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Teoria de Perturba¸ ao Dependente do Tempo Eduardo B. Guedes Est´ agio Supervisionado de Docˆ encia em F´ ısica - MQII 04 e 09 de julho de 2013

Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

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Page 1: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Teoria de Perturbacao Dependente do Tempo

Eduardo B. Guedes

Estagio Supervisionado de Docencia em Fısica - MQII

04 e 09 de julho de 2013

Page 2: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

O problema

Hamiltonianos da forma:

H(t) = H0 + λW (t) (λ 1) (1)

Conhecemos:

H0|ϕn〉 = En|ϕn〉 (H0 6= H0(t)) (2)

Estado do sistema dependente do tempo:

|ψ(t)〉 =∑

n

cn(t)|ϕn〉 ; cn(t) = bn(t)e−iEnt/~ (3)

Page 3: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Equacoes diferenciais para para os bn(t):

i~d

dtbn(t) = λ

∑k

e iωnk tWnk (t)bk (t) (4)

Onde:

Wnk = 〈ϕn|W (t)|ϕk〉 ; ωnk =En − Ek

~, (5)

Condicoes iniciais:

|ψ(t0)〉 =∑

n

bn(t0)e−iEnt0/~|ϕn〉 (6)

Page 4: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Solucao Perturbativa

Admitiremos que Wnk e ”pequeno”, e que os bn(t) evoluem lenta-mente no tempo. Procuramos entao solucao na forma de potenciasde λr :

bn(t) = b(0)n (t) + λb

(1)n (t) + λ2b

(2)n (t) + . . . (7)

Substituindo essa forma na equacao diferencial dos coeficientes bn(t),temos:

r = 0⇒ i~d

dtb

(0)n (t) = 0, (8)

r 6= 0⇒ i~d

dtb

(r)n (t) =

∑k

e iωnk tWnk (t)b(r−1)k (t) (9)

Page 5: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

A solucao em ordem-0 (eq. (8)) evolui sem perturbacao. A relacaode recorrencia (9) permite-nos encontrar a solucao de ordem r apartir da solucao em ordem r − 1. Necessitamos ainda da condicaoinicial bn(t0), que sera obtida sob a hipotese de o estado inicial serum autostado de H0:

|ψ(t0)〉 = e−iωi t0 |ϕi 〉 (10)

e entao (por (3))

cn(t0) = bn(t0)e−iωi t0 ⇒ bn(t0) = δni (11)

Ainda, como a expansao (7) deve ser valida para todo λ, segue que:

b(0)n (t0) = δni (12)

b(r)n (t0) = 0 (13)

Page 6: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Solucao em ordem-1Fazendo r = 1 em (9) e integrando, temos:

i~[b(1)n (t)− b

(1)n (t0)] =

∑k

e iωnk tWnk (t)b(0)k (t) (14)

Substituindo b(0)k (t0) = δki , temos:

b(1)n (t) =

1

~

t∫t0

e iωni t′Wni (t

′)dt ′ (15)

De modo que, substituindo (12) e (15) em (7) obtemos os coefici-entes calculados ate primeira ordem em λ:

b1n(t) = δni +

1

~

t∫t0

e iωni t′Wni (t

′)dt ′ (16)

(Notem a diferenca entre (1) e 1 ”pendurados”nos coeficientes!)

Page 7: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Probabilidade de transicao

A probabilidade de o sistema ser encontrado em |ϕf 〉 no instante te:

Pi→f (t) = |〈ϕf |ψ(t)〉|2 = |bf (t)|2 (17)

Ondebf (t) = b

(0)f (t) + λb

(1)f (t) (18)

Vamos supor que o estado final e diferente do estado inicial (ouseja, estamos interessados nos casos em que a perturbacao induzuma transicao entre dois autoestados de H0). Entao:

Pi→f (t) = λ2|b(1)f (t)|2 =

1

~2

∣∣∣∣∣∣t∫

t0

e iωni t′Wfi (t ′)dt ′

∣∣∣∣∣∣2

(19)

