioso.

    (c) A Natureza difundida da descrena de nossos Dias

    Os perigos que ameaam a igreja vm no da cincia, mas sim da filosofia.Nossas universidades, faculdades e seminrios esto, na maioria, saturadosde atesmo, agnosticismo, e pantesmo. Alguns deles so unitarianos.Atravs daqueles que se formam nessas instituies, as escolas pblicas, os

    jornais, revistas, rdios e as muitas organizaes sociais, comerciais,polticas e fraternais, tm esses ensinamentos infundidos em todos os nveisda vida social. Os mais bem instrudos destes tm um conjunto de idiasrelativamente completo com relao as coisas que os interessam mais deperto. Da a necessidade que a igreja tem de mostrar a eles que a Bblia uma soluo melhor para seus problemas que aquela que eles adotaram; queela tem a resposta para muitos problemas que suas filosofias nem tentamresponder; e que as Escrituras possuem uma viso plena e consistente domundo e da vida. O homem que no possui um sistema organizado de

    pensamento est merc daquele que o tem. Em outras palavras, temos aobrigao de ajuntar todos os fatos revelados sobre um dado assunto ouorganiz-los sob a forma de um sistema harmonioso se quisermos enfrentaraqueles que esto profundamente arraigados em algum sistema filosfico depensamento.

    (d) As condies para o servio cristo eficaz

    H em muitas igrejas, hoje em dia, uma averso a pregaes doutrinrias. O

    pastor sente que as pessoas exigem algo que seja oratrio, que susciteemoes e que no requeira concentrao de pensamento. Infelizmente,algumas congregaes so assim, mas Cristo e os apstolos pregavamdoutrina (Mc 4.2; At 2.42; 2Tm 3.10), e somos exortados a pregar a doutrina(2Tm 4.2; Tt 1.9). Pregao oratria, textual ou atual pode prender acongregao ao pregador, mas quando o pregador for embora, o povo vaitambm. Tem sido freqentemente demonstrado que apenas na medida emque as pessoas forem completamente instrudas na Palavra de Deus queelas se tornaro cristos firmes e trabalhadores eficazes por Cristo. H,

    assim, uma relao definitiva entre a pregao doutrinria e o servio cristoeficaz.

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    1.9 A Possibilidade da Teologia

    Nunca poderamos conhecer a Deus se ele no se revelasse a ns. O que

    revelao? o ato de Deus pelo qual Ele se mostra ou comunica verdade mente; pelo qual Ele torna manifesto s Suas criaturas aquilo que no podeser conhecido de nenhuma outra maneira. H duas espcies de revelao:Geral e Especial. Vamos consider-las brevemente.

    a) A revelao geral de Deus

    Ela encontrada na natureza, na histria e na conscincia. comunicada pormeio de fenmenos naturais que ocorrem na natureza ou no decorrer da

    histria; endereada a todas as criaturas inteligentes de modo geral, e acessvel a todas estas; tem por objetivo suprir a necessidade natural dohomem e a persuaso da alma para buscar o Deus verdadeiro. Vejamoscada uma das trs formas desta revelao.

    b) A revelao de Deus na natureza

    Os homens em geral sempre vem na natureza uma revelao de Deus. Osmais bem dotados muitas vezes expressaram suas convices em

    linguagem semelhantes a dos salmistas, dos profetas e dos apstolos (Sl8.1,3; 19.1,2; Is 40.12-14,26; At 14.15-17; Rm 1.19,20). Muitos homensextraordinrios no campo das cincias naturais e biolgicas testificaramquanto a convico de que a natureza revela Deus.

    c) A revelao de Deus na histria

    O salmista faz a arrojada assero de que os destinos dos reis e impriosesto nas mos de Deus. Porque no do Oriente, no do Ocidente, nem

    do deserto que vem o auxlio. Deus o juiz; a um abate a outro exalta. (Sl75.6,7; Rm 13.1). E Paulo declara que Deus de um s fez toda raa humanapara habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempospreviamente estabelecidos e os limites da sua habitao; para buscarem aDeus se, porventura, tateando o possam achar (At 17.26,27). A Bblia falaigualmente de como Deus lidou com o Egito (x 9.13-17; Rm 9.17), Assria(Is 10.12-19; Ez 31.1-14), Babilnia (Jr 50.1-16; 51.1-4), Medo-Prsia (Is44.24- 45.7) e o imprio Romano (Dn 7.7,23). Mostra tambm que apesar deDeus poder, para seus prprios sbios e santos propsitos, permitir que uma

    nao mais mpia triunfe sobre uma menos mpia, Ele no fim tratar a maismpia com maior severidade, do que a menos mpia (Hc 1.1; 2.20).

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    d) A revelao de Deus na conscincia

    No faremos aqui um tratado sobre conscincia, abordaremos apenas o

    necessrio para o nosso entendimento. Basta dizer que a conscincia no inventiva, mas sim discriminativa e impulsiva. Ela julga se um curso de aoproposto em uma atitude est ou no em harmonia com nossos padresmorais e insta conosco para fazermos aquilo que estiver em harmonia comeles e a nos abstermos de participar daquilo que for contrrio a eles. apresena no homem desta cincia do que certo e errado, deste algodiscriminativo e impulsivo que constitui a revelao de Deus. No auto-imposta, como fica evidenciado pelo fato de que o homem freqentementese livraria de suas opinies se pudesse; o reflexo de Deus na alma. Da

    mesma maneira que o espelho e a superfcie tranqila do lago refletem o sole revelam no apenas a sua existncia, mas tambm at certo ponto suanatureza, assim a conscincia no homem revela a existncia de Deus e, atcerto ponto, a natureza de Deus.

