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1 Temática: Compromisso Ambiental e Desenvolvimento Sustentável EDUCAÇÃO, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA: ELEMENTOS ESTRATÉGICOS PARA O USO RACIONAL E DESTINO CORRETO DE MEDICAMENTOS Mariza Casagrande Cervi Universidade de Passo Fundo (UPF), RS, Brasil - [email protected]. Mariane Loch Sbegen UPF, RS, Brasil [email protected] Ana Carolina Bertoletti De Marchi - UPF, RS, Brasil [email protected] Rafael Rieder UPF, RS, Brasil [email protected] Genilda Conte Borges Colégio Gabriel Taborin, Marau. RS, Brasil [email protected] Franciele Grando Colégio Gabriel Taborin, Marau. RS, Brasil RESUMO O projeto de extensão propõe estratégias de educação continuada em saúde e meio ambiente, incluindo o uso de recursos tecnológicos. Este trabalho acontece há oito anos, em dois municípios gaúchos (Brasil), através de orientações e atitudes concretas sobre o uso racional, descarte e destino correto de medicamentos, numa lógica interdisciplinar, objetivando a formação de multiplicadores. Professores e acadêmicos de diversos cursos da Universidade de Passo Fundo (UPF), RS, Brasil, em parceria com escolas de ensino fundamental destes municípios, contam com o apoio das diversas secretarias municipais para o desenvolvimento do projeto. O objetivo fundamental é conscientizar a população para o Uso Racional de Medicamentos (URM). O cronograma de trabalho é repaginado anualmente, definindo atribuições e metas de cada parceiro. A proposta desperta interesse na comunidade, que embora com certa resistência, tem debatido o tema cada vez mais, aproximando a população e a academia. Envolve um número crescente de participantes e o envolvimento das crianças induz os adultos à participação. Despertou-se a consciência ecológica e emergiram grandes debates sobre URM entre os acadêmicos, as comunidades beneficiárias e na própria instituição sediadora (UPF), envolvendo-se, através dos professores e dos meios de comunicação, com vistas a elaborar programas de educação comunitária e continuada acerca do assunto. Palavras-chave: Uso racional de medicamentos; sustentabilidade; educação ambiental. Educação em saúde.

Temática: Compromisso Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

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Temática: Compromisso Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

EDUCAÇÃO, SAÚDE, MEIO AMBIENTE E TECNOLOGIA: ELEMENTOS

ESTRATÉGICOS PARA O USO RACIONAL E DESTINO CORRETO DE MEDICAMENTOS

Mariza Casagrande Cervi – Universidade de Passo Fundo (UPF), RS, Brasil - [email protected].

Mariane Loch Sbegen – UPF, RS, Brasil –[email protected]

Ana Carolina Bertoletti De Marchi - UPF, RS, Brasil – [email protected]

Rafael Rieder – UPF, RS, Brasil – [email protected]

Genilda Conte Borges – Colégio Gabriel Taborin, Marau. RS, Brasil – [email protected]

Franciele Grando – Colégio Gabriel Taborin, Marau. RS, Brasil

RESUMO

O projeto de extensão propõe estratégias de educação continuada em saúde e meio

ambiente, incluindo o uso de recursos tecnológicos. Este trabalho acontece há oito anos, em

dois municípios gaúchos (Brasil), através de orientações e atitudes concretas sobre o uso

racional, descarte e destino correto de medicamentos, numa lógica interdisciplinar,

objetivando a formação de multiplicadores. Professores e acadêmicos de diversos cursos da

Universidade de Passo Fundo (UPF), RS, Brasil, em parceria com escolas de ensino

fundamental destes municípios, contam com o apoio das diversas secretarias municipais

para o desenvolvimento do projeto. O objetivo fundamental é conscientizar a população para

o Uso Racional de Medicamentos (URM). O cronograma de trabalho é repaginado

anualmente, definindo atribuições e metas de cada parceiro. A proposta desperta interesse

na comunidade, que embora com certa resistência, tem debatido o tema cada vez mais,

aproximando a população e a academia. Envolve um número crescente de participantes e o

envolvimento das crianças induz os adultos à participação. Despertou-se a consciência

ecológica e emergiram grandes debates sobre URM entre os acadêmicos, as comunidades

beneficiárias e na própria instituição sediadora (UPF), envolvendo-se, através dos

professores e dos meios de comunicação, com vistas a elaborar programas de educação

comunitária e continuada acerca do assunto.

