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1 MARÇO 2014 Sempre nossa, onde for. FORTISSIMO abril Nº 3 / 2014

Temporada 2014 | Abril

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Fabio Mechetti, regenteCássia Lima, flautaRenata Xavier, flautaAnthony Flint, violino

HAYDN Sinfonia nº 88 em Sol maior BACH Concerto de Brandenburgo nº 4 em Sol maior, BWV 1049

DVORÁK Sinfonia nº 4 em ré menor, op. 13

Marcos Arakaki, regenteAnna Malikova, piano

BRAHMS Abertura Trágica, op. 81

SAINT-SAËNS Concerto para piano nº 4 em dó menor, op. 44

NEPOMUCENO Sinfonia em sol menor

Fabio Mechetti, regenteIan Parker, piano

GUERRA-PEIXE Ponteado

GUERRA-PEIXE Suíte sinfônica nº 1, “Paulista”

GERSHWIN Abertura Cubana GERSHWIN Concerto em Fá

p. 8

p. 26

p. 40

SUMÁRIO

Ministério da Cultura e Governo de Minas apresentam

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Uma das estratégias artísticas da Filarmônica é a valorização contínua da “prata da casa”, devido ao vasto arsenal de talentos que temos em nossa própria Orquestra. É assim, portanto, que iniciamos o mês de abril, com a participação destacada de nosso spalla Anthony Flint e nossas flautistas Cássia Lima e Renata Xavier interpretando o belo Concerto de Brandenburgo nº 4 de Johann Sebastian Bach. Neste mesmo programa a Filarmônica executa a pouca conhecida, mas vibrante, Sinfonia nº 4 de Dvorák.

Um dos aniversários mais importantes deste ano é a celebração dos 150 anos do compositor romântico brasileiro Alberto Nepomuceno. Sua Sinfonia em sol menor pode ser considerada, certamente, a mais importante peça do gênero dentro do repertório sinfônico brasileiro. Na mesma noite, recebemos a visita da exímia pianista Anna Malikova executando o Quarto Concerto de Saint-Saëns.

Terminamos o mês de abril com mais uma celebração importante: desta vez os 100 anos de César Guerra-Peixe. Dentre suas obras de cunho nacionalista a Filarmônica executa uma das mais populares, o Ponteado, e uma de suas suítes sinfônicas que exploram elementos folclóricos regionais, a Suíte “Paulista”. A noite se completa com a exuberante música do norte-americano George Gershwin através de sua Abertura Cubana, que, assim como Guerra-Peixe, explora elementos do folclore daquela ilha caribenha. E ainda o magnífico Concerto em Fá, executado pelo pianista canadense Ian Parker.

Como sempre, agradecemos a sua presença, esperando que, concerto a concerto, suas experiências sejam cada vez mais enriquecedoras.

Bom concerto a todos.

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

D I R E T O R A R T Í S T I C O E R E G E N T E T I T U L A R

Fabio Mechetti

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FABIO MECHETTIDiretor Art íst ico e Regente Titular

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. É também Regente Titular e Diretor Artístico da Orquestra Sinfônica de Jacksonville (EUA) desde 1999. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse e da Orquestra Sinfônica de Spokane, da qual é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem

dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia, particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg,

Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2014 voltará ao Peru, desta vez regendo a Orquestra Sinfónica Nacional del Perú, e estreará na Malásia e Israel, conduzindo a Filarmônica da Malásia e a Orquestra de Câmara de Israel, respectivamente.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson,

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

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Joseph HAYDN Sinfonia nº 88 em Sol maior [20 min] Adagio – Allegro Largo Menuetto: Allegretto – Trio

Finale: Allegro con spirito

Johann Sebastian BACH Concerto de Brandenburgo nº 4 em Sol maior, BWV 1049 [17 min] Allegro Andante Presto cássia lima, flauta renata xavier, flautaanthony flint, violino — i n t erva lo —

Antonín DVORÁK Sinfonia nº 4 em ré menor, op. 13 [38 min] Allegro Andante e molto cantabile

Scherzo: Allegro feroce Allegro con brio

Fabio Mechetti, regenteCássia Lima, f lautaRenata Xavier, f lautaAnthony Flint, violino

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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CÁSSIA LIMA

Mineira de Extrema, Cássia iniciou seus estudos com João Dias Carrasqueira e Grace Busch. Concluiu Bacharelado em Flauta pelo Instituto de Artes da Unesp como aluna de Jean-Noel Saghaard. Em São Paulo, também foi aluna de Marcos Kiehl. Participou dos principais festivais de música do país, como Oficina de Música de Curitiba, Festivais de Inverno de Campos do Jordão e de Juiz de Fora.

Foi bolsista da Fundação Vitae durante os anos de estudo na Mannes College of Music em Nova

York, onde foi aluna de Keith Underwood e concluiu os cursos de Mestrado e Artist Diploma. Participou de masterclasses com grandes nomes da flauta, como Michael Parloff, Elisabeth Rowe, William Bennett, Judith Mendenhall, Jeffrey Khaner e Emmanuel Pahud.

Cássia Lima venceu as principais competições no Brasil, tais como o Jovens Solistas da Orquestra Experimental de Repertório, onde atuou como solista e ganhou primeiro lugar no concurso Jovens Talentos, em Piracicaba, e no II

Concurso Nacional Jovens Flautistas, promovido pela Associação Brasileira de Flautistas. Em Nova York venceu o Mannes Concerto Competition, onde novamente atuou como solista, e o Gregory Award, por Excelência em Performance. Ainda nos Estados Unidos, Cássia foi bolsista do Tanglewood Music Center, onde atuou como camerista e Primeira Flauta da orquestra do festival, sob regência de James Levine, Kurt Masur, Seiji Ozawa e Rafael Frübehbeck. Em Minneapolis, fez parte do corpo docente da Universidade de Minnesota e também

foi flautista da Minnesota Orchestra, sob regência de Charles Dutoit.

De volta ao Brasil, foi Primeira Flauta da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), onde também atuou como solista. Participou da I Oferenda Musical de São Paulo e foi professora da Oficina de Música de Curitiba. Atualmente, Cássia atua como camerista do Quinteto de Sopros da Filarmônica de Minas Gerais e participa de diversos grupos camerísticos. Integra a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2009 como Flauta Principal.

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RENATA XAVIER

Nascida no Sul de Minas, na cidade de Pouso Alegre, Renata Xavier iniciou seus estudos musicais aos sete anos de idade, no Conservatório Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, na sua cidade natal. Em 1999, ingressou no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), para cursar Flauta. Concluiu seu bacharelado em 2002, sob orientação de Jean Noel Saghaard. Na Unesp também foi aluna de Rogerio Wolf.

Renata integrou importantes grupos musicais, como a Banda Sinfônica Jovem de São Paulo, a Orquestra Sinfônica Jovem de São Paulo, a Sinfônica Heliópolis, a Banda Sinfônica de Cubatão e a Orquestra Jovem de Guarulhos. A musicista também foi academista da Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo.

Renata Xavier atuou como solista frente a diversas orquestras, entre elas a Orquestra de Câmara da

Unesp e a Orquestra de Câmara Sesiminas. Como premiação do Concurso Jovens solistas, apresentou-se também com a Orquestra Jovem de Guarulhos. Em 2012 e 2013, foi solista no Festival Mozart. A artista participou dos principais festivais de música do país, com destaque para o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, a Oficina de Música de Curitiba e o Festival Música nas Montanhas, em Poços de Caldas.

Além de suas atividades com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, onde é Flauta Assistente desde 2007, Renata Xavier é chefe de naipe da Banda Sinfônica do Pronatec. Ela é, ainda, flautista do grupo Fino Choro, que tem como objetivo difundir o chorinho por meio de uma formação camerística nada convencional.

