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TEORIA DA PENA

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TEORIA DA PENA

TEORIAS DA PENA

TEORIA ABSOLUTA:

Kant: “a pena é a causação de um mal como compensação à infração penal cometida”.

Adota-se a tese da retribuição (reprovação), voltado somente ao castigo do criminoso.

Fundamento da Pena: justiça e necessidade moral.

O fim da pena é completamente desvinculado de seu efeito social.

Pena justa pressupõe duração e intensidade compatíveis com a gravidade do delito, a fim de compensá-lo.

TEORIA RELATIVA:

Adota-se a tese da prevenção do crime (fim utilitário das

penas).

a) PREVENÇÃO GERAL:

NEGATIVA – intimidação. A pena aplicada ao autor do crime

tende a refletir junto à sociedade, fazendo com que as demais

pessoas pensem antes de praticar qualquer infração penal.

POSITIVA – conscientização.

A pena aplicada visa a infundir na consciência geral a

necessidade de respeito a determinados valores.

b) PREVENÇÃO ESPECIAL:

NEGATIVA – neutralização.

Visa à intimidação do autor da infração penal para que ele não

torne a agir do mesmo modo.

POSITIVA - caráter educativo e ressocializador da pena.

Visa recuperar o condenado e reinseri-lo na sociedade (art. 10

e 22, LEP).

TEORIA MISTA

O Código Penal adota a Teoria Mista ou Unificadora da Pena,

que concilia as teorias absoluta e relativa (art. 59, CP -

reprovação e prevenção).

PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE

RECLUSÃO E DETENÇÃO (Art. 33, CP).

Não há diferença substancial, mas apenas de caráter formal, por exemplo, quanto:

• à aplicação de tratamento ambulatorial (art. 97, CP).

• aos regimes iniciais de cumprimento:

Reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.

Detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado (regressão).

PRISÃO SIMPLES (art. 6º, LCP) - sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.

Fases de Individualização da pena privativa de liberdade:

A) FASE PRIMÁRIA (Art. 59, I e II, CP):

• Eleição do quantum da pena prevista no preceito sancionador do tipo.

• Sistema Trifásico - art. 68, CP.

B) FASE SECUNDÁRIA (art. 59, III, CP):

• Opção pelo regime de cumprimento da pena privativa de liberdade

C) FASE TERCIÁRIA (Art. 59, IV, CP):

• Substituição da Pena Privativa de Liberdade por Penas Restritivas de Direitos ou Multa; ou

• Opção pela suspensão condicional da pena (sursis).

SISTEMA TRIFÁSICO - art. 68, CP

1ª etapa - Determinação da Pena-base:

Fixa-se a pena aplicável dentre as cominadas e a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos (art. 59, I e II, CP) com análise das circunstâncias judiciais (art. 59, CP):

• culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do agente;

• motivos, circunstâncias e consequências do crime;

• comportamento da vítima.

Súmula 444, STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

2ª etapa – Determinação da Pena Intermediária, com a consideração das circunstâncias legais - agravantes (art. 61 a 64, CP) e atenuantes (art. 65, CP) - regra crimes dolosos.

Art. 67, CP:

No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.

• reincidência x coação resistível – aumenta.

• relevante valor moral (motivo determinante) x concurso de pessoas - diminui.

É cabível a compensação entre atenuantes e agravantes

equivalentes, de modo a manter a pena-base no mesmo

patamar fixado na primeira etapa.

A compensação só é cabível dentro da mesma etapa, vedada a

compensação em etapas diversas.

O legislador não forneceu um valor prefixado (fração). A

doutrina sugere que seja utilizada a fração de 1/6, que equivale

ao menor montante indicado em causas de aumento e de

diminuição.

3ª etapa – Fixação da Pena Definitiva, com a

apreciação das causas de aumento e de diminuição

gerais e especiais.

Concurso de Causas de Diminuição e de Aumento

de pena:

Regra - Incidência obrigatória, sucessivamente, sem

possibilidade de compensação (juros sobre juros).

EXCEÇÃO: Concurso de causas da parte especial

(aumento x aumento ou redução x redução): o juiz

poderá limitar-se a um só aumento ou diminuição,

prevalecendo a que mais aumente ou diminua (par.

único do art. 68, CP):

Ex.: art. 250, §1º, I, CP + 1/3 x art. 258, CP + ½.

