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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 1 Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 1 Conceito(s) de Literatura Conceito(s) de Literatura Conceito (s) Conceito (s) de de Literatura Literatura Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Pará, Belém/Bragança, Belém/Bragança, 2010. 2010. Teoria Literária I Teoria Literária I

Teoria Literária I - abilio pacheco · Jonathan Culler (cont.) Aos estudantes não se pedia para interpreta -las, como agora interpretamos as obras literárias, procurando explicar

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 1Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 1

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

Conceito (s)Conceito (s)dede

Literatura Literatura

Universidade Federal do Pará,Universidade Federal do Pará,Belém/Bragança,Belém/Bragança,2010.2010.

Teoria Literária ITeoria Literária I

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 2Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 2

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

Tecer versos é, por força,Tecer versos é, por força,Fazer sulcos em penedos,Fazer sulcos em penedos,Singrar as pedras todasSingrar as pedras todasDo mar de si ao avesso,Do mar de si ao avesso,Derramar suores em gotasDerramar suores em gotasNo fero vigor do remo.No fero vigor do remo.

É ferir à quilha da fragataÉ ferir à quilha da fragataAs artérias espumosasAs artérias espumosasDas altas internas vagas,Das altas internas vagas,Navegar por entre as rochas,Navegar por entre as rochas,Extrair exangues lascas Extrair exangues lascas ——Vergões por dentro e por fora.Vergões por dentro e por fora.

Talhar a cerrados pulsosTalhar a cerrados pulsosAs pedras finas, mas duras,As pedras finas, mas duras,Lapidar relevos pulcrosLapidar relevos pulcrosEm fendas pouco profundasEm fendas pouco profundasÉ um árduo trabalho É um árduo trabalho infrutoinfrutoQue só lega palmas sujas. [...]Que só lega palmas sujas. [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 3Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 3

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

Que tens, Que tens, caralhocaralho, que pesar te oprime , que pesar te oprime

que assim te vejo murcho e cabisbaixo que assim te vejo murcho e cabisbaixo

sumido entre essa basta sumido entre essa basta pentelheirapentelheira, ,

mole, caindo pela perna abaixo? mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste Nessa postura merencória e triste

para trás tanto vergas o focinho, para trás tanto vergas o focinho,

que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,

teu sórdido vizinho!teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos Que é feito desses tempos gloriosos

em que erguias as guelras inflamadas, em que erguias as guelras inflamadas,

na barriga me dando de contínuo na barriga me dando de contínuo

tremendas cabeçadas? [...]tremendas cabeçadas? [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 4Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 4

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de LiteraturaTecer versos é, por força,Tecer versos é, por força,Fazer sulcos em penedos,Fazer sulcos em penedos,Singrar as pedras todasSingrar as pedras todasDo mar de si ao avesso,Do mar de si ao avesso,Derramar suores em gotasDerramar suores em gotasNo fero vigor do remo.No fero vigor do remo.

É ferir à quilha da fragataÉ ferir à quilha da fragataAs artérias espumosasAs artérias espumosasDas altas internas vagas,Das altas internas vagas,Navegar por entre as rochas,Navegar por entre as rochas,Extrair exangues lascas Extrair exangues lascas ——Vergões por dentro e por fora.Vergões por dentro e por fora.

Talhar a cerrados pulsosTalhar a cerrados pulsosAs pedras finas, mas duras,As pedras finas, mas duras,Lapidar relevos pulcrosLapidar relevos pulcrosEm fendas pouco profundasEm fendas pouco profundasÉ um árduo trabalho É um árduo trabalho infrutoinfrutoQue só lega palmas sujas. [...]Que só lega palmas sujas. [...]