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ANTHONY FLINT

Anthony Flint iniciou os estudos musicais em sua Inglaterra natal, mas mudou-se para o Canadá bem jovem, dando sequência à sua formação no Royal Conservatory of Music de Toronto, onde estudou violino com David Mankovitz e piano com Patricia Holt. Completou sua educação musical graduando-se pela Universidade de Indiana (Bloomington, Estados Unidos) com a mais elevada distinção, depois de ter estudado com os professores James Buswell, Larry Shapiro, Franco Gulli e Joseph Gingold.

Sua trajetória como spalla começou ainda na adolescência em Spoleto, Itália, liderando a Orquestra de Ópera de Gian Carlo Menotti no Festival dei Due Mondi. Depois da graduação, Flint foi indicado para liderar várias orquestras no Canadá e nos Estados Unidos, incluindo a CJRT Radio Symphony em Toronto e a Orquestra de Illinois em Chicago.

De 1989 a 2012, atuou como Primeiro Violino da Orchestra della Svizzera Italiana, em Lugano, cidade ao Sul da Suíça. Simultaneamente, passou dez temporadas como

Primeiro Violino convidado da orquestra alemã West Deutsches Rundfunk e cinco temporadas como spalla convidado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Apresentou-se também junto à Sinfônica de Bournemouth, à BBC Scottish and English National Opera no Reino Unido, à Orquestra Gulbenkian (Portugal) e à Orquestra de Câmara de Zurique. Em março de 2012, Anthony Flint assumiu a posição de spalla da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

Flint vem desenvolvendo também uma ampla carreira como solista

e músico de câmara. É através da música de câmara, com a qual tem uma longa paixão, que tem levado ao público interpretações com artistas internacionalmente renomados como Vladimir Viardo, Jean Bernard Pommier, Bruno Pasquier, Yuri Bashmet, Wolfgang Boettcher, Wen Sinn Yang, Max Rabinovitz e Stephen Swedish.

Além das suas atividades como spalla da Filarmônica de Minas Gerais, Anthony Flint continua a apresentar-se regularmente como violinista do Trio Ceresio, seu grupo de longa data baseado em Lugano.

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Haydn, um dos compositores essenciais da história da música, levou à plena maturidade os gêneros musicais associados à forma sonata clássica, na segunda metade do século XVIII. Sob esse aspecto, suas 104 sinfonias constituem um legado ímpar. Significativamente, o repertório atual de concerto, quando se volta para os primórdios do gênero, se fixa em suas três sinfonias – Le matin, Le soir, Le midi –, compostas em 1761. Essas pequenas sinfonias foram os primeiros trabalhos do músico para a família Esterházy, à qual serviu por quarenta anos, como regente e compositor. Confinado aos dois palácios de seus patrões, Haydn vivia em grande isolamento artístico. Por outro lado, com excelente orquestra à sua disposição, podia testar imediatamente suas originais experiências como compositor.

As “experiências” musicais de Haydn – em sua linha evolutiva por cerca de meio século — começam no estilo galante e culminam nos primórdios do Romantismo. Seu campo preferencial é o da música instrumental, onde sua linguagem desenvolve um trabalho intelectual detalhista e espirituoso. Nas primeiras sinfonias, faz uma síntese brilhante do Barroco e do Classicismo. Aos poucos, toma diferentes orientações. De 1766 até 1774 (época do movimento romântico Sturm und Drang), sua obra adquire um tom mais subjetivo. E, quando estabelece uma relação de amizade e admiração recíproca com Mozart, os dois gênios deixam-se influenciar mutuamente, apesar da diferença de idade e de temperamento.

Instrumentação: flauta, 2 oboés, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

JOSEPH HAYDN (Áustria , 1732 – 1809)

Sinfonia nº 88 em Sol maior (1787)

Aos poucos, a fama de Haydn extrapolou os domínios dos Esterházy. Os patrões se sentiam orgulhosos dessa glória e quase a totalidade da produção final do compositor destinou-se aos grandes centros: Viena, Paris, Londres, Madri.

A Sinfonia nº 88, publicada em Paris, é uma obra vigorosa, um dos trabalhos mais audaciosos de Haydn. Após a introdução (Adagio), o Allegro inicial impressiona pela concentração temática, obtida a partir de um motivo breve, porém dotado de poderosa energia latente. No Largo em Ré maior o violoncelo apresenta uma bela melodia, com caráter de hino, que reaparecerá sete vezes em engenhosas variações de orquestração, contracantos e tonalidades. Os trompetes e a percussão, até então silenciosos no primeiro movimento, fazem aqui expressivas intervenções. O Minueto (Allegretto) é transfigurado em uma vigorosa dança camponesa. O caráter rústico é evidenciado no Trio, com os peculiares efeitos de gaita de foles

Para ouvirCD Haydn – Symphonie – Wiener Philharmoniker – Karl Böhm, regente – Deutsche Grammophon – 1973 (remasterizado)

Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera –Mariss Jansons, regente Acesse: tinyurl.com/hsinf88

Para ler H. P. Robbins-Landon – Haydn, Sinfonias – Guias Musicais BBC – Zahar Editores – 1984

obtidos nas notas sustentadas pelas trompas e fagotes. O Finale (Allegro con spirito) é um grande rondó sinfônico. Surpresas rítmicas e elementos populares de contagiante alegria se aliam à alta ciência do contraponto. No desenvolvimento central, violas, violoncelos e contrabaixos começam uma versão do tema e logo são “perseguidos” pelos violinos, à distância de meio compasso, em idêntica melodia. Com esse cânone, Haydn atinge um dos grandes e inesquecíveis momentos da sinfonia clássica vienense.

paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.

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No início do século XVIII o termo concerto designava geralmente obras em três movimentos (rápido-lento-rápido) para um ou mais solistas e orquestra. O gênero, que se originou na Itália do século XVI e rapidamente se espalhou pela Europa, conheceu um desenvolvimento moderado até o aparecimento de Vivaldi, no início do século XVIII, que introduziu um vocabulário operístico em seus concertos, estabeleceu parâmetros de alto virtuosismo para os solistas e consolidou uma estrutura musical baseada na repetição (ritornello) de trechos orquestrais (tutti) entre episódios musicais dos solistas (concertino). Quando os concertos de Vivaldi chegaram à Alemanha, tornaram-se uma febre entre os compositores. Adaptando-se às características locais, acabaram por gerar um gênero híbrido, que mesclava, às preferências

germânicas pelo rigor temático, o brilhantismo técnico italiano, sem deixar de lado certo sabor francês, proveniente da popularidade da música instrumental francesa nas cortes alemãs.

Os Concertos de Brandenburgo inserem-se nesse contexto. Trata-se de um conjunto de seis concertos sensivelmente diversos, tanto no âmbito instrumental como na concepção estrutural e estilística. Bach, que soube, como ninguém, assimilar a música do seu tempo, compôs uma espécie de síntese do gênero, um modelo, de altíssimo nível, das possibilidades estruturais e expressivas do concerto. Os Seis Concertos para vários instrumentos – compostos quando Bach trabalhava na corte de Köthen – acabaram por tornar-se conhecidos como Concertos de Brandenburgo graças

Instrumentação: cravo, cordas.

JOHANN SEBASTIAN BACH (Alemanha , 1685 – 1750)

Concerto de Brandenburgo nº 4 em Sol maior, BWV 1049 (1719/1720)

ao hábito germânico de referir-se às obras pelo nome do dedicatário ou homenageado. De fato, foram dedicados não ao príncipe de Köthen, mas ao marquês de Brandenburgo-Schwedt, que Bach havia conhecido em Berlim. Na longa dedicatória escrita em francês, língua em vigor na corte de Berlim à época, o compositor deixa transparecer sua intenção de conseguir um posto a serviço do marquês, o que nunca se concretizou.

