Upload
others
View
4
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
1
Tema – Introdução à Gestão por Processos
Projeto Pós-graduação
Curso MBA em Administração e Qualidade
Disciplina Gestão por Processos e a Integração Estratégica
Tema Introdução à Gestão por Processos
Professor Elton Ivan Schneider
Introdução
Não é novidade para ninguém que existe uma constante evolução da
tecnologia da informação e comunicação, e que, por isso, cada vez mais os
processos organizacionais estão sendo integrados, automatizados e
interligados, até mesmo realizados de forma interorganizacional.
Portanto, neste tema, estudaremos o conceito da gestão por processos,
a visão tradicional versus a visão por processos, as etapas da gestão de
processos de negócios e a prática da gestão por processos.
No material digital, você encontrará o vídeo de introdução com o professor
Elton, não perca.
Problematização
A empresa Imita Tudo Ltda importa produtos dos mercados asiáticos para
colocar no mercado brasileiro e enfrenta problemas com a qualidade dos
produtos ofertados. Dessa maneira, a empresa resolveu mudar sua estratégia
de negócios de produtos importados de baixo custo para produtos inovadores,
criados em seu departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
No entanto, essa decisão está trazendo alguns problemas à empresa,
pois junto com a mudança estratégica do negócio decidiu-se também orientar a
empresa por processos. Assim, se os desafios já eram grandes com a ideia de
desenvolver produtos, mudar a forma de gestão e funcionamento do negócio
trouxe outros desafios ainda maiores.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
2
Para sair dessa enrascada, a empresa resolveu contratar um profissional
especializado na Gestão de Processos de Negócios (BPM), e você é essa
pessoa, sendo seu primeiro desafio mapear e estabelecer o novo Processo de
Desenvolvimento de Novos Produtos (P&D) da Imita Tudo Ltda. Assumindo essa
nova função, quais seriam seus primeiros passos?
Espere, não responda agora, primeiro faça a leitura do material para
entender o conteúdo e poder solucionar o problema com maior segurança.
Conceituando a gestão por processos
As organizações nas quais trabalhamos são formadas por processos, o
que independe de nosso posicionamento hierárquico. Assim, um processo pode
ser considerado o resultado da articulação eficaz de pessoas, instalações,
equipamentos, sistemas e outros recursos, ou melhor, é uma sequência lógica
de atividades inter-relacionadas que, com pessoas, sistemas e recursos, geram
resultados reais ao negócio e adicionam valor a cada etapa.
A introdução do conceito de gestão por processos remete toda a
organização a uma quebra de paradigmas organizacionais, como eliminação das
fronteira funcionais e organizacionais, rompimento da visão linear de
organização, rompimento das fronteira hierárquicas, rompimento com a visão de
organização como um sistema fechado/mecânico, rompimento das fronteiras da
cadeia de suprimentos e abertura das portas para uma visão de sistema aberto
e complexo para a organização.
Eliminação das fronteiras funcionais e organizacionais
As portas de departamentos e setores precisam estar abertas ao novo,
entender o seu processo (posterior e anterior), pois são aprendizados novos
necessários à integração desejada. Além disso, existem questões relacionadas
à integração de dados, informações, conhecimentos e competências a serem
compartilhadas, e o desafio é este: compartilhar.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
3
Rompimento da visão linear de organização
Devido aos conceitos de especialização e divisão de tarefas propostos
pela administração científica (Taylor, Fayol e Ford), a melhoria dos processos
organizacionais sempre foi feita do ponto de vista do setor ou departamento, ou
melhor, do ponto de vista de atividades e tarefas, na especialização do
trabalhador, ao menor espaço de trabalho possível.
Sempre se deu importância à sequência linear de atividades que deveriam
ser desenvolvidas e, nesse ponto, é que reside o sucesso da linha de montagem,
porém, existem outros processos/atividades/fatores que podem interferir no
desempenho da linha, como a qualidade do material, os erros de informações
provenientes da programação de produção, os erros de fornecimento de
materiais internos e externos, os atrasos de entrega e a mudança na prioridade
de entrega de produtos e serviços aos clientes.