Que tens, Que tens, caralhocaralho, que pesar te oprime , que pesar te oprime

que assim te vejo murcho e cabisbaixo que assim te vejo murcho e cabisbaixo

sumido entre essa basta sumido entre essa basta pentelheirapentelheira, ,

mole, caindo pela perna abaixo? mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste Nessa postura merencória e triste

para trás tanto vergas o focinho, para trás tanto vergas o focinho,

que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,

teu sórdido vizinho!teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos Que é feito desses tempos gloriosos

em que erguias as guelras inflamadas, em que erguias as guelras inflamadas,

na barriga me dando de contínuo na barriga me dando de contínuo

tremendas cabeçadas? [...]tremendas cabeçadas? [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 5Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 5

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Os textos anteriores são expressões artOs textos anteriores são expressões artíísticas?sticas?

�� São textos literSão textos literáários? (Ambos? Nenhum? Apenas um?)rios? (Ambos? Nenhum? Apenas um?)

�� Por quê?Por quê?

�� O que confere a um objeto o carO que confere a um objeto o carááter artter artíístico?stico?

�� O que confere a um texto o carO que confere a um texto o carááter literter literáário?rio?

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 6Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 6

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Alguns conceitos (grosso modo):Alguns conceitos (grosso modo):

�� A A literatura é a arte da palavra (arte de natureza verbal).literatura é a arte da palavra (arte de natureza verbal).

�� A literatura é ficção.A literatura é ficção.

�� A literatura é fuga da realidade, uma realidade imaginária.A literatura é fuga da realidade, uma realidade imaginária.

�� A literatura é uma forma de conhecimento do mundo e do ser A literatura é uma forma de conhecimento do mundo e do ser humano.humano.

�� A literatura não tem vínculo com a realidade; contentaA literatura não tem vínculo com a realidade; contenta--se consigo se consigo mesma.mesma.

�� A literatura como instrumento político.A literatura como instrumento político.

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Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� ÉÉ arte?arte?

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 8Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 8

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� E agora?E agora?

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 9Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 9

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 10Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 10

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Desenho animado é arte?Desenho animado é arte?

�� Os Os SimpsonsSimpsonsé arte?é arte?

�� Por quê?Por quê?

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 11Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 11

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� ““ Os Os SimpsonsSimpsonsé uma forma de é uma forma de arte porque vai além e cria um arte porque vai além e cria um universo com regras universo com regras particulares, baseado em um particulares, baseado em um exagero do mundo real, mas exagero do mundo real, mas criado com tal complexidade e criado com tal complexidade e consistência que termina por consistência que termina por influir decisivamente na influir decisivamente na realidade na qual se inspira. [...] realidade na qual se inspira. [...] Em outra palavras, Os Em outra palavras, Os SimpsonsSimpsonsé um produto do mundo atual, é um produto do mundo atual, mas o mundo atual é também mas o mundo atual é também um produto dos um produto dos SimpsonsSimpsons”.”.

Ricardo Ricardo CalilCalil

Revista Bravo! Agosto de 2007.Revista Bravo! Agosto de 2007.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 12Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 12

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Arte e sociedade (Arte e sociedade (RogelRogelSamuel):Samuel):

�� “A literatura, como produto do trabalho humano [...] faz uma tra“A literatura, como produto do trabalho humano [...] faz uma transformação nsformação da realidade [...] e interfere indiretamente nas consciências, nda realidade [...] e interfere indiretamente nas consciências, no sentido de o sentido de humanizar o próprio homem”.humanizar o próprio homem”.

�� “A literatura trabalha para o desenvolvimento da intuição interi“A literatura trabalha para o desenvolvimento da intuição interior, seu or, seu objetivo é o reino do espírito humano”.objetivo é o reino do espírito humano”.

