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 Página 1 DIREITO CIVIL IV  TEORIA DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS AULAS 1 E 2 NOÇÃO GERAL DE CONTRATO. 1. Conceito: É o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos. Constitui fonte de obrigação e o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral. a) Sistematização das fontes das obrigações: * Fonte Mediata: Fato humano (contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito). * Fonte imediata: Lei 3. Princípios fundamentais do direito contratual. 3.1 Princípio da autonomia da vontade e o da Função Social do contrato. Consis te no poder das partes de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina de seus intere sses, suscitando ef eitos tutelados pela ordem jurídica, envolvendo, além da liberda de de criação do contrato, a liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não, de escolhero outro contraente e de fixar o conteúdo do contrato, limitadas pela função social do contrato, pelas normas de ordem pública, pelos bons costumes e pela revisão judicial dos contratos. (Mª Helena Diniz)  Arts. 421 e 425. Significa ampla liberdade de contratar, sem qualquer interferência do Estado. 3.2) Supremacia da ordem pública . Limita o contrato da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse público. 3.3) Cons ensualismo. Basta o ac ordo de vontades, independentemente da entrega da coisa, para o aperfeiçoamento do contrato. Os contratos são, em regra, consensuais. Alguns são reais, porque aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades (depósito, comodato, p. ex.). 3.4) Relatividade dos contratos. Funda-se na ideia de que os efeitos dos contratos só se produzem em relação às partes, não afetando terceiros, salvo algumas exceções consignadas na lei (estipulações emfavor de terceiros; 3.5) Obrigator iedade dos contratos. Decorre da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem pelo juiz. 3.6) Revisão dos contratos (ou de onerosidad e excessiva). Opõe -se ao da obriga toriedad e, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas, se a prestação se torna r excessivamente onerosa em virtude de acontecimen tos extraordinário s e imprevisíveis (arts . 478 e 480). Constitui aplicação antiga cláusula rebus sic stantibus e da teoria da imprevisão. 3.7) Boa-fé. Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato (art. 422). Guarda relação com o prin cípio segund o o qual ningu ém pode ben eficiar -se da própria torpeza. A boa-fé se biparte em subjetiva (psicológica) e objetiva (cláusula geral que impõe norma de conduta) 4. Interpretação dos contratos.

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DIREITO CIVIL IV  

TEORIA DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS

AULAS 1 E 2

NOÇÃO GERAL DE CONTRATO.

1. Conceito:

É o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos.

Constitui fonte de obrigação e o mais expressivo modelo de negócio jurídico bilateral.

a) Sistematização das fontes das obrigações:

* Fonte Mediata: Fato humano (contrato, declaração unilateral de vontade e ato ilícito).

* Fonte imediata: Lei

3. Princípios fundamentais do direito contratual.

3.1 Princípio da autonomia da vontade e o da Função Social do contrato.

Consiste no poder das partes de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a

disciplina de seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica, envolvendo, além da liberdade de

criação do contrato, a liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não, de escolhero outro

contraente e de fixar o conteúdo do contrato, limitadas pela função social do contrato, pelas normas de ordem

pública, pelos bons costumes e pela revisão judicial dos contratos. (Mª Helena Diniz)

 Arts. 421 e 425. Significa ampla liberdade de contratar, sem qualquer interferência do Estado.

3.2) Supremacia da ordem pública. Limita o contrato da autonomia da vontade, dando prevalência ao interesse

público.

3.3) Consensualismo. Basta o acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa, para o

aperfeiçoamento do contrato.

Os contratos são, em regra, consensuais. Alguns são reais, porque aperfeiçoam com a entrega do objeto

subsequente ao acordo de vontades (depósito, comodato, p. ex.).

3.4) Relatividade dos contratos. Funda-se na ideia de que os efeitos dos contratos só se produzem em relação às

partes, não afetando terceiros, salvo algumas exceções consignadas na lei (estipulações emfavor de terceiros;

3.5) Obrigatoriedade dos contratos. Decorre da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as parte

(pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem pelo juiz.

3.6) Revisão dos contratos (ou de onerosidade excessiva). Opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos

contratantes recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas, se

prestação se tornar excessivamente onerosa em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (arts.

478 e 480). Constitui aplicação antiga cláusula rebus sic stantibus e da teoria da imprevisão.

3.7) Boa-fé.

Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a

formação e o cumprimento do contrato (art. 422).

Guarda relação com o princípio segundo o qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. A boa-fé

se biparte em subjetiva (psicológica) e objetiva (cláusula geral que impõe norma de conduta)

4. Interpretação dos contratos.

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Funções. A interpretação dos contratos exerce função objetiva e subjetiva. Nos contratos escritos, a análise do

texto (interpretação objetiva) conduz à descoberta da intenção das partes (interpretação subjetiva), alvo principal

da operação. O Código Civil deu prevalência à teoria da vontade sobre a da declaração. ( art. 112)

Princípios básicos:

a) Boa-fé. (arts. 113 e 422) Presume-se a boa-fé. Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem

com lealdade.

b) Conservação do contrato. Em havendo duas interpretações sobre uma cláusula, prevalece a que produz

efeitos.

5. Regras de Interpretação.

- Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a

interpretação mais favorável ao aderente.

- Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente;

- Art. 819. A fiança não admite interpretação extensiva;

- Art. 1899. Prevalecerá a interpretação da cláusula testamentária que melhor assegure a observância da

vontade do testador.

� 6. Formação do contrato.

6.1 Elementos.

O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta (oferta, policitação ou oblação) e a aceitação.

Não dependem de forma especial.

 Acordo de vontades das partes contratantes, tácito ou expresso, que se manifesta de um lado pela oferta e de

outro pela aceitação, que são elementos indispensáveis à formação do contrato.