O Concerto nº 4 foi escrito para um violino e duas flautas como solistas (concertino) e uma orquestra (ripieno) de cordas e baixo contínuo. Embora seus três movimentos (rápido-lento-rápido) sejam típicos dos concertos italianos, sua densidade estrutural vai além das concepções vivaldianas. O primeiro movimento (Allegro), de sabor francês, possui escrita virtuosística para o violino solista (assim como o terceiro movimento), enquanto as flautas travam um diálogo extraordinariamente gracioso. No segundo movimento (Andante) o violino solista se junta ao ripieno

Para ouvir CD Bach – Brandenburg Concertos – English Baroque Soloists – John Eliot Gardiner, regente – SDG – 2009

CD Johann Sebastian Bach – 6 Brandenburg Concertos; 4 Orchestral Suites – The English Concert – Trevor Pinnock, regente – Archiv – 1989

Para assistirOrquestra Mozart – Claudio Abbado, regente Acesse: tinyurl.com/bbrandenburgo4

Para ler John Eliot Gardiner – Bach: music in the castle of heaven – Knopf – 2013

Christoph Wolff – Johann Sebastian Bach: the learned musician – W. W. Norton & Cia – 2001

para construir a base para o solo das flautas. O terceiro movimento (Presto) é um grande exemplo da feliz aliança entre a estrutura contrapontística germânica e o brilhantismo italiano.

Como o marquês não dispunha de orquestra tão grande, nem de músicos de tão alto nível, os Concertos não foram executados e acabaram na biblioteca do castelo. Descobertos mais de cem anos depois, em 1849, foram publicados no ano seguinte, nas celebrações do centenário da morte de Bach.

guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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Há sempre um “não sei quê” em Dvorák que causa um maravilhoso estranhamento... Certas colorações harmônicas, certos modalismos, certas construções melódicas que, nas palavras de João Cabral de Melo Neto, “açulam a atenção” de um ouvido condicionado à causalidade e linearidade absolutas do mais clássico sistema tonal. Dvorák nunca se afastou da tradição romântica e suas fontes primevas seguem indiscutivelmente o grande melodismo de Schubert e Brahms. Na sua linguagem sinfônica se notam claramente Brahms, mais Liszt e Wagner como fontes principais. No entanto, há uma espécie de diferencial em seus resultados sonoros que não se pode explicar senão pela

adoção de uma postura estética diretamente vinculada às suas origens nacionais. Ou, antes, uma postura estética que leva em conta a corrente inaugurada por Smetana, na Boêmia. Uma corrente que persistiria para além do próprio Romantismo e que se tornaria fecunda já bem adentrada no século XX, gerando nomes como o de Janácek e, mais tarde, o próprio Bartók.

É interessante notar que a Escola inaugurada por Smetana se torna, assim, uma espécie de “ideologia musical” supraestilística, que tem força e autonomia suficientes para transitar entre diversos idiomas musicais sem perder sua integridade. Talvez seja este o caso de Dvorák. Pintá-lo como

Instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

ANTONÍN DVORÁK (República Tcheca , 1841 – 1904)

Sinfonia nº 4 em ré menor, op. 13 (1874)

representante ilustre de certo nacionalismo musical boêmio seria diminuir tanto a sua obra, de inquestionável valor estético, quanto a sua linguagem.

É certo que Dvorák busca no folclore boêmio elementos para sua criação. Mas, é como se o folclore ali estivesse, e ao mesmo tempo não estivesse. Ou, que me perdoe a Antropologia, é como se em sua obra houvesse um folclore como gostaríamos que fosse. Não há citações, se não raramente, em suas obras. Há, isso sim, a recriação de um material musical de que ele tem pleno conhecimento e plena vivência, mas de que não precisa se apropriar. Um material que é a sua própria argamassa para a construção. Assim, Dvorák se firma em dois elementos fundamentais para alicerçar sua linguagem: de um lado, a solidez da tradição musical do Romantismo Alemão e, de outro, a própria tradição musical folclórica da Boêmia, que rejunta e remodela, criando um resultado original e único. Esse resultado lhe valeu merecidamente o reconhecimento de seus contemporâneos (incluindo Brahms e Tchaikovsky) e títulos acadêmicos, como os

de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Cambridge e pela Universidade de Praga.

As nove sinfonias de Dvorák começam a ser compostas quando o compositor contava vinte e quatro anos de idade. Da primeira à última somam-se vinte e oito anos de trabalho criador, que de forma alguma se resumiu ao repertório puramente sinfônico: sua obra conta com diversas peças para música de câmara em várias formações, concertos para instrumentos solistas (vários para piano e um, célebre, para violoncelo), canções, obras para piano solo, dez óperas e diversas obras para coro e orquestra, dentre as quais ressaltam o importante Stabat Mater e o Requiem. No entanto, desde sua primeira sinfonia, intitulada Os Sinos de Zlonice, já

Para ouvir Dvorák – The 9 Symphonies – Orquestra Filarmônica de Berlim, Orquestra Sinfônica da Rádio da Baviera – Rafael Kubelik, regente – Deutsche Grammophon – 1999

Orquestra Filarmônica Eslovaca – Zdenek Kosler, regente | Acesse: tinyurl.com/dsinf4

Para ler Michael Beckerman: Dvorák and his world – Princeton University Press – 1993

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se revelam as características que viriam a se tornar recorrentes em sua produção posterior: o apego (por falta de termo melhor) à tradição musical boêmia e o profundo respeito pela arte erudita germânica. Dessa amálgama se constrói a sua linguagem.

A Sinfonia nº 4, op. 13, em ré menor, forma parelha com a sinfonia anterior. Ambas são marcadas pelo profundo impacto que teve em Dvorák a música de Richard Wagner. Se, porém, na Terceira Sinfonia isso transparece de forma explícita, na Quarta, entretanto, já se expressa a fusão entre a mentalidade musical boêmia e a formação intelectual germânica que sempre guiaram a atividade criadora de Dvorák.

Composta entre janeiro e março de 1874, a Quarta Sinfonia foi estreada em maio do mesmo ano, sob a batuta de ninguém menos que Bedrich Smetana, em Praga. Embora aí se ouça nitidamente a presença de Wagner (como de Tannhäuser, no segundo movimento), não se pode em

absoluto falar de subserviência ao modelo germânico. Dvorák sabe usar de suas fontes como modelo, mas nunca como gabarito. A presença do elemento boêmio atenua, assim, as fontes wagnerianas, e a obra, como tudo em Dvorák, soa original e autônoma. Tanto assim é que elementos do terceiro movimento foram usados, posteriormente, como motivos de composições para piano a quatro mãos.

A Quarta Sinfonia de Dvorák é, hoje, uma de suas obras mais celebradas, assim como a oitava e a nona sinfonias: talvez pela maestria da elaboração formal, talvez somente pela originalidade, ou pela riqueza e acessibilidade melódica. O fato é que sempre há um “não sei o quê” na obra de Dvorák que sempre açula a atenção...

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moacyr laterza filho | Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

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Johannes BRAHMS Abertura Trágica, op. 81 [13 min]

Camille SAINT-SAËNS Concerto para piano nº 4 em dó menor, op. 44 [27 min] Allegro moderato – Andante

Allegro Vivace – Andante – Allegro

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Alberto NEPOMUCENO Sinfonia em sol menor [32 min] Allegro con entusiasmo

Andante quasi adagio

Presto - Intermezzo - Presto

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Marcos Arakaki, regenteAnna Malikova, piano

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MARCOS ARAKAKI

Marcos Arakaki é natural de São Paulo. Bacharel em violino pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), concluiu seu mestrado em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts em 2004, sob a orientação do maestro Lanfranco Marcelletti.

Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes, promovido pela Orquestra Petrobras Sinfônica em 2001, e I Prêmio Camargo Guarnieri, realizado pelo Festival Internacional de Campos do Jordão, em 2009.

Arakaki vem dirigindo as principais orquestras brasileiras, como as sinfônicas dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, a Petrobras Sinfônica, as sinfônicas do Teatro Nacional Claudio Santoro de Brasília, de Campinas, da USP, a Orquestra de Câmara da Osesp e a Orquestra Experimental de Repertório. No exterior, dirigiu orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, Ucrânia e República Tcheca.

Realizou turnês nacionais e regionais com a Camerata Fukuda,

com a Orquestra Sinfônica Brasileira e com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. À frente da Orquestra Sinfônica Brasileira, gravou em 2010 a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.