Palavras-chave: Uso racional de medicamentos; sustentabilidade; educação ambiental.

Educação em saúde.

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1. OBJETIVOS

1.1. Objetivos gerais

Promover ações educativas relacionadas ao uso e destino correto de medicamentos em

dois municípios gaúchos, com uma abordagem intersetorial e interdisciplinar, de modo a

minimizar a automedicação, promover o uso, o descarte correto e a conservação adequada

dos medicamentos.

1.2. Objetivos específicos

Possibilitar aos alunos de escolas municipais, particulares e da UPF, treinamento

sobre o correto armazenamento, uso, descarte, questões ambientais, que

possibilitem a transmissão de orientação aos usuários, proporcionado desta forma,

aprendizado sobre como se comporta a comunidade diante dos medicamentos;

Treinar os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) sobre uso racional, cuidados e

conservação dos medicamentos, atividade a ser desenvolvida através de oficinas

realizadas por alunos do curso de farmácia e coordenador do projeto, apoiados pelas

secretarias de saúde dos municípios;

Conscientizar a população sobre os riscos que medicamentos armazenados de

forma inadequada representam à saúde, além de orientar e conscientizar a

população sobre a importância do destino adequado dos medicamentos, evitando a

contaminação do meio ambiente;

Promover a integração ensino-serviço-comunidade;

Despertar nos alunos e nos profissionais engajados na campanha, a observação

crítica e lógica, na determinação de produtos inadequados para o uso;

Produzir jogos educativos (manuais e on-line) como forma de potencializar ações

educativas;

Despertar, através das oficinas de reciclagem e artes visuais, geração de renda, para

associações de papeleiros e/ou grupos de trabalho organizado por projeto de

extensão específico;

Realizar atividade nos locais dispensadores, objetivando a implantação da Lei

Municipal para Logística Reversa de medicamentos;

Realizar atividades motivacionais em escolas municipais e particulares com o

objetivo de difusão do conhecimento sobre uso, cuidados e descarte de

medicamentos;

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Desenvolver um processo de sensibilização e conscientização nas alunas

(responsáveis pela reciclagem de papéis e blisters) do Centro de Estudos e Atividade

para Terceira Idade (CREATI), quanto ao uso abusivo de medicação, papel social e

cidadão na comunidade local e regional.

2. METODOLOGIA

Uso Racional de medicamentos (URM), conforme a Organização Mundial da Saúde

(WHO,1985) significa “a situação em que o paciente recebe a medicação apropriada para a

sua necessidade clínica na dose e posologia adequada, por um período de tempo correto e

no menor custo para si e para a sociedade”.

Por ser o URM desconsiderado pela população, passamos a utilizar como estratégia

motivadora a educação ambiental, enfocando a grave contaminação do solo e da água

promovida pelos medicamentos. Além desta estratégia, elegemos outras formas para

envolver a população, proporcionando conhecimento sobre práticas não medicamentosas

de atenção à saúde, como o uso das práticas complementares (especialmente a fitoterapia,

homeopatia e acupuntura), bem como a alimentação saudável e atividade física, como

alternativa viável e substitutiva do uso excessivo de medicamentos.

Este artigo relata experiências exitosas de um projeto de extensão e de projetos de

pesquisa. O projeto de extensão acontece há oito anos, em dois municípios do Rio Grande

do Sul, Brasil (Marau e Passo Fundo) e propõe estratégias de educação continuada em

saúde e meio ambiente, abordando orientações e atitudes concretas sobre o uso racional,

descarte e destino final de medicamentos, numa lógica interdisciplinar, auto sustentável,

fundamentada na formação de multiplicadores. Professores e acadêmicos de diversos

cursos da Universidade sediadora do projeto, em parceria com escolas de ensino

fundamental, contando com o apoio das diversas secretarias municipais (saúde, meio

ambiente, educação e ação social), desenvolvem o projeto, repaginado a cada ano com

novas estratégias, definindo atribuições e metas aos parceiros.