� 6.2 Fases:

a) Negociações preliminares.

É antecedida de uma fase de negociações preliminares (fase de puntuação), em que não há vinculação a

negócio.

Consistem nas conversações prévias, sondagens e estudos sobre a viabilidade dos interesses de cada

contraente, sem qualquer vinculação jurídica para futuro contrato, embora possa surgir responsabilidade civil no

campo da culpa aquiliana.

b) A proposta.

  A oferta ou proposta é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa à outra (destinatário da

proposta).

� A proposta vincula o proponente (art. 427) Por força da manifestação do proponente o vincula, caso

seja aceita pela outra parte.

� A sua retirada sujeita o proponente ao pagamento de perdas e danos.

� O CC estipula exceções a essa regra no art. 427: se o contrário resultar dos termos dela, da natureza do

negócio ou das circunstâncias do caso (428).

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, a recusa indevida de dar cumprimentoà proposta dá ensejo a

execução específica (art. 35), podendo o consumidor optar, em seu lugar, por aceitar outro produto, rescindir o

contrato e pedir perdas e danos.

Caracteres da Proposta:

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a) é declaração de vontade unilateral de vontade, por parte do proponente.

b) Reveste-se de força vinculante em relação ao que formula, se o contrário não resultar dos termos dela, da

natureza do negócio ou das circunstâncias do caso. (art. 427 e 428, CC)

c) é um negócio jurídico receptício;

d) é elemento inicial do contrato, devendo ser, por isso, séria, completa, precisa e inequívoca.

� c) A aceitação.

É a manifestação de vontade, expressa ou tácita, da parte destinatáriaà proposta formulada, dentro do prazo

consistente na adesão a esta em todos os seus termos, tornando o contrato definitivamente concluído, desde que

chegue, oportunamente, ao conhecimento do ofertante.

É a concordância com os termos da proposta.

Requisitos:

� Deve ser pura e simples. Não exige obediência a determinada forma, salvo nos contratos solenes

podendo ser tácita ou expressa. (art. 432)

� Deve ser oportuna (art. 430 e 431) Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições ou

modificações, importará nova proposta.

Deve corresponder a adesão integral à oferta;

� Deve ser conclusiva e coerente.

� Hipóteses em que não tem força vinculante (retratação):

a) quando chegar tarde ao conhecimento do proponente ± caso em que este deverá avisar o aceitante, sob pena

de pagar perdas e danos (art. 430);

b) se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. (art.433)

Validade da aceitação:

a) Se o negócio for entre presentes, a oferta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Se não contive

prazo, a aceitação deverá ser manifestada imediatamente, se, se houver prazo, deverá ser pronunciada no termoconcedido.

� b) Entre ausentes, existindo prazo, este deverá ser observado, mas se a aceitação se atrasar, sem culpa

do oblato, o proponente deverá dar ciência do fato ao aceitante, sob pena de responder por perdas e

danos. (430)

Se o ofertante não estipulou qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro do tempo suficiente para

chegar a resposta ao conhecimento do proponente.

Quando celebrados entre ausentes, por correspondência (carta, fax, telegrama) ou intermediários, a resposta leva

algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases, por isso há divergênci

doutrinária em que momento se reputa concluída a convenção.

� Primeira teoria: teoria da informação (cognição), o momento é o da chegada da resposta ao

conhecimento do solicitante, que inteira de seu teor.

� Segunda teoria: teoria da declaração (agnição): a) da declaração propriamente dita; (momento da

redação da correspondência epistolar).

b) da expedição; (saída do alcance do oblato) posição acolhida pelo Código, art. 434.

c) da recepção. (exige que além de escrita a aceitação e expedida, deve ser entregue ao destinatário.).

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� 6.3 Lugar da celebração.

CC, art. 435 e LICC, art. 9.º, §2.º (Este aplicado no direito internacional privado)

� 6.4 Impossibilidade da prestação.

Resolve-se a obrigação quando se torna impossível o seu cumprimento (art. 106), uma vez que ninguém pode

fazer o impossível. A resolução só ocorre, porém se a impossibilidade for absoluta, isto é, alcança a todas as

pessoas.

AULAS 3 E 4 

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

1. Quanto aos efeitos:

a) Contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais.

Unilaterais são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes. Ex. Doação pura, comodato

mútuo, depósito.

Bilaterais são os que geram obrigações mútuas para ambos os contraentes. Ex. Compra e venda, locação. Arts

476 e 477.

Plurilaterais são os que contêm mais de duas partes,como os contratos de sociedade e de consórcio.

Os Aleatórios são aqueles que a prestação de uma ou de ambas as partes dependem do risco futuro e incerto

Não se pode antecipar seu montante (CC, arts. 458 a 461).

O contrato de jogo, aposta e seguro são os típicos contratos aleatórios por natureza, porque a álea, o risco, lhes

é peculiar.

Os tipicamente comutativos que se tornam aleatórios em razão de certas circunstâncias, denominam-se

acidentalmente aleatórios (venda de coisas futuras e de coisas existentes, mas expostas a risco).

2. Quanto à formação:

a) Paritários. São os contratos do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se

encontram em pé de igualdade, ante o princípio da autonomia de vontade;

b) De Adesão. São os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um do

contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo previamente confeccionado, não podendo

modificá-las (consórcio, seguro, transporte) arts. 423 e 424.

c) Contrato-tipo (de massa, em série ou por formulários) Aproximam-se do contrato de adesão, porque é

apresentado em fórmula impressa ou datilografada, mas dele difere porque admite discussão sobre o seu

conteúdo.

3. Quanto ao momento de sua execução:

a) De execução i nstantânea.

