104
www.institutopedraviva.com.br 1 Teologia Panorama do Antigo Testamento

Teologia - Instituto Pedra Viva · 4 Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

www.institutopedraviva.com.br

1

Teologia Panorama do Antigo

Testamento

Page 2: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

2

www.institutopedraviva.com.br

Objetivo

O curso livre de Teologia do Instituto Pedra Viva visa a formação integral do estudante,

especializando alunos para exercerem ministérios em suas igrejas locais, incentivando

o aperfeiçoamento do aluno na área acadêmica, estimulando o diálogo entre a igreja e a sociedade.

Metodologia

O Instituto Pedra viva trabalha com a metodologia do Ensino à distância, EAD, que é uma

alternativa de estudo para os irmãos, vocacionados ou que queiram aprimorar seu conhecimento

Bíblico para um ministério eclesiástico especifico (pastoral, missionário, educador cristão, entre

outros), que não têm possibilidade de assistir aulas no modelo convencional (presencial), seja por

falta de tempo, seja pela distância das instituições de ensino ou por qualquer outro motivo.

A Educação a Distância do Instituto Pedra Viva oferece ao aluno a possibilidade de ser o principal

responsável pelo seu desenvolvimento. Essa automotivação, garantida pela flexibilidade nos horários

das aulas e a possibilidade em tirar dúvidas através de e-mails e comunicação on-line faz do

aprendizado uma experiência única. O curso de Teologia EAD do Instituto Pedra Viva vem para

facilitar o estudo do aluno mantendo sempre a qualidade de ensino.

Processo de Ensino

O curso de Teologia oferecido pelo Instituto Pedra Viva é mediado por tecnologias em que

alunos e professores não precisam frequentar o mesmo ambiente para que sejam feitas as aulas. Mais

que uma ferramenta de ensino/aprendizado, a metodologia EAD desenvolve o senso de autonomia do

aluno, proporcionando uma experiência de automotivação e conforto fundamentais para os dias de

hoje, o que exige disciplina e dedicação do Aluno (a) no processo de aprendizagem.

O processo de ensino se dá por meio de vídeo aulas que poderão ser assistidas pelo aluno em qualquer

lugar e a qualquer hora. O material didático e matérias extras serão disponibilizados on-line, através

do Portal do Aluno. Neste espaço os estudantes terão acesso a todas as aulas de seu módulo, materiais

e avaliações, além disso o aluno terá a oportunidade de participar de fóruns virtuais interagindo com

os outros alunos e com os professores/tutores. Para tirar dúvidas os alunos podem enviar suas

perguntas por e-mail ou conversar através de uma caixa de diálogo.

Os materiais de estudo disponibilizados incluem:

Page 3: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

3

www.institutopedraviva.com.br

Material de Leitura: Neste material, o aluno encontra os fundamentos teóricos que lhe

darão suporte para a compreensão dos conceitos inerentes à disciplina em estudo.

Aulas Conceituais: São aulas produzidas e gravadas pelos professores autores do

material de leitura.

Processo de Avaliação

As avaliações serão de critério de cada professor. A matéria terá pelo menos duas avaliações

com datas estipuladas previamente tendo um prazo entre três a cinco dias para serem entregues os

trabalhos e/ou serem respondidas as questões da avaliação. As avaliações serão postadas ás 00:00 da

data inicial e serão retiradas do ar ás 23:59 do dia final, em caso de atraso da postagem, esse horário

poderá ser prorrogado. Se por algum motivo a avaliação do aluno for entregue duas vezes, apenas o

primeiro envio será considerado. As participações dos debates semanais (Fórum) será a base para a

terceira nota parcial. A média final para a aprovação do aluno na matéria é igual a 7.

Page 4: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

4

www.institutopedraviva.com.br

Panorama do Antigo Testamento

INTRODUÇÃO

Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

autor, a data, o conteúdo geral, o objetivo e outros aspectos que ajudam na compreensão da Palavra de

Deus. Os livros do VT foram escritos na língua hebraica antiga e foi traduzido por 70 judeus em

Alexandria, no Egito, que falavam grego. Isso foi por volta do ano 285 a 132 a.C. e a versão foi chamada

de SEPTUAGINTA (setenta no latim). O símbolo é LXX.

Segundo Bagster, aqui está o número de citações do VT que se acham no NT:

LIVRO QUANTIDADES LIVRO QUANTIDADES

Mateus 91 Filipenses 4

Marcos 41 Colossenses 3

Lucas 60 1 e 2 Tessalonissenses 5

João 44 1 e 2 Timóteo 10

Atos 66 Hebreus 110

Romanos 87 Tiago 20

1 e 2 Coríntios 66 1 e 2 Pedro 37

Gálatas 17 Judas 9

Efésios 10 Apocalipse 230

T O T A L 915

O Velho Testamento e o Novo Testamento têm a mesma estrutura:

ASPECTO VELHO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO

História Gênesis a Ester Mateus a Atos

Experiência Jó a Cantares Romanos a Judas

Profecia Isaías a Malaquias Apocalipse

Pentateuco é uma palavra grega que significa "cinco volumes". Os rabinos chamavam esses

cinco volumes de "Torah", que significa "Lei". Depois os judeus acabaram por tratar todo o Velho

Testamento de "Lei". Moisés foi o escritor do Pentateuco, se tivermos como certas as referências que

Page 5: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

5

www.institutopedraviva.com.br

mostram Deus ordenando-lhe que escrevesse algo, como se referindo aos cinco livros: Êx 17.14, 24.4,

34.27, Nm 33.2, Dt 31.9,24, 31.22 com cap.32 (ver 31.30)

GÊNESIS

A. NOME DO LIVRO

A palavra grega "gênesis" significa "começo, início" ou "geração". Em Mateus 1.1 a palavra

"gênesis" é traduzida como "geração ou genealogia". O título original hebraico é "bereshith" = "no

princípio" (1.1). O livro relata o início do Universo, da História da Humanidade, do Pecado, da Salvação,

do Sacrifício, da Família, da Guerra, da Civilização, do Casamento, etc. No NT encontramos mais de

100 citações de Gênesis, só o livro de Apocalipse cita Gênesis mais de 40 vezes.

B. AUTOR

A grande maioria dos teólogos concordam que Moisés é o autor do Pentateuco (penta=cinco;

teuchos=livros), sendo que Gênesis é o primeiro livro. Moisés não era nem nascido no período dos

acontecimentos de Gênesis, mas o Espírito Santo o dirigiu a escrever (2 Pe 1.20-21) e Jesus afirmou (Jo

5.45-47, Lc 24.44), e isto é prova suficiente. O livro foi escrito através de revelação direta de Deus ou

através de fontes informativas orais e escritas, neste caso Deus teria preservado os documentos e

tradições sem perigo de alteração.

C. DATA

1450-1410 a.C. quando foi escrito e não propriamente os acontecimentos, pois a criação, por

exemplo, deu-se 4.000 anos a.C. O livro cobre um período de 2.000 anos.

D. PROPÓSITO

O propósito é mostrar o início da humanidade, bem como sua queda na pessoa de Adão e

evidências incontestáveis da pecaminosidade de todas as civilizações, mas que Deus providenciou a

Salvação da Humanidade, usando Israel como instrumento. Também é mostrar que, embora, Deus criou

os céus e a terra, Ele escolheu lidar com a terra, especialmente, o plano de Deus, específico interessa à

Humanidade. Sem o livro de Gênesis estamos entregues às teorias dos incrédulos sobre a origem de

todas as coisas.

OS VÁRIOS NOMES DE DEUS EM GÊNESIS

Nome de Deus em Português Nome de Deus em Hebraico Referência

Deus Elohim (forma plural) 1.1,26,3.22,11.7

O Senhor Deus Yahweh Eloim 2.5

Page 6: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

6

www.institutopedraviva.com.br

O Senhor Adonai 4.1

O Deus Altíssimo El Elyon 14.18

O Senhor Jeová Jeová 15.2

O Deus Todo-Poderoso El Shadai 17.1

O Deus Eterno El Olam 21.33

F. COMPARAÇÃO ENTRE GÊNESIS E APOCALIPSE. O INÍCIO DE GÊNESIS TEM O SEU

CUMPRIMENTO EM APOCALIPSE.

GÊNESIS APOCALIPSE

1.Criação dos céus e da terra (1.1) 1.Novos céus e nova terra (21.1)

2.O primeiro ataque de Satanás contra o homem

(3.1ss)

2.O ataque final de Satanás (20.7-10)

3.O sol para governar o dia (1.16) 3.Não há necessidade do sol (21.23)

4.Escuridão e noite (1.5) 4.Não haverá noite (22.5)

5.O mar é criado (1.10) 5.O mar deixa de existir (21.1)

6.Um rio no jardim (2.10-14) 6.O rio da vida (22.1-2)

7.A maldição sobre o homem e a natureza

(3.14-17)

7.Não haverá mais maldição (22.3)

8.A expulsão do homem do paraíso (3.24) 8.O homem restaurado ao paraíso (22.1ss)

9.Árvore da vida vetada ao homem (3.24) 9.Árvore da vida acessível ao homem (22.14)

10.Rebelião de Ninrode, início da Babilônia

(10.8-10)

10.Anticristo e Babilônia julgados (17-19)

11.Casamento de Adão (2.18-23) 11.Casamento do Cordeiro (19.6-9)

12.A sentença contra a serpente (3.15) 12.A execução da sentença contra a serpente

(20.10)

UMA DUPLA CRIAÇÃO?

Alguns críticos da Bíblia dizem que não há acordo na narrativa da Criação, pois enquanto Gn.

1.1-2.4 a relata a Criação do mundo em seis dias, com a sequência dos seres criados e o homem e mulher,

criados no mesmo tempo. Em Gn 2.4b-25 a ordem é totalmente diferente: o homem é criado primeiro, e

não há referência de que o mundo foi criado na sequência narrada no cap.1. Na 2ª narrativa a mulher é

criada deferentemente do homem e depois dele. Baseado nisso, podemos dizer que existem duas

narrativas da Criação que não concordam entre si? Este problema é facilmente resolvido se atentarmos

Page 7: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

7

www.institutopedraviva.com.br

para Gn 2.4 "Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram CRIADOS; no dia em que o Senhor

Deus fez a terra e os céus. ”. Portanto, não são duas narrativas que não se harmonizam, mas antes, é uma

explicação mais detalhada de como ocorreu a criação, principalmente do homem e da mulher.

CRISTO EM GÊNESIS

Maneira como é apresentado Referência em

Gênesis

Referência em o

N.T.

O Criador do Mundo 1.3 Jo 1.1-5, 2 Co 4.3-7

O último Adão 1.7 Rm 5, 1 Co 15.45

A semente da mulher 3.15 Gl 3.19, 4.4

Abel 4.2 Hb 11.4, 12.24

Noé e o Dilúvio 6-10 1 Pe 3.18-22

Melquizedeque 14.18 Hb 7-10

Isaque, o filho da promessa 17.19 Gl 4.21-31, Hb 11.19

O cordeiro 22.13 Jo 1.29

A escada de Jacó 28.12ss Jo 1.51

José (rejeitado pelos irmãos, amado pelo Pai, sofreu

injustamente, recebido na segunda vez pelos irmãos,

exaltado para reinar).

Gn 37-50 Várias

ALGUNS ESCLARECIMENTOS

1) Os seis dias da criação - Foram dias literais e não milhares de anos, mesmo porque a terra foi criada

para girar em torno do sol e desde o início obedeceria anos e estações.

2) O sábado (descanso) - Significa que Deus terminou TODA a Sua Obra, não havendo mais nada a ser

criado.

3) O casamento - O plano de Deus foi a monogamia, a indissolubilidade, a subordinação da esposa ao

marido.

4) O jardim do Éden - Tudo indica que se localizava, onde atualmente é o golfo Pérsico.

5) O pecado - Eva foi enganada; mas Adão, não (1 Tm 2.13-14). Nenhum dos dois foi criado com a

natureza pecaminosa.

6) Árvore da Vida - Não havia proibição quanto a comer do fruto dessa árvore.

Page 8: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

8

www.institutopedraviva.com.br

7) O conhecimento do bem e do mal - Envolvia o conhecimento da queda de Lúcifer (Is 14 e Ez 28), da

qual Adão e Eva não esperaram para saber por meio da palavra de Deus.

8) Caim e Abel - Caim não confiou na maneira de aproximar-se de Deus, ou seja, por sacrifícios cruentos,

os quais teria aprendido com seus pais. Obs.: as vestes de Adão e Eva foram providenciadas pela morte

de animais.

9) Babel - De lá começou toda a falsa religião. Conhecida por Babilônia.

QUANTOS ANOS TEM O UNIVERSO?

A terra existe no mesmo período que todo o Universo, porém, quantos anos tem? Alguns

afirmam que não tem mais do que 6.000 anos, no máximo, alguns diriam 10 mil anos. Outros dizem que

houve um intervalo entre Gn 1.1 e versículo 2 de milhares ou milhões de anos. Afirmam que ao invés de

"A terra, porém, era sem forma e vazia" a melhor tradução é "A terra, porém, TORNOU-SE sem forma

e vazia", sugerindo, assim, que houve uma catástrofe, causada pela queda de Lúcifer. Portanto, haveria

uma criação "pré-adâmica". Muitos cientistas cristãos defendem este pensamento e assim não entram

em MUITO conflito com os descrentes quanto à idade da terra. Outra observação sobre a Criação é com

respeito a palavra hebraica para "criou" (v.1). É a palavra "bara" que significa "criar do nada" e a outra

palavra é "asah", que significa "fazer algo", neste caso o homem pode "fazer algo", mas nunca "criar do

nada". Poderíamos, ainda, questionar quanto à existência de outras vidas em outros planetas. Deus volta

toda a Sua atenção para a terra ao escrever a Sua Palavra. Embora tenha criado elementos celestes como

luas, estrelas, planetas e galáxias, Deus tem Seu plano especial com a terra. A história da redenção e da

humanidade limita-se ao planeta terra. Portanto, não precisamos questionar além disto, pois mesmo

dentro do planeta terra, Deus limitou que apenas o ser humano tivesse "espírito" para comunicar-se com

Ele.

K. DE ONDE VIERAM AS DIVERSAS RAÇAS?

Muitos perguntam: "De onde vieram os negros, se Adão e Eva não eram"? Esta pergunta por

si mesma já tem um tom de discriminação, não só porque a Bíblia não relata a raça de Adão e Eva, mas

principalmente pelo fato da pergunta ser incompleta, pois de onde vieram os da raça negra, da raça

branca, da raça vermelha, da raça amarela, dos que têm muitos pelos pelo corpo, dos que têm os olhos

esticados, dos que têm os cabelos ruivos, dos que são gigantes, dos que são pequenos, enfim uma

infinidade de características, da qual Adão e Eva não podiam possuir em seus próprios corpos. A resposta

para esta questão não está apenas em Sem, Cão e Jafé, filhos de Noé, os quais são o alicerce para as

raças, mas antes disso, a resposta está na genética. Deus em Sua infinita sabedoria e gosto pela

diversidade, colocou em Adão e Eva os cromossomos que continham todos os genes, e suportes para a

hereditariedade das raças que surgiriam nas pessoas determinadas e nos tempos determinados.

Page 9: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

9

www.institutopedraviva.com.br

ESBOÇO SIMPLES

I. História da Humanidade em geral (1-11)

II. História de Israel em particular (12-50)

ÊXODO

A. NOME DO LIVRO

Significa "saída", "partida" (Hb 11.22). O título original hebraico é "we'elleh shemôth" = "e

estes são os nomes de" (1.1). Este livro descreve a escravidão de Israel no Egito e a maravilhosa

libertação (ou "saída") que Deus deu a essa nação. O livro todo está repleto de ilustrações de nossa

salvação através de Cristo. Assim como Israel foi liberto do Egito, o crente foi liberto do pecado por

meio da Cruz e liberto da escravidão do mundo.

B. AUTOR

Moisés presenciou tudo o que relata nesse livro. Cristo afirmou a autoria Mosaica do livro (Jo

7.19, 5.46-47). Alguns usam o mesmo argumento de Nm 12.3 para tentar provar que Moisés não podia

ter sido o escritor, pois se fosse mostra sua arrogância e autoconceito (veja Êx 6.3). Porém, outros tentam

explicar que essas palavras seriam adições editoriais, o que é possível, pois com o tempo os originais

sofrem adições e mudanças. Porém, cremos que Deus preservou os textos de perigos maiores.

C. DATA

1450-1410 a.C. O livro cobre um período de 80 anos, desde o nascimento de Moisés.

D. PROPÓSITO

Gênesis é o livro dos começos; Êxodo é o livro da redenção. O objetivo é registrar a libertação

de Israel do Egito e apresentar a base histórica sobre as origens da nação hebraica e suas cerimônias

religiosas. A narrativa é um quadro de Cristo e da Redenção na Cruz. Há muitos tipos e símbolos de

Cristo e o crente em Êxodo, especialmente no Tabernáculo. Este livro também registra o recebimento da

Lei. Seria impossível entender bem o NT sem o conhecimento dos eventos e símbolos registrados em

Êxodo.

E. TIPOS

Há vários tipos em êxodo. Alguns desses são:

Page 10: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

10

www.institutopedraviva.com.br

1. EGITO é um tipo do sistema mundial, que se opõe ao povo de Deus e tenta mantê-lo em

escravidão.

2. FARAÓ é um tipo de Satanás, "o deus deste mundo", que exige adoração, desafia a Deus e tenta

escravizar o Seu povo.

3. ISRAEL LIBERTO é um tipo da Igreja; liberta da escravidão do mundo, conduzida como

peregrina e protegida por Deus.

4. MOISÉS é um tipo de Cristo, o Redentor.

5. TRAVESSIA DO MAR VERMELHO é um quadro da Ressurreição, a qual liberta o crente do

presente mundo mau.

6. O MANÁ descreve Cristo, o Pão da Vida (Jo 6).

7. A ROCHA FERIDA é um tipo de Cristo ferido, o qual pela morte o Espírito Santo foi dado.

8. AMALEQUE representa a carne, que se opõe ao crente em sua jornada.

9. A PÁSCOA é o tipo mais importante em Êxodo, pois retrata a morte de Cristo, a aplicação de

Seu sangue para nossa segurança e a apropriação de Sua vida (alimentação do cordeiro) para

nossa força diária.

F. MOISÉS E CRISTO

Moisés como um tipo de Cristo oferece muitas comparações:

1. Em seu OFÍCIO, Moisés era profeta (At 3.22); sacerdote (Sl 99.6, Hb 7.24); servo (Sl 105.26,

Mt 12.18); pastor (Êx 3.1, Jo 10.11-14); mediador (Êx 33.8-9, 1 Tm 2.5); libertador (At 7.35, 1

Ts 1.10).

2. Em seu CARÁTER, Moisés era manso (Nm 12.3, Mt 11.29); fiel (Hb 3.2); obediente e poderoso

em palavras e obras (At 7.22, Mc 6.2).

3. Em sua HISTÓRIA, Moisés foi um filho no Egito, onde estava em perigo de ser morto (Mt

2.15ss); Moisés foi providencialmente cuidado por Deus; preferiu sofrer com os judeus a reinar

no Egito (Hb 11.24-26); foi rejeitado pelos seus irmãos da primeira vez, mas recebido da segunda

vez; enquanto rejeitado ganhou um a esposa gentílica (Cristo e a Igreja); Moisés condenou o

Egito; Cristo condenou o mundo; Moisés livrou o povo de Deus através do sangue, como Cristo

fez na Cruz (Lc 9.31); Moisés guiou o povo, alimentou-o e carregou suas cargas.

4. O CONTRASTE é que Moisés NÃO levou Israel à terra da Promessa; Josué quem fez isso. "A

Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1.17).

5. Moody esboçou a vida de Moisés assim: "Durante 40 anos pensou ser alguém; durante 40 anos

aprendeu que não era ninguém e durante 40 anos descobriu o que Deus pode fazer com um

'ninguém'".

Page 11: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

11

www.institutopedraviva.com.br

G. OS MAGOS E AS PRAGAS

Embora a Bíblia não mencione os nomes dos magos, os judeus tinham por tradição (inclusive

Paulo) que os nomes deles eram Janes e Jambres. Os magos puderam imitar as três primeiras pragas,

mas não as seguintes. As duas primeiras pragas mostram a superioridade de Jeová ao deus do Nilo e a

terceira praga mostra que Jeová é superior ao deus Sebe, o deus da terra. Os magos, além de desistirem,

por reconhecerem que era o "dedo de Deus", advertiram Faraó (8.19, 7.5, 10.7).

TAREFA: Faça uma relação das dez pragas e as referências, indicando qual a relação de cada praga

com o Egito especificamente.

H. A LEI

A Lei foi dada por três motivos:

1. Para estabelecer um padrão de retidão - Dt 4.8, Sl 14.7-9, Sl 119.142, 105.7-8

2. Para expor e identificar o pecado - Rm 3.20, 7.7, Gl 3.19

3. Para revelar a Santidade Divina - Êx 20

I. DEUS IA MATAR MOISÉS?

Sim, isto está em 4.24, quando Moisés estava indo com sua família para o Egito. Os vers. 25-

26 explicam o contexto. Moisés estava indo para obedecer ao Senhor, libertando o povo de Israel, porém,

estava-se esquecendo da aliança fundamental de Israel com Deus, a circuncisão (Gn 17.14), ver também,

Js 5.2-9. Portanto, a circuncisão não começou com a Lei de Moisés, mas com Abraão, 430 anos antes

(Gl 3.17).

J.ESBOÇO SIMPLES

I. Libertação do Egito (1-17)

II. Preparação da nação e a revelação da Lei (18-24)

III.O Tabernáculo (25-40)

LEVÍTICO

A. NOME DO LIVRO

Significa "pertencente ou concernente aos levitas". O título original hebraico é "wayyiqra" =

"Ele chamou" (1.1). Os levitas eram pessoas responsáveis pelo serviço do tabernáculo (Nm 3.1 13). Este

livro contém as instruções divina para os sacerdotes, concernentes aos vários sacrifícios, às festas e às

leis de separação (limpos e imundos). Levítico é o livro que mais contém palavras diretas de Deus. Um

sacerdote era de família levita, mas um levita, necessariamente, não era um sacerdote.

Page 12: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

12

www.institutopedraviva.com.br

B. AUTOR

Moisés. Em mais de 50 pontos dos 27 capítulos, há referências de Deus dirigindo-se a Moisés.

C. DATA

1450-1410 a.C. O livro abrange o período de apenas 1 ano, que foi a jornada de Israel no Sinai.

D. TEMA

Gênesis explana o pecado e a condenação do homem; Êxodo enfatiza a redenção e Levítico

trata da SEPARAÇÃO e COMUNHÃO. A nação foi tirada do Egito e levada ao Sinai em Êxodo, mas

em Levítico o Senhor fala DO TABERNÁCULO (Lv 1.1) e mostra como o pecador pode andar em

comunhão com Deus. As palavras "santo" e "santidade" aparecem mais de 80 vezes nesse livro. A

primeira seção do livro trata dos sacrifícios, pois nenhum homem pode se aproximar de Deus sem

derramamento de sangue. De fato, a palavra "sangue" é encontrada 87 vezes em Levítico. A segunda

metade do livro cobre as leis de purificação, mostrando como as pessoas devem viver vidas separadas

para agradarem Seu Senhor. Deus redimiu a nação da escravidão; agora Ele quer ver a nação andar em

santidade e pureza para Sua glória. Este princípio aplica-se ao crente, hoje. Se fomos salvos pelo sangue

do Cordeiro e libertos da escravidão do mundo, devemos andar em comunhão com nosso Senhor (1 Jo

1.5-10). Necessitamos do sangue de Cristo, O Perfeito Sacrifício para limpar-nos do pecado;

necessitamos obedecer a Palavra e andar em pureza e santidade neste presente mundo mau. Tudo isso é

visto em tipos e símbolos em Levítico.

E. SACRIFÍCIO

Levítico é um livro de sacrifício e sangue, temas que são repulsivos para as mentes modernas.

A humanidade hoje quer uma "religião sem sangue", moralidade sem sacrifício, e isso é impossível.

Lev.16 é o capítulo chave do livro; Lev. 17 mostra claramente que é o derramamento de sangue que

perdoa o pecado (17.11). A palavra "expiação" significa "cobrir"; é usada 45 vezes no livro. O sangue

do VT não pode remover pecados (Hb 10.1-18); isto foi cumprido de uma vez por todas com o sacrifício

de Cristo na Cruz. O sangue dos sacrifícios do VT podia apenas cobrir o pecado e apontar adiante, para

o Salvador que morreria, completando assim, a obra da Redenção. Os sacrifícios não podiam salvar a

alma; isso acontecia mediante a fé na palavra de Deus, pois esta é a fé que salva a alma. Davi sabia que

os sacrifícios não eram suficientes para levar embora os seus pecados (Sl 51.16-17); os profetas, também,

deixavam isso bem claro às pessoas negligentes (Is 1.11-24). Mas quando o pecador se apresentava com

um coração contrito, colocando a fé na Palavra de Deus, então, seu sacrifício era aceitável a Deus (Gn

4.1-5).

Page 13: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

13

www.institutopedraviva.com.br

F. TIPOS

Levítico é cheio de tipos e símbolos de Cristo e Sua obra de Redenção na Cruz. Os cinco

sacrifícios ilustram vários aspectos de Sua Pessoa e Obra, e o Dia da Expiação pinta de maneira bela Sua

morte na Cruz. Não devemos forçar cada detalhe de cada tipo. Algumas das ilustrações para os

sacrifícios, por exemplo, tinham propósitos práticos e higiênicos, apenas, e necessariamente não têm

nenhuma lição espiritual específica.

G. LIÇÕES PRÁTICAS

Nós não devemos praticar sacrifícios levíticos hoje, mas este livro ainda traz lições práticas

para ponderarmos:

1. A TERRIBILIDADE DO PECADO - Somente o derramamento de sangue expia o pecado.

Pecado não é algo leve e sem importância; é odioso aos olhos de Deus. Pecado é prejudicial;

cada sacrifício era uma despesa para o adorador hebreu.

2. A SANTIDADE DE DEUS - Deus faz uma distinção neste livro entre o limpo e o imundo e

adverte Seu povo a "ser santo porque eu sou santo".

3. A MISERICÓRDIA DE DEUS - Ele providenciou um caminho de perdão e restauração. Esse

caminho é Cristo, "o novo e vivo caminho" (Hb 10.19ss).

H. ESTE LIVRO SERVE PARA NÓS TAMBÉM

Além das lições que vimos no ponto anterior, outro escritor aponta o valor deste livro para nós,

hoje: Revela o caráter de Deus (Sua Santidade e intolerância ao pecado, bem como Sua misericórdia) As

condições fundamentais da verdadeira religião (mostrando a necessidade de um mediador e do sangue

derramado por este, além de sua total perfeição de vida e caráter, ou seja, apenas Deus). Os princípios

que devem reger as legislações humanas (quanto ao governo civil e religioso, trabalho, higiene, males

sociais, questão das terras, etc.). . A Obra de Cristo (Seu sacrifício e Seu sacerdócio). Os tipos (através

destes regozijamos com o cumprimento em Cristo)

I. AS OFERTAS

OFERTA SIGNIFICADO

Holocausto Total consagração

Pacífica Comunhão com Deus

Manjares ou de cereais Reconhecimento da bondade de Deus

Page 14: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

14

www.institutopedraviva.com.br

Pelo pecado Arrependimento e desejo de perdão e purificação

Pela culpa Ofensas que exigiam restituição

J. OS SEIS TIPOS DE SACRIFÍCIOS DE SANGUE

Mapa de Gleason L. Archer, Jr (Merece confiança o Antigo Testamento?)

Nome Propósito Vítima Porção de Deus Porção do

Sacerdote

Porção

do

Ofertante

Holocausto

(‘õlah)

Propiciar pelo

pecado em

geral, pecado

original;

maneira pela

qual o povo

ímpio se

aproximava do

Deus Santo.

Macho sem

defeito:

boi/carneiro/cabrit

o/pomba (segundo

as posses).

Animal inteiro

“kãlil”=“oferta

inteiramente

queimada”.

NADA

NADA

Oferta pelo

pecado

(hatta’t)

Propiciar por

transgressões

específicas

quando não era

possível uma

restituição.

Boi (no caso de

sacerdote ou

congregação).

Cabrito (se for

príncipe). Cabra

(se é qualquer um

do povo).

Porções

gordurosas

(gordura das

entranhas).

O restante

(tinha que

ser comido

no pátio do

Tabernáculo)

NADA

Sacrifício pelo

sacrilégio

(‘ãshãm)

Propiciar por

transgressões

específicas

quando era

possível a

restituição, os

danos sendo

calculados em

seis quintos

Carneiro (somente)

Conforme

acima

Conforme

acima

NADA

Page 15: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

15

www.institutopedraviva.com.br

pagáveis de

antemão

Satisfação legal.

Ofertas

Pacíficas

(Shelãmim)

1. Oferta de

Ações de

Graça

(Tõwdah)

Comunhão com

Deus, uma

refeição de

comunhão. Por

bênçãos

inesperadas ou

uma libertação,

já recebidas.

Macho ou fêmea

sem defeito:

boi/carneiro/

cabrito.

Partes

gordurosas

1.Oferta

movida,

peito para

sumo

sacerdote.

Restante

(comer no

pátio, no

mesmo

dia).

2.Oferta

Votiva (neder)

Uma bênção ou

libertação já

obtida, quando

um voto tinha

sido feito em

prol da petição.