Antes mesmo de abordarmos a tema URM, buscamos despertar a consciência

ecológica dos acadêmicos, das comunidades beneficiárias e da própria instituição sediadora

através dos seus professores e meios de comunicação, além de fomentar debates sobre os

efeitos residuais provocados pela presença de medicamentos. Com este projeto,

objetivamos elaborar programas de educação comunitária, com a participação de

profissionais de saúde, o que vem acontecendo através da rádio e TV da instituição,

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contemplando campanha específica, desenvolvida por longo tempo, na forma de pequenos

programas produzidos e gravados pelos alunos da instituição, de forma interdisciplinar.

Para execução deste projeto, professores e alunos dos cursos de farmácia, nutrição,

medicina, química, artes visuais e computação da UPF; professores e alunos do ensino

fundamental do Colégio Gabriel Taborin, Marau, RS (alunos entre 7 e 13 anos de idade);

juntamente com as Secretarias Municipais (Saúde, Meio Ambiente, Educação e Ação

Social) se engajaram buscando atender a problematização proposta. O projeto é

desenvolvido em dois municípios gaúchos: Marau, com 33.778 habitantes e Passo Fundo

com 185.279 habitantes (BRASIL, 2009), que através de sub-projetos, adequam as

estratégias e as necessidades para cada município.

Na escola de primeiro grau, utilizam-se estratégias de metodologia ativa, primando

pela ludicidade, através da construção, pelos alunos, de jogos educativos, musica e dança

(happy da água), teatro, participação em feiras de saúde, apresentações à comunidade,

constituindo uma rede de participação efetiva na construção do saber em saúde e meio

ambiente. Denota-se a importância de pequenas atitudes que são capazes de influenciar e

modificar estruturas rígidas, promovendo o bem social.

Esta iniciativa já está bem estabelecida e incorporada à concepção de cuidados com

a natureza, e mais atualmente, o cuidado e atenção com os medicamentos, junto à

população dos municípios elencados, o que possibilitou a incorporação ao cronograma de

atividades escolares e ao calendário municipal, firmando-se convênios de cooperação entre

a Universidade e as Prefeituras, parceiras efetivas no processo.

Destas atividades de extensão, originaram-se três projetos de pesquisa: O primeiro

objetivou conhecer os resultados alcançados com a atividade, institucionalizado na UPF

como “O impacto de um programa educativo sobre o uso racional e destino correto de

medicamentos: a fala dos familiares dos escolares envolvidos no processo”, aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UPF, através do Parecer 384/2010, CAAE nº

0203.0.398.000-10. Um segundo projeto de pesquisa, através do curso de química,

envolveu a “Otimização de Metodologia para Determinação de Fluoxetina em Águas

Superficiais por HPLC/UV”, que desenvolveu uma metodologia cromatográfica para

determinar a concentração de fluoxetina na água do principal rio do município, observando-

se o uso de 5,4 comprimidos/ano/habitante, o que vem corroborar a preocupação com o

consumo abusivo de alguns grupos de medicamentos (NASCIMENTO, 2010). Uma terceira

pesquisa envolve os cursos de farmácia, química e física da universidade, em parceria com

empresa privada, com o objetivo de desenvolver um reator para degradação de moléculas

medicamentosas. Este projeto foi aprovado pelo CEP com o parecer 276/20111, CAAE nº

0124.0.398.000-1, pela UPF como “Mini estação de tratamento de efluentes farmacêuticos”,

utilizando Processos de Oxidação Avançada (POAs).

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3. DESENVOLVIMENTO

Para melhor compreensão acerca do tema, precisamos iniciar esclarecendo sobre a

problemática da contaminação ambiental por medicamentos.

Medicamentos e tecnologia têm andado de mãos dadas na prevenção e no

restabelecimento da saúde. Porém, estes mesmos recursos podem ser utilizados

inadvertida e abusivamente, provocando danos ambientais cumulativos. A partir da década

de 80, passou-se a se questionar a respeito do destino final e da contaminação ambiental

por estes produtos. Atualmente, as investigações vêm aumentando e estes estudos

passaram a ser uma tendência mundial, inclusive no Brasil (TABAK, BLOOMHUFF, BUNCH,

1981; JOBLING et al., 1998; HALLING-SØRENSEN et al., 1998; FENT, WESTON,

CAMINADA, 2006; HIRATUKA, et al.,2013).

