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1) 1) Para Austin, certos pronunciamentos possuem uma natureza performativa, isto é, o falante não somente diz algo ou descreve algo, mas age ao pronunciar “aceito, esta mulher como minha legítima esposa” em (a), por exemplo, o falante atesta a pessoa x como sendo sua esposa. Em (b) o enunciador não somente dá o nome ao navio, mas ele age ao inaugurá-lo, no exemplo (c) o enunciado não nos proporciona distinguir uma noção de verdadeiro ou falso, não há dualismo, o que existe é uma ação pura, não existe nenhuma relação com alguma organização prévia de distinção de unidades, o que podemos constatar na mesma medida em (d). 2) O ato não é somente um marcador sintático mas é uma marcação de poder (de ação) construída no próprio enunciado, e também não tem nenhum tipo de organização previa como no exemplo (a). Por isso, dizer é realizar um ato, mas como nos diz o autor não é a única exigência ou condição para que esse ato seja realizado. Não podemos pensar em uma significância que não dependa de uma ordem de sujeição já estabelecida, pois essa ação depende da natureza da transmissão do enunciado em um campo social ou situação dados. 3) Quando o juiz profere: “Eu os declaro marido e mulher” é uma sentença performativa, pois além da presença realizada do verbo “declaro”, as circunstâncias são apropriadas para tal: o papel social do juiz confere o poder de realizar matrimônios, tanto o noivo quanto a noiva não estarem casados antes do ato, e a presença de testemunhas. O ato performativo então seria a combinação entre a enunciação de certas palavras e atos coerentes a o que está sendo enunciado tanto por parte do locutor quanto do interlocutor. 1) Intimação – produtor autorizado: Oficial de justiça; quadro institucional: judicial; ato de fala: comunicação escrita/ordem. Requerimento – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala: Diagnóstico – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:

Teoria dos Atos de Fala

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Trabalho apresentado para a disciplina de Semântica sobre a Teoria dos Atos de Fala do Austin

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Page 1: Teoria dos Atos de Fala

1) 1) Para Austin, certos pronunciamentos possuem uma natureza performativa, isto é, o falante não somente diz algo ou descreve algo, mas age ao pronunciar “aceito, esta mulher como minha legítima esposa” em (a), por exemplo, o falante atesta a pessoa x como sendo sua esposa. Em (b) o enunciador não somente dá o nome ao navio, mas ele age ao inaugurá-lo, no exemplo (c) o enunciado não nos proporciona distinguir uma noção de verdadeiro ou falso, não há dualismo, o que existe é uma ação pura, não existe nenhuma relação com alguma organização prévia de distinção de unidades, o que podemos constatar na mesma medida em (d).2) O ato não é somente um marcador sintático mas é uma marcação de poder (de ação) construída no próprio enunciado, e também não tem nenhum tipo de organização previa como no exemplo (a). Por isso, dizer é realizar um ato, mas como nos diz o autor não é a única exigência ou condição para que esse ato seja realizado. Não podemos pensar em uma significância que não dependa de uma ordem de sujeição já estabelecida, pois essa ação depende da natureza da transmissão do enunciado em um campo social ou situação dados. 3) Quando o juiz profere: “Eu os declaro marido e mulher” é uma sentença performativa, pois além da presença realizada do verbo “declaro”, as circunstâncias são apropriadas para tal: o papel social do juiz confere o poder de realizar matrimônios, tanto o noivo quanto a noiva não estarem casados antes do ato, e a presença de testemunhas. O ato performativo então seria a combinação entre a enunciação de certas palavras e atos coerentes a o que está sendo enunciado tanto por parte do locutor quanto do interlocutor.

1) Intimação – produtor autorizado: Oficial de justiça; quadro institucional: judicial; ato de fala: comunicação escrita/ordem.Requerimento – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Diagnóstico – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Convênio – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Sentença Criminal – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Aviso – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Aviso Prévio – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Edital – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Batismo – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Procuração – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Testamento – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Ostentação – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Ordem – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:Voto de castidade – produtor autorizado: ; quadro institucional: ; ato de fala:

Page 2: Teoria dos Atos de Fala

1. Performativo2. Performativo3. Constativo4. Performativo5. Performativo6. Performativo7. Neste caso o locutor não descreve o fim da sessão, ele age ao

declarar o fim da sessão, pois ele tem autoridade para tal. Portanto, ele não descreve o fim da sessão, ele prescreve.A diferença entre o ato constativo e o performativo é que no performativo, o sujeito age por meio do enunciado em circunstancias apropriadas para tal; enquanto que no constativo o sujeito informa, descreve abrindo a possibilidade de distinção entre verdadeiro ou falso.