Conforme acima Conforme

acima

2.Oferta

alçada, perna

dianteira

direita para

sacerdote

(comer em

qualquer

lugar limpo).

Restante

(comer no

pátio, 1º

ou 2º

dia).

3.Oferta

Voluntária

(nedãbãh)

Exprime a

gratidão e o

amor para com

Deus, de

maneira geral,

sem dizer

respeito a

bênçãos

específicas.

Macho ou fêmea:

boi/carneiro/cabrit

o (pequenas

imperfeições

permitidas).

Conforme

acima

Conforme

acima

Restante

(comer no

pátio, 1º

ou 2º dia

K. AS FESTAS

São 7 as principais festas judaicas, instituídas pelo Senhor.

Festa Referência Data Nosso Significado

Page 16: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

16

www.institutopedraviva.com.br

Calend.

Páscoa 23.5 14 de Nissan mar-abr Cristo, nosso Redentor

Pães asmos 23.6-8 15 de Nissan mar-abr Comunhão com Cristo

Primícias 23.10-14 16 de Nissan mar-abr Ressurreição de Cristo e a nossa

ressurreição

Pentecoste 23.15-22 50 dias após as

Primícias

maio-jun Descida do Espírito Santo

Trombetas 23.23-25 1º de Tishri set-out Futuro reajuntamento de Israel

Dia da Expiação 23.26-32 10 de Tishri set-out Arrependimento de Israel

Tabernáculos 23.34-44 15 de Tishri Set-out Memorial do livramento de Deus

ao Seu povo

L. ESBOÇO SIMPLES

I. A provisão de Deus para o pecado (1-10)

II. Os preceitos de Deus para a separação (11-24)

III. A promessa de Deus para a prosperidade e sucesso (25-27)

NÚMEROS

A. NOME DO LIVRO

O livro leva esse nome por causa dos dois censos feitos sobre os homens de guerra nos capítulos

1-4 e 26-27. O primeiro foi feito dois anos após a nação ter deixado o Egito, e o segundo foi feito 38

anos após isso, quando a nova geração estava para entrar em Canaã. Esses números não eram da nação

inteira, mas somente dos homens aptos para a guerra. O primeiro censo revelou que 603.550 homens

eram aptos; o segundo, 601.730. O título original hebraico é "bemidbãr" = "no deserto de" (1.1). Alguns

dizem que outro nome que apropriado para este livro seria "O Livro das Jornadas", pois relata a viagem

da nação de Israel desde o Monte Sinai até Canaã.

B. AUTOR

Moisés. Alguns usam o mesmo argumento de Êx 6.3 para tentar provar que Moisés não podia

ter sido o escrito, pois se fosse mostra sua arrogância e autoconceito (veja Nm 12.3). Porém, outros

tentam explicar que essas palavras seriam adições editoriais.

C. DATA

1450-1410 a.C. Cobre um período de mais de 38 anos, que é o tempo da jornada no deserto,

enquanto Êxodo e Levítico cobre um período de apenas 14 meses.

Page 17: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

17

www.institutopedraviva.com.br

D. TEMA

Números é o livro do "deserto". É descrita a queda da nação em Kades-Barnéa e suas

peregrinações pelo deserto até a velha geração dos incrédulos morrer. Alguém descreveu essa

peregrinação pelo deserto como "a mais longa marcha fúnebre da História". Somente Calebe e Josué dos

mais velhos da geração foram permitidos entrar em Canaã, porque eles confiaram em Deus e se opuseram

à decisão da nação de voltar a Kades-Barnéa. Mesmo Moisés foi proibido de entrar na Terra Prometida

por causa de seu pecado quando feriu a rocha ao invés de falar com ela.

E. LIÇÃO ESPIRITUAL

Números tem uma lição muito especial para os crentes, hoje, como é referida em Hb 3-4 e 1

Co 10.1-15. Deus honra a fé e pune a incredulidade. A raiz de todos os pecados de Israel no deserto foi

a incredulidade: não confiaram na Palavra de Deus. Em Kades-Barnéa duvidaram da Palavra de Deus e

falharam ao entrar em sua herança. Muitos crentes hoje estão "no meio do caminho" em suas vidas

espirituais: foram libertos do Egito pelo sangue do Cordeiro, mas ainda não entraram em sua herança em

Cristo. Canaã NÃO é um quadro do céu; antes, é uma ilustração de nossa herança espiritual em Cristo

(Ef 1.3), herdada pela fé. Canaã foi uma terra de batalhas e bênçãos, como é a vida do crente neste

mundo, porém, no céu não haverá lutas. Muitos crentes caem no local da decisão (Kades-Barnéa); ao

invés de serem conquistadores (como descrito em Josué), tornam-se peregrinos (como descrito em

Números). São salvos, mas falham em cumprir o propósito de Deus para suas vidas. Não querem confiar

em Deus para superar os gigantes, derrubar as muralhas e entrar na Terra da Promessa. Não atravessaram

o Jordão (que ilustra a morte de si mesmo). A nação não cresceu durante sua peregrinação no deserto;

de fato, o segundo censo mostrou 1.820 homens de guerra a menos. A nação passou aflições

desnecessárias por 38 anos; assim acontece com crentes que não andam por fé e não confiam em Sua

Palavra.

F. DESERTO E PEREGRINAÇÃO

A passagem pelo deserto era uma bênção de Deus para Israel, para prová-los, porém, os anos

de peregrinação (38 anos) não era necessário, pois a passagem pelo deserto está repleta de bênçãos, como

por exemplo:

1. Passagem pelo Mar Vermelho - separação do Egito (mundo).

2. Mara - Deus transformando os aborrecimentos em bênçãos.

3. Elim - Descanso e refrigério no caminho.

4. Sinai - A santidade de Deus e Sua Lei

Page 18: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

18

www.institutopedraviva.com.br

Observe que até aqui (2 anos de caminhada) não podemos dizer que foi uma peregrinação, nem

que estavam andando sem rumo, pois Deus estava guiando e criando oportunidades para a maturidade

do povo. Porém, a partir de Cades-Barnéa, a mão de Deus pesa em castigo e não mais em bênçãos e isto

foi por 38 anos, o texto bíblico que registra essa peregrinação desnecessária (por causa da incredulidade)

está entre 14.45 e 20.14 (compare com Dt 2.14).

G. OS DOIS CENSOS

Tribos Cap.1 Cap.26 Aumento Diminuição

Rúbem 46.500 (7º) 43.730 (9º) 2.770 (4º)

Simeão 59.300 (3º) 22.200 (12º) 37.100 (1º)

Gade 45.650 (8º) 40.500 (10º) 5.150 (3º)

Judá 74.600 (1º) 76.500 (1º) 1.900 (6º)

Issacar 54.400 (5º) 64.300 (3º) 9.900 (4º)

Zebulom 57.400 (4º) 60.500 (4º) 3.100 (5º)

Efraim 40.500 (10º) 32.500 (11º) 8.000 (2º)

Manassés 32.200 (12º) 52.700 (6º) 20.500 (1º)

Benjamim 35.400 (11º) 45.600 (7º) 10.200 (3º)

Dan 62.700 (2º) 64.400 (2º) 1.700 (7º)

Aser 41.500 (9º) 53.400 (5º) 11.900 (2º)

Neftali 53.400 (6º) 45.400 (8º) 8.000 (2º)

TOTAL 603.550 601.730 59.200 61.020

T O T A L DE D I M I N U I Ç Ã O 1.820

Observe os resultados da primeira coluna em relação à segunda. Veja que Judá continuou em

1º lugar no censo. Procure relacionar a classificação obtida com a atitude dessas tribos em relação a

Deus, e terá respostas, como, por exemplo, porque a tribo de Simeão, de 3ª colocada no 1º censo, vai

para em último lugar no 2º censo. Da mesma forma, Manassés de 12ª colocada, vai para a 6ª colocação,

e, ainda, obtém o 1º lugar na coluna de aumento. Também, existe uma razão para o empate na diminuição

de Efraim e Neftali. Note, também, que a tribo de Levi nem é mencionada. Todas essas variações servem

de advertência para nós hoje (Nm 26.54).

Page 19: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

19

www.institutopedraviva.com.br

H. NAZIREADO

O voto do nazireado (6.1-21) era uma prática comum, regulamentado em Números. O nazireu

era consagrado voluntariamente a Deus para alguma tarefa específica (os pais podiam fazer isso com os

filhos). Havia três obrigações para o nazireu:

1ª Evitar o uso de produtos da videira

2ª Deixar os cabelos crescerem, como sinal público de seu voto

3ª Abster-se do contato com qualquer cadáver

O voto tinha um tempo determinado e terminava com um ritual público. Nazireu significa "separado".

TAREFA: Faça uma comparação da vida de Sansão com o voto do nazireado.

I. AS SETE MURMURAÇÕES NO DESERTO

Dos capítulos 11-21 estão as 7 murmurações do povo de Israel durante a peregrinação no

deserto. Deus mesmo se angustiou com este povo (Sl 95.8-11):

Murmuração Referência Motivo

Primeira 11.1-3 De sua sorte (talvez fadiga ver 10.33)

Segunda 11.4-35 Contra a falta de carne

Terceira cap.12 Contra Moisés (por causa da inveja)

Quarta 13-15 Contra os planos de ir para Canaã (por causa do medo)

Quinta 16-19 Contra a liderança

Sexta cap.20 Contra a falta de água

Sétima cap.21 Contra o maná

J. A POLÊMICA EM TORNO DO PROFETA BALAÃO (CAPS.22-25)

Três problemas estão envolvidos sobre esse profeta:

1) O conhecimento que Balaão tinha do Deus verdadeiro

2) O caráter de Balaão

3) As profecias de Balaão

O CONHECIMENTO QUE BALAÃO TINHA DO DEUS VERDADEIRO

Balaão era de Petor (22.5); Petor era na Mesopotâmia (Dt 23.4). O próprio Balaão fala que é

de lá (Nm 23.7). O conhecimento de Deus vinha de Naor, Abrão, Betuel e Labão (Gn 11-12, 24.50,

Page 20: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

20

www.institutopedraviva.com.br

31.49). Sem dúvida a idolatria prevalecia naquele lugar (Gn 31.19, 35.2, Jos 24.2). Séculos se passaram

desde os dias de Labão e durante esse tempo o povo desenvolveu a idolatria praticada por seus pais, até

obscurecerem totalmente a adoração verdadeira do Deus verdadeiro que, ainda, existia naquele lugar.

Balaão, tendo herdado uma fé monoteísta de seus pais e, provavelmente o cargo de profeta, contudo,

misturado com a falsa religião. Portanto, este é o conhecimento que Balaão tinha do Deus verdadeiro.

O CARÁTER DE BALAÃO

Balaão é um profeta verdadeiro e aos mesmo tempo um falso profeta (se isso é possível!). Ele

é um profeta verdadeiro no que diz respeito ao conhecimento do Deus verdadeiro, como visto acima.

Porém, era um falso profeta, também, pois usava das artes mágicas e adivinhações (Jos 13.22). As

profecias dele eram baseadas em prostituições. Balaão, portanto, é um homem dividido entre o Deus

verdadeiro e as superstições e falsa religião, confuso com o sincretismo religioso, amante das riquezas

materiais. O caráter de Balaão, se é que era salvo, era de um profeta desobediente a Deus; e se não era

salvo era um falso profeta, que misturava suas adivinhações com o conhecimento do Deus de seus pais.

AS PROFECIAS DE BALAÃO

Em 23.5 diz que "O SENHOR colocou uma palavra na boca de Balaão" (ver também 23.16 e

24.2). Mas como pode o Espírito Santo vir sobre um homem como Balaão? A resposta para alguns não

é tão fácil. O fato é que a Inspiração da Palavra de Deus não é nem um pouco prejudicada, ainda que

Balaão não fosse sequer salvo (o que não sabemos com certeza). O Espírito de Jeová vem sobre Balaão,

não porque este é um veículo digno, mas apesar dele, e seu desejo secreto de amaldiçoar Israel, acaba

por bendizer. Nisto vemos a Soberania de Deus, o qual não é intimidado por ninguém e que pode mudar

o rumo de qualquer situação (conforme Rom 8.28). Balaão mesmo acabou vendo que seria inútil lutar

contra o povo de Deus (24.1). No Novo Testamento há três referências a Balaão: Em 2 Pe 2.15, Jd 11 e

Ap 2.14. O erro de Balaão se resume em três: a ideia secreta de amaldiçoar o povo de Deus, seduzir o

povo de Deus através da imoralidade (Nm 31.15-16) e a ganância pelo dinheiro.

K. O LIVRO DAS GUERRAS DO SENHOR

Números 21.14 - Este livro é desconhecido e provavelmente continha o registro das guerras

das quais Israel travou para conquistar a terra de Canaã.

L. ESBOÇO SIMPLES

I.A velha geração (1-20)

II.A nova geração - 21-36

Page 21: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

21

www.institutopedraviva.com.br

DEUTERONÔMIO

A. NOME DO LIVRO

Deuteronômio significa "segunda Lei", no grego da LXX. Este nome vem de 17.18 pelo fato

de que nesse livro Moisés está repetindo a lei à nação. Esse livro não contém uma nova lei, mas uma

segunda condição da Lei. O título original hebraico é "elleh haddebãrim" = "estas são as palavras" (1.1).

Outro nome apropriado para o livro seria "O Livro da Recapitulação". Devemos notar que quando Deus

repete algo de Seus ensinos (e é muito comum Ele fazer isso nas Escrituras) devemos prestar muita

atenção, pois são princípios que necessitamos nos firmar.

B. AUTOR

Moisés. Evidentemente sobre sua morte outro escreveu, no caso os judeus aceitam que tenha

sido Josué, seu sucessor.

C. DATA

1450-1410 a.C. O livro cobre um período de dois meses, inclusive 30 dias de luto por Moisés.

Porém, a narrativa é dos 40 anos no deserto. Alguns estudiosos negam que teria sido Moisés o escritor,

pois Deuteronômio só teria sido escrito nos dias da reforma do rei Josias (620 a.C.). Mas seria difícil isso

ser verdade, pois, no cap. 13 há pena de morte para qualquer membro da nação que fizer algum pacto

com outros deuses e se alguma cidade aceitar tal pacto deveria ser totalmente destruída sem misericórdia,

não poupando sequer os animais. Também, no cap. 12, a ordem era que qualquer homem ou mulher que

adorasse outros deuses deveria ser apedrejado sem misericórdia. É impossível imaginar que tais leis

fossem editadas numa época em que TODA a nação estava inclinada para esses pecados e que,

pouquíssimos estavam isentos de tais idolatrias.

D. PROPÓSITO

Há várias razões porque Moisés está recapitulando a Lei antes de entrar em Canaã:

1) Uma nova geração - A velha geração (exceto Calebe, Josué e, evidentemente, Moisés, até o momento)

morreu no deserto. A nova geração precisava ouvir a Lei novamente. Essa geração tinha 20 anos de

idade, quando a nação fracassou em Kades-Barnéa. É importante que conheçam a Palavra de Deus e

obedeçam, o que não ocorreu com seus pais.

2) Um novo desafio - Até agora foram peregrinos, doravante estão para entrar na Terra Prometida e

tornar-se uma nação habitada. Haveria batalhas e, por isso, deviam-se preparar. A melhor maneira de se

preparar para o futuro é entender o passado. "Os que não podem lembrar o passado estão condenados a

repeti-lo."

Page 22: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

22

www.institutopedraviva.com.br

3) Um novo líder - Moisés morreria e Josué seria o novo líder da nação. Moisés sabia que o sucesso da

nação dependia do povo obedecer a Deus. Se a nação crescesse na Palavra e no amor ao Senhor, então,

seguiria Josué e venceria.

4) Novas tentações - O povo na terra de Canaã enfrentaria diferentes problemas dos peregrinos no

deserto. Moisés queria que possuíssem a terra e permanecessem nela. Assim, ele os advertiu dos perigos

e deu-lhes a chave do sucesso. Muitos crentes, hoje, são como Israel (1.1-3). Eles são redimidos do Egito,

mas ainda não entraram na herança espiritual do descanso. Estão "deste lado do Jordão". Precisam ouvir

a Palavra de Deus novamente e caminhar pela fé em Cristo Jesus.

E. PALAVRAS CHAVES

Terra (153); Herança (36); Possuir (65); Ouvir (44); Escutar (27); Coração (46); Amor (20).

Essas palavras repetidas mostram a ênfase do livro: Israel entrará e possuirá a terra se ouvir a Palavra de

Deus, amá-Lo e ouvi-Lo (obedecê-Lo). Se amamos a Deus, nós O obedeceremos; e se obedecermos, Ele

abençoará.

F. UMA MENSAGEM PROFUNDA

Encontramos a palavra "amor" muitas vezes nesse livro, ainda que não se encontre em Gênesis

até Números. "Amor a Deus e amor de Deus pelo povo" (4.37, 6.4-6, 7.6-13, 10.12, 11.1, 30.6,16,20).

A palavra "coração" (46 vezes em Deuteronômio) é importante; a Palavra deve estar nos corações (5.29,

6.6); pecados começam no coração (7.17ss, 8.11-20); devemos amar a Deus de coração (10.12). Em

outras palavras, Moisés deixa claro que bênçãos provém quando o coração está reto. Se estão para possuir

a terra, seus corações devem estar cheios do amor de Deus e de Sua Palavra.

G. UM LIVRO PARA TODO HOMEM

Êxodo, Levítico e Números são "livros técnicos" que concernem especialmente aos sacerdotes

e levitas, mas Deuteronômio é um livro escrito para todo homem. Enquanto este repete muitas das leis

encontradas nos outros livros, dá um novo e profundo significado dessas leis e mostra o que significam

na vida diária do povo. Todos devemos ler Deuteronômio várias vezes. LEMBRE-SE: Jesus na tentação

citou 4 passagens e todas desse livro.

Page 23: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

23

www.institutopedraviva.com.br

TAREFA: Faça um breve comentário das respostas de Jesus para Satanás em Mt 4, citando as

referências de Deuteronômio. Fale qual é o contexto em Deuteronômio e que Jesus quis dizer ao citá-

las.

H. QUEM ESCREVEU DEUTERONOMIO. 34.5-12?

Alguns judeus estudiosos, como Phipo, o alexandrino e Josefo, o historiador, sugerem que o

próprio Moisés foi quem escreveu esses versos através da divina antecipação profética. Porém, no

Talmude encontra-se a opinião que Josué, o sucessor de Moisés foi quem escreveu.

I. MOISÉS NO MONTE NEBO

Moisés viu a terra prometida, contudo, não lhe foi permitido entrar nela (32.51). Mas Moisés

entraria futuramente nessa terra de maneira gloriosa (Mt 17.3). É bem provável que o último capítulo

(34) tenha sido escrito por Josué.

J. ESBOÇO SIMPLES

I. Histórico: Moisés olha para trás (1-4)

II. Prático: Moisés olha para dentro (5-26)

III. Profético: Moisés olha para frente (27-30)

IV. Pessoal: Moisés olha para cima (31-34)

JOSUÉ

A. AUTOR

Josué nasceu na escravidão egípcia. O nome de seu pai era Num, da tribo de Efraim (1 Cron

7.20-27); nada sabemos sobre sua mãe. Era chamado de Oséias, que significa "salvação", mas Moisés

chamou-o de Josué ("Jeová é Salvação", Nm 13.16, é o mesmo nome de "Jesus"). Serviu Moisés durante

a jornada da nação (Êx 24.13). Também guiou o exército na batalha contra Amaleque (Êx 17); foi um

dos dois espias que teve fé para entrar em Canaã quando a nação se rebelou em incredulidade (Nm

14.6ss). Como resultado de sua fé, juntamente com Calebe, entrou na Terra Prometida. A tradição judaica

afirma que Josué tinha 85 anos quando tomou o lugar de Moisés na liderança da nação. Josué 1-12 (a

conquista da terra) cobre um período de 7 anos; ele passou o restante de sua vida distribuindo a herança

e governando a nação. Morreu com 110 anos (24.9). Talvez Josué não tenha escrito todo o livro, mas

algum dos "anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué" ajudou (Js 24.26, 31),

principalmente no relato da morte de Josué.

Page 24: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

24

www.institutopedraviva.com.br

B. DATA

1400 a.C. O livro cobre um período de 25 anos.

C. JOSUÉ, UM TIPO DE CRISTO

Em Hb 4.8 "Jesus" devia ser traduzido "Josué". O nome "Jesus" é o equivalente a "Josué",

ambos significam "Salvação de Deus" ou "Jeová é o Salvador". Assim como Josué conquistou inimigos

terrenos, Cristo feriu cada inimigo através de Sua morte e ressurreição. Foi Josué, e não Moisés

(representando a Lei) quem levou Israel a Canaã; e é Jesus quem nos guia ao descanso e à vitória

espiritual e não as obras da Lei. Assim como Josué repartiu as heranças às tribos, Cristo tem-nos dado

nossa herança (Ef 1.3ss). O conselho de Josué foi rejeitado pelo povo em Kades-Barnéa (Nm 13-14); e

Cristo "veio para os Seus, mas os Seus não O receberam".

D. TEMA

Canaã NÃO é um quadro do céu, pois o crente não terá que batalhar para ganhar o céu. Canaã

representa a herança de Deus em Cristo. A vida cristã vitoriosa é cheia de batalhas e bênçãos, mas

também uma vida de descanso. Hb 4-5 enfatiza que entrar em Canaã é um quadro do crente entrando

numa vida de descanso e vitória pela fé em Cristo. O quadro seguinte ilustra os estágios da vida espiritual:

Egito Deserto Canaã

Quadro do mundo, a escravidão

do pecado

Quadro da derrota cristã Quadro da vitória e herança em

Cristo

O homem natural (não salvo) O homem carnal O homem espiritual

O peso do pecado A derrota do crente que não crê A vitória da fé

E. AS NAÇÕES DERROTADAS

Os que se opõem à Inspiração das Escrituras e ao Caráter de Deus atacam as passagens em que

Josué fala de guerra e matança (6.21, por exemplo). "Como pode um Deus de amor ordenar tamanho

derramamento de sangue?" Perguntam. Devemos ter em mente o seguinte: Deus deu a essas nações

centenas de anos para se arrependerem (Gn 15.16-21) de seus caminhos imundos. Em Lv 18 relata o que

eram "as obras de Canaã", práticas intoleráveis de sua adoração! Qualquer pecador (como Raabe Jos. 2

e 6.22-27) podia ser salvo pela fé; e havia prévia advertência (Jos 2.8-13). Deus usou a guerra para

castigar e destruir as nações que se esqueciam de Deus. As nações pagãs que fizeram aliança com Israel,

acabaram por tornarem-se laços para os judeus, fazendo-os pecar. Deus destruía essas nações para puni-

las por causa de seus pecados e para proteger Seu povo de seus maus caminhos.

Page 25: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

25

www.institutopedraviva.com.br

F. O FIM DO MANÁ

Deus esperou até o momento em que comeriam do próprio fruto da terra prometida. Apesar de

toda a murmuração no deserto, Deus continuou mandando o maná (5.12).

G. ESBOÇO SIMPLES

I. Atravessando o rio (1-5)

II. Conquistando o inimigo (6-12)

III. Tomando posse da herança (13-24)

JUÍZES

A. NOME DO LIVRO

A razão do nome é óbvia. Deus usou juízes, homens usados para libertar a nação de Israel, em

diferentes épocas. Vemos a providência de Deus em levantar homens para essa tarefa imensa, e sempre

ficou evidente que não fosse a mão miraculosa e poderosa de Deus, os juízes (apenas homens normais)

nada conseguiriam, exceto maior vergonha para Israel. O título original hebraico é "shõphetim" = "juízes

ou líderes executivos". É o registro de doze homens e uma mulher que libertaram a nação de seus

opressores em épocas diferentes.

B. DATA

990 a.C. O livro cobre o período dos primeiros 400 anos na terra prometida.

C. AUTOR

Não se sabe quem foi o autor desse livro. O certo é que se trata de uma compilação dos registros

que já existiam em documentos originais. Por exemplo, o cântico de Débora (cap.5) foi escrito em

hebraico bem arcaico. Muitos eruditos tentam reconstruir esse texto como no original. Pode ser que tenha

sido Samuel ou alguém entre seus discípulos e estudantes que fizeram a compilação.

D. TEMA

Juízes continua a história de Israel após a morte de Josué (Jz 1.1); da mesma forma como Josué

continuou a história após a morte de Moisés (Jos 1.1). Juízes é um livro de derrotas e desgraças; o verso

chave está em 17.6 "Todo homem fez o que era reto aos seus próprios olhos." O Senhor não era mais o

"Rei em Israel"; as tribos foram divididas; o povo foi misturado com nações pagãs; Deus precisou

castigar Seu povo. Temos um sumário de todo o livro em 2.10-19: bênçãos, desobediência, castigos,

arrependimento e livramento. Juízes é o livro das vitórias incompletas; é um livro da falta de confiança

Page 26: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

26

www.institutopedraviva.com.br

do povo de Deus em Sua Palavra e Seu poder. O povo abandonou a Deus (2.13), e Deus “abandonou” o

povo (2.23).

E. AS NAÇÕES OPRESSORAS

Eram Moabe, Mesopotâmia, Filistia, Canaã, Midiã e Amom.

F. A TERRA

A Terra Prometida estava cheia de nações e muitos "reis pequenos" governaram sobre

territórios menores. Josué guiou a nação coletivamente em grandes vitórias sobre os maiores inimigos.

O caminho ficou livre para cada tribo se apropriar de seus respectivos territórios. Enquanto Josué registra

um esforço unido; Juízes registra uma nação dividida e não mais devotada ao Senhor, esquecida do

concerto que fez no Sinai.

H. OS JUÍZES

Doze diferentes juízes são mencionados neste livro, levantados por Deus para derrotar um

inimigo particular e dar descanso ao povo. Não se considera Abimeleque como juiz, pois foi um

usurpador. Eli e Samuel também foram juízes, mas, principalmente sacerdotes. Portanto se contássemos

todos esses seriam 15 juízes, essa é a razão porque difere nos vários comentários. Baraque era um juiz

associado com Débora, sendo que a honra da libertação se dá mais a ela do que a ele. Esses juízes não

eram líderes nacionais; antes, eram líderes locais que livraram o povo de vários opressores. Nem todas

as tribos participaram de cada batalha, e frequentemente havia rivalidade tribal. Deus usou os juízes de

maneira poderosa (1 Co 1.26-31). O E.S. vinha sobre esses juízes para uma tarefa particular (6.34, 11.29,

13.25). Nem sempre a vida desses juízes era de caráter exemplar (Sansão, por exemplo).

Segue a lista dos juízes e a libertação:

JUIZ OPRESSÃO DURAÇÃO DESCANSO REFERÊNCIA

Otoniel de Judá Mesopotâmia 8 40 3.8,11

Eúde de Benjamim Moabitas 18 80 3.14,30

Débora junto com

Baraque

Cananeus 20 40 4.3, 5.31

Gideão de Manassés Midianitas 7 40 6.1, 8.28

Abimeleque, filho de

Gideão

3 9.22

Tola de Issacar 23 10.2

Page 27: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

27

www.institutopedraviva.com.br

Jair de Gileade 22 10.3

Jefté de Gileade Amonitas 18 6 10.8, 12.7

Ibsã de Belém 7 12.9

Elom de Zebulom 19 12.11

Abdom 8 12.14

Sansão de Dã Filisteus 40 20 13.1, 15.20

Do período em que um juiz começava a agir até que outro viesse, incluindo o período de

descanso das opressões, há um período de 410 anos.

H. AS NAÇÕES QUE PERMANECERAM

Deus permitiu que nações pagãs ficassem em Canaã por várias razões:

1) Para punir Israel (2.3,20,21)

2) Para provar Israel (2.22, 3.4)

3) Para providenciar a Israel experiência em batalhas (3.2)

4) Para impedir que Canaã se tornasse um deserto (Dt 7.20-24)

Deus usou essas nações para os Seus próprios propósitos. Os judeus podiam ter vitória total;

mas ficaram comprometidos com essas nações. Assim acontece hoje com muitos crentes e com muitos

grupos de crentes.

I. SOBRE O SACRIFÍCIO DA FILHA DE JEFTÉ

Este é um dos casos mais misteriosos do livro dos juízes. Aparentemente Jefté ofereceu sua

filha como sacrifício, cumprindo assim o voto apressado que fizera (11.30-31, 39). Porém, o sacrifício

humano é totalmente repudiado por Deus, como era para o povo de Israel. Era uma prática Cananéia.

Deus deixou bem claro que nunca haveria sacrifício humano que O agradasse, conforme vemos no

episódio de Abraão e Isaque. A primeira menção de um sacrifício humano entre os israelitas foi só no

reinado de Acaz (743-728 a.C.). A filha de Jefté lamentou por dois meses a sua VIRGINDADE (bet_lim)

(11.37-38).

K. ESBOÇO SIMPLES

I. Apatia (1-2)

II. Apostasia (3-16)

III. Anarquia (17-21)

Page 28: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

28

www.institutopedraviva.com.br

RUTE

A. NOME DO LIVRO

O nome do livro diz respeito à personagem principal, Rute, uma gentílica (moabita) que se

casou com um judeu. Deus usou Rute para continuar a descendência que culminaria na Pessoa do

Messias. Esse livro explica a inclusão de uma gentílica na linhagem de Davi e mostra o grande alcance

da graça de Deus, incluindo gentios em Seu plano para a nação de Israel e por fim, para o mundo todo.