    e) A revelao especial de Deus

    Como revelao especial queremos dizer aqueles atos de Deus pelos quaisEle d a conhecer a Si prprio e a sua verdade em momentos especiais e

    especficos. dada ao homem de vrias maneiras: na forma de milagres eprofecia, na pessoa e trabalho de Jesus Cristo, nas Escrituras e naexperincia pessoal.

    f) A revelao de Deus em milagres

    Um milagre genuno um acontecimento fora do comum, que realiza umaobra til e revela a presena e o poder de Deus (x 4.2-5; 1Rs 18.24; Jo5.36; At 2.22). Um milagre um acontecimento fora do comum por no ser o

    mero produto das chamadas leis naturais. Milagres genunos so revelaesespeciais da presena e do poder de Deus. Provam Sua existncia, cuidadoe poder. So ocasies nas quais Deus como que sai de seu esconderijo emostra ao homem que um Deus vivo, que ainda est no trono do universo eque suficiente para todos os problemas do homem. Se um milagre noproduz essa convico no tocante a Deus, ento provavelmente no ummilagre genuno.

    g) A revelao de Deus na profecia

    Usamos profecia aqui para indicar a predio de acontecimentos, no porvirtude de mera percepo ou prescincia humana, mas atravs de umacomunicao direta de Deus. Vejamos algumas predies acerca de Cristoque j foram cumpridas. Cristo deveria ser: nascido de uma virgem (Is 7.14;

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    Mt 1.23); da semente de Abrao (Gn 12.3; Gl 3.8); da tribo de Jud (Gn49.10; Hb 7.14); da linhagem de Davi (Rm 1.3). Ele deveria: nascer em Belm(Mq 5.2; Mt 2.6); entrar em Jerusalm montado em um asno (Zc 9.9; Mt21.4,5); ser vendido por trinta moedas de prata (Zc 11.12,13; Mt 26.15;27.9,10). Ele seria: Abandonado por Deus (Sl 22.1; Mt 27.46); enterradocom os ricos (Is 53.9; Mt 27. 57-60).

    h) A Revelao de Deus em Jesus Cristo

    Ao mundo gentio. A revelao geral de Deus no levou o mundo gentio auma apreenso clara da existncia de Deus, da natureza de Deus ou davontade de Deus. Paulo reclama disto em uma passagem clssica (Rm 1.20-23). Mesmo a filosofia no deu aos homens uma concepo verdadeira deDeus. Paulo assim fala da sabedoria do mundo: Na sabedoria de Deus omundo no O conheceu por sua prpria sabedoria (1Co 1.21), e declara averdadeira sabedoria: nenhum dos poderosos deste sculo conheceu;porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor daGlria (1Co 2.8). Apesar de a revelao geral de Deus na natureza, nahistria, na conscincia, o mundo gentio voltou-se para a mitologia, opolitesmo e a idolatria. Uma revelao mais plena se fazia grandementenecessria.

    A Israel. To pouco as outras revelaes especiais de Deus nos milagres,profecia e teofania levaram Israel a um conhecimento real da natureza e davontade de Deus. Israel cria na existncia do Deus vivo e verdadeiro, maspossua noes muito imperfeitas e at pervertidas a respeito dEle.Considerava-o principalmente o Grande Legislador e Juiz que insistia nocumprimento escrupuloso da letra da lei, mas que pouco se preocupava coma condio interior do corao e a prtica da justia, misericrdia e f (Mt23.23-28); como Aquele que tinha de ser aplacado com sacrifcios e

    persuadido com holocaustos, mas que no precisava de um sacrifcio infinitoe no aborrecia verdadeiramente o pecado (Is 1.11-15; Mt 9.13; 12.7; 15.7-9;23.32-36); como Aquele que fez da descendncia de Abrao a nicacondio para o Seu favor e bno e que considerava os gentios inferiores aeles (Mt 3.8-12; 12.17-21; Mc 11.17). Israel necessitava tambm de umarevelao mais plena de Deus. E a temos na Pessoa e Misso de JesusCristo. Cristo o centro da histria e da revelao de Deus. O escritor aosHebreus diz: Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitasmaneiras, aos pais pelos profetas, nestes ltimos dias nos falou pelo filho

    (Hb 1.1,2); e diz que Ele o resplendor da glria e a expresso exata do Seuser (Hb 1.3). Paulo diz que Ele a imagem do Deus invisvel (Cl 1.15), ediz que nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2.9).Joo diz: Ningum jamais viu a Deus: o Deus unignito, que est no seio doPai quem O revelou (Jo 1.18). E o prprio Jesus disse: Ningum conhece

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    o Filho seno o Pai; e ningum conhece o Pai seno o filho, e aquele, a quemo Filho quiser revelar(Mt 11.27); ainda mais: Quem me v a mim v o Pai(Jo 14.9). Conseqentemente, a igreja tem, desde o princpio, visto em Cristo

    a Suprema revelao do Pai.i) Uma revelao trplice

    Parece termos em Cristo uma revelao trplice de Deus: Uma revelao deSua existncia, de Sua natureza e de Sua vontade. Ele a melhor prova daexistncia de Deus, pois viveu a vida de Deus entre os homens. Ele tinha noapenas plena conscincia da presena do Pai em sua vida e constantecomunho com Ele (Jo 8.18, 28,29; 11.41; 12.28), como tambm provava por

    meio de Suas reivindicaes (Jo 8.58; 17.5), Sua vida sem pecados (Jo 8.46),Seus ensinamentos (Mt 7.28,29; Jo 7.46), obras (Jo 5.36; 10.37,38; 15.24),posies e prerrogativas (Mt 9.2,6), e relaes com o Pai (Mt 28.19; Jo 10.38)que Ele prprio era Deus. Ele revelou a santidade absoluta de Deus (Jo17.11,25), o profundo amor de Deus (Jo 3.14-16), a Paternidade de Deus,no, em verdade, de todos os homens, mas dos crentes verdadeiros (Mt6.32; 7.11) e a natureza espiritual de Deus (Jo 4.19-26). Ele revelou tambma vontade de Deus; de que todos se arrependam (Lc 13.1-5), creiam nEle (Jo6.28,29), sejam perfeitos como o Pai perfeito (Mt 5.48), e que os crentes

    levem o Evangelho a todo o mundo (Mt 28.19,20).

