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86 Teoria do Conhecimento Ensino Médio ARCIMBOLDO, Giuseppe. O bibliotecário (cerca de 1526). Óleo sobre tela – 97 x 71 cm, Suécia, Balsta, Skokloster Slott. <

Teoria Do Conhecimento 03 Perspectivas Do Conhecimento

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86 Teoria do Conhecimento

Ensino Médio

ARCIMBOLDO, Giuseppe. O bibliotecário (cerca de 1526). Óleo sobre tela – 97 x 71 cm, Suécia, Balsta, Skokloster Slott.

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Filosofia

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PERSPECTIVAS DO CONHECIMENTO

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s condições materiais nas quais o sujeito está inserido influenciam seu modo de pensar?

O pensamento é anterior à experiência? O conhecimento é produto da experiên-cia ou da razão?

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Ensino Médio

Penso, logo existo

As lições cartesianas sobre o conhecimento fizeram escola na filo-sofia. Gerações inteiras de filósofos, de Kant a Sartre, passaram pelos textos cartesianos. O motivo está no gênio de Descartes, que investi-gou a fundo grandes classes de problemas que ocupam os filósofos desde o nascimento da filosofia, a saber: o que é substância, o proble-ma da relação entre Mente e Corpo, a noção de Sujeito, o problema do Movimento na física, as Paixões da Alma, os conceitos de Finalidade, Ver-dade, Identidade, Erro e outros.

Na quarta parte do Discurso do Método encontramos o que pode ser considerado o ponto de partida de toda a filosofa moderna e con-temporânea:

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Enquanto eu queria pensar que tudo era falso, cumpria necessariamen-te que eu, que pensava, fosse alguma coisa e, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa (...) julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da Filosofia que procurava. (Des-

cartes, 1962, p. 66)

Ao examinar as fontes do conhecimento, Descartes se detém num dado difícil de ser contestado: o fato de que penso, enquanto duvido, é sempre um dado verdadeiro. É importante encarar esse juízo de Des-cartes menos como um raciocínio lógico do que uma constatação a que o filósofo chega. Como explica Lebrun: O cogito não é um racio-cínio: é uma constatação de fato. Mas Descartes dá ao cogito o aspec-to de um raciocínio, toda vez que deseja destacar o caráter necessário da ligação que o mesmo contém. (DESCARTES, 1962)

O “logo” (donc) é a marca da necessidade que se segue da dúvida. Esta, por sua vez, não importa como ato, ou seja, não é a dúvida em si que importa, como se ela fosse um método. Ela é um momento do raciocínio. Podemos entender o argumento de Descartes da seguinte forma: o raciocínio todo engloba a “dúvida” e o “penso”. O resultado geral do raciocínio é: duvido, logo, penso, logo sou.

Descartes escreveu também, dentre outros títulos, aquela que é considerada sua obra prima filosófica (podemos dizer que o Discurso do Método é o texto que ficou popular): Meditações Sobre a Primeira Filosofia. Escrito em tom de confissão, é um retrato visceral da gêne-se e dos fundamentos do conhecimento humano, além de tratar-se da obra em que Descartes apresenta seu melhor trabalho de argumenta-ção e defesa de seus pontos de vista.

Nas Meditações Descartes mostra que a verdadeira filosofia deve ser analítica, isto é, deve consistir num exame exaustivo dos elementos essenciais de um conceito com o objetivo de chegar em dados claros e se seguros para, progressivamente, constituir o corpo de saberes que

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Filosofia

está fora de qualquer dúvida. Embora o termo “analítico” tenha muitos significados em filosofia, em geral ele está associado a uma espécie de “profissionalização” do trabalho filosófico que ganhou consistência há mais de 70 anos a partir dos trabalhos dos ingleses George Edward Mo-ore (1873-1958), Bertrand RusselI (1872-1970), Gilbert Ryle (1900-1976) e do austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), para ficar apenas entre os mais célebres.