Rute foi a bisavó de Davi.

B. AUTOR

Desconhecido. Alguns atribuem ao último juiz, que foi também sacerdote, Samuel.

C. DATA

Os acontecimentos deste livro pertencem à época dos juízes (Rt 1.1), porém, não foi escrito

antes da época de Davi, pois o nome dele é mencionado (4.22). Tomando a mesma data da composição

do livro de Juízes, portanto, foi escrito mais ou menos 1.000 anos a.C. Não é mencionado o juiz que

governava na época de Rute. Josefo diz que foi na época de Eli (sacerdote-juiz). Eli era contemporâneo

de Sansão. O livro de Rute cobre um período de uns 10 anos.

D. RUTE, JUÍZES E SAMUEL

Rute é colocado entre Juízes e Samuel. Juízes mostra o declínio da nação judaica; Samuel

mostra o reinado da nação judaica e Rute representa Cristo e Sua Noiva, pois durante essa época (quando

Israel é colocada de lado) Cristo está chamando Sua Noiva dentre os gentios.

E. A LEGISLAÇÃO ENVOLVIDA NO LIVRO DE RUTE

Duas leis do V.T. estão envolvidas nesta história (4.3-5):

1. A redenção da propriedade (das terras) do parente falecido (4.3, conf. Lv 25.25-34).

2. A lei do levirato, que exigia o irmão do falecido suscitar descendência (Dt 25.5-10 compare com

Lv 25.48-49, Jz 9.3).

F. BOAZ E CRISTO

Assim como Boaz satisfez as exigências para ser remidor, Cristo Jesus satisfez as exigências

para nos remir. A palavra "goel" significava resgatador e depois veio a significar, também, parente, pois

para resgatar devia ser parente.

Page 29: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

29

www.institutopedraviva.com.br

ERA NECESSÁRIO QUE O REMIDOR FOSSE PARENTE DAQUELE QUE PRECISAVA DE

REMISSÃO

- Não bastava alguém se compadecer da pessoa; o direito de redenção era reservado a um parente

próximo. Boaz era parente de Rute (2.3 com 1.1-3, 2.20).

- Jesus está ligado a nós pela carne (Hb 2.14-15).

O REMIDOR PRECISA TER MEIOS COM QUE PAGAR O PREÇO DA REMISSÃO

- Boaz tinha recursos para remir Rute, embora tinha um concorrente (3.9-13, 4.10);

- Jesus como Redentor teve recurso para remir a Igreja (At 20.28).

O REMIDOR SÓ RESGATAVA SE QUISESSE

- O parente mais próximo de Rute não estava disposto a assumir as responsabilidades, por isso, tinha que

passar adiante seu direito de resgatador. Boaz tinha grande desejo de resgatar Rute (3.9-13, 4.9-10);

- Jesus, também, quis resgatar-nos (Lc 22.42, Hb 10.7, Mt 16.23, Jo 18.8,11).

O REMIDOR NÃO PODIA, ELE MESMO, NECESSITAR DE REMISSÃO

- Se o próprio Boaz fosse um escravo, necessitado de remissão, já estaria desqualificado, mas não era o

caso, Boaz não era escravo, mas senhor (Rt 2.8, 9.15).

- Rt 3.15, 6 medidas de cevada = 8 litros (já batidos).

- Jesus não podia ter nenhum pecado, doutra sorta, também seria escravo (Hb 4.15, 1 Pe 2.22-24).

G. A LINHAGEM DO MESSIAS

Rute e Boaz contribuíram para a vinda do Messias. Analisando mais as origens dos dois,

podemos ver claramente a graça de Deus, em contraste com o nacionalismo da maioria dos judeus,

principalmente os fariseus da época de Jesus. Rute era moabita, descendente de Ló (Gn 19.37), parentes

distantes dos judeus. Os moabitas eram idólatras. Boaz era filho de Raabe, a prostituta Cananéia de Jericó

(Js 2.1, Mt 1.5). Portanto, moabita e meio-cananita, mostrando assim, que o Messias seria para TODOS

os povos.

I. ESBOÇO SIMPLES

I.A tristeza de Rute (1)

II.O serviço de Rute (2)

III.A entrega de Rute (3)

IV.A satisfação de Rute (4)

Page 30: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

30

www.institutopedraviva.com.br

1 SAMUEL

A. NOME DO LIVRO

A Bíblia hebraica antiga considera esses dois livros como um só, assim como os livros dos

Reis. Esse livro trata da vida de três personagens: Samuel, Saul e Davi. Samuel significa "seu nome é

Deus" ou como alguns traduzem "ouvido de Deus". Embora o livro tenha o nome de Samuel, Davi é

mais enfatizado. Samuel é considerado o último juiz (At 13.20) e o primeiro dos profetas (At 3.24). No

VT era considerado, depois de Moisés, a pessoa mais importante dentre o seu povo (Jr 15.1). Foi também,

o sucessor do sacerdote Eli, muito embora não fosse da linhagem Arônica. Samuel ao que tudo indica

foi o primeiro a criar uma escola para o treinamento de jovens para o ministério profético.

B. AUTOR

Desconhecido. Porém, pode ser que Samuel foi coautor juntamente com Natã e Gade (1 Cr

29.29 com 1 Sm 10.25). Alguns documentos eram guardados ao lado da arca, desde o tempo de Moisés.

Samuel tendo contato com tais documentos e interessado pela história de Israel, e com tantos recursos

de informação, só faltavam os dotes de escritor, o que parece que tinha (1 Sm 10.25, mostra que Samuel

preparou uma constituição para o reino).

C. DATA

Entre 930-722 a.C. O livro cobre um período de 120 anos.

D. O ESPÍRITO SANTO NO LIVRO DE 1 SAMUEL

Alguns até têm dito que este livro são "os Atos do Velho Testamento" por causa das ocorrências

da atuação do E.S. registradas no livro. EXEMPLOS:

1. O E.S. como autor e meio para a regeneração do coração (10.6,9)

2. O E.S. como autor da ira santa e justa (11.6)

3. O E.S. como inspirador da coragem e da prudência no falar (16.13,18)

4. O E.S. como o libertador do mal (16.14)

E. ALGUMAS MENSAGENS DO LIVRO

Mostra o sofrimento proveniente da poligamia (1.6). A poligamia não é proibida no VT (Dt

21.15-17), porém, a monogamia é o ideal de Deus para o lar (Gn 2.21-24, Mt 19.3-6, Ef 5.21-33). Os

desastres da falta de firmeza do pai (2.22-25). O perigo do formalismo e do ritualismo (4.3). O perigo da

precipitação e da presunção (13.8-14). O perigo da obediência parcial (15.1-35) O fim do regime

teocrático e o início do regime monárquico. Israel quis um rei para ser como as outras nações (8.5-9,

12.12). Moisés havia profetizado a vinda de um reinado (Dt 17.14-15).

Page 31: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

31

www.institutopedraviva.com.br

F. NÃO SÓ PARA CRIANÇAS...

O episódio mais popular do livro é o duelo de Davi e Golias. Aqui vão alguns detalhes:

1. Golias era um gigante de quase 2,80m de altura.

2. A armadura de Golias pesava em torno de 50 quilos, a lança 6Kg.

3. Provavelmente Davi usou uma pedra de meio quilo a uma velocidade inicial de 160 a 240 Km/h. Sua

pontaria devia ser tão boa quanto aos homens de Gibeá (Jz 20.6).

4. A primeira pedra deixou Golias inconsciente, Davi matou-o com a própria espada do inimigo.

G. A MÉDIUM DE EN-DOR

O capítulo 28 relata a visita que Saul fez a feiticeira de En-Dor. Sem dúvida foi uma sessão

espírita, a questão é se Samuel apareceu, de fato a Saul. Os comentaristas se dividem. Nesta apostila, a

abordagem é que não houve aparição de Samuel, mas de um demônio. Eis algumas razões:

1. Deus não usaria uma prática que ele mesmo condenou - Dt 18.9-14

2. Os filhos de Saul e ele não estariam com Samuel no dia seguinte - 1 Sm 28.18-19 com 29.10-11 e

30.1-2 e 30.10,13,1

3. Deus condenou aquele ato - 1 Cr 10.13

4.Não houve verdade na profecia, pois nem Saul, nem todos seus filhos morreram no dia seguinte.

H. ESBOÇO SIMPLES

I. Samuel (1-7)

II. Saul (8-15)

III. Davi (16-30)

2 SAMUEL

A. PERÍODO ABRANGENTE DO LIVRO

2 Samuel abrange um período de 40 anos de história, começando com as lutas e conquistas de

Davi antes de ser rei até o pecado e a consequência deste por causa do recenseamento que o rei Davi

promoveu entre o povo.

B. CONSELHO PRECIPITADO

No desejo de ver alguém agradando a Deus podemos incorrer no mesmo erro de Natã, o de

incentivar a fazer algo "bom", atribuindo a ideia a Deus (ver 7.3 e o contraste no v.4-5).

Page 32: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

32

www.institutopedraviva.com.br

D. TEMPLO E TRONO

No capítulo 7, embora Deus permite a construção do Templo, não seria por mãos de Davi, mas

pelas mãos de Salomão. O nascimento de Salomão é profetizado. No v.13, o contraste entre o Templo

que será construído por Salomão e o Trono Eterno de Davi no reino (milenar). No v.16, a promessa de

semente perpétua não é para Salomão e sim para Davi. Esta é a ALIANÇA DAVÍDICA.

E. A ARCA

Os filisteus pensavam que o poder de Israel nas lutas estava na arca, por isso, roubaram-na e

usaram como talismã. Porém, desgraças acometeram o povo, por isso, resolveram devolvê-la. Ficou com

os filisteus 7 meses. (cap. 4-7). Depois de passar por Bete-Semes e Quiriate-Jearim (20 anos), foi

removida para Jerusalém, onde Davi edificou um tabernáculo para ela (2 Sm 6.12, 2 Cr 1.4). Jerusalém,

então, passou a ser o centro da adoração judaica e, também, a capital política. Com o cativeiro

Babilônico, a arca desapareceu (586 a.C.). Existe a tradição que Jeremias teria escondido numa caverna

(2 Crôn. 35.3, Jr 3.16, 2 Macabeus 2.4-8).

SOBRE O TRANSPORTE DA ARCA: O descuido de Davi em levar a arca num carro, ao invés de ser

nos varais, pelos sacerdotes (Nm 4) resultou na morte de Uzá.

F. ALGUNS ERROS DO ESCRIBA

A Bíblia chegou até nós traduzida e várias revisões já foram feitas por causa de erros, porém,

o caso aqui não é este, mas que até houve erros nos manuscritos antigos, visto que, também, foram obras

de "segunda mão", ou seja, cópias feitas à mão de outras cópias, sendo que a original só mesmo quem

recebeu a revelação direta de Deus é quem possuía. Neste livro percebe-se dois erros do escriba. Um está

em 8.4 que deve ser comparado com 1 Crôn. 18.4. Outro está em 2 Sm 10.18 que deve ser comparado

com 1 Crôn. 19.18. Como disse o Dr. Scofield: "Deus nos deu uma Bíblia livre de erros nos manuscritos

originais. Na sua preservação através de muitas gerações, Ele providenciou que não houvesse erros

sérios, embora Ele tenha permitido alguns erros dos escribas." Erros numéricos são os mais comuns dos

escribas. Outros exemplos: 2 Cr 22.2 com 2 Rs 8.26; 2 Cr 36.9 com 2 Rs 24.8; 1 Cr 21.5 com 2 Sm 24.9;

2 Cr 2.2,17,18 e 2 Cr 8.18 com 1 Rs 9.28; 1 Cr 21.25 com 2 Sm 24.24; 2 Cr 3.4 com 1 Rs 6.2.

G. O PECADO DE DAVI

Foi, sem dúvida, o momento mais triste da vida de Davi. Fugir de Saul foi assustador, mas nada

comparado à tristeza e consequências que trouxeram a Davi. O registro se encontra no capítulo 11. O

pecado de Davi não foi um ato isolado, mas uma descida que foi-se acentuando até torna-se íngreme

Page 33: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

33

www.institutopedraviva.com.br

demais para voltar sem machucar-se. Como em Sl 42.7, "um abismo chama outro abismo". Aqui,

portanto, a queda de Davi vista em seus vários aspectos:

1.Negligência de responsabilidade - v.1

2.Ociosidade - v.2

3.Olhar impuro - v.2

4.Pensamento malicioso - v.3

5.Abuso de autoridade - v.4

6.Adultério - v.4

7.Cinismo - v.7

8.Falsidade - v.8,10

9.Insensibilidade ao alerta de Deus para a confissão - v.11

10.Planos para encobrir o pecado - v.12

11.Amizade traidora - v.13

12.Transferência de "culpa" - v.13 (Davi tentou "provar" que a gravidez foi por Urias, porém, foi

frustrado, visto que Urias não deitou com sua própria mulher, nem depois de embriagado, por isso,

teve que tentar o "plano B".

13.Assassinato passivo - v.14-15

14.Tropeço aos que estão sob sua responsabilidade, fazendo-os pecar - v.16-24

15.Proteção ao pecado dos outros - v.25

16.Cegueira total (obstinação), consciência tranquila em relação ao pecado - v.26-27

A REPREENSÃO E O JULGAMENTO

1. Através de uma ilustração Davi é repreendido por Natã - 12.1-7

2. O julgamento

A. Lutas constantes em sua própria casa - 12.10 com 13.28-31,

37-39, 18.14, 15.1-23,1 Rs 2.13-25

B. Suas próprias mulheres abusadas em sua presença - 12.11-12 com 16.21-22

C. Morte do filho, fruto daquele pecado - 12.14 com 12.15-18

H. O PECADO DO RECENSEAMENTO - CAP. 24

Davi contou seus homens à disposição e descobriu que tinha 800 mil. Isso deu a Davi uma falsa

confiança em seus próprios recursos. Davi percebeu e admitiu sua culpa. Davi escolheu o castigo que

teria e preferiu cair nas mãos misericordiosas do Senhor. Em 1 Cr. 21.1 diz que Satanás que levou Davi

agir assim. Isso é um alerta para nós, pois Satanás quer que sintamos fortes com nossos próprios recursos,

o que será uma queda diante de Deus. A população total, talvez era entre seis e oito milhões (1 Cr 21.6).

Page 34: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

34

www.institutopedraviva.com.br

I. ESBOÇO SIMPLES

I. Os triunfos de Davi (1-10)

II. As aflições de Davi (11-24)

REIS

A. NOME DO LIVRO

I e II Reis eram um só livro. São chamados os Livros dos Reis porque registram os principais

acontecimentos dos reinados dos reis de Judá e Israel desde a morte de Davi, até o final do reino de Judá

e a queda de Jerusalém. O livro de 1 Reis fala do reinado de Salomão, dando pormenores da construção

do Templo; fala, também, do ministério de Elias e o reinado de Acabe. Em hebraico o título é

simplesmente "melãkhim" = reis. O motivo de terem dois livros na LXX é simples: no original hebraico

não era necessário escrever as vogais; já o grego exige isso e ocupa o dobro de espaço, sendo necessários

dois rolos.

B. AUTOR

Desconhecido. Supõe-se que tenha sido escrito enquanto ainda havia o primeiro Templo (8.8),

por isso, presume-se que Jeremias tenha escrito, usando dados de Natã e Gade e outros escritores.

C. O PERÍODO ABRANGENTE

Da morte de Davi até Acabe e Jeosafá cobre um período de 120 mais ou menos.

D. DATA

Por volta de 550 a.C.

E. A DIVISÃO DO REINO

Salomão teve grande culpa na divisão do reino de Israel, pois, além de trazer vários deuses para

o reino, por causa de suas 7 centenas de esposas e 3 centenas de concubinas, teve que cobrar altos

impostos para manter o seu reinado luxuoso. Para completar Roboão seu filho "mudou os marcos

antigos" não ouvindo os mais velhos. (caps.11-12).

Page 35: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

35

www.institutopedraviva.com.br

F. REIS DE JUDÁ E REIS DE ISRAEL

REIS DE JUDÁ REIS DE ISRAEL

19 reis de uma só dinastia: Davi (345 anos) 19 reis e 9 dinastias (210 anos), 8 reis foram

assassinados ou cometeram suicídio.

Judá teve frequentes reavivamentos Israel não teve nenhum reavivamento

G. O CARÁTER DOS REIS

A comparação dos reis era feita tomando como exemplos Davi (o rei bom) e Jeroboão (o rei

mau). A maioria dos reis "andou nos caminhos Jeroboão, filho de Nebate", com exceção de alguns reis

de Judá, como Asa (1 Rs 15), Josafá (1 Rs 22), Ezequias (2 Rs 18-20) e Josias (2 Rs 22-23), e mesmo

esses tiveram alguns defeitos.

H. OS REIS E A CRONOLOGIA

Alguns estudiosos hebreus admitem que existem alguns erros quanto às datas. Uma das

explicações é que cometeram o erro de contar uma parte de um ano como se fosse um ano inteiro e outra

explicação são as complicações decorrentes das co-regências, quando um filho reinava com o pai durante

algum tempo e, às vezes, por erro dos copistas. Contudo a cronologia dada na página seguinte é

aproximada e aceita pelos estudiosos.

ISRAEL (reino do Norte) JUDÁ (reino do Sul)

NOME DO REI REINADO NOME DO REI REINADO

Jeroboão 931-909 Roboão 931-913

Nadabe 910-908 Abias 913-911

Baasa 909-886 Asa 911-870

Elá 885-885 Josafá 870-848

Zinri 885- - Jorão 848-841

Onri 885-874 Acazias 841- -

Acabe 874-853 Atalia 841-835

Acazias 853-852 Joás 835-796

Jorão 852-841 Amazias 796-767

Jeú 841-814 Uzias 767-740

Jeoacaz 814-798 Jotão 740-732

Jeoás 798-782 Acaz 732-716

Jeroboão II 782-753 Ezequias 716-687

Page 36: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

36

www.institutopedraviva.com.br

Zacarias 753-752 Manassés 686-642

Salum 752- - Amom 642-640

Menaém 752-742 Josias 640-609

Pecaías 742-740 Jeoacaz 609- -

Peca 740-732 Jeoaquim 609-597

Oséias 732-723 Joaquim 597- -

Zedequias 597-587

I.ESBOÇO SIMPLES

I.O estabelecimento do reino (1-2)

II.A glória do reino (3-10)

III.A divisão e o declínio do reino (11-22)

2 REIS

A. NOME DO LIVRO

Como vimos no 1º livro, essa divisão só veio a existir na LXX, portanto, o 2º livro é apenas a

continuação da história dos reis de Judá e Israel.

B. AUTOR E DATA

Seguem a mesma orientação do 1º livro.

C. O PERÍODO ABRANGENTE

O 2º livro dos Reis contém a história desde Acabe até o cativeiro, mais ou menos 300 anos de

história. A primeira parte narra os atos de Eliseu, durante seus 66 anos de ministério. Eliseu operou 16

milagres, enquanto Elias operou a metade (isso explica 2.9).

D. OS 16 MILAGRES OPERADOS POR ELISEU

1º A abertura do Jordão (2.14) 9º Multiplicação da comida (4.43)

2º Purificação das águas (2.21) 10º Cura de Naamã (5.10)

3º Ferimento aos "rapazinhos" (2.24) 11º Lepra sobre Geazi (5.27)

4º Águas de sangue (3.20) 12º Machado que flutuou (6.6)

5º O azeite da viúva (4.1-6) 13º Carruagens de fogo (6.17)

6º Filho para a mulher (4.16-17) 14º Cegueira sobre os soldados sírios (6.18)

Page 37: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

37

www.institutopedraviva.com.br

7º Ressurreição do menino (4.35) 15º Visão de Samaria (6.20)

8º Purificação veneno (4.41) 16º O milagre na própria sepultura (13.21)

E. OS 8 MILAGRES OPERADOS POR ELIAS

1º Seca (1 Rs 17.1)

2º Farinha e azeite (1 Rs 17.16)

3º Ressurreição do filho da viúva de Sarepta (1 Rs 17.22)

4º Fogo do céu sobre o holocausto no monte Carmelo, em desafio aos profetas de Baal (1 Rs 18.38)

5º Chuva depois da seca (1 Rs 18.1,41,44,45)

6º Fogo do céu contra 51 homens (2 Rs 1.10)

7º Fogo do céu contra outros 51 homens (2 Rs 1.12)

8º Divisão das águas do Jordão (2 Rs 2.8)

F. REIS BONS E REIS MAUS

Israel, vergonhosamente, não possuiu NENHUM rei bom, dos 19 que existiram. Judá foi

governado por 19 reis e 1 rainha, sendo que 8 foram bons. Um dos melhores reis de Judá, Ezequias, era

pai do pior dos reis (cap.21). Não houve rei semelhante a Josias (23.25). Quase a linhagem davídica

sucumbiu (11.1-3). Também, por pouco a única cópia da Lei desapareceu (22.8-20). A triste frase "e fez

o que parecia mal aos olhos do Senhor", encontra-se 21 vezes neste livro. A frase "e fez o que era reto

aos olhos do Senhor" aparece somente 8 vezes.

G. O FIM DA MONARQUIA

Após o exílio babilônico não houve mais rei. Com isso Deus libertou a nação da confusão

causada com a interferência do Estado sobre a religião, pois os reis sendo infiéis a Deus e casando-se

com mulheres pagãs, tornaram a religião monoteísta hebraica manchada com o paganismo. Portanto, a

monarquia começou contra a vontade de Deus e terminou de modo trágico, embora Deus ofereceu

oportunidades para os reis andarem nos caminhos do Senhor e de Davi.

G. ESBOÇO SIMPLES

I.O fim do ministério de Elias (1-2)

II.O ministério de Eliseu (2-13)

III.O desaparecimento de Israel (13-17)

IV.O desaparecimento de Judá (18-25)

1 CRÔNICAS

Page 38: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

38

www.institutopedraviva.com.br

A. NOME DO LIVRO

Assim como os livros dos reis, 1 e 2 Crônicas no original hebraico são um só livro. Crônicas,

embora pareça, não é a repetição dos livros dos reis. Os livros dos reis e de Samuel tratam de Judá e

Israel; os livros das Crônicas tratam somente de Judá. Os tradutores gregos deram o nome para este livro

de "As coisas omitidas". Porém, o título hebraico é "Diberey hayyãmim" = as palavras dos dias ou

narrativas dos dias. A palavra crônica significa coletânea de fatos históricos em ordem cronológica.

B. AUTOR

A tradição judaica afirma que Esdras foi o escritor. O fim do livro de Crônicas liga com o

começo do livro de Esdras. Parece que Crônicas-Esdras-Neemias tinham o propósito de formar uma só

obra. O cronista certamente tinha acesso aos registros dos reis, pois ele mesmo menciona (2 Cr 24.27).

Algumas informações adicionais, talvez, foram tiradas desses registros.

C. DATA

Provavelmente foram escritos no período do cativeiro da Babilônia. No 5º século a.C. (450 e

425 a.C.). Os dois livros de Crônicas cobrem um período de 460 anos. 1 Crônicas, cobre um período de

60 anos.

D. A ÊNFASE DO LIVRO DAS CRÔNICAS

Enquanto o livro dos reis fala de guerras e reinado; Crônicas fala do Templo e seus ritos. O

ponto de vista em Crônicas é o do próprio Senhor, enquanto que no livro dos reis o ponto de vista é

humano. Davi é o personagem enfatizado em 1 Crônicas. O pecado de Davi não é mencionado,

mostrando assim, o perdão de Deus. A seguir uma comparação simples entre o livro dos reis e o livro

das crônicas:

LIVRO DOS REIS LIVRO DAS CRÔNICAS

A história da nação é apresentada a partir do

trono

A história é apresentada a partir do altar

O palácio é o centro O templo é o centro

O registro da história política O registro da história religiosa

Apresentação dos fatos Interpretação desses fatos

Ponto de vista humano Ponto de vista divino

EXEMPLO quanto ao ponto de vista. Em 1 Rs 14.20 sobre a morte de Jeroboão, simplesmente diz que

"dormiu com seus pais". Já em 2 Cr 13.20 diz que "o feriu Jeová, e morreu".

Page 39: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

39

www.institutopedraviva.com.br

E. ALGUMAS DIFERENÇAS TEXTUAIS

Visto que o cronista obtinha informações dos registros reais, é mais provável supor que Samuel

e Reis tiveram alguns erros de texto na edição. Por exemplo:

1. A morte do irmão de Golias (2 Sm 21.19 com 1 Cr 20.5).

2. A quantia de dinheiro dada por Davi para o lugar de adoração (2 Sm 24.24 com 1 Cr 21.25).

Embora alguns expliquem esta aparente contradição mostrando que um enfatiza o campo todo,

enquanto outro somente os bois e a eira.

F. DOCUMENTOS DE ONDE FORAM COMPILADOS OS REGISTROS DAS CRÔNICAS

Crônicas é um livro de compilação. Aqui segue uma lista dos documentos mencionados, ou

seja, as fontes de onde Esdras (supostamente) recorreu:

1.Livro dos Reis de Israel e Judá - 2 Cr 27.7

2.Um MIDRASH (comentário, relato) - 2 Cr 24.27

3.Palavras, ou História de Samuel o vidente - 1 Cr 29.29

4.Palavras, ou História de Gade o vidente - 1 Cr 29.29

5.Palavras, ou História de Natã o Profeta - 2 Cr 9.29

6.A profecia de Aías o silonita - 2 Cr 9.29

7.As visões de Ido o vidente - 2 Cr 9.29

8.Palavras, ou História de Semaías o profeta - 2 Cr 12.15

9.Um MIDRASH (comentário, relato) de Ido o profeta - 2 Cr 13.22

10.Obra de genealogia de Ido o profeta - 2 Cr 12.15

11.Palavras, ou História de Jeú, filho de Hanani - 2 Cr 20.34

12.Atos de Uzias, por Isaías o profeta - 2 Cr 25.22

13.A visão de Isaías o profeta - 2 Cr 32.32

14.Palavras, ou História dos videntes (ou Hozai) - 2 Cr 33.19

G. ESBOÇO SIMPLES

I. Genealogias (1-9)

II. O reinado de Saul (10)

III. O reinado de Davi (11-29)

Page 40: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

40

www.institutopedraviva.com.br

2 CRÔNICAS

A. NOME DO LIVRO

No original hebraico este livro começa com o conectivo "e", mostrando, assim, a continuidade

da narração histórica, pois, como já vimos, 1 e 2 Crônicas formavam um só livro.

B. AUTOR, DATA E ÊNFASE DO LIVRO

Segue o mesmo que o 1º livro das Crônicas. 2 Crônicas cobre um período de 400 anos.

C. O FIM DO VELHO TESTAMENTO

Na ordem dos livros no cânon hebreu o Velho Testamento termina com 2 Crônicas 36.23.

D. ESBOÇO SIMPLES

I. O reinado de Salomão e a narrativa detalhada da construção do Templo (1-9)

II. Os reis de Judá (10-36)

ESDRAS

A. NOME DO LIVRO

Esdras e Neemias formam um livro na Bíblia hebraica, pois falam de uma história: o retorno

do remanescente para Jerusalém e a reconstrução da cidade e da nação. O cativeiro babilônico começou

em 606 a.C. Jerusalém caiu nas mãos do inimigo em 587 a.C. Os babilônicos deportaram muitos do povo

entre 606 e 586 a.C., incluindo Daniel e Ezequiel. Jeremias profetizou um período de 70 anos de cativeiro

(Jr 25.12-14 e 29.10-14, 2 Cr 36.21); isto abrangeria do começo da invasão em 606 a.C. até o retorno do

remanescente em 536 a.C., tempo este em que o altar foi reconstruído e o sacrifício de animais

restabelecido. Assim, Esdras e Neemias contam a história do retorno à terra e à cidade, a reconstrução

do Templo e a reconstrução dos muros. O livro de Ester, também, abrange esse período, bem como os

livros dos profetas Ageu e Zacarias (ver Esdras 5.1ss).

B. AUTOR

Esdras foi escritor como a maioria dos escritores concordam. Os judeus estimam muito a vida

de Esdras como escriba. Alguns dizem que ele copiou toda a lei, visto que esta tinha sido destruída no

exílio, bem como muitos livros. Os capítulos 7 a 9 são escritos na primeira pessoa do singular. Os

primeiros seis capítulos são escritos com base em registros. Duas passagens são escritas em aramaico

(4.8-6.18 e 7.22-26). O aramaico era a língua diplomática da época, o que faz sentido, pois os textos

nesse idioma são para cartas e decretos entre a Palestina e a Pérsia.

Page 41: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

41

www.institutopedraviva.com.br

C. DATA

Tomando como certo que o Artaxerxes em 7.1 era o Artaxerxes I Longímano, Esdras chegou

em Jerusalém em 457 a.C., o "sétimo ano do rei" (7.8), portanto, doze anos antes de Neemias chegar em

Jerusalém. O livro de Esdras abrange um período de 80 anos mais ou menos. Na História os

acontecimentos no mundo são os seguintes:

1) Idade de ouro da Grécia.

2) Época da vida de Buda (563-483 a.C.)

3) Época da vida de Confúcio (551-479 a.C.).

D. CRONOLOGIA

606 - 605 - Os babilônicos iniciam sua invasão e deportação dos prisioneiros.

587 - Jerusalém rende-se ao inimigo.

539 - Babilônia rende-se a Ciro e o Império Medo-Persa tem início.