    j) A revelao de Deus nas Escrituras

    Tem sido sempre afirmado pelo crente verdadeiro que temos na Bblia umarevelao de Deus, certamente a revelao mais clara e a nica que infalvel. Ela registra o conhecimento de Deus e de Seu relacionamento coma criatura. O cristo volta-se para as Escrituras como a nica fonte suprema einfalvel para a construo da sua teologia.

    l) A revelao de Deus na experincia pessoal

    Homens de todas as idades tm professado ter comunho direta com Deus.Declaram que o conheceram, no simplesmente atravs da natureza, histriae conscincia, no apenas por meio dos milagres e profecias, mas tambmpor experincia pessoal direta. Foi assim nos tempos do Velho Testamento.Enoque e No andaram com Deus (Gn 5.21-24; 6.9); Deus falou a No (Gn6.13); a Abrao (Gn 12.1-3) e a muitos outros. Da mesma maneira, no Novo

    Testamento Deus falou a Jesus (Mt 3.16,17) etc.

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    Captulo 2

    A Doutrina de Deus2.1 O nico e Verdadeiro Deus

    Muitas teologias sistemticas do passado tentaram classificar os atributosmorais e a natureza de Deus. O Supremo Ser, porm, no se revelousimplesmente para transmitir-nos conhecimentos tericos a respeito de si

    mesmo. Pelo contrrio: a revelao que Ele fez de si mesmo est vinculada aum desafio pessoal, a uma confrontao e a oportunidade de o homem reagirpositivamente a essa revelao. Isso fica evidente quando o Senhor seencontra com Ado, com Abrao, com Jac, com Moiss, com Isaas, comMaria, com Pedro, com Natanael e com Marta. Juntamente com estas emuitas outras testemunhas (Hb 12.1), podemos testificar que estudamos afim de conhec-lo experimentalmente, e no somente para saber a respeitodEle. "Celebrai com jbilo ao SENHOR, todos os moradores da terra. Serviao SENHOR com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o

    SENHOR Deus" (Sl 100.1,3). Todos os textos bblicos que examinarmosdevem ser estudados com um corao disposto adorao, ao servio e obedincia ao nico e Verdadeiro Deus.

    Nossa maneira de compreender a Deus no deve basear-se empressuposies a respeito dEle, ou em como gostaramos que Ele fosse. Pelocontrrio: devemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar a nsatravs das Escrituras. O ser humano tende a criar falsos deuses, nos quais fcil crer; deuses que se conformam com o modo de viver e com a natureza

    pecaminosa do homem (Rm 1.21,25). Essa uma das caractersticas dasfalsas religies.

    2.2 A Existncia de Deus

    A Bblia no procura oferecer-nos qualquer prova racional quanto existnciade Deus! Pelo contrrio: ela j comea tomando a sua existncia comopressuposio bsica: "No princpio, Deus" (Gn 1.1). Deus existe! Ele oponto de partida. Por toda a Bblia, h evidncias substanciais em favor desua existncia. Se de um lado "disseram os nscios no seu corao: No hDeus" (SI 14.1); por outro: "os cus manifestam a glria de Deus, e ofirmamento anuncia as obras das suas mos" (SI 19.1). Deus se tornouconhecido mediante o seu ato de criar e de sustentar tudo quanto existe. Ele

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    d vida, alento (At 17.24-28), alimento e alegria (At 14.17). Essas aes soacompanhadas por palavras que interpretam o seu significado e relevncia,fornecendo um registro que explica sua presena e propsito. Deus tambm

    revela a sua existncia atravs do ministrio dos profetas, sacerdotes, reis eservos fiis. Finalmente, Deus se revelou claramente a ns mediante o Filhoe por intermdio do Esprito Santo que em ns habita.

    Os que, entre ns, acreditam que Deus haja se revelado nas Escrituras,descrevem a Deidade nica e verdadeira tendo como base sua auto-revelao. Vivemos, todavia, num mundo que, via de regra, no aceita esseconceito da Bblia como fonte primria de informao. E so muitas aspessoas que preferem confiar na engenhosidade e percepo humanas para

    lograrem alcanar uma descrio particular da Deidade.Sob o ponto de vista secular de se entender a histria, a cincia e a religio,a teoria da evoluo tem sido aceita por muitos como fato fidedigno. Segundoessa teoria, medida que os seres humanos foram evoluindo, tambmevoluram suas crenas religiosas e seus modos de express-las. A religio apresentada como um movimento que parte de prticas e crenas simplespara as mais complexas. Os seguidores da teoria da evoluo dizem que areligio comea no nvel do animismo - a crena de que poderes

    sobrenaturais, ou espritos desencarnados, habitam nos objetos naturais efsicos. Tais espritos, segundo suas prprias vontades malignas, teriaminfluncia sobre a vida humana. O animismo evoluiu-se at transformar-se nopolitesmo simples, no qual certos poderes sobrenaturais so consideradosdeidades. O passo seguinte, ainda segundo os evolucionistas, ohenotesmo: uma das deidades atinge uma posio de supremacia sobretodos os demais espritos, e adorada em detrimento das outras. Segue-se amonolatria, quando as pessoas optam por adorar um s dos deuses, sem,porm, negar a existncia dos demais.