Inicialmente, a preocupação com este tipo de poluente surgiu devido ao grande uso

de medicamentos veterinários, levando-se a uma tomada de consciência e questionamentos

sobre as conseqüências do uso dos medicamentos em humanos, sendo pesquisados como

determinantes de risco ambiental (GAMARRA JUNIOR, 2007), devido suas características

de atividade biológica, baixa biodegradabilidade e elevada lipolificidade, relacionados ao

potencial de bioacumulação e persistência ambiental (CHRISTENSEN, 1998). Hoje,

toneladas destas substâncias são produzidas anualmente, para consumo humano,

agravando esta contaminação (BILA e DEZOTTI, 2003; ZUCCATO et al.,2000). Ferrari et al.

(2004) comentam que os fármacos, entretanto, podem ser biodegradados por mecanismos

bióticos e/ou abióticos, e que esta interação ambiental deve ser melhor estudada. Estima-se

que 50 a 90% dos fármacos são excretados de forma inalterada, (MULROY, 2001)

persistindo no meio ambiente contaminando-o progressivamente, especialmente o ambiente

aquático, gerando impactos devastadores à nossa saúde (BRASIL, 2005). Quanto ao uso de

medicamentos, conforme Bila e Dezotti (2003), o uso exagerado de antibióticos e

hormônios, entre outros, e o descarte incorreto, tem trazido sérias conseqüências mundiais,

como a resistência bacteriana e feminilização de peixes (MAZZER, CAVALCANTI, 2004;

BILA, DEZOTTI, 2003; 2007).

Estas reflexões nos remetem a estabelecer a visão dos fármacos como tecnologia de

saúde, ao mesmo tempo em que se revela um potencial promotor de desequilíbrio

ambiental, podendo resultar em danos comparáveis aos dos pesticidas, onde é possível

estabelecer uma associação estreita com seu papel ambiental e sanitário (GAMARRA

JUNIOR, 2007; KÜMMERER, 2000; BILA, DEZOTTI, 2007; HIRATUKA, et al.,2013).

No Brasil, há dificuldades em se obter dados precisos sobre o consumo de

medicamentos, muito embora nosso país seja apontado como um dos mais importantes

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mercados consumidores de produtos farmacêuticos, ao lado dos Estados Unidos, França e

Alemanha (BRASIL, 2001; BRASIL, 2013a ; STUMPF et al., 1999).

Além disso, as regulamentações voltadas à área da saúde e meio ambiente que

tratam das questões de resíduos de saúde em nosso país, não contemplam claramente esta

questão (BRASIL, 2010). Porém, esta realidade tem sofrido mudanças substanciais a partir

do momento em que a ANVISA passa a elencar resíduos medicamentosos como um dos

cinco assuntos de debate nacional (BRASIL, 2013b).

Outra situação que podemos observar é o uso irracional de medicamentos,

demonstrado pelos estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), onde 50% do

consumo mundial de fármacos é apontado como inadequado (WHO, 2004), o que motiva a

tornar o URM uma estratégia para promoção da qualidade de vida e saúde. Vale lembrar

ainda que, o Ministério da Saúde (MS), conforme dados do Sistema Nacional de

Informações Tóxico-farmacológicas (SINITOX), aponta que desde 1994, estes são os

principais agentes causadores de intoxicações humanas, mantendo esta posição até o ano

de 2008 (BRASIL, 2008).

Segundo Mazzer, Cavalcanti (2004) para a minimização do impacto ambiental

referente aos resíduos gerados, faz-se necessária a adoção dos cinco princípios básicos: a

minimização da geração de resíduos, que buscamos através da orientação (educação

ambiental); a maximização do reuso com reciclagem adequada; a seleção de processos

industriais menos agressivos ao meio ambiente; a destinação final ambiental adequada e a

expansão dos serviços relacionados aos resíduos para toda a população, princípios estes

contemplados no presente projeto.