Page 8: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Casos especiais de W (t)

Vamos discutir 3 casos especiais de W (t):(i) Perturbacao abrupta: Dependencia de W (t) com t e ”muitocurta”(ocorre em [− τ

2 ; τ2 ]):

i~d

dt|ψ(t)〉 = H|ψ(t)〉 (20)

Integrando no intervalo [− τ2 ; τ2 ]

i~[|ψ(τ

2)〉 − ψ(−τ

2)〉] =

τ2∫

− τ2

H(t)|ψ(t)〉dt (21)

Se H(t) nao → ∞ em [− τ2 ; τ2 ], no limite τ → 0, a integral acima

tende a zero, e|ψantes〉 = |ψdepois〉 (22)

Page 9: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Exemplo: perturbacao abrupta

Caixa com comprimento L→ 2LSe τ t (t e o tempo caracterıstico de H no sentido da relacaode incerteza de Heisenberg), o estado permanece inalterado apos avariacao do comprimento da caixa.

∆E∆t ≈ ~→ ∆t ≈ ~∆E≈ ~

~2π2

2mL2

≈ mL2

~(23)

Page 10: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Casos especiais de W (t)

(ii) Perturbacao adiabatica: Se a dependencia de H com t e ”muitogrande”, vale o TEOREMA ADIABATICO:”Se H varia no tempo em [0; τ ] e, se em t = 0, |ψ(t = 0)〉 eautoestado de H(0), entao, em t = τ , |ψ(t = τ)〉 e o autoestadocorrespondente de H(τ).”A cada instante temos En, |ϕn〉 diferentes. Se no intervalo [0; τ ]os nıveis En(t) nao se cruzam, podemos associar autoestados cor-respondentes.

Page 11: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Exemplo: perturbacao adiabatica

Caixa infinita 1D com L = L(t)A cada instante os autoestados e as autoenergias do hamiltonianopodem ser identificados como

En(t) =n2π2~2

2mL(t)〈x |n(t)〉 =

√2

L(t)sin

(nπx

L(t)

)(24)

O teorema diz que, se em t = 0 o estado era |n(t = 0)〉, entao, emt = τ , o estado sera |n(τ)〉. Isso ocorrera se o tempo de variacaoτ for muito MAIOR que o inverso da MENOR frequencia de Bohrωmn(t) = Em(t)−En(t)

~ do estado |n(τ)〉.

Page 12: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

No exemplo da caixa:

ωmin = (22 − 12)~2π2

2mL2(0)≈ ~

mL2(0)(25)

Obs.: nao vale para estados degenerados ou estados que se tornamdegenerados durante o intervalo de variacao do hamiltoniano.Obs2: na pratica, 1

ωmin acaba sendo tomado como o tempo carac-terıstico do hamiltoniano.

Page 13: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Casos especiais de W (t)

(iii) Perturbacao periodica: Se W (t) for periodico no tempo, porexemplo W (t) = W e−iωt .Obs.: Se quisermos o caso W (t) = W e iωt , basta fazermos −ω →ω.Obs2.: W e Hermitiano, mas W (t) nao! Trabalharemos com esseoperador ”estranho”porque a partir dele e possıvel obter W (t) =W sin(ωt) e W (t) = W cos(ωt).Em primeira ordem (f 6= i), temos:

b(1)f (t) =

Wfi

i~

[e(ωfi−ω)t − 1

i(ωfi − ω)

](26)

Usando:∣∣∣∣e iθ − 1

∣∣∣∣2 =

(e iθ − 1

)(e−iθ − 1

−iθ

)=

2− 2cos(θ)

θ2=

sin( θ2 )2(θ2

)2

(27)

Page 14: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Perturbacao periodica

No instante t, a probabilidade de encontrar o sistema no estado |ϕf 〉e:

Pi→f (t) = |b1f (t)|2 =

1

~2W 2

fi

[sin[(ωfi − ω) t

2 ]

(ωfi − ω) t2

]2

t2 (28)

Qual a forma da funcao que entre [ . ]?