538 - Ciro permite aos judeus retornarem à Palestina.

536 - Aproximadamente 50 mil Judeus retornam; o altar é reconstruído e sacrifícios são oferecidos.

535 - Começa a reconstrução do Templo, mas a obra é interrompida (Esd 4).

520 - Após 15 anos, a obra reinicia-se; Ageu e Zacarias pregam.

515 - O Templo é restaurado e consagrado.

476 - Ester torna-se rainha da Pérsia.

458 - Esdras viaja a Jerusalém (ver Esd 7-10); seguem reformas espirituais.

446 - Neemias enviado a Jerusalém como governador. Reconstrução dos muros.

Malaquias, contemporâneo de Neemias profetiza.

Alguns estudiosos discordam de algumas datas, mas esse pormenor não afeta as lições tiradas

desses acontecimentos. Note que Esdras foi para Jerusalém somente 80 anos após Zorobabel começar a

edificar o Templo.

E. A CRONOLOGIA DOS REIS DA PÉRSIA

528-529 Ciro

529-522 Cambises

522-521 Gaumata (pseudo-Smerdis), foi Usurpador.

521-486 Dario I (Histaspes)

486-465 Xerxes I (Assuero)

464-424 Artaxerxes I (Longimano)

Page 42: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

42

www.institutopedraviva.com.br

424-423 Xerxes II

423-404 Dario II (Nothus)

404-359 Artaxerxes II (Mnémon)

359-338 Artaxerxes III (Ócus)

338-331 Dario III (Codomano)

Nesta data, o império persa foi derrubado por Alexandre o Grande da Macedônia.

F. OS LÍDERES

ESDRAS

1. Foi um judeu justo e patriota.

2. Um sacerdote e escriba (Esd 7.1-6).

3. Ele foi um estudante das Escrituras e ajudou a restaurar a Lei à terra.

4. Também, foi um homem de oração (8.21-23) e um homem interessado pelo bem-estar de seu povo

(9.3-4).

5. Seu nome significa "ajuda".

6. A fé de Esdras no Senhor é vista pela sua disposição de empreender uma jornada perigosa da

Babilônia a Jerusalém, sem escolta militar!

NEEMIAS

1. Era um oficial na coorte do rei quando Deus o chamou para retornar à cidade de Jerusalém para

reconstruir os muros.

2. Ele era o que chamamos hoje de "leigo", sendo que não tinha nenhum chamado profético ou

linhagem sacerdotal.

3. Ele foi promovido de copeiro para governador!

ZOROBABEL

1. Era um dos líderes antes de Esdras (2.3, 3.8).

2. Seu nome significa "descendente da Babilônia", mostrando assim que nasceu no Exílio. Alguns

dizem que era chamado, também, de Sesbazar, que seria o nome babilônico (1.8,11, 5.16); outros

discordam disso, pois em 5.14-16, Sesbazar é referido como alguém que não mais estava vivo,

enquanto Zorobabel estava atarefado na edificação do Templo.

3. Seu título oficial era "Tirsata" (2.63) que significa "governador".

4. Zorobabel era da linhagem real de Davi (1 Cr 3.17-19).

5. Ele serviu de líder político da nação restaurada.

Page 43: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

43

www.institutopedraviva.com.br

JOSUÉ

Era o sumo-sacerdote nessa época (Ag 1.1,12,14, Zc 3.1-10, Esd 3.2).

Além desses nomes que foram citados, mais duas personagens foram muito importantes nessa

época: os profetas Ageu e Zacarias, os quais animaram o povo quanto à reconstrução do Templo. Note

que Esdras NÃO guiou o primeiro grupo de judeus de volta a Jerusalém; isto foi feito por Zorobabel e

Josué 80 anos antes. Esdras só "entra em cena" no cap.7 quando guiou o segundo grupo (um grupo

menor) à Terra Santa. Esdras permaneceu lá para trabalhar e finalmente juntou-se a Neemias (Nee 8.9,

12.26).

G. LIÇÕES

Deus tinha prometido cativeiro à nação, caso caísse em desobediência, e Ele cumpriu Sua

promessa. Ele também prometeu que um remanescente retornaria (Jr 25.12-14, 29.10-14). Foi a profecia

de Jeremias que encorajou Daniel na Babilônia a orar pelo retorno do povo (Dn 9.1ss). Deus preservou

uma "lâmpada" em Jerusalém para que seu Filho pudesse nascer através da nação judaica e salvar o

mundo. O Salmo 126 relata a alegria de retornarem para a terra, mas nem todos se alegraram. Os mais

velhos que lembravam da glória do Templo choravam, como Ageu relata.

H. DEUS CONTROLANDO A HISTÓRIA

Judá foi para o cativeiro babilônico e lá ficou por 70 anos. Ciro, o rei da Pérsia derrotou a

Babilônia, cumprindo a profecia (Is 14.22, Jer 27.7, Dn 5.28). Isaías profetizou até o regresso dos judeus

e até profetizou o nome de Ciro 200 anos antes do nascimento deste (Is 44.28, 45.1-4). Josefo diz que

relatou que Daniel mostrou essas profecias a Ciro, este ficou tão impressionado e disposto que publicou

o decreto.

I. ESDRAS E O TALMUDE

O livro das tradições dos judeus, o Talmude, coloca Esdras como um dos mais célebres

personagens entre os judeus. Cinco grandes feitos são atribuídos a ele:

1) A fundação da “Grande Sinagoga," ou seja, um grande Concílio de 120 pessoas para reorganizar

a vida religiosa do povo. Esdras teria sido o presidente. Instituíram escolas de ensino para os

judeus, e instituíram a Festa de Purim.

2) O estabelecimento do CÂNON sagrado.

3) A árdua tarefa de reescrever as Escrituras do hebraico antigo para o novo, com os caracteres

assírios (aramaico).

Page 44: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

44

www.institutopedraviva.com.br

4) A compilação do livro das Crônicas junto com o livro que leva o seu nome e o livro de Neemias.

5) A instituição das sinagogas locais.

J. ISRAEL OU JUDÁ? ISRAELITA OU JUDEU?

As dez tribos de Israel se perderam no cativeiro assírio; a tribo de Judá retornou em parte para

a Judéia. Desta forma todos ficaram conhecidos por "judeus", cujo significado é incerto, mas talvez

signifique "louvor" da mesma palavra "Judá" (5.5, 6.7). O livro de Ester não faz distinção, nem Jesus,

nem Paulo ou Pedro; ora chamando de judeus, ora de israelitas. Tiago, por exemplo, 550 anos mais tarde

escreve "às doze tribos que estão espalhadas" (Tg 1.1). Portanto, os judeus que conhecemos hoje são

descendentes de todas as tribos de Israel, não só de Judá. Alguns fazem a seguinte distinção: Israelense

refere-se à pessoa que nasce em Israel e Israelita refere-se ao descendente de Israel.

J. ESBOÇO SIMPLES

I. Restauração nacional com Zorobabel (1-6)

II. Reforma espiritual com Esdras (7-10)

NEEMIAS

A. NOME DO LIVRO

O que se pode conhecer de Neemias é apenas o que está no livro com esse nome. Era copeiro

do rei Artaxerxes I (465-424 a.C.). É bem provável que Neemias era eunuco, pois, nada é mencionado

sobre sua esposa e, sendo que era copeiro do rei, é perfeitamente possível. Foi nomeado governador em

445 a.C. (2.1). Esdras foi o compilador, utilizando-se das memórias pessoais de Neemias, na 1ª pessoa

do singular. (1.1-2.20, 4.1, 7.5, 10.28, 11.2, 12.27-13.31). O que Esdras não emprestou das memórias de

Neemias, certamente conseguiu no registro do Templo. Portanto, Esdras foi apenas um compilador e fez

muito bem em dar o nome do livro para Neemias.

B. AUTOR

Como já vimos foi Esdras. Esdras e Neemias compõem uma só obra.

C. DATA

Mais ou menos 450 a.C.

D. ESDRAS E NEEMIAS

Esdras trata da reconstrução do TEMPLO; Neemias trata da reconstrução dos MUROS.

Page 45: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

45

www.institutopedraviva.com.br

E. NEEMIAS E A OBRA DE DEUS

Reconstruir os muros era a obra de Deus que Neemias executou com dedicação e oração, aliás,

o livro menciona onze vezes Neemias orando. A obra de reconstruir os muros parece muito com qualquer

outro aspecto da obra de Deus:

1.É difícil

2.Tem inimigos

3.Há problemas internos, etc.

Assim sendo, segue um esboço da analogia da obra da reconstrução dos muros em relação a obra atual,

a Evangelização dos povos:

1.Um dos motivos da obra: o pecado do povo - 1.8-9

2.Deus move o coração do rei - 2.1-8

3.A obra (Satanás e o pecado) proporciona um triste espetáculo aos olhos do servo de Deus - 2.11-

15,18.

4.Os trabalhadores da obra - cap.3. É um privilégio todos trabalharem juntos.

5.Oração a respeito dos inimigos da obra - 4.5, 6.14 (não é pecado orar por vingança; pecado é vingar-

se.

6.Problemas internos da obra - 5.6

7.O resultado da obra - cap.7 com Ap 5.9, Is 35.10 e 51.11.

8.Uma parte importante da obra: o ensino aos resgatados - 8.7 (por falta de ensino estavam em tal

situação).

9.Outro resultado da obra: lembrança do pecado passado com o fim de glorificar a Deus - 9.10

10.Outro resultado da obra: santificação dos salvos - 10.31

11.O obreiro quer ver todos envolvidos na obra - cap.11

- Nem todos moram no lugar da obra (Jerusalém), mas estão na vontade (território) de Deus

(Palestina).

12.O obreiro quer a participação dos demais líderes (pastores) com ele nessa obra - cap.12

13.A justiça e a imparcialidade na obra - 13.28

F. OITO DIFICULDADES ENFRENTADAS E VENCIDAS POR NEEMIAS

Extraído da obra de H.E.Alexander (Introdução à Bíblia)

1ª A chegada a Jerusalém. O desprestígio de Sambalá (cap. 1-2), ver 2.10,19-20).

2ª Os príncipes dos tecoítas não se dedicaram inteiramente ao serviço (3.5).

3ª Sambalá escarnece dos judeus (4.1-6).

Page 46: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

46

www.institutopedraviva.com.br

4ª Os inimigos se unem para impedir o trabalho (4.7-9).

5ª Desânimo dos construtores (4.10-23).

6ª Injustiças sociais (cap.5).

7ª Cinco vezes Sambalá arma cilada para apanhar Neemias (cap. 6-12).

8ª Na ausência de Neemias, o povo recai na desobediência e ocorrem diversas infrações à lei (cap.13).

F. ESBOÇO SIMPLES

I. Restauração dos muros (1-6)

II. Reavivamento do povo (7-13)

ESTER

A. NOME DO LIVRO

Os eventos registrados em Ester encontram-se no período entre caps. 6 e 7 de Esdras. O livro

de Ester em lugar nenhum menciona o nome de Deus, enquanto o nome do rei é mencionado 28 vezes.

Os rabinos encontraram o nome Jeová "escondido" em cinco versos no original hebraico, através de

acrósticos, isto é, ora pegando a primeira letra de cada palavra, ora a última letra das palavras, formando

o nome JHVH = Jeová (pronuncia-se "Yavé", e o significado é "Eu sou o que sou", 1.20, 5.4,13, 7.5 e

7.7). Ester significa "estrela" na língua persa; o nome judaico era Hadassah, que significa "murta" (2.7).

B. AUTOR

Alguns judeus diziam que o autor era Mordecai (9.20,32); outros diziam que era Esdras e outros

ainda, Neemias. Não sabemos ao certo; o fato é que o escritor tinha tanto conhecimento da cultura e

costumes persas que é muito provável que tenha morado na Pérsia.

C. DATA

Foi escrito após a morte de Assuero (1.1), portanto depois de 465 a.C.

D. XERXES, ARTAXERXES E ASSUERO

Assuero é Xerxes I (1.3), rei da Pérsia (485-465 a.C.). "Assuero" era outro nome de Xerxes I.

O sucessor dele foi Artaxerxes I. Quando, no livro de Ester é mencionado Artaxerxes, refere-se realmente

a Xerxes (ou Assuero). A explicação é a seguinte: O nome persa é Khshayarsha, que traduzido para o

grego é Xerxes e quando traduzido para o hebraico é Akhashverosh, que é em Português Assuero.

Page 47: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

47

www.institutopedraviva.com.br

E. UM POUCO DE HISTÓRIA

O grande Xerxes (Assuero), rei da Pérsia, ofereceu uma grande festa como preparação para a

famosa expedição contra a Grécia (480 a.C.). Lá a derrota foi grande. Nessa festa a rainha Vasti recusou-

se a satisfazer o desejo do rei e foi substituída por Ester, uma judia. Alguns dizem que ele se casou com

Ester antes da expedição; outros afirmam que foi depois, quando para consolar-se da grande derrota

casou-se com Ester.

F. A FESTA DE PURIM

O livro de Ester fala como a nação judaica foi salva de extinguir-se. Mostra a origem de uma

das festas mais comemoradas da nação, a Festa de Purim. A palavra "Purim" significa "sortes" e refere-

se ao lançamento de sortes por Hamam para determinar o dia da matança dos judeus (9.26-31, 3.7).

Purim, no calendário judaico, fica nos dias 14 e 15 do último mês (fevereiro ou março). Normalmente

precede por um jejum no dia 13 em memória do jejum de Ester (4.16). `

A tarde os judeus vão para a sinagoga, onde o livro de Ester é lido publicamente. Cada vez que

o nome de Hamam é lido, os judeus pisam o chão, vaiam e gritam "Apague seu nome!" No dia seguinte,

novamente na sinagoga, oram e leem a Lei; e o resto do dia e o próximo festejam e dão presentes uns

aos outros. Deus não instituiu essa festa no VT, mas os judeus têm observado isto fielmente durante

séculos. Apesar da maravilhosa libertação que Deus operou, a nação de Israel exaltou Ester e Mardoqueu

mais do que o próprio Deus. Chegou-se a tal ponto que na Idade Média o livro de Ester era mais

considerado que os Profetas e a própria Lei. Maimonides, o maior erudito judeu na Idade Média declarou

que quando o Messias chegasse, apenas dois livros ficariam: Ester e a Lei (Torá).

H. LIÇÃO ESPIRITUAL

Em Ester, vemos novamente o ódio de Satanás pelos judeus. Hamam planejou que os judeus

deviam ser exterminados! Mas no concerto de Abraão já havia a promessa de que qualquer homem ou

nação que se levantasse contra Israel seria amaldiçoado (Gn 12.1-3). Desde Gn 3.15, Satanás e sua

semente luta contra Cristo e Sua semente: Caim matou Abel; Faraó tentou exterminar os judeus; Hamam

tentou destruir Israel; Herodes tentou matar o menino Jesus. Ainda nos dias mais atuais Satanás odeia os

judeus (Ex. Hitler).

ESBOÇO SIMPLES

I. Ester é escolhida como rainha (1-2)

II. Ester livra o seu povo, os judeus (3-7)

III. Os judeus se vingam dos seus inimigos (8-10)

Page 48: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

48

www.institutopedraviva.com.br

A. UM LIVRO POUCO LIDO

Muitos leitores da Bíblia evitam o livro de Jó, exceção feita aos primeiros dois capítulos e ao

último, talvez os mais dramáticos capítulos do livro. O restante do livro é uma coleção de longos

discursos, os quais nunca chegam a encerrar a verdade final. Entretanto, uma cuidadosa leitura do

livro de Jó, revelará que a mensagem é muito atual e que lida com um problema que todas as pessoas

enfrentam desde o início dos tempos.

B. O LIVRO

Enquanto se estuda o livro de Jó é preciso ter em mente esses três fatos:

1) O livro de Jó é um livro ORIENTAL, cheio de pensamentos e expressões daquele povo.

2) O livro de Jó é um livro POÉTICO (exceto os capítulos 1-2 e 42.7-27). A poesia hebraica

não é semelhante à nossa poesia, ou seja, não se preocupa exatamente com a rima, mas

com os pensamentos. Observe no quadro a seguir:

PARALELISMO SINÔNIMO - É quando os pensamentos são essencialmente os mesmos.

“Está a sabedoria com os idosos, e na longevidade o entendimento? ” (Jó 12.12)

“Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas” (Sl 25.4)

PARALELISMO ANTITÉTICO - É quando os pensamentos de uma parte contrastam com a outra.

“Não poupa a vida ao perverso, mas faz justiça aos aflitos” (Jó 36.6)

“Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl 1.6)

PARALELISMO SINTÉTICO - É quando o pensamento principal é desenvolvido e enriquecido.

“Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança; olharás derredor, e dormirás tranquilo” (Jó 11.18)

“Não respondas ao insensato segundo a sua estultícia, para que não te faças semelhante a ele” (Pv 26.4)

O livro de Jó luta com um PROBLEMA DIFÍCIL: “Por que Deus permite o justo sofrer? ”

Portanto, esses três fatos do livro de Jó fazem-no difícil de ler e interpretar, mas o estudante zeloso

das Escrituras não deixará de estudá-lo por causa das dificuldades, pois todo o que se esforça para

entender a Bíblia será recompensado com maior maturidade cristã.

C. AUTOR

Desconhecido. Alguns acham que foi Moisés quem escreveu; outros acham que tenha sido Eliú (Jó

32.6).

Page 49: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

49

www.institutopedraviva.com.br

D. DATA

Não se sabe, porém, há opiniões que Jó tenha vivido no período patriarcal, pois viveu muitos

anos (42.16-17), muito embora, também, no livro todo não há nenhuma referência aos patriarcas. O

livro de Jó não possui nenhuma referência à Lei, ao Tabernáculo e ao Templo. É provável que tenha

sido escrito antes do livro de Gênesis. Há uma referência ao dilúvio (22.15-16), porém, não há

referência à destruição de Sodoma e Gomorra. Embora não seja o fator determinante, pode ser que o

livro de Jó esteja entre esses dois eventos. O livro cobre um período de 140 anos. Se Moisés escreveu

ou alguém de sua época, a data provável foi entre 1450-1410 a.C.

E. A VERACIDADE DO LIVRO

Jó não é uma ficção como os liberais afirmam, mas uma história real de um homem chamado

Jó. O profeta Ezequiel mencionou o seu nome (Ez 14.14-20), Tiago, também (Tg 5.11). Jó era um

homem justo, rico, sincero com respeito às necessidades dos outros, porém, era um homem que estava

perplexo, pois não podia entender porque Deus permitia que sofresse tanto, uma vez que era justo.

Sendo que o livro menciona o lugar de onde Jó era (Uz) isto dá um registro histórico, e como bem

sabemos a Bíblia não dá identificação histórica e de nomes em parábolas. O mesmo ocorre com o

rico e Lázaro. Jesus relatou um fato conhecido dEle somente, portanto, não é uma parábola. Para

reforçar a ideia lembre-se que Jesus mencionou a pessoa do Pai Abraão.

F. TEMA

O tema mais simples para o livro de Jó é também o mais fácil de se deduzir, pois trata-se de

uma velha questão: "Por que um Deus amoroso e justo permite o justo sofrer?" Em poucos dias Jó

perdeu seus bens, sua saúde, sua família e sua posição diante da sociedade (19.9, 13-19). Jó não

perdeu a esposa, que na verdade foi para ele um tormento (2.9-10). Por que teria isto acontecido? Os

amigos de Jó (Elifaz, Bildade e Zofar) acusavam-no de hipócrita. Diziam que Jó escondia algum

pecado em sua vida e, por isso, o Senhor estava-lhe castigando. Jó insistia que não sabia de nenhum

pecado oculto. Note em 2.3 que o próprio Deus diz que NÃO TINHA NENHUMA CAUSA

CONTRA JÓ! Em 42.7 Deus reprova os três amigos, pois NÃO FALARAM A VERDADE SOBRE

JÓ! Jó não era hipócrita, mas como qualquer um de nós, certamente havia espaço para melhoras em

sua vida e isso o próprio Jó admitiu no final (42.1-6).

G. UM ESCLARECIMENTO SOBRE O TEMA “O SOFRIMENTO DO JUSTO”

É verdade que Deus envia castigo quando Seus filhos persistem no pecado (Hb 12.1-13) e que

este castigo é evidência do Seu amor de Pai. É verdade, também, que os perversos têm sua

Page 50: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

50

www.institutopedraviva.com.br

prosperidade hoje, mas serão desprezados por Deus em um determinado dia, seja na terra ou na

eternidade (Sl 37 e 73).

TAREFA: Leia o Salmo 73 e responda: Qual o conflito de Asafe e quando ele obteve vitória?

Portanto, se o crente espera pacientemente, verá sua recompensa e o castigo dos ímpios. Mas

nenhum desses aspectos fizeram parte da história de Jó. Deus tinha um propósito em permitir o

sofrimento na vida dele. Deus revelou a Satanás e, também, aos anjos bons o testemunho de um

homem de fé. Só na eternidade descobriremos quantos anjos aprenderam com a vida dos santos (Jó

1.6-8, Ef 3.9-10, 1 Pe 1.12, 1 Co 11.10). A principal lição no livro de Jó é esta: DEUS É SOBERANO

em Suas Obras com Seu povo e nunca permitirá que qualquer situação na vida de um crente fiel não

seja para seu bem e para a própria glória de Deus (Rm 8.28). Deus não tem que explicar o Seu caminho

para nós. É bastante para nós sabermos que Ele cuida e que nunca faz confusão.

H. OS AMIGOS DE JÓ

Como diz o ditado: “Quem precisa de inimigos com amigos desse tipo? ”. Eram quatro os

amigos de Jó. Os eventos desse livro cobrem vários meses (7.3) e, portanto, contribuiu para os amigos

de Jó formularem diversas especulações (6.15, 12.4, 16.10, 17.1-9). Conheça três dos quatro amigos

de Jó:

ELIFAZ era de Temam. Ele baseou todas as suas ideias numa “experiência espiritual” de uma certa

noite (4.12-16).

BILDADE era um homem tradicional, alguém que conhecia alguns “provérbios dos sábios” e tentava

explicar tudo baseado nesses provérbios. Assim como Elifaz, Bildade estava certo que Jó era um

hipócrita.

ZOFAR era um homem muito dogmático e considerava-se mais sabedor sobre Deus do que qualquer

outro.

Cada um desses homens arguiu contra Jó e este refutava todas as palavras dos amigos. No

final (capítulos 32-37) uma nova voz surgiu: era ELIÚ, o mais jovem e que tinha esperado até que

seus amigos mais velhos terminassem seus argumentos. Os homens mais velhos insistiam que Deus

abençoava os justos e julgava os ímpios. O problema do argumento deles não era tanto o erro

doutrinário, pois havia muitas verdades no que diziam, porém, o conceito deles era estreito demais,

principalmente, para o contexto do sofrimento de Jó. Mais uma vez temos que admitir que os

caminhos de Deus são insondáveis. Eliú dizia que Deus às vezes castigava os justos de acordo com a

Sua própria vontade, mas jamais punia de modo irreversível. Eliú aconselhou Jó a se submeter a Deus

Page 51: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

51

www.institutopedraviva.com.br

e a confiar nEle, mas ainda assim, a atitude de Eliú era de um juiz e um crítico, como os demais

amigos de Jó. Quando Deus apareceu, não fez referência ao discurso de Eliú, apenas dos outros três

(42.7-9). Talvez uma preocupação de todos os amigos de Jó, após Deus se revelar, era a seguinte: se

Jó, sendo um homem de posição e reto diante de Deus sofria, poderia acontecer o mesmo, ou pior,

com eles.

I. A TERRA DE UZ

É muito fácil confundir UZ com UR, por isso, devemos prestar atenção. Uz, provavelmente

ficava ao norte da Arábia. O homem mais íntegro de todo o oriente viveu lá, seu nome era Jó. Ur,

ficava na terra dos Caldeus, na Mesopotâmia. O homem, conhecido como o “pai da fé” era de lá, seu

nome era Abrão.

J. A BÊNÇÃO DA PACIÊNCIA

Em um sentido o livro de Jó não dá a resposta ao problema do sofrimento do justo. Certamente

Jó se tornou um homem melhor ao final de seu sofrimento, pois o sofrimento PODE ter um efeito

purificador se nos rendemos ao Senhor. Tiago enfatiza a paciência de Jó, que literalmente significa

fidelidade sob provação. A palavra paciência no caso de Jó não pode ser deturpada, tentando designar

alguém que nunca argumenta, pois Jó ficou impaciente com seus amigos e com as circunstâncias,

porém, sempre esperou em Deus. Num desses momentos de desespero, Jó chegou a duvidar que

houvesse vida após a morte (cap. 12-14, veja 14.13-14). Jó manteve sua fé em Deus e creu que no

final Deus o defenderia e, de fato, isso aconteceu (16.19). Talvez esta seja a principal lição do livro

de Jó: Deus é soberano sobre as nossas vidas e não tem que explicar Seus planos para nós. Deus

trabalha os Seus propósitos usando nossas vidas (Rm 8.28). O alvo da glória é Deus; nós somos

apenas os instrumentos para a Sua glória.

K. A DOENÇA DE JÓ

Não se sabe ao certo, porém, alguns acreditam que tenha sido um tipo de lepra e elefantíase,

muito dolorosa, comum no Oriente e que causa repugnância às pessoas. Outros dizem que pode ter

sido pênfigo, popularmente conhecida como “fogo selvagem”. Seja qual for a doença, causou-lhe

dores insuportáveis, feridas fétidas e isolamento.

L. O DOBRO

Após todo o sofrimento de Jó, Deus o defendeu e deu a ele tudo o que perdeu, e em dobro

(42.10-17). Deus não mudou a sorte de Jó porque este orava pelos seus amigos, simplesmente; mas

Deus mudou a sorte de Jó porque Ele é soberano e assim quis. Porém, o fato de Jó orar por seus

Page 52: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

52

www.institutopedraviva.com.br

amigos mostra um profundo senso de perdão no caráter de Jó. Se tudo foi restituído em dobro para

Jó, por que Deus não lhe deu vinte filhos? A resposta traz um ensino maravilhoso. Deus tomou os

dez filhos de Jó para Si mesmo (1.2). Portanto, os dez primeiros foram ganhos para a Presença de

Deus e não perdidos e, agora, mais dez para o Senhor. Jó recebeu e devolveu vinte filhos para Deus,

portanto, o dobro.

M. ESBOÇO SIMPLES

I.A angústia de Jó (1-3)

II.A defesa de Jó (4-37)

III.O livramento de Jó (38-42)

SALMOS

A. NOME DO LIVRO

Salmos vem da palavra grega “psalmos”, que indica um “poema cantado com

acompanhamento de instrumentos musicais”. No N.T. grego aparece esta palavra em 1 Co 14.26, Ef

5.19, Cl 3.16. O título hebraico é Sepher Tehilim, que quer dizer “Livro dos Louvores”. É

considerado o hinário do segundo Templo. Davi tinha uma orquestra de 4.000 instrumentalistas (1 Cr

23.5).

B. AUTORES

73 Salmos são da autoria do Rei Davi; 12 Salmos são de Asafe (50, 73-83); 2 Salmos são de

Salomão (72, 127); um Salmo é de Moisés (90); um Salmo é de Etã (89) e 12 Salmos são da autoria

dos filhos de Coré, a família dos cantores levitas (42-49, 84, 85, 87, 88).

C. DATA

O livro dos Salmos foi escrito em 1000 a.C. e mais tarde, também.

D. ASSUNTOS

O livro dos Salmos é bem variado em seus assuntos, porém, todos têm em comum o fato do

salmista considerar o que Deus fez no passado, a necessidade urgente do momento, reconhecendo,

também, Sua soberania, bondade, sempre glorificando a Deus.

Page 53: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

53

www.institutopedraviva.com.br

Seguem alguns assuntos dos Salmos e onde encontrá-los.

Instrução

1,19,39

Penitência

6,32,38,51

143

Aspiração

42,63,80,

84,137

Messiânico

2,16,22,24

40,45,68,

69,72,97,

110,118

Louvor

8,29,93,

100

Confiança

3,27,31,46

56,62,86

História

78,

104-106

Gratidão

30,65,103,

107,116

Aflição e

Contrição

4,13,55,64

88

E. OS CINCO VOLUMES DOS SALMOS

Todo o livro dos Salmos foi dividido em cinco volumes, cada um termina com uma doxologia,

como segue:

LIVRO I - Salmos 1-41

LIVRO II - Salmos 42-72

LIVRO III - Salmos 73-89

LIVRO IV - Salmos 90-106

LIVRO V - Salmos 107-150

Embora existam cinco volumes não se diz “Os livros dos Salmos”, mas “O livro dos Salmos”,

conforme o título hebraico (ver L2A).

F. A UNIDADE DOS SALMOS

Cada Salmo tem em si uma única expectativa: o estabelecimento do reino de Deus na Terra.

Portanto, os Salmos são proféticos. Quando o autor de um Salmo fala dos inimigos, devemos ter em

mente não só os inimigos particulares dele e de sua época, mas os inimigos de Deus em toda a

História, os quais rejeitaram o Seu domínio.

F. OS SALMOS MESSIÂNICOS

Os Salmos Messiânicos não se referem apenas à Pessoa de Cristo (o Messias), mas às vezes é o

próprio Cristo Quem está falando. Nos Evangelhos aprendemos sobre a vida e os atos de Jesus Cristo,

mas nos Salmos Messiânicos conhecemos o ponto de vista interior dEle, o que Ele sentia e como Ele

vivia na presença de Seu Pai.