O trabalho desenvolvido leva em conta a sustentabilidade do meio ambiente,

especialmente o meio aquático, onde observamos a ausência de conhecimento, por parte

da população em geral, inclusive profissionais da saúde, referentemente ao assunto e a

orientação sobre o URM. Consta-se a falta de esclarecimento aos usuários sobre o local e o

destino final adequado destes produtos, sejam vencidos ou restos de medicamentos que

não mais serão utilizados, que são descartados inadequadamente no vaso sanitário, pias ou

diretamente no ambiente. Não há também conhecimento claro, dos locais dispensadores,

quanto à logística reversa dos medicamentos (aqui também incluímos o descaso com o

descarte de amostras-grátis de medicamentos), observando que estes, na maioria das

vezes, não recebem os resíduos medicamentosos de seus clientes; além disso, os

profissionais da saúde desconhecem seu papel de educador da população quanto ao

assunto. Outro ponto preocupante refere-se ao encaminhamento para incineração domiciliar

ou deposição em lixões, sem critério algum, contaminando o solo e promovendo desastres

ambientais.

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O consumo massivo e irracional de medicamentos, prescritos por profissionais ou

“prescritos” pela mídia (automedicação), deve ser encarado com cautela, pois a excreção

destes fármacos, por vias normais, humana ou animal (especialmente a via renal), acontece

de forma intacta e/ou de seus metabólitos ativos (por vezes mais tóxicos do que o próprio

componente químico inicial) em meio aquático, que poderão se tornar graves poluentes

ambientais, implicando em uma exposição significativa indireta a estes, através da água

potável para consumo humano (ZUCCATO, CASTIGLIONI, FANELLI, 2005; WEBB et al.

2003).

Desta forma, falar sobre URM a um contingente de indivíduos que continua querendo

desconhecer os efeitos danosos do uso abusivo e inadequado de medicamentos, com

certeza, não é uma tarefa simples, especialmente no momento em que o medicamento é

visto, por esta população, como o único aliado na busca à saúde, desconsiderando outras

práticas de atenção (alimentação, exercício físico, práticas complementares) como

importantes e viáveis.

4. RESULTADOS E CONCLUSÕES

Inicialmente, o trabalho foi concebido pela iniciativa de farmacêutica, proprietária de

farmácia do município de Marau, RS, Brasil, contando com a participação de uma

professora do segundo ano do ensino fundamental, de uma escola particular, motivadas por

um objetivo em comum: a sustentabilidade ambiental e o cuidado com os medicamentos.

A partir desta informação levada aos alunos do segundo ano (hoje terceiras séries),

houve o interesse dos escolares em conhecer melhor o assunto, ao qual, através de uma

carta convite, solicitaram uma visita, onde a farmacêutica abordou informal e ludicamente, o

uso, cuidado e descarte correto de medicamentos.

Motivados pela explanação, os alunos se engajaram a ideia, apoiando na coleta dos

resíduos de medicamentos vencidos em seus domicílios e na casa de seus vizinhos,

elaborando para tanto, uma caixa decorada com motivos alusivos, para o armazenamento

temporário dos medicamentos vencidos ou em desuso nos seus domicílios, servindo de

modelo à comunidade.

A participação das crianças, pela persistência em motivar a comunidade,

especialmente seus pais, através da cobrança de mudanças frente aos cuidados com

medicamentos e o meio ambiente, revelou-se preciosa.

Desta forma, iniciou-se o projeto, percebendo que o grupo de pequenos

colaboradores tornara-se peça fundamental para continuação do trabalho no ano seguinte.

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Um primeiro resultado pode ser visto, logo no início destas atividades, onde uma

aluna desta primeira turma teve publicado seu texto em um jornal de circulação estadual, na

coluna “Eu sou do Bem”, com o título “Para Remediar o Ambiente” (SARTOR, 2007), onde

relata a sua visão sobre o projeto, para que este se mantenha (Figura 1).

Figura 1: Jornal Zero Hora, Porto Alegre, 2007.

4.1. Mobilização da Comunidade

A partir de 2007, buscando dar continuidade nas orientações à população sobre este

tema, engajou-se à proposta o Departamento de Meio Ambiente do município (DEMA),

promovendo ações educativas sobre riscos da automedicação e contaminação ambiental

para toda a comunidade, informando sobre os riscos que os medicamentos, quando

utilizados em excesso, de forma irracional, mal conservados e dispostos de forma

inadequada no meio ambiente representam à saúde. Paralelamente, deu-se início às

campanhas de coleta dos medicamentos domésticos, com campanhas anuais, para a

devida destinação dos produtos medicamentosos e reciclagem de materiais como papéis,

vidros e blisters, buscando a participação de diferentes grupos ao trabalho.