Rompimento das fronteiras hierárquicas
Nenhuma pessoa ou departamento tem responsabilidade por todo um
processo organizacional, a gestão por processos foge das estruturas e
hierarquias, destinando-se a integrar e alinhar os processos de negócios à
estratégia organizacional, aos objetivos estratégicos, aos objetivos e às
necessidades dos clientes.
Rompimento com a visão de organização como um sistema
fechado/mecânico
As primeiras tentativas de ver a organização como um sistema integrado
esbarraram na questão do rompimento das fronteiras organizacionais; a
integração entre marketing, produção, RH, finanças e materiais permitem uma
melhoria nos processos organizacionais, mas é pouco para um bom
desempenho da organização frente ao mundo complexo e globalizado em que
vivemos.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
4
Rompimento das fronteiras da cadeia de suprimentos
A integração não acontece apenas internamente, pois avança também
para a cadeia de suprimentos, envolvendo extratores de matérias-primas,
processadores, transformadores, montadores, instaladores, até a entrega do
produto ao cliente e/ou consumidor final.
Atenção: cada uma das etapas apresentadas pode ser realizada por
empresa ou organização diferente.
Abertura das portas para uma visão de sistema aberto e complexo para a
organização
É importante salientar que a visão por processos não elimina ou discrimina
outras formas de pensamento. Enquanto atividades e tarefas precisam ser
executadas, pensadas e melhoradas, o pensamento linear e a divisão de
atribuições ainda são a melhor alternativa a ser utilizada.
Ao passarmos para a uma visão mais ampla do negócio, do ponto de vista
da integração dos processos internamente, a visão sistêmica – ainda que do
ponto de vista de um sistema fechado, propondo a integração de processos e
objetivos entre setores – passa a ser a visão dominante.
Importante: quando rompemos as barreiras organizacionais e pensamos
na integração de processos ao longo da cadeia de suprimentos, vemos que a
complexidade do processo aumenta.
Se integrar processos internamente já é um grande desafio, imagine
agora que várias organizações diferentes unificarão seus processos, sem perder
de vista a pressão exercida pela concorrência, por potenciais entrantes, de
produtos substitutos e das forças ambientais do macroambiente organizacional
(política, ambiente, sociedade, tecnologia e economia).
É, realmente estamos falando de um processo complexo de gestão, e
para entender melhor o que estudou até aqui, vá ao material on-line para assistir
ao vídeo do professor Elton.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
5
Visão tradicional versus visão por processos
Você sabia que o início de qualquer processo de melhoria no
funcionamento de uma organização passa pela liderança da alta gerência
corporativa?
Em todo processo de modificação está presente a resistência à mudança,
à cultura e aos valores organizacionais. O medo de que cargos e
responsabilidades sejam extintos ou compartilhados, a perda de empregos, a
eliminação de processos e atividades sempre provocam reações das mais
diversas.
Os processos organizacionais são cada vez mais intelectuais, e os
produtos e serviços são ricos em valores intangíveis. Dessa forma, quanto mais
uma organização melhora seus processos por meio do Business Process
Management (BPM), mais a qualidade de seus produtos e serviços é afetada
positivamente, pois à medida que a empresa compreende melhor seus
processos, descreve-os, melhora-os, seleciona e implanta as modificações, a
aprendizagem inerente ao processo está acontecendo, os processos intelectuais
e a integração entre indivíduos é valorizada, setores e sistemas integram-se de
forma palpável.
De Toro e McCabe (1997) sugerem que, usando o BPM, a empresa
passa a ser vista como uma série de processos funcionais interligados em toda
a organização, sendo o primeiro passo da metodologia entender onde o
processo começa e termina. Todo o processo de direcionamento estratégico, ou
seja, políticas e diretrizes, é definido a partir do topo, mas a autoridade para
analisar, questionar e mudar os métodos de trabalho deve ser delegada às
equipes de trabalho interfuncionais, aos grupos que executam as atividades e os
processos diariamente.