    A concluso lgica (segundo essa teoria) o monotesmo que surge somentequando as pessoas evoluem-se ao ponto de negar a existncia de todos osdemais deuses e de adorar uma nica deidade. As pesquisas realizadaspelos antroplogos e pelos missiologistas neste sculo, demonstram comclareza que essa teoria no corroborada pelos fatos histricos, nem peloestudo cuidadoso das culturas "primitivas" contemporneas. Quando os sereshumanos criam um sistema de crenas segundo seus prprios desgnios, eleno tende a se desenvolver em direo ao monotesmo, mas, sim, ao

    animismo e crena em vrios deuses. A tendncia cair no sincretismo,acrescentando-se a estes deidades recm descobertas ao conjunto das quej so adoradas.

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    Em contraste com a evoluo, temos a revelao. Servimos a um Deus quetanto age quanto fala. O monotesmo no o resultado do carter humanoevolucionrio, mas do desvendamento que Deus fez de si mesmo. Arevelao divina progressiva na sua natureza medida que Deus serevelou atravs dos registros bblicos. J no dia de Pentecostes, aps aressurreio e ascenso de Cristo, temos a prova de que Deus realmente semanifesta ao seu povo em trs Pessoas distintas. Nos tempos do AntigoTestamento, porm, a prioridade era estabelecer o fato de que h um sDeus em contraste com os inmeros deuses cultuados pelos vizinhos deIsrael, em Cana, no Egito e - na Mesopotmia.

    Atravs de Moiss, essa verdade foi proclamada: "Ouve, Israel, o SENHOR,nosso Deus, o nico SENHOR" (Dt 6.4). A existncia de Deus e a suaatividade contnua no dependiam do seu relacionamento com qualquer outrodeus, ou criatura. Pelo contrrio: nosso Deus podia simplesmente "ser",optando por chamar o homem a estar ao seu lado (no porque Ele precisassede Ado, mas porque este precisava de Deus).

    2.3 Evidncias Racionais da Existncia de Deus

    No transcurso dos tempos, filsofos e pensadores tm buscado na teologia,argumentos racionais sobre a existncia de Deus. Alguns desses argumentosvm de Plato e Aristteles, filsofos gregos que viveram h mais de 300anos a.C. Outros argumentos foram formulados nos tempos modernos pelosestudiosos da filosofia da religio. Desses argumentos, vamos mencionaraqui os mais comuns.

    2.3.1 O Argumento Ontolgico

    O Argumento Ontolgico tem sido apresentado sob diversas formas, pordiferentes pensadores. Em sua mais refinada forma, foi apresentado por

    Anselmo, telogo e filsofo agnosticista, de origem italiana. Seu argumento que o homem tem imanente em si, a idia de um ser absolutamente perfeitoe, por conseguinte, deve existir um ser absolutamente perfeito. Esteargumento admite que existe na mente do prprio homem o conhecimentobsico da existncia de Deus, posto l pelo prprio criador.

    2.3.2 O Argumento Cosmolgico

    Este argumento tem sido apresentado de vrias formas. Em geral encerra a

    idia de que tudo o que existe no mundo, deve ter uma causa primria ourazo de ser. Emanuel Kante, filsofo alemo, indicou que se tudo que existetem uma razo de existir, isto deve ter um ponto de origem em Deus. Assimsendo, deve haver um Agente nico que equilibra e harmoniza em si todasas coisas.

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    2.3.3 O Argumento Teleolgico

    O argumento teleolgico pode ser enunciado assim: Ordem e organizao til

    em um sistema evidenciam inteligncia e propsito na causa que o originou;o universo caracterizado por ordem e organizao til; portanto, o universotem uma causa inteligente e livre. A premissa principal sugerida em Sl 94.9O que fez o ouvido, acaso no ouviria? O que formou os olhos ser que noenxerga? Tem sido, em verdade, alegado que pode haver ordem eorganizao til sem plano, isto , essas coisas podem resultar de operaoda lei do acaso. Mas a natureza dependente das leis da natureza exclui aprimeira idia. Essas leis no so auto-originadas nem auto-sustentadas; elaspressupem um legislador e algum que sustente a lei. A lei da gravitao,

    por exemplo, no auto-explicativa; ainda perguntamos Por que ela agedessa maneira? E a doutrina matemtica das probabilidades desqualifica altima. Shedd diz: A probabilidade da matria agir desta maneira no umaem milhes. A adaptao natural, baseada nesta teoria, seria um fenmenoto raro quanto um milagre.

    Em suma, o argumento teleolgico concentra-se na evidncia da harmonia,da ordem e do planejamento no universo, e argumenta que esseplanejamento d provas de um propsito inteligente (a palavra grega telos

    significa "fim", "meta" ou "propsito"). Como o universo parece ter sidoplanejado com um propsito, deve necessariamente existir um Deusinteligente e determinado que o criou para funcionar assim.

    2.3.4 O Argumento Moral

    Este, como os outros argumentos, tambm tm diversas formas deexpresso. Kante partiu do raciocnio que deduz a existncia de um SupremoLegislador e Juiz, com absoluto direito de governar e corrigir o homem. Este

    filsofo era da opinio de que este argumento era superior a todos os demais.No seu intuito de provar a existncia de Deus, ele recorria a este argumento.A teologia moderna utiliza este argumento afirmando que o reconhecimentopor parte do homem de um bem supremo e do seu anseio por uma moralsuperior, indicam a existncia de Deus que podem converter esse ideal emrealidade.

    2.3.5 O Argumento Histrico

    A exposio principal deste argumento a seguinte: entre todos os povos etribos da terra comum a evidncia de que o homem um ser religioso empotencial. Sendo universal este fenmeno, isso deve ser parte constituinte danatureza do homem. E se a natureza do homem tende prtica religiosa, isto

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    s encontra explicao num ser superior que originou uma tal natureza quesempre indica ao homem um ser superior. E aqui milhes, por ignorarem onico e verdadeiro Deus, praticam as religies mais estranhas e deturpadas.E o anseio da alma na busca do criador que ela ignora, por ter dele seafastado conforme Romanos 1.20-23.

