77
O que é Educação Ambiental? Definições de Educação Ambiental O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um. Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Dentro deste enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista. Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista). Neste contexto, a Educação Ambiental é ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio "desenvolvimento" o causador de tantos danos sócio-ambientais). Educação para a sustentabilidade Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que se trata de uma prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela dicotomia existente entre "desenvolvimento e sustentabilidade". Conceitos educação ambiental Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.

Teoria Ed Ambiental

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Teoria Ed Ambiental

O que é Educação Ambiental?

Definições de Educação Ambiental

O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada

contexto, conforme a influência e vivência de cada um.

Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à

natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Dentro deste enfoque, a

Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista.

Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca

de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de um futuro

pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista).

Neste contexto, a Educação Ambiental é ferramenta de educação para o

desenvolvimento sustentável (apesar de polêmico o conceito de desenvolvimento

sustentável, tendo em vista ser o próprio "desenvolvimento" o causador de tantos danos

sócio-ambientais).

Educação para a sustentabilidade

Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que se trata de

uma prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma

Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela

dicotomia existente entre "desenvolvimento e sustentabilidade".

Conceitos educação ambiental

Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da

Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através

de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada

indivíduo e da coletividade.

Page 2: Teoria Ed Ambiental

A definição oficial de educação ambiental, do Ministério do Meio Ambiente: “Educação

ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam

consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,

experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e

resolver problemas ambientais presentes e futuros”.

De acordo com o conceito de educação ambiental definido pela comissão

interministerial na preparação da ECO-92 " A educação ambiental se caracteriza por

incorporar as dimensões sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se

basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e

estágios de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim

sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do

meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que

conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na

satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro." ( in Leão & Silva,

1995).

O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - define a Educação Ambiental

como um processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento da

consciência critica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à

participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.

Algumas reflexões pedagógicas sobre os aspectos teórico-práticos da educação

ambiental formal.

Este tema será desenvolvido de forma breve com a finalidade de que as equipes

de professores nas escolas, através da análise da sua prática pedagógica real e

dos pressupostos explícitos ou implícitos que fundamentam a ação docente,

identifiquem os elementos favoráveis ou desfavoráveis para a Educação Ambiental.

Há uma vasta bibliografia sobre o tema no País (indicada ao final do trabalho), porém

vamos apresentar, de forma esquemática, as diversas abordagens, a fim de suscitar a

discussão e de buscar saber quais elementos poderiam servir de base para começar a

elaborar os pressupostos teórico-práticos que permitam fundamentar a inserção da

dimensão ambiental nos currículos escolares.

As categorias que utilizaremos nesta caracterização são:

Page 3: Teoria Ed Ambiental

- escola;

- ensino-aprendizagem;

- relação professor-aluno;

- metodologia, e

- avaliação.

Estas são geralmente as categorias consideradas nas análises do fazer pedagógico

nas diversas bibliografias. Acrescentaremos a elas alguns conceitos básicos e

relações subjacentes às diversas teorias pedagógicas, consideradas como explicações

históricas do fazer educacional na educação formal, estando mais diretamente ligadas

à Educação Ambiental tal como ela se apresenta nos PCNs de meio ambiente:

- relação entre ser humano-natureza;

- relação entre sociedade e cultura;

- concepção do conhecimento; e

- concepção da educação.

A intenção é simplesmente, como já expresso: lembrar aos professores essas

diversas abordagens, por todos conhecidas, com a finalidade de suscitar uma discussão

em relação à sua prática pedagógica e identificar as teorias que, implícita

e explicitamente, perpassam suas atividades. Discutiremos, ainda, as diversas

modalidades de estrutura curricular que derivam das diversas abordagens

pedagógicas.Finalmente, discutiremos as características da Educação Ambiental formal

e quais modalidades teórico-metodológicas são importantes para sua concretização em

nível escolar. A seguir, fazendo uso de quadros sintéticos, apresentaremos as diferentes

abordagens que perpassam a prática real do ensino no Brasil bem como as concepções

de currículos que derivam dessas abordagens.

As diferentes abordagens pedagógicas

1 Pedagogia tradicional

Page 4: Teoria Ed Ambiental

Relação Ser

Humano e Natureza - O ser humano é dono e senhor (dominador) da Natureza.

- A Natureza passa a ser propriedade privada de alguns homens Relação

Sociedade e

Cultura

- Visão burguesa e individualista, objetivando a perpetuação das relações estabelecidas na Sociedade e na Cultura.

- Separação da concepção de "Sociedade" e de "Cultura" da concepção de "Natureza"

Conhecimento - A consciência humana é considerada uma “tábua rasa”.

- A atividade do conhecer é um processo de acumulação e de incorporação de informações, das mais simples às mais complexas, para a conservação da Sociedade.

- O passado é modelo para ser imitado e para construir o futuro. Educação

- Centrada na transmissão do Conhecimento.

- Processo de assimilação do Conhecimento historicamente acumulado. Escola - Instituição social encarregada do processo de socialização, de transmissão de informações e

da Cultura. Ensino-

Aprendizagem

Mera transmissão e aquisição de informações.

- Subordina Educação à Instrução

- Verbalismo e memorização. Relação

Professor/Aluno

- Autoritária

- Unilateral

- Vertical do professor para o aluno

- Professor é mediador entre cada aluno e os modelos culturais

- Não há interação entre alunos Metodologia

- Aula expositiva e demonstrações feitas pelo professor

- Exercícios de memorização por parte do aluno

- Motivação extrínseca que depende do professor

- “Um método para ensinar tudo a todos” (COMÊNIO) Avaliação - Provas, exames.

- Visa à exatidão na reprodução do conteúdo transmitido.

- Exames como fins em si mesmos e sua aplicação funcional na sociedade como meio de

ascensão social.

Concepção de currículo que deriva da abordagem tradicional

Centrado nos conteúdos a serem transmitidos; currículo fechado; organizado

em disciplinas; baseado na autoridade do professor, priorizando em suas decisões

as necessidades normativas (carência de um sujeito ou grupo com relação a determinado

standard, criança- é um adulto em potencial) que se referem ao sujeito ideal e não ao

Page 5: Teoria Ed Ambiental

aluno concreto; seriado; do mais simples ao mais complexo; fragmentado em disciplinas

estanques.

2 A educação ambiental na vertente ecológico-preservacionista

Relação Ser

Humano e

Natureza

- Separa “mundo construído” do “mundo natural”

- A Natureza é tudo o que está “fora”, não inclui o homem, esquecendo que ele também é uma espécie biológica cujo processo adaptativo requer a transformação do ecossistema

- Idealiza e atribui valores estéticos e éticos a uma “Natureza virgem” não violada pelo homem e pela história

- Oculta os conflitos surgidos pelas modalidades de uso dos recursos naturais determinados pelo estilo dominante que nega à grande maioria da população acesso aos recursos

- Postula a paralisação do desenvolvimento, a manutenção do status que e uma visão catastrófica

em relação aos problemas ambientais

- Conduz muitas vezes a visões místicas da relação, nas quais a concepção “holística” e “planetária” dos problemas oculta as injustiças sociais e econômicas impostas

- O homem é uma entidade abstrata que se distancia da “natureza” também ente abstrato que é culpado de sua destruição

- “Valorização do ser mais do que do ter. Abandono da economia produtiva relacionada com o ter e prioridade para a economia relacionada com o modo de vida do ser” (ACOT, 1990).

- Procura de uma harmonia universal

- A natureza é concebida como valor supremo Relação

Sociedade e

Cultura

- A história do homem não pode ser separada da “história da Ecologia”

- Interpreta a sociedade e a cultura dentro da visão da Sócio-biologia, efetuando graves

reducionismos

- Analisa a sociedade com métodos extraídos da Biologia

- Visão individualista da sociedade que prescinde de análise histórica

- Não considera os aspectos políticos e econômicos derivados do estilo dominante (capitalismo)

como causadores da degradação ambiental

- A culpabilidade é socializada, porém os benefícios da exploração da natureza são privatizados

- Postula uma volta às comunidades “naturais e primitivas”, idealizando-as como se elas fossem

sociedades “harmônicas e sem conflitos”. Incentiva uma saída da sociedade de consumo e “voltar a viver” em contato com a “natureza”

- Postula uma defesa do “verde pelo verde”. O pensamento verde fica a meio caminho entre a

perspectiva transformadora, ou seja, de mudança por meio da ação consciente da sociedade, e a perspectiva de mudança por meio das mudanças dos comportamentos individuais

- A ideologia dos ecologistas se caracteriza por um verdadeiro retorno ao Sagrado, na nostalgia de

Page 6: Teoria Ed Ambiental

uma aliança mística cujas origens remontam ao Renascimento, e que é autorizado por uma quase

identificação da ordem biológica com a ordem social Conhecimento - A essência do pensamento ecologista é ser um pensamento de amor e de aliança. De amor e de

aliança entre os seres humanos; e de amor e aliança entre os homens e a natureza

- Não existe uma teoria de conhecimento explícita. Privilegia o conhecimento originário da

experiência

- Visão imediatista, supostamente “holística”, na qual com uma equívoca consideração da totalidade, esquece a complexidade das inter-relações entre sociedade e natureza

- Prioriza o conhecimento popular

- Faz a crítica ao conhecimento científico positivista Educação

- Privilegia os processos não formais de Educação

- Postula uma educação para a preservação da natureza, sem uma análise econômico-social das causas dos problemas ambientais

- A formação individual e as mudanças de comportamento em relação à natureza seriam suficientes para reverter os processos de deterioração

- Caráter essencialmente ético (sacralização da Natureza)

- Confunde Educação Ambiental com ensino de Ecologia

- Toda e qualquer situação de contato direto da criança com a natureza é considerada como mais formativa que na sala de aula

- O centro da desarmonia está na forma como o homem individualmente se relaciona com a

natureza. A educação se volta para a questão fundamental: “se o homem muda individualmente, o

mundo muda” Escola - Preconiza que as escolas devem ser pequenas e ter alicerces firmes em suas comunidades, para

permitir maior contato entre alunos e professores, entre a escola e o contexto social, e, até, entre os próprios alunos

- Tem como referencial o modelo integralizado de sociedade que não aceita o divórcio entre a sala de aula e o mundo

- A instituição escolar é vista como reprodutora da sociedade dominante, legitimando o conhecimento científico fragmentado

- Muitos autores postulam a desescolorização, uma vez que a instituição escolar isola o homem da

natureza Ensino-

Aprendizagem

- Centrado no amor e apoiada no conhecimento da natureza

- Enfatiza com muita relevância os elementos afetivos, contemplação e beleza, na procura de uma “harmonia essencial”

- Inclui os conteúdos da Ecologia como objeto fundamental do ensino

- Destaca os aspectos éticos e comunitários

- Destaca os aspectos intuitivos do conhecimento

- Resgata o conhecimento popular e muitas vezes o supervaloriza em detrimento do conhecimento científico

- Promoção de eventos isolados, demonstrando preocupação com a questão ambiental,

aproveitando datas marcadas no calendário escolar

Page 7: Teoria Ed Ambiental

Relação

Professor/Aluno

- Tende a ser uma relação horizontal, amistosa e de educação pelo exemplo combinada com

elementos de relação vertical na qual o professor, como interpretador de teorias, impõe visões geralmente reducionistas

- Prioriza a formação nos aspectos éticos e estéticos e as mudanças de comportamento das pessoas Metodologia

- Destaca a importância de “sentir” e amar a natureza

- Passeios, excursões, atividades extra-escolares, que permitam um maior contato com a natureza.

- Trabalho de campo, de reconhecimento de ecossistemas

- Promoção de campanhas preservacionistas

- Plantio de árvores, construção de hortas escolares, coleções entomológicas e botânicas Avaliação - Baseada em valores advindos do amor à natureza

- Efetuada através da verificação da mudança de comportamento, em relação à preservação da

natureza

- Memorização dos conhecimentos

- Reconhecimento de atitudes afetivas e incorporação de valores morais

Concepção de currículo que deriva da vertente Ecológico-preservacionista

Não há uma concepção de currículo específica. O currículo vigente é assumido, e

são acrescentadas atividades de sensibilização em relação aos problemas ambientais e

à preservação da natureza. Organizado em torno dos conhecimentos da Biologia e

da Ecologia; as outras áreas de estudo são interpretadas em função deles. Tem

como objetivo fundamental a formação individual nos aspectos éticos e estéticos para

uma convivência harmônica com a Natureza, sendo estruturado em função de

núcleos temáticos que combinam as atividades escolares com as extra-escolares, dando

ênfase a estas últimas. Utiliza elementos do entorno imediato, reconhecimento

de ecossistemas, trilhas ecológicas, visitas a parques e reservas zoológicas, eco

museus, hortas escolares, plantio de árvores, coleta seletiva do lixo, entre outros.

3 A educação ambiental na vertente socioambiental - perspectiva crítica

Relação Ser

Humano e

Natureza

- Reintegra o homem na natureza, como espécie biológica com características específicas

- O homem, para sua subsistência, se apropria da natureza e tem conhecimento dos mecanismos dessa apropriação

- Ênfase nas inter-relações dinâmicas, historicamente construídas, de intercâmbio e transformação entre as sociedades humanas e os ecossistemas

- O Meio Ambiente se gera e constrói no processo histórico das inter-relações entre sociedade e natureza

Page 8: Teoria Ed Ambiental

- Postula uma compreensão dessas inter-relações mediadas pelos estilos de desenvolvimento

- Trabalha sobre o conceito de desenvolvimento sustentável como eixo central, acrescentando os

indicadores de desenvolvimento humano Relação

Sociedade e

Cultura

- Produto do processo da evolução histórica da humanidade

- Categorias inseparáveis, mutuamente determinantes e determinadas pelas inter-relações entre os

substratos naturais e os tipos de organizações sociais e culturais

- Não é a sociedade, em seu conjunto, a culpada da degradação ambiental, mas o estilo de

desenvolvimento dominante (capitalismo), que produz esgotamento de recursos naturais e exploração do homem pelo homem

- Não vê os problemas ambientais como catástrofes inevitáveis, mas como problemas sociais que

colocam novos desafios ao conhecimento científico, e limites ao próprio homem à medida que ameaça a sua sobrevivência como espécie

- Postula a construção de novas formas sociais de aproveitamento dos recursos (desenvolvimento

sustentável) e de novas relações sociais entre os homens

- Analisa os problemas ambientais de forma crítica, procurando determinar suas causas reais e não

só os efeitos provocados

- Reconhece diferenças fundamentais entre os conceitos de mero crescimento econômico e desenvolvimento sustentável

- Reconhece o aporte essencial das distintas culturas e o resgate dos conhecimentos e das técnicas tradicionais, em relação aos modos de aproveitamento dos recursos naturais

- Aceita, reconhece e valoriza as diversidades culturais

- Visão prospectiva que acredita no futuro aberto da sociedade Conhecimento - Não existe uma teoria do conhecimento explícita

- Podem detectar-se fortes ligações com a Epistemologia Genética com ênfase nas implicações

histórico-sociais

- O fundamento epistemológico da Educação Ambiental deve ser aprofundado no confronto com a

própria experiência e com as reflexões dos epistemólogos a respeito

- Coloca ênfase nas inter-relações histórico-sociais e no conhecimento científico, como construção social da humanidade (sociogênese, psicogênese)

- Faz uma crítica ao paradigma positivista demonstrando que ele, por si só, não consegue explicar os complexos problemas ambientais

- Resgata e valoriza o conhecimento e a experiência tradicional e popular

- Assinala o papel fundamental da interdisciplinaridade, no nível das ciências, e a teoria de

sistemas como instrumentos válidos e necessários ao estudo dos sistemas complexos ambientais Educação

- Privilegia os aspectos formais e não formais da educação, considerando que ambos se complementam

- Postula uma educação para a preservação e conservação da natureza, no marco da análise econômico-social e histórica, dos problemas ambientais (contextualização espacial e temporal)

- Visa à plena realização do homem, em todos os aspectos, à sua sobrevivência e à melhoria da qualidade de vida

Page 9: Teoria Ed Ambiental

- Orientada para a compreensão e solução de problemas sócio-ambientais

- Educação com caráter interdisciplinar, capaz de responder com eficácia às necessidades sociais.

- Educação de caráter permanente orientada para o futuro, com a preocupação de construir valores

e conhecimentos para a tomada de decisões adequada à preservação do ambiente e da própria

sociedade humana

- Em síntese, visa à formação de um cidadão democrático, crítico e participativo Escola - É considerada como uma instituição social pública, de caráter dinâmico e histórico

- Considera que, como instituição social ela é contraditória, conflitante, e pode aparecer como um

importante espaço de luta para a oposição aos processos de homogeneização cultural (MAC

LAREN, APLE)

- Importante para a formação do homem do futuro e no desvelamento das ideologias da sociedade dominante e seu estilo de desenvolvimento

- Permite o acesso e a apropriação do conhecimento historicamente acumulado como instrumento de emancipação

- Não se limita ao espaço isolado de sala de aula, mas que deve servir efetivamente na

comunidade como agente de compreensão e procura de soluções aos problemas ambientais

concretos (possibilidade de solução, no nível escolar) e de identificação das potencialidades para o

desenvolvimento sustentável Ensino-

Aprendizagem

- Centrada em situações-problema, elaboração de diagnósticos ambientais e busca de soluções possíveis

- Identificação das potencialidades ambientais num sentido amplo, naturais, culturais e sociais

- Partir de situações concretas do entorno mais próximo para situações mais globais

- Respeita os estágios de evolução cognitiva e se utiliza das “zonas de desenvolvimento proximal”

- Deve se fundamentar em uma relação capaz de despertar a curiosidade, a criatividade, a competência e a solidariedade

- Enfatiza a análise e a intervenção sobre a realidade física e social que envolve o aluno

- Orienta a aprendizagem no sentido da procura de qualidade de vida e da participação social

- O trabalho de estruturação deve se apoiar no trabalho do coletivo escolar e procurar a integração das disciplinas, dos professores, integrando as experiências individuais dos aluno.