Com base nos textos lidos responda em seu caderno:

1. Qual a importância da dúvida no processo de conhecimento?

2. Selecione um conjunto de informações, começando pelas impressões da infância, as informações aprendidas no seio familiar e, por fim, o que você aprende na escola hoje e:

a) Faça um cuidadoso exame: qual o grau de confiança que você pode ter nelas.

b) Apresente para a turma o resultado de seu estudo.

As regras para o debate encontram-se na introdução deste livro.

Hume e a experiência no processo de conhecimento

A principal obra filosófica de David Hume teve duas partes publi-cadas em 1739 em Londres e chamava-se Tratado da Natureza Huma-na (Treatise of Human Nature). A última parte foi publicada em 1740. Hume tinha no momento pouco mais de 25 anos. As três partes trata-vam, respectivamente, do “Entendimento”, das “Paixões” e da “Moral”. Hume esperava que sua obra repercutisse nos meios filosóficos londri-nos, mas a recepção foi fria e desdenhosa. Cerca de nove anos mais tarde Hume publica o texto Investigação Acerca do Entendimento Hu-mano. Trata-se de uma versão mais popular do conteúdo do primei-ro livro do Tratado. Na seção II da Investigação Hume diz que as per-cepções podem ser divididas em duas classes: as menos fortes são as idéias ou pensamentos. A outra categoria de percepções recebe o nome de impressões. Hume dá um sentido bastante amplo ao termo: “(...) pe-lo termo impressão, entendo, pois, todas as nossas percepções mais vi-vas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos.” (HUME, 1973).

Hume diz que aquelas percepções chamadas “fracas”, que são as idéias, são originadas a partir da classe de percepções “fortes”, as im-pressões. Hume não diz o que exatamente ele entende por “forte” nes-se contexto. Ele pretende mostrar que os pensamentos são sensações que perderam a conexão imediata, atual, com o objeto causador da sen-

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DEBATE

David Hume (1711-1776)<

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sação. Neste sentido as imagens que compõem o pensamento são per-cepções “fracas”, pois sua intensidade não é a mesma da impressão.

Trata-se de uma tese extremamente arrojada. Ela contesta grande parte da tradição filosófica que construía conceitos com base em teses acerca da superioridade da razão e dos juízos universais. Como expli-ca Plínio J. Smith:

Dois argumentos são oferecidos em favor da tese de que as impressões são causas das idéias. O primeiro deles começa, no Tratado, com a revisão da correspondência entre idéias e impressões simples, e invoca a conjun-ção constante entre elas. (...) Como não se pode imputar ao acaso essa co-nexão que se mantém constante num número infinito de casos, a existência da relação causal é manifesta e só resta determinar o que é causa do quê. (...) O segundo argumento procede pelo caminho inverso, partindo da au-sência de impressões quando se tem um defeito nos órgãos dos sentidos que os impede de funcionar. Nos cegos ou surdos, há não apenas a au-sência de impressão, como também a da idéia correspondente. (...) Assim, mostra-se que, sem a impressão, não há idéia e, com a impressão, tem-se a idéia correspondente.” (SMITH, 1995)

Da distinção entre conhecimento e probabilidade

David Hume distingue conhecimento e probabilidade. No conhe-cimento as “relações de idéias são dependentes das próprias idéias”. Para que essa relação se altere é preciso que uma idéia se altere (SMITH,

1995). Hume dá como exemplo a igualdade entre a soma dos ângulos internos de um triângulo e dois ângulos retos. Enquanto a idéia de tri-ângulo não se alterar, essa igualdade será sempre verificada. Por outro lado, existe o que Hume chama de probabilidade, cujas relações não são as mesmas do conhecimento. A probabilidade é um conceito que trata de relações de fato, não de razão. Ao contrário do conhecimen-to, no qual negar a relação implica contradição, na probabilidade ne-gar a relação é uma possibilidade. Para Hume existem três relações na probabilidade: a identidade, as situações no tempo e lugar e a causa-lidade.