    2.3.6 O Argumento Antropolgico

    O argumento antropolgico segue a mesma ordem a posteriori seguida pelosdois argumentos precedentes, mas diferindo do argumento cosmolgico queconsidera todo o cosmos, e o argumento teleolgico que observa o elementodo plano manifesto em todo o universo, o argumento antropolgico restringe-se ao campo da evidncia, quanto existncia de Deus e Suas qualidades,

    que deve ser extrada da constituio do homem. H aspectos filosficos emorais na constituio do homem que podem ser encontrados para buscar asua origem em Deus, e nessa base este argumento criou o argumentofilosfico ou o argumento moral. Mas, considerando que a latitudecompreendida no argumento o todo do ser humano, a designao todo-inclusiva, argumento antropolgico, a mais satisfatria.

    Com base no princpio declarado pelo Salmista, "O que fez o ouvido, acasono ouvir? e o que formou os olhos, ser que no enxerga?", o argumento

    antropolgico indica que os elementos que so reconhecidos comopropriedades inatas ao homem devem ser possudas pelo seu Criador. Comobase de prova, a constituio orgnica do homem pertence ao argumentoteleolgico, mas h aspectos especficos no ser humano que fornecemprovas excepcionais da finalidade divina, e elas ficam devidamente expostasno argumento antropolgico.

    No comeo de suas consideraes sobre o argumento antropolgico, o Dr. A.A. Hodge declara:

    O argumento cosmolgico leva-nos a uma Causa Primeira eterna e auto-existente. O argumento da ordem e da adaptao descoberto noprocesso do universo revelou esta grande Causa Primeira comopossuidora de inteligncia e vontade; isto , como um esprito pessoal. Oargumento moral ou antropolgico fornece novos dados por inferncia,imediatamente confirmando as primeiras concluses quanto ao fato daexistncia de uma Causa Primeira inteligente e pessoal, e ao mesmotempo acrescentando ao conceito os atributos de santidade, justia,bondade e verdade. O argumento a partir do plano inclui o argumento apartir da causa, e o argumento a partir da justia e benevolncia inclui osdois argumentos a partir da causa e do plano, e acrescenta-lhes um novoelemento seu prprio (Outlines of Theology, p. 41).

    O homem composto daquilo que material e daquilo que imaterial, eestas duas partes constituintes no so relacionadas. A matria possui os

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    atributos de extenso, forma, inrcia, divisibilidade e afinidade qumica;enquanto que a parte imaterial do homem possui os atributos de pensamento,de razo, de sensibilidade, de conscincia e de espontaneidade. Se fosse

    possvel explicar a origem da parte fsica do homem atravs de uma teoria dedesenvolvimento natural (o que no acontece), o imaterial, quanto suaorigem, permaneceria um problema insolvel parte do reconhecimento deuma causa suficiente.

    Embora em sua estrutura orgnica geral, a parte material do homem sejasemelhante estrutura das formas mais elevadas dos animais, ela torefinada que supera todos os aspectos da criao material. A mo do homemexecuta os elevados desgnios de sua mente de todas as maneiras naconstruo e na arte; sua voz atende s exigncias de uma mente nobre parafalar; seu ouvido ouve e seu olho v os reinos da realidade alm e demaneira diferente do animal. O corpo humano , portanto, uma provaespecfica de um Criador, uma vez que no pode ser explicado de outramaneira.

    A parte imaterial do homem, que incorpora os elementos da vida, do intelecto,da sensibilidade, da vontade, da conscincia e da crena inerente em Deus,apresenta uma exigncia ainda mais insistente de uma causa adequada. Avida no pode evoluir da matria inerte, e embora o evolucionista reivindique

    remontar tudo que agora existe origem de uma neblina gasosa original, ouao protoplasma, todas estas formas de vida, de acordo com esta teoria,deveriam estar presentes na forma latente nessa alguma coisa original.Essas teorias no comprovadas no deveriam ser toleradas em nenhumcampo de investigao e no ser naquele onde as trevas da mente naturaldemonstraram sua incapacidade de aceitar as coisas de Deus. Alm disto, ainteligncia do homem com suas realizaes nas descobertas, nasinvenes, na cincia, na literatura e nas artes, exige com implacvelinsistncia uma causa adequada. Semelhantemente e sob a mesma

    compulso inflexvel, tanto a sensibilidade como a vontade, com suascapacidades transcendentes, exigem uma causa digna. E, finalmente, aconscincia como tambm a crena inerente, em Deus no podem serexplicadas em nenhuma outra base que no seja que o homem veio deAlgum que possua todos estes atributos em um grau infinito. Uma foracega, por mais excepcional que fosse, jamais poderia produzir um homemcom intelecto, sensibilidade, vontade, conscincia e crena inerente em umCriador. O produto de uma fora cega jamais se aplicaria na busca da arte eda cincia, e na adorao a Deus.

    De acordo com a teoria da evoluo do desenvolvimento natural, a criatura o efeito de uma causa natural e foi moldada e formada de acordo com asforas sobre as quais no tinha controle; mas, subitamente, este efeito se

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    levanta e exerce autori-dade e poder sobre a prpria natureza quesupostamente a produziu, e coloca todos os recursos naturais ao servio deseu propsito e sua vontade. No seria pertinente perguntar quando ohomem se tornou o senhor da criao que supostamente o criou? "Seriapossvel conceber", pergunta Janet:

    Que o agente assim dotado de poder de coordenar a natureza para osfins seja ele mesmo um simples resultado que a natureza realizou, semse propor a um fim? No uma espcie de milagre admitir na sriemecnica dos fenmenos um elo que subitamente tivesse o poder dereverter, de alguma forma, a ordem das sries, e que, sendo ele mesmoapenas o resultado conseqente de um nmero infinito de antecedentes,impuzesse a partir da sobre as sries esta nova e imprevista lei, que fazda conseqente a lei e a regra da antecedente?" (Final Causes, p. 149,150, citadas por Miley,Systematic Theology, I, p. 103.)