G. SELAH

Page 54: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

54

www.institutopedraviva.com.br

Esta palavra aparece 71 vezes nos Salmos, porém, não tem nenhum sentido literário para nenhuma

língua, exceto para os que cantavam os Salmos. A palavra Selah não era para ser lida em voz alta,

mas era o sinal usado para pausa, enquanto tocava-se os instrumentos musicais e em outros casos

servia para mudança de tonalidade. Exemplo: Salmo 67.1-2.

I. OS CÂNTICOS DOS DEGRAUS

Também conhecido como “os cânticos de subidas” ou, ainda, “os cânticos de romagem”. São

os Salmos 120-134. Uma explicação para esses Salmos é que, enquanto subiam a escadaria do

Templo, cantavam esses Salmos. Outra explicação, talvez melhor, é que, enquanto os viajantes

caminhavam até Jerusalém, nos dias de festas, cantavam esses Salmos em sua procissão.

J. O SALMO 119

Este é o “longa-metragem” da Bíblia. É o capítulo mais longo de toda a Escritura. É um Salmo

acróstico, isto é, as seções desse Salmo começam com as letras do alfabeto hebraico em sequência.

Dos 176 versículos apenas os versículos 84,90,121,122 e 132 não mencionam a Palavra de Deus, os

demais versículos referem-se aos diversos nomes entre os quais a Bíblia é conhecida.

TAREFA: Aliste, repetindo as ocorrências, os diversos nomes para a Palavra de Deus encontrados no

Salmo 119. Exemplo: v.1 - “Lei do Senhor”. No final de sua pesquisa separe os nomes diferentes,

indicando quantas vezes aparecem no Salmo 119.

PROVÉRBIOS

A. NOME DO LIVRO

Em português a palavra “provérbios” é composta de dois vocábulos latinos: PRO (em lugar

de) e VERBO (palavras). Portanto, um provérbio é uma sentença que está “em lugar de muitas

palavras”. É uma sentença curta que resume um princípio sábio. A palavra hebraica é “mãshãl”, que

significa “comparar”. Podemos perceber que os provérbios desse livro são comparações e contrastes.

Os judeus ensinavam através de provérbios, assim como todos os povos do Oriente.

B. AUTOR

Em 1.1 e 25.1 vê-se que Salomão foi quem mais escreveu os provérbios desse livro. Em 1 Rs

4.32, somos informados que Salomão falou 3000 provérbios, os quais evidentemente não foram

editados totalmente. Havia um grupo de escribas, o qual ajudou o rei Ezequias a reproduzir cópias

Page 55: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

55

www.institutopedraviva.com.br

das Escrituras, que, também, copiou os provérbios de Salomão, os quais estão editados nos capítulos

25-29. O próprio Salomão editou os provérbios dos capítulos 1-24. Os provérbios dos capítulos 30 e

31 foram editados por outros, porém, muitos acreditam que o “Rei Lemuel” (31.1) era o próprio

Salomão. Salomão ficou conhecido por sua grande sabedoria, ainda que mais tarde em sua vida

tornou-se idólatra e néscio. Nosso conforto é que no final da vida dele houve arrependimento

(Eclesiastes 12).

C. DATA

Talvez o Livro de Provérbios tenha sido escrito por Salomão em 950 a.C., porém, só foi

editado nos dias do rei Ezequias (25.1), 250 anos depois de Salomão, cerca de 700 a.C.

D. TEMA

Se fôssemos considerar alguma palavra chave nesse livro, essa palavra certamente seria

“sabedoria”. Normalmente pensamos que sabedoria é a habilidade de usar o conhecimento da

maneira correta, e realmente esta é uma definição prática, mas na Bíblia sabedoria é mais do que

isso. Sabedoria é um assunto do coração e não apenas da mente. É um assunto espiritual. Existe a

“sabedoria deste mundo” (1 Co 2.1-8, Tg 3.13-18) e existe a sabedoria divina, que é do alto. Em

Provérbios a sabedoria é retratada como uma mulher amável, a qual convida a humanidade a segui-

la numa vida de bênção e sucesso. A loucura é retratada como uma mulher perversa que tenta os tolos

e os guia ao inferno! Jesus Cristo é a sabedoria de Deus para o crente (1 Co 1.24,30). Percebe-se que

o objetivo do livro de Provérbios é refletir sabedoria, apenas. Não há qualquer menção de Templo,

sacerdotes, anjos, idolatria, Messias, Moisés ou qualquer evento relacionado à nação de Israel.

E. O TOLO

Provérbios frequentemente menciona três classes de pessoas que necessitam de sabedoria

desesperadamente: o tolo, o simples e o escarnecedor (1.22). O TOLO é o homem estúpido,

descuidado, vadio, satisfeito consigo mesmo. Nabal em 1 Samuel é um bom exemplo. Por sinal o

nome “Nabal” significa “tolo”.

O TOLO

1.Odeia instrução (1.7,22)

2.É autoconfiante (12.15)

3.Fala sem pensar (29.11)

4.Zomba do pecado (14.9)

3. O SIMPLES é o homem que é facilmente guiado por outros.

Page 56: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

56

www.institutopedraviva.com.br

O SIMPLES

1.Falta-lhe entendimento (7.7)

2.Não consegue ver adiante e como resultado anda constantemente em problemas (22.3)

4. O ESCARNECEDOR é um zombador dos assuntos de Deus e daqueles que amam a Deus.

O ESCARNECEDOR

1.Zomba da sabedoria de Deus porque esta é muito alta para ele, mas não admite (14.6)

2.Ele pensa que sabe tudo! (21.24)

3.Ele nunca tira proveito da repreensão (9.7-8, 13.1)

4.Ele será julgado por não tirar proveito da repreensão (19.25)

G. O HOMEM SÁBIO

O livro de Provérbios apresenta o caráter do homem sábio.

1.Ele ouve a instrução (1.5)

2.Obedece ao que ouve (10.8)

3.Armazena o que aprende (10.14)

4.Ganha outros para o Senhor (11.30)

5.Foge do pecado (14.16)

6.Cuida da língua (16.23)

7.É diligente em seu trabalho diário (10.5)

G. O VALOR DO LIVRO DE PROVÉRBIOS

O livro de Provérbios é valioso para nós como um guia de sabedoria prática para a vida

diária. Este maravilhoso livro nos fala sobre a língua, negócios e dinheiro, amizade, o lar, etc. É

muito útil para todo o crente (especialmente os jovens, conforme 1.4). É um livro que deve ser lido

várias vezes.

ASSUNTOS MENCIONADOS NO LIVRO DE PROVÉRBIOS (por H.E.Alexander)

Acepção de pessoas - 18.5, 24.23, 28.21

Acusadores - 16.28, 18.8, 26.20-22

Adulação - 26.28, 28.23, 29.5

Advertência - 6.1-5, 11.15, 17.18, 20.16, 22.26, 27.13

Amigos - 16.28, 17.9-17, 18.24, 19.4-6, 25.16-17, 27.10

Amizade dos ímpios - 1.10,15,16, 4.14-17, 13.20, 14.7, 28.7

Avareza, usura, bens adquiridos desonestamente - 1.19, 10.2, 11.26, 15.27, 16.8, 28.16,20,22, 29.13

Page 57: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

57

www.institutopedraviva.com.br

Bebedice - 20.1, 21.17, 23.20,21,29-35, 31.4-5

Benevolência - 3.9,10,27,28, 11.17,25, 14.21,31, 16.6, 21.13,21,26, 22.9, 25.21, 28.17

Ciúme - 6.34-35, 14.30, 27.4

Confiança em Deus - 3.5-7,25,26, 16.3,20, 18.10, 19.21, 21.31, 28.25, 29.25, 30.5

Confiança (falsa) - 10.15, 11.28, 18.11, 25.19, 28.26

Confiança do justo - 28.1

Conselhos (para receber) - 11.14, 12.16, 13.10, 15.22, 19.20, 24.6, 27.9

Contendas, pleitos e disputas - 3.30, 6.19, 17.14,19, 18.19, 20.3, 22.10, 25.8-10, 26.17,20,21, 29.9,

30.33

Coração esquadrinhado pelo Senhor - 15.11, 16.2, 17.3, 21.2, 24.12

Correção de crianças - 13.24, 20.11, 22.6,15, 23.13, 29.15

Desejos - 11.23, 13.12,19, 21.25,26

Desprezo - 11.12, 14.21

Diligência - 10.4, 12.11,24,27, 13.4, 16.26, 21.5, 22.29

Dissimulação - 12.9, 13.7

Escarnecedores - 14.6, 15.12, 19.29, 22.10, 24.9

Falsas testemunhas - 6.16-19, 12.17, 14.5,25, 19.5,9,28, 21.28, 25.18

Filhos (motivo de alegria ou de desgosto) - 10.1, 15.20, 17.21,25, 19.13,26, 23.24, 27.11, 29.3

Futuro - 16.1,3,7,9, 27.1

Glutonaria - 23.1-3,20,21

Inveja (para com-- os ímpios) - 3.31, 23.17, 24.1,19

Ira do homem - 12.16, 14.17-20, 15.18, 16.32, 17.27, 19.11, 22.24, 25.28, 27.3,17, 29.22, 30.33

Limites - 15.25, 22.28, 23.10-11

Maledicência - 4.24, 10.18, 11.13, 12.18, 20.19, 25.23

Mentira - 6.17, 8.13, 12.19,22, 13.5, 14.25, 17.4,7, 19.5, 21.6, 29.12, 30.8

Mulher (adúltera) - 2.16-19, 5.3-14,20, 6.24-35, 7.6-27, 22.14, 23.27,28

Mulher (suas qualidades) - 11.16,22, 12.4, 14.1, 18.22, 19.13,14, 21.9,19, 27.15,16, 31.10-31

Multidão de palavras - 10.19, 14.23, 17.27

Ódio - 10.12,18, 15.17, 26.24-26, 27.6

Orgulho - 6.16,17, 8.13, 11.2, 12.9, 13.10, 14.3, 15.25, 16.5,18,19, 17.19, 18.12, 21.4,24, 28.25, 29.23

Palavra de Deus - 8.8,9, 29.18, 30.5-6

Palavras do homem - 10.11,14,20,21,31,32, 12.14,25, 13.2,3, 14.3,7, 15.1,2,4,7, 14.23,28,30,

16.21,23,24, 17.7,20, 18.4,6-8,20,21, 20.15, 22.11, 24.26, 25.11, 26.9

Perdão - 19.11, 20.22, 24.29, 25.21,22

Perigos - 10.2,15, 11.4,28, 13.11, 23.4,5, 27.24, 30.7-9

Page 58: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

58

www.institutopedraviva.com.br

Pobres e pobreza - 10.15, 14.20,21,31, 15.16, 17.5, 18.23, 19.1,4,17,22, 21.13, 22.2,7,16,22,23,

28.3,6,11, 29.13, 30.7-9

Precipitação - 19.2, 20.21, 29.20

Preguiça - 6.6-11, 10.4,26, 12.11,24,27, 13.4, 15.19, 18.9, 19.15,24, 20.4,13, 21.25,26, 22.13, 23.21,

24.30-34, 26.13-16, 28.19

Presunção - 3.7, 12.15, 26.12, 28.26

Providência - 15.3, 20.24, 21.1,30,31

Prudência - 10.5,14, 12.9,16,23, 13.16, 14.18,35, 15.5,28, 17.2,24, 22.3, 24.6, 27.12

Respeito aos pais - 20.20, 23.22, 28.24, 30.17

Retribuição e recompensa - 1.33, 2.7,8, 3.32-35, 4.18-19, 5.22-23, 6.15, 8.20-21,

10.2,3,7,9,16,24,25,27,28,30, 11.3ª8,18-21, 12.2,3,7,12,14,21,26,28, 13.6,9,21,22,25,

14.11,32,34, 15.6,9,29, 16.31, 17.20, 19.16,23, 20.7, 21.21, 22.5,8, 24.16,20, 28.18,20, 29.6

Riquezas (sua vaidade, suas vantagens e perigos) - 10.2,15, 11.4,28, 13.11, 23.4,5, 27.24, 30.7-9

Sacrifício - 15.8, 21.3,27

PROVÉRBIOS NO NOVO TESTAMENTO

Segue uma lista das referências encontradas no NT que cita versículos de Provérbios.

NOVO TESTAMENTO PROVÉRBIOS

Rm 3.15 1.16

Hb 12.5-6, Ap 3.19 3.11-12

Tg 4.6, 1 Pe 5.5 3.24

Rm 12.20 25.21-22

2 Pe 2.22 26.11

H. ESBOÇO SIMPLES

I. A sabedoria convida (1-9)

II. Os contrastes da Sabedoria com a tolice (10-15)

III. Os conselhos da sabedoria (16-31)

Page 59: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

59

www.institutopedraviva.com.br

ECLESIASTES

A. NOME DO LIVRO

Eclesiastes não é uma palavra hebraica. Vem do grego ekklesia, que em o NT é traduzida

como igreja ou assembleia. O sentido pode ser, também, de um pregador falando a uma assembleia

(1.1-2, 12.8-10). O título hebraico é koheleth que significa “professor” ou “pregador”.

B. AUTOR

Salomão é tido como o autor (1.1-2,12). Ele era conhecido por sua sabedoria, bem como por

sua riqueza. Nenhum rei do VT descreve melhor a situação desse livro.

C. DATA

Possivelmente cerca de 975 a.C. Este livro passou a ser lido todas as vezes em que os judeus

se reuniam para a Festa dos Tabernáculos.

D. TEMA

O tema está em 1.1-3 e pode ser expressado com a seguinte pergunta: “a vida é realmente

digna de ser vivida? ” Salomão vê a vida cheia de contradições e mistérios e pergunta para si mesmo

se vale a pena viver esse “labutar sem fim”. O homem luta a vida toda, depois morre! Alguém, menos

digno do que este, herda toda a sua riqueza e gasta! O pregador chega à conclusão que o melhor a

fazer é gozar as bênçãos de Deus hoje, temer a Deus e guardar a Sua Palavra. Note que nós temos a

luz do NT em 1 Co 15.58 e “sabemos que o nosso trabalho não é em vão, no Senhor”.

Note algumas palavras que se destacam em Eclesiastes.

Palavra ou expressão Ocorrências

Homem 47 vezes

Trabalho 36 vezes

“Debaixo do sol” 30 vezes

Vaidade 37 vezes

Sábio ou sabedoria 52 vezes

Mal 22 vezes

Salomão está questionando sobre o que ele vê e conhece “debaixo do sol”. Se pararmos em

Eclesiastes com o ponto de vista humano de Salomão estaremos em “sombra de dúvidas”. Os

versículos desse livro não devem ser usados a esmo, sem a correta interpretação do contexto da vida

que Salomão levou longe de Deus. Só no último capítulo lemos o ponto de vista correto, quando

Page 60: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

60

www.institutopedraviva.com.br

Salomão se arrependeu de sua obstinação e idolatria. O livro não é pessimista como muitos pensam,

mas é demasiadamente honesto, pois o sentimento interior de um homem andando sob sua própria

perspectiva de vida não pode ser melhor do que o livro retrata. O pregador coloca em palavras aquilo

que ninguém jamais ousou fazer, pois isso derrubaria o seu “maravilhoso castelo de engano”.

E. PROBLEMAS

PRIMEIRO PROBLEMA: Eclesiastes ensina que o homem morre como os animais e que não

há vida após a morte? NÃO! Leia cuidadosamente 2.14-16, 3.16-22, 6.1-6, 7.2-4, 9.1-4. Note que

Salomão crê na vida após a morte. Em 3.17 ele menciona um julgamento e, também, em 11.9 e 12.14.

Se não há vida após a morte, como haverá um julgamento futuro? A única semelhança entre os

homens e as feras, referente à morte, é que ambos vão para o mesmo lugar: o pó da terra. Mas o

espírito do homem volta a Deus para salvação ou condenação, é verdade (v.21 e 12.7). Salomão não

teve toda a revelação de Deus concernente à vida, morte, ressurreição e julgamento, no entanto, ele

não contradiz os ensinos do NT.

SEGUNDO PROBLEMA: Eclesiastes ensina “comer, beber e alegrar-se” de modo

irresponsável? NÃO! Eclesiastes ensina que devemos receber as bênçãos de Deus e alegrarmo-nos

enquanto pudermos. Cada passagem sobre “alegria” é balanceada com textos sobre “morte”,

conforme o quadro abaixo.

Alegria Morte

2.12-23 2.24-26

3.16-21 3.12-15,22

6.1-7 5.18-20

9.1-4 8.15-17

Salomão está dizendo algo assim: “Por causa da brevidade da vida e a certeza da morte,

alegre-se com as bênçãos de Deus, com os frutos de seu trabalho, hoje. Use essas bênçãos para a

glória de Deus”. O pensamento do pregador concorda com o ensino de Paulo em 1 Tm 6.17. Salomão

não está aconselhando à prática da luxúria, bebedice, glutonaria, etc., antes está-nos aconselhando a

apreciar a vida e suas bênçãos enquanto podemos, pois ele mesmo não aproveitou melhor as bênçãos

de Deus.

TERCEIRO PROBLEMA: As verdades não são apresentadas todas de uma vez. Isto

necessariamente não é um problema, mas quando se trata de quebrar um pensamento para muitos se

torna um grande problema, principalmente quando a pessoa não é paciente para firmar princípios,

querendo ter respostas para tudo de uma só vez. A Bíblia, de modo geral, revela os pensamentos,

doutrinas e história de forma cumulativa e progressiva. Devemos interpretar o livro de Eclesiastes à

Page 61: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

61

www.institutopedraviva.com.br

luz do NT. Se a morte é o fim de tudo, então a vida não é digna de ser vivida mesmo e o homem é

miserável! Quando conhecemos nosso Salvador e Senhor, Jesus Cristo, a vida se torna uma

emocionante aventura de fé e não uma monotonia. O nosso trabalho não será vão, pois teremos

recompensa (1 Co 15.51-58). A salvação e ressurreição em Cristo faz a vida ser digna de ser vivida

(1 Jo 2.17, Ap 14.13). Salomão conclui o livro nos capítulos 11 e 12 com a seguinte filosofia: “Viva

pela fé, obedeça a Deus e Ele cuidará de tudo o mais. Goze as bênçãos agora e invista a vida naquilo

que realmente importa”.

F. COMO CHEGAR À DESILUSÃO

Não é difícil chegar no mesmo estado de desilusão do pregador, porém, é difícil explicar o

que leva alguém chegar a este ponto. Os principais fatores, parece, são três.

PRIMEIRO FATOR: viver de modo egoístico e não social. O pregador viveu em função de

obter e não de dar. Quando alguém vive só para si a tendência é sentir que cada vez tem menos e,

consequentemente, torna-se cada vez mais cobiçoso e menos social. Aquele que faz bem aos outros

descobre que ele próprio é mais beneficiado por causa da satisfação interior que isso traz.

SEGUNDO FATOR: viver independente de Deus e não controlado por Ele. Tudo parece que

está nas mãos do homem (4.1-3). Cada vez que o homem se aprofunda em sua própria perspectiva de

vida, Deus vai tomando distância, embora o homem pensa que ele próprio esteja se distanciando de

Deus, conscientemente.

TERCEIRO FATOR: viver limitado pela sepultura e não pelo destino além-sepulcro. O

homem que “faz” o seu próprio destino, através de várias teorias (cessação da existência,

aniquilamento da alma, reencarnação, etc.), acaba vivendo sem esperança, pois NADA prova a ele

que esteja realmente certo. Alguém que não tem uma perspectiva correta da vida além-túmulo, não

consegue viver o presente corretamente, pois o que ele adquire agrada por pouco tempo, como “a

criança eufórica com seu brinquedo novo que logo deixa de lado”

G. AS DEZ “VAIDADES” MENCIONADAS NO LIVRO

A seguir um artigo extraído da revista “Ultimato” de maio de 1998, que mostra bem que se

vamos nos referir a alguma coisa como vaidade, devemos lembrar que “tudo é vaidade”.

TUDO É VAIDADE

A torre de Babel, as pirâmides do Egito, os jardins suspensos da Babilônia, A Empire State Building.

Tudo é vaidade. A Invencível Armada, O porta aviões HMS Invencible, O míssil Tomahawk, A bomba

“estoura bunker”. Tudo é vaidade. O imperialismo, O comunismo, O capitalismo, O nazismo. Tudo é

vaidade. A raça, o dinheiro, os títulos de nobreza, A casa na praia e a casa na montanha. Tudo é vaidade.

Page 62: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

62

www.institutopedraviva.com.br

O smoking e a cartola, O longo e o Chanel, O jeans e a minissaia. Tudo é vaidade. A maquilagem, Os

brincos e as joias, As pulseiras e os anéis, A plástica. Tudo é vaidade. O cetro e a coroa, as medalhas, A

Jules Rimet e o Oscar, O Prêmio Nobel. Tudo é vaidade. A vida sem propósito, A vida sem amor, A vida

sem disciplina, A vida sem Deus.

Deve-se entender que a vaidade é sempre humana e não de Deus, Portanto, acrescente após o

substantivo a palavra “humana (o) ”. Exemplo: “A vaidade” da sabedoria humana.

Referência “A vaidade da (o) / (os)

...”

Explicação adicional

2.15-16 ...Sabedoria Sabedoria e tolice têm o mesmo fim, a morte.

2.19-21 ...Labor No fim o trabalhador não é melhor que o negligente.

2.26 ...Propósitos Deus é Quem dispõe os propósitos do homem.

4.4 ...Competição Muito sucesso traz mais inveja e cobiça do que prazer.

4.6 ...Avareza O homem deseja mais, porém, é ilusão.

4.16 ...Fama É breve, incerta e logo esquecida.

5.10 ...Insaciabilidade Dinheiro não satisfaz e o aumento deste só alimenta os

outros.

6.9 ...Cobiça Frequentemente, quando se obtêm o que cobiçou, o prazer

acaba.

7.6 ...Frivolidade A futilidade humana apenas camufla a inevitável tristeza do

fim.

8.10,14 ...Recompensas Frequentemente os maus são honrados.

H. ESBOÇO SIMPLES

I. Suas razões iniciais (1.4-2.26)

II. Suas observações profundas (3-10)

III. Suas conclusões finais (11-12)

CANTARES

A. NOME DO LIVRO

O título “Cântico dos Cânticos” significa “o mais fino de todos os cânticos”. Salomão compôs

1005 cânticos (1 Rs 4.32). Este cântico deve ser classificado como o melhor de todas as suas

composições. É um livro cheio de símbolos e imagens, um livro que requer maturidade e

Page 63: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

63

www.institutopedraviva.com.br

discernimento espiritual para apreciá-lo. Warren Wiersbe, um estudioso das Escrituras disse:

“Qualquer estudante que abusar da linguagem e mensagem deste livro estará certamente revelando

carnalidade em sua própria vida”. O título hebraico é “Shir hash-shirim”, isto é, “Cântico dos

Cânticos” ou “O melhor dos cânticos”.

B. AUTOR

Salomão. Há referências a ele próprio (1.1,5, 3.7,9,11, 8.11).

C. DATA

Cerca do ano 1000 a.C.

D. O SIGNIFICADO LITERAL

Temos aqui uma preciosa história de amor.

E. O SIGNIFICADO HISTÓRICO

Desde os tempos passados, os judeus viam nesta história um quadro do relacionamento entre

Jeová e Israel. Israel era casada com o Senhor. O casamento se deu no Monte Sinai, quando a nação

recebeu a “Lei de Moisés”. Isaías 54 fala desse relacionamento conjugal, bem como Jeremias 3 e o

livro todo de Oséias. Infelizmente, Israel não foi fiel ao Seu Divino Marido e adulterou com as nações

idólatras do mundo. Israel, a esposa infiel, virou as costas ao Seu Amado. Entretanto, haverá um

quando que, assim como a jovem em Cantares, Israel retornará e será restaurada a Seu Amado.

F. O SIGNIFICADO DOUTRINÁRIO

O relacionamento conjugal, também, é usado para descrever o relacionamento entre Cristo e

a Igreja (Ef 5.23-33). Isto aplica-se não só à Igreja coletivamente (todos os crentes da época da Igreja),

mas também à Igreja local (2 Co 11.2). Paulo via cada igreja local “casada” com Cristo e em perigo

de ser seduzida pelo Pecado, por Satanás e pelo Mundo. Como o marido e a esposa são UM e

pertencem um ao outro, assim também, Cristo e Sua Igreja são UM e pertencem um ao outro. Nós

somos “corpo de Seu corpo e carne de Sua carne”. Ele está em nós e nós estamos n’Ele. Ele nos amou

e mostrou este amor morrendo por nós na cruz. O esposo, Jesus Cristo, ama a Sua esposa, a Igreja,

mostrando o Seu amor, através do cuidado para com a Igreja, aconselhando os crentes pela Palavra e

fazendo com que a Noiva, a Igreja fique mais bela para Ele mesmo. No futuro Ele continuará nos

amando e dividiremos Sua glória na eternidade. O “Casamento do Cordeiro” virá (Ap 19.7-9). Cristo

retornará em glória e tomará Sua esposa para o lar.

Page 64: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

64

www.institutopedraviva.com.br

G. PROIBIDO PARA MENORES?

Os judeus diziam que era preciso muita maturidade para ler este livro, não só pela linguagem

muito clara do relacionamento conjugal, mas também, por causa das profundas verdades espirituais.

Os rabinos antigos colocaram uma regra que nenhum judeu deveria ler “O livro dos Cânticos” antes

de ter atingido a idade de trinta anos. Um esclarecimento muito oportuno para nós, é que para os

orientais a descrição do amor puro de um casal não tem nada de escandaloso, o que acontece em nossa

cultura, por causa da perversão colocada nas mentes ocidentais.

ISAÍAS

A. NOME DO LIVRO

Isaías significa “A Salvação de Jeová”, sendo que a palavra salvação é repetida muitas vezes

no livro. Aparentemente Isaías era de uma boa família, sendo que tinha acesso aos palácios de

diversos reis. Isaías era filho de Amós, mas não o mesmo Amós, o profeta. Isaías era casado e pai de

pelo menos dois filhos (7.3, 8.1-3). Isaías começou o seu ministério de profeta perto do final do

reinado do Rei Uzias, ou cerca do ano 745 a.C. Isaías pregou até a virada do século. A tradição diz

que ele foi serrado ao meio pelo perverso rei Manassés, tendo sido imprensado no oco de um tronco

de árvore (Hb 11.37).

B. AS DUAS SESSÕES DO LIVRO

O livro de Isaías divide-se naturalmente em duas sessões: 1-39 e 40-66. A seguir uma

comparação dessas duas sessões.

Capítulos 1-39 Capítulos 40-66

Antes do cativeiro babilônico Após o cativeiro babilônico

Vitória de Judá sobre a Assíria O remanescente liberto da Babilônia

Tema principal: condenação do pecado Tema principal: consolação após o sofrimento

Isaías experimentou os eventos dos primeiros 39 capítulos, mas ele profetizou os eventos da

segunda sessão do livro. Isaías profetizou a segunda parte do livro para confortar e encorajar os judeus

que retornariam para a terra após seu exílio na Babilônia. Na primeira sessão a Assíria era o “inimigo

número um”, na segunda sessão a Babilônia era o principal inimigo.

C. AUTOR

O próprio Isaías. Todos os comentaristas bíblicos admiram a cultura elevada do escritor e sua

habilidade poética. Portanto, este livro profético é de extraordinária beleza literária. Só mesmo

Page 65: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

65

www.institutopedraviva.com.br

alguém frequentador dos palácios reais poderia refletir tal estilo. Alguns escritores atuais tentam

provar que Isaías não é o autor de todo o livro, porém, o argumento principal deles põe em risco o

fundamento do cristianismo, que é a crença na Inspiração das Escrituras, pois dizem que alguns

acontecimentos são ditos fora da época de Isaías. Ele como profeta que foi, escreveu o que todos

esperam de um profeta: acontecimentos futuros, fora de sua época. Esses comentaristas que duvidam

da autoria de Isaías discutem, por exemplo, o fato do autor mencionar o nome de Ciro, rei da Pérsia.

Para os que creem nas profecias bíblicas, isso reveste-se de grande importância, pois o profeta revela

duzentos anos antes que um rei, até profetiza o nome dele, decretaria a libertação do povo de Judá

para a sua terra. Portanto, além do nome e ação do rei, Isaías profetizou também, o cativeiro e o

retorno do povo desse cativeiro.

D. OS CONTEMPORÂNEOS DE ISAÍAS

Os seguintes nomes estiveram na história durante o ministério de Isaías.

REIS DE JUDÁ PROFETAS REIS DE ISRAEL

Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias Oséias e Miquéias Zacarias, Salum, Manaem,

Pecaías, Peca e Oséias

E. CRISTO EM ISAÍAS

Nenhum livro do V.T. dá um quadro tão completo de Jesus Cristo, como o livro de Isaías.

Aspecto da vida de Cristo Referência em Isaías Cumprimento em o N.T.

Nascimento 7.14, 9.6 Mt 1.23

Ministério de João Batista 40.3-6 Mt 3.1ss

Ungido pelo Espírito Santo 62.1-2 Lc 4.17-19

Cristo, o Servo 42.1-4 Mt 12.17-21

Israel rejeita o Cristo 6.9-11 Jo 12.38ss, Mt 13.10-15, At 28.26-27, Rm 11.8

Pedra de Escândalo 8.14, 28.16 Rm 9.32-33, 10.11, 1 Pe 2.6

Ministério entre os gentios 9.1-2, 49.6 Mt 4.15-16, Lc 2.32, At 13.47

Sofrimento e morte 52.13-53.12 Várias referências do N.T.

