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1 CURSO DE TÉCNICO DE EXERCÍCIO FÍSICO E ACTIVIDADE DESPORTIVA 20011/02 TEMPOS LIVRES Sua história, a actualidade e uma perspectiva da actividade física na sua ocupação Ricardo Pereira Realizado para o módulo de Animação e Dinâmica de Grupos Formadora Carla Magalhães

Tempos Livres

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CURSO DE TÉCNICO DE EXERCÍCIO FÍSICO E ACTIVIDADE

DESPORTIVA

20011/02

TEMPOS LIVRES Sua história, a actualidade e uma perspectiva da

actividade física na sua ocupação

Ricardo Pereira

Realizado para o módulo de Animação e Dinâmica de Grupos

Formadora Carla Magalhães

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Índice

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3

A HISTÓRIA DO TEMPO LIVRE ....................................................................................................... 3

O CONCEITO DE TEMPO LIVRE ...................................................................................................... 4

O TEMPO LIVRE E A ACTIVIDADE FÍSICA ....................................................................................... 6

CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 7

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 7

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho pretendo fazer uma abordagem histórica do conceito de Tempos Livres,

das origens até à actualidade, descrevendo um pouco as suas formas de actividade,

focalizando o assunto no lazer desportivo em Portugal.

A HISTÓRIA DO TEMPO LIVRE

A origem dos Tempos Livres remonta ao tempo da Grécia antiga, onde era apelidado

de ócio, sendo este a condição essencial para o atingir o ideal de sabedoria, tendo as

actividades laborais um papel secundário na vida, isto no que concerne aos atenienses,

uma vez que os espartanos eram um povo guerreiro. O dia a dia do povo ateniense era

passado em termas, ginásios ou em locais de reunião.

A etimologia da palavra ‘’ócio’’ é proveniente do grego skole, em latim schola e em

castelhano escuela, permitindo afirmar que a educação significava ócio.

Para Aristóteles, o ócio era uma condição ou estado de estar livre da necessidade de

trabalhar, contrapondo o ócio à acção. As actividades de recreio e diversão estavam

directamente relacionadas com descanso do trabalho, e a capacidade de empregar

devidamente o ócio era a base do homem livre e da felicidade humana.

Em Roma durante a Idade Média, o conceito de ócio era a busca do ócio como

descanso e diversão das diversas actividades com que os romanos ocupavam o

quotidiano.

Assim, assistimos a dois conceitos diferentes de ócio, uma vez que para os gregos a

escravidão permitia a cultura do ócio como meio essencial para o culto da sabedoria,

através de acções de cariz intelectual e espiritual. Em Roma, o conceito de ócio era

considerado um estado de descanso e diversão, necessário para a manutenção da

capacidade de trabalhar. Apesar de diferentes nos conceitos atribuídos, ambos os

povos valorizavam o tempo de não trabalho e valorizavam as actividades exercidas

neste tempo.

Também na Idade Média, o conceito de ócio começa a ser modificado e relegado para

segundo plano com o surgir do Cristianismo como ideal de salvação, restringindo-se as

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actividades de lazer às festividades religiosas e comemorações referentes a vitórias de

guerra.

A partir da Idade Média e da Renascença, surge uma nova atitude respeitante ao

significado do trabalho, surgindo uma valorização do tempo necessário para as

actividades produtivas. O cumprimento dos deveres era o único modo de agradar a

Deus, e o trabalho como missão engrandecia os homens.

O século XVIII ficou marcado pela expansão comercial e financeira. Com a Revolução

Industrial deu-se o aparecimento de uma série de invenções técnicas que modificaram

as condições de produção nos diversos sectores industriais, as relações entre

empregados e empregadores, bem como a relação com o lazer.

O tempo livre passa a ser definido em oposição ao trabalho. O trabalhador vende a

única coisa que dispõe, a própria força de trabalho, e o tempo restante surge apenas

para a recuperação das energias.

No início, o trabalhador trabalhava muitas horas, mas com a implantação das leis

trabalhistas, deu-se a redução da carga horária assim como surgiram as férias

remuneradas, gerando deste modo mais tempo para o trabalhador recuperar

fisicamente e mais tempo para utilizar na prática de actividades de seu interesse.

O CONCEITO DE TEMPO LIVRE

O conceito de Tempo Livre é frequentemente sinónimo de lazer e ócio, pelo que a

definição a aplicar como factor de convergência entre os diversos termos é a ausência

de qualquer actividade concreta.

Deste modo o conceito de Tempo Livre poderá ser considerado como o tempo em que

estamos livres para fazer o que nos apetecer, ou seja, estamos livres de qualquer

actividade de cariz obrigatório, tal como estudar, trabalhar, etc….

O sociólogo francês Joffre Dumazedier caracteriza lazer como ’um conjunto de

ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar,

seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua

informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre

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capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,

familiares e sociais’’.