    Escrevendo sobre os aspectos morais do argumento antropolgico, o Dr.Augustus H. Strong declara:

    O argumento complexo e pode ser dividido em trs partes. 1. Anatureza intelectual e moral do homem deve ter como autor um Serintelectual e moral. Os elementos da prova so os seguintes: a) Ohomem, como um ser intelectual e moral, iniciou a sua vida sobre oplaneta. b) Foras materiais e inconscientes no fornecem uma causasuficiente para a razo, a conscincia e a vontade livre do homem. c) Ohomem, como um efeito, s pode ser atribudo a uma causa possuindoautoconscincia e uma natureza moral, em outras palavras,personalidade [...] 2. A natureza moral do homem prova a existncia deum Legislador e Juiz santo. Os elementos da prova so: a) Aconscincia reconhece a existncia de uma lei moral que tem autoridadesuprema. b) Violaes conhecidas desta lei moral so seguidas porsentimentos de demrito e temores de julgamento. c) Esta lei moral,considerando que no auto-imposta, e estas ameaas de julgamento,

    considerando que no so auto-executantes, provam respectivamente aexistncia de uma vontade santa que imps a lei, e de um poder punitivoque executar as ameaas de natureza moral [...] 3. A naturezaemocional e voluntria do homem prova a existncia de um Ser quepode fornecer em si mesmo um objeto de satisfao do afeto humano eum fim que convocar as atividades mais nobres do homem e garantiro seu mais nobre progresso. Apenas um Ser de poder, de sabedoria, desantidade e de bondade, e tudo isso infinitamente maior do que qualquercoisa que conhecemos sobre a terra, pode atender a esta procura daalma humana. Tal Ser tem de existir. Caso contrrio a maior

    necessidade humana ficaria insatisfeita, e a crena em uma mentiraseria mais produtora de virtude do que a crena na verdade. (SystematicTheology, p. 45,46).

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    2.4 Os Nomes Bblicos de Deus

    O nome uma das mais fortes evidncias da personalidade de um ser. Osnomes bblicos de pessoas e lugares so geralmente significativos, e isto no diferente para com os nomes de Deus. O dicionrio de Webster definenome como aquilo pelo qual a pessoa ou coisa conhecida. Os hebreusconsideravam os nomes como uma revelao, encerrando algum atributo oucaracterstica da pessoa nomeada. Por exemplo, o nome Ado significa daterra ou tirado da terra vermelha; o seu nome revela a sua origem. AsEscrituras contm vrios nomes para Deus, pois nem um s nome nem umamultiplicidade de nomes podem revelar todos os seus atributos.

    Os muitos nomes de Deus nas Escrituras apresentam uma revelaoadicional de seu carter. No so meros ttulos dados pelas pessoas, mas,em sua maioria, descries que ele fez de si mesmo. Sendo assim, revelamaspectos de seu carter. Mesmo quando nenhum nome em particular usado, a ocorrncia da frase "o nome do Senhor" revela algo a respeito deseu carter. Invocar o nome do Senhor era o mesmo que ador-Io (Gn21.33). Usar seu nome em vo era desonr-Io (x 20.7). No seguir osrequerimentos da Lei equivalia a profanar o nome do Senhor (Lv 22.2-32). Ossacerdotes realizavam seu servio em nome do Senhor (Dt 21.5). Seu nomeera a garantia da continuidade da nao (1Sm 12.22).

    2.4.1 Jeov (YHWH - Yahweh)

    Jeov o nome para o Senhor Deus que ocorre com mais freqncia no AT(5.321 vezes). A forma hebraica verdadeira da palavra era YHWH (o alfabetohebraico no possui vogais). No sabemos realmente como os hebreuspronunciavam o nome (provavelmente Yahweh (Iav), a transliterao gregade iaoue). Em vista dos Mandamentos proibirem que tomassem o nome doSenhor em vo, os hebreus temiam pronunciar o nome de Yahweh,substituindo-o na leitura pela palavra Adonai.

    Jeov um dos nomes mais importantes pelos quais Deus tem feitoconhecer no seu relacionamento com o homem. Foi por esse nome e suasvrias combinaes que Ele se revelou ao homem nos dias do AntigoTestamento. Tudo o que significa para ns o nome de Jesus, significa Jeovpara o antigo Israel. Jeov Deus em relao a aliana com aqueles que por

    Ele foram criados. Jeov, pois, significa o Ser nico e imutvel, que , e queh de vir. o Deus de Israel e o Deus daqueles que so remidos; pelo queagora em Cristo podemos dizer: Jeov o nosso Deus.

    Os eruditos diferem sobre a etimologia do nome Jeov (YHWH), mas ele

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    seguramente procede de uma forma do verbo ser. Isto parece claro nadeclarao de Deus a Moiss: que EU SOU o enviara. EU SOU O QUESOU parece ampliar o nome, de modo que poderia significar o que existeeternamente. Jesus identificou-se com o nome quando disse aos judeus:Antes que Abrao existisse, EU SOU (Jo 8.58). Poderia significar: Eu souo caminho, e a verdade e a vida (Jo 14.6). Eu sou a luz (Jo 8.12); Eu sou opo da vida (Jo 6.35); Eu Sou a ressurreio e a vida (Jo 11.25). Umaforma abreviada de Jeov, Jah, encontrada 48 vezes no Antigo Testamento(primeiro em x 15.2). Ela tem o mesmo significado que Jeov, e ocorre emsua maior parte nos Salmos, sendo sempre usada em um texto de louvor: ...exaltai ao que cavalga sobre as nuvens, Senhor (JAH) o seu nome... (Sl68.4).