Em 2005, foi o principal regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Entre 2007 e 2010, trabalhou como regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba e regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira. Como regente titular, Arakaki promoveu a reestruturação da Orquestra Sinfônica Brasileira

Jovem entre 2008 e 2010, recebendo grande reconhecimento da crítica especializada e do público na cidade do Rio de Janeiro.

Marcos Arakaki é Regente Associado da Orquestra Filarmonica de Minas Gerais, regente titular da Orquestra Sinfônica UFPB e professor visitante da Universidade Federal da Paraíba.

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ANNA MALIKOVA

Anna Malikova nasceu em Tashkent, Uzbequistão, onde teve suas primeiras aulas de piano com Tamara Popovich. Estudou em Moscou com Lev Naumov na Escola de Música Central e no Conservatório Tchaikovsky, onde se formou em 1991. Foi professora no Conservatório e começou sua carreira na ex-União Soviética, atuando em recitais solo nas cidades de Moscou, São Petersburgo, Omsk e Baku, para citar algumas. Também se apresentou com orquestras em Ekaterinburgo, Minsk, Nizhny Novgorod, Kazan, Tashkent e outras.

Premiada em importantes competições internacionais em Oslo, Varsóvia e Sydney, a pianista passou a se apresentar no Ocidente. Foi convidada a tocar com a Orquestra de Câmara da

Austrália, a Sinfônica de Sydney, a Filarmônica Nacional de Varsóvia, a Academia de St Martin in the Fields e a Bavarian Broadcasting Corporation Orchestra da Baviera, entre outras.

Em 1993, Anna Malikova foi vencedora do 1º Prêmio na ARD International Music Competition, em Munique – o único primeiro prêmio conquistado por um pianista em um período de doze anos. Esse sucesso consolidou seu trabalho no cenário internacional. Atualmente ela se apresenta em recitais solo, atua como parceira de música de câmara e é solista em orquestras por toda a Europa, América do Sul, Oriente Médio e Extremo Oriente. Paralelamente, participa também como jurada convidada em concursos internacionais de piano, como as Competições Chopin

de Moscou e Pequim, o concurso Vianna da Motta, em Lisboa, o Gyeongnam, na Coreia, e o Concurso Europeu de Piano, na França.

Além de sua agenda de concertos, Anna Malikova se dedica a um amplo repertório de gravações. Até o momento, gravou em CD a maioria das importantes obras de Chopin, Schubert, Liszt, Shostakovich, Prokofieff e Soler. Gravou os cinco concertos para piano de Camille Saint-Saëns com a Radio Symphony Orchestra Cologne sob a batuta de Thomas Sanderling, trabalho premiado com o cobiçado Prêmio Classical Internet. Em 2010, Anna lançou um álbum com as obras para piano de Tchaikovsky.

Seus projetos para o futuro incluem turnês por toda a Europa, América

do Sul e Ásia. Será membro do júri do Concurso Maria Canals, na Espanha, e da Int’l Tchaikovsky Youth Competition, na China. Recentemente, Anna Malikova produziu, pelo selo Acousence, uma nova gravação do Segundo Concerto para Piano de Brahms, com a Orquestra Filarmônica de Duisburg, na Alemanha, regida por Jonathan Darlington. Com o mesmo selo a artista trabalha na gravação das dez sonatas de Scriabin.

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Ao examinar a lista de composições de Brahms, um fato curioso salta aos olhos: sua predileção por compor pares de obras do mesmo gênero. Ele não apenas possui duas Serenatas para orquestra (opp. 11 e 16), dois Concertos para piano (opp. 15 e 83), duas Sonatas para violoncelo (opp. 38 e 99), duas Sonatas para clarineta (op. 120, nos 1 e 2), dois Quintetos de cordas (opp. 88 e 111) e dois Sextetos de cordas (opp. 18 e 36), como outras tantas obras foram compostas em pares, tais como as Sinfonias nos 1 e 2 (1876 e 1877), as Sinfonias nos 3 e 4 (1883 e 1885), as Sonatas para violino nos 2 e 3 (1886 e 1888), os dois Quartetos de cordas op. 51 (1873) e os Quartetos para piano nos 1 e 2 (1861). Ainda mais curioso é o fato de que estes pares geralmente se caracterizam por

obras com humor contrastante: enquanto uma é impetuosa, exuberante e cheia de vida, sua congênere costuma ser misteriosa, introspectiva, e até mesmo melancólica.

A Abertura Trágica (op. 81) possui também seu par: a Abertura Festival Acadêmico (op. 80), escrita em agradecimento ao título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Filosofia da Universidade da Breslávia, em que o autor tratou com certa grandiloquência leves canções estudantis. De caráter diametralmente oposto é a Abertura Trágica, obra intensa, dramática e, em alguns momentos, cheia de melancolia.

A indicação de andamento no início da partitura apresenta o

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, cordas.

JOHANNES BRAHMS (Alemanha , 1833 – Áustria , 1897)

Abertura Trágica, op. 81 (1880)

caráter da obra: Allegro ma non troppo (em oposição ao Allegro da Abertura Festival Acadêmico). Quando examinadas de perto, percebemos que as indicações de andamento dizem muito mais do que meras formalidades de velocidade de execução. Ao contrário do usualmente aceito, Allegro não significa apenas que uma obra deva ser executada em alta velocidade, mas que ela deva portar o caráter “alegre” em sua interpretação. Em peças de puro exercício mecânico, onde a velocidade da execução é mais importante que o caráter, Brahms inverte os termos e escreve Non troppo allegro (como nos nos 25a e 31a de seus 51 Exercícios para piano, WoO 6), querendo dizer “não tão rápido”. Portanto, Allegro ma non troppo, muito mais do que significar “rápido, mas não tanto”, significaria “alegre, mas não tanto”, um meio termo entre o “alegre” e o “não alegre”.

Executada pela primeira vez em Viena, no dia 26 de dezembro de 1880, a Abertura Trágica possui dois temas. O primeiro, extremamente

Para ouvir CD Brahms – Symphony no 4; Academic Festival Overture; Tragic Overture – Cleveland Orchestra – George Szell, regente – Sony Classical – 1991

Para assistirOrquestra Real do Concertgebouw – Daniele Gatti, regenteAcesse: tinyurl.com/btragica

Para ler Jan Swafford – Johannes Brahms: a biography – Vintage – 1999

Styra Avins – Johannes Brahms: life and letters – Oxford University Press – 2001

longo e variado, surge no início da obra, com os dois ataques em fortissimo da orquestra seguidos pela melodia das cordas. Após uma longa e misteriosa transição temos o segundo tema, uma intensa melodia apresentada pelos violinos e respondida pelos sopros. Os dois ataques em fortissimo surgem novamente, dando início a uma longa seção onde todo o material será retrabalhado. Finalmente, quando esperamos o ressurgimento dos dois temas, eis que ouvimos apenas fragmentos do primeiro e somos surpreendidos pela súbita aparição do segundo. A longa e dramática coda nos reserva um final surpreendente.

guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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Camille Saint-Saëns dedicou-se durante a década de 1870 a compor óperas, concertos e obras sinfônicas, retomando o gênero poema sinfônico criado em seu país por Berlioz e firmado por Liszt na Alemanha. Obcecado pela forma, Saint-Saëns primou pela estruturação musical em detrimento da expressão e deu a suas obras um significado além do descritivo e do afetivo, suprimindo os impulsos sentimentais do Romantismo. Assim ele atinge sua maturidade artística, frutificada na estética objetiva e impessoal da “arte pela arte”, encontrando na Antiguidade Clássica os assuntos de suas novas criações sinfônicas. E foram três obras dessa década que lhe deram prestígio mundial: o Concerto para piano nº 4, a Dança Macabra e a ópera Sansão e Dalila. Essas

criações se contrapõem a certa reputação de compositor inconsistente, incompreendido por usar seu vasto conhecimento e enorme talento para compor melodias simples e leves. Segundo Claude Debussy: “Saint-Saëns é o homem que melhor conhece a música do mundo inteiro. Essa ciência da música, aliás, levou-o a jamais consentir em submetê-la aos seus desejos pessoais”.