�� “A literatura é um reflexo do processo histórico. [...] não só r“A literatura é um reflexo do processo histórico. [...] não só reproduz a eproduz a realidade, mas dá forma a um tipo de realidade. [...] mas não surealidade, mas dá forma a um tipo de realidade. [...] mas não substitui a bstitui a sociologia e a política como maneiras de explicar a sociedade”.sociologia e a política como maneiras de explicar a sociedade”.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 13Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 13

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Alguns critérios para se observar a natureza da literatura:Alguns critérios para se observar a natureza da literatura:

�� O tipo de linguagem empregada;O tipo de linguagem empregada;

�� As intenções do autor;As intenções do autor;

�� Os temas e os assuntos de que trata a obra;Os temas e os assuntos de que trata a obra;

�� A natureza do projeto do Escritor;A natureza do projeto do Escritor;

�� A obra literária para existir necessita de um intercâmbio socialA obra literária para existir necessita de um intercâmbio socialautorautor--obraobra--leitor;leitor;

�� A relação autorA relação autor--leitor é mediada por muitas instâncias: editor, distribuidor, leitor é mediada por muitas instâncias: editor, distribuidor, livreiros, etc. (corredor comercial); crítica literária, críticalivreiros, etc. (corredor comercial); crítica literária, críticauniversitária, etc.;universitária, etc.;

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 14Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 14

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de LiteraturaTecer versos é, por força,Tecer versos é, por força,Fazer sulcos em penedos,Fazer sulcos em penedos,Singrar as pedras todasSingrar as pedras todasDo mar de si ao avesso,Do mar de si ao avesso,Derramar suores em gotasDerramar suores em gotasNo fero vigor do remo.No fero vigor do remo.

É ferir à quilha da fragataÉ ferir à quilha da fragataAs artérias espumosasAs artérias espumosasDas altas internas vagas,Das altas internas vagas,Navegar por entre as rochas,Navegar por entre as rochas,Extrair exangues lascas Extrair exangues lascas ——Vergões por dentro e por fora.Vergões por dentro e por fora.

Talhar a cerrados pulsosTalhar a cerrados pulsosAs pedras finas, mas duras,As pedras finas, mas duras,Lapidar relevos pulcrosLapidar relevos pulcrosEm fendas pouco profundasEm fendas pouco profundasÉ um árduo trabalho É um árduo trabalho infrutoinfrutoQue só lega palmas sujas. [...]Que só lega palmas sujas. [...]

Que tens, Que tens, caralhocaralho, que pesar te oprime , que pesar te oprime

que assim te vejo murcho e cabisbaixo que assim te vejo murcho e cabisbaixo

sumido entre essa basta sumido entre essa basta pentelheirapentelheira, ,

mole, caindo pela perna abaixo? mole, caindo pela perna abaixo?

Nessa postura merencória e triste Nessa postura merencória e triste

para trás tanto vergas o focinho, para trás tanto vergas o focinho,

que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,

teu sórdido vizinho!teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos Que é feito desses tempos gloriosos

em que erguias as guelras inflamadas, em que erguias as guelras inflamadas,

na barriga me dando de contínuo na barriga me dando de contínuo

tremendas cabeçadas? [...]tremendas cabeçadas? [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 15Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 15

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de LiteraturaTecer versos é, por força,Tecer versos é, por força,Fazer sulcos em penedos,Fazer sulcos em penedos,Singrar as pedras todasSingrar as pedras todasDo mar de si ao avesso,Do mar de si ao avesso,Derramar suores em gotasDerramar suores em gotasNo fero vigor do remo.No fero vigor do remo. Autor: Autor:

É ferir à quilha da fragataÉ ferir à quilha da fragataAs artérias espumosasAs artérias espumosasDas altas internas vagas,Das altas internas vagas,Navegar por entre as rochas,Navegar por entre as rochas,Extrair exangues lascas Extrair exangues lascas ——Vergões por dentro e por fora.Vergões por dentro e por fora.

Talhar a cerrados pulsosTalhar a cerrados pulsosAs pedras finas, mas duras,As pedras finas, mas duras,Lapidar relevos pulcrosLapidar relevos pulcrosEm fendas pouco profundasEm fendas pouco profundasÉ um árduo trabalho É um árduo trabalho infrutoinfrutoQue só lega palmas sujas. [...]Que só lega palmas sujas. [...]