São os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração (compra e venda àvista, p. ex.).

b) De execução diferida.

São os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro. Prestação de um ou de ambos

se dá a termo. Ex. Compra e venda a prazo.

c) De execução conti nuada ou de trato sucessivo. São os que se cumprem por meio de atos reiterados.

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4. Quanto ao agente:

a) Personalíssimos ou intuitu personae. São os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um

contraentes. ex. Contrato de show.

b) Impessoais. São aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro

Não requer qualidades especiais do devedor.

c) Individuais. São aqueles em que as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias

pessoas.

d)Coletivos

. São os que se perfazem pelo acordo de vontade entre duas pessoas jurídicas de direito privado

representativas de categorias profissionais. ex. Convenção coletiva de trabalho, convênio de cooperação mútua.

5. Quanto ao modo por que existem:

a) Principais. São os que têm existência própria e não dependem, pois de qualquer outro.

b) Acessórios. São os que têm existência subordinada à do contrato principal. (fiança, cláusula penal).

c) Derivados ou subcontratos. São os que têm por objetos direitos estabelecidos em outro contrato, denominado

básico ou principal (sublocação e subempreitada).

6. Quanto à forma:

a) S olenes. São os que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quando esta é dasubstância do ato, diz-seque é ad solemnitatem. 

b) Não-solenes.São os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação, independentemente da

entregada coisa e da observância de determinada forma. Daí serem também chamados de consensuais. Em

regra, a forma dos contratos é livre (art. 107), podendo ser celebrados verbalmente se lei não exigir forma

especial. 

c) Reais.Opõem-se aos consensuais ou não solenes. São os que exigem, para se aperfeiçoar, além do

consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. (depósito, comodato, mútuo).

7. Quanto ao objeto:

a) Preliminar, pactum de contrahendo, ou pré-contrato. É o que tem por objeto a celebração do contrato definitivo.Tem, portanto, um único objeto. Quando este é um imóvel, é denominado promessa de compra e venda, oucompromisso de compra e venda, se irretratável e irrevogável. 

b) Definitivo. Tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um. 

8. Quanto à designação:

a) Nominados. São os que têm designação própria.

b) Inominados. São os que não as têm.

c) Típicos. São os regulados pela lei; os que têm o seu perfil nela traçado.

d) Atípicos. São os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém características e requisitosdefinidos e regulados pela lei.

e) Misto. É o que resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade dos

contratantes. Constitui contrato unitário.

f) Coligado. Constitui pluralidade, em que vários contratos celebrados pelas partes se apresentam interligados.

9. Contratos Bilaterais:

Nos contratos bilaterais, as prestações são recíprocas. Em consequência:

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a) Aquele que não satisfez a própria obrigação, não pode exigir o implemento da do outro (exceptio non adimpleticontractus ± art. 476). A cláusula solve et repete importa em renúncia ao direito de opor a exceção do contrato não

cumprido. As prestações devem ser simultâneas.

� b) O art. 477 do CC prevê uma garantia de execução da obrigação a prazo, acautelando os interesses do

que deve pagarem primeiro lugar.

c) O art. 475 do mesmo diploma admite o reconhecimento do inadimplemento como condição resolutiva. Por isso,

se diz que todo contrato bilateral contém cláusula resolutiva tácita.

� No contrato bilateral, ante o inadimplemento do outro, o contratante pode tomar as seguintes providências:

I) permanecer inerte e defender-se, caso acionado, com a exceptio non adimpleti contractus;

II) pleitear a resolução do contrato, com perdas e danos, provando o prejuízo sofrido;

III) exigir o cumprimento contratual, quando possível a execução específica (CPC, arts. 461 e parágrafos, e 466-A

a C).

10. Distrato e quitação.

� Distrato é o acordo de vontades que tem por fim extinguir um contrato anterior celebrado. Deve obedece

à mesma forma do contrato a ser desfeito quando este tiver forma especial, mas não quando esta for livre

(art. 472) Efeito ex nunc. 

� Quitação: vale, qualquer que seja a sua forma. Exige-se apenas a forma escrita. (art. 320)

11. Contrato com pessoa a declarar.

No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservarem-se a faculdade de indicar a pessoa que

deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. (art. 467)

Trata-se de avença comum nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o compromissário

comprador reservar-se a opção de receber a escritura definitiva ou indicar terceiro para nela figurar como

adquirente (cláusula pro amico eligendo).

EFEITOS DOS CONTRATOS  

1. Efeitos decorrentes da obrigatoriedade do contrato.* Cada contraente fica ligado ao contrato, sob pena de execução ou de responsabilidade por perdas e danos;

* O contrato deve ser executado como se fosse lei entre as partes;

* O contrato é irretratável e inalterável, não podendo um dos contratantes se liberta ad nutum, salvo cláusula de

arrependimento ou consentimento de ambas as partes.

* O juiz deverá observar estritamente o contrato, salvo naquelas hipóteses em que se poderá modificá-lo, como

sucede na imprevisão, força maior ou caso fortuito.

2. Efeitos do contrato relativamente à terceiro.

Princípio geral de que o contrato não beneficia e não prejudica terceiros, atingindo apenas as partes que neleconvencionaram (princ. Da relatividade dos contratos), não é absoluto, como se pode ver no pacto de retrovenda

na estipulação em favor de terceiro, no contrato por terceiro, etc.

Da estipulação em favor de terceiro.

a) Conceito:

Ocorre quando uma pessoa convenciona com outra que esta concederá uma vantagem ou um benefício em favo

de terceiro, que não é parte no contrato.

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b) Requisitos:

� Subjetivo ± Exigência da presença de três pessoas: estipulante e promitente (que deverão ter capacidade

para contratar) e beneficiário (que não precisa ter aptidão para contratar).