- Ajuda o aluno a construir e ampliar suas representações, multiplicar as oportunidades de

investigação, de construção do pensamento e da linguagem, e a compreensão da complexidade

das relações sociedade - natureza e o exercício do pensamento complexo

- Busca atingir, no mesmo nível, objetivos afetivos, cognitivos, éticos e de habilidades técnicas

- Centrada nas inter-relações, usando os conceitos básicos da Ecologia e de outras ciências, com a

finalidade de construir uma nova visão do mundo Relação

Professor/Aluno

- Professor mediador e organizador do processo pedagógico

- O professor deverá agir como transmissor de conhecimentos ou orientador de atividades,

segundo a necessidade, os temas propostos, os objetivos perseguidos ou momentos específicos do

desenvolvimento

- Essa relação se caracteriza por ser uma mediação, que deverá permitir o estabelecimento de

Page 10: Teoria Ed Ambiental

relações sociais democráticas, onde os elementos de responsabilidade social serão enfatizados

- As relações sociais na escola deverão permitir o exercício da prática social inovadora na vida da

comunidade, deliberações, discussões, resolução de conflitos, estabelecimentos de consensos, etc., que permitam gerar atitudes de cooperação e respeito

- Deverá possibilitar a explicitação e a análise do currículo oculto

- Enriquecimento mútuo dos diversos sujeitos sociais envolvidos, professor-professor, professor-aluno, professores e alunos com a comunidade

- Relação dialógica, comunicativa, solidária, de construção coletiva do conhecimento

- O professor não é passivo, mas também não intervém a priori para impor um modelo

- Favorece a visão de conjunto sobre a situação. Propõe outras fontes de informação, colocando os

alunos em contato com outras formas de pensar Metodologia

- Vale-se de todo um leque de metodologias existentes dentro dos âmbitos da abordagem

pedagógica moderna

- Preconiza o enfoque por situações-problema, núcleos de estudo, organização de atividades de pesquisa, projetos entre outros

- Utiliza o trabalho em equipe como instrumento essencial para a consecução dos objetivos cognitivos, afetivos e éticos

- Utiliza os meios locais e regionais, por exemplo, técnicos ou especialistas que moram na comunidade para a execução dos projetos educacionais

- Postula uma dialética multidirecional, decorrente da interação: projeto-aluno-circunstância de tempo e lugar professor

- Ao priorizar o estudo das inter-relações complexas postula uma metodologia interdisciplinar e um processo de desenvolvimento transversal no currículo escolar

- Orientada para a solução de problemas concretos, identificação de potencialidades ambientais,

participação comunitária e exercício da cidadania Avaliação - Não existe uma proposta definida sobre o processo de avaliação em Educação Ambiental

- Pode inferir-se que a avaliação:

- Se faça de acordo com o projeto que está sendo executado;

- Seja formativa e permanente, considere a avaliação do contexto dos aportes iniciais, do processo e do produto

- Ênfase na avaliação de processo

- Basear-se em múltiplos critérios, considerando os processos de assimilação e de aplicação a situações novas

- Aquisição e consolidação das estruturas cognitivas nos diferentes estágios

- Qualitativa em relação à aquisição de valores, conhecimentos e novos comportamentos

- Capacidade de tomar decisões, fazer deliberações e discussões consensuais

Page 11: Teoria Ed Ambiental

Concepção de currículo que deriva da abordagem sócio-ambiental

A Educação Ambiental na vertente sócio-ambiental não tem um currículo previamente

definido, sendo integrada às diversas disciplinas escolares, e podendo, inclusive,

orientar e inserir-se no projeto pedagógico da unidade escolar. Podem ser estabelecidas

algumas características que se consideram necessárias ao seu desenvolvimento.

Pretende favorecer uma educação integral e integradora, que atinja as necessidades

cognitivas, afetivas e de geração de competências para uma atividade responsável e

ética do indivíduo como agente social comprometido com a melhoria da qualidade de

vida. O estudante deve saber situar-se historicamente e ser capaz de olhar e agir

prospectivamente para a construção de um futuro mais equilibrado em relação ao uso

dos recursos naturais, e justo quanto às relações entre os homens, eliminando as

condições de exploração e pobreza vigentes hoje.

MEDINA, Naná Mininni. Amazônia, uma proposta interdisciplinar de Educação

Ambiental. Brasília, IBAMA, 1994.

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Histórico da Educação Ambiental

Considerando-se que educação ambiental é um processo em construção permanente e que, portanto, torna-se um instrumento de aprendizagem em constante movimento, alguns fatos

e acontecimentos marcantes na história mundial têm sua importância para o estudo proposto neste texto, como os que agora destacamos.

Em 1869, Ernest Haeckel propõe o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre espécies e seu ambiente. Três anos depois, é criado o primeiro Parque Nacional do mundo, o

de Yellowstone, nos Estados Unidos. Desde então, e principalmente após a 2ª Grande Guerra quando do crescimento desenfreado da produção industrial e do conseqüente acirramento da degradação do meio ambiente, começaram a surgir problemas de dimensões globais, que rompiam fronteiras e extrapolavam a regionalidade, como a poluição de rios e mananciais internacionais, a chuva ácida, o buraco na camada de ozônio, o efeito estufa, as ilhas de calor nos grandes centros urbanos, entre outros.

Nesse momento, percebeu-se a importância de uma reflexão mais profunda e a necessidade de um trabalho conjunto entre as nações, concentrando recursos financeiros e tecnológicos para a solução dessas questões e/ou para minimização dos impactos desses fenômenos no

meio ambiente. Nesse sentido, diversas atitudes passam a ser tomadas, principalmente nos países do hemisfério norte. Algumas delas são emblemáticas, tais como a fundação em

1947, na Suíça, a UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza, a mais antiga instituição ambientalista de que se tem registro.

No entanto, ainda não se relaciona diretamente as alternativas de solução aos problemas ambientais a mudança de comportamento e a questão educacional. Só em 1965, foi utilizada pela primeira vez, a expressão “Educação Ambiental” (Environmental Education), durante a “Conferência de Educação”, da Universidade de Keele, na Grã-Bretanha.

Page 12: Teoria Ed Ambiental

O Clube de Roma e o Crescimento Zero

Em 1968, é fundado o Clube de Roma pelo industrial italiano Aurélio Peccei e pelo químico inglês Alexander King, que agregou 100 empresários, políticos, cientistas sociais,

preocupados com as conseqüências do modelo de desenvolvimento predatório adotado pelos países ricos do ocidente e que rapidamente se espalhava por todo o globo terrestre. Em 1971, o Clube encomenda ao MIT – Instituto de Tecnologia de Massachussets, Estados Unidos - um estudo sobre a situação do Planeta.

Como resultado é publicado no ano seguinte, um relatório que leva o nome de “Limites do Crescimento”, que recomenda crescimento zero da atividade econômica e da população, como forma de garantir a continuidade da existência da espécie humana do Planeta. Tal documento é duramente criticado, principalmente porque congelava desigualdades e não previa mudanças nos padrões de produção e consumo adotados pela sociedade, nem

tampouco propunha uma redistribuição de riquezas entre os países e as diferentes camadas da população.

De qualquer modo, foi a primeira vez que um sério instituto de pesquisa, financiado por

poderosos empresários do primeiro mundo, apontava a situação a que o Planeta estava exposto. Por fim, o mundo tomava conhecimento, oficialmente, das limitações ambientais ao crescimento.

A Conferência de Estocolmo

No mesmo ano da publicação, 1972, e como sua conseqüência direta, aconteceu a

Conferência das Nações Unidas, em Estocolmo, debatendo o tema “Crescimento Econômico e Meio Ambiente”, com a presença de 113 países.

Esta Conferência é considerada um marco político internacional para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental. Ali foram propostos novos conceitos como o do Ecodesenvolvimento, uma nova visão das relações entre o meio ambiente e o desenvolvimento; gerados e criados novos importantes programas como o das Nações

Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA); gerados documentos da relevância da Declaração sobre o Ambiente Humano, uma afirmação de princípios de comportamento e responsabilidade que deveriam governar as decisões relativas à área ambiental e o Plano de

Ação Mundial, uma convocação à cooperação internacional para a busca de soluções para os problemas ambientais.

A Conferência também constituiu o Dia Mundial do Meio Ambiente, a ser comemorado no dia 05 de junho de cada ano. A partir dela, a atenção mundial foi direcionada para as questões ambientais, especialmente para a degradação ambiental e a poluição interfronteiras, popularizando o conceito da dispersão, de grande importância para evidenciar o fato de que a poluição não reconhece limites políticos ou geográficos e afeta países, regiões e pessoas para muito além do ponto em que foi gerada.

A posição brasileira

O Brasil, a esta época em plena vigência do regime militar, havia adotado o chamado modelo econômico “nacional-desenvolvimentista”, onde o crescimento a qualquer custo era visto como ferramenta fundante para o progresso e para a melhoria da qualidade de vida da população e vinha acumulando sucessivos índices positivos de crescimento do Produto Interno Bruto.

Era a década do “milagre brasileiro” e os investimentos governamentais em grandes obras eram consideradas prioritários, a rodovia Transamazônica, a Ponte Rio - Niterói, a Usina de Energia Nuclear de Angra, entre outros, ampliavam a infra-estrutura que, por sua vez,

Page 13: Teoria Ed Ambiental

possibilitava o crescimento desenfreado que exigia ainda mais infra-estruturas de base.

Novas estradas, novos portos, novas fronteiras agrícolas, imensos conjuntos habitacionais e assim consecutivamente. Não era de se estranhar, portanto que, diante das discussões em Estocolmo, os representantes brasileiros não tenham reconhecido a gravidade dos problemas ambientais.

Mesmo enfrentando discordâncias, a Conferência de Estocolmo representou um avanço nas negociações mundiais e tornou-se o marco para o entendimento dos problemas planetários e para a emergência de políticas ambientais em muitos países, adotando o slogan “Uma Única Terra” e propondo a busca de uma nova forma de desenvolvimento para o mundo. No mesmo Plano de Ação, foi recomendado o desenvolvimento de novos métodos e recursos instrucionais para a Educação Ambiental e a capacitação de professores.

Congresso de Belgrado

Três anos mais tarde, o Congresso de Belgrado propõe a discussão de nova ética planetária para promover a erradicação da pobreza, analfabetismo, fome, poluição, exploração e dominação humanas. Censurava o desenvolvimento de uma nação à custa de outra e propõe a busca de um consenso internacional. Sugeriu também a criação de um Programa Mundial

em Educação Ambiental. Como resultado, a UNESCO cria, então, o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), que até os dias de hoje tem continuamente atuado na EA internacional e regionalmente. O PIEA mantém uma base de dados com informações sobre instituições de EA em todo o mundo, além de projetos e eventos que envolvem estudantes, professores e administradores.

A Conferência de Tbilisi

A reunião internacional que de fato revolucionou a EA foi a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO e realizada em Tbilisi, na Geórgia em 1977. Embora o evento fosse governamental, participantes não-oficiais se fizeram presentes,

marcando posições e interferindo nas discussões. Conseguiram grandes avanços e estratégias e pressupostos pedagógicos foram adicionados aos seus documentos.

A declaração final de Tbilisi estabelece os princípios orientadores da EA e remarca seu caráter interdisciplinar, crítico, ético e transformador. Anuncia que a EA deveria basear-se na ciência e na tecnologia para a tomada de consciência e adequada compreensão dos

problemas ambientais, fomentando uma mudança de conduta quanto à utilização dos recursos ambientais.

Nosso Futuro Comum

Durante toda a década subseqüente, a humanidade buscou conhecimentos e acordos para propor uma nova sociedade, de caráter local e global.

Em 1983, por decisão da Assembléia Geral da ONU, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD. Presidida pela então primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, tinha como objetivo analisar a interface entre a questão ambiental e o desenvolvimento e propor um plano de ações.

Essa Comissão, chamada de Comissão Brundtland, circulou o mundo e encerrou seus

trabalhos em 1987, com um relatório chamado “Nosso Futuro Comum”. E é nesse relatório que se encontra a definição de desenvolvimento sustentável mais aceita e difundida em todo o Planeta: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente

Page 14: Teoria Ed Ambiental

sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias

necessidades”.

Segundo a Comissão, o desafio era trazer as considerações ambientais para o centro das

tomadas de decisões econômicas e para o centro do planejamento futuro nos diversos níveis: local, regional e global.

Conferencia de Moscou

A conferência seguinte foi a de Moscou (capital da antiga União Soviética), que reuniu cerca de trezentos educadores ambientais de cem países. Visou fazer uma avaliação sobre o desenvolvimento da EA desde a Conferência de Tbilisi, em todos os países membros da

UNESCO. A EA, nessa conferência não-governamental, reforçou os conceitos consagrados pela de Tbilisi, a saber, a Educação Ambiental deveria preocupar-se tanto com a promoção da conscientização e transmissão de informações, como com o desenvolvimento de hábitos e

habilidades, promoção de valores, estabelecimento de critérios padrões e orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões. Portanto, objetivar modificações comportamentais nos campos cognitivo e afetivo.

Rio-92

A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), oficialmente denominada de “Conferência de Cúpula da Terra” e informalmente de Eco-92 ou Rio-92, foi realizada no Rio de Janeiro entre 03 e 14 de junho de 1992, 20 anos após a Conferência de Estocolmo e teve grande importância para reforçar e ampliar essa nova abordagem ambiental, que já vinha sendo discutida em documentos anteriores.

Fez história ao chamar a atenção do mundo para uma questão nova na época: a compreensão de que os problemas ambientais estão intimamente ligados às condições econômicas e à justiça social. Reconheceu a necessidade de integração e equilíbrio entre as

questões sociais e econômicas para a sobrevivência da vida humana no Planeta. Reuniu 103 chefes de estado e um total de 182 países e centenas de organizações da sociedade civil cuja ação teve relevante impacto ao demonstrar claramente os limites da exploração dos recursos naturais. A Conferência aprovou cinco acordos oficiais internacionais: a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; a Declaração de Florestas; a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas; a Convenção sobre Diversidade Biológica e a Agenda 21, um

documento que propõe novos modelos políticos para o mundo em busca do desenvolvimento sustentável. Paralelamente, as organizações não governamentais reunidas no Fórum Internacional das ONGS e

dos Movimentos Sociais, finalizaram e aprovaram o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis e Responsabilidade Global.

Assim, no âmbito governamental e no da sociedade civil, o conceito de sustentabilidade

ganha força e esta nova visão implica na implantação de um modelo de desenvolvimento que garanta a manutenção da Vida no Planeta sob todos os aspectos.

Carta Brasileira para a Educação Ambiental

Paralelamente à Rio-92, o governo brasileiro, através do Ministério da Educação e Desporto – MEC organizou um workshop, no qual foi aprovado um documento denominado “Carta

Page 15: Teoria Ed Ambiental

Brasileira para a Educação Ambiental”, enfocando o papel do estado, estimulando, em

particular, a instância educacional como as unidades do MEC e o Conselho de Reitores

Quadro-síntese do histórico da Educação Ambiental no mundo

ANO / ACONTECIMENTOS

SÉCULO XIX

1869 Ernst Haeckel propõe o vocábulo “ecologia” para os estudos das relações entre as espécies e seu ambiente.

1872 Criação do primeiro parque nacional do mundo “Yellowstone”, USA.

SÉCULO XX

1947 Funda-se na Suíça a UICN- União Internacional para a Conservação da Natureza

1952 Acidente de poluição do ar em Londres provoca a morte de 1600 pessoas

1962 Publicação da “Primavera Silenciosa” por Rachel Carlson

1965 Utilização da expressão “Educação Ambiental” (Enviromental Education) na “Conferência de Educação” da Universidade de Keele, Grã-Bretanha.

1966 Pacto Internacional sobre os Direitos Humanos - Assembléia Geral da ONU

1968 Fundação do Clube de Roma

1972 Publicação do Relatório “Os Limites do Crescimento” - Clube de Roma

1972 Conferência de Estocolmo - Discussão do Desenvolvimento e Ambiente, Conceito de Ecodesenvolvimento. Recomendação 96 Educação e Meio Ambiente

1973 Registro Mundial de Programas em Educação Ambiental - USA

1974 Seminário de Educação Ambiental em Jammi, Finlândia – Reconhece a Educação Ambiental como educação integral e permanente.

1975 Congresso de Belgrado - Carta de Belgrado estabelece as metas e princípios da Educação Ambiental

1975 Programa Internacional de Educação Ambiental - PIEA

1976 Reunião Sub-regional de EA para o ensino Secundário Chosica, Peru. Questões ambientais na América Latina estão ligadas às necessidades de sobrevivência e aos direitos humanos.

Page 16: Teoria Ed Ambiental

1976 Congresso de Educação Ambiental em Brasarville, África, reconhece que a pobreza é o

maior problema ambiental.

1977 Conferência de Tbilisi – Geórgia. Estabelece os princípios orientadores da EA e remarca seu caráter interdisciplinar, critico, ético e transformador.

1979 Encontro Regional de Educação Ambiental para América Latina em San José, Costa Rica.

1980 Seminário Regional Europeu sobre EA , para Europa e América do Norte. Assinala a importância do intercâmbio de informações e experiências.

1980 Seminário Regional sobre EA nos Estados Árabes, Manama, Bahrein. UNESCO - PNUMA.

1980 Primeira Conferência Asiática sobre EA Nova Delhi, Índia

1983 Formação da Comissão Brundtland

1987 Divulgação do Relatório da Comissão Brundtland, Nosso Futuro Comum.

1987 Congresso Internacional da UNESCO - PNUMA sobre Educação e Formação Ambiental em Moscou, URSS. Realiza a avaliação dos avanços desde Tbilisi, reafirma os princípios de Educação Ambiental e assinala a importância e necessidade da pesquisa, e da formação em Educação Ambiental .

1988 Declaração de Caracas, Venezuela, sobre Gestão Ambiental na América. Denuncia a necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento.

1989 Primeiro Seminário sobre materiais para a Educação Ambiental em Santiago, Chile.

1989 Declaração de HAIA, preparatória da RIO 92, aponta a importância da cooperação internacional nas questões ambientais.

1990 Conferência Mundial sobre Ensino para Todos, satisfação das necessidades básicas de aprendizagem, Jomtien, Tailândia. Destaca o conceito de Analfabetismo Ambiental

1990 ONU Declara o ano 1990 como Ano Internacional do Meio Ambiente.

1991 Reuniões preparatórias da Rio 92.

1992 Conferencia sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, UNCED, Rio/92 – Criação da Agenda 21.

Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis.