Observação: é preciso romper com as barreiras hierárquicas e os níveis
organizacionais, eliminando as ilhas de conhecimento, informação e poder.
O conceito de melhoria de processos ou Business Process Improvement
(BPI), surgido na mesma época da reengenharia de processos, tem como
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
6
objetivo provocar mudanças na forma como os processos são planejados,
executados, medidos, avaliados e melhorados. O BPI e a reengenharia de
processos convergiram para a Gestão de Processos de Negócios (BPM),
consolidando-se como uma forma de gestão alternativa.
Ao explicar o BPM, Zairi (1997) diz que este “está preocupado com os
principais aspectos das operações de negócios onde há alta alavancagem e uma
grande proporção do valor adicionado”. Sendo assim, o BPM:
Tem atividades principais que devem ser devidamente mapeadas e
documentadas, gerando um inventário de processos da organização;
Cria um foco em clientes por meio de ligações horizontais entre
atividades-chave, rompendo-se as barreiras departamentais e
hierárquicas;
Conta com sistemas e procedimentos documentados para assegurar a
disciplina, a consistência e a repetibilidade de desempenho de qualidade,
característica comum aos programas de gerenciamento da qualidade;
Conta com atividades de medição para avaliar o desempenho de cada
processo individual, metas e níveis de saída de entrega que podem
cumprir objetivos corporativos. A máxima utilizada “é a de que o que não
pode ser medido não pode ser gerenciado”;
Tem que ser baseado em uma abordagem para a otimização contínua por
meio de resolução de problemas, com a coleta dos benefícios adicionais,
devendo ser aplicado o ciclo PDCA de melhorias contínuas dos processos
e indicadores de medição;
Tem que ser inspirado nas boas práticas de gestão, sendo o
benchmarking uma ferramenta de muito valor para garantir que a
competitividade superior seja alcançada;
É uma abordagem para a mudança de cultura e não simplesmente de
resultado por ter bons sistemas e da estrutura no lugar certo, portanto, é
natural que existam resistências ao processo.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
7
Em geral, organizações estruturadas por função apresentam dificuldades
para ver os vários processos que são desenvolvidos para atender às
necessidades dos clientes, gerando uma “miopia” organizacional e um
entendimento particionado da organização.
Bom, a empresa é vista como um organograma, uma estratégia, um
procedimento ou um item de controle, não sendo abordados os processos e suas
interfaces organizacionais e interorganizacionais, as entradas e saídas com seus
requisitos de qualidade e funcionalidade, as etapas do processo e seus
relacionamentos (onde começam e onde terminam).
Os processos de negócios necessitam de uma visão sistêmica, na qual o
todo e as partes são vistos como um único processo, uma vez que não é possível
enxergar o todo sem entender de suas partes, e vendo somente as partes
também não é possível enxergar o todo.
Uma mudança de paradigma faz-se necessária; se as estruturas dentro
das quais trabalhamos forem vistas de forma sistemática e integrada, acabamos
dominando a habilidade de trabalhar com elas e mudá-las. É preciso definir um
caminho, pois quando existe um desequilíbrio em processos que são
desorganizados, não documentados, não melhorados e/ou não simplificados, o
custo, as atividades repetidas, os produtos de baixa qualidade manifestam-se na
organização.
Você também deve saber que quando as pessoas não sabem o que
precisam fazer, como fazer, qual a importância do seu trabalho dentro do
processo e não se engajam, novamente o custo, as atividades repetidas, os
produtos de baixa qualidade aparecem na organização, o que ainda acontece se
a tecnologia utilizada pela empresa for adquirida por modismos, sem maturidade
e/ou ultrapassada.
A gestão de processos é uma responsabilidade-chave transmitida aos
empregados de uma organização e que tem como atividades principais:
identificar e documentar seus processos-chave, medir e melhorar o processo.
Para Armistead et al. (1997), o BPM é tanto um conjunto de ferramentas e
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
8
técnicas para melhorar os processos quanto um método para integrar toda a
organização, o qual precisa ser entendido por todos os funcionários.