CONCURSO DE CRIMES

Concurso material (art. 69, CP) - aplicam-se as penas privativas de liberdade cumulativamente Concurso formal (art. 70):

• Próprio: aplica-se a pena mais grave ou se iguais, somente uma delas, acrescida em qualquer dos casos de 1/6 até a 1/2.

• Impróprio (desígnios autônomos) – regra do cúmulo material.

Crime continuado (art. 71) - aplica-se a pena mais grave ou, se iguais, um delas acrescida em qualquer dos casos de 1/6 a 2/3. Obs.: parágrafo único (até o triplo).

REGIME INICIAL:

O regime inicial de cumprimento é fixado de acordo com a

quantidade de pena imposta (art. 33, §2º) e com as condições

pessoais do condenado (art. 33, §3º c/c critérios previstos no

art. 59 CP - circunstâncias judiciais do caput + inciso III).

Súmulas 718 e 719, STF e 440, STJ

• Regime Inicial Fechado: condenado a pena superior a 8

(oito) anos.

• Regime Inicial Semiaberto: condenado não reincidente, cuja

pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito)

Obs.: Súmula 269, STJ.

• Regime Inicial Aberto: condenado não reincidente, cuja pena

seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o

início, cumpri-la em regime aberto.

O Plenário desta Corte, no julgamento do HC 111.840/ES, Rel.

Min. Dias Toffoli, declarou a inconstitucionalidade do § 1º do

art. 2º da Lei 8.072/1990 (redação dada pela Lei 11.464/2007),

que determinava o cumprimento de pena dos crimes

hediondos, de tortura, de tráfico ilícito de entorpecentes e de

terrorismo no regime inicial fechado.

(HC 113988, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,

Segunda Turma, julgado em 04/12/2012, PUBLIC 17-12-2012)

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENAS

RESTRITIVAS DE DIREITOS (Art. 44, CP)

As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as

privativas de liberdade.

A substituição é feita no momento da sentença condenatória (art.

59, IV, CP).

Via de regra, os preceitos secundários são todos de penas

privativas de liberdade, salvo a hipótese do art. 28, da lei

11343/2006, que já comina pena de natureza restritiva de direitos.

Duração - art. 55, CP (obs.: o inciso III foi vetado) - mesma duração

das PPL, ressalvado o §4º, do art. 46, CP.

REQUISITOS OBJETIVOS (cumulativos):

Aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro

anos e o crime não for cometido com violência ou grave

ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o

crime for culposo;

• Condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode

ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos;

• Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser

substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou

por duas restritivas de direitos.

REQUISITOS SUBJETIVOS:

O réu não reincidente em crime doloso.

A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente (art. 59, CP).

Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime (ART. 44, § 3º.) - reincidência específica.

ESPÉCIES PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA (ART. 45, §§1º e 2º,

CP):

• Consiste no pagamento em dinheiro à

vítima, a seus dependentes ou a entidade

pública ou privada com destinação social,

de importância fixada pelo juiz, não inferior a

1 (um) salário mínimo nem superior a 360

(trezentos e sessenta) salários mínimos.

• O valor pago será deduzido do montante de

eventual condenação em ação de reparação

civil, se coincidentes os beneficiários.

• Se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária

pode consistir em prestação de outra natureza (in natura).

• Obs.: Lei Maria da Penha (11340/06) - o art. 17 veda

prestação pecuniária isolada.

PERDA DE BENS E VALORES (ART. 45, §3º, CP): natureza

pecuniária

• Em favor do Fundo Penitenciário Nacional, ressalvada a

legislação especial (ex.: FUNAD - art. 63, lei 11343/06).

• Teto: o montante do prejuízo causado ou do provento obtido

pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do

crime (o que for maior).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE OU A ENTIDADES PÚBLICAS (ART. 46, CP):

• Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado, conforme as suas aptidões, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho.

• É aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.

• Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS (ART. 47, CP):

natureza restritiva de direitos

• Proibição do exercício de cargo, função ou atividade

pública, bem como de mandato eletivo; v. art. 56, CP.

• Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que

dependam de habilitação especial, de licença ou autorização

do poder público; v. art. 56, CP.

• Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir

veículo. v. art. 57, CP.

• Proibição de frequentar determinados lugares. v. art. 57, CP.

• Proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame

públicos. (Incluído pela Lei nº 12.550, de 2011)

LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA (ART. 48, CP): natureza de

restrição de liberdade

• Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e

domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado

ou outro estabelecimento adequado, período em que

poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras

ou atribuídas atividades educativas.

• Não se confunde com o regime aberto (art. 36, CP).

SURSIS

Trata-se de medida descarcerizadora, tendo por finalidade

evitar o aprisionamento daqueles sujeitos condenados a penas

privativas de liberdade de curta duração (não superiores a 2

anos – art. 77, CP).

Espécies de sursis:

1) simples (art. 78, §1º, CP) § 1º - No primeiro ano do prazo,

deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou

submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).

2) especial (art. 78, §2º, CP)

Se o condenado houver reparado o dano, salvo

impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59

deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá

substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes

condições, aplicadas cumulativamente:

a) proibição de frequentar determinados lugares;

b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem

autorização do juiz;

3) etário (art. 77, §2º, 1ª parte, CP) – Maior de 70 anos de idade

condenado a pena privativa de liberdade não superior a 4

anos.

4) Humanitário (art. 77, §2º, 2ª parte CP) – pessoa portadora de

doença condenada a pena privativa de liberdade não superior

a 4 anos.

PENA DE MULTA (art. 49, CP)

Consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença:

• Mínimo de 10 e máximo de 360 dias-multa.

Sistema de dias-multa:

• A pena de multa resulta da multiplicação do número de dias-multa (unidade artificial, fixada segundo a gravidade da infração) pela cifra que representa a taxa diária (importância em dinheiro, variável de acordo com a situação econômica do condenado - art. 60, CP).

• Aumento até o triplo (art. 60, §1º) - ineficácia da aplicação no máximo em razão da situação econômica do réu.

Dia-multa:

• Mínimo de 1/30 e máximo de 5 vezes do valor do salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato (§1º).

• Atualização pelos índices de correção monetária a partir do trânsito em julgado (§2º).

Multa substitutiva (art. 60, §2º):

• Parte da doutrina entende que este dispositivo foi tacitamente revogado pelo art. 44, §2º, CP, o qual ampliou o limite da multa substitutiva para as condenações a pena privativa de liberdade até 1 ano.

• Para Nucci, não houve revogação, pois há uma relação de especialidade entre os dois dispositivos e, além disso, não há incompatibilidade entre a duas regras.

METODOLOGIA DE FIXAÇÃO DA

QUANTIDADE DE DIAS-MULTA

INFORMATIVO Nº 691/STF AP 470/MG

(...) o Revisor reajustou seu voto quanto às penas pecuniárias

por ele aplicadas.

Ensinou que haveria 3 correntes doutrinárias quanto à

metodologia de fixação da quantidade de dias-multa.

A primeira entenderia que o único critério a ser utilizado pelo

magistrado seria aquele correspondente à situação econômica

do réu.

A segunda levaria em conta a culpabilidade do agente, porém,

afastaria do cálculo a incidência de agravantes ou atenuantes e

as causas de aumento e diminuição da pena.

A terceira, a qual o Revisor se filiaria, propugnaria que o

julgador não poderia afastar-se do critério trifásico de Nelson

Hungria para o cálculo das penas em geral. Aduziu que essa

posição encontraria embasamento na redação do art. 59 do CP.

Relevou que seu inciso I estabeleceria, na primeira fase da

dosimetria, a aplicação das penas cabíveis dentre as

cominadas, sem distinguir entre a sanção corporal e a

pecuniária.

Prazo de pagamento:

• 10 dias a partir do trânsito em julgado (art. 50, caput) – é necessário notificação para pagamento.

• Admite parcelamento (art. 50, caput) e "desconto em folha" (art. 50, §§1º e 2º, CP e art. 169, §1º, LEP).

Natureza:

• Dívida de valor, após o trânsito em julgado.

• Aplicam-se as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública.

• Não há conversão da multa em detenção - a Lei 9268/96 alterou o art. 51, CP.

Aplicação da multa no concurso de crimes:

Art. 72, CP - distinta e integralmente, não

obedecendo ao sistema de exasperação

aplicado às penas privativas de liberdade.

EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

PUNIBILIDADE

Conceito:

É a consequência natural da prática do crime, ou

seja, é a possibilidade de punir que pertence ao

Estado, decorrente da prática de um crime.

Pretensão punitiva - de obter um provimento

jurisdicional reconhecendo a procedência da

pretensão e condenando o réu ao cumprimento

de uma sanção penal.