Um destes grupos, apoiados por projeto municipal, o “Sementes do Amanhã”

(menores infratores), como forma de inclusão social, passaram a receber caixas e bulas que

seriam utilizadas para confecção de papel reciclado, possibilitando geração de renda,

através da produção de cartões e envelopes.

Em 2008 a campanha se estendeu para o município vizinho (Passo Fundo), como

piloto em apenas um bairro da cidade. Iniciaram-se também, as atividades de capacitação

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sobre medicamentos, para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), através do programa

PET-Saúde (Programa de Educação para o ensino pelo Trabalho em Saúde).

Em 2009 e 2010 a atividade se intensificou, alcançando projeção no meio acadêmico

e na comunidade, inclusive com abrangência nacional através de programa do Canal Futura

(Gato GaliLeu), programa infantil, onde os alunos puderam explanar a importância do

cuidado com medicamentos e a contaminação ambiental. Também neste ano, como forma

de inclusão social, foram realizadas oficinas de reciclagem de papéis (bulas e caixas de

medicamentos), envolvendo alunos do projeto “Sementes do Amanhã” e de curso de

farmácia (Figura 2), possibilitando a estes o reconhecimento de uma nova realidade: a vida

universitária. Buscou-se com esta atitude, envolver estes menores com um meio diferente

daquele vivenciado por eles, até o momento.

Figura 2: Oficina papéis reciclados – Alunos Projeto Sementes do

Amanhã e do Curso de farmácia da UPF, Passo Fundo, RS, 2010.

Iniciou-se a participação em feiras de saúde enfocando o tema, utilizando os jogos

educativos sobre URM e descarte correto de medicamentos, jogos estes confeccionados

pelos alunos do Colégio Gabriel Taborin (Marau), como instrumentos de trabalho nas feiras

regionais promovidas pelo Centro de Saúde Coletiva (CEUSC), da UPF.

Em 2009, já acontecia a participação das crianças na divulgação do projeto,

“palestrando” a alunos de segundo grau e universitários (Figuras 3 e 4). Foram produzidos

quatro jogos (corrida maluca, jogo de cartas, jogo de dominó e jogo da memória). No ano de

2013, iniciou-se a implementação destes jogos para a Web (Figura 5), como uma forma

ampliada de alavancar debates sobre uso e cuidados com medicamentos. O acesso aos

jogos na forma online pode ocorrer de qualquer computador conectado à internet,

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disponibilizados para toda a população e, especialmente, para uso escolar. Tal

desenvolvimento envolve alunos e professores do curso de Ciência da Computação da UPF.

Figura 3: Feira de saúde. Paraí, RS (CEUSC). Jogo corrida maluca, 2009

Figura 4: Apresentação para alunos da medicina e farmácia, UPF, 2009.

Figura 5: Jogos para a Web (Corrida Maluca), UPF, 2013

Em 2010, o trabalho foi institucionalizado como um projeto de extensão do curso de

farmácia da UPF, de forma interdisciplinar, envolvendo alunos dos cursos de farmácia,

química, medicina, biologia, nutrição, artes visuais, alcançando grande abrangência e

visibilidade. Neste ano, o projeto abrangeu toda a comunidade escolar de Marau, através da

realização de gincana interescolar (escolas estaduais e municipais), realizando coleta dos

medicamentos de descarte domiciliar oficinas orientativas nas escolas. A premiação foi

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através do trabalho de reciclagem de grupo de idosos (CREATI), ligados a universidade,

através do curso de artes visuais, que confeccionaram quadros utilizando blisters (Figura 6)

e em 2013, símbolo do Curso de Farmácia, confeccionado para a semana acadêmica

(Figura 7).

Figuras 6 e 7: Quadros produzidos com de blisters, Projeto de Educação Comunitária para Uso Racional e

Destino Correto de Medicamentos, 2010; 2013.

Também em 2010, o grupo dos pequenos atores (escolares) estiveram explanando o

tema na Câmara de Vereadores do município de Marau, o que impulsionou a aprovação da

Lei Municipal n° 4727, em outubro de 2011, que dispõe da obrigatoriedade dos locais

dispensadores (humano e veterinário) a dar destinação adequada aos resíduos

medicamentosos.