� Objetivo ± liceidade, possibilidade de objeto e vantagem patrimonial que beneficie pessoa alheia à

convenção.

� Formal ± forma livre, por ser contrato consensual.

c) Natureza jurídica.

É contrato sui generis, porque a prestação é realizada em benefício de quem não participa da avença (seguro de

vida, p. ex). É também consensual e de forma livre. O terceiro deve ser determinável, podendo ser futuro, como a

prole eventual. A gratuidade do benefício é essencial, não podendo ser imposta contraprestação ao terceiro.

d) Regulamentação. Encontra-se nos arts. 436 a 438 do CC. A obrigação assumida pelo promitente pode se

exigida tanto pelo estipulante como pelo beneficiário, ficando o último, todavia, sujeito às condições e normas do

contrato, se a ele anuir.

Da promessa de fato de terceiro.

a) Conceito. Caracteriza quando uma pessoa se compromete com outra a obter prestação de fato de um terceir

(art. 439). Responderá por perdas e danos, quando este o não executar.

b) Características.

Trata-se de obrigação de fazer que, não sendo executada, resolve-se em perdas e danos. Aquele que promete

fato de terceiro assemelha-se ao fiador, que assegura a prestação prometida. Não substituirá a responsabilidade

se o terceiro se comprometeu e depois não cumpriu a prestação, ou se este for o cônjuge do promitente, nas

condições previstas no art. 439, § único do CC.

AULAS 5 E 6

EFEITOS PARTICULARES DO CONTRATO

1. Noção Geral:

Os contratos bilaterais, por suas peculiaridades, apresentam particulares efeitos jurídicos, subordinando-se anormas inaplicáveis aos unilaterais.

Pode-se considerar a essa espécie de contrato os seguintes efeitos:

o direito de retenção;

a exceptio non adimpleti contractus; 

os vícios redibitórios; 

a evicção; 

as arras.

2) Direito de Retenção.

a) Conceito: É a permissão legal ao credor de reter ou conservar em seu poder coisa alheia, que já o detém

legitimamente, além do momento em que a deveria restituir se o seu crédito não existisse e, normalmente, até a

extinção deste. (Arnoldo Medeiros da Fonseca)

b) Requisitos:

- Detenção de coisa alheia;

- Conservação dessa detenção;

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- Crédito líquido, certo e exigível do retentor em relação de conexidade com a coisa retida;

- Inexistência de exclusão legal ou convencional do direito de retenção.

c) Exemplos que o direito de retenção é assegurado:

- a todo possuidor de boa-fé que tem direito a indenização das benfeitorias necessárias ou úteis (CC, art. 1.219);

- ao credor pignoratício (CC, art 1.433, II e III);

- ao depositário (CC, art. 644, parágrafo único);

- ao mandatário (CC, art. 681);

- ao cônjuge (CC, art. 1.652)

3. Exceção do contrato não cumprido.

É a defesa oponível pelo contratante demandado contra o cocontrante inadimplente, em que o demandado se

recusa a cumprir sua obrigação, sob alegação de não ter, aquele que a reclama, cumprido o seu dever, dado que

cada contratante está sujeito ao estrito adimplemento do contrato.

4) Vícios redibitórios:

a) Conceito: São defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao

uso a que se destina ou lhe diminuam o valor, de forma que o negócio não se realizaria caso esse defeito fosseconhecido.

 A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente (art. 441)

Há a opção de o adquirente ficar com a coisa e reclamar o abatimento (art. 442)

b) Fundamento jurídico:

É respaldado pelo princípio da garantia, que segundo o qual todo alienante deve assegurar, ao adquirente, atítulo

oneroso, o uso da coisa por ele adquirida e para os fins a que se é destinada.

c) Ações edilícias. O art. 442 do CC deixa duas alternativas ao adquirente:

I) rejeitar a coisa, rescindindo o contrato, mediante a ação redibitória; ou

II) conservá-la, malgrado o defeito, reclamando o abatimento no preço, pela ação quanti minoris ou estimatória.

Prazo decadencial para o ajuizamento: 30 dias, se relativas a bem móvel, e 1 ano se relativas a imóvel, contados

da tradição.

d) Efeitos:

A ignorância dos vícios pelo alienante não o exime de responsabilidade. Se os conhecia, além de restituir o que

recebeu, responderá também por perdas e danos (art. 443)

Nas hipóteses de coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma delas não autoriza a rejeição de

todas (art. 503).

A responsabilidade do alienante subsiste: ainda que a coisa pereça em poder do alienatário; se perecer po

vício oculto já existente ao tempo da tradição (art. 444).

Os limites da garantia, isto é, o quantum do ressarcimento e os prazos respectivos, poderão ser ampliados,

restringidos ou suprimidos pelos contraentes, mas na última hipótese o adquirente assumira o risco do defeito

oculto.

A responsabilidade do alienante subsistirá, ainda que a coisa pereça em poder do alienatário,em razão do vício

oculto, já existente ao tempo da tradição (art. 444).

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A renúncia à garantia por parte do adquirente impede a propositura das ações edilícias.

e) Requisitos:

A coisa tenha sido recebida em virtude de contrato comutativo ou de doação onerosa, ou remuneratória.

Os defeitos são ocultos;

Que existam ao tempo da alienação ou celebração do contrato;

Que sejam desconhecidos do adquirente;

Que sejam graves, a ponto de prejudicar o uso da coisa ou diminuir-lhe o valor.

d) Vícios redibitórios à luz do CDC:

Quando uma pessoa adquire um veículo, com defeito, de um particular, a reclamação rege-se pelo CC.

Se o adquire de um comerciante, pauta-se pelo CDC, que considera os vícios redibitórios tanto os defeitos

ocultos como também os aparentes.