Que tens, Que tens, caralhocaralho, que pesar te oprime , que pesar te oprime

que assim te vejo murcho e cabisbaixo que assim te vejo murcho e cabisbaixo

sumido entre essa basta sumido entre essa basta pentelheirapentelheira, ,

mole, caindo pela perna abaixo? mole, caindo pela perna abaixo? Autor:Autor:

Bernardo GuimarãesBernardo Guimarães

Nessa postura merencória e triste Nessa postura merencória e triste

para trás tanto vergas o focinho, para trás tanto vergas o focinho,

que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,

teu sórdido vizinho!teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos Que é feito desses tempos gloriosos

em que erguias as guelras inflamadas, em que erguias as guelras inflamadas,

na barriga me dando de contínuo na barriga me dando de contínuo

tremendas cabeçadas? [...]tremendas cabeçadas? [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 16Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 16

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de LiteraturaTecer versos é, por força,Tecer versos é, por força,Fazer sulcos em penedos,Fazer sulcos em penedos,Singrar as pedras todasSingrar as pedras todasDo mar de si ao avesso,Do mar de si ao avesso,Derramar suores em gotasDerramar suores em gotasNo fero vigor do remo.No fero vigor do remo. Autor: AbilioAutor: Abilio

PachecoPachecoÉ ferir à quilha da fragataÉ ferir à quilha da fragataAs artérias espumosasAs artérias espumosasDas altas internas vagas,Das altas internas vagas,Navegar por entre as rochas,Navegar por entre as rochas,Extrair exangues lascas Extrair exangues lascas ——Vergões por dentro e por fora.Vergões por dentro e por fora.

Talhar a cerrados pulsosTalhar a cerrados pulsosAs pedras finas, mas duras,As pedras finas, mas duras,Lapidar relevos pulcrosLapidar relevos pulcrosEm fendas pouco profundasEm fendas pouco profundasÉ um árduo trabalho É um árduo trabalho infrutoinfrutoQue só lega palmas sujas. [...]Que só lega palmas sujas. [...]

Que tens, Que tens, caralhocaralho, que pesar te oprime , que pesar te oprime

que assim te vejo murcho e cabisbaixo que assim te vejo murcho e cabisbaixo

sumido entre essa basta sumido entre essa basta pentelheirapentelheira, ,

mole, caindo pela perna abaixo? mole, caindo pela perna abaixo? Autor:Autor:

Bernardo GuimarãesBernardo Guimarães

Nessa postura merencória e triste Nessa postura merencória e triste

para trás tanto vergas o focinho, para trás tanto vergas o focinho,

que eu cuido vais beijar, lá no traseiro, que eu cuido vais beijar, lá no traseiro,

teu sórdido vizinho!teu sórdido vizinho!

Que é feito desses tempos gloriosos Que é feito desses tempos gloriosos

em que erguias as guelras inflamadas, em que erguias as guelras inflamadas,

na barriga me dando de contínuo na barriga me dando de contínuo

tremendas cabeçadas? [...]tremendas cabeçadas? [...]

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 17Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 17

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Jonathan CullerJonathan Culler

�� ““ Durante vinte e cinco séculos as pessoas escreveram Durante vinte e cinco séculos as pessoas escreveram obras que hoje chamamos de literatura, mas o sentido obras que hoje chamamos de literatura, mas o sentido moderno de moderno de literatura literatura mal tem dois séculos de idade. mal tem dois séculos de idade. Antes de 1800, Antes de 1800, literatura literatura e termos análogos em outras e termos análogos em outras línguas européias significavam ‘textos escritos’ ou línguas européias significavam ‘textos escritos’ ou ‘conhecimento de livros’. Mesmo hoje, um cientista ‘conhecimento de livros’. Mesmo hoje, um cientista que diz a ‘literatura sobre evolução é imensa’ quer que diz a ‘literatura sobre evolução é imensa’ quer dizer não que muitos poemas e romances tratam do dizer não que muitos poemas e romances tratam do assunto, mas que se escreveu muito sobre ele.assunto, mas que se escreveu muito sobre ele.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 18Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 18

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Jonathan Culler (cont.)Jonathan Culler (cont.)