A busca de um estilo sóbrio, elegante e de formas perfeitas estimulou Saint-Saëns a organizar interessantes estruturas para suas obras de maior porte. No Concerto para piano nº 4, por exemplo, a forma sonata, incansavelmente explorada no sinfonismo alemão, foi habilmente substituída por um esquema a meio caminho

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, cordas.

CAMILLE SAINT-SAËNS (França , 1835 – Argélia , 1921)

Concerto para piano nº 4 em dó menor, op. 44 (1875)

entre o tema e variações e o desenvolvimento temático dos poemas sinfônicos. Saint-Saëns estruturou-o em dois grandes movimentos, cada qual subdividido em seções que se interrelacionam.

Elogiado por conter “a força de Liszt e a suavidade de Chopin”, o Concerto nº 4 foi estreado em Paris no ano de sua composição, com o autor ao piano, numa série de concertos dedicados à memória de Georges Bizet. A seção inicial do primeiro movimento (Allegro moderato) consiste num tema mozartiano, soturno e suspirante, modificado em três amplas variações encerradas por uma grande escala ao piano. Curiosamente, ao final da última variação, rápidas oitavas alternadas nas mãos do pianista revelam o tema que surgirá no começo do segundo movimento (Allegro vivace). A seguir, num momento de expectativa, arpejos do piano e madeiras em coro transformam a textura, marcando o início de uma nova seção (primeiro Andante). Entre suaves divagações, o piano expõe um melodioso tema,

Para ouvir CD Saint-Saëns – Complete Piano Concertos – Thomas Sanderling, regente – Anna Malikova, piano – Orquestra Sinfônica da Rádio de Colônia Ocidental, Alemanha – Audite – 2010

Orquestra Philharmonia – Charles Dutoit, regente – Pascal Rogé, piano Acesse: tinyurl.com/sspiano4

Para ler Attila C. Sampaio e Dietmar Holland – Guia Básico dos Concertos – Ed. Civilização Brasileira – 1995

desenvolvido até o final do primeiro movimento com imensa fantasia.

O começo do segundo movimento (Allegro vivace) já nos fora revelado. Porém, o que se segue é surpreendente: ressurge o tema inicial da obra, antes soturno, agora agitado. Saint-Saëns fecha a primeira seção com a mesma chave: uma grande escala ao piano. Retornamos assim à seção lenta (segundo Andante) e seu melodioso tema reaparece orquestrado. Porém, logo o piano esbraveja em oitavas e uma fanfarra anuncia a última seção (Allegro). Quem dá as notas do grand finale é o piano, que, soberbamente, volta a reinar, restando à orquestra imitá-lo em seu hino de vitória.

marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais e professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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Em agosto de 1897 Alberto Nepomuceno apresentou, em primeira audição no Brasil, a Sinfonia em sol menor e a Série Brasileira. As peças sinalizavam dois aspectos primordiais de sua produção. A admirável feitura artesanal da Sinfonia refletia a maestria técnica adquirida pelo compositor em longos anos de aprendizado europeu. Já a Série, apesar da singeleza de sua orquestração, tornou-se um marco inicial para a orientação nacionalista da música brasileira – no primeiro movimento, intitulado Alvorada na serra, Nepomuceno utiliza o tema folclórico Sapo cururu e, no Batuque final, a percussão inclui um reco-reco, o que enfureceu a crítica mais ortodoxa da época.

Duas décadas depois, os críticos modernistas consagravam

Alberto Nepomuceno como um arauto do nacionalismo musical brasileiro. De fato, o compositor foi dos primeiros a empregar sistematicamente elementos do nosso folclore em suas composições, além de empreender uma intensa campanha pelo canto em Português, enfrentando a reação violenta de críticos que consideravam nossa língua imprópria para a canção lírica. No contexto da obra de Nepomuceno, porém, esses aspectos nacionalizantes representam apenas uma possibilidade estética, entre muitas outras. Mesmo porque seus ideais nacionalistas se inspiravam em modelos europeus (na Escola Russa do Grupo dos Cinco e na música de Grieg), constituindo “novidades” tão sugestivas e fascinantes quanto o wagnerismo.

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

ALBERTO NEPOMUCENO (Brasil , 1864 – 1920)

Sinfonia em sol menor (1893/1896)

Alberto Nepomuceno passou a infância e a adolescência em Fortaleza e no Recife. Aos dezoito anos, tornou-se o mais jovem diretor de concertos do Clube Carlos Gomes, em Pernambuco. Em 1885, fez sua estreia como pianista no Rio de Janeiro e tornou-se professor do instrumento no Clube Beethoven, associação pioneira no incentivo à criação e ao cultivo dos gêneros instrumentais de câmara no Brasil.

Em 1888, Nepomuceno iniciou seus estudos na Europa. Em Roma, no Liceu Musical Santa Cecília, estudou piano com Giovanni Sgambati e harmonia com Cesare de Sanctis, cujo Tratado de harmonia enviou a Leopoldo Miguez, para ser adotado no recém-fundado Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro.

Em Berlim, na Escola Superior de Música, foi aluno de Composição de Herzogenberg, grande amigo de Johannes Brahms, compositor que Nepomuceno admirava e pôde assistir em concertos vienenses. Na capital austríaca, estudou alta interpretação pianística e teve como colega sua futura esposa, a pianista norueguesa Walborg Bang, aluna de

Edvard Grieg. A amizade duradoura com Grieg, representante máximo do nacionalismo romântico nórdico, reavivou os interesses do compositor cearense pelos estudos folclóricos.

De volta ao Brasil, Nepomuceno empreendeu intensa campanha em favor do emprego do idioma nacional no canto erudito e compôs uma série de canções em parceria com importantes escritores da época (Coelho Netto, Machado de Assis e Olavo Bilac).

Alberto Nepomuceno dedicou-se também ao ensino e foi diretor do Instituto Nacional de Música por duas gestões (entre seus alunos, destacam-se Luciano Gallet e Lorenzo Fernandez). Na mesma instituição, lecionou

Para ouvir Alberto Nepomuceno – Sinfonia em sol menor – Orquestra Sinfônica Brasileira – Edoardo de Guarnieri, regente – Movieplay – 1999

Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas – Benito Juarez, regente Acesse: tinyurl.com/nsinfsolmenor

Para ler Luiz Heitor Corrêa de Azevedo – 150 Anos de Música no Brasil (1800-1950) – Livraria José Olimpio – 1956

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órgão, instrumento em que se aperfeiçoara com grandes mestres alemães, franceses, austríacos e noruegueses. Com objetivos didáticos traduziu, em 1916, o Tratado de Harmonia de Schönberg.

Como maestro da Associação de Concertos Populares, apresentou no Rio de Janeiro, em primeiras audições brasileiras, obras contemporâneas de compositores europeus (como o Prélude à l’après midi d’un faune de Debussy). Na Europa, realizou concertos de música brasileira.

Visando à valorização dos compositores nacionais, Alberto Nepomuceno responsabilizou-se pela publicação da obra de jovens talentos, entre outros Villa-Lobos. Paralelamente, empenhou-se no trabalho de recuperação de obras antigas, sobretudo as do Padre José Maurício Nunes Garcia, cuja Missa festiva regeu na inauguração da igreja Nossa Senhora da Candelária do Rio de Janeiro.

A Sinfonia em sol menor de Nepomuceno é, ao lado da

Sinfonia op. 43 de H. Oswald, a única obra do gênero no Romantismo brasileiro. Foi composta em Berlim e revela a influência direta de Brahms (principalmente no primeiro movimento), de Wagner e de Tchaikovsky. Essas influências mostram um compositor atento à música de seus ídolos e sintonizado com sua época. Entretanto, a Sinfonia é bastante original e, como observa Edino Krieger, deveria figurar habitualmente entre as obras-primas do sinfonismo romântico. Conceituados compositores e críticos a consideram a sinfonia mais importante escrita por um músico americano no século XIX. (Curiosamente, ela é contemporânea à Sinfonia do Novo Mundo, encomendada pelos norte-americanos ao tcheco Antonín Dvorák).