Os prazos para reclamar em juízo são decadenciais:

* Vícios aparentes{produto não durável:30 dias

{prod. Durável: 90 dias da entrega.

* Vícios ocultos {os prazos são os mesmos,mas somente se iniciam no momento em que ficaremevidenciados

(CDC, art. 26).

5) Evicção.

a) Conceito: É a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que a atribui a outrem opor causa jurídica

preexistente ao contrato.

b) Fundamento jurídico. Funda-se no princípio da garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios

estendido aos defeitos do direito transmitido.

O alienante é obrigado a resguardar o adquirente dos riscos da perda da coisa para terceiro, por força de decisão

 judicial (art. 447).

c) Requisitos da evicção:

Onerosidade da aquisição do bem (art. 447, 1.ª parte, e 552);

Perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa alienada pelo adquirente;

ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa (art. 457).

Sentença judicial, transitada em julgado, declarando a evicção;

Anterioridade do direito do evictor;

denunciação da lide ao alienante (art. 456)

d) Reforço, redução, exclusão da responsabilidade pela evicção:

O CC, art. 448, confere às partes direito de modificar a responsabilidade do alienante, reforçando, diminuindo ou

excluindo a garantia, desde que o faça expressamente.

Todavia, apesar de haver cláusula que exclua a responsabilidade pela evicção, se esta se der, o evicto terá

direito de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não

o assumiu. (art. 449, CC)

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� e) Direitos do Evicto:

Demandar pela evicção, movendo ação contra o transmitente, exceto nos casos do CC, art. 449.

Reclamar, no caso de evicção total, além de restituição integral do preço ou das garantias pagas, as verbas do

CC, art. 450, I a III;

Obter o valor das benfeitorias, conforme o CC, arts. 453 e 454;

Receber o valor das vantagens das deteriorações da coisa, desde que não tenha sido condenado a indenizá-

las (art. 452).

� Direitos do evicto:

Haver o que o reforço ou redução da garantia lhe assegurar;

Convocar o alienante à integração da lide, se proposta uma ação para evencer o bem adquirido (art. 456);

citar como responsável o seu alienante imediato, em caso de vendas sucessivas, embora nada obste que cite

todos os alienantes;

Optar, se parcial a evicção, entre a rescisão contratual e a restituição da parte do preço correspondente ao

desfalque sofrido (art. 455 e § único);

Responsabilizar os herdeiros do alienante pela evicção, se este vier a falecer.

DA EXTINÇAÕ DO CONTRATO.

1. Modo normal de extinção.

 A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. Comprova-se o pagamento

pela quitação fornecida pelo credor. (art. 320)

2. Extinção sem cumprimento:

2.1 Causas anteriores ou contemporâneas:

a) Nulidade absoluta e relativa.

 A absoluta decorre de transgressão a preceito de ordem pública e impede que o contrato produza efeitos desde asua formação (ex tunc) e a anulabilidade advém da imperfeição de vontade. Não extinguirá o contrato enquanto

não se mover a ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença. 

b) cláusula resolutiva. Pode ser expressa, quando convencionada para hipótese de inadimplemento, ou tácita.

 A primeira opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial e é subentendida emtodo contrato

bilateral (art. 475).

c) Direito de arrependimento. Quando previsto, autoriza a qualquer das partes a rescindir o ajuste, sujeitando-se

à perda do sinal ou à sua devolução em dobro (CC, art. 420; e CDC, art. 49)

2.2 Causas supervenientes à formação do contrato:

a) Resolução por inexecução voluntária do contrato (culposa):

Operar-se-á se houver: inadimplemento culposo do contrato por parte de um dos contraentes, dano causado ao

outro e nexo de causalidade entre o comportamento ilícito do agente e o prejuízo. Essa resolução produzirá

efeitos ex tunc,se se tratar de contrato de execução única, e ex nunc, se o contrato for de duração continuada; não

atingirá os direitos creditórios de terceiros, adquiridos medio temporis: sujeitará o inadimplente ao ressarcimento

das perdas e danos, abrangendo o dano emergente e o lucro cessante.

b) Resolução por inexecução do contrato involuntária.

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Se a total inexecução contratual se der por força maior ou caso fortuito, a resolução do contrato operar-se-á de

pleno direito, sem ressarcimento das perdas e danos, porém haverá intervenção judicial para compelir o

contratante a restituir o que recebeu e responsabilidade do devedor pelos danos causados, se estiver em mora.

c) Resolução por onerosidade excessiva:

Se houver onerosidade excessiva, oriunda de evento extraordinário e imprevisível, q dificulte extremamente o

adimplemento do contrato por uma das partes, ter-se-á a resolução contratual, por se considerar subentendida a

cláusula rebus sic stantibus.

Pode o lesado neste caso, pedir a rescisão do contrato ou o reajustamento das prestações recíprocas.

Requisitos: I) vigência de contrato comutativo de execução continuada; II) alteração radical das condições

econômicas no momento da execução do contrato, em confronto com as do instante de sua celebração

III) onerosidade excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado ao outro; IV) imprevisibilidade

daquela modificação.

d) Resilição bilateral ou distrato.

O distrato é um negócio jurídico que rompe o vínculo contratual, mediante acordo de vontade de ambos os

contraentes de pôr fim ao contrato firmado anteriormente.

Submete-se as mesmas regras e formas relativas à formação do contrato.

O art. 472 só é aplicável, porém ao caso de distrato de contratos, cuja forma é prescrita em lei.

O distrato produz efeitos ex nunc .

e) Resilição unilateral.

É a dissolução do contrato pela simples declaração de uma das partes; muito comum no mandato, no

comodato, no depósito, e em contratos de execução continuada.