�� E obras que hoje são estudadas como literatura E obras que hoje são estudadas como literatura nas aulas de inglês ou latim nas escolas e nas aulas de inglês ou latim nas escolas e universidades foram uma vez tratadas não como universidades foram uma vez tratadas não como um tipo especial de escrita, mas como belos um tipo especial de escrita, mas como belos exemplos do uso da linguagem e da retórica. exemplos do uso da linguagem e da retórica. Eram exemplos de uma categoria mais ampla de Eram exemplos de uma categoria mais ampla de práticas exemplares de escrita e pensamento, que práticas exemplares de escrita e pensamento, que incluía discursos, sermões, história e filosofia.incluía discursos, sermões, história e filosofia.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 19Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 19

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Jonathan Culler (cont.)Jonathan Culler (cont.)�� Aos estudantes não se pedia para interpretaAos estudantes não se pedia para interpreta--las, las,

como agora interpretamos as obras literárias, como agora interpretamos as obras literárias, procurando explicar sobre o que elas ‘realmente’ procurando explicar sobre o que elas ‘realmente’ são. Ao contrário, os estudantes as são. Ao contrário, os estudantes as memorizavam, estudavam sua gramática, memorizavam, estudavam sua gramática, identificavam suas figuras retóricas e suas identificavam suas figuras retóricas e suas estruturas ou procedimentos de argumento. Uma estruturas ou procedimentos de argumento. Uma obra como a obra como a Eneida, Eneida, de Virgílio, que hoje é de Virgílio, que hoje é estudada como literatura, era tratada de modo estudada como literatura, era tratada de modo diferente nas escolas antes de 1850.”diferente nas escolas antes de 1850.”

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 20Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 20

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Evolução do conceito de Literatura (Victor Manuel):Evolução do conceito de Literatura (Victor Manuel):

�� Antiguidade clássica: Saber referente à arte de escrever e Antiguidade clássica: Saber referente à arte de escrever e ler gramática, instrução, erudição.ler gramática, instrução, erudição.

�� A partir do século XVIII: belas letras, conhecimento, A partir do século XVIII: belas letras, conhecimento, doutrina e erudição.doutrina e erudição.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 21Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 21

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Antes da 2ª metade do séc. XVIII: poesia, eloqüência, Antes da 2ª metade do séc. XVIII: poesia, eloqüência, verso, prosa, etc.verso, prosa, etc.

�� Segunda metade do século XVIII: valor polissêmico.Segunda metade do século XVIII: valor polissêmico.

–– Voltaire: (belle Voltaire: (belle literátureliteráture): uma forma particular de ): uma forma particular de conhecimento; valores estéticos e relação com letras.conhecimento; valores estéticos e relação com letras.

–– Diderot: Literatura é arte e também um conjunto de Diderot: Literatura é arte e também um conjunto de manifestações dessa arte (pelo valor estético)manifestações dessa arte (pelo valor estético)

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 22Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 22

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Principais usos do lexema “Literatura” até o Principais usos do lexema “Literatura” até o Romantismo (Victor Manuel):Romantismo (Victor Manuel):

�� Conjunto da produção literária de uma época ou de Conjunto da produção literária de uma época ou de uma região;uma região;

�� Conjunto de obras que se particularizam e ganham Conjunto de obras que se particularizam e ganham feição especial pela sua origem, pela sua temática ou feição especial pela sua origem, pela sua temática ou pela sua intenção;pela sua intenção;

�� Bibliografia existente acerca de um determinado Bibliografia existente acerca de um determinado assunto;assunto;

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 23Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 23

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Principais usos do lexema “Literatura” até o Romantismo Principais usos do lexema “Literatura” até o Romantismo (Victor Manuel):(Victor Manuel):

�� Retórica, expressão artificial;Retórica, expressão artificial;

�� Por Elipse, empregaPor Elipse, emprega--se simplesmente Literatura em vez de se simplesmente Literatura em vez de História da Literatura;História da Literatura;