Alberto Nepomuceno faleceu no Rio de Janeiro. Poucos dias antes, Richard Strauss regeu no Teatro Municipal o prelúdio de O garatuja, comédia lírica baseada na obra homônima de José de Alencar, à qual o compositor cearense dedicara muitos anos de seu trabalho.

paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.

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César GUERRA-PEIXE Ponteado [5 min]

César GUERRA-PEIXE Suíte sinfônica nº 1, “Paulista” [23 min] Cateretê (Allegretto – Moderato)

Jongo (Vivace)

Recomenda de almas (Andante solene)

Tambu (Andante – Presto)

primeira audição em belo horizonte

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George GERSHWIN Abertura Cubana [10 min]

George GERSHWIN Concerto em Fá [33 min] Allegro

Adagio – Andante con moto

Allegro agitato

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Fabio Mechetti, regenteIan Parker, piano

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Encantador, descontraído e deliciosamente articulado, o pianista canadense Ian Parker cativa o público por onde passa. Ele já se apresentou com as orquestras filarmônicas de Buffalo, Calgary, Erie, Hamilton e Louisiana, com a Orquestra de Câmara de Cincinnati, a Orquestra de Cleveland em Blossom e as sinfônicas de Cincinnati, Edmonton, Greenwich, Honolulu, Kitchener-Waterloo, Long Beach, Nacional (Washington, D.C.), Pensacola, Quebec, Regina, San Francisco, Toronto, Vancouver, Victoria, Virginia e Winnipeg. Os destaques da temporada 2013/2014 incluem apresentações com a Eugene Symphony, Hong Kong Sinfonietta e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Brasil, além de performances nos festivais de Britt e de Brott.

Recitalista entusiástico, Parker tem se apresentado nos Estados Unidos, Europa Ocidental, Israel e por todo o Canadá em turnês com Debut Atlantic e Jeunesses Musicales du Canada. Em 2004 estreou no Walter Reade Theater do Lincoln Center. Na próxima temporada, atuará em recitais com a Camerata Musica e a North Okanagan Community Concerts Association, subirá ao palco novamente com o Quarteto Vogler e fará sua estreia com o Borealis Quartet. Recentemente, iniciou uma parceria com o Attacca Quartet.

Ian Parker é também um artista ativo no que se refere à gravação de álbums. Em 2010 foi lançado pela ATMA Classique um CD com o Concerto em Sol de Ravel, o Capriccio de Stravinsky e o Concerto em Fá de Gershwin, gravado com a

London Symphony sob regência de Michael Francis. Um CD solo com fantasias de Chopin, Schumann e Beethoven foi lançado no mesmo ano pela Azica Records.

Vencedor do Primeiro Prêmio no Concurso Nacional da Rádio CBC 2001, Parker também conquistou o Grande Prêmio no Festival Nacional de Música do Canadá, no Concurso Internacional de Corpus Christie e na Montreal Symphony Orchestra Competition. Na Juilliard School, recebeu o prêmio William Petschek Piano Debut de 2002 e por duas vezes foi vencedor da Gina Bachauer

Piano Scholarship Competition. Com trabalhos frequentemente executados na rádio CBC, o músico também já se apresentou ao vivo na rádio WQXR, em Nova York.

Nascido em uma família de pianistas de Vancouver, Ian Parker começou seus estudos de piano aos três anos, com seu pai, Edward Parker. Possui bacharelado e mestrado em Música pela Juilliard School, onde foi aluno de Yoheved Kaplinsky. Quando aluno da Juilliard, recebeu do Conselho das Artes do Canadá o Sylva Gelber Career Grant, concedido anualmente ao “mais talentoso artista canadense”.

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Aos prelúdios que, no Nordeste, “dão o tom” dos cantos versificados, assim como aos fragmentos dedilhados ao violão para enriquecer os versos e desafiar o improviso do poeta, e, ainda, ao solo instrumental que permite aos cantadores descansarem suas vozes – dá-se o nome de ponteado. Ponteado e não ponteio, pois que este último seria uma “corruptela inventada por intelectuais”, afirma Guerra-Peixe. Por sua fidelidade à cultura popular, o compositor tornou-se um dos mais respeitados folcloristas do país, um compositor nacional em termos, além de estéticos, sociais. Guerra-Peixe foi um

agente de destaque no universo da radiodifusão, compôs para cinema, estudou a dança de salão e foi professor de inúmeras instituições de música – dentre as quais a Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de admirável ativista no campo das discussões artísticas.

Afora inúmeros registros da cultura sonora nordestina e paulista, Guerra-Peixe publicou em 1955 Maracatus de Recife, elaboração de sua recém-vivida experiência em Pernambuco, para onde se mudara, passando a dedicar-se à pesquisa. No Carnaval, conheceu os autênticos executantes de frevo,

Instrumentação do Ponteado: flauta, oboé, 2 clarinetes, fagote, 2 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tímpanos, percussão, cordas.

Instrumentação da Suíte: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 4 trombones, tuba, tímpanos, percussão, piano, celesta, cordas.

CÉSAR GUERRA-PEIXE (Brasil , 1914 – 1993)

Ponteado (1955) Suíte sinfônica nº 1, “Paulista” (1955)

maracatu, caboclinhos e bumba meu boi. No sertão descobriu o xangô, o catimbó, o coco, o pastoril, a zabumba, as excelências e benditos de reza de defunto, experiência que, somada aos pregões da capital, levaram-no a deixar provisoriamente a composição a fim de entender a grandeza da cultura regionalista. Releu Os Sertões de Euclides da Cunha e teve acesso ao Manifesto Regionalista de 1926 – lançado por intelectuais nordestinos encabeçados por Gilberto Freyre. A fusão entre textos como esses e o universo musical popular múltiplo do Nordeste levou Guerra-Peixe a sepultar definitivamente seu ímpeto dodecafônico – partilhado com H. J. Koellreutter e o movimento Música Viva na década de 1940 – e contribuiu para o florescimento de seu folclorismo, seguido de um nacionalismo convicto, radicalizado quando de sua transferência para São Paulo em 1953.

Sua “fase nacional” apresenta um compositor socialmente engajado que gravita em torno do ideário de Mário de Andrade. Arauto do Modernismo brasileiro, Mário propôs, no final dos anos 1920, que a maturação da cultura nacional compreendesse três fases: a da

Para ouvir Suíte sinfônica nº 1 – Orquestra do Estado de Moscou – Edoardo di Guarnieri, regenteAcesse: tinyurl.com/gpssinf1

Para assistir Ponteado – Orquestra do Estado de Mato Grosso – Leandro Carvalho, regente Acesse: tinyurl.com/gpponteado

Para ler Antônio Emanuel Guerreiro de Faria Jr. e outros – Guerra-Peixe: um músico brasileiro – Lumiar/Chediak – 2007 César Guerra-Peixe – Maracatus de Recife – Ricordi – 1956

Para visitar Acesse: www.guerrapeixe.com

tese nacional, a do sentimento nacional e a da inconsciência nacional. Segundo Guerra-Peixe, o momento vivido pela cultura musical brasileira nos anos 1950 era justamente a primeira fase – a da tese nacional. O compositor defendia à época que a composição musical se inspirasse na fotografia, a fim de oferecer um registro artístico da musicalidade popular. No entanto, como dizia, “não se trata de fotografia como retratinho 3 x 4 destinado a documento pessoal; mas fotografia artística no sentido de que a fonte do material sonoro (isto é, aquilo que é focalizado) seja, em termos de arte, suficientemente reconhecível ou

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pressentido pelo ouvinte leigo em tais problemas. E isso é diferente de ‘copiar o folclore’, como às vezes ocorre dizerem por aí”.