Neste mesmo ano, como piloto para o município de Passo Fundo, realizou-se

atividade em escola municipal, de forma lúdica e direta, culminando com gincana escolar

(Figura 8).

Figura 8: Gincana Escola Municipal Benoni Rosado, 2010.

Com este projeto, a universidade e coordenadora do projeto receberam menção

honrosa da 17ª edição do Premio Top Educacional Professor Mario Palmério (universidades

filantrópicas); em 2011, o colégio Gabriel Taborin e seus pequenos alunos receberam selo

de Escola Solidária; e aluna participante do projeto da UPF recebeu o premio de Impacto

Social na Mostra de Iniciação Científica (MIC) da Universidade sediadora.

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No ano de 2011, com a aprovação desta Lei Municipal, em Marau, houve novo

impulso as atividades, como a inclusão do treinamento sobre medicamentos aos ACS,

através do PET-Saúde, no município de Passo Fundo, que foi destaque e serviu de piloto

para novos grupos, no município de Marau, efetivado através de seis oficinas (2013) sobre

medicamentos, que utilizaram metodologias ativas de aprendizagem, debates abertos com

os ACS, relatos e questionamentos do dia a dia destes profissionais. Estas oficinas foram

apresentadas por alunos dos cursos de farmácia, nutrição e medicina, apoiados pelo

professor coordenador do projeto e farmacêuticos do serviço público, no ano de 2013,

alcançando altos índices de satisfação relatados em avaliação feita pelos profissionais

envolvidos.

Também em 2011, iniciou-se atividades mais abrangentes com grupos de idosos,

novos grandes parceiros, estimulando a consciência cidadã e de autocuidado, através de

explanações, utilizando metodologias adaptadas a este público, estimulando a percepção da

importância do URM e suas implicações.

` Finalmente, mais seguros quanto à possibilidade de se abordar a temática URM,

realizou-se no município de Marau, o I Dia do URM, em 2012, com distribuição de folders,

apresentação de materiais reciclados pelo grupo das artes visuais, orientação jurídica, jogo

educativo (corrida maluca), dança (Happy da água) e orientação farmacêutica sobre URM e

descarte correto de medicamentos. Contou com apoio das diversas secretarias municipais,

escola parceira do projeto e hospital do município. Também foram recolhidos medicamentos

de uso domiciliar e amostras grátis.

Em 2013, os alunos do Colégio Taborin participaram, em Passo Fundo, do

Farmacêutico na Praça, em parceria com o Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande

do Sul (CRF-RS), onde estes pequenos atores mereceram elogios (Figura 9). A participação

do CREATI também foi motivadora (Figuras 10 e 11).

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Figura 9: Farmacêutico na Praça, UPF/CRF-RS, Passo Fundo, 2013.

Figuras 10 e 11: Reciclagem/responsabilidade social. Farmacêutico na Praça, UPF/CRF-RS, Passo Fundo, 2013

Com o sucesso do I Dia do URM, de Marau, no ano de 2013 organizou-se a segunda

edição, onde, fortalecidos pelo apoio da população e prontos para uma abordagem ainda

mais abrangente, o II Dia do URM trouxe para a praça as práticas complementares (figuras

12 e 13) de atenção a saúde e outras áreas afins: homeopatia, fitoterapia, acupuntura,

quiropraxia, nutrição, exercício físico, reiki, florais, além do lançamento do modelo municipal

do coletor para recolhimento de medicamentos nos locais dispensadores, conforme

orientações da Lei Municipal, utilizando desenhos e frases dos alunos da escola parceira

(Figura 14).

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Figuras 12 e 13: Oficinas de Práticas Complementares (plantas medicinais), II Dia do URM, Marau, 2013

Figura 14: Modelo de caixa coletora para resíduos medicamentosos, 2013.

Nesta proposta, ao apresentar à comunidade as práticas complementares de

atenção à saúde, objetivou-se, além da abordagem quanto ao URM, através de folder

ilustrativo (Figura 15), produzido com desenhos e frases dos escolares, mobilizar a

população para a opção do uso de práticas não medicamentosas, e a orientação segura dos

profissionais de saúde.

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Figura 15: Folder II Dia do URM, Marau, 2013.