Em relação à causalidade, Hume diz que é um raciocínio basea-do em conexões de causa e efeito constatados na experiência. Segun-do Hume, quando dizemos que o fato A causou B e não há nenhuma experiência que sustente a relação, trata-se de um raciocínio arbitrá-rio. Nesse sentido, Hume critica os que atribuem demasiada importân-cia ao conceito de causalidade. O raciocínio de causa e efeito é, em síntese, um raciocínio provável, cujo fundamento só é dado na expe-riência.

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Filosofia

Após a leitura do texto a respeito de Hume responda em seu caderno.

1. O que são idéias de acordo com Hume?

2. Como as idéias se formam?

3. Qual a diferença entre conhecimento e probabilidade?

4. Como formamos a noção de causalidade?

ATIVIDADE

Kant e a crítica da razão

Immanuel Kant é de origem alemã, tendo nascido em Königsberg, atual Kaliningrado (pertence à Rússia desde 1946), em 22 de abril de 1724. Consta que não casou e não teve filhos. Faleceu em 1804, com cerca de 80 anos.

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A influência da filosofia de Kant foi, e continua sendo, tão profunda e tão vasta a ponto de converter-se em algo imperceptível. A investigação filosó-fica, no âmbito das tradições “analítica” e “continental”, é impensável sem os recursos lexicais e conceituais legados por Kant. Mesmo fora da filoso-fia, nas humanidades, ciências sociais e ciências naturais, os conceitos e estruturas de argumentação kantianos são ubíquos. Quem quer que exerça a crítica literária ou social está contribuindo para a tradição kantiana; quem quer que reflita sobre as implicações epistemológicas de sua obra descobri-rá estar fazendo-o dentro dos parâmetros estabelecidos por Kant. Com efei-to, muitos debates contemporâneos, em teoria estética, Literária ou política, mostram uma peculiar tendência para converter-se em discussões em torno da exegese de Kant. Em suma, nos menos de 200 anos desde a morte de seu autor, a filosofia kantiana estabeleceu-se como indispensável ponto de orientação intelectual.. (CAYGILL, 2000).

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O foco da filosofia de Kant é a gênese do conhecimento, os limi-tes da metafísica e o fundamento das leis morais. Sobre a metafísica Kant escreve:

Estou tão longe de admitir que a Metafísica, considerada objetivamente, seja algo sem importância ou supérfluo que, desde há algum tempo, parti-cularmente desde que julgo compreender a sua natureza e o lugar que lhe compete entre os conhecimentos humanos, estou convencido de que dela depende o verdadeiro e duradouro bem da humanidade. (SANTOS, 1985)

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Ensino Médio

No ano de 1770 Kant escreveu uma dissertação intitulada Acerca da Forma e dos Princípios do Mundo Sensível e Inteligível. Kant tinha à época 46 anos. Já era conhecido do público alemão pelos escritos filo-sóficos que tinha publicado. Com a dissertação ele ganhou o posto de professor de Lógica e Metafísica da Universidade de Konigsberg. Nessa obra ele postula uma diferença entre dois tipos de conhecimento:

Conhecimento sensível: o sujeito recebe “impressões” dos objetos. Nessa forma de conhecimento o sujeito lida com as aparências dos ob-jetos, ou com o que Kant chama de “fenômenos”. Exemplo disso são os conceitos que temos de “calor”, “frio”, “espaço”. São todos obtidos pela experiência, mas há dimensões desses conceitos que nunca expe-rimentamos. Por exemplo, existe uma quantidade de calor no Sol cuja temperatura somos incapazes de experimentar, existem dimensões no espaço cósmico que jamais veremos, etc. Daí porque pode-se dizer que os dados que temos sobre calor, frio, espaço, etc., são fenômenos, aparências que captamos pela experiência. Todo fenômeno é uma ex-periência sensível limitada ao sujeito que percebe.