Nos seus primeiros anos em São Paulo, Guerra-Peixe descobre toda a música folclórica do litoral. “Os contrastes entre a música paulista e a pernambucana são vistos a cores vivas: as semelhanças também”, declarou o compositor. Guardando suas experiências regionais, e com as ideias de Mário de Andrade, Euclides da Cunha e dos intelectuais pernambucanos como nítidas referências, retoma então o ofício composicional com intensidade. Opta por suítes e pelas formas menores, considerando que estas lhe permitiam demarcar com mais facilidade os elementos populares segundo suas fontes de origem. Em 1955 compõe suas duas suítes sinfônicas, a Paulista e a Pernambucana. A primeira destas foi estreada no dia 4 de julho de 1956 pela Orquestra Municipal de São Paulo, sob a regência do maestro Eduardo di Guarnieri, a quem a obra fora dedicada.

O maestro Guarnieri foi o responsável por levar a Suíte Sinfônica Paulista ao público de Moscou e a outros centros da União Soviética, além de gravá-la pela RGE em 1957, com a Orquestra Estadual de Moscou. A suíte reúne quatro partes, utilizando, na terceira, tema recolhido pelo folclorista Rossini Tavares de Lima: 1. Cateretê (Allegretto – Moderato); 2. Jongo (Vivace); 3. Recomenda de almas (Andante solene); 4. Tambu (Andante – Presto).

O Ponteado, composição do mesmo ano, foi estreado pela Orquestra Sinfônica Brasileira no Rio de Janeiro, regida por Bernardo Federowski. A reunião das duas obras num mesmo concerto foi promovida pela primeira vez por Edoardo di Guarnieri em sua turnê russa. A combinação “soa” perfeitamente como um retrato no qual figuram a cultura musical brasileira e a própria história de vida do compositor.

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igor reyner | Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

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Comparações são sempre temerárias, mas nunca deixam de ser interessantes. Se, despretensiosamente, fizéssemos um paralelo entre George Gershwin e Heitor Villa-Lobos, veríamos grandes coincidências. Villa-Lobos nasceu em 1887. Gershwin, 11 anos depois (1898). Embora Villa-Lobos tenha vivido bem mais tempo que Gershwin (que morreu aos 39 anos), ambos compartilharam um lapso de tempo em que produziram obras significativas de sua carreira: os Choros de Villa-Lobos, para dar um único exemplo, começaram a ser compostos em 1924, mesmo ano de composição da Rapsódia em Blue, de Gershwin. Certas melodias

de Villa-Lobos há muito já se incorporaram ao cancioneiro e ao imaginário popular do Brasil. Da mesma forma, certas canções de Gershwin (que, por razões político-econômicas, têm um alcance mais abrangente) incorporaram-se à cultura popular não apenas estadunidense, mas universal. Como músico, Villa-Lobos transitava abertamente e sem qualquer cerimônia por entre os domínios da música dita popular, do folclore e da música dita erudita. Gershwin, da mesma forma, não hesitava em compor a música para peças musicais da Broadway. Villa-Lobos deve grande parte de seu idioma musical às tradições musicais

GEORGE GERSHWIN (Estados Unidos, 1898 – 1937)

Abertura Cubana (1932) Concerto em Fá (1925)

afro-americanas. Gershwin tem, confessadamente, no jazz e no blues (cujas raízes também são afro-americanas) sua fonte primária. Quer se trate de coincidências, quer se trate de uma espécie de Zeitgeist que permeava ambientes culturais distanciados do polo europeu centralizador, consciente ou inconscientemente determinados a traçar a sua própria trilha e a declarar a sua independência cultural, é certo que, a partir dessa comparação poder-se-ia estabelecer uma curiosa razão aritmética: Villa-Lobos está para o Brasil assim como Gershwin está para os Estados Unidos.

O princípio do século XX se vê fascinado pelo jazz. O jovem Ravel, por exemplo, não esconde seu entusiasmo, traduzido depois na Sonata para Violino, no Concerto em Sol para piano e orquestra, em certas passagens de L’enfant et les sortilèges. No entanto, o movimento que Ravel realiza em relação ao jazz é vetorialmente contrário ao de Gershwin. Um enxerga no jazz um caminho possível para novas conquistas expressivas e para certo distanciamento do sistema tonal. O outro enxerga, justamente na música de concerto, um

caminho possível para a legitimação social e cultural de uma linguagem musical até então segregada (por razões inclusive políticas) a um segundo plano da Cultura.

O Concerto em Fá foi composto em 1925, um ano depois da Rapsódia em Blue, obra icônica de Gershwin. Ambas as obras foram motivadas por uma mesma razão: Paul Whiteman, um importante maestro de bandas, incentivou Gershwin vivamente a trasladar seu trabalho de composição para o contexto sinfônico. Assim nasceu a Rapsódia em Blue. Depois de sua estreia, Walter Damrosch, diretor da Sociedade Sinfônica de Nova York (mais tarde, Orquestra Sinfônica de

Para ouvir CD Concerto em Fá; Rapsódia em Blue; Um Americano em Paris – Orquestra Sinfônica de Colúmbia; Filarmônica de Nova York; Orquestra André Kostelanetz – Leonard Bernstein e André Kostelanetz, regentes – André Previn, piano – Sony – 2007

Para assistirOrquestra Filarmônica da Rádio da Holanda – Leonard Slatkin, regente – Marc-André Hamelin, piano | Acesse: tinyurl.com/gconcfa Orquestra Filarmônica de Los Angeles – Gustavo Dudamel, regente | Acesse: tinyurl.com/gcubana

Para ler Howard Pollack – Gershwin: his life and work – University of California Press – 2007

Instrumentação da Abertura: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

Instrumentação do Concerto: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, cordas.

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Nova York), encomendou-lhe um concerto “de fato”.

Embora Gershwin tenha tido a ajuda de Ferde Grofé na orquestração da Rapsódia, para o Concerto em Fá ele decidiu assumir sozinho a tarefa. O resultado foi mais que bem-sucedido, sem detrimento da linguagem jazzística que aí também se mantém. Mais do que isso, a orquestração, muitas vezes inusitada (note-se, por exemplo, o uso expressivo dos tímpanos e da percussão), revela um pensamento musical e sonoro livre de preconceitos e imbuído de certa ironia e de certa leveza, características do jazz e da música de cena norte-americana. No segundo movimento, por exemplo, Gershwin transporta para o contexto sinfônico certas sonoridades e certos aspectos de caráter improvisatório tão típicos do jazz e do blues, traduzidos em um solo de trompete. O último movimento recupera, como recurso de unidade, elementos dos movimentos anteriores, incluindo o trabalho com os tímpanos e a percussão. Estreado no ano de sua composição, no Carnegie Hall, sob a batuta de

Damrosch, tendo como solista o próprio Gershwin, o Concerto em Fá gerou opiniões divergentes. A despeito disso, continua sendo uma obra de inquestionável importância, por transitar em uma região limítrofe entre a música dita erudita e a dita popular.

A Abertura Cubana (primeiramente intitulada Rumba) foi composta bem antes de se instalar a tensa idiossincrasia entre Cuba e os Estados Unidos. Motivada por umas férias que Gershwin passara em Havana em fevereiro de 1932, ela foi composta entre julho e agosto do mesmo ano e estreada no mês de sua conclusão. Repleta de citações e apropriações de melodias e ritmos caribenhos, com uma orquestração exuberante, que não hesita em lançar mão da percussão, trata-se de uma obra que, pela importância de Gershwin no contexto musical do Ocidente e pela sua excelência como artista criador, independentemente dos preconceitos de gêneros musicais, sabe, com leve ironia, transitar na região fronteiriça em que Gershwin sempre se manteve.

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moacyr laterza filho | Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

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Abertura da portaria

Abertura do Grande Teatro

Fechamento da portaria e início do concerto

Após o fechamento das portas do Grande Teatro, só é possível

entrar no intervalo entre as obras. Assim, você sempre perde

alguma música. Então, programe-se. Chegue mais cedo, entre com

calma, aproveite para encontrar os amigos e também para ler o

programa, que é feito para você.