    2.4.1.1 As Combinaes do nome Jeov (Yahweh)

    O nome Jeov combinado com outras palavras, forma os compostos(hebraicos) deste nome santo, como se segue:

    a) Jeov-Tsebaoth. O Senhor dos exrcitos (1Sm 1.3). Aparecefreqentemente na literatura proftica e ps-exlio (Is 1.9; 6.3; Sl84.1, etc.). Alguns acham que o termo se refere presena de

    Deus junto aos exrcitos de Israel nos tempos da monarquia, masum significado mais provvel o da presena de Deus junto shostes dos cus, os anjos.

    b) Yahweh Jireh. O Senhor prover (Gn 22.13,14). Aps o Anjo doSenhor ter mostrado um cordeiro que deveria ser usado comosubstituto para Isaque, Abrao chamou aquele lugar de o SenhorProver.

    c) Yahweh Nissi. O Senhor a nossa bandeira (x 17.8-15). Apsderrotar os amalequitas, Moiss edificou um altar e o chamou deYahweh Nissi.

    d) Yahweh Shalom, "o SENHOR Paz" (Jz 6.24).

    e) Jeov-Rapha. O Senhor que sara (x 15.26).

    f) Jeov-Shalom. O Senhor nossa paz (Jz 6.24).

    g) Jeov-Raah. O Senhor o meu pastor (Sl 23.1).

    h) Jeov-Tsidkenu. O Senhor justia nossa (Jr 23.6).

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    i) Jeov-Shammah. O Senhor est presente (Ez 48.35).

    j) Jeov-Elion. Senhor Altssimo (Sl 97.9).k) Jeov-Mikadiskim. O Senhor que vos santifica (x 31.13).

    Para ser mais especfico: esses nomes compostos no so apenas outrosnomes para Deus, mas sim designaes ou ttulos que, muitas vezes,surgiam de eventos comemorativos. Contudo, de fato revelam aspectosadicionais do carter divino.

    2.4.2 ElohimO termo elohim usado, no sentido geral de divindade, aproximadamen-te2.570 vezes no Antigo Testamento. Cerca de 2.310 vezes esse o nomeempregado em referncia ao Deus verdadeiro. A primeira ocorrncia aparecej no primeiro versculo da Bblia. usado em relao a falsos deuses emGnesis 35.2-4; xodo 12.12; 18.11; 23.24.

    O significado de elohim depende de sua origem. Alguns entendem que uma

    variao da raiz que significa "medo" e indica que a divindade deve sertemida, reverenciada ou adorada. Outros o identificam com a raiz da palavraque significa "forte", indicando uma divindade de grande poder. Mesmo queno seja conclusiva, a evidncia parece apontar para uma derivaoposterior, significando, no caso do Deus verdadeiro, que ele o forte, o lderpoderoso, a divindade suprema.

    Forma plural. Elohim, uma forma plural, peculiar ao Antigo Testamento eno existe em outra lngua semtica. Em geral, existem trs pontos de vista

    sobre o significado desse plural.

    um plural politesta, ou seja, a palavra originalmente tinha sentido politestae somente mais tarde adquiriu sentido singular. No entanto, o monotesmo doAntigo Testamento foi revelado, no era um desenvolvimento do politesmo.

    um plural trinitariano. Ou seja, a Deidade trina percebida, ou ao menosentendida, no uso dessa forma plural. O plural pode permitir uma revelaosubseqente da Trindade.

    um plural majesttico. O fato de o substantivo ser usado constantementecom formas singulares do verbo e com adjetivos e pronomes no singularconfirma isso. Esse plural de majestade demonstra a grandeza e asupremacia ilimitada de Deus.

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    2.4.2.1 Implicaes desse nome

    Se esse nome de Deus significa "o forte" e ocorre no plural majesttico,poderamos esperar que fosse usado em relao sua grandeza e atospoderosos.

    Em relao sua soberania. Elohim usado para descrever o Senhor como"o Deus de toda a terra" (Is 54.5), "o Deus de todos os viventes" (Jr 32.27), "oDeus dos cus" (Ne 2.4) e "o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores" (Dt10.17).

    Em relao sua criao. Ele o Elohim que criou todas as coisas (Gn 1.1;Is 45.18; Jn 1.9).

    Em relao aos seus juzos(SI 50.6; 58.11).

    Em relao s suas obras poderosas em favor de Israel (Dt 5.23; 8.15; SI68.7).

    2.4.2.2 Nomes compostos

    a) El, com seus derivados Elim, Elohim e Eloah, um dos nomesmais amplamente usados para a Divindade nos tempos do AntigoTestamento.

    b) El Shaddai. Apesar de a origem dessa palavra ser incerta, a idiamais aceita a que associa shaddai a uma palavra acadiana quesignifica "montanha". Logo, esse nome de Deus o caracterizacomo o Todo-Poderoso assentado sobre uma montanha. Esse

    o nome pelo qual Deus apresentou-se aos patriarcas paraconfort-Ios e confirmar sua aliana com Abrao (Gn 17.1; 28.3;35.11; x 6.3; veja tambm SI 91.1,2). Esse nome tambm usado muitas vezes em relao punio do povo de Deus (Rt1.20,21).

    c) El Elyon. Esse nome, "o Deus Altssimo", enfatiza a fora, asoberania e a supremacia de Deus. Foi usado pela primeira vezpor Melquisedeque, quando abenoou Abrao (Gn 14.19), ainda

    que lsaas 14.14 registre a tentativa de Satans de usurpar asupremacia de Deus, esse teria sido seu uso primrio. Aps asprimeiras ocorrncias, seu uso s visto por volta do ano 1000a.C., quando novamente utilizado durante o exlio e na literaturapotica (SI 9.2; Dn 7.18,22,25,27).