A partir da análise dos documentos e processos internos da organização,
existem alguns fatores que devem ser analisados para o sucesso do BPM. Você
sabe dizer pelo menos um deles? Na tabela a seguir, veja quais são e se você
acertou.
Quer saber mais sobre as diferenças entre a visão tradicional e a visão
por processos? Então não perca mais tempo e acompanhe o vídeo do professor
Elton que se encontra no material digital.
Etapas da gestão de processos de negócios
Segundo Smith e Fingar (2003), as organizações estão vivendo hoje a
terceira onda de BPM em seus negócios; os métodos e as técnicas de estudo do
trabalho humano, realizados por Taylor, Fayol e outros, representam a primeira
onda de estudos sobre o assunto; e na segunda onda temos a implantação dos
primeiros sistemas informatizados de gestão: o MRP, MRP II e os primeiros ERP,
ainda que um tanto fechados e mecânicos.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
9
A etapa atual de estudos envolve uma nova sistemática de trabalho que
exige novas habilidades, novas atitudes, novos conhecimentos, maior autonomia
e responsabilidade compartilhada, objetivando-se a flexibilidade, a adaptação e
a mobilidade dos processos organizacionais.
Importante: o foco do BPM é a mudança organizacional adaptativa e a
pronta resposta ao cliente e ao mercado.
Para conseguir uma mudança organizacional adaptativa, o BPM utiliza-se
de uma convergência de disciplinas, e podemos afirmar que ela é interdisciplinar
porque se utiliza dos conceitos de planejamento estratégico; trabalha com as
ferramentas de gestão da qualidade total; baseia-se na tecnologia da informação
como suporte e meio de integração de ações; integra-se com os conceitos de
Seis Sigma e Lean Manufacturing; a gestão de processos integra-se à gestão de
projetos do PMI e PMBOK. Isso tudo acontece em total sintonia com a gestão do
conhecimento organizacional.
A descentralização do processo decisório tem como objetivo estimular a
cooperação e a comunicação direta entre os setores e departamentos
organizacionais. A promoção do trabalho em equipe ocorre por meio da
avaliação constante dos resultados pelos resultados da equipe (fim do
individualismo).
Sendo assim, a primeira mudança que percebemos no processo envolve
o entendimento de que os processos de negócios serão vistos pela ótica do
cliente, as necessidades dos clientes são a base para a tomada de decisão e a
visualização dos problemas será feita de fora para dentro, quebrando o
paradigma da visão por função, ou seja, passando para uma visão do todo
organizacional.
Uma vez explicada a importância dos recursos para o BPM, convém
analisarmos as etapas da gestão de processos de negócios, que são: a
estratégia, o mapeamento e diagnóstico, a simulação e o redesenho, a
implementação de processos, o controle e monitoramento.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
10
Estratégia
Durante a elaboração da estratégia organizacional e a partir da cadeia de
valor do negócio, a organização identifica seus principais processos,
vinculando-os aos recursos que serão empregados para a sua realização. No
caso da estratégia, os principais recursos utilizados envolvem:
As políticas e regras;
A definição da estrutura organizacional;
As responsabilidades.
Mapeamento e diagnóstico
Nesta etapa, serão levantados, identificados e definidos os processos
organizacionais, suas regras, finalidades e forma de execução, a interface
organizacional do processo, a tecnologia necessária, os indicadores de gestão,
a forma de controle e as competências necessárias a sua execução.
Simulação e redesenho
A simulação de um processo permite verificar as entradas e saídas, quem
são os clientes e os fornecedores (internos e externos), como o processo é
medido, e quais são seus principais desafios durante a execução, identificação
de oportunidades de melhoria e pontos de discussão para reformulação do
processo.