Quando não puder ir a um concerto,

sugerimos que você compartilhe essa

experiência com outra pessoa, doando

seu ingresso. Basta mandar um email ou

telefonar com 24 horas de antecedência

para nossa Assessoria de Relacionamento.

SE VOCÊ PERDER A HORA...

...VAI PERDER A MÚSICA.

19h30

19h45

20h30

olá, assinante

assessoria de relacionamento

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3219-9009 (segunda a sexta, 9h a 18h)

www.filarmonica.art.br

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ABRIL

Dia 6 Concertos para a Juventude 2 Encontro com o Clássico domingo, 11h, Sesc Palladium Marcos Arakaki, regenteColin Chatfield, contrabaixoMOZART / DITTERSDORF / BOCCHERINI / HAYDN

Dias 11 e 12 Turnê EstadualTiradentes e São João del-Rei sexta e sábado, 20h, Matriz de Santo Antônio e Igreja de São Francisco de AssisMarcos Arakaki, regenteMelina Peixoto, sopranoLuciana Monteiro, altoMarcos Liesenberg, tenorMisael dos Santos, baixo Coral Ars NovaJ. S. BACH / J. PAULA SOUZA

Dia 12 Turnê Estadual Barroso Concerto de Câmara Quinteto de Soprossábado, 11h30, Paróquia de Sant’Ana do Barroso IBERT / D’RIVERA / FARKAS / BARROSO / ABREU

Dia 17 Allegro 3 quinta, 20h30, Palácio das Artes Marcos Arakaki, regenteAnna Malikova, pianoBRAHMS / SAINT-SAËNS / NEPOMUCENO Dia 29 Vivace 3 terça, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regenteIan Parker, pianoGUERRA-PEIXE / GERSHWIN

PRÓXIMOS CONCERTOSACOMPANHE A FILARMÔNICA EM

OUTRAS SÉRIES DE CONCERTOS

Concertos para a Juventude Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.

Clássicos na Praça Realizados em praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.

Concertos Didáticos Concertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, bem como a instituições sociais, mediante inscrição prévia. Seu formato busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica.

Festival Tinta Fresca Com o objetivo de fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.

Laboratório de Regência Atividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, quinze maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.

Concertos de Câmara Realizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.

Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha contato direto com música sinfônica de excelência.

Turnês Nacionais e Internacionais Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2014, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão.

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Conselho Administrativopresidente emérito Jacques Schwartzmanpresidente Roberto Mário Soares conselheiros Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de Almeida Ítalo GaetaniMarco Antônio Drumond Marco Antônio PepinoMarcus Vinícius Salum Mauricio FreireOctávio ElísioPaulo PaivaPaulo BrantSérgio Pena

Diretoria Executivadiretor presidente Diomar Silveira diretor administrativo-financeiro Igor Vianadiretora de comunicaçãoJacqueline Guimarães Ferreiradiretora de marketing e projetos Zilka Caribé diretor de produção musical Marcos Souza

Equipe Técnicagerente de comunicação Merrina Godinho Delgadogerente de produção musicalClaudia da Silva Guimarãesassessora de programação musical Carolina Debrot produtores Geisa AndradeLuis Otávio RezendeNarren Felipe analistas de comunicação Andréa Mendes –ImprensaMarciana Toledo –PublicidadeMariana Garcia –MultimídiaRenata Romeiro – Design gráficoanalista de marketing de relacionamento Mônica Moreiraanalista de marketing e projetos Mariana Theodoricaassistente de comunicação Renata Gibson

Equipe Administrativa analista administrativo Paulo Baraldianalista contábil Graziela Coelhoanalista financeiro Thais Boaventura analista de recursos humanos Quézia Macedo Silvasecretária executiva Flaviana Mendesassistentes administrativos Cristiane ReisJoão Paulo de Oliveiraauxiliar administrativoVivian Figueiredorecepcionista Lizonete Prates Siqueiraauxiliares de serviços gerais Ailda ConceiçãoClaudia Reginamensageiros Jeferson SilvaPablo Faria menor aprendiz Pedro Almeida

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA / ABRIL 2014

FORTISSIMOabrilNº 3 / 2014

ISSN 2357-7258

editoraMerrina Godinho Delgado

consultora de programa Berenice Menegale

ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS / ABRIL 2014

Primeiros Violinos Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAna ZivkovicArthur Vieira TertoBaptiste RodriguesBojana PantovicDante BertolinoEliseu Martins de BarrosHyu-Kyung JungMarcio CecconelloMateus FreireMegumi TokosumiRodrigo BustamanteRodrigo MonteiroRodrigo de Oliveira

Segundos ViolinosFrank Haemmer *Leonidas Cáceres **Jovana TrifunovicLeonardo OttoniLuka MilanovicMarija MihajlovicMartha de Moura Pacífico Radmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina GostilovitchLuiza Anastácio **** ViolasJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi **Flávia MottaGerry Varona

Gilberto Paganini Juan CastilloMarcelo NébiasNathan MedinaKatarzyna Druzd

VioloncelosElise Pittenger ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEneko Aizpurua PabloLina Radovanovic Robson Fonseca Emilia Neves ****

ContrabaixosColin Chatfield *Nilson Bellotto ** Brian Fountain Hector Manuel EspinosaMarcelo CunhaPablo Guiñez William Brichetto

FlautasCássia Lima *Renata Xavier **Alexandre BragaElena Suchkova

OboésAlexandre Barros *Ravi Shankar **Israel MunizMoisés Pena

ClarinetesMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ** Ney Campos FrancoAlexandre Silva

FagotesCatherine Carignan * Russell RidingAndrew HuntrissCláudio de Freitas

TrompasAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov **Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata

TrompetesMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal

TrombonesMark John Mulley *Wagner Mayer **Renato Lisboa

TubaEleilton Cruz *

TímpanosPatricio Hernández Pradenas *

PercussãoRafael Alberto *Daniel Lemos **Werner SilveiraSérgio Aluotto

HarpaGiselle Boeters *

TecladosAyumi Shigeta *

gerente Jussan FernandesinspetoraKarolina Limaassistente administrativo Débora VieiraarquivistaSergio AlmeidaassistentesAna Lúcia KobayashiClaudio StarlinoJônatas Reissupervisor de montagemRodrigo CastromontadoresIgor AraujoJussan MeirelesRisbleiz Aguiar

* principal ** principal assistente *** principal / assistente substituto **** músico convidado

Diretor Artístico e Regente Titular

Fabio Mechetti

Regente Associado

Marcos Arakaki

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PontualidadeUma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Aparelhos celularesConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

Fotos e gravações em áudio e vídeoNão são permitidas na sala de concertos.

ConversaA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOSO programa mensal é elaborado com a participação de diversos especialistas e oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. Desfrute da leitura e estudo. Em 2014, ele ganha o nome Fortissimo e o registro do ISSN, um código que o identifica, permite a citação de seus textos como referência intelectual e acadêmica e sua indexação nos sistemas nacional e internacional de pesquisa. Para evitar o desperdício, traga sempre o seu programa. Caso o esqueça, use o exemplar entregue pelas recepcionistas e, ao final, deposite-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro. Programa disponível no site: www.filarmonica.art.br//index.php/blog/programas

PARA APRECIAR UM CONCERTO

AplausosAplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos

do regente.

TossePerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

CriançasCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Comidas e bebidasSeu consumo não é permitido no interior da

sala de concerto.

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ACREDITAMOS EM PARCERIAS DE PROXIMIDADE. SÃO DELAS QUE SAEM MELODIAS PERFEITAS.

O músico e seu instrumento. A orquestra e a emoção de sua plateia. Poucas coisas aproximam tanto quanto a música. E estar próximo é algo que a gente valoriza. Por isso, é com muito orgulho que apoiamos a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Contribuir para levar cultura Brasil afora é um jeito especial de tocar as pessoas e estar sempre junto.

Acesse algartelecom.com.br e saiba como nos mantemos próximos com o melhor atendimento e soluções em Voz, Dados, Internet, TI, Outsourcing e Vídeo.

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