Ressurreição 45.23, 53.9-11 At 13.34, Fp 2.10-11, Rm 14.11

A vinda do Rei 9.6-7, 11.1ss, 32.1-2,

59.20-21, 62.2-3

Rm 11.26-27, Ap 19.13-15

Page 66: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

66

www.institutopedraviva.com.br

F. O SOFRIMENTO DO SERVO

Há 17 referências em Isaías ao “Servo de Jeová”. Em 13 dessas referências, a nação está em

foco (41.8-9, 43.10, 44.1-2,21,26, 45.4, 48.20, 49.3,5-7). Em 4 dessas referências, Jesus está

focalizado (42.1,19, 52.13, 53.11). Toda a sessão de 52.13-53.12 é uma vívida descrição dos

sofrimentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Israel era o Servo de Jeová no que diz respeito à

nação ser usada por Deus para trazer a Palavra e o Salvador ao mundo. Israel foi um servo

desobediente, o qual tinha que ser castigado. Jesus Cristo é o verdadeiro Servo de Jeová, o qual

morreu pelo mundo e fez perfeitamente a vontade de Seu Senhor.

G. OS FILHOS DE ISAÍAS

Os nomes simbólicos de seus dois filhos (7.3 e 8.1-3) ilustram as duas mensagens do livro de

Isaías. Shear-jashub significa “um remanescente retornará” e refere-se à segunda metade da profecia,

o retorno dos remanescentes da Babilônia. Maher-shalal-hash-baz significa “corra aos despojos,

apresse-se à caça” e refere-se aos capítulos 1-39, a vitória contra a Assíria.

H. SOMENTE A TÍTULO DE CURIOSIDADE

Tem sido sugerido que o livro de Isaías é uma “Bíblia em miniatura”. Seus 66 capítulos são

divididos em duas partes, 39 capítulos a primeira parte (correspondendo ao VT) e 27 capítulos a

segunda parte (correspondendo ao NT). Assim como o VT, os primeiros 39 capítulos enfatizam o

julgamento; e os últimos 27 capítulos enfatizam a misericórdia e conforto, assim como o NT. Embora

seja bastante curioso, nenhum estudante da Bíblia deve aprofundar-se muito nessa “analogia” e,

certamente, cada estudante sabe porquê...

I. O CENÁRIO HISTÓRICO

Lembre-se que a nação se dividiu após a morte de Salomão. Dez tribos do Norte foram organizadas

e conhecidas como Israel e duas tribos do Sul como Judá. A capital de Israel era Samaria; a capital

de Judá era Jerusalém. Isaías ministrou em Jerusalém, mas sua mensagem tratava tanto do Sul como

do Norte. Isaías presenciou em seu ministério o declínio e, por fim, a ruína completa de Israel (o reino

do Norte), sob o poder da Assíria. A cena política era muito interessante naquele tempo.

A Assíria era uma poderosa ameaça e outras nações queriam formar uma coligação para pelejar

contra essa potência mundial.

O rei Acaz de Judá não quis juntar-se a essa Liga.

A SÍRIA (não a Assíria), junto com Israel (o reino do Norte) atacou Judá para tentar forçá-la a

cooperar com eles (2 Rs 16.1-6).

Page 67: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

67

www.institutopedraviva.com.br

Muitos de Judá foram tomados como prisioneiros, mas graças à intervenção do profeta Obede

esses prisioneiros voltaram para Judá (2 Cr 28.5-15).

Ao invés de confiar no Senhor, Acaz voltou-se a Assíria para obter ajuda (2 Rs 16.7-9), ainda que

o profeta Isaías tenha aconselhado Acaz (Is 7.1-12).

A Assíria estava muito feliz por conseguir “chegar às portas” da Terra Santa.

A Assíria feriu Israel em 721 a.C. (2 Rs 15.29, 17.5-6,18-23), mas Judá tornou-se um Estado

vassalo (súdito) para a Assíria. Era o preço que Acaz, o rei de Judá, tinha de pagar (2 Rs 16.7-8).

Dessa forma, Israel “fora do caminho” da Assíria (2 Rs 17.23), essa decidiu atacar Judá e

escravizar toda a nação judaica (701 a.C., 2 Rs 18.13).

Isaías disse ao povo para confiar no Senhor para ajuda, mas vários grupos tentavam persuadir o

rei Acaz para fugir para o Egito e receber proteção daquela nação (Is 31).

Isaías andou três anos descalço e vestido como escravo, profetizando assim, o futuro do Egito,

portanto, mostrando ao povo que não deviam confiar do Egito.

Nos capítulos 36-39, Isaías fala-nos como Deus deu ao rei Ezequias vitória sobre a Assíria em

frente aos muros de Jerusalém (2 Rs 19.35-37).

Judá ficou muito debilitada por causa da guerra e, suas cidades tinham sido arruinadas pelo inimigo

de tal forma, que a nação nunca realmente restabeleceu-se e, por isso, outros povos (edomitas e

filisteus) se aproveitaram da situação (2 Cr 28.16-22).

A Assíria foi ferida pelos egípcios; os egípcios foram destruídos pelos babilônios; e em 606-587

a.C., os babilônios tomaram Judá em cativeiro.

Assim na primeira metade desse livro, Isaías aconselhou a nação concernente a Assíria e na outra

metade do livro, Isaías confortou o remanescente a respeito de seu retorno da Babilônia.

I. ESBOÇO SIMPLES

I. Condenação (1-39 - A derrota da Assíria)

II. Consolação (40-66 - O remanescente liberto da Babilônia)

JEREMIAS

A. NOME DO LIVRO

O significado do nome Jeremias é incerto. Alguns sugerem que o significado é “A quem Deus

escolhe”; outros dizem que o significado é “Jeová é sublime”. Jeremias era da linhagem sacerdotal e

vivia na cidade do sacerdote Hilquias em Anatote. Aparentemente possuía alguma riqueza pessoal,

pois era capaz de comprar terra real e até contratar um escriba (Baruque). Jeremias foi chamado para

Page 68: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

68

www.institutopedraviva.com.br

o ministério quando era apenas “uma criança” (1.4-6), sem dúvida na sua adolescência. Isto foi no

ano 627 a.C.

B. DATA

600 a.C.

C. AUTOR

Jeremias é o autor, porém, à semelhança de Jesus, nunca escreveu nada de seu ministério.

Baruque, seu amigo íntimo, quem escreveu, pois andava com Jeremias. Baruque foi para Jeremias o

que Tércio foi para Paulo, um amanuense. Baruque não somente escrevia para Jeremias, mas também,

lia os escritos (36.6). Baruque, também, não era só amanuense de Jeremias, mas o seu “gerente de

negócios”, enquanto Jeremias estava aprisionado (32.9-14). O livro não tem ordem cronológica

alguma.

D. OS REIS

Jeremias ministrou durante os últimos 40 anos da história de Judá, do 13º ano de Josias (627

a.C.) até a destruição de Jerusalém e além dessa época (587 a.C.). Jeremias menciona os últimos

líderes dos tempos prósperos do reino de Judá (1.1-3). Josias foi um rei piedoso e temente a Deus e

morreu em 608 a.C. Foi durante o reinado do rei Josias que a Lei foi encontrada e o Templo de

adoração restaurado. Jeoacaz seguiu nos caminhos do rei Josias, mas reinou apenas três meses, por

isso, Jeremias nem o mencionou. Eliaquim ou Jeoiaquim foi o próximo rei (608-597 a.C.). Ele foi

perverso e fez o máximo para perseguir Jeremias. Foi ele quem queimou o rolo das profecias de

Jeremias (cap.36). Joaquim foi o próximo rei, mas também reinou apenas três meses, antes de ser

levado ao cativeiro babilônico. Zedequias foi o último rei (597-586 a.C.). Ele presidiu na época da

ruína da nação e a captura da cidade de Jerusalém. Portanto, Jeremias presenciou sua amada nação

cair em pecado, guerra, julgamento e cativeiro. Apesar de tudo isso, foi fiel em pregar a Palavra de

Deus.

E. TRANSIÇÃO DE PODER MUNDIAL

Quando Jeremias começou o seu ministério, a Assíria era a nação mais poderosa no mundo e

estava nesta posição havia 300 anos, mas o Egito e a Babilônia estavam ganhando forças rapidamente.

O Egito foi muito poderoso 1.000 anos antes, mas agora tentava reerguer-se. Em 609 a.C. os

babilônios tomaram Nínive (capital da Assíria) e destruíram o poder da Assíria e em 605 a.C., venceu

o Egito na batalha de Carquemis. A Babilônia, então, voltou-se contra Judá e os “políticos” de Judá

aconselharam os reis para pedir socorro ao Egito contra a Babilônia. Jeremias era contra a aliança

Page 69: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

69

www.institutopedraviva.com.br

com os egípcios. Ele sabia que a única esperança para Judá era o Senhor, mas seus pecados eram tão

grandes que a nação perdeu a bênção da proteção de Deus. Finalmente Babilônia capturou Judá e

tomou Jerusalém (606-586 a.C.). Jeremias escreveu o livro das Lamentações para lembrar a morte da

Cidade Santa.

F. A MENSAGEM

A tarefa de Jeremias não era fácil, pois tinha que profetizar a morte de sua própria nação. A

primeira parte deste livro registra vários de seus sermões em Jerusalém, nos quais o profeta denuncia

os pecados do povo, dos sacerdotes e dos príncipes, principalmente o pecado da idolatria. No capítulo

25 Jeremias anuncia que a nação irá para o cativeiro por 70 anos e então retornará para restabelecer

o reino. O restabelecimento nunca aconteceu, pois nunca mais Israel ou Judá tiveram reis. O reino ia

ser restabelecido com a Pessoa de Jesus Cristo, mas como bem sabemos a nação O rejeitou. Sendo

que é uma profecia e deve ser cumprida, esse reino deverá ser restabelecido um dia, o que a Bíblia

chama de “Milênio”. No capítulo 31 Jeremias profetiza um “novo concerto” entre Jeová e o Seu povo.

Não um concerto de lei e palavras escritas em pedras, mas um concerto de amor e fé, escrito no

coração. Esta profecia se cumprirá com a conversão da nação de Israel. Jeremias trata, nos capítulos

finais, das nações gentílicas ao redor de Judá e fala dos planos de Deus para elas.

G. PECULIARIDADES

A palavra chave no livro é rebeldia. A nação voltou as costas ao Senhor e seguiu os falsos

profetas, os quais levou a nação a adorar os ídolos (2.19, 3.6,8,22, 5.6, 8.5, 14.7). Onze vezes a palavra

arrepender-se é usada pelo profeta, mas a nação não se arrependeu. Lemos do choro de Jeremias por

ver sua nação cair (9.1, 13.17, 14.17, 15.17-18, Lm 1.2, 2.11,18). Jeremias profetizou o cativeiro

(25.11) e aconselhou que os reis se rendessem a Babilônia (27.16-17). Por isso Jeremias foi

considerado um traidor e foi perseguido pelo seu próprio povo (1.21-33, cap.20,26,28,29 e 38).

Nenhum profeta enfrentou mais oposição dos falsos profetas do que Jeremias (2.8,26, 4.9, 5.31, 6.14,

14.13-16, 18.18, 23.9-40, 26.8-19, 27.9-16 e cap. 28 e 29). Se Judá tivesse se arrependido e voltado

a Deus teria sido livrada da Babilônia, mas porque Judá persistiu em seus pecados teve que ser punida.

Deus, porém, prometeu restauração “por amor de Seu nome”. Babilônia é mencionada 168 vezes em

Jeremias. Esse livro é o mais pessoal de todos os livros proféticos ao ponto de conhecermos o profeta

como o “profeta chorão”. Os contemporâneos de Jeremias foram Sofonias e Habacuque e no final de

seu ministério Daniel foi o seu contemporâneo.

G. ILUSTRAÇÕES

Jeremias usou muito esse recurso didático em suas mensagens.

Page 70: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

70

www.institutopedraviva.com.br

Ilustração Referência

Fontes e cisternas 2.13

Remédio 8.22

Cinto que “para nada presta” 13.1-11

Vaso de barro 18-19

Jugos 27

Livro afundado em águas 51.59-64,

Ap18.20-21

H. JEREMIAS E OSÉIAS

Esses dois foram, talvez, os profetas que mais sofreram para entregar a mensagem de Deus. Há

paralelos entre esses dois profetas, quanto ao coração de Deus diante dos pecados do povo e Seu amor

sempre pronto a perdoar.

Jeremias Oséias

2.1-6 2.1-5

3.1 3.1

3.22 14.4

5.31 6.10

I. JEREMIAS E JESUS

As similaridades entre Jeremias e Jesus Cristo são dignas de nota e, por isso, segue um quadro

comparativo.

Procure achar as referências que faltam.

Semelhanças Referências

Solteiros Jr 16.1-2

Rejeitados na própria terra Jr 11.21, 12.6 Lc 4.16-30

Ministraram sob a sombra ameaçadora da potência

mundial (Babilônia e Roma)

Considerados traidores pelo seu povo

Oposição dos falsos profetas e fariseus

Choraram sobre a cidade de Jerusalém

Predisseram a ruína de Jerusalém

Page 71: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

71

www.institutopedraviva.com.br

Poucos discípulos verdadeiros

Perseguidos e aprisionados

Enfatizaram a “religião do coração” e não

meramente formas externas e cerimônias

Jesus citou Jeremias ao purificar o Templo Jr 7.11

Enfatizaram um “novo concerto no coração” Jr 31.31-37, Hb 8.7ss

Usaram ilustrações e parábolas

Revelaram um coração compassivo por uma nação

que devia obedecer a Palavra de Deus

Foram aparentemente frustrados no final de suas

vidas e ministérios

Deus Os honrou e fez Seu trabalho próspero

K. JEREMIAS E DEUTERONÔMIO

No reinado de Josias a Lei foi encontrada e com certeza Jeremias se utilizou dessa Lei e

aplicou-a à sua mensagem. Vemos um paralelo entre Jeremias e Deuteronômio em várias passagens.

Jeremias Deuteronômio

2.6 32.10

28.14 28.49

7.33 28.26

11.3 27.26

11.5 7.12-13

24.9 28.25

L. VOCÊ FARIA O MESMO?

Todos sabemos que para Babilônia foram os principais judeus, os mais capacitados e alguns

deles foram até honrados pelos cargos e posições que tiveram. Exemplos: Os três amigos de Daniel,

o próprio Daniel, Esdras, Neemias e muitos outros. Jeremias teve o privilégio de escolher entre ir para

a Babilônia ou ficar com o remanescente pobre (2 Rs 24.14, Jr 39.12). Ele preferiu ficar e ministrar

ao seu povo desolado, mesmo sabendo que teria tratamento especial se fosse. De fato, Jeremias foi

para um cativeiro, mas não o babilônico e sim para o Egito, juntamente com Baruque (43.6-7). Mesmo

do Egito Jeremias aconselhava o povo a voltar-se ao Senhor e não para o Egito (cap.44). Enquanto

Jeremias pregava em Jerusalém, Ezequiel pregaria, anos mais tarde, a mesma mensagem na

Babilônia, entre os cativos.

Page 72: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

72

www.institutopedraviva.com.br

M. OS RECABITAS

Os recabitas eram uma tribo desde os tempos de Moisés (Jr 35.1-12, 1 Cr 2.55, Nm 10.29-32,

Jz 1.16, 2 Rs 10.15-31). Eram muito simples em seu viver diário. Jonadabe, o descendente de Recabe,

mostrou-se zeloso na época da idolatria de Jeú, e esse zelo perdurou na linhagem por 250 anos,

fazendo-os um povo distinto. Rejeitavam o sistema de vida agrícola fixa, portanto, eram

seminômades. Por causa desse zelo ganharam o favor de Deus (Jr 35.18-19).

N. A VIDA SOFRIDA DE JEREMIAS

O profeta que mais sofreu foi Jeremias. Vejamos alguns desses sofrimentos que afetaram o

profeta, tanto em seu físico como sua moral e suas emoções. Perigo de vida no reinado de Jeoiaquim,

devido à sua pregação fiel a Deus (26.7-20). Sua vida foi ameaçada em Anatote, durante o reinado de

Josias (11.18-23). Sua própria família estava contra ele (12.5-6). Era amaldiçoado por quase todos

(15.10). Foi colocado no tronco por Pasur (20.1-18). Ficou desapontado e indignado (20.14-18). Seus

escritos foram queimados por Jeoiaquim, porém, reproduziu e acrescentou mais palavras (36.9-32).

Teve contenda com Hananias (cap.28). Teve contendas por carta com os falsos profetas da Babilônia

(cap.29). Foi aprisionado junto à porta da cidade e atirado à masmorra, na casa de Jônatas, o escriba

(37.3-15). Acusado de traição e atirado no cárcere, para ali morrer, mas é socorrido por um etíope

(38.1-13). Levado em cadeias até Ramá (40.1). Levado ao Egito pela força (42.1-43.7). Esforçou-se,

mas não foi ouvido, para que o povo abandonasse a idolatria (cap.44).

O. ESBOÇO SIMPLES

I.O chamado nacional - mensagens a Judá (1-33)

II.O chamado pessoal - os sofrimentos de Jeremias (34-35)

III.O chamado internacional - mensagens às nações (46-51)

LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

A. NOME DO LIVRO

Este livro é uma série de “poemas de funeral”, marcando a destruição de Jerusalém e o

Templo. É escrito em forma de acróstico: cada um dos 22 versos nos capítulos 1,2,4 e 5 começam

com a sequência do alfabeto hebraico. No capítulo 3 são três versos para cada letra. Nenhum livro na

Bíblia revela o coração sofrido de Deus sobre o pecado como este. O título hebraico é ‘ekah que quer

dizer “como...! ” que aparece no começo do primeiro versículo do livro.

Page 73: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

73

www.institutopedraviva.com.br

B. AUTOR

Somente Jeremias podia escrever este livro. Ninguém chorou por Jerusalém como este profeta.

Ele amou essa cidade a tal ponto que preferiu ficar nela com o povo sofrido a ir para a Babilônia

como um nobre.

C. DATA

A mesma data do livro de Jeremias, ou seja, 600 a.C.

D. UMA TRISTE MEMÓRIA

É um livro lido em todas as sinagogas judaicas no 4º mês (agosto, Jr 52.6) em memória da

destruição de Jerusalém. Às sextas-feiras em Jerusalém leem este livro diante do Muro das

Lamentações, beijando as pedras do muro e vestidos de preto. O choro principal é pelo Templo que

foi queimado.

E. TRISTE, SIM, MAS UM LIVRO DE ESPERANÇA

Em época de juízo a esperança em Deus se renova, ainda mais quando sabemos que é a mão

de Deus que está pesando para repreender-nos (3.33).

F. CASTIGO JUSTO

A situação, de fato, era para chorar, contudo, a razão do sofrimento também era justa. A cidade

de Jerusalém foi destruída por causa do pecado (1.5,8,22). Era um castigo justo (1.18). Deus se afastou

por causa do empedernimento do povo. Até Jeremias sentiu-se triste por Deus não atentar para a sua

oração (3.8,44).

G. OS FILHOS PAGANDO PELOS PAIS

O povo estava sob a ira de Deus. Há muitos anos Deus estava sendo ofendido pelo pecado da

nação e agora, os filhos sofrem os pecados, ainda que, também pecaram, mas recebem o acúmulo dos

pecados de seus pais (5.7).

H. A MISERICÓRDIA DE DEUS ATÉ NO CATIVEIRO

Os reis babilônicos não eram tão ferozes e cruéis como os reis assírios. O tratamento que o

povo de Judá recebeu foi muito mais suave do que o povo de Israel sob as mãos dos assírios. Jeremias

profetizou que o cativeiro seria longo, quase duas gerações, por isso deu a seguinte ordem para o

povo: Jr 29.5-6. Lá na Babilônia, o povo de Deus, prestando atenção ao povo de lá que era bom de

negócios, aprendeu a prosperar através do comércio e trabalho. Ao deixarem a vida agrícola, o povo

Page 74: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

74

www.institutopedraviva.com.br

de Judá passou a desenvolver outros ramos de atividades na Babilônia. Babilônia era conhecida por

sua biblioteca muito desenvolvida. Eram mestres na arte da cerâmica e do tecido. O povo de Judá

ficou numa rica planície junto ao rio Quebar (Ez 1.1-3). Lá tornaram-se os colonos e não escravos

como os seus pais no Egito. Mesmo assim, sofriam pela saudade de sua terra (Sl 137.4).

I. JUDEUS

A partir do cativeiro na Babilônia o povo de Judá fica conhecido como “judeus” (Jr 34.9).

Alguns dizem que é porque vem da palavra Judá, que significa louvor.

J. A HISTÓRIA SE REPETE

O Templo foi destruído, o povo chora amargamente até hoje nas sinagogas no dia 9 de agosto,

chamado o Dia da Lamentação. O povo nunca mais voltou à glória de outrora, mas ao contrário, no

ano 70 a.D. as forças romanas, através do general Tito, destruíram Jerusalém e o Templo, não

deixando “pedra sobre pedra”.

K. MEGILLOTH

Os judeus reservaram cinco livros, chamados “Rolos” (megilloth). Esses rolos são lidos em

suas festas. A seguir o nome desses rolos e a festa correspondente, ocasião em que leem.

LIVRO FESTA

Cantares Páscoa

Rute Das Semanas ou Pentecoste

Eclesiastes Dos Tabernáculos

Ester De Purim

Lamentações Aniversário da destruição de Jerusalém

L. ESBOÇO SIMPLES

I.A desolação de Jerusalém (1 e 4)

II.A ira do Senhor (2)

III.A tristeza de Jeremias (3)

IV.O clamor a Deus (5)

Page 75: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

75

www.institutopedraviva.com.br

EZEQUIEL

A. O PROFETA EZEQUIEL

No ano 606 a.C., os babilônios começaram a primeira das várias deportações dos judeus.

Daniel estava no primeiro grupo. No segundo grupo (597 a.C.) estava o jovem Ezequiel, com

aproximadamente 25 anos de idade. Ezequiel foi levado para Tel-abib perto do canal de Quebar

(3.15). Ali ele viveu em sua própria casa com sua amada esposa (8.1, 24.16ss). Cinco anos após

Ezequiel ser levado para Tel-abib, Deus o chamou para ser profeta, com 30 anos de idade (592 a.C.).

Isto foi 6 anos antes da destruição de Jerusalém em 586 a.C. Assim, enquanto Jeremias profetizava

ao povo na Palestina, Ezequiel pregava aos judeus do cativeiro na Babilônia.

B. AUTOR

Ezequiel que significa “Deus fortalecerá”. Ezequiel era sacerdote. Diferente do livro de

Jeremias, o livro de Ezequiel está arranjado em forma cronológica. Ezequiel é um dos cinco profetas

pós-exílios, juntamente com Daniel, Ageu, Zacarias e Malaquias.

C. DATA

Na mesma época que Jeremias (600 a.C.).

D. UMA NOVA GERAÇÃO

Assim como Josué e Calebe, Ezequiel tem sob a sua responsabilidade ensinar uma nova

geração, lembrando o que seus pais fizeram e ajudando a manter a fé dos exilados, animando-os com

a promessa de retorno à Terra Santa (14.23).

E. FOI-SE A GLÓRIA DO SENHOR

A glória do Senhor afastou-se da cidade de Jerusalém antes mesmo da destruição (11.23). A glória

do Senhor voltará para aquele lugar somente no reino milenar (43.2). Deus nunca mais repousou com

Sua glória em nenhum Templo de Jerusalém desde 586 a.C.

F. ALGUNS DETALHES DA VIDA DE EZEQUIEL

1. Era um homem casado (24.16-18).

2. Possuía sua própria casa em Tel-abib (3.24, 8.1).

3. A morte de sua esposa no 9º ano do seu cativeiro, trouxe-lhe tristeza, da qual não podia expressar

como normalmente fazia um judeu (24.16-18).

4. Segundo a tradição judaica, ele teria sido morto por um exilado, que foi repreendido por

Page 76: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

76

www.institutopedraviva.com.br

Ezequiel por causa de sua idolatria.

G. VISÕES E ÊXTASES

Ezequiel foi o profeta que mais experimentou estados inexplicáveis como mudez temporária,

sintoma de paralisia e catalepsia (3.26, 24.27, 29.21, 33.22). Catalepsia é o estado em que ficam

temporariamente os movimentos voluntários e sensibilidade exterior. Ezequiel experimentou,

também, viagens que jamais um ser humano poderia explicar como em 8.1-3. Foi comum à medida

que um povo endurecia o coração e rejeitava as palavras de Deus, Ele usar de palavras enigmáticas

como no livro de Ezequiel e as parábolas de Jesus.

H. O ATALAIA

Deus colocou a responsabilidade sobre Ezequiel, em que ele devia pregar TUDO o que Deus

mandara. Caso não fizesse isso, Deus requereria o sangue das pessoas que morressem, ou seja, Deus

mataria o atalaia (3.16-21 e 33.7). Sobre requerer o sangue ver Gn 9.5-6. Paulo estava consciente

da mesma responsabilidade em At 20.26.

I. A VISÃO DOS OSSOS SECOS

Essa extraordinária visão está no cap.37 e refere-se à restauração do povo de Deus, quando será

tirado dos povos que não têm vida e ganhará nova vida. O retorno do povo cumpriu-se, mas não

completamente. No Milênio, o povo de Israel será todo restaurado. Bendito o judeu que viver na

época da Tribulação e se converter. Melhor ainda se converter-se na época da Igreja.

J. EZEQUIEL E JOÃO NA ILHA DE PATMOS

Algumas visões de Ezequiel são semelhantes com as visões do apóstolo João.

Visões do profeta Ezequiel e do apóstolo João Referências

Os querubins Ez 1, Ap 4

Gogue e Magogue Ez 38, Ap 20

A ordem de comer o livro Ez 3, Ap 10

A Nova Jerusalém Ez 40-48, Ap 21

O rio de água da vida Ez 47, Ap 22

K. ESBOÇO SIMPLES

I. Profecias antes do cerco de Jerusalém, predizendo sua derrota (1-24)

II. Profecias durante o período do cerco de Jerusalém (25-32)

Page 77: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

77

www.institutopedraviva.com.br

III. Profecias depois da derrota da cidade (33-48)

DANIEL

A. O PROFETA

Daniel é colocado como um dos maiores homens da história do VT. Em Ezequiel, Mateus e

Hebreus há registros de sua existência como profeta (Ez 14.14, 28.3, Mt 24.15 e Hb 11.33). Daniel

era jovem quando Nabucodonosor veio a Jerusalém e começou a conquistar Judá, no ano 605 a.C.

Houve várias deportações de judeus para a Babilônia e Daniel estava no primeiro grupo porque era

de linhagem real. Era prática da Babilônia deportar os nobres e treiná-los para o serviço em seus

próprios palácios. Daniel estava ainda vivo em 539 a.C., quando o reino da Babilônia foi tomado por

Ciro, o rei da Pérsia. Portanto, Daniel viveu e ministrou na Babilônia por mais de 60 anos. De fato, o

profeta Daniel viveu durante quatro reinados: de Nabucodonosor, Belsazar, Dario e Ciro e em três

diferentes reinos: Babilônia, Média e Pérsia. Daniel significa “Deus é meu juiz”. Daniel ocupou várias

posições importantes e foi promovido grandemente por causa de seu caráter e sabedoria, e

principalmente, porque a bênção de Deus estava sobre ele. Nabucodonosor nomeou-o chefe dos

sábios e governador da terra, uma posição semelhante à de Primeiro Ministro. O neto de

Nabucodonosor, Belsazar, elevou Daniel a terceiro no reino. O primeiro era Nabonidus, o último rei

da Babilônia, que residia em Tema na Arábia; o segundo era Belsazar, seu filho. E o terceiro ficou

sendo Daniel e o motivo foi porque ele explicou o significado do que a mão escreveu no muro. Dario

nomeou-o líder sobre todo o reino (6.1-13). Certamente Daniel foi fiel testemunha de Deus em um

reino perverso e idólatra por mais ou menos 75 anos.

B. O LIVRO

Daniel é para o VT o que Apocalipse é para o NT e, de fato, não é possível entender um sem

o outro. Profeticamente Daniel lida com o “tempo dos gentios” (Lc 21.24), aquele período que

começou em 606 a.C. com o cativeiro e terminará quando Cristo retornar à terra para julgar as nações

gentílicas e estabelecer Seu Reino na terra. Nas várias visões e sonhos registrados em Daniel, vemos

o programa da história dos gentios desde o reinado da Babilônia, pelas conquistas dos medos, persas,

gregos e romanos, até o governo do Anticristo antes do retorno de Jesus Cristo. Este livro diz que “há

um Deus no céu” (2.28) e que o “Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens” (4.25). Daniel

diz claramente que Deus Altíssimo é Soberano. Que Ele pode colocar e tirar governantes de seus

tronos. Que Deus pode ferir as nações mais fortes. Em 1.1-2.3, o livro é escrito em hebraico, mas de

2.4-7.28, é escrito em caldeu. Portanto, as sessões que tratam dos judeus são escritas em hebraico e

as sessões que lidam com a Babilônia são escritas em caldeu.

Page 78: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

78

www.institutopedraviva.com.br

C. DATA

600 a.C.