Opera-se mediante denúncia notificada à outra parte (CC, art. 473, e parágrafo único).

Assume, em certos casos, feição especial de revogação, renúncia e resgate.

Produz efeitos ex nunc. 

f) Morte de um dos contraentes.

 A morte de um dos contraentes só é causa de extinção do contrato se este for intuitu personae.

Se ocorrer essa hipótese o contrato extinguir-se-á de pleno direito, produzindo efeitos ex nunc.

AULA 7 

DOS ATOS UNILATERAIS

1. Da Promessa de Recompensa:

1.1 Introdução. 

 Assim como os contratos e os atos ilícitos, as declarações unilaterais da vontade constituem fontes de obrigações.

1.2 Conceito:

É a declaração de vontade, feita publicamente, pela qual o declarante promete gratificar a quem preencha certa

condição, ou desempenhe certo serviço. (art. 854).

  Antes da prestação, pode revogá-la, com a mesma publicidade, respondendo, porém, pelo reembolso da

despesas já realizadas pelo candidato, de boa-fé. (art.856, parágrafo único).

1.3 Requisitos da Promessa de Recompensa.

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a) que lhe tenha sido dada publicidade;

b) que o seu objeto seja lícito;

c) que tenha emanado de pessoa capaz.

1.4 Promessa nos concursos:

Nos concursos que se abrirem, com promessa pública de recompensa, é condição essencial, para valerem, a

fixação de um prazo.

Enquanto este não se escoa, a promessa é irrevogável. (art. 859).

Vinculação do promitente, uma vez dada publicidade à declaração de vontade, dirigida a pessoa indeterminada.

Direito do credor a receber a recompensa, se comprovar a satisfação da condição exigida, ainda que não tenha

agido visando recebê-la. (art. 855)

Direito à recompensa da que primeiro executou o ato, se praticado por mais de uma pessoa (art. 857). Sendo

simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa. (art. 858)

2. Gestão de Negócios.

2.1 Conceito:

Dá-se a gestão de negócios quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na administração denegócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono. (art. 861).

2.2 Pressupostos:

a) trata-se de negócio alheio;

b) falta autorização do dono; ausência de qualquer convenção ou obrigação legal entre as partes a respeito do

negócio gerido.

c) atuação do gestor no interesse e vontade presumível do dominus;

d) limita a ação a atos de natureza patrimonial;

e) intervenção motivada por necessidade ou pela utilidade, intenção de trazer proveito para o dono;

f) Inexistênciade proibição ou oposição por parte do dono do negócio (CC, arts. 861 e 862)

g) Vontade o gestor de gerir negócio alheio (art. 875, parágrafo único).

2.3 Obrigações do gestor:

São regras as do mandatário.

a) Comunicar a gestão ao dono do negócio, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo. (art.

864)

b) Envidar, nesse mister, a sua diligência habitual, ressarcindo ao dono todo o prejuízo decorrente de qualque

culpa na gestão. (art. 866)

c) Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, nem preterir interesses deste, em

proveito de interesses seus, sob pena de responder pelo caso fortuito. (art. 868)

d) Administrar o negócio alheio de acordo com o interesse e a vontade presumível de seu dono (art. 861)

e) Continuar o negócio até a sua conclusão ou até receber instruções dos herdeiros do dominus (art. 865)

f) Responder pelas faltas do substituto, se se fizer substituir (art. 867);

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g) Vincular-se solidariamente, se houver pluralidade de gestores (CC, art. 867, parágrafo único);

h) Prestar contas de sua gestão e devolver tudo o que tiver caído em suas mãos por efeito da sua gerência.

2.4 Direitos do gestor:

Reembolsar-se das despesas feitas na administração da coisa alheia.

Reaver a importância que pagou com despesas funerárias, no caso do CC, art. 872, parágrafo único.

Obter restituição do que despendeu com alimentos na hipótese do CC, art. 871, 1694 e 305.

2.5 Deveres do dono do negócio para com o gestor 

Reembolsar o gestor das despesas necessárias e úteis que houver feito (CC, art. 869, 2.ª alínea, §§1.º e 2.º);

Indenizar o gestor das despesas, com os juros legais, se a gestão acudiu prejuízo iminente ou redundou em

proveito do dominus, ou da coisa (CC, art. 870).

Pagar apenas as vantagens que tiver com a gestão, se seu negócio for conexo com o do gestor (art. 875);

Indenizar os prejuízos que sofreu por causa da gestão (art. 869, in fine);

Substituir o gestor nas posições jurídicas por ele assumidas perante terceiros.

2.6 Direitos do domi nus negotti  

Exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior ou o indenize da diferença, se os prejuízos da gestão

iniciada contra a sua vontade excederem o seu proveito. (art. 863);

Ratificar (art. 873) ou desaprovar a gestão (art. 874.

2.7 Obrigações do gestor e do dono do negócio perante t erceiros.

O gestor fica responsável por tudo que contratou com terceiro em seu nome. (art. 861, in fine).

O dominus deverá assumir, perante terceiros, as obrigações contraídas pelo gestão em seu nome, desde que o

negócio tenha sido utilmente administrado (art. 869, 1.ª alínea)

AULAS8

E 9DO PAGAMENTO INDEVIDO

1. Conceito:

Constitui modo enriquecimento sem causa. Configura-se quando alguém recebe o que lhe não era devido. Como

ninguém pode locupletar-se com o alheio, sem causa ou razão jurídica, fica o accipiens obrigado a restituir o que

recebeu indevidamente (art. 876).

2. Espécies:

21. Indébito objetivo: quando o solvens paga dívida inexistente, mas que supunha existir ou débito que já existiu

mas se encontra extinto, ou ainda quando paga mais do que realmente deve.