�� Por Metonímia: significa também manual de História da Por Metonímia: significa também manual de História da Literatura;Literatura;

�� Literatura pode significar ainda conhecimento sistematizado, Literatura pode significar ainda conhecimento sistematizado, científico do fenômeno literário.científico do fenômeno literário.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 24Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 24

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Alguns significados fundamentais a partir do século XVIII,Alguns significados fundamentais a partir do século XVIII,conforme Victor Manuel:conforme Victor Manuel:

�� uma arte particularuma arte particular

�� uma específica categoria da criação artística;uma específica categoria da criação artística;

�� um conjunto de textos resultantes da atividade criadora, um conjunto de textos resultantes da atividade criadora, agregado aos gêneros literários como epopéia, drama e lírica.agregado aos gêneros literários como epopéia, drama e lírica.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 25Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 25

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

� Características do texto Literário (ensino médio)

� Ficcionalidade;

� Função estética;

� Plurissignificação;;

� Subjetividade..

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 26Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 26

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� ““ ErzaErzaPound:Pound:

grande literaturagrande literatura é linguagem carregada de é linguagem carregada de significado até o último grau possível ”.significado até o último grau possível ”.

Ou seja: alto grau de Ou seja: alto grau de literariedadeliterariedade..

Page 27: Teoria Literária I - abilio pacheco · Jonathan Culler (cont.) Aos estudantes não se pedia para interpreta -las, como agora interpretamos as obras literárias, procurando explicar

Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 27Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 27

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

� Literariedade (do russo literaturnost)isto é aquilo que faz de um dado texto um texto literário.Entretanto os usos especiais de linguagem que fazem o literário também podem ser encontrados em textos não-literários.

� Jonathan Culler faz a seguinte confissão num texto sobre Literariedade:

“Devemos confessar que não chegamos a uma definição satisfatória da literariedade.” e

“Não encontramos nenhum critério distintivo e suficiente susceptível de a definir.”

(Teoria Literária, dir. de Marc Angenot et al., Dom Quioxte, Lisboa, 1995, p.45 e p.58).

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 28Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 28

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Antonio CandidoAntonio Candido

�� ““ A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitidrealidade recriada através do espírito do artista e retransmitida a através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os qatravés da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais uais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra videla toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, a, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade deautônoma, independente do autor e da experiência de realidade deonde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatosartista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatosnaturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo socianaturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.l.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 29Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 29

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Antonio Candido (continuação):Antonio Candido (continuação):

�� O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades factuais. Os fatosmensuráveis pelos mesmos padrões das verdades factuais. Os fatosque manipula não têm comparação com os da realidade concreta. Sãque manipula não têm comparação com os da realidade concreta. São o as verdades humanas, gerais, que traduzem antes um sentimento deas verdades humanas, gerais, que traduzem antes um sentimento deexperiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas,experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas,um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da da vida, o qual sugere antes que esgota o quadro.vida, o qual sugere antes que esgota o quadro.

�� A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se admitindo pA Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se admitindo possa ossa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana.”condição humana.”

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 30Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 30

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Pedro Lyra Pedro Lyra -- Para um conceito de Crítica (fragmentos).Para um conceito de Crítica (fragmentos).

�� “O autor é, antes de mais nada, um indivíduo histórico concreto,“O autor é, antes de mais nada, um indivíduo histórico concreto,nascido numa determinada época, numa determinada sociedade, com nascido numa determinada época, numa determinada sociedade, com uma estrutura econômica, uma organização política, um sistema uma estrutura econômica, uma organização política, um sistema jurídico que condicionam sua existência desde antes do seu jurídico que condicionam sua existência desde antes do seu nascimento e aos quais ele não pode fugir. Ele pode modificar esnascimento e aos quais ele não pode fugir. Ele pode modificar esses ses elementos, mas qualquer ação nesse sentido já está previamente elementos, mas qualquer ação nesse sentido já está previamente condicionada pela própria ação que esses elementos condicionada pela própria ação que esses elementos exerceram/exercem sobre ele. Noutras palavras: ele tem que agir exerceram/exercem sobre ele. Noutras palavras: ele tem que agir sobre a sua sociedade com os instrumentos fornecidos por essa sobre a sua sociedade com os instrumentos fornecidos por essa própria sociedade, ou seja, por seu momento histórico.própria sociedade, ou seja, por seu momento histórico.