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    d) El Olam. Esse nome significa "o Deus Eterno", derivado de umaforma que, no original, significa "o Deus da eternidade" (Gn

    21.33). Ele enfatiza a imutabilidade de Deus (SI 100.5; 103.17) eest ligado sua fora inesgotvel (Is 40.28).

    e) El Roi, "o Deus que v" (Gn 16.13). Agar deu esse nome a Deusquando o Senhor falou com ela antes do nascimento de Ismael.

    f) O significado de El-Shaddai o Todo-Poderoso e tambm Aqueleque satisfaz.

    g) Os nomes Shaddai e El-Shaddai se transformam em Pantokratore Theos Pantokrator em o Novo Testamento.

    2.4.3 Adonai

    Assim como Elohim, Adonai um plural majesttico. Sua forma singularsignifica Senhor, mestre, proprietrio (Gn 19.2; 40.1; 1Sm 1.15). Ele usado,como poderia ser esperado, no relacionamento entre Deus e os homens(como mestre e escravo, x 21.1-6). Quando empregado para tratar do

    relacionamento de Deus com o homem, traz a idia de sua autoridadeabsoluta. Josu reconheceu a autoridade do prncipe do exrcito do Senhor(Js 5.14), e Isaas submeteu-se autoridade do Senhor, seu Mestre (Is 6.8-11). O equivalente no Novo Testamento kyrios, "Senhor".

    2.4.4 Theos (Deus)

    Theos a designao mais freqente para Deus no Novo Testamento e atraduo mais comum de Elohim na Septuaginta (verso do Antigo

    Testamento para o grego). Quase sempre se refere ao nico Deusverdadeiro, embora s vezes seja usado pelos pagos para referir-se aosdeuses do paganismo ou pelos cristos repudiando esses falsos deuses (At12.22; 14.11; 17.23; 19.26,27; 1Co 8.5; 2Ts 2.4). Tambm se refere ao diabo(2Co 4.4) e sensualidade (Fp 3.19). E, o mais importante, Jesus Cristo chamado de Theos (ainda que algumas passagens sejam questionadas).Observe Romanos 9.5; Joo 1.1,18; 20.28 e Tito 2.13.

    Os usos dessa palavra revelam muitas verdades importantes a respeito do

    Deus verdadeiro.

    a) Ele o nico Deus verdadeiro (Mt 23.9; Rm 3.30; 1Co 8.4-6; Gl3.20; 1Tm 25; Tg 2.19). Essa verdade fundamental do judasmo,a unidade de Deus, foi confirmada por Cristo e pela Igreja

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    primitiva.b) Ele inigualvel.Ele o nico Deus (1Tm 1.17), o nico Deus

    verdadeiro (Jo 17.3), o nico santo (Ap 15.4) e o nico sbio (Rm16.27). Por esse motivo, os cristos no podem ter outros deusesalm do Deus verdadeiro (Mt 6.24).

    c) Ele transcendente. Deus o Criador, Sustentador e Senhor douniverso e o que estabeleceu todas as coisas (At 17.24; Hb 3:4;Ap 10:6).

    d) Ele o Salvador(1Tm 1.1; 2.3; 4.10; Tt 1.3; 2.13; 3.4). Ele enviouseu Filho para ser o Redentor (3.16) e o entregou morte porns (Rm 8.32).

    2.4.4.1 Cristo como Deus

    Cristo, o Filho de Deus, chamado de Deus em vrias passagens do NovoTestamento.

    a) Em Joo. O ensinamento joanino inclui as seguintes passagens:Joo 1.1,18, em que alguns manuscritos registram "o Deus

    unignito", e essa interpretao incomum pode ser usada comobase para aceitarmos sua autenticidade; Joo 20.28, em queTom usou kyrios e theos para falar de Jesus, e 1 Joo 5.20.

    b) Em Paulo. Tito 2.13 parece ser a designao mais clara de Cristocomo Deus nos escritos de Paulo, pois Romanos 9.5 questionado por alguns. Contudo, lingisticamente apropriado econtextualmente prefervel relacionar a frase "Deus bendito paratodo o sempre" com Cristo.

    2.4.5 Senhor (Kyrios)

    Das 717 ocorrncias de kyriosno Novo Testamento, a maioria acha-se nosescritos de Lucas (210) e de Paulo (275), pois eles escreveram para aspessoas de cultura e de lngua grega.

    Essa palavra enfatiza autoridade e supremacia. Pode significar senhor (Jo4.11), dono (Lc 19.33), mestre (Cl 3.22), ou pode se referir aos dolos (1Co

    8.5) ou maridos (1Pe 3.6). Quando usado para falar de Deus como kyrios,"expressa especialmente a sua condio de Criador, seu poder revelado nahistria e seu domnio justo sobre o universo..."

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    2.4.5.1 Cristo como Kyrios

    Durante sua vida na Terra, Jesus foi chamado de kyrios, significando "rabi"ou "Senhor" (pronome de tratamento) (Mt 8.6). Tom atribuiu a ele adivindade absoluta quando declarou "Senhor meu e Deus meu" (Jo 20.28). Aressurreio de Cristo e sua exaltao o colocam como Senhor do universo(At 2.36; Fp 2.11). Mas "para um cristo da Igreja primitiva, acostumado a lero Antigo Testamento, quando usada para se referir a Jesus, a palavra'Senhor' sugeria sua identificao com o Deus do Antigo Testamento". Emrelao a um versculo como Romanos 10.9, isso significa que "qualquerjudeu que confessasse publicamente que Jesus de Nazar era 'Senhor', seria

    entendido como algum que atribua a ele a natureza e os