Pretensão executória - de executar o título judicial

obtido, transitado em julgado, impondo a sanção

penal.

CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade

(rol exemplificativo):

I - PELA MORTE DO AGENTE.

A responsabilidade penal é pessoal, não

podendo passar do agente que praticou o

ilícito (art. 5º, XLV, CR/88), salvo, após o

trânsito em julgado, a obrigação de reparar o

dano e a perda de bens (art. 63, CPP).

Princípio da Intranscendência da pena - art. 5º, XLV, CR -

nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a

obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de

bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e

contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio

transferido.

• A comprovação da morte se dá mediante a apresentação de

documento hábil - certidão de óbito (art. 62, CPP).

Controvérsia quanto às consequências da comprovação

posterior da falsidade da certidão de óbito utilizada para

extinguir a punibilidade:

1ª corrente (doutrina): não há revisão pro-societate, daí não se

poder reabrir o processo contra o réu, só cabendo processá-lo

pelo crime de falso. A decisão que julga extinta a punibilidade é

terminativa de mérito em sentido amplo, justamente por

declarar não haver mais pretensão punitiva do Estado.

2ª Corrente (jurisprudência STF e STJ):

o processo retoma seu curso, se não houver ocorrido prescrição. Se não houve morte, estava ausente o pressuposto de extinção da punibilidade, não podendo haver coisa julgada. A decisão de extinção da punibilidade é apenas interlocutória, não gerando coisa julgada material.

Além de não fazer coisa julgada em sentido estrito, já que o acusado estaria se beneficiando de conduta ilícita, fundou-se em fato juridicamente inexistente, não produzindo qualquer efeito.

II - PELA ANISTIA, GRAÇA OU INDULTO (v. art. 187 a 193, LEP)

ANISTIA (Clemência soberana ou “Indulgencia principis”).

Significa o "esquecimento" jurídico de crimes pelo Estado.

Tem por objeto fatos (crimes) e não pessoas.

É concedida por meio de lei do Congresso Nacional sujeita a

sanção presidencial - art. 21, XVII e 48, VIII, CR/88.

Tem efeitos retroativos (ex tunc) e é irrevogável.

Anistia Própria – ocorre antes do trânsito em

julgado da sentença condenatória.

Anistia Imprópria - ocorre após o trânsito e não

atinge os efeitos civis da condenação.

Extingue todos os efeitos penais (inclusive o

pressuposto da reincidência), todavia subsiste

a obrigação de indenizar.

Anistia geral (favorece a todos os que

praticaram determinado fato indistintamente)

Anistia parcial (beneficia somente alguns

autores - ex.: somente os não reincidentes).

Também pode ser irrestrita ou limitada conforme abranja todos

os delitos relacionados ao fato criminoso principal ou exclua

somente alguns deles.

A anistia não se aplica aos crimes hediondos e equiparados

(art. 5º, XLIII, CR/88).

Em regra, a anistia é concedida a crimes políticos, militares ou

eleitorais, não se destinando aos crimes comuns, porém não

há empecilho para que seja concedida a estes.

GRAÇA e INDULTO

São concedidos mediante decreto presidencial ou de pessoa

com delegação (ex.: Ministro da Justiça, AGU ou PGR - art. 84,

XII e parágrafo único, CR).

A iniciativa pode ser do próprio condenado, do MP, do

Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa.

Extinguem a pena imposta a uma pessoa (pretensão

executória).

Não atingem os demais efeitos penais e extrapenais

(reincidência e dever de indenizar).

Graça tem caráter individual, ou seja, dirige-se a um indivíduo

determinado condenado irrecorrivelmente. A LEP chama graça

de indulto individual (art. 188, LEP).

Indulto tem caráter coletivo, dirige-se a um grupo

indeterminado de condenados e é delimitado pela natureza do

crime e quantidade da pena aplicada.

A comutação (diminuição) de penas equivale a um indulto

parcial.

A graça e o indulto não se aplicam aos crimes hediondos e

equiparados (art. 5º, XLIII, CR/88 e Lei 8072/90).

III - PELA RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO

MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO

Abolitio criminis - descriminalização de

condutas (Artigo 2º do CP).

A abolitio criminis não afasta a existência do

crime já cometido, mas extingue a sua

punibilidade. (artigo 107, III do CP).

Alcança também a execução (v. art. 66, I, LEP).