As regras e premissas de um processo devem ser revisadas e ajustadas
de acordo com as necessidades organizacionais, ou de acordo com as
necessidades dos clientes. A simulação e o redesenho de um processo devem
gerar como resultados:
O estabelecimento das metas ou a sua revisão;
O planejamento das necessidades de treinamento;
Os possíveis riscos;
A necessidade de melhorias em softwares ou sistemas;
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
11
O planejamento da implantação em termos de cronograma de atividades
e datas;
Por onde o processo deve começar.
Implementação de processos
Aqui, três perguntas devem ser respondidas:
Como garantir a execução do plano?
O que fazer quando estivermos fora do planejado?
Como fazer para não fugirmos novamente do plano?
A primeira pergunta é respondida com o fornecimento dos recursos
necessários à execução do processo, o treinamento de mão de obra, máquinas
em condições de uso, sistemas de apoio em funcionamento. Já a segunda é
respondida com um sistema de medição e acompanhamento de resultados, ou
pelo “controle da ação tomada”, em outras palavras, é respondida pela ação de
correção dos desvios verificados e, principalmente, pela prevenção de novas
falhas no processo. E a terceira pergunta é respondida com prevenção,
acompanhamento e melhorias contínuas do processo.
Controle e monitoramento
A frequência com que os processos serão mensurados e acompanhados
depende de suas características. Em alguns casos, o monitoramento deve ser
feito com frequência horária, em outros, diariamente, podendo ser também
semanais ou quinzenais, não há um limite de tempo para a checagem. O segredo
de uma boa medição está na correta escolha da unidade de medida, ou seja, na
unidade de grandeza que será utilizada para medir o processo.
Definir a frequência de medição de um processo, com a sua unidade de
medida, remete-nos às responsabilidades pela tomada de decisão em casos de
desvios.
Desde o início deste capítulo, o foco da discussão a respeito da gestão de
processos de negócios envolve a gestão de mudanças, tanto comportamentais
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
12
quanto processuais. Algumas diretrizes são importantes para o sucesso do
processo de mudança e isso envolve a convicção de que estamos no caminho
certo e que os riscos de erros e acertos são comuns a qualquer processo de
mudança.
Portanto, é essencial reduzir os riscos desde o início, concentrar-se nas
áreas e/ou processos com maior número de problemas e não descartar a opção
por áreas nas quais os resultados são mais rápidos e visíveis.
A introdução do BPM apresenta algumas resistências para as quais a
organização deve estar preparada. Por exemplo, ao iniciar o processo de
implantação é importante que se verifique o histórico de resistências à
implantação de novas tecnologias e/ou formas de trabalho e a velocidade com
que a mudança nos processos precisa ser implementada, determinando, assim,
o estilo de chefia a ser utilizado na condução do processo de mudança.
Outro fato a ser verificado diz respeito a perenidade da mudança, muitas
vezes, as organizações optam por tecnologias e processos “da moda”, sem
verificar a sua real necessidade.
É importante que você saiba que quanto maior a empresa, maior a
complexidade de gestão de processos integrados, e que ao aumentar a
importância dessa mesma integração, aumentam-se os riscos e a necessidade
de trabalho em equipe.
Para Davenport (1994), uma organização adota a gestão por processos
quando:
Desenvolve uma visão das atividades como processos – a ênfase é
dada dependendo de como o trabalho é organizado e executado, o que
inova o processo, determinando o sucesso ou o fracasso da iniciativa;
Desenvolve uma visão sistêmica do trabalho – cada indivíduo que
trabalha na organização deve ter uma visão clara do que é feito, por que
é feito, como é feito, por quem é feito. Assim, as palavras de ordem são
flexibilidade, aprendizagem e competências;
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
13
Delega às equipes a responsabilidade pelo processo – as equipes
multifuncionais, realizando trabalhos orientados a processos, alcançam
resultados com maior eficiência, dando ênfase ao trabalho em equipe e
não à ação de gerentes de linha;
Avaliação com base na gestão do desempenho – a remuneração nas
organizações orientadas a processos dá prioridade às competências, ao
trabalho em equipe e aos resultados do grupo, e não do indivíduo;
Lideranças e não chefes de linha – a base da gestão por processos é
fornecer aos líderes de equipes as competências necessárias à gestão
dos times, sendo a gestão de mudanças, a liderança, a motivação e as
competências temas para se abordar nas capacitações gerenciais;
Estrutura organizacional horizontalizada – a organização do trabalho
acontece em torno dos processos e das equipes que as executam. A
comunicação é facilitada; quem executa o processo tem o controle sobre
ele; a liderança aproxima-se dos clientes, criando uma visualização
dinâmica dos processos de negócios.