1992 FORUM das ONG’s - compromissos da sociedade civil com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente.

1992 Carta Brasileira de Educação Ambiental. Aponta as necessidades de capacitação na área. MEC.

1993 Congresso Sul-Americano - continuidade Eco/92 - Argentina

1993 Conferência dos Direitos Humanos. Viena.

1994 Conferência Mundial da População. Cairo

Page 17: Teoria Ed Ambiental

1994 I Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental. Guadalajara, México.

1995 Conferência para o Desenvolvimento Social. Copenhague. Criação de um ambiente econômico-político-social-cultural e jurídico que permita o desenvolvimento social.

1995 Conferência Mundial da Mulher (Pequim, China)

1995 I Conferência Mundial do Clima (Berlim, Alemanha)

1996 Conferência Habitat II (Istambul, Turquia)

1996 II Conferência Mundial do Clima (Genebra, Suíça)

1997 II Congresso Ibero-americano de EA . Junho (Guadalajara, México)

1997 Conferência sobre Educação Ambiental (Nova Delhi, Índia)

1997 Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública para a Sustentabilidade, Thessaloniki, Grécia. Rio + 5 Sessão especial da Assembléia Geral da ONU realizada en Nova York.

1997 III Conferencia das Partes (Quioto, Japão) onde foi proposto. O PROTOCOLO DE QUIOTO, acordo para diminuição dos gases efeito estufa.

1999 Conferência Mundial do Clima (Bonn, Alemanha)

2000 Conferência Mundial do Clima (Haia, Holanda)

2001 I FÓRUM SOCIAL MUNDIAL (Porto Alegre, Brasil)

2002 Rio + 10 (Joanesburgo, África)

2002 II Fórum Social Mundial ( Porto Alegre, Brasil)

2002 VIII Conferência Mundial do Clima, adoção da Declaração de Déli sobre Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável ( Nova Déli, Índia)

2003 III Fórum Social Mundial (Porto Alegre, Brasil) I Conferencia Brasileira de Meio Ambiente

2004 IV Fórum Social Mundial (Índia)

2004 V Fórum de Educação Ambiental ( Goiânia, Brasil)

BRASIL/IBAMA – Como o Ibama exerce a educação ambiental. Coordenação Geral de Educação Ambiental – Brasília: Edições IBAMA, 2002.

BRASIL/IBAMA – Diretrizes para Operacionalização do Programa Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1996.

BRASIL/IBAMA – Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: Edições IBAMA, 2000.

Page 18: Teoria Ed Ambiental

BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Educação ambiental legal. Secretaria de Educação

Fundamental, Coordenação Geral de Educação Ambiental, Brasília: MEC, 2002.

BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto

ciclos do ensino fundamental – temas transversais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,

1998.

BRASIL/MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – I Conferência Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos

Recursos Hídricos e da Amazônia Legal – MMA e Ministério da Educação e do Desporto – MEC, 1997.

DUAILIBI, Miriam; ARAUJO Luciano. Oficina de Educação Ambiental para Gestão. Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, 1995.

Conceitos de Educação Ambiental

Na Conferência de Tbilisi (1977), a Educação Ambiental foi definida como “uma

dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos

problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques multidisciplinares e de uma

participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade”.

No entanto, os que convivem com a EA se depararam com uma surpreendente

diversidade sob o guarda-chuva dessa denominação. Atualmente, podemos encontrar

uma gama imensa de conceitos, práticas e metodológicas que, por sua vez, ora se

subdividem, ora se antagonizam, ora se mesclam. Não é, pois, tarefa fácil analisar,

qualificar e adjetivar a educação ambiental. Suas práticas têm sido categorizadas de

muitas maneiras: Educação Ambiental popular, crítica, política, comunitária, formal,

não formal, para o desenvolvimento sustentável, para a sustentabilidade,

conservacionista, socioambiental, ao ar livre, entre tantas outras.

Vejamos algumas destas principais correntes do ambientalismo e como se dá a inserção

da educação ambiental, em cada uma delas:

Conservacionismo:

Com significativa presença nos países mais desenvolvidos, ganha grande impulso com a

divulgação dos impactos sobre a natureza causados pelos atuais modelos de

desenvolvimento. Sua penetração no Brasil se dá a partir da atuação de entidades

conservacionistas como a UIPA e a FBCN, e da primeira tradução para o português de

um livro (Tanner, 1978) sobre educação ambiental.

Page 19: Teoria Ed Ambiental

A partir de então, esta corrente é mantida no país especialmente por ONGS de origem

internacional que se dedicam à proteção, conservação e preservação de espécies,

ecossistemas e do Planeta como um todo; à conservação da biodiversidade; às questões

do aquecimento global e o efeito estufa; ao enfrentamento da questão da rápida

deterioração dos recursos hídricos; ao diagnóstico e análise dos grandes fenômenos de

degradação da natureza, incluindo a espécie humana como parte da natureza; ao estudo

e formulação de banco de dados que sirvam de base para a conservação e utilização dos

recursos naturais.

Na última década, no entanto, a atuação destas instituições no Brasil tem se alterado

substancialmente. Com freqüência, elas mantêm programas de Educação Ambiental,

com as comunidades do entorno de suas áreas de atuação, com caráter prioritário de

disponibilizar informações sobre os ecossistemas em estudo, mas também agregando

projetos de inclusão social e emancipação política.

Socioambientalismo

Tem suas raízes mais profundas fincadas nos movimentos de resistência aos regimes

autoritários na América Latina. No Brasil, esses ideais foram constitutivos da educação

popular que rompe com a visão tecnicista, difusora e repassadora de conhecimentos.

Paulo Freire teve papel preponderante na defesa deste tipo de educação e inspirou

centenas de educadores brasileiros e em todo mundo que romperam com a visão

tecnicista e reprodutora de conhecimentos para construir uma educação emancipatória,

transformadora, libertária.

Uma importante vertente da EA se inspira nos ideais democráticos e emancipatórios da

Educação Popular e lhe acrescenta a dimensão ambiental buscando compreender as

relações sociedade e natureza para intervir nos conflitos socioambientais. Entre as

principais expressões desta corrente estão o histórico seringalista Chico Mendes e sua

discípula Marina Silva, hoje Ministra do Meio Ambiente. Seus pressupostos apontam

para o fomento de uma cultura de procedimentos democráticos; de estímulo a processos

participativos e horizontalizados; de formação e aprimoramento de organizações, de

diálogo na diversidade; de auto-gestão política; de inclusão social e de uma organização

social mais justa e eqüitativa.

Desenvolvimento Sustentável e/ou a Economia Ecológica

Vertente que surge na década de 70, inspirada no conceito de ecodesenvolvimento

(Ignacy Sachs, 1986) e no “O negócio é ser pequeno” (Schumacher, 1981). Ganha

grande impulso na segunda metade da década de 80, quando governos e organismos

internacionais começam a se preocupar com o futuro da vida no Planeta e passam a

Page 20: Teoria Ed Ambiental

publicar documentos como “Nosso futuro comum” , a propor mecanismos de regulação

do uso dos recursos naturais, a criar novas legislações.

Se expressa hoje, sobretudo no chamado “Capitalismo Natural” (Lovins, 2002) e no

Ecodesign, entendido como planejamento das intervenções antrópicas no ambiente,

utilizando tecnologias e materiais desenhados ecologicamente.

De grande influência nos países do hemisfério norte, esta corrente representa um grande

avanço no uso racional dos recursos naturais, na redução do consumo de energia, na

minimização de emissão de gases poluentes, na redução e no tratamento dos resíduos,

na ecoeficiência etc. Exerce grande influencia nos bancos internacionais e nos

organismos multilaterais e em especial em documentos do PNUMA, FAO, UNESCO

entre outros.

Seu sucesso está intimamente relacionado ao surgimento dos conceitos de

“responsabilidade social e desenvolvimento sustentável”, frutos de décadas de trabalho

dos movimentos da sociedade civil, especialmente o movimento feminista, de direitos

humanos e o ambientalista que forjaram consumidores, eleitores e investidores mais

exigentes.

Surge um grande número de fundações, institutos e associações governamentais,

privadas e mistas que passam a trabalhar a educação ambiental sob a ótica da construção

de um novo modelo de produção, distribuição, consumo e descarte. Algumas ONGs

ambientalistas que tradicionalmente trabalham a questão da Educação Ambiental se

associam e/ou firmam parcerias com instituições de pesquisa nacionais e internacionais

e passam a atuar fortemente com tais conceitos e práticas.

Ecopedagogia

Tem como fundamento a concepção de Paulo Freire da educação como ato político que

possibilita ao educando perceber seu papel no mundo e sua inserção na história. A

ecopedagogia prega um olhar global a partir das práticas do cotidiano. Nela a noção de

natureza está embasada na Hipótese de Gaia, de James Lovelock e no pensamento de

Fritjof Capra e Leonardo Boff e está associada a elementos espirituais.

Assim, os referencias teóricos que fundamentam suas práticas são: o holismo, a

complexidade e a pedagogia freireana.

As duas últimas características, especialmente, dão o tom da abordagem metodológica

desta vertente que busca contribuir para a formação de novos valores para uma

sociedade sustentável.

Compreende a educação a partir de uma concepção ”dinâmica criadora e racional onde

a harmonia ambiental supõe tolerância, respeito, igualdade social, cultural, de gênero e

aceitação da biodiversidade”

Page 21: Teoria Ed Ambiental

(Gutierrez e Prado, 2000).

A ecopedagogia se afirma como movimento social em torno, principalmente, da

formulação e discussão da Carta da Terra.

Para saber mais, consulte: Carta da Ecopedagogia (em defesa da pedagogia da

Terra):www.paulofreire.terra.com.br

Educação para Sociedades Sustentáveis

Apresenta-se como uma possibilidade única de reconstruir nossa história, nossa relação

com a natureza, como o desejo de construir uma nova globalização, verdadeira,

solidária capaz de gerar valores que ofereçam novo sentido à existência humana no

Planeta.

A falência do modelo de desenvolvimento adotado pelos humanos nos últimos dez mil

anos, a compreensão de que a dimensão social, econômica, ambiental, política e cultural

de cada sociedade estão absolutamente interconectadas, a percepção de que a

sustentabilidade só pode ser construída coletivamente através de um grande processo de

mudança cultural aponta os caminhos para esta vertente da EA no Brasil, que apresenta

características bastante peculiares e inovadoras.

Tomando como referência contribuições que a ciência e a tecnologia, especialmente na

década de 90, trazem à ecologia e aos movimentos ambientalistas, esta nova vertente

acrescenta a eles a sensibilidade social e a busca emancipatória advinda dos

movimentos sociais.

Na prática, busca aplicar cientificidade aos projetos educacionais, incorporando a eles o

arcabouço científico da Teoria da Complexidade, da teoria dos Sistemas Vivos e do

pensamento sistêmico sem, no entanto, deixar de contemplar a dimensão social, cultural

e pedagógica da sustentabilidade.

Um dos pontos principais deste pensamento fundamenta-se nos princípios do respeito à

diversidade, na inclusão, na horizontalidade e no trabalho em rede.

É nesta corrente que está abrigada a pedagogia formulada pelo físico, ecologista e

pensador Fritjof Capra, a alfabetização ecológica, que parte do pressuposto que a

sobrevivência da nossa espécie no Planeta está diretamente vinculada à nossa

capacidade de entender os princípios de organização que os ecossistemas

desenvolveram para sustentar a teia da vida e assim obter o conhecimento e o

comprometimento necessários para desenhar comunidades humanas sustentáveis.

No Brasil, esta corrente vem ganhando adeptos entre ONGS e órgãos públicos e tem

sido aplicada especialmente em escolas de ensino fundamental. Para saber mais

consulte: www.ecoliteracy.org

Page 22: Teoria Ed Ambiental

Dentre os chamados projetos de construção de sociedades sustentáveis, se apresentam

os projetos ecologicamente desenhados, rurais e urbanos. A agroecologia, os projetos de

seqüestro de gases efeito estufa, os de energia alternativa com geração de renda para as

comunidades envolvidas, as ecovilas, os projetos agroflorestais, nela se inserem,

apresentando, diferentemente dos projetos de ecodesenvolvimento, um forte viés de

desenvolvimento local sustentável, inclusão social e fortalecimento das comunidades.

As cinco correntes de educação ambiental citadas apresentam uma vasta diversificação

de temas, objetivos e estratégias, cada uma delas influenciando e se identificando com

distintos projetos de educação ambiental, em diversos locais do país.

Em comum, o desejo de contribuir para a conservação da biodiversidade, para a

inclusão social; para a participação na vida pública, para o aprimoramento individual e

coletivo, para um modelo de desenvolvimento mais justo e eqüitativo. Todas elas são

uníssonas na compreensão da fundamentalidade dos processos educativos para que este

percurso se faça possível.

Os princípios básicos da educação ambiental:

É fundamental que a EA esteja calcada em princípios básicos, por isso, a seguir, uma

seleção dos mais relevantes:

- Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos

naturais e nos criados pelos seres humanos, tecnológicos e sociais (econômico,

político, técnico, histórico-cultural, moral e estético);

- Constituir um processo educativo contínuo e permanente, começando pelos

primeiros anos de vida e continuando através de todas as fases do ensino formal e

não-formal;

- Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada

disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;

- Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional,

nacional e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as

condições ambientais de outras regiões geográficas;

- Trabalhar com o conhecimento contextual, com estudos do meio.

- Concentrar-se nas situações ambientais atuais, mas levando em conta, a

perspectiva histórica, resgatando os saberes e fazeres tradicionais;

- Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e global para

prevenir e resolver os problemas ambientais;

Page 23: Teoria Ed Ambiental

- Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de

desenvolvimento e de crescimento;

- Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;

- Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a

necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para

resolver os problemas;

- Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para

comunicar-se e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, estimulando o

indivíduo a analisar e participar na resolução dos problemas ambientais da

coletividade;

- Estimular uma visão global (abrangente/holística) e crítica das questões

ambientais;

BRASIL/IBAMA – Como o IBAMA exerce a educação ambiental. Coordenação Geral

de Educação Ambiental – Brasília: Edições IBAMA, 2002.

BRASIL/IBAMA – Diretrizes para Operacionalização do Programa Nacional de

Educação Ambiental. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis, 1996.

BRASIL/IBAMA – Pensando e praticando a educação ambiental na gestão do meio

ambiente. Brasília: Edições IBAMA, 2000.

BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Educação ambiental legal. Secretaria de

Educação Fundamental, Coordenação Geral de Educação Ambiental, Brasília: MEC,

2002.

BRASIL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – Parâmetros curriculares nacionais: terceiro

e quarto ciclos do ensino fundamental – temas transversais. Secretaria de Educação

Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL/MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E

CULTURA – I Conferência Nacional de Educação Ambiental. Brasília: Ministério do

Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia

Legal – MMA e Ministério da Educação e do Desporto – MEC, 1997.

DUAILIBI, Miriam; ARAUJO Luciano. Oficina de Educação Ambiental para Gestão.

Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, 1995.

_____________________________________________________________________

VAgenda 21

Page 24: Teoria Ed Ambiental

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

O que é a Agenda 21?

A Agenda 21 é um documento gerado a partir da Rio Eco-92 para implantação global, prevendo, em mais de 40 tópicos, as possibilidades de desenvolvimento sustentável para o planeta, onde se possa gerar desenvolvimento sem prejuízos à qualidade de vida do ser humano e às condições ambientais. Pode-se resumir essa filosofia no encaminhamento das condições de vida do planeta para um ambiente justo e saudável, com o equilíbrio perfeito entre o ser humano, a natureza e a economia, sem prejudicar o desenvolvimento e a qualidade de vida, e sem degradar o ambiente planetário. Esse mesmo documento prevê a implantação da Agenda 21 nacional, que deverá ser implementada, em cada país, observando-se suas características peculiares e, ainda, a Agenda 21 local que, em tese, deve ser implementada em cada cidade ou localidade onde exista um núcleo humano com necessidades de crescimento e de sustentabilidade ambiental e econômica, sem prejuízo da qualidade de vida e da degradação dos ecossistemas. As bases lógicas para a implementação das Agendas por país e por localidade são óbvias: não se poderá construir um mundo sustentável, saudável e com um ambiente protegido, sem que as respectivas ações nesse sentido tenham início nas bases dos habitantes que dominam o planeta e são capazes de transformá-lo para melhor ou pior, ou seja, os seres humanos. Daí a adoção do tão alardeado slogan: "pensar globalmente e agir localmente". A soma das boas ações locais vai produzir uma globalização condizente e correspondente. As agendas locais - Estados, municípios, regiões e comunidades - têm, portanto, papel fundamental na elaboração da agenda nacional. Partindo-se do microcosmo para o macrocosmo pode haver participação ativa de todas as comunidades, de todos os habitantes na criação de um plano de sustentabilidade maior e mais abrangente. Afinal, o ser humano, individualmente, é a célula da sociedade, que, por sua vez, forma uma nação, um país, e o planeta. 1. A humanidade se encontra em um momento de definição histórica. Defrontamo-nos com a perpetuação das disparidades existentes entre as nações e no interior delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não obstante, caso se integre as preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer às necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obterem ecossistemas melhor protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos - em uma associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável. 2. Essa associação mundial deve partir das premissas da resolução 44/228 da Assembléia Geral de 22 de dezembro de 1989, adotada quando as nações do mundo convocaram a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e da aceitação da necessidade de se adotar uma abordagem equilibrada e integrada das questões relativas a meio ambiente e desenvolvimento. 3. A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de tudo, dos Governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e complementar tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais e sub-regionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla participação pública e o envolvimento ativo das organizações não-governamentais e de outros grupos também devem ser estimulados.