D. A ORDEM HISTÓRICA DO LIVRO

O livro de Daniel não é arranjado em ordem cronológica. Na primeira metade, Daniel

interpreta os sonhos dos outros e na última metade, ele tem visões concernentes ao futuro de seu povo.

A seguir a ordem histórica do livro.

CAPÍTULOS ACONTECIMENTOS DATA (a.C.)

1 Cativeiro 605-604

2 Sonho da Estátua 602

3 Imagem de Nabucodonosor -

4 Sonho da árvore de Nabucodonosor -

7 A visão dos quatro animais 556

8 A visão do bode e do carneiro 554

5 O banquete de Belsazar - a Babilônia cai 538

9 A visão das 70 semanas 539

6 A cova dos leões -

10-12 As visões finais -

Note que Daniel era um homem de seus 80 anos quando foi lançado à cova dos leões!

E. OS REINOS NO LIVRO DE DANIEL

Seis diferentes reinos são identificados no livro de Daniel.

CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 7

Babilônia (606-539 a.C.) - a cabeça de ouro (v.36-38) Leão com asas de águia (v.4)

Média-Pérsia (539-330 a.C.) - braços e peito de prata (v.39) Urso com três costelas (v.5)

Grécia (330-150 a.C.) - quadris de bronze (v.39) Leopardo com quatro cabeças (v.6)

Roma (150 a.C. até 500 d.C.) - pernas de ferro (v.40) Animal terrível (v.7)

Anticristo - dez dedos de ferro e barro (v.41-43) Pequeno chifre (v.8)

Cristo - a Pedra que esmiúça (v.44-45) Ancião de dias (v.9-14)

Guarde em mente que o Império Romano nunca foi substituído por outro império mundial e

assim continuará até que o Anticristo se levante. Este último ditador mundial estabelecerá um império

Page 79: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

79

www.institutopedraviva.com.br

de países confederados (os 10 dedos). Note que no capítulo 2 mostra a visão do homem sobre as

nações (metais valiosos), enquanto que no capítulo 7 mostra a visão de Deus (bestas perigosas).

F. A PERSEGUIÇÃO CONTRA OS CRENTES

Em Daniel 3 e 6 mostra como o reino deste mundo persegue os crentes por não adorarem o

seu deus, porém, é apenas uma sombra em comparação ao que acontecerá no período chamado

Tribulação (7.25, 8.24, 12.1). O próprio Jesus mencionou este livro em Mt 24.15 e Mc 13.14.

G. ALEXANDRE MAGNO

Este foi o grande conquistador grego. Era o rei da Macedônia. Em 331 a.C. conquistou a Pérsia.

Certo dia, enquanto estava em Jerusalém ouviu um sacerdote ler as profecias de Daniel e

impressionou-se bastante quando este lia que um rei grego derrubaria a Pérsia, o que de fato aconteceu

com suas próprias mãos.

G. ESBOÇO SIMPLES

I.A história pessoal de Daniel (1-6)

II.O ministério profético de Daniel (7-12)

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS PROFETAS MENORES

Os profetas menores não são menores em importância em relação a Isaías, Jeremias, Ezequiel

e Daniel, pois suas mensagens são muito importantes no programa profético de Deus. A Bíblia

hebraica coloca esses dozes livros juntos e chama-os simplesmente de “os Doze”. Os estudantes da

Bíblia chamam de “Profetas Menores” por causa da brevidade de seus escritos, embora Zacarias é

uma exceção nessa série de livros. Em cada um desses livros você encontrará três lições.

LIÇÃO HISTÓRICA - Cada profeta escreveu e pregou visando as necessidades imediatas na

vida de seu povo.

LIÇÃO PROFÉTICA - Cada profeta ilustra ou anuncia algo sobre o futuro da nação,

julgamento e restauração.

LIÇÃO PRÁTICA - Os pecados das nações naqueles dias são como os nossos, hoje. Há muitas

lições práticas para nós aprendermos desses livros. Por exemplo, em Oséias vemos a apostasia de

Israel, seu castigo sob a Assíria e sua futura purificação e restauração. Também, vemos nesse livro

Page 80: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

80

www.institutopedraviva.com.br

uma lição para os crentes, hoje, que desobedecem ao Senhor e cometem “adultério espiritual”

seguindo o mundo.

OSÉIAS

A. O PROFETA

O nome Oséias significa “salvação”. Ele pregou no reino do Norte (Israel, também chamado

“Efraim” neste livro). Oséias pregou num período de declínio nacional. Quando ele começou seu

ministério, Jeroboão II era o rei e foi um tempo de grande prosperidade, mas a nação acabou se

envolvendo com outras alianças e não confiou em Deus para guiá-la e protegê-la. Oséias viveu na

época em que Israel foi levado ao cativeiro assírio em 721 a.C. Em 2 Rs 15-17 lemos o panorama

histórico dessa época. Oséias foi contemporâneo de Amós em Israel e de Isaías e Miquéias em Judá.

B. O ALVO DA MENSAGEM DE OSÉIAS

A mensagem de Oseías era para a nação de Israel, expondo seus pecados e advertindo do

julgamento que viria. Há também uma mensagem de esperança para o futuro. O detalhe muito

importante do ministério de Oséias é que ele tinha que viver a mensagem antes de pregá-la para o

povo! O profeta tinha que experimentar profunda agonia em seu próprio lar por causa dos pecados de

sua esposa, mas tudo isso foi uma lição divinamente objetiva para ele e seu povo.

C. DATA

Em 753 a.C. foram proferidas as primeiras palavras do profeta, antes da morte de Jeroboão II.

A compilação final foi feita mais ou menos em 725 a.C., talvez trinta anos após o começo do

ministério de Oséias. Note que foi escrito uns 200 anos antes do cativeiro babilônico e isto por si só

já era uma advertência ao povo de Judá.

D. AS PRINCIPAIS VERDADES DO LIVRO

Conforme o Dr. Scofield este livro apresenta as seguintes verdades:

1.Deus sofre quando o Seu povo lhe é infiel.

2.Deus não pode tolerar o pecado.

3.Deus nunca deixará de amar os Seus.

4.Deus procura atrair de volta aqueles que O abandonaram.

Page 81: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

81

www.institutopedraviva.com.br

E. DEUS E O CASAMENTO DE OSÉIAS

Deus mandou Oséias casar-se com uma adúltera, com Gômer, advertindo-o que ela seria infiel

a ele e utilizou-Se dessa triste experiência do profeta para ilustrar ao povo sobre o relacionamento de

Deus com Israel. Alguns defendem que Deus mandou Oséias casar-se com uma prostituta e, outros

há, que dizem que tudo foi apenas uma visão do profeta e não uma experiência real.

F.REFERÊNCIAS EM OSEÍAS CITADAS NO NT

OSÉIAS NOVO TESTAMENTO

1.9, 2.1,25 Rm 9.25-26, 1 Pe 2.10

6.2 1 Co 15.3-4

6.6 Mt 9.13, 12.7

10.8 Lc 23.30, Ap 6.16

11.1 Mt 2.15

13.14 1 Co 15.55

14.2 Hb 13.15

G. OSÉIAS E AMÓS

As mensagens desses dois profetas se completam e mostram dois aspectos da mensagem de

Deus: enquanto Oséias apresenta o amor de Deus, Amós exorta o povo quanto ao castigo pela

desobediência (“prepara-te para te encontrares com o teu Deus” Amós 4.12).

H. HÁ ESPERANÇA

No livro de Oséias não há esperança para o leitor descuidado. Algumas coisas não

aconteceriam mesmo, por exemplo, o reino unificado entre Israel e Judá, porém, há uma esperança

futura para os que temem ao Senhor (2.14-23, 11,10-11,14, 6.1-3).

I. OS ATOS PECAMINOSOS

Oséias condenou os pecados de Efraim (Israel)

PECADO REFERÊNCIA

Falsidade 4.1

Licenciosidade 4.11

Homicídio 5.2

Roubo 7.1

Opressão 12.7

Page 82: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

82

www.institutopedraviva.com.br

J. ESBOÇO SIMPLES

I. A infidelidade da esposa de Oséias (1-3)

II. A infidelidade da nação de Israel (4-7)

III. O julgamento de Israel (8-10)

IV. A promessa da restauração de Israel (11-14)

JOEL

A. A MENSAGEM DE JOEL

A mensagem de Oséias surgiu de uma calamidade dentro de sua própria família. A mensagem

de Joel surge de uma calamidade nacional: a invasão dos gafanhotos. Junto com a praga dos

gafanhotos veio, também, uma terrível seca. Gafanhotos e seca trouxeram à terra grande fome e

miséria (1.19-20). Joel tinha uma mensagem ao povo de Judá, pois ele viu nessas calamidades a mão

disciplinadora de Deus sobre os seus pecados. Joel olhou além dos gafanhotos e viu outro exército,

um exército literal de nações gentílicas atacando Jerusalém e o povo judeu (2.3). Portanto, Joel usou

o julgamento imediato de Deus (os gafanhotos) como ilustração do julgamento posterior, “O Dia do

Senhor”. Joel significa “O Senhor (Jeová) é Deus”.

B. O DIA DO SENHOR

Joel menciona “O Dia do Senhor” (1.15, 2.1,11,31, 3.14). Outros profetas, também, usaram

essa expressão (Is 2.12, 13.6-9, 14.3, Jr 30.7-8, 46.10 e o livro todo de Sofonias). A frase “O Dia do

Senhor” refere-se àquele tempo futuro quando Deus despejará Sua ira contra as nações gentílicas por

causa de seus pecados contra os judeus (Joel 3.1-8). Esse tempo futuro ocorrerá após a Igreja ter sido

levada para o Céu (1 Ts 1.10, 5.9-10 e Ap 3.10). Esse período de 7 anos é conhecido nas Escrituras

como “Tribulação” e é descrito mais completamente em Ap 6-19. A Tribulação é o julgamento do

Senhor, porém, “O Dia Do Senhor” é identificado como um dia específico, quando haverá uma

batalha chamada “Armagedom” (Joel 3.9-17, Ap 19.11-21). Jesus Cristo retornará à terra para ferir

os Seus inimigos e estabelecerá o Seu reino. Em Joel há esperança de bênção neste período (2.18-27).

C. DATA

É difícil saber qual foi a data em que Joel escreveu esta profecia, pois não é mencionado

nenhum rei ou nação, portanto, não há um referencial para se tomar como base. Alguns sugerem que

tenha sido na época de Joás (837 a.C.).

Page 83: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

83

www.institutopedraviva.com.br

D. TRÊS TEMPOS QUE JOEL MOSTRA PARA O DIA DO SENHOR

1.O Dia do Senhor visto como imediato: a invasão dos gafanhotos - capítulo 1

2.O Dia do Senhor visto como iminente: a invasão da Assíria (?) - 2.1-27

3.O Dia do Senhor visto como futuro: a invasão final no Armagedom - 2.28-3.21

(?) A interpretação do inimigo iminente depende da época em que Joel está falando. Existem

várias possibilidades: os filisteus ou egípcios ou Edomitas ou os fenícios. Porém, nenhum desses

inimigos foram devastadores como os assírios e babilônios. Lembre-se que Joel profetizou para o

reino do Sul (Judá), mas a Assíria, também, tentou destruir Judá como, de fato, fez com Israel (reino

do Norte).

E. O DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO

Pedro fez menção dessa profecia de Joel que tem duas fases: a primeira no Pentecoste e depois

na “grande plenitude”, no final do “tempo dos gentios”, antes do Milênio (Joel 2.28,32, At 2.16-21).

F. ESBOÇO SIMPLES

I.O Dia do Senhor tipificado (1.1-2.27)

II.O Dia do Senhor profetizado (2.28-3.21)

AMÓS

A. O CONTEXTO HISTÓRICO

Amós ministrou 25 anos antes da queda de Israel. Na época, o rei era Jeroboão II, na cidade

de Betel e Amazias era o sacerdote. Nessa época a nação de Israel estava gozando de paz e

prosperidade, aliás vivendo em luxúria. Estava indo “tudo bem”, até que uma voz clama: “Deus

enviará julgamento sobre esta nação perversa”. O pregador que pronuncia estas palavras é um

“pregador da colina de Tecoa”, chamado Amós, que significa “aquele que carrega fardos”. Amós não

era um profeta como conheciam na época, pois o pai dele não era profeta e nem frequentou as escolas

de profetas (7.10-17). Era um colhedor de figos, pastor de ovelhas e “vaqueiro” (1.1 e 7.14). Porém,

ainda que sem “credenciais de profeta”, Amós foi um “homem de Deus com a mensagem de Deus”

e advertiu que o julgamento estava vindo sobre Israel. Amós profetizou o cativeiro várias vezes

(5.5,27, 6.7, 7.9,17). O poderio da época era da Assíria, visto que Deus poupou essa nação através do

ministério do profeta Jonas. Amós, embora fosse do reino de Judá, profetizou para o reino de Israel.

B. DATA

Por volta de 760 a.C. Se soubéssemos quando ocorreu o terremoto na época de Uzias, teríamos

a data exata do ministério profético de Amós em Betel, situado dois anos antes do terremoto (1.1).

Page 84: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

84

www.institutopedraviva.com.br

Trata-se daquele terremoto severo na época de Uzias, o qual séculos mais tarde, ainda não tinha sido

esquecido (Zc 14.5).

C. AMÓS E OSÉIAS

Enquanto Oséias é oprimido pelo sentimento da infidelidade da nação, Amós é mais

“violento”, sentindo-se ultrajado por causa da injustiça da nação em seus pecados. A mensagem de

Amós pode ser deturpada por causa da quantidade de vezes que ele fala de justiça e da injustiça social.

É fato, porém, que a justiça social nunca pode separar-se da verdadeira religião (piedade, Tg 1.27).

A mensagem de Amós é impregnada de justiça: “Corra o juízo como as águas e a justiça como ribeiro

perene” (5.24).

D. OS PECADOS DAS NAÇÕES

Há menção dos pecados nas nações e que Deus vai julgá-las, porém, é muito evidente que

para isso Deus, também, reserve castigo para o seu próprio povo. Amós teria gozado de muita

popularidade se profetizasse apenas a queda das nações vizinhas, mas foi fiel ao Senhor e denunciou

o seu próprio povo (Judá) e seus irmãos (Israel).

Nação denunciada Pecado específico Referência

Síria Crueldade 1.3-5

Filistia Tráfico de escravos 1.6-8

Fenícia Tráfico de escravos, apesar do pacto 1.9-10

Edom Irreconciliabilidade determinada e vingativa 1.11-12

Amom Crueldade baseada na cobiça 1.13,15

Moabe Ódio com violência e vingança 2.1-3

Judá Desprezo às Leis de Jeová 2.4-5

Israel Corrupção e opressão 2.5-16

E. AS CINCO VISÕES CONCERNENTES AO CASTIGO DE ISRAEL

Visão Referência

Os gafanhotos 7.1-3

O fogo 7.4-6

O prumo 7.7-9

Os frutos de verão Cap.8

O Senhor sobre o altar Cap.9

Page 85: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

85

www.institutopedraviva.com.br

F. A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL

Se interpretarmos a Bíblia literalmente, como deve ser, devemos entender que a nação de

Israel precisa ser reedificada, o que nunca aconteceu e, humanamente falando é impossível, pois

perdeu-se toda a linhagem. É necessário o Milênio para cumprir as exigências da profecia de Amós

9.11-15 (conforme Atos 15.16-17). Conforme o Dr.Scofield essa profecia tem as seguintes

implicações:

1.A volta da monarquia de Davi - v.11

2.Possessão das terras do sul da Palestina - v.12

- Incluindo a conversão das nações.

3.Fertilidade da terra - v.13

4.Retorno de Israel do cativeiro - v.14

- Os israelitas estão espalhados pelas nações, embora não saibamos quem são.

5.Estabelecimento permanente de Israel na Terra Santa - v.15

G. ESBOÇO SIMPLES

I. Ele olha ao redor (1-2)

II. Ele olha para dentro (3-6)

III. Ele olha adiante (7-9)

OBADIAS

A. A ÉPOCA E LOCAL

Trata-se do ano 586 a.C. em Jerusalém, época da invasão babilônica.

B. O EVENTO

A destruição de Jerusalém pelos exércitos babilônicos. Podemos imaginar os soldados irados,

quebrando os muros, espancando o povo e queimando a cidade. Vemos, também, os vizinhos de

Jerusalém, os EDOMITAS, encorajando os babilônios destruírem a cidade (Sl 137.7-9). Quem é este

povo que deseja tão terríveis coisas para Judá? Eles são os irmãos dos judeus! Os Edomitas são

descendentes de Esaú, o irmão mais velho de Jacó (Gn 25.21-26). Esaú era exteriormente muito

melhor homem que o enganoso Jacó, mas mesmo assim, Deus escolheu Jacó e rejeitou Esaú. Esaú

mudou-se para as montanhas ao sul e estabeleceu o reino edomita (Iduméia), mas eles permaneceram

inimigos. O livro de Obadias, o menor do VT, trata desses dois irmãos, Esaú e Jacó (Edom e Israel).

Page 86: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

86

www.institutopedraviva.com.br

C. DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA

”Sela”, a capital de Edom, conhecida posteriormente por “Petra”, foi totalmente destruída. As

ruínas comprovam o fato. Por muito tempo ficaram escondidas nas regiões ao sul do Mar Morto, mas

em 1812 a.D. foram descobertas 300 cidades. As construções eram feitas misteriosamente em rocha

sólida cortada (v.3). Não existe nenhuma presença viva na terra para lembrar Edom (v.10 e 18). Por

causa desse reduto edomita, o exército era invencível, pois após o seu ataque, recolhia-se em suas

rochas e ninguém conseguia chegar lá por causa do difícil acesso. Algumas montanhas tinham 300

metros de altura e no topo era a habitação dos edomitas. Chegavam lá através de uma abertura estreita

cavada na rocha, onde só passava um cavalo por vez. Tentar chegar ali sem conhecer era morte certa,

pois os corredores estreitos, espremidos pelas rochas, tinham um quilômetro de extensão e eram

verdadeiros labirintos. Mas de Deus ninguém se esconde (v.4). Tinha cerca de mil templos escavados

na rocha em lugares quase impossíveis de chegar.

D. OBADIAS

Nada se sabe sobre esse profeta. O nome era muito comum entre os hebreus, significa “servo

ou adorador de Jeová”. Pelo menos doze homens do VT têm esse nome.

E. A JUSTIÇA DO JULGAMENTO

Edom não é apenas inimigo antigo, mas na época da calamidade que Jerusalém sofreu, Edom

também estava lá entregando os judeus fugitivos ao inimigo (2 Cr 21.16-17, Ob 10-14). Os edomitas

contribuíram com os filisteus e árabes em 845 a.C. e agora com os babilônios em 586 a.C. Quatro

anos depois da queda de Jerusalém, a própria Babilônia, que recebeu ajuda dos edomitas, invadiu e

queimou o reino de Edom. Os poucos que restaram fugiram, mas em 126 a.C. um dos governantes

Macabeus submeteu-os. Os Herodes eram da família iduméia, mas com a destruição de Jerusalém em

70 a.D., finalmente, os edomitas desapareceram totalmente da História. Lembre-se que, em dias

passados, Deus ordenou que Seu povo tratasse bem Edom (Dt 23.7).

F. OBADIAS, VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO

Obadias não foi o único a denunciar Edom. Outras acusações estão em: Is 34.5-7, 63.1-6, Jr

49.7-22, Lm 4.21-22, Ez 25.12-14, Ez 35, Joel 3.19, Am 1.11-12.

G.ESBOÇO SIMPLES

I.A vingança de Deus sobre Esaú (v.1-16)

II.A vitória de Deus para Jacó (v.17-21)

Page 87: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

87

www.institutopedraviva.com.br

JONAS

A. JONAS NO REGISTRO HISTÓRICO

Em 2 Rs 14.25 encontramos a profecia de Jonas sobre a expansão do reino na época de

Jeroboão II. Esta mensagem certamente o fez muito popular, mas quando Deus chamou Jonas para

pregar à cidade de Nínive, a capital do Império Assírio, o profeta se rebelou. A História fala-nos que

os assírios eram cruéis. Tinham várias maneiras de matar seus inimigos. As quatro maneiras

principais eram as seguintes:

1.Enterrar os inimigos vivos.

2.Esfolar os inimigos vivos, arrancando-lhes a pele toda.

3.Arrancando membros da face e de outras partes do corpo.

4.A terrível prática do empalamento, em que a vítima era perfurada viva em postes agudos,

e ficava debaixo do sol por vários dias até morrer de hemorragia intestinal, inanição e

desidratação.

O pensamento de Jonas era: “É melhor desobedecer a Deus do que ver meus inimigos salvos

da destruição”. Nos quatro capítulos desse livro, Jonas escreve suas experiências e as lições que

aprendeu. Esta é a autobiografia mais sincera que já existiu, onde o autor, inspirado por Deus, não

protege sua imagem e suas falhas em nenhum momento. Jonas significa “pombo”.

B. DATA E AUTOR

Foi escrito no 8º século a.C. Jonas viveu justamente na época anterior à invasão assíria e à

queda de Israel no ano 722 a.C. Jonas veio logo depois de Eliseu. Alguns não atribuem a autoria do

livro a Jonas, mas a algum escritor depois de 612 a.C., data em que Nínive foi destruída. Os

argumentos são os seguintes:

1.O livro não menciona que Jonas teria escrito o livro.

2.O nome do rei assírio não é mencionado. Se fosse escrito na época do ocorrido certamente

teria sido mencionado.

3.Jonas é mencionado na terceira pessoa.

4.Em Jonas 3.3 é subentendido que a cidade não existe mais.

C. ACONTECIMENTOS AUTENTICADOS POR CRISTO

Jonas foi preservado dentro de um grande peixe e pregou aos habitantes de Nínive, sendo o

primeiro missionário no estrangeiro. Cristo autenticou o ministério de Jonas. Alguns comentaristas

Page 88: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

88

www.institutopedraviva.com.br

creem que Jonas, chegou a morrer dentro do ventre do grande peixe, descendo ao Hades, lugar dos

mortos, e sendo ressuscitado (Jn 2.1-10, Mt 12.38-42).

D. O MILAGRE

Alguns não creem que poderia ser literal esse incidente: um homem ser engolido por um peixe e

sair vivo. Uma baleia dificilmente poderia engolir um homem, porque embora seja muito grande, a

abertura de sua garganta é estreita e serve para engolir crustáceos e peixes pequenos. Além disso em

Jn 1.17 e Mt 12.40, a melhor tradução não é baleia, mas monstro do mar ou apenas grande peixe

(dãg gãdõl), talvez um tubarão gigante. O milagre, dizem alguns, não está no fato de Jonas ter sido

engolido pelo peixe, mas em ter sido vomitado vivo à praia. O abdômen de um animal assim possui

diversas câmaras, “sujas” com emaranhados de algas e peixes e substâncias próprias do organismo

do animal, além do que, pelo enorme tamanho dos pulmões, causa uma verdadeira “ventania” e

compressão dos órgãos. Facilmente Jonas poderia morrer esmagado, afogado, intoxicado ou mesmo

de pneumonia. Alguns anos passados um homem foi engolido por um peixe grande e escapou com

vida, embora tenha perdido toda a pigmentação de sua pele. Apesar de toda a explicação científica da

possibilidade de vida para Jonas, a nossa fundamentação é na Palavra de Deus, pois diz que ele foi

engolido, permaneceu no ventre do peixe, foi vomitado à praia e, recuperou-se no tempo suficiente

de sair e pregar para Nínive.

E. EXEMPLO PARA ISRAEL E JUDÁ

Enquanto o profeta não é aceito em sua própria terra, em terra estranha a recepção é tão calorosa

que a cidade TODA se converteu. O “sucesso” do cristianismo, também, não foi por causa dos “bons

ouvidos” judaicos, mas pela receptividade gentílica.

F. A QUESTÃO DO ARREPENDIMENTO DE DEUS

Uma questão muito conturbada para muitos são as referências que afirmam que Deus NÃO

SE ARREPENDE e outras que mostram DEUS SE ARREPENDENDO. A seguir um quadro que

tenta esclarecer esta questão.

O ARREPENDIMENTO DE DEUS

O sentido da palavra “arrependimento” (“metanoia”) é “mudança de mente”, “mudar de ideia”.

Uma questão muito confusa para alguns são as referências no VT que afirmam que Deus NÃO Se

arrepende e outras que mostram Deus Se arrependendo.

Deus não Se arrepende Deus Se arrependendo

Page 89: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

89

www.institutopedraviva.com.br

Nm 23.19, 1 Sm 15.29, Sl 110.4 Gn 6.6-7, Êx 32.14, 2 Sm 24.16

EXPLICAÇÃO: A mente de Deus embora seja constante, Suas atitudes variam de acordo com o

comportamento do homem (Jr 18.8, Joel 2.13).

Note, por exemplo, a condição que Deus impôs sobre Nínive (Jn 1.2, 3.4,10). Por causa da mudança de

comportamento de Nínive Deus mudou (arrependeu-se) sua atitude.

G. A ORAÇÃO DE JONAS

Dentro daquele “monstro marinho” Jonas só conseguiu ver a grandeza de Deus e a sua oração

consistiu de três aspectos.

1.Gratidão por Deus ouvi-lo, mesmo estando nas profundezas do mar (2.1-6).

2.Contrição compaixão pelas almas perdidas (2.7-8).

3.Arrependimento e entrega total aos planos de Deus (2.9-10).

H. O ENGANO DA VELHA NATUREZA

De fato, Jonas se arrependeu no ventre do grande peixe, foi à cidade de Nínive, pregou e as

pessoas se converteram, mas ele ficou irado por isso, pois o seu desejo carnal, egoístico, era ver aquele

povo perverso destruído e não salvo. Jonas gostou mais da mensagem de destruição do que a

mensagem de salvação. A velha natureza é capaz de levar o crente a agir dessa forma (4.1-3). Deus,

por fim, dá uma grande lição missionária para Jonas, mostrando que para ele (Jonas), uma aboboreira

vale mais do que cento e vinte mil almas (4.4-11).

I. INCIDENTES HISTÓRICOS SEMELHANTES AO DE JONAS NO VENTRE DO

GRANDE PEIXE

Casos têm sido narrados, em épocas mais recentes, de homens que sobreviveram depois de

terem sido engolidos por certos tipos de baleias. A revista Princeton Theological Review de outubro

de 1927 cita dois incidentes: um foi em 1758 e o outro em 1771, de um homem que foi engolido por

uma baleia, sendo depois vomitado com pequenas lesões.

Um dos incidentes mais notáveis é narrado por Francis Fox (Sixty-three Years of Engineering), que

explica que este incidente foi cuidadosamente investigado por dois cientistas (um dos quais era M.de

Parville, redator científico de Journal des Debats em Paris). Em fevereiro de 1891, o baleeiro Star

of the East estava perto das Ilhas Falkland, e o vigia viu uma baleia grande e a quatro quilômetros

de distância. Dois escaleres foram colocados na caçada, e dentro em breve um dos arpoadores

conseguiu espetar a baleia. O segundo escaler, também, atacou a baleia, mas foi virado por um golpe

Page 90: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

90

www.institutopedraviva.com.br

da cauda e os tripulantes caíram no mar. Um foi afogado, mas o outro desapareceu sem sinal, seu

nome era James Bartley. Depois de morta a baleia, a tripulação começou a trabalhar na remoção da

gordura com machados e pás. “Trabalharam o dia inteiro e durante parte da noite. No dia seguinte,

fixaram ganchos na barriga, levando-a para o convés. Os marinheiros foram surpreendidos por algo

lá dentro que dava sinais espasmódicos de vida, e logo descobriram o marinheiro perdido, engolido

e desmaiado. Foi colocado no convés, e deram-lhe um banho de água do mar, que logo o despertou.

No fim da terceira semana, tinha se refeito completamente do susto, voltando aos seus deveres.... Seu

rosto, pescoço e mãos tinham sido alvejados até ficar um branco doentio, com a aparência de

pergaminho. Bartley afirma que, provavelmente, teria continuado a viver dentro da sua “casa de

carne” até morrer de fome, porque seu desmaio foi causado por medo e não por falta de ar”.

J. NÍNIVE

Em Jonas 3.3 diz que para percorrer essa cidade levava três dias. A arqueologia registra que

era uma cidade de cerca de 130 quilômetros de circunferência e seus muros cercavam jardins e

pastagens.

K. JONAS 4.11

Alguns comentaristas afirmam que o número de 120 mil pessoas que “não sabem discernir

entre a mão direita e a mão esquerda” refere-se às crianças. Pusey calcula a população total de Nínive

em 600 mil habitantes.

L. ESBOÇO SIMPLES

I.A desobediência de Jonas - a lição da paciência de Deus (1)

II.O arrependimento de Jonas - a lição do perdão de Deus (2)

III.O arrependimento dos habitantes de Nínive - a lição do poder de Deus (3)

IV.A rebelião de Jonas - a lição da misericórdia de Deus (4)

MIQUÉIAS

A. MIQUÉIAS E ISAÍAS

Os nomes dos reis em Mq 1.1, mostram que Miquéias pregou no mesmo tempo da História

que Isaías (Is 1.1). Com certeza esses dois profetas animaram-se um ao outro, ministrando em Judá,

e procurando espalhar a Palavra do Senhor. Jotão e Ezequias foram dois reis bons que ajudaram a

nação, mas Acaz foi um homem perverso que levou a nação à idolatria. Assim, Miquéias viu sua

nação passar por bons e maus tempos. Miquéias significa “Quem é como o Senhor? ”. Ele veio da

Page 91: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

91

www.institutopedraviva.com.br

pequena cidade chamada Moresete, ao sul de Jerusalém. Jeremias mencionou o nome de Miquéias

(Jr 26.18). Miquéias foi quem predisse o local do nascimento do Messias (5.2).