Conhecimento Inteligível: é a capacidade que o sujeito tem de “repre-sentar” as coisas conceitualmente, isto é, representar os dados que não podem ser captados pelos sentidos. Exemplo. Se você definir um qua-drado como “objeto que possui quatro lados”, a propriedade “quatro lados” é claramente obtida por sua experiência no contato com obje-tos desta dimensão. Mas o mesmo não ocorre com o conceito “possibi-lidade”. Você não encontra no mundo nada que possa ser identificado com esse conceito. Trata-se de um conceito abstrato, inteligível, cuja propriedade é definida inteiramente pelo pensamento.

A crítica da razão pura

No Prefácio à segunda edição de sua mais importante obra, a Críti-ca da Razão Pura, de 1789, Kant escreve:

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Até agora se supôs que todo o nosso conhecimento tinha que se regu-lar pelos objetos; porém, todas as tentativas de mediante conceitos estabe-lecer algo a priori sobre os mesmos, através do que o nosso conhecimen-to seria ampliado, fracassaram sob essa pressuposição. Por isso tente-se ver uma vez se não progredimos melhor nas tarefas da Metafísica admitin-do que os objetos têm que se regular pelo nosso conhecimento, o que as-sim já concorda melhor com a requerida possibilidade de um conhecimento a priori dos mesmos que deve estabelecer algo sobre os objetos antes de nos serem dados.(KANT, 1996, p. 39)

Essas palavras de kant anunciam um dos mais importantes pas-sos que a teoria do conhecimento deu na história da filosofia. Quando

Largo da Ordem (Curitiba), 1993. Foto: J. Marçal

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Kant diz que “até agora se supôs que todo o nosso conhecimento tinha que se regular por objetos”, ele está lembrando toda uma tradição que descrevia o conhecimento como resultado da relação entre uma cons-ciência (o sujeito) e uma realidade (objetos, eventos).

O passo de Kant, análogo ao projeto copernicano, como ele mes-mo diz em seguida no Prefácio, é imaginar algo como a terra que gi-ra sobre seu próprio eixo, criando a ilusão de que os objetos do pon-to de vista da terra estão em movimento. Na consciência, diz Kant, é a mesma coisa. É a razão humana que, girando à velocidade da necessi-dade do saber, dá forma, aspecto e conceitos aos objetos. Desse modo, lá onde julgamos saber como funciona o universo, na verdade realiza-mos juízos possíveis dentro dos limites do saber que possuímos.

Responda as questões abaixo e registre no seu caderno.

1. Na Crítica da Razão Pura Kant diz que boa parte do conhecimento filosófico é composto por “juízos analíticos”. Para que possamos entender melhor esse conceito, façamos o seguinte exercício: par-tindo da idéia de que juízo analítico é o juízo que retira um elemento inerente a determinado concei-to dado, explique porque os seguintes juízos são analíticos:

a) O quadrado é uma figura de quatro lados

b) Nenhum solteiro é casado

c) Todos os corpos possuem extensão.

2. Discorra sobre a diferença entre conhecimento sensível e inteligível para Kant.

ATIVIDADE

Kant e o iluminismo

Nos séculos XVI e XVII países como Inglaterra, Holanda e França foram palco de uma revolução cultural chamada Iluminismo. Os ele-mentos principais do Ilumismo foram: valorização da razão, valoriza-ção do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento; crença nas leis naturais, crença nos direitos naturais; crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero; defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei; crítica à Igreja Católica, apesar de se manter a fé em Deus (cf. FILHO, 1993)

O iluminismo gerou a primeira Enciclopédia. Como nos conta o his-toriador que estudou a trajetória econômica e editorial da Enciclopé-dia, Robert Danton, quando os franceses fizeram a primeira impressão da obra (1751), logo perceberam que se tratava de uma empresa “pe-rigosa”:

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Michel. V. L. L. Diderot (1713-1784) . Museu do Louvre, Paris.