Page 25: Teoria Ed Ambiental

4. O cumprimento dos objetivos da Agenda 21 acerca de desenvolvimento e meio ambiente exigirá um fluxo substancial de recursos financeiros novos e adicionais para os países em desenvolvimento, destinados a cobrir os custos incrementais necessários às ações que esses países deverão empreender para fazer frente aos problemas ambientais mundiais e acelerar o desenvolvimento sustentável. Além disso, o fortalecimento da capacidade das instituições internacionais para a implementação da Agenda 21 também exige recursos financeiros. Cada uma das áreas do programa inclui uma estimativa indicadora da ordem de grandeza dos custos. Essa estimativa deverá ser examinada e aperfeiçoada pelas agências e organizações implementadoras. 5. Na implementação das áreas pertinentes de programas identificadas na Agenda 21, especial atenção deverá ser dedicada às circunstâncias específicas com que se defrontam as economias em transição. É necessário reconhecer, ainda, que tais países enfrentam dificuldades sem precedentes na transformação de suas economias, em alguns casos em meio à considerável tensão social e política. 6. As áreas de programas que constituem a Agenda 21 são descritas em termos de bases para a ação, objetivos, atividades e meios de implementação. A Agenda 21 é um programa dinâmico. Ela será levada a cabo pelos diversos atores segundo as diferentes situações, capacidades e prioridades dos países e regiões e com plena observância de todos os princípios contidos na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Com o correr do tempo e a alteração de necessidades e circunstâncias, é possível que a Agenda 21 venha a evoluir. Esse processo assinala o início de uma nova associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável. Os capítulos seguintes estão disponibilizados em. http://www.mma.gov.br/sitio/

Capítulo 2 COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA ACELERAR O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

DOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E POLÍTICAS INTERNAS CORRELATAS

Capítulo 3 COMBATE À POBREZA

Capítulo 4 MUDANÇA DOS PADRÕES DE CONSUMO

Capítulo 5 DINÂMICA DEMOGRÁFICA E SUSTENTABILIDADE

Capítulo 6 PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DAS CONDIÇÕES DA SAÚDE HUMANA

Capítulo 7 PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS ASSENTAMENTOS HUMANOS

Capítulo 8 INTEGRAÇÃO ENTRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO NA TOMADA DE DECISÕES

Capítulo 9 PROTEÇÃO DA ATMOSFERA

Capítulo 10 ABORDAGEM INTEGRADA DO PLANEJAMENTO E DO GERENCIAMENTO DOS RECURSOS TERRESTRES

Capítulo 11 COMBATE AO DESFLORESTAMENTO

Capítulo 12 MANEJO DE ECOSSISTEMAS FRÁGEIS: A LUTA CONTRA A DESERTIFICAÇÃO E A SECA

Capítulo 13 GERENCIAMENTO DE ECOSSISTEMAS FRÁGEIS: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS MONTANHAS

Page 26: Teoria Ed Ambiental

Capítulo 14 PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL E AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL

Capítulo 15 CONSERVAÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA

Capítulo 16 MANEJO AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DA BIOTECNOLOGIA

Capítulo 17 PROTEÇÃO DOS OCEANOS, DE TODOS OS TIPOS DE MARES - INCLUSIVE MARES FECHADOS E SEMIFECHADOS - E DAS ZONAS COSTEIRAS, E PROTEÇÃO, USO RACIONAL E DESENVOLVIMENTO DE SEUS RECURSOS VIVOS

Capítulo 18 PROTEÇÃO DA QUALIDADE E DO ABASTECIMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS: APLICAÇÃO DE CRITÉRIOS INTEGRADOS NO DESENVOLVIMENTO, MANEJO E USO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Capítulo 19 MANEJO ECOLOGICAMENTE SAUDÁVEL DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS TÓXICAS, INCLUÍDA A PREVENÇÃO DO TRÁFICO INTERNACIONAL ILEGAL DOS PRODUTOS TÓXICOS E PERIGOSOS

Capítulo 20 MANEJO AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DOS RESÍDUOS PERIGOSOS, INCLUINDO A PREVENÇÃO DO TRÁFICO INTERNACIONAL ILÍCITO DE RESÍDUOS PERIGOSOS

Capítulo 21 MANEJO AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E QUESTÕES RELACIONADAS COM OS ESGOTOS

Capítulo 22 MANEJO SEGURO E AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS

Capítulo 23 SEÇÃO III. FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS GRUPOS PRINCIPAIS PREÂMBULO

Capítulo 24 AÇÃO MUNDIAL PELA MULHER, COM VISTAS A UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EQÜITATIVO

Capítulo 25 A INFÂNCIA E A JUVENTUDE NO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Capítulo 26 RECONHECIMENTO E FORTALECIMENTO DO PAPEL DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS E SUAS COMUNIDADES

Capítulo 27 FORTALECIMENTO DO PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS: PARCEIROS PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Capítulo 28 INICIATIVAS DAS AUTORIDADES LOCAIS EM APOIO À AGENDA 21

Capítulo 29 FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS TRABALHADORES E DE SEUS SINDICATOS

Capítulo 30 FORTALECIMENTO DO PAPEL DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA

Capítulo 31 A COMUNIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Capítulo 32

FORTALECIMENTO DO PAPEL DOS AGRICULTORES

Capítulo 33 SEÇÃO IV. MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO RECURSOS E MECANISMOS DE FINANCIAMENTO

Page 27: Teoria Ed Ambiental

Capítulo 34 TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA AMBIENTALMENTE SAUDÁVEL, COOPERAÇÃO E FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL

Capítulo 35 A CIÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Capítulo 36 PROMOÇÃO DO ENSINO, DA CONSCIENTIZAÇÃO E DO TREINAMENTO

Capítulo 37 MECANISMOS NACIONAIS E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA FORTALECIMENTO INSTITUCIONAL NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

Capítulo 38 ARRANJOS INSTITUCIONAIS INTERNACIONAIS

Capítulo 39 INSTRUMENTOS E MECANISMOS JURÍDICOS INTERNACIONAIS

Capítulo 40 INFORMAÇÃO PARA A TOMADA DE DECISÕES

Anexo DECLARAÇÃO DO RIO SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Agenda 21 Escolar - Implantação

Porque Agenda 21 Escolar?

A escola é uma comunidade que tem influência efetiva não apenas dentro de seus muros, nos momentos de instrução a seus alunos, mas também em toda a comunidade formada pelos respectivos familiares e moradores de seu entorno. A escola, em suas novas atribuições, estabelecidas passo a passo por técnicos do ensino, pode ser considerada o cérebro que comanda um corpo maior, constituído pelos lares dos alunos e pela comunidade em que está inserida, extrapolando em muito as estreitas divisas de seus muros e afetando diretamente a vida de um volume de pessoas extremamente maior do que o mero número de estudantes que a freqüenta, sendo, por isso, também responsável pela avaliação crítica e física dos problemas sociais, pessoais e ambientais dos ramos dela derivados, e pela busca de auxílio em sua solução. A escola é à base de formação do cidadão. A escola é a responsável pela educação que influenciará na vida profissional, social e pessoal do aluno e em sua convivência familiar. A escola influencia e é influenciada pelos movimentos que agitam o seu entorno, como festividades, violência familiar e social, decisões da coletividade, desenvolvimento agrário, industrial e comercial, etc. Além disso, em muitas comunidades, a escola é o órgão ao qual os cidadãos recorrem, como se fosse um organismo de ajuda, apoio e resolução de problemas familiares ou sociais. Desnecessário, por óbvios, destacar outros pontos de importância da escola na comunidade. Portanto, nada mais útil e proveitoso do que se começar um processo de elaboração de Agenda 21 dentro do âmbito de atuação direta e indireta da escola. Agenda 21 Escolar 1. O que é a Agenda 21 Escolar?

A Agenda 21 escolar é a formatação do texto base da Agenda 21 local para aplicação no meio de influência da escola, tanto nos recintos escolares, como no meio familiar e social onde tal influência é exercida. Visa da mesma forma que as demais agendas, a sustentabilidade social e econômica, atendendo às necessidades humanas para uma vida digna e a proteção do meio ambiente, tanto o ambiente utilizado pelos cidadãos, como formados pelos ecossistemas da região.

Page 28: Teoria Ed Ambiental

2. Requisitos Básicos da Elaboração da Agenda 21 Escolar A adoção de uma metodologia de trabalho que deverá ser buscada por consenso entre representantes do estabelecimento escolar, dos alunos, da coletividade em sua área de influência, do poder público e de organismos não governamentais, voluntários, técnicos, líderes comunitários e religiosos, em reuniões previamente designadas para tanto; A realização de pesquisas para apuração dos problemas existentes na área de atuação da agenda, englobados os problemas de saúde da população local, de degradação do meio ambiente ou riscos ambientais, de segurança, problemas sociais diversos como desemprego, alcoolismo, uso de drogas, etc.; Avaliação técnica, por pessoal habilitado, e consenso popular, através de reuniões, das soluções para estancar, reverter ou pelo menos amenizar os problemas, buscando os meios de sustentabilidade econômica da população, a melhora de sua qualidade de vida e a melhoria ambiental, com preservação de áreas, criação de novas áreas, saneamento, melhoria dos elementos já implantados, e, essencialmente, educação de cunho social e ambiental; Apuradas as ações necessárias, verificar os respectivos custos e os meios de financiamento; Envolver o poder público, através das negociações necessárias, para que solucione ou busque soluções para os problemas que são de sua exclusiva atribuição, e para que colabore na solução de outros, que estejam dentro de suas possibilidades governamentais; Mobilizar os setores da sociedade que de alguma forma possam auxiliar na concretização dos projetos relativos à solução dos problemas apurados; Dar andamento às ações de correção, reversão e erradicação de tais problemas. 3. Elaboração prática da Agenda 21 Escolar 1.º passo: Realização de fórum, convocado de maneira oficial, para início dos trabalhos de implementação da Agenda 21 do estabelecimento educacional em que for implantada. Nesse fórum deverão ser escolhidos os participantes da respectiva comissão, que será presidida por um Coordenador Técnico, com o resumo dos trabalhos anotados por um relator. A comissão deverá contar, na medida do possível, com elementos da escola - tanto do corpo discente como do corpo docente -, da comunidade, do poder público, das lideranças locais, entidades não governamentais, etc. 2.º passo: buscar a participação popular para o fórum e as reuniões periódicas da agenda, para o auxílio na detecção de problemas e em sua erradicação ou minimização. Buscar o auxílio dos órgãos da imprensa, para apoio educacional e jornalístico e de órgãos do poder público ligados aos problemas apontados; 3.º passo: promover ações dentro da escola, com os alunos, na pesquisa das situações prejudiciais ou degradantes e na elaboração de concursos, como redação e poesia sobre temas correlatos, como, p.e., "como gostaria de ver minha escola e meu bairro daqui a 10 anos"; gincanas educativas e construtivas, jogos cooperativos, atividades que possam despertar o sentimento de amor pela comunidade e de patriotismo, como ações voluntárias de ajuda a doentes, deficientes, desempregados, etc.;

Page 29: Teoria Ed Ambiental

4.º passo: trabalhar com ações práticas e economicamente viáveis, dentro de um processo de educação ambiental entrelaçado com criação de hortas comunitárias, ou hortas individuais, coleta seletiva de lixo e comercialização do lixo reciclável, cursos sobre compostagem dos resíduos orgânicos e sua aplicação nas hortas, comunitárias ou individuais, saneamento e tratamento de resíduos nas áreas rurais, etc.; 5.º passo: identificar os temas que serão incluídos no documento inicial a ser elaborado pela comissão escolhida e que se chamará "Agenda 21 Escolar da Escola .....", devendo esses temas ser identificados pela comissão e pela comunidade participante do fórum. Os temas não deverão ultrapassar a dez ou doze, para que não se impossibilite a realização de tarefas em todas as frentes. É conveniente que sejam escolhidos especialistas ou professores das respectivas áreas para que, de início, façam um relatório da situação atual da comunidade a ser trabalhada, ou seja, o cenário inicial dos trabalhos, assim como um cenário do passado e uma projeção de um cenário ideal em um determinado prazo - 10 anos, por exemplo, dando publicidade desse levantamento 6.º passo: elaboração de projetos e/ou planos estratégicos, ou seja, a discriminação, passo a passo, das atividades necessárias à realização dos objetivos previstos em cada um dos temas selecionados para a agenda, com cálculo de custos, de recursos materiais e humanos; 7.º passo: finalmente, a implementação prática, etapa por etapa, daquelas previstas nos projetos e/ou planos estratégicos, angariando os recursos necessários dentro do plano de ação e atendendo às necessidades da etapa em andamento. 4. Acompanhamento dos trabalhos I - Reuniões dos Coordenadores das Agendas 21 Escolares implantadas, periodicamente, sugerindo-se que isso ocorra de três em três meses, para troca de informações e experiências, que serão levadas aos respectivos fóruns permanentes; II - Realização periódica de Seminários e Cursos de Atualização e Capacitação para os participantes efetivos dos fóruns permanentes de debates, e demais interessados, buscando envolver o pessoal dos órgãos governamentais, como o Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Secretarias Municipais de Educação, Planejamento, Saúde, Social, órgãos de Infância e Adolescência, etc. 5. Lembrar-se de que: * a agenda deverá ter sempre em mira a sustentabilidade econômica da comunidade, a preservação e implementação de áreas de preservação e os respectivos cuidados, o cunho permanente de educação individual, familiar, social e ambiental, interligados dentro das ações previstas na agenda; o trabalho cooperativo, a criação de núcleos de apoio social, o fortalecimento das instituições oficiais e de liderança da comunidade; * a agenda 21 nunca termina. Ela é sempre reconstituída, reconstruída, repassada, corrigida dentro dos fóruns de discussão e de acordo com a avaliação dos rumos dos trabalhos, as fontes de financiamento, as parcerias, novos problemas que possam surgir, novas soluções encontradas, etc.; * os fóruns de discussão são permanentes, devendo a periodicidade ser decidida pela respectiva comissão, e nele deverão ser sempre revistos e repassados os trabalhos do período. Além disso, deverão estar sempre abertos à participação de todos os membros da comunidade, do poder público, da imprensa, de entidades de apoio, de patrocinadores, enfim, do todo a que pretende servir e de quem recebe apoio humano, material ou financeiro;

Page 30: Teoria Ed Ambiental

* a agenda poderá ter início com ações de menor impacto, dependendo de suas possibilidades, e enriquecida posteriormente pela experiência dos participantes, do aumento do grupo, de maiores patrocínios, de maior apoio dos órgãos de política pública, etc. O sucesso da implantação da agenda 21 escolar em cada município depende apenas do empenho com que as pessoas que a apoiarem,no âmbito de influência de cada escola, se disponham a aplicar em benefício da comunidade escolar e da comunidade influenciada, doando-se em puro ato de amor aos alunos, familiares e coletividade, e ao povo, à nação, ao país e, por extensão a todo planeta terra - nosso lar comum na imensidão infinita do cosmos. As mãos que se puserem á obra plantarão milhares de sementes para reflorestar a vida. Associação Ecológica Vertente

Texto: Francisco Antonio Romanelli

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO

INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental tem nos seus marcos legais um instrumento suficientemente eficaz, quando se deseja trabalhar sob esta ótica e dimensão e se encontra possíveis dificuldades institucionais, ou ainda, se têm complicados os trâmites para fazê-lo. Embora encontre amplo amparo legal, a Educação Ambiental traz imbuída em si um novo paradigma, que por ser novo e ser paradigma encontra resistências. Resistências essas que serão rompidas a partir da construção coletiva dos novos marcos conceituais.

É bom que se ressalte que, quer seja do ponto de vista da Educação Ambiental no ensino formal, quer seja aquela para o trabalho não-formal, em ambas temos na legislação o amparo à sua exeqüibilidade.

A partir das reuniões intergovernamentais e das internacionais, uma série de acordos clamados pela sociedade mundial tem encontrado eco entre os legisladores brasileiros e, seja para dar uma satisfação à sociedade internacional, seja para consolidar processos de compromissos reais com a humanidade e com o planeta, o fato é que a legislação brasileira é rica ao tratar dos temas ambientais de um modo geral e presente ao que diz respeito à Educação Ambiental, desta forma é interessante tomar conhecimento destes instrumentos para sabermos exatamente como fazer o melhor uso deles.

Page 31: Teoria Ed Ambiental

A Educação Ambiental está em processo de construção. Aquilo a que nos referimos como consciência ambiental, processos de desenvolvimento sustentável, novas formas de produção ambientalmente corretas, além, naturalmente, dos novos desafios pedagógicos de aglutinar todos estes questionamentos num processo contínuo e continuado de ensino e de mudanças qualitativas de atitude frente ao meio ambiente e à comunidade. Tudo isto nos dá mostra do quanto temos para construir, questionar, inserir e valorar, no que diz respeito à relação sociedade natureza.

Apesar de tudo, por serem estas coisas tão novas, é muitas vezes difícil conseguir o espaço adequado de discussão, seja no âmbito da escola, seja no âmbito da sociedade como um todo. Dessa forma, conhecer e saber usar adequadamente os instrumentos legais é de fundamental importância.

Apresentaremos alguns instrumentos que têm tratado diretamente da inserção da Educação Ambiental no panorama nacional, da Lei de Política Nacional de Educação Ambiental e de alguns outros instrumentos legais que facilitam as ações de cuidados específicos com o ambiente.

A Legislação Ambiental Brasileira, por ser muito ampla, estará indicada e disponibilizada em sites da internet.

LEI 6938/81 E O DECRETO 99.274/90

A preocupação com os processos educativos no trato das questões ambientais data desde a aprovação da Lei Nacional de Meio Ambiente (PNMA), que “dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências”.

No seu Art. 2º estabelece como objetivo a “preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no País condições ao desenvolvimento sócio econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade humana”, atendendo aos princípios, dentre outros, o do inciso X:

“A Educação Ambiental para todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la, para participação ativa na defesa do meio ambiente”.

Page 32: Teoria Ed Ambiental

O Decreto nº 99.274/90, que regulamenta a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente estabelece no Art. 1º inciso VII, como competência do Poder Público, em suas várias esferas de governo, “...orientar a educação, em todos os níveis, para a participação efetiva do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias contemplem o estudo da ecologia”.

Observamos aqui que embora a Lei faça referência textual à Educação Ambiental, o decreto que a regulamenta faz referência à inserção do estudo obrigatório da ecologia, de modo a inserir a preocupação ambiental no currículo escolar. É curioso que isso ocorra, uma vez que este decreto é quase dez anos posterior à Lei, quando já havia evoluído conceitualmente a Educação Ambiental, o conceito de ambiente já era entendido de forma mais ampla e se tinha já uma compreensão, de modo mais claro, da ecologia como ciência, extremamente importante nas contribuições conceituais e teóricas para a Educação Ambiental.