Vamos discutir mais acerca das etapas da gestão de processos de
negócios? Então vá ao material on-line e procure o vídeo do professor Elton que
fala a respeito desse assunto. Não deixe de conferir, pois é muito importante
para complementar seus estudos.
A prática da gestão por processos
A introdução de uma nova forma de trabalho na empresa requer
aprendizado. Em uma primeira etapa, o aprendizado requerido diz respeito aos
conceitos inerentes à nova prática de trabalho, uma unificação de linguagem,
assim, é importante que os seguintes conceitos sejam internalizados pela
organização:
Macroprocesso – conjunto de atividades por meio dos quais a
organização cumpre a sua missão, gerando valor ao cliente e ao mercado;
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
14
Processo – corresponde à sequência em que as atividades devem ser
desenvolvidas, englobando entradas, processos e saídas. Também pode
ser visto como a forma com que a organização gera valor ao cliente, e
cada processo tem início, meio e fim bem-determinados, em uma ordem
clara e lógica de ações interdependentes e interligadas que geram
resultados;
Subprocesso – como os processos ultrapassam as barreiras funcionais
da organização, grandes processos são subdivididos em intermediários.
O macroprocesso de desenvolvimento de produtos envolve vários
processos organizacionais como a pesquisa de mercado, o planejamento
de P&D e a negociação com os fornecedores. Dentro do processo de
planejamento de P&D, teremos subprocessos de planejamento e de
desenvolvimento de produtos;
Atividades – correspondem às ações que são executadas, dizem
respeito ao “o que deve ser feito”, e sua finalidade é dar suporte à
execução dos objetivos da organização;
Tarefas – correspondem “ao como deve ser feito”, em que sequência ou
ordem, ou seja, são as etapas necessárias para a realização de cada
atividade;
Eventos – dizem respeito ao sequenciamento temporal de execução das
tarefas ou atividades;
Sistema – conjunto de elementos inter-relacionados que se realimenta
com informações e ações, as quais podem ser corretivas, preventivas ou
proativas;
Gestão – conjunto de ações, formas ou métodos de gerenciamento
voltados à obtenção dos resultados organizacionais;
Qualidade – conjunto de características inerentes a um produto ou
serviço, que atende a requisitos preestabelecidos, em termos de forma,
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
15
desempenho, durabilidade, uso, confiabilidade e, principalmente, atende
às necessidades de um determinado grupo de clientes ou mercado;
Gestão da qualidade – conjunto de atividades coordenadas para
planejar, orientar, dirigir e controlar uma organização em relação à
qualidade;
Sistema de gestão – conjunto de pessoas, recursos, processos e
procedimentos que atua de forma integrada e organizada para certificar o
resultado de um trabalho com eficácia ou dentro do nível de tolerância;
Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) – conjunto de ações em prol da
condução dos processos de gestão da qualidade em uma organização;
Garantia da qualidade – conjunto de ações de uma organização para
garantir que seus processos sejam confiáveis e que os requisitos de
qualidade do produto ou serviço sejam atendidos;
Sistema Integrado de Gestão (SIG) – é o processo de gerenciamento
da qualidade e do meio ambiente integrado à gestão da saúde e
segurança dos trabalhadores, permitindo garantir sempre a melhoria
contínua dos processos, projetos, serviços, produtos etc.;
Sistema de Gestão Ambiental (SGA) – segundo a ISO 14000, o SGA é
definido como “a parte do Sistema de Gerenciamento Global que inclui a
estrutura organizacional, o planejamento de atividades,
responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para o
desenvolvimento, implementação, alcance, revisão e manutenção da
política ambiental”;
Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho (SGSST) – de
acordo com a Norma OHSAS 18001, o SGSST é “aquela parte do sistema
de gestão global que facilita o gerenciamento dos riscos de SST
associados aos negócios da organização. Isto inclui a estrutura
organizacional, as atividades de planejamento, as responsabilidades,
práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver,
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
16
implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política de SST da
organização”.