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Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 31Prof. MSc. Abilio Pacheco Teoria Literária UFPA 31

Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Pedro Lyra Pedro Lyra -- Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.

�� Como escritor, esse indivíduo deverá ter:Como escritor, esse indivíduo deverá ter:

�� a) uma determinada maneira de combinar as palavras no verso/frasa) uma determinada maneira de combinar as palavras no verso/frase e –– vinculada a um desejo de atingir a perfeição;vinculada a um desejo de atingir a perfeição;

�� b) um determinado modo de ver o mundo b) um determinado modo de ver o mundo –– vinculado a um desejo de vinculado a um desejo de comunicar essa comunicar essa mundividênciamundividênciaa um público universal;a um público universal;

�� c) um certo ideal de comportamento c) um certo ideal de comportamento –– vinculado a um desejo de vinculado a um desejo de incorporar ao padrão de vida do seu público a sugestão de mudançincorporar ao padrão de vida do seu público a sugestão de mudança a implícita em seu texto.implícita em seu texto.

�� [...][...]

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Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Pedro Lyra Pedro Lyra -- Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.

�� Ela [a obra] organiza três macroEla [a obra] organiza três macro--elementos internos desdobrados em elementos internos desdobrados em diversos microdiversos micro--elementos que se potencializam em múltiplas elementos que se potencializam em múltiplas relações:relações:

�� um um tematema –– sempre referido a um problema humano, ponto de partida sempre referido a um problema humano, ponto de partida da criação, fornecido pelo meio;da criação, fornecido pelo meio;

�� uma uma formaforma –– estruturação estruturação estetizanteestetizantedesse problema, conferida pelo desse problema, conferida pelo autor;autor;

�� a a linguagemlinguagem–– instrumento literário de abordagem do problema do instrumento literário de abordagem do problema do humano, recebida e modificada pelo escritor, e que, por isso, humano, recebida e modificada pelo escritor, e que, por isso, participa da natureza comunitária do tema e da natureza individuparticipa da natureza comunitária do tema e da natureza individual da al da forma.forma.

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Conceito(s) de LiteraturaConceito(s) de Literatura

�� Pedro Lyra Pedro Lyra -- Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.Para um conceito de Crítica (fragmentos) continuação.

�� Para tanto, a arte exige de toda obra pelo menos 3 requisitos Para tanto, a arte exige de toda obra pelo menos 3 requisitos indispensáveis:indispensáveis:

�� interesseinteresse–– que está em seu conteúdo: a importância que este que está em seu conteúdo: a importância que este apresenta para atrair e prender sucessivas gerações de leitores apresenta para atrair e prender sucessivas gerações de leitores por por tempo indeterminado, e que será tanto mais tempo indeterminado, e que será tanto mais interessadorinteressadorquanto mais quanto mais atual for o problema humano que o consubstancia;atual for o problema humano que o consubstancia;

�� eficáciaeficácia–– que está na sua forma: o poder necessário para reproduzir que está na sua forma: o poder necessário para reproduzir o interesse, diretamente vinculado ao talento do escritor;o interesse, diretamente vinculado ao talento do escritor;

�� permanênciapermanência–– que resulta da união do interesse do conteúdo e da que resulta da união do interesse do conteúdo e da eficácia da forma, para superar os limites originais e originárieficácia da forma, para superar os limites originais e originários de os de tempo e espaço da obra, já que nenhum escritor se afirma como tempo e espaço da obra, já que nenhum escritor se afirma como agente cultural se sua obra morrer com ele.agente cultural se sua obra morrer com ele.