B. TRÊS SERMÕES

Este pequeno livro é composto de três “sermões”, os quais Miquéias pregou ao povo, e cada

mensagem começa com a palavra “Ouvi” (1.2, 3.1 e 6.1).

C. DATA

Na mesma época que foi escrito Isaías, 700 a.C.

D. NINGUÉM ESCAPOU

As profecias de Miquéias são amplas, tratando de Judá e Israel. Miquéias enfatiza suas

mensagens para as capitais dos reinos, Samaria (capital de Israel) e Jerusalém (capital de Judá, isso

porque as capitais tinham influência sobre as nações.

E. PECADOS INSIGNIFICANTES?

Enquanto Amós e Oséias falaram duramente sobre a idolatria e imoralidade em Israel e Judá

e, também, sobre a mistura com a religião dos cananeus, Miquéias condena as injustiças cometidas

contra os pequenos proprietários, sitiantes e agricultores (2.1-8). Talvez, para muitos que não

enxergam a justiça de Deus até nas “causas menores”, as palavras de Miquéias não fazem muito

sentido. O afeto natural foi-se extinguindo das pessoas, ao ponto de expulsar as viúvas das casas das

criancinhas e para abafar a consciência contratavam falsos profetas para falarem o que desejavam

ouvir (2.6,9,11).

F. SALVAÇÃO NÃO É PELAS OBRAS HUMANAS

Assim como em Ef 2.8, Mq 6.6-8 mostra que o homem não pode fazer nada para que seja

aceito por Deus. As obras humanas são ineficazes para a Salvação.

G.UM REINO DE JUSTIÇA

Miquéias fala de um reino que os homens tentam estabelecer com suas próprias mãos, mas

sem sucesso, pois o reino que Miquéias profetiza será estabelecido pelo Messias: seria quando de Sua

primeira vinda, porém, Seu próprio povo O rejeitou, por isso, foi “adiado”. Conforme Ap 20, esse

reino chama-se “Milênio” (veja Mq 4.1-5).

Page 92: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

92

www.institutopedraviva.com.br

H. ESBOÇO SIMPLES

I. Condenação (1-2)

II. Restauração (3-5)

III. Súplica (6-7)

NAUM

A. BOAS NOVAS

Isaías 52.7 falas do livramento de Babilônia e Naum 1.15 usa as mesmas palavras para falar

do livramento da Assíria e Paulo em Rm 10.15, também, usa as mesmas palavras para anunciar o

livramento eterno do pecado.

B. CAI A GRANDE ASSÍRIA

O povo está muito feliz, não só Judá, mas todas as nações vizinhas. A Assíria foi usada por

Deus para castigar o reino do Norte (Israel) em 721 a.C. Em 701 a.C. a Assíria tentou invadir Judá,

mas Deus interviu e destruiu seu exército (2 Rs 18-29). As nações temiam a Assíria e tentavam ganhar

sua aprovação, tornando-se vassalas (súditas). Finalmente, em 612 a.C. Nínive foi destruída pelos

Medos e Babilônios e assim, foi completamente conquistada. As ruínas da Assíria permaneceram

ocultas até 1842 da nossa era. É sobre a queda de Nínive que Naum escreveu. Ele escreveu na época

em que a Assíria era grande em poder. Ninguém sonhava que um dia Nínive cairia, mas Deus revelou

a Naum o futuro sobre essa cidade. A mensagem de Naum NÃO era uma mensagem de advertência

para Nínive. Jonas foi quem deu este tipo de mensagem, cento e cinquenta anos atrás. Agora não

havia esperança para Nínive. A paciência de Deus tinha acabado e Sua julgamento cairia sobre

Nínive. Porém, é uma mensagem de esperança para Judá, para encorajá-la a confiar em Deus na hora

de grande perigo. Cada um dos três capítulos de Naum fala-nos algo sobre Deus e, também, sobre a

queda de Nínive.

C. AUTOR

Naum, que significa “conforto”. Este livro está ligado ao livro de Jonas, pois este pregou e o

povo se arrependeu e, consequentemente, o castigo foi adiado por mais de um século. Não sabemos

quase nada sobre Naum. Ele era de Elcós (1.1), que talvez ficava perto de Cafarnaum. Aliás,

Cafarnaum significa “vila de Naum”, podendo ser ele o fundador. Havia ao sul de Jerusalém uma

cidade com o mesmo nome, Elcós.

Page 93: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

93

www.institutopedraviva.com.br

D. DATA

É mencionada a cidade de Tebas ou Nô (3.8), que era a capital do Egito Superior, a sede de

muitos Faraós no passado. Assim como foi a queda do Egito, assim será a ruína de Nínive. A queda

de Tebas foi em 666 a.C. Talvez Naum tenha escrito em 630 a.C.

E. A IRA DE DEUS

Naum retrata no capítulo 2 o ódio de Deus pelo pecado e Sua vingança de uma maneira

poética. Deus castiga por princípio e não por mero “capricho”, como normalmente os homens fazem.

Nínive era cruel demais com seus inimigos, torturando-os antes de matá-los, arrancando-lhes a língua,

casando-lhes os olhos. A derrota de Nínive se deu por mãos divina: Os medos e babilônios sitiaram

a cidade por dois anos, quando inesperadamente a inundação do rio Tigre derrubou uma parte do

enorme puro protetor e, assim, o exército entrou e conquistou Nínive. Naum profetizou isso 20 anos

antes (Na 2.6). Os muros de Nínive tinham 30 metros de altura e eram bastante largos. Havia 1500

torres de vigia para a defesa. Uma vala de 50 metros de largura por 30 metros de profundidade

circundava a cidade. Todo aquele que ama a justiça, admite a vingança de Deus (Na 3.19).

F. ESBOÇO SIMPLES

I.A profecia da queda de Nínive (1)

II.O cumprimento da profecia (2)

III.O motivo da queda de Nínive (3)

HABACUQUE

A. DEUS FAZ ALGUMA COISA CONTRA AS INJUSTIÇAS?

Talvez perguntemos isto, principalmente, ao ler os profetas, pois são relatadas tantas injustiças

e violências. O perverso está sempre prosperando, enquanto o justo está sempre sofrendo. Os fiéis

oram, mas parece que não resolve... Estes problemas são levantados e resolvidos no livro do profeta

Habacuque.

B. AUTOR

Habacuque, que significa “abraço”. Profetizou a Judá quanto à invasão da Babilônia (1.6).

Habacuque amava, de fato, a nação de Judá. É provável que Habacuque fosse um levita e músico

(3.19). Habacuque estava, sim, perplexo com os acontecimentos, vendo seu povo ser levado ao

Page 94: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

94

www.institutopedraviva.com.br

cativeiro babilônico, porém, ele não se perde em filosofias humanas e autocomiseração, pelo

contrário, espera do próprio SENHOR a resposta (2.1).

C. DATA

Aproximadamente 610 a.C. Talvez 607 a.C. no começo do reinado de Jeoaquim.

D. É SÓ ESPERAR A ANGÚSTIA

Algumas coisas acontecerão e é só esperar. Este era o caso da invasão que Judá sofreria.

Habacuque sentia-se angustiado, sabendo como profeta e, também, como observador que Judá seria

uma das próximas presas da Babilônia (1.6-11 e 3.16). A Babilônia ganhou independência da Assíria

em 626 a.C., em 612 a.C. destruiu Nínive, em 605 a.C. derrotou os egípcios e no mesmo ano invadiu

Judá e em 587 a.C. assolou Jerusalém, queimando-a.

E. AS DÚVIDAS DE HABACUQUE

Habacuque começa o livro cheio de dúvidas, mas termina com certeza e confiança em Deus,

tudo porque decidiu “ir à fonte” para saber de tudo o que estava acontecendo. Habacuque amava a

justiça e sabia que o povo de Deus estava longe de Seus caminhos e precisava de julgamento (1.2-4),

mas Habacuque, talvez não aceitava que o julgamento viesse da Babilônia, uma nação que não

reconhecia NINGUÉM ou NADA acima de si e que tem o seu próprio poder como seu deus (1.7,11).

Por isso, Habacuque está confuso: se alguém tem que disciplinar o seu povo, este deve ser o próprio

Senhor, que é Santo. Babilônia, pensava Habacuque, foi feita para receber a disciplina de Deus (1.12).

F. A RESPOSTA DO SENHOR ÀS DÚVIDAS DE HABACUQUE

Deus não precisa responder a ninguém, pois TUDO o que Ele faz é perfeito em Santidade e

poder, mas mesmo assim, pacientemente Deus responde a Habacuque, mas a resposta limita-se a

incentivar o profeta a confiar em Deus, pois no tempo certo Babilônia, também, será julgada (2.3-4).

G. CORRENDO, NÃO DÁ PARA LER!

Alguns eruditos discordam da tradução feita em 2.2, onde diz “para que possa ler até quem

passa correndo”. A tradução correta, dizem os estudiosos, é a seguinte: “para que possa correr aquele

que a ler”. Outros acham que se trata de um cartaz enorme, sendo possível qualquer um ler, até quem

estiver correndo (compare com Zc 2.4-5).

H.UM RETRATO DA PERVERSIDADE HUMANA

Longe de Deus todos somos assim, iguais aos babilônios:

Page 95: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

95

www.institutopedraviva.com.br

1) Agressores injustos (2.6-8)

2) justificadores próprios dos maus caminhos (2.9-11)

3) Assassinos em troca de vantagens pessoais (2.12-14)

4) Enganadores (2.15-17)

5) confiantes nos ídolos (2.18-19)

I. ESBOÇO SIMPLES

I.O profeta perplexo (1)

II.O profeta observando e esperando (2)

III.O profeta adorando (3)

SOFONIAS

A. SANGUE AZUL

Sofonias é tataraneto do rei Ezequias, um dos mais famosos governadores de Judá. Ele tem

sangue real nas veias, mas o mais importante, é que ele tem a mensagem de Deus em seus lábios.

Sofonias pregou durante o reinado do piedoso rei Josias, um período de grande reavivamento religioso

(2 Rs 22-23). Josias subiu ao trono com 8 anos de idade e aos 16 anos confiou a si mesmo ao Senhor.

Com a idade de 20 anos começou uma grande reforma na terra, derrubando os ídolos e julgando os

falsos sacerdotes e profetas. Começou, também, a reconstruir o Templo e guiou a nação numa grande

celebração da Páscoa. Portanto, foi um tempo de consagração religiosa.

B. ALÉM DAS APARÊNCIAS

Sofonias foi um profeta de grande sensibilidade doutrinária. Ele foi além das aparências, pois

ninguém ousaria dizer que o povo não estava em reforma religiosa, mas Sofonias sabia que o zelo

religioso do povo não era sincero. As reformas eram superficiais. O povo derrubava os ídolos do lar,

mas não os ídolos do coração. Os governadores e líderes da terra ainda eram desobedientes e falsos e

a cidade de Jerusalém era a fonte de todo o tipo de perversidade na terra. Alguns acreditam que

Sofonias pregou antes da reforma e que, aliás, ele incentivou Josias às reformas. Jamais devemos

negar o zelo sincero de Josias, porém, a reforma dele durou enquanto ele viveu, pois, o povo caiu em

pecado novamente, até por fim, ser levado ao cativeiro. Note em 2 Rs 22-23, 2 Cr 34-35 e,

principalmente, as palavras da profetiza Hulda a Josias em 2 Rs 22.15-20. Judá se tornou pior do que

Israel, pois Israel não podia mostrar melhor ação, visto que nunca teve um rei, sequer, bom e temente

a Deus. Judá, no entanto, cercada de testemunho só fingiu estar arrependida (Jr 3.6-11).

Page 96: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

96

www.institutopedraviva.com.br

C. DATA

Poucos anos antes do anúncio da condenação de Judá, entre 640-609 a.C. O avivamento

religioso de Josias foi em 621 a.C.

D. AUTOR

Sofonias, que significa “O Senhor esconde ou protege”. Sofonias não só previu a queda de

Jerusalém, como também o juízo dos gentios e a restauração de Israel no reino do Messias.

E. O DIA DO SENHOR

Sofonias é o profeta que mais usa este termo, “O Dia do Senhor”, mostrando que o povo deve

buscar o Senhor para estar protegido no dia do Senhor (2.3).

F. JULGAMENTO CONTRA AS NAÇÕES ESTRANGEIRAS

Nação julgada Referência

Filístia 2.4-7

Moabe e Amom 2.8-11

Egito 2.12

Assíria 2.13-15

G. ESBOÇO SIMPLES

I. Deus julgará Judá (1)

II. Deus julgará as nações (2)

III. Deus restaurará o Seu povo (3)

AGEU

A.UM POUCO DE HISTÓRIA

Para entender os escritos dos últimos três profetas (Ageu, Zacarias e Malaquias), devemos

revisar a História judaica. A seguir uma breve recapitulação.

Em 536 a.C. Esdras tomou cerca de 50 mil judeus e retornou à Terra Santa. Eles

reconstruíram o altar e começaram os sacrifícios novamente.

Page 97: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

97

www.institutopedraviva.com.br

Em 535 a.C. foi lançado o fundamento para o novo Templo, mas havia uma considerável

oposição para que o trabalho não avançasse.

Antes de 520 a.C. o povo voltou ao trabalho.

Em 515 a.C. o Templo, finalmente, foi construído. Quatro homens piedosos se destacam

nesta obra: Zorobabel, o governador; Josué, o sumo sacerdote; e Ageu e Zacarias, os profetas

(Ed 5.1, 6.14)

B. O MINISTÉRIO DE AGEU

O ministério de Ageu era advertir os preguiçosos e encorajá-los a terminar o Templo. Era fácil

começar o trabalho do templo quando chegassem na Terra Santa, pois estariam entusiasmados, mas

após meses de trabalho e oposição, o trabalho começaria a atrasar e finalmente seria interrompido.

Com a interrupção do trabalho da construção do templo, o povo preocupou-se em construir suas

próprias casas (1.4-8). É muito mais difícil recomeçar um trabalho interrompido do que começar uma

obra. Neste livro existem quatro sermões de Ageu e cada um deles é datado (1.1, 2.1,10,20, de

setembro a dezembro). Em cada mensagem Ageu aponta um pecado particular, os quais impede-nos

de completar a obra de Deus e fazer Sua vontade.

C. AUTOR

Ageu, que significa “festivo”. Foi um dos profetas do final do cativeiro. Certamente nasceu

na Babilônia. Como profeta pós exílico, Ageu está no período mencionado nos livros de Esdras,

Neemias e Ester.

D. DATA

520 a.C., nos últimos dias do exílio babilônico.

E. O PROFETA BEM RECEBIDO

Ageu foi o primeiro profeta a ser ouvido e apoiado totalmente. Os ouvintes de Ageu

recobraram o ânimo em 24 dias e voltaram ao trabalho da construção (1.12-15).

F. OS TEMPLOS DO SENHOR

Os judeus terão ao todo cinco templos, todos são chamados “Templo do Senhor” ou “Casa do

Senhor”.

Page 98: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

98

www.institutopedraviva.com.br

ORDEM DO TEMPLO NOME DO TEMPLO ÉPOCA DO TEMPLO

1º Templo Templo de Salomão Terminado em 1013 a.C.

2º Templo Templo de Zorobabel Terminado em 517 a.C.

3º Templo Templo de Herodes Terminado em 14 a.C.

4º Templo Templo da aliança com a Besta Durante a 1ª metade da Tribulação

5º Templo Templo de Ezequiel No Milênio

Os velhos compararam o novo Templo com o Templo de Salomão e se entristeceram. Mas o

Templo que, de fato, será glorioso é o Templo do reino Messiânico (Ag 2.3, Ed 3.8-13, Ag 2.6-9).

G. QUANDO SE TRATA DOS INTERESSES PRÓPRIOS...

O povo não queria começar a construção do Templo porque não tinha recebido nenhuma

revelação especial do Senhor (1.2). Note, porém, que também que o povo não recebeu nenhuma

revelação para construir suas próprias casas e, mesmo assim, estava trabalhando para isso (1.3-4). O

descuido do povo resultou em castigo do Senhor, através da seca e esterilidade da terra (1.5-11). Por

16 anos o povo estava desobedecendo a vontade de Deus para construir o Templo, mas finalmente se

arrependeu dessa negligência (1.12-15).

H. A SANTIDADE E O PECADO

A santidade não contagia, mas o pecado sim. Enquanto a pureza moral não é transmitida, a

impureza sim (2.10-14, Ez 44.19, Lv 6.18, 22.4-6, Nm 19.11). A desobediência da nação fez com que

as obras (os sacrifícios) se tornassem inúteis. Nestes 16 anos que o povo ficou sem construir o

Templo, Deus castigou (1.5-6, 2.15-19).

I. ESBOÇO SIMPLES

I. Colocando-se à frente do Senhor (1.1-15)

II. Olhando para trás ao invés de olhar para frente (2.1-9)

III. Esquecendo de confessar os pecados (2.10-19)

IV. A vitória final contra as nações (2.20-23)

ZACARIAS

A. O ESCRITOR

Zacarias ministrou com Ageu durante os dias difíceis, quando 50 mil judeus retornaram a

Palestina para restabelecer sua cidade e seu Templo de adoração. O remanescente voltou em 536 a.C.

Page 99: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

99

www.institutopedraviva.com.br

e colocou o fundamento do Templo em 535 a.C., mas a oposição se levantou e o trabalho parou. Em

525 a.C. o Senhor levantou Ageu e Zacarias para estimular os líderes e o povo e em 520 a.C. eles

terminaram a obra da construção do Templo. Zacarias foi tanto profeta como sacerdote (Ne 12.4,16)

e em Zc 2.4 descobrimos que ele era jovem. Seu nome significa “Jeová lembrou-se”. O nome do pai

dele significa “Jeová abençoa” e o nome do avô significa “Seu tempo”. Colocando esses nomes juntos

temos: “Jeová lembra-se de abençoar a Seu tempo”.

B. TEMA

Este livro, assim como o livro de Daniel, revela os planos de Deus para os judeus. A cidade

de Jerusalém é mencionada 39 vezes em Zacarias. Em 1.14-17, lemos sobre as ênfases principais do

livro: Deus é ciumento por Jerusalém, Ele punirá os pagãos pelo que fizeram à cidade e Ele restaurará

a cidade, um dia, em glória e paz. O fato de Deus ter escolhido Jerusalém em Sua graça é,

frequentemente, mencionado neste livro (1.17, 2.12, 3.2). Deus terá misericórdia da cidade e um dia

habitará nesta cidade (1.12, 8.3,8).

C. DATA

Como contemporâneo de Ageu, Zacarias escreveu em 520 a.C., no 2º ano do rei Dario I

D. INTERPRETAÇÃO

Como as demais profecias do V.T., devemos distinguir entre o próximo e o distante nas

profecias de Zacarias. Em um verso ele descreve a queda de Jerusalém sob os romanos, e no próximo

versículo, Zacarias pinta o quadro da vinda do Messias para reinar. O nome favorito que Zacarias usa

para Deus é “Senhor dos Exércitos”. Ele vê o Senhor vindo para ferir os inimigos de Israel e

estabelecer Jerusalém em paz e glória. Interpretar estas magníficas profecias à “Igreja, Israel

espiritual”, hoje, é roubar este livro de seu significado e poder. Certamente há aplicações espirituais

para todas as épocas, mas a interpretação básica deve ser mantida em seu próprio lugar, ou seja, para

a nação judaica e Jerusalém.

E. O LIVRO

O livro é divido em três partes, como segue:

1) Capítulos 1-6, o profeta descreve oito visões, todas são o resumo do livro: Jerusalém será libertada,

purificada e restabelecida em paz e prosperidade.

2) Capítulos 7-8, registram a visita de alguns judeus para perguntar sobre o jejum comemorativo da

queda de Jerusalém. Este jejum era no 5º mês (2 Rs 25.8, Jr 52.12). Se Jerusalém será reconstruída,

Page 100: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

100

www.institutopedraviva.com.br

por que continuar o jejum? Zacarias diz que o jejum deve ser do coração e não do calendário. Na

cidade glorificada, os jejuns se tornarão em festas!

3) Capítulos 9-14, dão um quadro detalhado de Jerusalém e a vitória de Deus sobre as nações

gentílicas. Zacarias trata da invasão de Alexandre, o Grande, o tempo dos Macabeus (judeus patriotas

que livraram Israel da escravidão por um breve tempo), e trata até mesmo da queda de Jerusalém sob

os romanos. Zacarias, também, salta para os “últimos dias” para mostrar-nos a Batalha do

Armagedom, o retorno de Cristo à Terra e o estabelecimento do reino.

F. CRISTO

Zacarias mostra-nos Jesus Cristo sob muitos aspectos de Seu ministério.

Aspecto do ministério de Cristo Referências em Zacarias e em outros lugares

O Rei 9.9, Mt 21.4-5

A Pedra 3.9, 10.4, Rm 9.31-33

A venda do escravo por 30 moedas de prata 11.12, Mt 27.3-10

O Pastor ferido 13.7, Mt 26.31

O Renovo 3.8, 6.12, Is 4.2, 11.1, Jr 23.5, 33.15

O Senhor triunfante 14.1-4,9,16-17

G. VIVENDO EM OUTRA ÉPOCA

Zacarias viveu na mesma época que Ageu, época em que Jerusalém estava toda em ruínas, o

Templo sendo reedificado, mas não com a glória passada. Porém, a diferença é que Deus deu para

Zacarias visões do futuro glorioso de Jerusalém. Zacarias sabia que o Templo seria reconstruído, mas

com grande glória (1.16, 6.12-14).

H. ALEXANDRE, O GRANDE

Este grande conquistador, general grego, foi descrito em Zc 9.1-8, conquistando muitas

cidades ao redor, mas não Jerusalém.

I. TRÊS PERÍODOS DISTINTOS

É digno de nota que Israel, como nação, passa por três períodos de governos distintos:

Primeiro, de Moisés a Samuel Israel está debaixo dos Juízes.

Segundo, de Saul a Zedequias Israel está debaixo dos Reis.

Page 101: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

101

www.institutopedraviva.com.br

Terceiro, de Josué à repartição do “Remanescente” e até à destruição de Jerusalém em 70

a.D., Israel está debaixo dos Sacerdotes.

J. AS OITO VISÕES DE CONFORTO PARA JERUSALÉM

VISÃO REFERÊNCIA DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO

1ª 1.8-17 O cavaleiro com o cavalo vermelho. Judá oprimida pelas nações

gentílicas.

2ª 1.18-21 Os quatro chifres e os quatro ferreiros. Visão dos quatro impérios

mundiais.

3ª 2.1-13 O homem com um cordel de medir em sua mão. A Restauração da cidade

e da nação.

4ª 3.1-10 As vestes sujas do sacerdote e depois as vestes finas. A Restauração do

ofício sacerdotal em Israel.

5ª 4.1-14 O candelabro de ouro e as duas oliveiras. O candelabro é o testemunho de

Deus no mundo e as duas oliveiras representam Josué e Zorobabel, na

Tribulação serão as duas testemunhas

(Ap 11.3-12).

6ª 5.1-4 O rolo volante (voador). O pecado da nação.

7ª 5.5-11 O efa e as mulheres. Os pecados acumulados de Israel.

8ª 6.1-8 Os quatro carros. Anjos ministrando os julgamentos de Deus na terra.

K. ESBOÇO SIMPLES

I. Oito visões de encorajamento (1-6)

II. A questão do jejum (7-8)

III. O futuro de Israel e o reino do Messias (9-14)

MALAQUIAS

A. O PENÚLTIMO PROFETA DO VT

Malaquias, embora escreveu um livro e este está arranjado como o último livro do V.T. em

nossa Bíblia, na realidade não é o último profeta do V.T.; João Batista é o último profeta do V.T.,

embora encontra-se registrado nos Evangelhos, que é o N.T. (Ml 3.1, 4.5-6 com Mt 1.2, Lc 1.17).

Aliás, João Batista foi o único profeta usado como objeto de alguma profecia (Elias, também, embora

a profecia é cumprida na pessoa de João Batista). Malaquias ministrou para a nação judaica cerca de

Page 102: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

102

www.institutopedraviva.com.br

400 anos antes de Cristo. Os pecados descritos neste livro são encontrados em Ne 13.10-30.

Malaquias dirige sua primeira mensagem aos sacerdotes, e então se volta ao povo. Note a expressão

repetida “em que” (1.2,6,7, 2.17, 3.7,8,13). É muito perigoso quando pessoas argumentam com Deus

e tentam defender os seus caminhos pecaminosos. Malaquias aponta os terríveis pecados do povo e

dos sacerdotes. O livro de Malaquias não possui um registro de acontecimentos, mas é apenas uma

série de discursos.

B. AUTOR

Malaquias, que significa “meu mensageiro”. É um substantivo que significa “anjo”, que

somente em 200 a.C. veio a ser aceito, também, como nome próprio. Por esta causa, muitos judeus

criam que Esdras tinha escrito este livro e outros achavam que teria sido um anjo encarnado.

Malaquias viveu mais ou menos 100 anos depois de Ageu e Zacarias e, talvez, tenha sido

contemporâneo de Neemias e Esdras.

C. DATA

Os judeus já tinham retornado para a Palestina, fazia uns 100 anos, portanto, Malaquias foi

escrito entre 450-400 a.C.

D. VOLTARAM PIORES

O cativeiro ensinou muitas coisas, inclusive, que não deveriam adorar outros deuses e isto foi

totalmente curado no meio do povo. A nação voltou a ser monoteísta. Porém, a maneira relaxada de

servir ao Senhor, mostrou que voltaram piores, e que só “levaram um susto”. Os sacrifícios não eram

mais a Moloque e a Baal ou Astarote, mas a qualidade dos sacrifícios oferecidos ao Deus Único era

inferior. O dízimo era roubado e o casamento misto voltou a ser a prática dos judeus. Se estavam

vivos era por misericórdia de Deus, pois Este favoreceu Jacó e exterminou Esaú e dispersou e permitiu

perder-se a linhagem de Israel (1.2-3,8).

E. ALGUNS DOS MALES EXISTENTES ENTRE O POVO (por Henrieta c.Mears)

Pecados Referência

Culto rotineiro e sem espiritualidade 1.6-8

Ligações prejudiciais 2.10-12

Pôr em dúvida a justiça de Deus 2.17-3.6

Roubar a Deus 3.7-12

Impaciência em esperar 3.14-15

Page 103: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

103

www.institutopedraviva.com.br

F. UMA BRISA DEPOIS DE TANTO CALOR

Malaquias é duro, severo e “caloroso” em suas acusações, pois a situação do povo é de

hipocrisia, por isso, é fácil destacar um versículo como o mais bonito do livro, que é 4.2.

G. A IMPORTÂNCIA DOS APÓCRIFOS

O que se seguiu após o cânon bíblico, foram 400 anos de silêncio, sem nenhuma escritura

revelada para o povo de Deus. Contudo, como valor histórico e apenas como valor histórico, temos

os livros apócrifos, utilizados na Bíblia católica. Esses livros registram acontecimentos desse período.

H. ELIAS

Malaquias prediz a vinda de Elias, que em parte cumpriu-se na pessoa de João Batista

(Ml 4.5, Mt 11.14). Quanto a Elias anunciando o “grande e terrível dia do Senhor”, talvez seja o

cumprimento de Apocalipse capítulo 11, como uma das duas testemunhas.

I. A ÚLTIMA PALAVRA DO VT

É “maldição”. Mas no final do N.T. lemos que “não haverá mais maldição”. Jesus Cristo é

Quem faz a diferença.

J.ESBOÇO SIMPLES

I. Eles duvidaram do Amor de Deus (1.1-5)

II. Eles desprezaram o Nome de Deus (1.6-14)

III. Eles mancharam a Aliança de Deus (2.1-17)

IV. Eles desobedeceram a Palavra de Deus (3.1-15)

V. Eles têm uma Esperança (3.16-4.6)

Page 104: Teologia - Instituto Pedra Viva · 4  Panorama do Antigo Testamento INTRODUÇÃO Panorama não é Análise, mas apenas uma vista geral de cada livro da Bíblia, observando o

104

www.institutopedraviva.com.br

BIBLIOGRAFIA

Expository Outlines on The Old Testament - Warren W.Wiersbe

O Novo Dicionário da Bíblia

Bíblia Anotada por Dr.Scofield

Explore The Book - J.Sidlow Baxter

Merece Confiança o Antigo Testamento? - Glenson L.Archer, Jr.

Através da Bíblia Livro por Livro - Myer Pearlman

39 chaves para o V.T. - Guilherme W.Orr

Conheça a sua Bíblia - Júlio de Andrade Ferreira

Introdução ao V.T. - Clyde T.Francisco

Introdução à Bíblia - H.E.Alexander (também o título “Introdução ao V.T.”)

De Adão a Malaquias - P.E.Burroughs

A História de Israel no antigo Testamento - Samuel J.Schultz

Análise Bíblica Elementar - Dr.James M.Gray

Estudo Panorâmico da Bíblia - Henrietta C.Mears

O Livro dos Livros - H.I.Hester

Manual Bíblico - H.H.Halley

Este material foi preparado por Percio Coutinho em 1995