2.2 Indébito subjetivo: quando a dívida realmente existe e o engano é pertinente a quem paga ou a quem recebe.

3. Requisitos:

 Art. 877. É requisito da ação de repetição de indébito que o pagamento tenha sido efetuado voluntariamente e por

erro.

 A prova de erro é dispensado quando se trata de pagamento de postos, bastando nesse caso a prova de su

ilegalidade ou inconstitucionalidade.

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4. Exclusão do direito à repetição:

a) Quando o accipiens, recebendo o pagamento indevido como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título

deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito. (art. 880)

b) Quando o pagamento foi efetuado para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.

(art. 882)

c) Quando o pagamento foi feito para a obtenção de fim ilícito, imoral ou proibido por lei. (art. 883)

5. Repetição de indébito:

a) Casos:

Se alguém receber não só o que não lhe era devido, mas também dívida condicional antes de cumprida a

condição. (art. 876).

Se houver pagamento de imposto ilegal ou inconstitucional. (Lei n. 5.172/66, arts. 165 a 169)

b) Efeitos da restituição conforme o animus do accipiens e a natureza da prestação.

Arts. 878 e 879, parágrafo único.

Do enriquecimento sem causa. 

1. Conceito:Configura-se quando alguém se locupleta de coisa alheia, aumentando o seu patrimônio ou se beneficiando de

alguma vantagem, sem causa jurídica, acarretando, em consequência, o empobrecimento dosolvens. 

2. Requisitos da ação de i n rem v erso:

a) Enriquecimento do que recebe ou lucra (accipiens); Compreende vantagem.

b) Empobrecimento do que paga ou sofre o prejuízo (solvens). Pode consistir em diminuição do seu patrimônio ou

em não-percepção de verba a que faz jus.

c) Relação de causalidade.

O enriquecimento do accipiens deve ter por causa o empobrecimento dosolvens e vice-versa.

d) Ausência de causa jurídica. (art. 885);

e) Inexistência de ação específica, visto que a ação de in rem verso tem caráter subsidiário.

TÍTULOS DE CRÉDITO

1. Conceito:

Consistem na manifestação unilateral da vontade do agente, materializada em um instrumento, pela qual ele se

obriga a uma pretensão determinada, independentemente de qualquer ato de aceitação emanado de outro agente

(art. 887 a 903)

2. Espécies:

Títulos nominativos;

Títulos à ordem;

Títulos ao portador.

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3. Títulos ao Portador:

a) Definição: Título ao portador é o documento pelo qual seu emitente se obriga a uma prestação a quem lhe

apresentar como seu detentor.

b) Traços característicos:

Exigência de um documento em que se encontre lançada a promessa do emitente de realizar certa prestação,

devidamente firmado por ele.

Necessidade de indeterminação do credor;

Possibilidade de ser transmitido por simples tradição manual, independentemente de anuência do devedor (art

904).

Exigibilidade da prestação devida, pois o detentor poderá, mediante simples apresentação, reclamá-la do

emissor (art. 905);

Exoneração do subscritor, pagando a qualquer detentor (art. 905, parágrafo único);

Necessidade de autorização legal para a sua emissão (art. 907).

c) Efeitos Jurídicos:

* Subsistência da obrigação do emissor, mesmo que o título circule contra a sua vontade. (art. 905, parágrafo

único);

* Impossibilidade de o devedor opor outra defesa além da que assentar em nulidade interna ou externa da

obrigação, ou da fundada em direito pessoal (art. 906).

* Obrigação do subscritor de cumprir a prestação somente se o título lhe for apresentado (art. 905) ou nos casos

do CC, art. 909, § único e CPC, arts. 907 a 913.

* Obtenção em juízo de novos títulos ao portador, injustamente desapossados, extraviados ou furtados (CC, art

909; CPC, art. 907, I);

* Presunção de propriedade do título por parte daquele cujo nome estiver nele inscrito, que poderá reivindicá-lo de

quem injustamente o detiver (art. 909, 1.ª alínea).

* Possibilidade de o possuidor de título dilacerado, mas identificável, obter do emitente sua substituição. (art. 908)

4. Títulos à ordem:

a) Noção: É o que identifica o titular do crédito e é transferível por endosso;

b) Consequências jurídicas:

Transferência por endosso lançado no verso ou anverso do próprio título (art. 910)

Legitimidade da posse do seu portador (art. 911);

Obrigatoriedade da verificação da regularidade da série de endossos. (art. 911, § único);

Nulidade de endosso parcial e ineficácia de condição que o subordine (art. 912, § único)

Admissibilidade de mudança de endosso em branco para em preto, de novo endosso do título ou de su

transferência sem novo endosso. (art. 913)

Desvinculação do endossante ao pagamento, salvo cláusula expressa em contrário. (art. 914)

Vinculação, mediante cláusula expressa, do endossante ao pagamento como devedor solidário, tendo ação de

regresso contra os coobrigados anteriores. (art. 914, §§ 1.º e 2.º)

Oposição pelo devedor de determinadas exceções (art. 915 e 916)

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Possibilidade de endosso-mandato (art. 917, §§ 1.º a 3.º) e do endosso-penhor (art. 918, §§ 1.º e 2.º);

Aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, que terá os mesmos efeitos da cessão civil. (art.

919);

Produção dos mesmos efeitos, seja o endosso anterior ou posterior ao vencimento do título (art. 920)

5. Títulos nominativos:

a) Definição: É o emitido em favor de pessoa cujo nome conste em registro do emitente (art. 921);

b) Efeitos jurídicos:

b.1) Transferência mediante termo ou por endosso (art. 922 e 923 e §§1.º e 2.º)

b.2) Obtenção de novo título pelo adquirente, em seu nome, se o original contiver o nome do primitivo proprietário.