Se já houver trânsito em julgado da sentença

condenatória, extingue a pretensão executória,

mas não afasta os efeitos civis.

IV - PELA PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA OU PEREMPÇÃO:

Prescrição:

É a perda de uma pretensão pelo decurso do prazo

estabelecido para seu exercício. O tema será tratado em tópico

específico.

Decadência:

Perda do direito (potestativo) de representação ou

oferecimento da queixa pelo decurso do prazo fixado na lei

(art. 38, CPP). Atinge o direito de agir, fulminando o ius

persequendi.

Perempção:

Sanção jurídico-processual pela inércia do querelante na

promoção da ação penal privada exclusiva (principal),

acarretando a perda do direito de prosseguir na ação penal

(art. 60, CPP), pelo mau uso da faculdade que o Poder Público

lhe concedeu de agir, privativamente, na persecução de

determinados crimes.

V - PELA RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA

OU PELO PERDÃO ACEITO, NOS CRIMES DE

AÇÃO PRIVADA (ver art. 49 a 59, CPP)

Renúncia

É o ato unilateral (independe de aceitação)

pelo qual o titular do direito de queixa abre

mão deste direito (deve ser antes do

recebimento da queixa).

Perdão - ato bilateral (depende de aceitação do

querelado) pelo qual o querelante abre mão de

prosseguir da ação penal privada.

VI - PELA RETRATAÇÃO DO AGENTE, NOS CASOS

EM QUE A LEI A ADMITE:

A retratação é o ato pelo qual o agente retifica uma

afirmação realizada anteriormente, modificando seu

conteúdo.

Calúnia e a Difamação (art. 143, CP). A injúria não

admite retratação, pois atinge a honra subjetiva da

vítima, por envolver atribuição de qualidade

negativa, não se referindo a fato.

Falso testemunho ou falsa perícia admitem

retratação até a prolação da sentença - art. 342, §2º,

CP. A retratação deve ser completa e comunica-se

aos demais participantes do crime.

IX - PELO PERDÃO JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI.

O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, diante de determinadas circunstâncias previstas expressamente na lei, deixa de aplicar a pena ao réu, apesar de este ser o autor do crime.

Súmula 18, STJ – “A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.

v. Art. 120, CP.

Hipóteses legais de perdão judicial:

Art. 121, §5º; art. 129, §8º; art. 140, §1º, I e II; art. 176, p. único;

art. 180, §5º, 1ª parte; art. 242, p. único; art, 249, §2º, todos do

CP.

Lei 9613/98 – delação premiada – art. 1º, §5º.

Lei 9807/98 – delação premiada – art. 13.

LEI 12850/2013 – art. 4º - COLABORAÇÃO PREMIADA

DA COLABORAÇÃO PREMIADA

Lei 12850/2013. Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das

partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois

terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por

restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e

voluntariamente com a investigação e com o processo

criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais

dos seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da

organização criminosa e das infrações penais por eles

praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas

da organização criminosa;

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das

atividades da organização criminosa;

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito

das infrações penais praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade

física preservada.

§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em

conta a personalidade do colaborador, a natureza, as

circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do fato

criminoso e a eficácia da colaboração.

Art. 108, CP – Nota explicativa:

A extinção da punibilidade de crime que é

pressuposto, elemento constitutivo ou

circunstância agravante de outro não se estende

a este.

Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade

de um deles não impede, quanto aos outros, a

agravação da pena resultante da conexão.

Ex.: art. 180, §4º, CP - roubo ou furto como

pressuposto da receptação.

PRESCRIÇÃO

É a perda de uma pretensão pelo decurso do prazo

estabelecido para seu exercício.

A prescrição é a perda do direito de punir do Estado, pelo

decurso de tempo, em razão do seu não exercício, dentro do

prazo previamente fixado pela lei.

Trata-se de instituto jurídico de natureza penal mediante o qual

o Estado, por não ter capacidade de fazer valer seu direito de

punir em determinado lapso temporal previsto na lei, faz com

que ocorra a extinção da punibilidade.

Por ser matéria de ordem pública, deve ser declarada de ofício

pelo Juiz ou sob provocação das partes.

É questão preliminar ao mérito (Súmula 241, do TFR).

A Constituição prevê a imprescritibilidade de crimes de

racismo e ação de grupos armados contra a ordem

constitucional e o Estado de Direito (art. 5º, XLII e XLIV, CR/88).