Page 15: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

De todos os estados |ϕf 〉, aqueles onde e mais provavel encontrar osistema sao os estados em que

|(ωfi − ω)t|2

≤ π (29)

Dito de outra forma, os estados |ϕf 〉 mais provaveis possuem energiana faixa

Ef − Ei = ~ω ± 2π~t

= ~ω(

1± 2π

ωt

)(30)

Se ωt 2π, a faixa de energia e muito estreita em torno de Ef =Ei ± ~ω. Nesse caso, a perturbacao ja executou muitas oscilacoes ea ressonancia de impoe.

Page 16: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Se usarmos radiacao com frequencia ~ω = E2 − E1 em um atomooriginalmente no estado fundamental (n = 1) e fizermos a medidasem esperar tempo suficiente, podemos ter uma surpresa e encontraro sistema no nıvel n = 3. A partir de que instante a probabilidadede encontrar esse sistema em n = 3 se torna desprezıvel?

E3 − E2 ≥2π~∆t⇒ ∆t ≥ h

Ry( 14 −

19 )

= 2, 2x10−15s (31)

Na pratica as medidas sao feitas apos esse tempo, ou seja, depoisque a perturbacao ja oscilou varias vezes.

No limite de longos tempos, a funcao(

sin(x)x

)2se torna cada vez

mais estreita. Veja:

∞∫−∞

(sin(ωτ)

ωτ

)2

dω =π

τ(32)

de modo que

limτ→∞

(sin(ωτ)

ωτ

)2

τδ(ω) (33)

Page 17: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Usando esse resultado na expressao de Pi→f (t), obtemos a REGRADE OURO DE FERMI:

Pi→f (t) =2π

~|Wfi |2δ(Ef − Ei − ~ω)t (34)

onde usei que:

δ(ωf − ωi − ω) = ~δ(Ef − Ei − ~ω) (35)

Page 18: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Hamiltoniano de um eletron sujeito a radiacao EM

Onda propagante na direcao ~k, linearmente polarizada, com frequenciaω

~E (~r , t) = ~E0sin(~k · ~r − ωt) (36)

~B (~r , t) = ~B0sin(~k · ~r − ωt) (37)

Os campos ~E e ~B sao ortogonais entre si e em relacao a direcao depropagacao ~k .

Page 19: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Quais o potenciais que originam esses campos? No Gauge de Cou-lomb (∇ · ~A = 0) :

~A (~r , t) = ~A0cos(~k · ~r − ωt) (38)

φ (~r , t) = 0 (39)

~A0 × ~k = ~B0−ωc~A0 = ~E0 (40)

Page 20: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

E o Hamiltoniano se escreve:

H =[P + e

c~A(R, t)]2

2m− e2

R+ Hspin (41)

Onde

Hspin =e

mcS ·(~A0 × ~k

) e(i~k·R−iωt) − e(−i~k·R+iωt)

2i(42)

Abrindo o termo ao quadrado em H, devemos comparar as ordensde grandeza dos termos:

e

2mcP · ~A ≈ e~E0

2ma0ω(43)

e2

2mc~A2 ≈ e2~E 2

0

2mω2(44)

O termo em ~A2 pode ser ignorado se ~ω eE0a0. Para lasers, tipi-camente, eE laser

0 a0 ≈ 1, 5× 10−6eV . No caso em questao podemosconsiderar ~ω ≈ 1eV .