(art. 923, §3.º);

b.3) Possibilidade de transformação do título nominativo em à ordem ou ao portador (art. 924)

b.4) Produção de efeito de qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto o título, apenas perante o

emitente, desde que não haja averbação no seu registro (art. 926);

b.5) Maior segurança nas relações cambiárias (art. 925).

AULAS 10 E 11DA COMPRA E VENDA

1. Conceito:

É o contrato em que uma pessoa se obriga a transferir a outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea,

mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente. (Caio Mário S. Pereira).

2. Caracteres:

É bilateral;

É onerosa;

comutativa ou aleatória (arts.458 e 459);

É consensual ou solene (arts. 108 e 215);

É translativa do domínio por servir como titulus adquirendi.

3. Elementos Constitutivos:

a) Coisa:

Deverá: I) ter existência, ainda que potencial; ii) ser individuada; c) ser disponível; d) possibilidade de se

transferida ao comprador;

b) Preço;

Deverá apresentar os seguintes caracteres: pecuniarieda de (art. 481); seriedade; certeza (arts. 482, 489, 485,

486, 487 e 490).

c) Consentimento dos contratantes:

Requer: 1º) capacidade genérica para praticar os atos de vida civil; assim, os absoluta ou relativamente incapazes

só poderão contratar se representados ou assistidos por seus representantes legais, sob pena de se tornarem

nulos ou anuláveis os contratos;

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2.º) Legitimação para contratar; daí restringir-se a liberdade de compra e vender:

a) às pessoas casadas, exceto no regime de separação absoluta de bens, tratando-se de imóvel sem anuência do

outro consorte (art. 1647, I);

b) aos consortes entre si (art. 1639, §2.º);

c) aos ascendentes, em relação ao descendente, sem o consenso dos demais e do cônjuge doalienante (art. 496

e § único);

d) aos que têm, por dever de ofício, de zelar pelos bens alheios, relativamente a esses bens (art. 497);

e) aos corretores, quanto aos bens a eles confiados (Dec. n. 18.795/79, art. 21);

f) aos leiloeiros, em relação às coisas que devem vender (Dec. n. 21.981/32, art. 36, b);

g) ao estrangeiro não residente no país, quanto à propriedade rural (Ato complementar n. 45/69; Lei n. 5.709/71);

h) ao condômino, no caso do art. 504, CC;

i) ao proprietário da coisa alugada. (Lei n. 8.245/91, arts. 27 a 31, 33 e 34);

 j) ao enfiteuta (arts. 683 e 685 do CC);

k) ao comprador ou ao vendedor, nos contratos com cláusula de exclusividade;

l) aos menores (Lei n. 8.069/90, arts.77 a 81, 242 a 244).

4. Consequências Jurídicas:

a) Obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador de pagar o preço. (art. 476, 477, 481, 491 e 493);

b) Obrigação de garantia, imposta ao vendedor, contra os vícios redibitórios e a evicção;

c) Responsabilidade pelos riscos e despesas (art. 492, 494, 236, 490 e 502);

d) Direito aos cômodos antes da tradição (art. 237, § único);

e) Responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas (art. 503);

f) Direito do comprador de recusar a coisa vendida sob amostra, por não ter sido entregue nas condições

prometidas (art. 484 e parágrafo único)

g) Direito de o adquirente exigir, na venda ad mensuram, o complemento da área, ou de reclamar, se isso fo

impossível, a rescisão do negócio ou o abatimento do preço (art. 500 e 501);

h) Exoneração do adquirente de imóvel, que exibir certidão negativa de débito fiscal, de qualquer responsabilidade

por dívida anterior do imóvel por impostos;

I) Nulidade contratual do caso do art. 53 da Lei n. 8.078/90.

5. Cláusulas Especiais à compra e venda:

5.1 Retrovenda.

Cláusula em que o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao

comprador o preço, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramentos. (art. 505 a

508);

Prazo decadencial: Direito do vendedor de recobrar o imóvel no prazo de 3 anos.

Direito de retrato é transmissível a herdeiros e legatários

5.2 Preempção ou preferência (Arts. 513 a 520).

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o pacto em que o comprador de coisa móvel ou imóvel fica com a obrigação de oferecê-la a quem lha vendeu,

para que este use do seu direito de prelação em igualdade de condições , no caso de pretender vende-la ou da-la

em pagamento.

Prazo para o seu exercício:

Não poderá exceder a 180 dias se a coisa for móvel; ou há dois anos, se imóvel.

Direito de preferência perde se o interessado não pagar em condições iguais, o preço encontrado ou ajustado.

Prazo decadencial:

 A preempção caducará: se a coisa for móvel, não exercer nos três dias subsequentes; e se imóvel nos 60 dia

após a notificação.

O direito de preempção não é transmissível. (art. 520)

Responde por perdas e danos, o comprador que alienar sem possibilitar o direito de prelação.

5.3 Venda a contento e a sujeita a prova.

Cláusula que subordina o contrato à condição suspensiva de ficar desfeito se o comprador não se agradar da

coisa. (art. 509 a 512)

Prazo: normalmente determinado, e se indeterminado, pode o vendedor interpelar.

5.4 Reserva de domínio.

Cláusula, estipulada no contrato de compra e venda de coisa móvel infungível, pela qual o vendedor reserva para

si a propriedade do bem, até o momento em que se realize o pagamento integral do preço. (arts. 521 a 528)

5.5 Venda sobre documentos.

Cláusula que substitui a tradição da coisa pela entrega de seu título representativo. (arts. 529 a 532).

Normalmente ocorre nas importações e exportações.