Prescrição da multa:

Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:

I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada

ou aplicada;

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena

privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou

cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as mais graves.

As penas restritivas de direitos observam os mesmos prazos

prescricionais das penas privativas de liberdade (art. 109,

parágrafo único, CP).

Exceção: porte para consumo pessoal de drogas (art. 28, da lei

11343/2006): o art. 30 da mesma lei dispõe que aquelas penas

prescrevem em 2 anos.

Espécies de Prescrição:

Prescrição antes do trânsito em julgado:

É a prescrição da pretensão punitiva (ius puniendi) -

possibilidade de formar o título executivo. Impropriamente

chamada de prescrição da ação penal.

Prescrição após o trânsito em julgado:

É a prescrição da pretensão executória (ius punitionis) -

possibilidade de executar sua decisão. A prescrição é da pena.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ABSTRATA (art. 109,

CP).

Ainda não existe pena concretizada na sentença para ser

adotada como parâmetro aferidor do prazo prescricional.

Regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade

cominada em abstrato ao delito, segundo a tabela do artigo

109, CP.

Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença

final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste Código, regula-

se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao

crime, verificando-se:

QUANTIDADE DE PENA

MÁXIMA

PRAZO PRESCRICIONAL

SUPERIOR A 12 ANOS 20 ANOS

SUPERIOR A 8 ANOS E ATÉ 12

ANOS

16 ANOS

SUPERIOR A 4 ANOS E ATÉ 8

ANOS

12 ANOS

SUPERIOR A 2 ANOS E ATÉ 4

ANOS

8 ANOS

DE 1 A 2 ANOS 4 ANOS

INFERIOR A 1 ANO 3 ANOS (*)

Termo Inicial (art. 111, CP):

• No crime consumado - o dia da consumação do crime (teoria do resultado – exceção ao tempo do crime no CP).

• Na hipótese de tentativa – o dia em que cessou a atividade criminosa (teoria da atividade).

• No crime permanente – o dia em que cessou a permanência (teoria da atividade).

• No crime de bigamia e nos de falsificação de assentamento de registro civil – a data em que o fato se tornou conhecido pela autoridade pública.

• Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e

adolescentes, previstos neste Código ou em legislação

especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito)

anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação

penal.

(Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012)

Atenção! Nesse caso, a ação penal é pública incondicionada,

conforme artigo 225, CP.

Causas interruptivas da prescrição (Art. 117, CP)

• recebimento da denúncia ou da queixa;

• pronúncia;

• decisão confirmatória da pronúncia;

• publicação da sentença ou acórdão condenatórios

recorríveis;

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA

Origem: construção pretoriana (Súmula nº 146, STF, de

1961).

Com fundamento na pena aplicada na sentença penal

condenatória com trânsito em julgado para a acusação, o

cálculo prescricional é feito retroagindo-se, até chegar ao

primeiro momento para sua contagem.

O Termo inicial NÃO PODE MAIS ser fato anterior ao

recebimento da denúncia ou queixa, pois o art. 110, CP foi

alterado pela Lei 12.234, de 05/05/2010:

Art. 110. § 1o A prescrição, depois da sentença condenatória

com trânsito em julgado para a acusação ou depois de

improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não

podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data

anterior à da denúncia ou queixa.

PRESCRIÇÃO PELA PENA IDEAL (OU EM PERSPECTIVA OU

HIPOTÉTICA OU VIRTUAL)

Consiste no Reconhecimento antecipado da prescrição

retroativa em razão da pena em perspectiva, a ser virtualmente

aplicada ao réu na hipótese de condenação.

Súmula 438/STJ (DJe 13/05/2010)

É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da

pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética,

independentemente da existência ou sorte do processo penal.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

INTERCORRENTE OU SUBSEQUENTE

Leva em conta a pena aplicada in concreto na

sentença condenatória, mas dirige-se ao futuro

(período posterior à sentença condenatória

recorrível).

Começa a correr da sentença condenatória até

o trânsito em julgado do acórdão para a

acusação e defesa.

Pressupostos:

• Inocorrência de Prescrição abstrata ou retroativa.

• Sentença penal condenatória.