Um processo corresponde a uma série sistemática de ações direcionadas
a alcançar um objetivo, além de converter entradas em saídas, tendo como
entradas: informações, materiais, tecnologia e pessoas, que em uma sequência
de operações têm os seus estados alterados para saírem com diferentes
características, resultando em um produto ou serviço final.
Como característica, todo processo tem um objetivo, pode ser medido
qualitativa e quantitativamente com base em suas saídas, proporcionando o
atingimento dos objetivos. Um processo não é sinônimo de procedimento, que
são instruções para alguém seguir e realizar um trabalho; um procedimento é
utilizado quando se precisa realizar uma atividade complexa, que necessita de
consistência, e precisa ser realizado em uma sequência lógica de passos, ou
seja, ser feito sempre do mesmo jeito.
Após a identificação dos conceitos inerentes à gestão de processos,
faz-se importante a definição de uma metodologia de trabalho que permita a
formação de um Sistema Integrado de Gestão de Processos (SIGP), o qual
envolve as etapas que você verá na tabela a seguir.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
17
No material digital, você encontrará o vídeo do professor Elton com mais
explicações a respeito da prática da gestão por processos. Acompanhe!
Revendo a problematização
No início deste material, mostramos uma situação que ocorreu com a
empresa Imita Tudo Ltda, a qual resolveu contratar um profissional especializado
na Gestão de Processos de Negócios (BPM) para resolver o problema, e você é
essa pessoa, está lembrado? Agora é a hora de responder ao questionamento,
vamos lá!
Opção 1: Entenderia os conceitos da gestão por processos, pois um
processo deve responder a alguns questionamentos para a sua correta
identificação: qual é o objetivo a ser alcançado? Que ações são necessárias? O
que é preciso para realizar as ações? Como será feito?
Opção 2: Estabeleceria os macroprocessos, os processos principais, os
subprocessos, as atividades e as tarefas, modelando um jeito novo de fazer as
coisas.
Opção 3: Entenderia o funcionamento do negócio, os processos
existentes e os conceitos utilizados pela empresa; mapearia os processos,
identificando o modo atual de funcionamento, pontos falhos e possibilidades de
melhoria; modelaria e testaria a nova proposta de processos implantaria e
acompanharia.
Confira os feedbacks no material on-line.
Síntese
Neste tema, vimos que um bom gestor de processos precisa dominar os
conceitos sobre a gestão por processos. Além disso, estudamos também que
para se conseguir uma mudança organizacional adaptativa, a BPM utiliza-se de
uma convergência de disciplinas, ou seja, ela é interdisciplinar.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
18
Referências
ARMISTEAD, C.; MACHIN, S.; PRITCHARD, J. P. (Eds.). Approaches to
business process management. In: RIBERA, J.; Prats, J. Managing Service
Operations: Lessons from the Service and Manufacturing Sectors, papers
from the 4th International Conference of the European Operations Management
Association, IESE, Barcelona, Spain.
DE SORDI, J. O. Gestão por processos: uma abordagem da moderna
administração. São Paulo: Saraiva, 2005.
DE TORO, I.; MCCABE, T. How to stay flexible and elude fads. Quality
Progress, v. 30, n. 3, p. 55-60. 1997.
RIBEIRO NETO, J. B. M. Sistemas de Gestão Integrados: qualidade, meio
ambiente, responsabilidade social e segurança e saúde no trabalho. São Paulo:
Senac, 2008.