4.1.1. Coleta e destinação adequada dos medicamentos

Desde 2006, nos meses de maio e junho durante o período da Semana do Meio

Ambiente, são efetivamente recolhidos estes resíduos, para posterior triagem e destino final

adequado, contando com locais parceiros para coleta e destinação final, envolvendo

cooperativa de catadores/ recicladores, e destinação adequada dos resíduos

medicamentosos (universidade, hospital, prefeituras municipais), com encaminhamento para

aterros sanitários.

4.1.2. Triagem, transporte e destino final adequado.

A triagem, nos anos iniciais do projeto, era realizada pelos alunos do curso de

farmácia da UPF, com uso de uma planilha eletrônica própria para o trabalho, registrando as

quantidades, sendo o transporte realizado com uma empresa licenciada para tal atividade,

através de registro de uma Licença Operacional (LO).

A destinação final destes resíduos, no Rio Grande do Sul, ocorre através de

encapsulamento em célula fechada (aterro sanitário), em empresas que possuem

licenciamento para o armazenamento destes resíduos. Não há processo de incineração no

Rio Grande do Sul.

Os papéis recicláveis, são encaminhados para confecção de atividades com alunos

participantes de oficinas, através do curso de Artes Visuais (oficinas de reciclagem de papel,

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interdisciplinar), papeis estes repassados a faculdade de psicologia que desenvolve

atividade com mulheres de bairro do município de Passo Fundo, RS, como fonte de geração

de trabalho e renda, ou utilizados em atividades do próprio curso.

4.1.3. Resultado das campanhas de coleta de resíduos medicamentosos

Os resultados obtidos nas três últimas campanhas, no município de Marau e no

município de Passo Fundo podem ser visualizados na Tabela 1:

Tabela 1: Resultados coletas de resíduos de medicamentos, em municípios do Rio Grande do Sul, de 2006 a

2010.

Cidade Ano Total (em g) Medicamentos (g)

Marau 2006 47.000 -

2007 78.000 -

2008 127.505 36.738

2009 189.020 129.750

2010 259.320 191.400

Passo Fundo 2009 7.510 3.250

2010 176.270 111.350

Total 883.625 324.958

Observa-se, um aumento crescente na coleta destes resíduos, ano a ano, denotando a

efetividade do projeto.

Nos anos seguintes, esta atividade ficou a cargo das secretarias municipais de Saúde e

Meio Ambiente, onde não mais dispomos de dados.

A cada ano o projeto é repaginado e novas estratégias pedagógicas passam a ser

utilizadas. Finalmente, o principal objetivo de enfocar o URM passa a ter maior visibilidade e

aceitação, no momento em que alunos, pais e profissionais de saúde se reúnem para

debater o assunto e atuar de forma lúdica na educação em saúde e meio ambiente, onde

sabemos que tanto na saúde quanto na educação ambiental elas se tornam:

Um processo permanente no qual os indivíduos e a

comunidade tomam consciência de seu meio

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ambiente e adquirem o conhecimento, os valores,

as habilidades, as experiências e a determinação

que os tornam aptos a agir - individual e

coletivamente - a resolver problemas ambientais

(ZANETI; SÁ, 2002).

Com os aspectos da relação medicamentos e meio ambiente, expostos neste

trabalho, torna-se premente mobilizar comunidades (população leiga, profissionais de saúde

e do meio ambiente), autoridades e instituições educadoras, para construir soluções locais

de gerenciamento dos resíduos de saúde, elencados como perigosos (entre eles, os

medicamentos), enquanto se aguardam decisões definitivas a nível nacional. O presente

projeto objetiva se tornar um modelo que inspire a busca de novas soluções a problemática

aqui elencada.

O trabalho desenvolvido até este momento apresenta resultados positivos,

observados pela continuidade e aumento do interesse por parte da comunidade, acerca do

assunto, inclusive encarando o termo URM de forma mais tranquila, através da participação

em debates relacionados ao tema, inclusive, em visita realizada as farmácias de Marau, em

2013, observou-se o aumento considerável no encaminhamento de medicamentos para

descarte, nestes locais, segundo a logística reversa para medicamentos.

Sugere-se incluir nos currículos escolares, os temas educação em saúde e saúde

ambiental, onde as crianças participem como atores motivadores e pró-ativos, sendo elas

capazes de induzir, com atitudes simples, grandes transformações.

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