• Trânsito em julgado para a acusação ou improvimento de

seu recurso.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - DEPOIS DE

TRANSITAR EM JULGADO A SENTENÇA PENAL

CONDENATÓRIA

Leva em conta a pena aplicada in concreto na sentença

condenatória, mas somente após o trânsito em julgado para a

acusação e para a defesa (art. 110, caput, do CP).

Aplicam-se os prazos do artigo 109, CP, que se aumentam de

1/3, se o condenado é reincidente (v. Súmula 220, do STJ).

Os efeitos limitam-se à extinção da pena, permanecendo

intactos os demais efeitos penais e extrapenais.

Termo Inicial (art. 112, CP):

Data do trânsito em julgado para a acusação (e para a defesa

também, pois sem este último caberia prescrição

intercorrente).

Do dia em que transita em julgado a decisão que revoga o

sursis ou o livramento condicional.

Do dia em que se interrompe a execução da pena. Ex.: fuga –

data da evasão – a prescrição regula-se pelo tempo que resta

da pena (art. 113, CP).

Ressalva-se a hipótese de internação por doença mental

superveniente.

CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO

(ART. 116, CP):

O prazo prescricional fica “congelado”, voltando a correr a

partir do ponto onde parou, uma vez cessada a causa que

determinou a suspensão.

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final

(pretensão punitiva), a prescrição não corre.

I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que

dependa o reconhecimento da existência do crime;

• Questões prejudiciais (art. 92 e 93, CPP).

II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória (pretensão executória), a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Outras causas de suspensão do prazo prescricional:

Art. 368, CPP – carta rogatória citatória.

Art. 53, §5º, CR/88 - imunidade parlamentar (sustação do processo durante o mandato).

Art. 366, do CPP – réu citado por edital que não comparece

nem constitui advogado.

Súmula 415/STJ.

O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo

máximo da pena cominada.

Art. 89, §6º, da Lei 9099/95 – suspensão condicional do

processo.

Art. 9º, §1º, da lei 10684/2003 – Parcelamento do débito.

CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:

PRETENSÃO PUNITIVA:

I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;

• Decisão proferida por juiz incompetente: a) se

for absoluta – não interrompe a prescrição; b)

se for relativa – interrompe.

• Se a decisão que recebeu a denúncia for

anulada:

a) Não produz efeito (não interrompe a

prescrição);

b) STJ: interrompe a prescrição (HC9612/SP).

• No caso de provimento do Recurso em sentido estrito

contra a decisão rejeita a denúncia, o recebimento é feito

pelo tribunal – Súmula 709/STF.

II - pela pronúncia;

Súmula 191, STJ.

Nas hipóteses de impronúncia ou absolvição não há

interrupção da prescrição.

III - pela decisão confirmatória da pronúncia;

IV - pela publicação da sentença (art. 389, CPP) ou acórdão

(data da sessão de julgamento) condenatórios recorríveis;

PRETENSÃO EXECUTÓRIA:

V - pelo início ou continuação do cumprimento

da pena;

VI - pela reincidência.

§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI

deste artigo, a interrupção da prescrição

produz efeitos relativamente a todos os

autores do crime. Nos crimes conexos, que

sejam objeto do mesmo processo, estende-se

aos demais a interrupção relativa a qualquer

deles.

Súmula 220/STJ:

A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão

punitiva.

§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V

deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia

da interrupção.

INFORMATIVO 503, STF

ECA E PRESCRIÇÃO PENAL

Asseverou-se que, em princípio, as normas gerais do Código

Penal seriam integralmente aplicáveis às hipóteses sujeitas ao

Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, incluindo-se os

dispositivos referentes à prescrição, haja vista não existirem

incompatibilidades entre as medidas sócioeducativas e as

normas que preveem a extinção da punibilidade pelo

transcurso do lapso temporal.

Ressaltou-se que o fato de o ECA não ter previsto a prescrição

como forma de extinção da pretensão punitiva e executória não

seria motivo suficiente para afastá-la.

No ponto, entendeu-se que a maneira mais adequada de

resolver o tema, sem criar tertium genus e sem ofender o

princípio da reserva legal, seria a solução adotada, pelo STJ,

no acórdão impugnado:

... considerar a pena máxima cominada ao crime

pela norma incriminadora pertinente, combinada

com a redução à metade do prazo prescricional,

em virtude da menoridade, prevista no art. 115

do CP.

Assim, tendo em conta o lapso temporal

decorrido, verificou-se que a prescrição não

estaria configurada na espécie.

HC 88788/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa,

22.4.2008.