Entender os aspectos teórico-conceituais da ecologia como um modo de interpretar os ambientes e suas inter-relações, para conservá-lo e, se for o caso, preservá-lo, é um dos aspectos da Educação Ambiental. Entretanto, temos que entender a ecologia como uma ciência bem marcada no recinto da biologia, que tem um espaço restrito de atuação no estudo das relações entre os seres vivos e o espaço que o cerca, levando em consideração os aspectos físicos, químicos e biológicos.

A ecologia não é uma ciência ambiental, é uma ciência que estuda o ambiente. Entendida desta forma, temos claro que a Educação Ambiental vai importar da ecologia uma série de conceitos essenciais ao entendimento das relações no ambiente, do mesmo modo que vai buscar nas artes, na filosofia, na sociologia e na economia, só para citar alguns, outros tantos conceitos para construir esta imensa rede de relações existentes no âmbito sócio ambiental.

É importante ter clareza desses conceitos, para não confundir a amplitude da dimensão da Educação Ambiental, seja no âmbito da escola, seja no âmbito do trabalho com a comunidade.

A INDICAÇÃO CFE 10/86, O PARECER 226/87 E A PORTARIA 678/91

A partir da década de 70, quando as discussões sobre o meio ambiente passam a ser preocupação geral, e após a Conferência de Tbilisi, já tratada na Unidade I desse livro, o Conselho Federal de Educação começou a receber uma série de demandas e conseqüentemente a elaborar pareceres e indicações referentes à inclusão da Educação Ambiental nos currículos das escolas de educação básica e das instituições de ensino superior.

Page 33: Teoria Ed Ambiental

O documento marco do CFE sobre esta matéria é a indicação CFE 10/86, de autoria do Conselheiro Arnaldo Niskier, que considera necessária a inclusão da Educação Ambiental nos currículos de educação básica dos Sistemas de Ensino e recomenda:

• a formação de uma equipe interdisciplinar e de um Centro Ambiental em cada Unidade da Federação;

• a integração escola-comunidade, como estratégia para a aprendizagem voltada para a realidade próxima;

• a elaboração de diagnósticos locais para a definição da abordagem relativa às práticas ambientais; e

• a incorporação de temas compatíveis com o desenvolvimento social e cognitivo da clientela e com as necessidades do meio ambiente, considerando-se currículo como um processo que se expressa em atividades e experiências educativas dentro e fora da escola.

Este documento incorpora a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino, bem como traz em seu bojo, não mais a inserção dos temas ecológicos, mas amplia esta abrangência para tratar dos temas ambientais, incorporando a conceituação da Educação Ambiental. Não obstante faz ainda referência metodológica para a inserção da Educação Ambiental, devendo ser esta tratada de modo interdisciplinar, ressaltando ainda a necessidade de criação de equipes interdisciplinares e centros ambientais nos estados, exatamente como proposto na Conferência de Tbilisi.

O Parecer CFE 226/87 aprova por unanimidade a indicação 10/86, considerando a relevância do tema, elegendo o espaço da escola como aquele propício à formação ou o reforço da consciência ambiental, através da Educação Ambiental. Se tomarmos algumas das primeiras reuniões internacionais, como por exemplo a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (Estocolmo, 1972), vemos a fundamentação do parecer, uma vez que a partir de então a Educação Ambiental passa a ser considerada como campo de ação pedagógico.

Do mesmo modo, os “Princípios de Educação Ambiental”, estabelecidos pelo seminário realizado em Tammi em 1974 (Comissão Nacional Finlandesa para a UNESCO, 1974), estabelece que a Educação Ambiental é um componente de todo pensamento e de toda atividade da cultura no mais amplo sentido da palavra e a reunião de Tbilisi, que determina as bases da Educação Ambiental, compreende o Meio Ambiente:

Page 34: Teoria Ed Ambiental

“não somente como o meio físico biótico, mas, também, o meio social e cultural, e relaciona os problemas ambientais com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem”.

Estes foram alguns dos documentos que serviram de base para os educadores, de um lado, exigir do Ministério da Educação um posicionamento claro com relação à inserção da Educação Ambiental no ensino formal e de outro, para elaboração do parecer, pelo relator.

A Portaria 678/91/MEC, decorrente da indicação CEF 10/86 e do parecer 226/87, determina que a educação escolar deve contemplar a Educação Ambiental, permeando todos os níveis e modalidades de ensino.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, destaca em seu Capítulo VI – Do Meio Ambiente:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:

I- preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II- preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III- definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção;

IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

Page 35: Teoria Ed Ambiental

V- controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI-promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII- proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal mato-grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º "As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas”.

Paralelamente, no Capítulo III, da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I da

Educação:

Art. 214 - A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração Plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do poder público, que conduzam à

Page 36: Teoria Ed Ambiental

I- erradicação do analfabetismo;

II- universalização do atendimento escolar;

III- melhoria da qualidade de ensino;

IV- formação para o trabalho;

V- promoção humanística, científica e tecnológica do país.”

Assim, o princípio fundamental estabelecido para o desenvolvimento de uma política ambiental – Educação Ambiental em todos os níveis – é compatível com os fins, objetivos e organização do sistema educativo, expresso na Carta Magna.

A inserção de um capítulo que trata especificamente das questões ambientais na Constituição Federal é reflexo, já neste tempo, de uma série de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, em decorrência dos problemas ambientais emergentes e das pressões populares, que se iniciam a partir da década de 70, com a organização da sociedade civil brasileira. A organização da sociedade civil é reflexo das organizações semelhantes que começam a se formar em todo o mundo em decorrência dos manifestos ambientalistas.

É preciso identificar formas alternativas para seu desenvolvimento no decorrer do processo educativo e delimitar seu alcance. Para o cumprimento deste preceito constitucional foram posteriormente criados instrumentos legais (leis, decretos e portarias) no âmbito federal, estadual e municipal.

O PRONEA

Anteriormente à aprovação da Lei 9.795/99 e sentindo a necessidade de um instrumento legal que respaldasse as ações da Educação Ambiental no Brasil e, sobretudo, no âmbito governamental, foi proposto pelos Ministério da Educação e do Desporto e pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, com parceria dos Ministérios da Cultura e de Ciência e Tecnologia, o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA.

O PRONEA foi aprovado pelo Presidente da República em 22/12/94, a partir da Exposição de Motivos Interministerial, assinada pelos Ministros da Educação e do Desporto, do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, Cultura e Ciência e Tecnologia. Embora se sinta

Page 37: Teoria Ed Ambiental

a necessidade de reformar este programa, ele continua valendo, e deve ser adequado à Lei 9.795/99. Em 1996, foi estabelecido um Protocolo de Intenções entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Educação, cuja finalidade era, há esse tempo, firmar uma cooperação técnica e institucional na área de Meio Ambiente. Em 1999, os ministros do Meio Ambiente e da Educação, assinaram um termo aditivo ao convênio de cooperação técnica.

Os princípios que inspiram o Programa de Educação Ambiental estão baseados no fato da Educação Ambiental ser um dever constitucional do Poder Público, ela constitui tarefa a integrar os esforços da União, dos Estados e dos Municípios.

O fato do Poder Público ter a responsabilidade não exclui a participação da comunidade nesse processo, pois ela deve ser transformada em parceira essencial na promoção da ação educativa e na formação da consciência da sociedade em favor da preservação ambiental para as presentes e as futuras gerações.

A preservação ambiental contempla também a utilização dos recursos da natureza com sustentabilidade, de modo que o acesso a eles pelas gerações atuais permita igual acesso para as próximas gerações. Em resumo, o que se objetiva é que o uso dos bens naturais seja feito com responsabilidade e consciência dos direitos atuais e futuros da humanidade. Nota-se aqui que a despeito de haver os termos conservação e preservação, eles foram usados de maneira indiscriminada no PRONEA.

Com base nesses princípios, foram estabelecidas linhas de ação e metas com a finalidade de dotar os sistemas de ensino e a sociedade em geral dos instrumentos para uma ação nacional, a ser desenvolvida diretamente, ou através dos Estados da Federação, os quais serão incentivados a iniciar seus processos de elaboração dos respectivos Programas Estaduais de Educação Ambiental.

O PRONEA se traduz então em sete linhas de ação, contemplando os diversos setores da sociedade.

- Linha de ação 1

Trata da inserção da educação Ambiental no ensino formal, e apresenta a capacitação, o apoio técnico a projetos, bem como o apoio a produção e avaliação de material didático como as ações estratégicas para cumprir esta meta.

Page 38: Teoria Ed Ambiental

- Linha de ação 2

Trata da Educação Ambiental no processo de gestão, tem como meta incentivar a incorporação da gestão ambiental no exercício das atividades de gestão pública ou privada, capacitando os gestores e articulando os órgãos de representação social, tais como Fóruns Permanentes, Associações, Federações e similares, como instrumentos de implementação, apoio e promoção das referidas ações.

- Linha de ação 3

Trata da realização de campanhas específicas de Educação Ambiental para usuários de recursos naturais, com o objetivo de instrumentalizá-los no sentido de uso adequado dos recursos. As ações estratégicas para viabilizar tal objetivo estão centradas em ações educativas voltadas ao público-alvo, seja ele formado por profissionais ou amadores (tais como pescadores, mineradores, garimpeiros, agricultores, dentre outros), para o uso adequado do recurso natural. Além disso, realizar campanhas nacionais como prevenção de incêndios florestais, respeito ao defeso, proteção de espécies ameaçadas, etc.

- Linha de ação 4

Trata daqueles que atuam nos meios de comunicação e dos comunicadores sociais, tem como objetivo instrumentalizar estes profissionais para uma atuação ambiental eficiente. Para viabilizar este pleito, foram traçadas ações estratégicas no sentido de disponibilizar informações ambientais, promover capacitações, treinamentos e seminários, produção de material técnico, apoio à veiculação de material sobre temática ambiental, bem como apoio e incentivo à produção artística e literária que tenham componentes da Educação Ambiental.

- Linha de ação 5

Trata da articulação e integração das comunidades em favor da Educação Ambiental, tem como objetivo mobilizar as iniciativas das comunidades, no sentido de ampliar e aperfeiçoar as práticas de Educação Ambiental a elas dirigidas. As ações estratégicas decorrentes são no sentido de prestar apoio a estas iniciativas, bem como apoiar a realização de eventos, desenvolvimento de programas e projetos voltados para estas realidades específicas.

- Linha de ação 6

Trata da articulação intra e interinstitucional, tem como objetivo promover e apoiar o intercâmbio no campo da Educação Ambiental. Desta forma, sua ação estratégica era a continuidade de eventos como o Universidade e Meio Ambiente, promover periodicamente conferências, fóruns, e encontros, assim como apoiar e integrar a Rede de Formação Ambiental para a América Latina e o Caribe e as comissões municipais e estaduais de Educação Ambiental.

Page 39: Teoria Ed Ambiental

- Linha de ação 7

Aborda a criação de centros especializados em Educação Ambiental, integrando universidades, escolas profissionais e centros de documentação em todos os estados da federação, com o intuito de viabilizar o aprofundamento dos aspectos conceituais e metodológicos de Educação Ambiental. A estratégia decorrente é a criação de uma rede de centros especializados em Educação Ambiental, de forma a consolidar estudos e pesquisas relativas ao tema, além de promover a produção de material educativo. A estratégia máxima, neste caso, se pautava por implantar o Centro Nacional de Educação Ambiental.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO (LDB) – LEI 9.394

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sancionada em 20 de dezembro de 1996, traz inovações na amplitude dos processos educativos, tratando não apenas da aquisição de conhecimentos, mas dos processos formativos do cidadão. Desta forma, a LDB, ao introduzir estes novos elementos, abre espaço para um processo de formação mais participativo, levando em consideração as inter-relações decorrentes dos processos sociais e culturais.

Art. 1º “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

Art. 2º “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Os valores sociais de solidariedade e tolerância, condições indispensáveis para o pleno exercício da cidadania, somados aos valores expressos pela sociedade, como as suas manifestações culturais, a sua religiosidade, são elementos que estão embutidos nos processos formativos do educando, tornando este processo parte da realidade de cada um, assim como preconiza a Educação Ambiental. Como já vimos anteriormente na Constituição Federal, a LDB apresenta a indicação para que se elabore o Plano Nacional de Educação.

Artigo 9º - "A União incumbir-se-á de:

I- elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios".

Page 40: Teoria Ed Ambiental

A partir então, de toda esta reflexão sobre a nova concepção dos processos educativos, é oportuno analisar alguns aspectos do ensino fundamental. A inserção de novos temas, que vêm instrumentalizar a nova concepção de ensino, são justamente aqueles do âmbito de ação da Educação Ambiental: Entender o ambiente e inserir o homem numa perspectiva harmônica e participativa, integrada e humilde, onde a participação cidadã signifique o respeito ao ambiente, e, conseqüentemente, à cultura, as relações sociais e econômicas, e as relações de respeito para com os seres vivos e fraternas entre os seres humanos

Artigo 32 - "O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:

II- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade". A definição de ambiente, como já vimos anteriormente, extrapola o espaço físico e biológico, assumindo o espaço social, das relações humanas, que aí ocorrem (Conferência de Tbilisi). Deste modo, a formação plena do educando, sob a ótica da Educação Ambiental, se dá no espaço interativo e indissociável do ambiente e das relações político-sociais que aí se expressam, com a finalidade de formar este novo cidadão, mais ético e participativo.

III- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista à aquisição de conhecimentos e habilidades e à formação de atitudes e valores. A formação de atitudes e valores, explicitamente elencadas na nova LDB, suscita uma prática educativa diferenciada, levando em conta os valores sociais, elemento determinante de uma sociedade, mote de inferência da Educação Ambiental.

IV- o fortalecimento de vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que assenta a vida social. Do mesmo modo que o ensino fundamental, as séries finais do ensino básico, correspondentes ao ensino médio, também apresentam uma forte tônica formativa do educando, valorizando a ética, o pensamento crítico, e entendendo os processos científico-tecnológicos como aqueles instrumentos de transformação social e exercício da cidadania. Desta forma, tendo como base os parâmetros curriculares já discutidos na Unidade II desse livro, também a Educação Ambiental se mostra como um bom instrumento para alcançar os objetivos propostos pela LDB para a educação brasileira.

Artigo 35 - "O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

III- o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

Page 41: Teoria Ed Ambiental

IV- a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina".

Artigo 36 - "O currículo do ensino médio observará (...) as seguintes diretrizes:

I- destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania".

É importante compreender que as diretrizes para o ensino médio colocam no mesmo patamar e em igual nível de importância a tecnologia, as artes, os processos de transformação social e a comunicação idiomática. O espaço do currículo se amplia, na medida em que agrega estes novos elementos formativos, transformando o educando em agente da sua própria educação.

Vale ainda ressaltar que o parecer 15/98, da Câmara de Educação Básica (CEB), do Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a proposição de reforma curricular para o ensino médio e indica a elaboração conseguinte da Resolução que estabelece as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio.

Podemos ainda comentar que a reforma curricular que ocorre no ensino médio muda a tônica da educação, antes centrada na aquisição do conhecimento, onde o educando era passivo frente ao processo, e agora uma educação pautada na formação ética e no desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. Concluindo, a respeito da LDB, transcrevemos para você refletir as considerações oriundas da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, incorporadas no PCN:

- educação deve cumprir um triplo papel: econômico, científico e cultural;

- a educação deve ser estruturada em quatro alicerces: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser.

POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – LEI 9795/99

Em 1993 o Deputado Fábio Feldmann propôs na Câmara dos Deputados o projeto de Lei 3792/93, que instituía a Política Nacional de Educação Ambiental. Este projeto de Lei, durante a sua tramitação, foi submetido à análise de vários setores da população (órgãos do governo como MEC, IBAMA, MMA, organizações não governamentais, universidades, dentre outras) diretamente interessados na matéria, e que apresentaram várias contribuições ao documento.

Page 42: Teoria Ed Ambiental

LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Art. 2o A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal.

Art. 3o Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo:

I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação;

V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;

VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.

Art. 4o São princípios básicos da educação ambiental:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

Page 43: Teoria Ed Ambiental

II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;

III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.

Art. 5o São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.

CAPÍTULO II

DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I

Disposições Gerais

Art. 6o É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.

Page 44: Teoria Ed Ambiental

Art. 7o A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental.

Art. 8o As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas:

I - capacitação de recursos humanos;

II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;

III - produção e divulgação de material educativo;

IV - acompanhamento e avaliação.

§ 1o Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.

§ 2o A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:

I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;

II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas;

III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;

IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;

V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à problemática ambiental.

§ 3o As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:

I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;

II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;

III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental;

IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;

V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material educativo;

Page 45: Teoria Ed Ambiental

VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas nos incisos I a V.

Seção II

Da Educação Ambiental no Ensino Formal

Art. 9o Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:

I - educação básica:

a) educação infantil;

b) ensino fundamental e

c) ensino médio;

II - educação superior;

III - educação especial;

IV - educação profissional;

V - educação de jovens e adultos.

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.

§ 1o A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino.

§ 2o Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.

§ 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.

Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.

Page 46: Teoria Ed Ambiental

Seção III

Da Educação Ambiental Não-Formal

Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.

Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:

I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio ambiente;

II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;

III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-governamentais;

IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;

V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;

VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;

VII - o ecoturismo.

CAPÍTULO III

DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.

Art. 15. São atribuições do órgão gestor:

I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;

II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação ambiental, em âmbito nacional;

III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de educação ambiental.

Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.

Page 47: Teoria Ed Ambiental

Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes critérios:

I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental;

II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;

III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.

Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.

Art. 18. (VETADO)

Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.

CAPÍTULO IV

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.

Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de abril de 1999; 178o da Independência e 111o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza José Sarney Filho

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 28.4.1999

Bibliografia

Ana Lúcia Tostes de Aquino Leite.

MMA - Ministério do Meio Ambiente

Programa Nacional de Educação ambiental.

Publicado no material do Curso Básico de Educação Ambiental à distância, do Ministério do Meio Ambiente,

Page 48: Teoria Ed Ambiental

Programa Nacional de Educação Ambiental, Brasília: 2001.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A INTERDISCIPLINARIDADE

A Educação Ambiental é o processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a questão ambiental, procura trabalhar a mudança cultural, a transformação social, a crise ambiental como uma questão ética e política. (Patrícia Mousinho, 2003)

A velocidade dos acontecimentos aumenta dia-a-dia. Nesta nebulosa pós-modernidade, a educação tenta reagir e mudar antigos paradigmas. Essas mudanças, porém, dependem de uma reforma do pensamento e esta deve começar pela reformulação do pensamento didático-pedagógico do professor.