Existem diversas formas de classificação dos Tempos Livres, uma vez que ao

caracterizarmos as actividades que se praticam na parte do dia em que não estamos

ocupados com actividades de cariz obrigatório, encontramos actividades de cariz

cultural, social, desportivo, educativo, terapêutico, turístico etc. …

É com normalidade que, na actualidade, o indivíduo encontre o seu dia preenchido

com as mais diversas formas de actividades de ocupação de Tempos Livres. Assim,

como actividades de cariz cultural poderemos considerar o cinema, teatro, concertos

musicais, exposições de arte, etc. , como actividades de cariz social, os encontros nos

cafés, nos ginásios, nos chats da internet, nas saídas nocturnas, etc., de cariz

desportivo, em actividades como o ginásio, o futebol, o jogging, as actividades físicas

de ar livre, etc., de cariz educativo, em conferências, fóruns de opinião, escolas de

música, arte, etc., de cariz terapêutico tais como os spa’s, as termas, etc., de cariz

turístico, tais como as viagens para países estrangeiros, viagens de aventura, etc..

Ao olharmos para as actividades descritas com facilidade constatamos que a mesma

actividade, como por exemplo, uma viagem para o estrangeiro, será, muito

provavelmente uma mistura de actividades, em que, o cultural, o social, o educativo, o

turístico, o desportivo e o terapêutico terão a sua participação.

Temos assistido nos últimos tempos a uma proliferação de ofertas de ocupação de

Tempos Livres, às quais a sociedade recorre com relativa frequência, contrapondo o

sociólogo italiano Di Masi ao afirmar que, na era pós-industrial, vamos ter cada vez

menos trabalho; no entanto, a escola e a família preparam-nos para o trabalho; não

nos preparam para o tempo livre.

Ao longo da história, os conceitos de lazer, ócio e tempo livre foram sendo modificados

acompanhando as mudanças de valores e comportamentos, relacionados sempre com

os aspectos sociais, políticos, económicos e culturais vigentes em cada época.

As transformações das cidades condicionaram e determinaram novos hábitos de vida e

o lazer foi sendo incorporado à sociedade e adquirindo maior importância com o

passar do tempo.

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O TEMPO LIVRE E A ACTIVIDADE FÍSICA

Como já foi referido, umas das possíveis classificações das actividades de lazer pode

ser o desporto.

Olhando para a história, podemos constatar que o lazer na Grécia antiga era utilizado

em actividades de cariz desportivo.

Não é diferente na actualidade.

A actividade física assume cada vez mais um papel activo na ocupação dos tempos

livres, uma vez que a sociedade evoluiu para um conceito de beleza já praticada na

Grécia antiga. O “corpo são mente sã”, advém da cultura grega e para lá a cultura

europeia caminha. Deste modo, somos inundados por protótipos de beleza pela

comunicação social, através do mediatismo das estrelas do desporto, das super

modelos, das celebridades do cinema, etc. … A sociedade criou um estereótipo de

corpo musculado que procuramos imitar. Procuramos também solucionar os

problemas de saúde das populações mundiais, apelando a um estilo de vida saudável.

São estes os motivos que sustentam a crescente procura de actividades físicas nos

Tempos Livres.

É cada vez mais frequente assistirmos ao acréscimo de praticantes de actividade física

nos espaços livres, nos ginásios, nos clubes, etc. … Com poder económico ou não a

prática de actividade física está disponível para todos, bastando para isso um impulso,

um estímulo, uma vontade.

A prática de actividade física em ginásios, surge não só como actividade desportiva,

mas também como uma actividade de cariz social, uma vez que as populações estão

cada vez mais isoladas e fechadas, sem grande espaço para o social.

As férias de cariz desportivo estão também em crescendo, sendo usual as ofertas de

actividades físicas em cruzeiros, países distintos, um pouco por todo o mundo e com as

mais diversas motivações, de cariz lúdico, de relaxamento, de busca pela adrenalina…

O estilo de vida da sociedade actual, cada vez mais sedentário leva os indivíduos a

procurarem a adrenalina no dia-a-dia, o que nos é natural, pois desde os primórdios da

humanidade que lutamos pela sobrevivência, procuramos o perigo, o desafio, o risco. É

neste ponto que surgem os desportos extremos como ocupação de Tempos Livres,

uma actividade física com uma elevada expansão em Portugal na última década,

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proliferando os praticantes de Surf, Bodyboard, BTT, entre outras modalidades numa

praia, numa mata, num fim-de-semana, numa hora de almoço, perto de si.

CONCLUSÃO

A realização deste trabalho revelou-se bastante interessante, uma vez que me fez

reflectir um pouco sobre o tema em questão, fazendo com que o queira aprofundar

um pouco mais, em particular na área do desporto.

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BIBLIOGRAFIA

DI MASI ,D. O Ócio Criativo. Rio de Janeiro, Sextante. 2000.

DUMAZIDIER, J. Sociologia Empírica do Lazer. São Paulo, Perspectiva, 1979.