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“Não se tratava meramente de uma coleção, em ordem alfabética, de informações a respeito de tudo; a obra registrava o conhecimento segun-do os princípios filosóficos expostos por D’Alembert no Discurso Preliminar. Embora reconhecesse formalmente a autoridade da Igreja, D’Alembert dei-xava claro que o conhecimento provinha dos sentidos, e não de Roma ou da Revelação. O grande agente ordenador era a Razão, que combinava as informações dos sentidos, trabalhando com as faculdades irmãs, memória e imaginação.” (DARNTON, 1996, p. 18)

Esse espírito está muito bem representado na obra de Kant. Para o filósofo alemão o conhecimento é uma síntese, operada pela razão, das informações que a sensibilidade humana é capaz de reunir durante a existência. Os principais representantes do Iluminismo, D’Alembert, Rousseau, Voltaire, e outros, entendiam, como Kant, que o iluminismo deve ser o retorno do homem à razão como forma de adquirir autono-mia, equilíbrio com a natureza e felicidade.

Kant e a física

Kant fez uma contribuição importante para o ramo da física quando expôs os conceitos de espaço e tempo a partir da subjetividade humana. Para Kant o conceito de espaço é uma noção particular do indivíduo humano. É uma noção a priori, isto é, com essa representação pode-mos visualizar coisas, nos situar num contexto ou adquirir habilidades cinéticas, como a capacidade de correr, praticar esportes, etc.

Kant escreveu que o espaço é uma condição de possibilidade de toda experiência sensível. Sem o conceito de espaço eu não poderia situar nada espacialmente. Isso quer dizer que o conceito é inerente ao ser humano.

No que se refere ao tempo, kant diz que o ser humano classifica fa-tos, coisas e eventos como simultâneos ou sucessivos porque já pos-sui em sua estrutura de pensamento o conceito de tempo. Exemplo: se eu não tivesse o conceito de tempo como inerente ao meu modo de pensar não me poderia compreender como adolescente ou adulto “agora”. Não saberia, por exemplo, fazer a distinção entre estágios ou fases da existência.

Essa concepção está bem próxima das noções de espaço e tempo defendidas por Newton (1642-1727). Para Newton o espaço e o tempo são absolutos, isto é, o espaço é sempre o mesmo em todo o universo, e o tempo flui uniformemente sem qualquer modificação. O espaço é, porém, divisível em porções menores de acordo com nossa percepção. O tempo, por sua vez, pode ser medido de acordo com medidas como hora, mês, ano, etc., Mas, diz Newton, é sempre o mesmo tempo ab-soluto de que se trata (NEWTON, 1987). Tal concepção foi modificada no sé-culo XX pelos estudos de Einstein, que mostraram que espaço e tem-po são, essencialmente, relativos.

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Jean Jacques Rosseau (1712-1778).

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Filosofia

Escreva um texto a respeito da contribuição de Kant para a teoria do conhecimento.

ATIVIDADE

Referências

DARNTON, R. O Iluminismo Como Negócio. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

FILHO, Milton B. B. História Moderna e Contemporânea. São Paulo, Scipione.1993.

HUME, David. Investigação Sobre o Entendimento Humano. São Pau-lo: Abril Cultural, 1973 (col. Os Pensadores).

KANT. Crítica da Razão Pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moos-burger. São Paulo : Nova Cultural, 1987-8

KANT. Dissertação de 1770. Carta a Marcus Herz. Tradução, apresen-tação e notas de Leonel Ribeiro dos Santos e Antonio Marques. Lisboa : IN/CM, F. C. S. H. da Univ. de Lisboa, 1985.

NEWTON, I. Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, trechos es-colhidos, Nova Cultural, 1987 (Os Pensadores).

SMITH, P. J. O Ceticismo de Hume. São Paulo: Loyola, 1995.

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ANOTAÇÕES