ZAIRI, M. Business process management: a boundaryless approach to modern
competitiveness, Business Process Management, v. 3, n. 1, p. 64-80. 1997.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
19
Atividades
Em suas atividades de mapeamento de processos, você foi apresentado
ao seguinte conceito: “em cada processo faz-se necessário o
estabelecimento de indicadores com suas respectivas unidades de
medida para o gerenciamento dos resultados esperados, bem como das
características gerais de funcionamento, uso e confiabilidade do produto
ou serviço”. Ele é indicativo de:
a. Necessidade de definição dos requisitos de qualidade do processo.
b. Necessidade de mapeamento de processos.
c. Necessidade de definições estratégicas.
d. Necessidade de definição de funções gerenciais para os processos.
A introdução de uma nova forma de trabalho na organização requer
aprendizado, principalmente de conceitos sobre a nova metodologia. Na
gestão por processos, marque a alternativa que conceitua corretamente
eventos.
a. Correspondem às ações que são executadas, dizem respeito ao “o que
deve ser feito”, e sua finalidade é dar suporte a execução dos objetivos
da organização.
b. Correspondem ao “como deve ser feito”, em que sequência ou ordem,
ou seja, são as etapas necessárias para a realização de cada atividade.
c. Correspondem ao sequenciamento temporal de execução das tarefas
ou atividades.
d. Conjunto de elementos inter-relacionados que se realimentam com
informações e ações, as quais podem ser corretivas, preventivas ou
proativas.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
20
Um processo é entendido como uma sequência lógica de atividades
inter-relacionadas que, com pessoas, sistemas e recursos, geram
resultados reais ao negócio e adicionam valor a cada etapa. A introdução
do conceito de gestão por processos remete toda a organização a uma
quebra de paradigmas organizacionais. Diante disso, analise as
afirmações e assinale a que não é um paradigma organizacional afetado
pela gestão por processos.
Eliminação das fronteiras funcionais e organizacionais.
Estabelecimento de uma visão linear de organização.
Rompimento das fronteiras hierárquicas.
Rompimento com a visão de organização como um sistema fechado.
Para Armistead et al. (1997), o BPM é tanto um conjunto de ferramentas
e técnicas para melhorar os processos como um método para integrar
toda a organização, e ele precisa ser entendido por todos os funcionários.
A primeira mudança a ser percebida no processo envolve o entendimento
de que os processos de negócios serão vistos pela ótica do cliente, as
necessidades dos clientes são a base para a tomada de decisão e a
visualização dos problemas será feita de fora para dentro, quebrando o
paradigma da visão por função e passando para uma visão do todo
organizacional. Uma vez explicada a importância dos recursos para o
BPM, convém analisar as etapas da gestão de processos de negócios
que envolvem:
Definir o processo, mapear o processo, mapear as atividades, definir os
requisitos de qualidade do processo, identificar o melhor sistema de
gestão da qualidade para o processo.
Macroprocesso, processo, subprocesso, atividades, tarefas, eventos.
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
21
Estratégia, mapeamento e diagnóstico, simulação e redesenho,
implementação de processos, controle e monitoramento.
Desenvolver uma visão das atividades como processos, desenvolver
uma visão sistêmica do trabalho, delegar às equipes a responsabilidade
pelo processo, avaliação com base na gestão do desempenho,
lideranças e não chefes de linha.
A introdução do BPM apresenta algumas resistências para as quais a
organização deve estar preparada. Ao iniciar o processo de implantação,
é importante que se verifique o histórico de resistências à implantação de
novas tecnologias e/ou formas de trabalho, qual a velocidade com que a
mudança nos processos precisa ser implementada, determinando o estilo
de chefia a ser utilizado na condução do processo de mudança.
Analisando por essa perspectiva, Davenport (1994) elencou algumas
características que são adotadas por uma organização que segue a
gestão por processos. Marque a opção falsa.
Desenvolve uma visão voltada para as atividades departamentais.
Desenvolve uma visão sistêmica do trabalho.
Delega às equipes a responsabilidade pelo processo.
Avaliação com base na gestão do desempenho.
Acesse o material digital para ver as respostas.