A função do professor é ser um agente facilitador desse processo e os currículos escolares devem ser elaborados de tal maneira que haja a articulação das disciplinas para alcançar uma visão do todo. Conteúdos isolados devem ser substituídos por planos de ação integrados com a realidade e o todo.

A palavra interdisciplinaridade está ligada a palavra disciplina, ou seja, é um complexo que reúne de maneira global todas as disciplinas valorizando esta de maneira uniforme, separando a importância de cada uma, onde o conteúdo e as informações são analisadas e aproveitadas em outras áreas.

O sufixo inter, tem como papel unir as disciplinas, fornecendo aos educadores condições de trabalhar de forma ampla e organizada, despertando nesses a parceria, valorizando o trabalho em conjunto, dando respaldo para os discentes sanarem suas dúvidas com o educador que estiver em sala, sem estar ministrando a matéria correspondente ao determinado assunto.

A ação interdisciplinar aliada às práticas pedagógicas, sendo a reconstrução dos conteúdos disciplinares a relação do ser-no-outro, valorizando assim a descoberta das diferenças e a riqueza da diversidade. Os fundamentos básicos para que a interdisciplinaridade aconteça são os seguintes:

Page 49: Teoria Ed Ambiental

Movimento Dialético: Exercício de dialogar com nossas próprias produções, com o propósito de extrair desse diálogo novos indicadores, novos pressupostos.

Recurso da Memória: Memória – registro, escrita e realizada em livros, artigos, resenhas, anotações, cursos, palestras, e a memória vivida e refeita no diálogo com todos esses trabalhos registrados.

Parceria: Tentativa de iniciar o diálogo com outras formas de conhecimento a que não estamos habituados, e nessa tentativa, a possibilidade de interpretação dessas formas.

Sala de Aula interdisciplinar: A sala de aula é o lugar onde a interdisciplinaridade habita [...] verificamos que os elementos que diferenciam uma sala de aula interdisciplinar de outra não interdisciplinar são a ordem e o Rigor travestidos de uma nova ordem e de um novo rigor.[...] a avaliação numa sala de aula interdisciplinar acaba por transgredir todas as regras de controle costumeiro utilizadas.

Respeito ao modo de ser de cada um A interdisciplinaridade decorre mais do encontro de indivíduos do que de disciplinas.

Projeto de vida: Um projeto interdisciplinar pressupõe a presença de projetos pessoais de vida e o processo de desvelamento de um projeto pessoal de vida é lento, exigindo uma espera adequada.

Busca da totalidade: O conhecimento interdisciplinar busca a totalidade do conhecimento, respeitando-se a especificidade das disciplinas: a escolha de uma bibliografia é sempre provisória, nunca definitiva. (Ivani Fazenda,1995, p.81-89)

Nas escolas, a estrutura curricular, não favorece aos discentes a possibilidade de ver o mundo de forma mais complexa e mais crítica. Porém em todo processo de educação há sempre uma esperança. (Paulo Freire.,1983)p.79, afirma que. Não há educação sem amor e sem esperança. Assim, na Educação Ambiental além de uma visão crítica da realidade do planeta, o educador deve manter a esperança, pois toda verdadeira educação deve ser transformadora.

O professor deve estar cada vez mais, preparado, para reelaborar as informações que recebe, e dentre elas, as ambientais, a fim de poder transmitir e decodificar para os alunos a expressão dos significados sobre o meio ambiente e a ecologia nas suas múltiplas determinações.

Segundo (Vigotski, 1991), a Educação Ambiental deve ser vista como um processo de permanente aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com consciência local e planetária.

Page 50: Teoria Ed Ambiental

A grande maioria das atividades são feitas dentro de uma modalidade formal. Quase sempre os temas são: lixo, proteção do verde, uso e degradação dos mananciais, ações para conscientizar a população da poluição do ar. O trabalho que está sendo realizado no Brasil é ainda tímido e a presença dos órgãos do governo, em relação à coordenação desses trabalhos é muito restrito.

Para que a Educação Ambiental possa ser inserida nos atuais sistemas educacionais, faz-se necessário o desenvolvimento de novos sistemas educativos que propiciem práticas sensibilizadoras, oportunizando um contato com os sentidos para ampliar a percepção sobre o ambiente em que vivemos. O desafio de fortalecer uma educação ambiental é prioritário para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a necessidade de se enfrentar a degradação ambiental e os problemas sociais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, instituídos Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n º 9394/96, indicam as diretrizes para o educador trabalhar o tema transversal - Meio Ambiente, (Iria Brzezinski, 2002).

A escola deve selecionar as prioridades e conteúdos, de acordo com a lugar em que se encontra inserida, levando em conta o contexto social, econômico, cultural, a sua história e seus costumes, pois estes elementos determinam a diferença entre uma escola e outra, quanto à forma de trabalhar os temas transversais

A proposta dos PCNs, com o tema Meio Ambiente, ajudaria os alunos a construírem uma consciência global e local das questões relacionadas com o meio, para que possam assumir posições de melhoria da proteção e conservação, assim aprenderiam a desenvolver senso de responsabilidade e de solidariedade, de modo a respeitar o ambiente e as pessoas. Para planejar, elaborar e colocar em prática um Projeto Participativo de Educação Ambiental é necessário seguir alguns passos básicos.

· Escolha do coordenador e comissão: É importante que seja um educador dinamizador que apresenta as esferas cognitivas, afetivas que tenha domínio técnico, porém de qualquer área, nem sempre de ciências ou de biologia, pois tratando de Meio Ambiente todos nós somos responsáveis.

· Reunião para a escolha do tema: Participação de todos os representantes da comunidade escolar, principalmente para levantamento dos problemas. O registro da reunião deve ser registrado em ata e assinada por todos pois é um documento democrático.

Page 51: Teoria Ed Ambiental

· Identificação: Dados sobre a Unidade Escola (endereço, cidade, fonte) Unidade Central que pertence e do projeto (coordenador, carga horária, nome do projeto e pessoas envolvidas no projeto).

· Caracterização do problema/introdução: Coloca-se um histórico do problema, suas implicações e outras informações que permitam o diagnóstico de forma mais fiel possível. Pode elaborar um questionário, antes da introdução.

· Justificativa: Após caracterizar o problema, explica-se o porquê do projeto, colocando evidências de que a proposta é viável.

· Objetivos: São os resultados que querem alcançar (Para que o projeto?)

· Metodologia: Resultados parciais, concretos e diretos, elementos quantitativos e qualitativos (como fazer?)

· Cronograma: Um projeto tem início, meio e fim, visualização gráfica das atividades a serem realizadas. Tempo gasto para cada atividade (Quando?)

· Recursos materiais e /ou financeiros: Discrição dos materiais necessários para a realização das atividades, bem como o valor financeiro.

· Avaliação: Como será avaliado? A avaliação deverá ser contínua e reflexiva, durante todas as etapas do projeto.

· Bibliografia: Mostrará o material teórico utilizado como base para a elaboração do projeto. (Luisa Helena Silva.)

Na elaboração de um Projeto de Educação Ambiental é necessário a participação de toda a comunidade, pois “Tudo o que acontece no mundo, seja no meu país, na minha cidade ou no meu bairro, acontece comigo. Então, eu preciso participar das decisões que interferem na minha vida” (Herbert de

Souza, o Betinho).

Referência bibliográfica básica e adicional recomenda

Born, Rubens Harry. Instituto Vitae Civilis para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz), 2002,p.79-85.

Brzezinski, Iria.(Org.) LDB Interpretada: diversos olhares se entrecruzam-7ª.ed.- São Paulo: Cortez: 2002.

Page 52: Teoria Ed Ambiental

Camargo,Aspásia.(Meio Ambiente, Brasil. Avanços e obstáculos pós-Rio-92.Rio de Janeiro, FGV, 2002.)p.93 –95.

Cascino Fábio. Educação Ambiental: princípios, história, formação de Professores. São Paulo: Editora senac.1999)p.30-50.

Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru 1976) mimeogr.

Fazenda,Ivani, Interdisciplinarida história teoria e pesquisa, Campinas: Papirus,1995.p.81-89

Freire, Paulo. Educação e Mudança.Rio de Janeiro:Paz e Terra,1983. p.99.11.ed.

Gabeira, Fernando. Greenpeace, verde guerrilha da paz. São Paulo, Clube do Livro,1988.p.79

Lei nº 9.795.(Art.1º 27 de abril de 1999)http://www.planalto.gov.br/ccivil-htm). Mimeogr.

Matos, Olgária C F.,Paris 1968, as barricadas do desejo. São Paulo, Brasiliense,1989

McCormick,John. Rumo ao paraíso: a história do movimento ambientalista (Rio de Janeiro:Relume-Dumará,1992) p.22-65

Meira, Rômulo Lima. Artigo: Meio Ambiente e Sustentabilidade. O Estadão. São Paulo.2005

Ministério do Meio Ambiente. Documento base. Tema Cidades Sustentáveis - Agenda 21 Brasileira.

Mousinho, Patrícia. Glossário. In: Trigueiro, A. (Coord.) Meio ambiente no século 21. Rio de Janeiro: Sextante. 2003.

Ovalles, Omar & Viezzer, Moema. Manual latino-americano de educação ambiental. (São Paulo. Gaia,1995).p.30.

Reigota, Marcos. Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), Nosso Futuro Comum ( Rio de Janeiro; Ed. da Fundação Getúlio Vargas,) op.cit.,1988, p. XI.

Severino, Antonio Joaquim.Metodologia do trabalho científico.-22. Ed.ver.e amp. De acordo com a ABNT-6022.São Paulo : Cortez,2002 .

Silva,Luisa Helena (Apostila–PCNs/Temas Transversais. Seminário de Formadores II Goiás. “Vamos cuidar do Brasil com as Escolas”)dez.2004. Mimeogr

Silva,Marcos Antonio da Normas para elaboração e apre4sentação de trabalhos acadêmicos ma UCG:modalidades, formatação e referências.Goiânia:Ed da UCG, 2002.

Sorrentino, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. São Paulo:SMA,1998.p27-32.

__________,Cadernos do III Fórum de Educação Ambiental São Paulo:Gaia, 1995.

__________,Conferência Intergovernamental de Tbilisi Geórgia, ex-União Soviética(1977

Page 53: Teoria Ed Ambiental

Vigotsky,L. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,1991

Vitae Civilis. A implementação da Agenda 21 em países em desenvolvimento: o caso do Brasil).São Paulo.1994.

Wwwf/Eco Press. Iv Fórum: de olho nas políticas públicas. Educador ambiental: um jornal para quem faz ou quer fazer educação ambiental. Ano IV, n.16, ago./out.1997

O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Educação Ambiental, à medida que se centra em “situações-problemas" ou “situações-potenciais”, poderá permitir a interação dos professores, das disciplinas, e a construção de marcos referenciais convergentes que possibilitem, ao longo do processo educacional, a construção da interdisciplinaridade e da compreensão da complexidade do mundo contemporâneo.

Considerando a Educação Básica, podemos destacar alguns aspectos:

- No Ensino Fundamental são perseguidos os objetivos de sensibilização em relação aos problemas e potencialidades ambientais. Nas séries iniciais, usando as atividades como uma resposta às necessidades e características psicológicas da infância, as questões ambientais cumprem um papel fundamental, permitindo a ação orientada dos alunos, desafiando-os a imaginar, deliberar, sentir e descobrir algumas inter-relações simples entre fenômenos naturais e sociais. Os procedimentos das atividades não se impõem pela natureza do conteúdo, mas provêm dos motivos e interesses do educando, da sua capacidade de investigar, descobrir e compreender o mundo que o rodeia. Nas séries finais, num ensino por áreas e de caráter transversal, é possível avançar na concretização de projetos integrados e adequados a construção de uma concepção mais complexa das questões ambientais.

- No Ensino Médio se poderá avançar em projetos de intervenção sócio-ambiental e comunitária destacando o papel das ações responsáveis e participativas. O educando poderá ter uma ação mais aprofundada ao se inserir nos processos de transformação da Sociedade.

Pode-se inferir após essa leitura que o professor é o principal ator das mudanças educativas propostas, que é necessário mudar as práticas de elaboração do currículo escolar, dando lugar às novas modalidades de atividades propostas nos PCNs Nacionais em relação aos Temas Transversais.

Page 54: Teoria Ed Ambiental

A escola deverá estar aberta às transformações de sua prática tradicional, permitindo uma ampla participação dos professores no planejamento escolar e na definição do projeto político-pedagógico, devendo-se compreender ainda que a Educação no mundo contemporâneo não deva permanecer fechada ao interior escolar, mas que, ao contrário, deve abrir-se à comunidade, estando a seu serviço e atenta às suas necessidades.

A Educação é, atualmente, um processo permanente e dinâmico, que se realiza ao longo da vida do sujeito e que exige competências e responsabilidades sociais em permanente transformação.

A incorporação da Educação Ambiental ao currículo escolar de forma transversal ou por meio de projetos pedagógicos abertos, através de projetos que atinjam a comunidade com a finalidade de um maior conhecimento das realidades socioambientais dos alunos, e que persigam a intervenção e participação na solução de problemas locais e suas múltiplas interações e determinações nos níveis regional, nacional e global, exige o trabalho conjunto do coletivo escolar, a fim de integrar esta visão no projeto pedagógico da unidade escolar.

Vivemos na sociedade do conhecimento, a grande diferença entre países e regiões de um mesmo país, já é, hoje, a possibilidade de acesso ao conhecimento e à informação.

Estas características do mundo contemporâneo implicam a necessidade de um processo de educação continuada dos sujeitos sociais. A sociedade atual demanda uma formação permanente e uma atualização profissional que alcança quase todos os âmbitos produtivos, como conseqüência, em boa medida, de um mercado de trabalho complexo, mutável, flexível e, inclusive, imprevisível, junto a um acelerado ritmo de transformações tecnológicas que obriga-nos a estar aprendendo sempre coisas novas.

Esta civilização emergente, que pretende responder à crise civilizatória global a partir da construção de novos paradigmas na Ciência, na Sociedade, na Educação, na Ética, entre outros âmbitos, cria-nos o desafio de encontrar novos caminhos para a apropriação e produção dos conhecimentos.

A Educação se consolida além dos espaços educativos tradicionais, e a necessidade de aprendizagens avança além dos espaços educativos formais para se manifestar como uma necessidade de Educação permanente ao longo de toda nossa vida,

Page 55: Teoria Ed Ambiental

“não só ao longo de toda a nossa vida, senão durante a extensão de cada dia” (POZO, 1996).

Nossas necessidades de aprendizagem não só estão relacionadas ao âmbito profissional, dedicamo-nos a adquirir conhecimentos culturalmente relevantes para nossa inserção social. Esta inserção apresenta hoje, no mínimo, duas vertentes fundamentais: convertermo-nos em cidadãos críticos e participativos na nossa realidade mais próxima, como nossa escola, nosso município, nosso estado, nosso país e, ao mesmo tempo, assumirmos a nossa responsabilidade como cidadãos do mundo (MEDINA, 2000).

O professor precisa ter um bom nível de conhecimento das estratégias didáticas e métodos de ensino que façam com que um conteúdo complexo seja compreensível e interessante para os estudantes, e que promovam um desenvolvimento conceitual do conteúdo e das estruturas mentais do aluno, ao mesmo tempo em que propiciam o desenvolvimento integral dos alunos e o exercício prático da cidadania.

O professor deverá também desenvolver a capacidade de criar estratégias e métodos de avaliação qualitativa apropriados para a Educação Ambiental e adequados à situação concreta de aprendizagem em consideração, além de propiciar a organização participativa, interdisciplinar e transversal dos problemas e potencialidades ambientais e das diversas disciplinas envolvidas no estudo do núcleo temático, a partir do trabalho de equipe, tanto por parte dos profissionais comprometidos no desenvolvimento da unidade de aprendizagem, como pelos estudantes.

De modo esquemático, poderíamos sintetizar as dimensões do processo de capacitação dos professores para Educação Ambiental como a inter-relação dinâmica das dimensões pessoais e éticas com a dimensão sócio-ambiental e a profissional (MEDINA, 2000).

A Educação Ambiental implica a revalorização do professor e do seu papel no processo de planejamento educativo. Pretende alcançar um conhecimento significativo e compreensivo, a partir de um processo permanente de reflexão sobre a prática cotidiana do docente, que conduzirá a mudanças, numa concepção do ensino-aprendizagem no qual o eixo central seja constituído pelo aprendizado significativo do aluno e não pela acumulação de conteúdos ensinados.

Paralelamente, procura a incorporação de novos valores e atitudes éticas, exigindo, portanto, modalidades diferenciadas de avaliação para que o aluno possa exercer efetivamente uma cidadania qualificada na sociedade. A "Formação de multiplicadores para Educação

Page 56: Teoria Ed Ambiental

Ambiental", é sistematizada, de forma esquemática, com um processo dinâmico de retroalimentação permanente da Educação Ambiental.

Unir a Educação à vida associá-la a objetivos concretos, estabelecer uma correlação estreita com a Sociedade, e inventar ou redescobrir uma Educação em estreita relação com o Ambiente. É neste sentido que se devem buscar novos caminhos. Aprender a pensar em forma livre e crítica, a amar o mundo e fazê-lo mais humano, a realizar-se mediante o trabalho criador pode ser o caminho para a construção da sociedade do futuro. Para isto, será necessário que se cumpra na realidade a possibilidade de igualdade de acesso educacional. A igualdade de oportunidades para aquisição do conhecimento historicamente acumulado é condição sine qua non da realização de outras novas modalidades em educação (MEDINA, 1994).

FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES PARA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Apresentado no Seminário do Ministério de Educação. MEC/ UNESCO, Salvador, 1998.

Breve histórico do processo de formação de multiplicadores em educação ambiental

Os desafios da capacitação de professores para o processo de incorporação da dimensão ambiental nos currículos do Ensino Fundamental e Médio impulsiona a reflexão sobre as características dos docentes e iscentes, responsáveis pela efetiva implementação do processo, e sobre a instituição ou escola onde deverão ser produzidas as mudanças que envolvem as atividades dos agentes sociais mencionados.