Page 21: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Os termos cruzados que aparecem ao abrir o quadrado em (41)podem ser somados se lembrarmos que:[

P · ~A, ~k · R]

= 0 (45)

Agora devemos estimar a ordem de grandeza de Hspin. Para a ra-diacao tıpica considerada nesse exemplo, ~ω ≈ 1eV , correspon-

dendo a um λ ≈ 12000A, de modo que:

|~k| =2π

λ|R| ≈ a0 (46)

~k · R ≈ 2π

λa0 1 (47)

Podemos fazere i~k·R ≈ 1 + i~k · R + . . . (48)

Page 22: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Valores tıpicos:

WDE =e

2mc(~A · P) ≈ eA0~

2mca0(49)

Wo =e

2mc(~A · P)(i ~K · R) ≈ eA0~k

2mc(50)

Ws =e

mcS · (~A× ~k)

2i≈ e

2mc~A0k (51)

Os dois ultimos termos tem a mesma ordem de grandeza, e sao me-nores do que HDE por um fator ka0 ≈ 10−4. Entao, o Hamiltonianofica:

H = H0 +e

2mc(~A0 · P)e−iωt (52)

Page 23: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Transicoes para nıveis discretosSera que teremos problemas na Regra de Ouro de Fermi (34) se tiver-mos a condicao de ressonancia? Nao! Na pratica, nao conseguimosobter radiacao eletromagnetica nao e estritamente monocromatica,mas sim com uma distribuicao de frequencias c(ω). Surge entaouma integral em dω, e, pela propriedade de filtragem, a probabili-dade de ocorrer uma transicao de i → f fica:

Pi→f (t) =2π

~c(ωfi )|WDE |2δ(Ef − Ei − ~ω)t (53)

Precisamos agora conhecer elementos de matriz da forma (~A podeapontar em qualquer direcao)

WDE = 〈f | e

2mc(~A0 · P)|i〉 (54)

Para isso, lembramos que:

[X , H0] = [X ,P2

x

2m] =

i~mPx (55)

Page 24: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Entao,

〈nf lf mf |Px |ni limi 〉 =m

i~(Ei − Ef )〈nf lf mf |X |ni limi 〉 (56)

〈nf lf mf |X |ni limi 〉 =

∞∫0

Rnf lf (r)xRni li r2dr

∫Ω

Y ∗nf lf(Ω)sin(θ)cos(φ)Yni li (Ω)dΩ

(57)Na integral da parte angular usamos o teorema de Wigner-Eckart(complemento CX ) e temos as famosas regras de selecao dipolar:

∆l = ±1 ∆m = ±1 (58)

Mesmo que a radiacao tenha frequencia ω31, por exemplo, a ex-citacao |100〉 → |320〉 nao pode ocorrer por transicao dipolar. Porem,as taxas de transicao quadrupolares, etc, sao muito menores.

Page 25: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Autoestados do contınuo

Quem sao os autoestados do contınuo? Sao autoestados de H0 comautovalores positivos. Para |r | → ∞, esses estados podem ser dados

por ψE (~r) = ei~pf ·~r~

(2π~)3/2, e sao caracterizados pelo parametro contınuo

(estado improprio) E =p2

f2m .

A Probabilidade de o eletron ser ejetado e detectado (em todo oespaco) e:

Pi→cont(t) =2π

~

∫~pf

|WDE |2δ(p2

f

2m− Ei − ~ω)t (59)

Page 26: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

Atomo de hidrogenio no estado fundamental sujeito a umaradiacao EM

Consideremos um atomo de H no estado fundamental sob a acao deuma onda eletromagnetica com frequencia bem definida ~ω

δ(Ef − E100 − ~ω) =δ(pf −

√2m(E100 + ~ω))

pfm

(60)

E

WDE = 〈~pf |e

2mc(~A0 · P)|100〉 =

∫∞

=e

i~pf ·~r~

(2π~)3/2

e− r

a0√(πa3

0)(~pf · ~A0)d~r

(61)

Page 27: Teoria de Perturbação Dependente do Tempo

= (~pf · ~A0)1

(2π~)3/2

1√(πa3

0)

8πa0[

( 1a0

)2 + ( ~pf~ )2]2

(62)

Fazendo a integracao em dpf e usando a funcao delta obtemos

Pi→~pf=

[4a3

0e2pf |~A0 · ~pf |2

mπ~4c2[1 + pf a0~ ]4

]t (63)

O termo entre [ . ] e a taxa de deteccao,que e maior na direcao de~E