O processo de ensino–aprendizagem em Educação Ambiental fundamenta-se numa visão complexa e sistêmica das realidades ambientais, concebidas como problemas e potencialidades, visando à compreensão de suas inter-relações e determinações; ao mesmo tempo, considera o papel e as características das instituições e agentes sociais envolvidos, localizados em um tempo e espaço concretos.

A inclusão da Educação Ambiental, de maneira transversal, no currículo das séries iniciais, tal como indicada nos Parâmetros Curriculares do MEC (PCNs, Convívio Social, Ética e Meio Ambiente), implica a introdução de um processo de inovação educativa, que envolve tanto professores como alunos e comunidade, ou seja, o conjunto do coletivo escolar, envolvendo ao mesmo tempo as instâncias decisórias e responsáveis das Secretarias de Educação Estaduais com o apoio das Delegacias do MEC nos Estados.

Page 57: Teoria Ed Ambiental

A partir destas considerações a Coordenadoria de Educação Ambiental do MEC iniciou um processo de sensibilização e capacitação continuada dos técnicos destas instituições iniciando, em 1996, o primeiro Curso de Multiplicadores em Educação Ambiental com o objetivo de:

- subsidiar teórica e metodologicamente técnicos em Educação para orientar a elaboração da inserção curricular de Educação Ambiental;

- propiciar aos participantes condições técnicas e metodológicas de construção de uma matriz de problemas sócio-ambientais de sua região, com o intuito de promover a inserção transversal dos conteúdos e atividades de Educação Ambiental nos currículos do ensino fundamental e médio;

- desenvolver junto aos participantes habilidades de: percepção ambiental, análise crítica da realidade ambiental global, nacional, regional e local, observação e registro de dados com enfoque etnográfico; utilização de outras linguagens como formas de registro de informação; estruturação de projetos de Educação Ambiental.

Em 1997 foi ministrado o segundo Módulo do Curso de Multiplicadores em Educação Ambiental com o objetivo de:

- subsidiar teórica e metodologicamente técnicos em Educação para orientar a elaboração da inserção curricular da Educação Ambiental e efetuar a capacitação dos professores nesta área;

- propiciar aos participantes condições técnicas e metodológicas de construção de matrizes pedagógicas com o intuito de promover a inserção transversal de conteúdos/atividades de Educação Ambiental nos currículos do ensino fundamental e médio;

- desenvolver junto aos participantes habilidades de análise e elaboração de diretrizes curriculares que possam orientar as escolas na realização de seus planos pedagógicos e atividades didáticas no processo de ensino-aprendizagem em Educação Ambiental;

- propiciar condições para que as equipes estaduais, responsáveis pelos currículos nos Estados, possam fazer recomendações para o cumprimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais - Convívio Social, Ética e Meio Ambiente.

O desenvolvimento dos dois Módulos de Capacitação foi feito com a utilização da metodologia PROPACC - Proposta de Participação Ação para a Construção do Conhecimento (MEDINA, N. M. e SANTOS, E. C., 1999).

Page 58: Teoria Ed Ambiental

Dando continuidade ao processo de Capacitação de Multiplicadores, está sendo realizado este Seminário Nacional, com o objetivo de intercâmbio de experiências entre os Técnicos das Secretarias de Educação dos Estados e as Delegacias do MEC.

A complexidade da instituição escolar

A análise da instituição escolar, o conhecimento das relações intra-escolares e dos diversos agentes sociais envolvidos no processo de inovação curricular são os primeiros passos necessários para viabilizar o desenvolvimento da inserção da dimensão ambiental no currículo escolar.

Em primeiro lugar, deve-se considerar que a escola está inserida num dado sistema educativo que, por sua vez, relaciona-se com um ambiente sócio-cultural-histórico-econômico e natural específico e determinante, de características complexas e em inter-relação dinâmica permanente.

Ao mesmo tempo, a escola gerencia e possibilita complexas relações entre pessoas, tanto internas, como externas, com interesses e expectativas diversas, grupos de poder que definem a micro política institucional, e relações pessoais conflitivas, diversos tipos de tensões e grupos de pressão diferenciados, que produzem em seu conjunto a cultura do centro educacional.

Uma transformação das modalidades de ensino-aprendizagem escolar exige uma compreensão abrangente das relações assinaladas e, muitas vezes, a necessidade prévia de investir esforços em resolver os conflitos existentes com a finalidade de envolver na execução das mudanças ao coletivo escolar, de forma participativa, desde o planejamento até a execução das novas experiências educacionais.

Bibliografia básica e adicional recomendada:

[1] ANTON, A. M. Percepción ambiental y educación. Madrid: Fundación Universidad Empresa, 1995.

[2] AUSUBEL, D. P. Psicologia educativa: un punto de vista cognoscitivo. México: Trillas, 1984.

[3] APPLE,M. Ideología y Curriculum. Madrid, Ed. Akal, 1986.

Page 59: Teoria Ed Ambiental

[4] BOLIVAR, A. La evaluación de valores y actitudes. Madrid: Anaya, 1995.

[5] BRANDÃO, Z. (org) A crise dos paradigmas e a educação. São Paulo: Cortez, 1995.

[6] CARVALHO, L. M. A temática ambiental e a escola de 1º Grau. 1989. São Paulo: Universidade de São Paulo, Tese de Doutorado.

[7] DE LA TORRE, S. Didáctica y curriculum. Madrid: Dykinson, 1993.

[8] DEWEY, J. Como pensamos. Barcelona: Paidus, 1989. [9] DOMINGUES, J. L. O cotidiano da escola de 1º grau: o sonho e a realidade. Goiânia: CEGRA/UFG, 1988.

[10] FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994.

[11] _______. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro. Efetividade ou ideologia? São Paulo: Loiola, 1992.

[12] GARCÍA, M. Formación del profesorado para el cambio educativo. Barcelona: EUB, S L. 1995.

[13] MEC/BRASIL. Carta Brasileira para Educação Ambiental. Workshop de Educação Ambiental. Rio de Janeiro: 1992.

[14] MEC/BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Agosto, 1996.

[15] MEDINA, N. M. Elementos para a introdução da dimensão ambiental na educação escolar - 1º grau. In: Amazônia: uma proposta interdisciplinar de educação ambiental. Brasília: IBAMA, 1994.

[16] ______. Especialização em Educação Ambiental na UFMT: avaliação da proposta. Revista Educação Pública. Cuiabá: Universitária. UFMT. V.2. n. 2. 1993.

[17] ______. Relaciones históricas entre sociedad, ambiente y educación. In: Apuntes de educación ambiental 4. Montevideo: CIPFE, 1989.

[18] ______. A construção do Conhecimento. IBAMA, Brasília: 1996. Série Meio Ambiente em Debate.

[19] ______. A Educação Ambiental para o Século XXI. IBAMA, Brasília: 1996. Série Meio Ambiente em Debate.

[20] ______. A Educação Ambiental Formal: papel e desafios. I Conferencia Nacional de Educação Ambiental de Brasil. ANAIS. MMA, Brasília, 1997.

[21] ______. Desafios en la formación de recursos humanos para una nueva realidad: una praxis innovadora en educación ambiental formal. PROPACC. II Congreso Internacional de Universidades para el Desarrollo Sostenible y el Medio Ambiente. ANALES. Granada: 1997.

[22] ______. Breve histórico da educação ambiental. Articulo publicado in PADUA, Susana, M e TABANEZ, M (Org) et alli, Educação Ambiental: Caminhos Trilhados no Brasil, Fundo Nacional

Page 60: Teoria Ed Ambiental

do Meio Ambiente, (FNMA) Ministério do Meio Ambiente, (MMA) Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ,) Editora Pax, Brasília, DF, 1997.

[23] ______. Educação Ambiental para a sustentabilidade. ANAIS. Florianópolis, Santa Catarina. Junho, 1998. I Congresso Internacional de Educação do Colégio Coração de Jesus, Educar – Uma perspetiva humanística.

[24] ______. Proposta de participação-ação para a construção do conhecimento. PROPACC. VOZES. No prelo.

[25] ______. Materiales de Educación Ambiental II, Coletánea de Artículos. Lima: Universidade Marcelino Champagnat/Escuela de Postgrado, 2000.

[26] ______. Formação de Multiplicadores para a Educação Ambiental. Salvador: PALESTRA DO I SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 1998. (mimeo)

[27] ______. A Formação dos professores em Educação Ambiental. Oficina de Trabalho, COEA/MEC. Março, 2000.

[28] NOVACK & GOWIN. Aprender a aprender. 1984, Traducción, UNESCO.

[29] NOVO, MARIA. La Educación Ambiental: bases éticas, conceptuales y metodológicas. Madrid: Universitas, 1996.

[30] _____. Pedagogia Ambiental. Madrid: 1989. (Editora?)

[31] _____. El análisis de los problemas ambientales: modelos y metodologia. Madrid: Fundación Universidad Empresa, 1995.

[32] RAMON, L.T. La investigación-acción en la Educação Ambiental. Madrid: Fundación Universidad Empresa, 1995.

[33] REGO, T. C. Vygotsky - Uma perspectiva históricocultural da educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1996.

[34] POZO, J. Aprendices y maestros. Madrid: Alianza, 1996.

[35] YUS, R. Temas transversais: em busca de uma nova escola. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

NOÇÕES GERAIS

“Um projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter-relacionadas e coordenadas, com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempo dados.” (ONU, 1984)

Page 61: Teoria Ed Ambiental

A elaboração de um projeto requer entes de tudo um ambiente adequado para o desenvolvimento das idéias do grupo, requer tempo e paciência para que se possa trabalhar em conjunto, exercitando o respeito e o dom de ouvir o outro.

A concentração e o espírito de grupo são dois elementos essenciais para se materializar boas idéias.

Além disso, algumas variáveis tornam-se muito importantes neste processo, como a distinção do papel da liderança no grupo, descobrindo que o real líder reconhece os “talentos” individuais de cada participante, ajudando no desenvolvimento da criatividade e participação de todos, criando assim um ambiente de comprometimento com a missão coletiva criando um processo descentralizado.

A capacidade técnica é outro fator fundamental para se obter resultados positivos, não adianta ter excelentes idéias se não há competência para desenvolver uma boa estratégia de como materializá-la.

Muitas vezes nossas instituições não contam com especialistas em diferentes áreas, portanto será necessário buscar apoio junto a colegas, a outras instituições ou junto ao próprio financiador.

E por fim a criatividade e o comprometimento são virtudes para que se tenham ao mesmo tempo caminhos criativos para a realização das atividades propostas e comprometimento com o processo que se está criando.

“Elaborar projetos é uma forma de independência.

É uma abordagem para explorar a criatividade humana, a mágica das idéias e o potencial das organizações. É dar vazão para a energia de um grupo, compartilhar a busca da evolução”.

(Kisil R., 2001)

ETAPA 1- A definição do projeto: O que queremos fazer?

O que é um Projeto?

Page 62: Teoria Ed Ambiental

Um projeto surge em resposta a um problema concreto.

Elaborar um projeto é, antes de tudo, contribuir para a solução de problemas, transformando IDÉIAS em AÇÕES. O documento chamado PROJETO é o resultado obtido ao se “projetar” no papel tudo o que é necessário para o desenvolvimento de um conjunto de atividades a serem executadas: quais são os objetivos, que meios serão buscados para atingi-los, quais recursos serão necessários, onde serão obtidos e como serão avaliados os resultados.

A organização do projeto em um documento nos auxilia a sistematizar o trabalho em etapas a serem cumpridas, compartilhar a imagem do que se quer alcançar, identificar as principais deficiências a superar e apontar possíveis falhas durante a execução das atividades previstas.

Já que é um processo participativo desde o começo, pois não se pode realizar soluções sem a participação de todos os envolvidos, o projeto se torna uma FERRAMENTA DE TRABALHO, um INSTRUMENTO GERENCIAL, um PONTO DE CONVERGÊNCIA de pessoas.

Conceitualmente, o projeto é a menor unidade administrativa de qualquer plano ou programa.

Um bom projeto escrito tem que mostrar-se capaz de comunicar todas as informações necessárias e é por isso que, em geral, existem elementos básicos que compõem sua apresentação: o título (reflete o conteúdo da proposta), a equipe (pessoas responsáveis pela idéia e sua execução), a justificativa (definição clara do problema a ser tratado) com seus objetivos (definição clara dos objetivos gerais e específicos), os procedimentos (descrição de todas as atividades e como serão implementadas), o cronograma (datas de implementação das atividades), a avaliação (como, quando e por quem será avaliado o projeto), a disseminação (do projeto para o ambiente), o apoio institucional (quem apóia o que o projeto propõe quais as instituições envolvidas e dispostas a participar da idéia).

Se o seu projeto se transformar numa proposta de financiamento e se for aprovada por algum financiador, significa que ele compreendeu o programa que a sua entidade pretende realizar, percebeu sua importância e as possibilidades de êxito. Em outras palavras, ele acredita nas metas de sua entidade, vê que os objetivos seguem no mesmo rumo e vê as chances de sucesso.

Como começar a elaboração de um Projeto?

Page 63: Teoria Ed Ambiental

O trabalho começa pelo “coração” do projeto: a definição concreta do objeto de trabalho, os propósitos, os objetivos que se tem e uma visão clara dos problemas que se quer resolver com a realização da idéia. É importante discutir a idéia central da proposta desde o início com todas as pessoas interessadas, pois seu envolvimento futuro nos trabalhos será motivado pelas visões compartilhadas nesta primeira etapa.

Para isso será necessário encontros ou reuniões do grupo de trabalho envolvido.

Por que definir em reunião?

- Para se ver a expectativa de todos e esclarecer as idéias e objetivos de todos e a todos, afim de “recortar o escopo do projeto e definir o público alvo que se quer trabalhar

- Motivar todos os presentes para agir.

- Reunir as informações necessárias para escrever o projeto.

- Procurar informações sobre as fontes de recursos.

Quem deve participar?

- Todas as pessoas envolvidas com o tema, especialmente as interessadas em elaborar o projeto escrito e depois participar de sua realização.

Como fazer a reunião?

- Fazer um quadro de definição do projeto na lousa ou usar papel-cartaz e caneta-piloto. Este quadro significa descrever um mapa geral do contexto em que se quer trabalhar no projeto, ou seja, analisar o conjunto de coisas e pessoas que cercam e influenciam o alvo do seu projeto.

- Preencher com idéias concretas (mesmo sem ter todos os detalhes, não é preciso tê-los já) pedindo idéias a todos os presentes, inclusive aos mais tímidos ou àqueles que não se acham preparados para ajudar.

- Uma pessoa do grupo, que possa captar as idéias que vão sendo colocadas, deve assumir a tarefa de organizá-las no quadro, tendo o cuidado de ouvir a todos e estimular a participação.

O ORGANIZADOR DA REUNIÃO DEVE VALORIZAR TODAS AS IDÉIAS E NÃO SÓ AS QUE FAZEM SENTIDO PARA ELE, POIS NO FINAL QUASE TUDO PODE SER APROVEITADO, E ELE PODE NÃO ESTAR VENDO O QUE OUTROS ESTÃO

Page 64: Teoria Ed Ambiental

A este papel dá-se o nome de “facilitador”, pois sua função é facilitar a reunião para que todos possam contribuir e a idéia ficar mais completa, mais reconhecida e mais apropriada por todos.

Qual deve ser o produto das reuniões?

Ao final do processo deve-se ter:

1 - O quadro de definição do projeto preenchido.

2 - A equipe de pessoas que vai de fato se responsabilizar pela redação do projeto.

3 - Um grupo para pesquisar fontes de recursos.

4 - Uma previsão de data para a próxima reunião.

O que um Projeto precisa conter?

Os principais itens que compõe um projeto relacionam-se de forma bastante orgânica, de modo que o desenvolvimento de uma etapa leva necessariamente à outra.

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Deve conter o título do projeto, o local em que será implementado, a data da elaboração, a duração do projeto e o início previsto.

IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE/EXECUTOR

Deve conter as seguintes informações: nome, endereço completo, forma jurídica, data do registro jurídico, CGC, representante legal e ato que lhe atribui competência, coordenador do projeto e seu endereço.

É importante não se esquecer de mencionar todos os parceiros do projeto, indicando claramente quem é o proponente e quem participará da execução.

Page 65: Teoria Ed Ambiental

HISTÓRICO DE EXPERIÊNCIA DA INSTITUIÇÃO PROPONENTE/EXECUTORA

Deve conter uma descrição sucinta dos trabalhos que vêm sendo realizados pela organização, o tipo de projetos que já foram executados ou propostos e em que região, localidade ou comunidade. Indica a experiência e a aptidão da instituição em desenvolver trabalhos semelhantes ao proposto e demonstra porque irá obter sucesso.

Pode-se seguir o seguinte roteiro:

- Nome ou tipo dos trabalhos/projetos/campanhas executados

- Data ou período dos trabalhos/projetos/campanhas executados

- Fontes financiadoras e valor do orçamento (se for o caso)

- Principais resultados e conquistas alcançados

- Parcerias desenvolvidas com entidades financiadoras e outros órgãos (governamentais ou não).

Se a organização tiver muitos trabalhos já desenvolvidos, descreva os mais importantes e/ou os que foram desenvolvidos, pelo menos, nos últimos três anos. Nesse caso, anexe prospectos, publicações, vídeos ou outros produtos sobre esses trabalhos.

No caso de órgão público mostre também a experiência e os resultados alcançados por gestões/direções anteriores nas áreas de interesse do projeto.

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA e JUSTIFICATIVA

A elaboração de um projeto se dá introduzindo o que pretendemos resolver, ou transformar. Este problema deve ser delimitado e caracterizado para conhecermos suas dimensões, origens, histórico, implicações e outras informações. Esta prática nos dará maior intimidade com o tema, permitindo um diagnóstico mais fiel e definindo estratégias mais precisas para sua resolução.

Aqui deve ficar claro que o projeto é uma resposta a um determinado problema percebido e identificado pela comunidade ou pela entidade proponente.

Page 66: Teoria Ed Ambiental

Após a caracterização do problema/situação, podemos justificar a necessidade da intervenção. Esclarecimentos sobre a importância de sua realização a nível sócio-econômico-ambiental, evidências da sua viabilidade e outras informações que possam auxiliar o financiador na tomada de decisões devem ser enfatizadas.

Deve descrever com detalhes a região onde vai ser implantado o projeto; situação ambiental (como os recursos naturais foram e estão sendo usados), principais atividades econômicas, número de famílias/pessoas direta e indiretamente envolvidas/beneficiadas com os resultados do projeto, condição de saúde e educação, formas e meio de transporte, problemas ambientais e econômicos, organizações potencialmente existentes, etc.

A justificativa é uma parte muito importante em um projeto, ela é deve responder: Por que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a responder esta questão:

- Qual a importância desse problema/questão para a comunidade? E para a conservação dos recursos naturais da região?

- Existem outros projetos semelhantes sendo desenvolvidos nessa região ou nessa área temática?

- Qual é a possível relação e atividades semelhantes ou complementares entre eles e o projeto proposto?

- Quais são os benefícios econômicos, sociais e ambientais a serem alcançados pela comunidade e os resultados para a região?

OBJETIVO GERAL

Tem-se empregado o termo objetivo geral para a situação ideal almejada, em poucas palavras, o objetivo geral deve expressar o que se quer alcançar na região em longo prazo, ultrapassando inclusive o tempo de duração do projeto. Geralmente o objetivo geral está vinculado à estratégia global da instituição.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Page 67: Teoria Ed Ambiental

Os objetivos específicos também podem ser chamados de resultados esperados. São os efeitos diretos das atividades ou ações do projeto. Ao contrário dos objetivos gerais, que nem sempre poderão ser plenamente atingidos durante o prazo de execução do projeto, os objetivos específicos devem se realizar até o final do projeto.

METAS

As metas, que muitas vezes são confundidas com os objetivos específicos, são os resultados parciais a serem atingidos e neste caso podem e devem ser bastante concretos expressando quantidades e qualidades dos objetivos, ou seja, quanto será feito. A definição de metas com elementos quantitativos e qualitativos é conveniente para avaliar os avanços. Ao escrevermos uma meta, devemos nos perguntar: o que queremos? Para que o queremos? Quando o queremos?

Quando a meta se refere a um determinado setor da população ou a um determinado tipo de organização, devemos descrevê-los adequadamente. Por exemplo, devemos informar a quantidade de pessoas que queremos atingir, o sexo, a idade e outras informações que esclareçam a quem estamos nos referindo.

Cada objetivo específico deve ter uma ou mais metas. Quanto melhor dimensionada estiver uma meta, mais fácil será definir os indicadores que permitirão evidenciar seu alcance.

Nem todas as instituições financiadoras exigem a descrição de objetivos específicos e metas separadamente. Algumas exigem uma ou outra forma.

ATIVIDADES

São as ações previstas para a realização do projeto, devendo ser claramente descritas e relacionadas aos objetivos específicos. Devem ser numeradas em ordem cronológica de execução e indicando quando couber, unidades de medida (ex. metros, kg, dúzia, litros, etc.) e quantidade.

É importante que as atividades sempre sejam relacionadas com os objetivos específicos ou com as metas, pois é através da soma das atividades que se avalia a possibilidade do projeto atingir seu objetivo geral.

BENEFÍCIOS E BENEFICIÁRIOS

Page 68: Teoria Ed Ambiental

Devem descrever os resultados concretos e quem será beneficiado com a realização do projeto. De uma forma geral podem responder as seguintes perguntas:

- De quem partiu a iniciativa de elaborar o projeto? Foram realizados encontros com os beneficiários? Quantas pessoas participaram? Faça uma breve descrição do processo de elaboração da proposta.

- Como se dará a participação dos beneficiários na execução do projeto?

- Como a comunidade será beneficiada com o projeto? Através de quais benefícios?

ETAPA 2 – O Plano de trabalho: Como vamos agir?

Neste momento todos os objetivos que foram definidos na etapa anterior tem que ter seus respectivos procedimentos de trabalho. O ideal é verificar se para cada objetivo há um procedimento claro, se não é um objetivo “morto”.

A idéia central é sempre que possível justificar os métodos de trabalho escolhidos para garantir uma maior coerência e consistência ao projeto.

A metodologia deve descrever as formas e técnicas que serão utilizadas para executar as atividades previstas, devendo explicar passo a passo a realização de cada atividade e não apenas repetir as atividades.

Deve levar em conta que as atividades tem início, meio e fim, detalhando o plano de trabalho.

A metodologia deve responder às seguintes questões:

a) Como o projeto vai atingir seus objetivos?

b) Como começarão as atividades?

Page 69: Teoria Ed Ambiental

c) Como serão coordenadas e gerenciadas as atividades?

d) Como e em que momentos haverá a participação e envolvimento direto do grupo social?

e) Quais as tarefas que cabem à organização?

f) Como, quando e por quem serão feitas as avaliações intermediárias sobre o andamento do projeto?

g) Como e em que momentos haverá a participação e o envolvimento direto do grupo social?

h) Quais as tarefas que cabem à organização e ao grupo social?

i) Quais são as atividades de capacitação e treinamento? Seus conteúdos programáticos e beneficiários?

j) Na disposição dos resultados, o que será objeto de divulgação, os tipos de atividades, a abrangência e o público alvo.

Deve se descrever o tipo de atuação a ser desenvolvida: pesquisa, diagnóstico, intervenção ou outras; que procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos, etc.) serão adotados e como será sua avaliação e divulgação.

É importante pesquisar metodologias que foram empregadas em projetos semelhantes, verificando sua aplicabilidade e deficiências, e é sempre oportuno mencionar as referências bibliográficas.

Um projeto pode ser considerado bem elaborado quando tem metodologia bem definida e clara. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas, a certeza de que os objetivos do projeto realmente tem condições de serem alcançados. Portanto este item deve merecer atenção especial por parte das instituições que elaborarem projetos.

Uma boa metodologia prevê três pontos fundamentais:

a gestão participativa, o acompanhamento técnico sistemático e continuado e o desenvolvimento de ações de disseminação de informações e de conhecimentos entre a população envolvida (capacitação).

Page 70: Teoria Ed Ambiental

CRONOGRAMA

Os projetos, como já foi comentado, são temporalmente bem definidos quando possuem datas de início e de término preestabelecidas. As atividades que serão desenvolvidas devem se inserir neste lapso de tempo. O cronograma é a disposição gráfica das épocas em que as atividades vão se der e permite uma rápida visualização da seqüência em que devem acontecer.

ETAPA 3 – O andamento do projeto: Como vamos avaliar tirar conclusões e disseminar resultados?

SUSTENTABILIDADE

Alguns projetos, diferentemente do proposto, tem previsão de se perpetuarem, como projetos de desenvolvimento institucional e financeiro de ONGs, programas de monitoramento de parâmetros ambientais, programas de conservação de áreas e outros. Nestes casos faz-se necessária a adoção de estratégias para geração de recursos, não somente financeiros, mas também humanos, uma vez que os financiadores nem sempre terão disposição de apoiá-lo indefinidamente.

É interessante que todo projeto tenha a perspectiva de atingir a auto-sustentabilidade ecológica e econômica, durante e após o término do repasse dos recursos. Neste sentido deve-se descrever com que meios e de que forma a organização e a comunidade envolvida planejam continuar as atividades após o término dos recursos.

Existem projetos que prevêem a geração de renda através da comercialização de produtos ou serviços produzidos. Nestes casos a maioria das fontes financiadoras exige estudos de mercado que contemplem os seguintes itens: quantidade de produção no início das atividades, quantidade de produção prevista ao final das atividades, custo de produção, preço de mercado, mercado alvo, condições de escoamento da produção, produtos concorrentes, condições de armazenagem, incremento de renda previsto com o projeto, etc.

Page 71: Teoria Ed Ambiental

Neste item, deve-se procurar demonstrar qual o potencial de sustentabilidade do projeto proposto. As questões a seguir servem como referência para esta descrição:

-É possível estimar a durabilidade dos resultados e dos impactos do projeto?

-Sua organização pretende dar prosseguimento ao projeto após o financiamento do mesmo? Explique como.

-Os beneficiários ou outras instituições (comunidades, famílias, prefeituras, ONGs) pretendem dar continuidade ao trabalho após o término do financiamento?

DISSEMINAÇÃO DOS RESULTADOS

A divulgação das experiências bem sucedidas é de fundamental importância, tanto para a continuidade do projeto, quanto para o impacto positivo que o projeto pretende deixar na comunidade. As ações de disseminação dos resultados também precisam ser pensadas dentro de cada projeto.

As propostas de divulgação poderão ser planejadas em nível local ou regional, incluindo os seguintes itens:

-Definição do que será objeto de divulgação (metodologias, técnicas, experiências);

-Definição dos produtos por meio dos quais será feita a divulgação (livros, artigos para revistas/jornais, vídeos, seminários, propriedades piloto);

-Definição das atividades de divulgação (palestras, reuniões);

-Definição da abrangência da divulgação (local ou regional);

-Definição do público que se pretende atingir (outras populações com características semelhantes às dos beneficiários do projeto, órgãos públicos, setores acadêmicos, organizações não governamentais, etc.

Como podemos ver, disseminar é mais do que divulgar, é tornar o projeto palpável 'a sociedade, que poderá transformá-lo em um novo modelo de trabalho. Deste modo, disseminar torna-se uma atitude todo o tempo de duração do trabalho.

Page 72: Teoria Ed Ambiental

MONITORAMENTO/AVALIAÇÕES

O monitoramento é uma prática imprescindível para avaliar quanto do proposto vêm sendo alcançado. Pode indicar a necessidade de alteração de algumas das metas ou atividades programadas.

Para que a monitoria e avaliação possa alcançar seus objetivos é necessário que se estabeleçam previamente alguns indicadores quantitativos e qualitativos. Estes indicadores devem permitir, de uma maneira geral, avaliar de que forma o projeto pretende:

a ) Obter a participação da comunidade.

b) Documentar a experiência em todas as suas etapas.

c) Divulgar, difundir os procedimentos, acertos e erros do projeto.

d) Acompanhar a realização dos resultados e da aplicação dos recursos financeiros.

e) Avaliar permanentemente o projeto, envolvendo equipe técnica e comunidade e realizando os ajustes que se façam necessários.

f ) Observar, acompanhar, monitorar, os impactos ambientais que o projeto poderá causar.

g) Aferir os resultados econômicos, para saber se o projeto é auto-sustentável.

Os indicadores de resultado permitem aferir/averiguar o progresso de cada atividade em relação aos objetivos do projeto. Em tese, se todas as atividades estiverem 100% executadas, os objetivos do projeto foram alcançados.

Ex.1 - Para saber se um seminário proposto para 40 pessoas atingiu o objetivo, pode se usar a lista de presença para avaliar a quantidade e o relatório do seminário para avaliar a qualidade. Neste caso, os indicadores são: lista de presenças e relatório do seminário.

Ex.2 - Um projeto que se propõe a reflorestar 10.000 árvores poderá ter como indicador de quantidade o número de árvores plantadas e de qualidade o número de árvores efetivamente crescendo após determinado período. Neste caso, os indicadores podem ser: 10.000 árvores plantadas e, 95% das árvores plantadas crescendo após doze meses. Relacione para cada atividade um ou mais indicadores de resultados, para que se possa a qualquer momento fazer uma avaliação e verificar se as atividades estão sendo executadas de acordo com o programa.

Page 73: Teoria Ed Ambiental

ETAPA 4 – O orçamento: Quanto vai custar o projeto?

ORÇAMENTO

Após um planejamento detalhado das atividades, pode-se perguntar quanto custará o projeto, quando se darão as despesas e quando os recursos deverão estar disponíveis. O orçamento é um resumo ou cronograma financeiro do projeto, no qual se indica com o que e quando serão gastos os recursos e de que fontes virão os recursos. Facilmente pode-se observar que existem diferentes tipos de despesas que podem ser agrupadas de forma homogênea, como por ex.: material de consumo; custos administrativos; equipe permanente; serviços de terceiros; diárias e hospedagem; veículos, máquinas e equipamentos; obras e instalações.

No orçamento as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.

MEMÓRIA DE CÁLCULO

Na memória de cálculo devem ser descritos todos os itens de despesa individualmente, conforme exemplo:

- Material de consumo - são materiais como papel, lápis, embalagens para mudas, pequenas ferramentas, combustível, etc. Dê a especificação do material (papel, lápis, etc.), unidade de medida (metros, kg, etc.), marca (quando couber), quantidade, custo unitário e custo total.

- Custos administrativos - são despesas correntes necessárias ao funcionamento das entidades, tais como aluguel, contas de luz, telefone, material de escritório, etc. Normalmente se faz uma proporção do uso destas coisas para cada projeto.

- Equipe Permanente - é a equipe de técnicos e outras pessoas que estarão envolvidas durante e com a implementação do projeto. Indique os técnicos e outros profissionais que serão contratados para a execução do projeto, dando nome (se conhecido previamente), horas que irá trabalhar quantidade e custo de cada um.

Page 74: Teoria Ed Ambiental

- Serviços de terceiros - são os serviços temporários prestados ao projeto, por pessoas físicas ou jurídicas. Especifique o serviço (serviços de medição de áreas, serviços de engenharia florestal, etc.) unidade de medida (horas, dias, meses) quantidade, custos.

- Diárias e hospedagem - são despesas correntes de viagem e estadias de pessoas da equipe em função de atividades previstas no projeto (vistoria em campo, cursos, seminários) ou de consultores de outras instituições solicitados para tarefas específicas. Especifique a atividade (curso, seminário, reunião, etc.) para qual serão necessárias as diárias e/ou hospedagens.

- Veículos, máquinas e equipamentos - dimensione bem a aquisição de veículos, máquinas e equipamentos e especifique o tipo de veículo (utilitário pick up, automóvel, etc.) ou do bem a ser adquirido (fax, TV, vídeo, etc.), quantidade, marca/modelo e o custo.

- Obras e instalações - Relacione o tipo (casa. galpão, depósito, etc.) de obras e instalações necessárias à implantação do projeto. Indique a unidade de medida (m), quantidade e custo. Anexe projeto ou croqui detalhado da obra: tipo de construção, prazo de execução, áreas e dependências a serem construídas ou ampliadas, cronograma financeiro da obra, documentação comprobatória de propriedade ou cessão de posse do terreno.

Normalmente cada instituição financiadora segue uma sistemática própria.

CONDIÇÕES INTERNAS E EXTERNAS

Algumas fontes financiadoras pedem que se avaliem e descrevam as condições ou fatos internos e externos que podem favorecer ou desfavorecer o andamento do projeto.

Apresente sugestões e procedimentos para fortalecer as condições favoráveis e para afastar e/ou modificar as desfavoráveis.

Ex. Condições Internas:

- Favoráveis:

Infra-estrutura instalada e experiência técnica comprovada em atividades semelhantes;

Alto grau de organização e articulação do grupo social envolvido;

Alto grau de aceitação da entidade perante a comunidade.

Page 75: Teoria Ed Ambiental

- Desfavoráveis:

Não existe grau de organização e articulação do grupo social envolvido;

Organização ainda não é bem aceita na comunidade por não seguir padrões tradicionais de desenvolvimento.

Ex. Condições Externas:

- Favoráveis:

Possibilidade de abertura de exportação dos produtos a serem fabricados/produzidos;

Melhoria das condições de transporte/energia.

- Desfavoráveis:

Oscilação do mercado com preços desfavoráveis aos produtos a serem fabricados/produzidos;

Fatores climáticos - períodos prolongados de chuva ou seca que podem adiantar ou atrasar etapas.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Referências bibliográficas que possam conceituar o problema, ou servir de base para a ação, podem e devem ser apresentadas. Certamente darão ao financiador uma noção de quanto o autor está inteirado ao assunto, pelo menos ao nível conceitual/teórico.

RESUMO

O resumo é uma seção geralmente de uma página onde é feita uma síntese do projeto. Sua função é dar uma idéia geral do que se trata, seus objetivos, duração e custo, dentre outros. Escrever um bom resumo é

extremamente importante, pois este tem que cativar o leitor a aprofundar se no projeto e descobrir o quanto ele é importante, bem intencionado e efetivo. O resumo deverá ser uma das últimas seções a ser redigida, pois então teremos maior intimidade com o projeto.

Page 76: Teoria Ed Ambiental

ANEXOS

Muitas informações que não é possível inserir em nenhuma das seções anteriores podem ser, desde que imprescindíveis, transformadas em anexos. Um mapa localizando a região ou município, o curriculum vitae dos principais integrantes da equipe, um histórico mais detalhado, cartas de recomendação de algumas pessoas relacionadas à instituição financiadora, um relato do desempenho de sua organização e de seu envolvimento com outras instituições atuantes na área, etc.

É importante ressaltar que nem todos os revisores se interessarão por tantas informações quanto foram sugeridas, e portanto é aconselhável se restringir às realmente necessárias para contextualização de sua proposta.

Pequeno Manual para Elaboração de Projetos. Realização INSITUTO SOCIOAMBIENTAL e APREMAVI. Junho, 2001

Bibliografia consultada

KISIL, Rosana – Elaboração de Projetos e Propostas para Organizações da Sociedade Civil. São Paulo. Global, 2001. (Coleção Gestão e sustentabilidade).

KISIL, Rosana - Manual de Elaboração de Projetos e Propostas - Universidade de São Paulo, l995.

KELLEY, Daniel Q. - Dinheiro para Sua Causa - TEXTONOVO. 1995

MALTA, Cyra e outros - Elaboração de Projetos em meio Ambiente - INSTITUTO ECOAR,1995.

______, Um Guia para Elaboração de Propostas – WWF, 1991.

______, Manual de Projetos do PDA - Projetos Demonstrativos PPG7 - Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - 1998

______, Manual Operativo e Formulário para Apresentação de Projetos do FNMA - 1999 - Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal

______, Práticas para o Sucesso de ONGs Ambientalistas. SPVS/TNC/Unibanco - 1997

Textos e Adaptações para esta Apostila

Page 77: Teoria Ed Ambiental

Miriam Prochnow e Wigold Bertoldo Schäffer

Instituto Socioambiental - ISA

Conteúdo das provas de Educação Ambiental

P1

O que é Educação Ambiental?

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Conceitos de Educação Ambiental

Agenda 21

P2

Educação ambiental: aspectos da legislação

A educação ambiental e a interdisciplinaridade

O papel do professor na educação ambiental

Projetos em educação ambiental

As provas Substituva e de Reavaliação (Exame) contemplam toda a matéria da disciplina.