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Capítulo 1

TEORIASUMÁRIO

1. Introdução • 2. Tipos de linguagem • 2.1. Linguagem verbal • 2.2. Linguagem não verbal • 2.3. Linguagem mista • 3. Intertextualidade • 3.1. Paráfrase • 3.2. Paródia • 4. Tipos de discurso • 4.1. Dis-curso direto • 4.2. Discurso indireto • 4.3. Discurso indireto livre • 5. Gêneros textuais • 6. Coesão tex-tual • 6.1. Coesão referencial • 6.2. Coesão lexical • 6.3. Coesão sequencial • 6.4 Emprego/correlação de tempos e modos verbais • 6.4.1. Modos • 6.4.2. Tempos • 7. Coerência textual • 7.1. Incoerência semântica • 7.2. Incoerência sintática • 7.3. Incoerência estilística • 7.4. Incoerência pragmática • 8. Verossimilhança e inverossimilhança • 8.1. Verossimilhança • 8.2. Inverossimilhança • 9. Persuasão e argumentação • 9.1. Persuasão • 9.2. Argumentação.

1. INTRODUÇÃOVocê sabe ler um texto, mas já pensou no significado de um texto?

Texto é um conjunto de palavras e frases encadeadas que permitem interpretação e transmitem uma mensagem. É qualquer obra escrita em versão original e que constitui um livro ou um documento escrito. Um texto é uma unidade linguística de extensão superior à frase. Possui tamanho variável e deve ser escrito com coesão e coerência. Pode ser classificado como literário e não literário.

Todo texto tem alguns aspectos formais, ou seja, tem estrutura, elementos que estabele-cem relação entre si. Dentro dos aspectos formais, há a coesão e a coerência, que dão sentido e forma ao texto, tópicos que serão estudados neste capítulo.

Transportemos para o dia a dia.

Se você se depara com a palavra silêncio estando em um hospital, terá um sentido. Se se deparar com a mesma palavra escrita em um pedaço de papel jogado na rua, terá outro senti-do porque estaria fora de um contexto. Isso nada mais é do que interpretar. Note que o tempo todo temos de interpretar atos, gestos, olhares, palavras, tornando a vida mais encantadora, ou não. Dependerá de seu contexto.

São dois os segredos para aprender a ler e acertar as questões de provas:

. Trabalhar por etapas = iniciar com questões fáceis, passar para médias e, depois de craque, iniciar as difíceis (área fiscal);

. Exercitar através de questões comentadas item a item, pois se você errar, basta ir ao gaba-rito comentado que entenderá o porquê do erro.

2. TIPOS DE LINGUAGEMLinguagem é o sistema através do qual o homem comunica suas ideias e sentimentos,

seja através da fala, da escrita ou de outros signos convencionais. Na linguagem do cotidiano, o homem faz uso da linguagem verbal e não verbal para se comunicar. Conheçamos os tipos de linguagem.

2.1. Linguagem verbalIntegra a fala e a escrita (diálogo, informações no rádio, televisão ou imprensa, etc.), utiliza

a língua (oral ou escrita), ou seja, tem por unidade a palavra. Exemplos: os recursos de comu-nicação como imagens, desenhos, símbolos, músicas, gestos, tom de voz etc.

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2.2. Linguagem não verbalPossui outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, a imagem, a dança, por exem-

plo.

2.3. Linguagem mistaUtiliza tanto a palavra quanto as demais unidades, como histórias em quadrinhos, teatro,

televisão, cinema, charges e alguns anúncios publicitários.

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3. INTERTEXTUALIDADEAcontece quando há uma referência explícita ou implícita de um texto em outro. Também

pode ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextualidade.

Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto de sua citação. Em um texto científico, por exemplo, o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocor-rer afirmando as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase e a Paródia.

3.1. ParáfraseNa paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do texto é confirmada pelo novo

texto, a alusão ocorre para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant'Anna em seu livro "Paródia, paráfrase & Cia" (p. 23):

Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra...

Ai terra que tem palmeiras

Onde canta o sabiá!

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

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O texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de pa-ráfrase e de paródia, aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal.

3.2. ParódiaA paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as

ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormen-te, com esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia pratica-da pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia.

Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paródia

Minha terra tem palmares

onde gorjeia o mar

os passarinhos daqui

não cantam como os de lá.

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras, há um con-texto histórico, social e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizi-mado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.

4. TIPOS DE DISCURSODiscurso é o meio pelo qual se transmite uma ideia, expõe-se uma opinião, quer na fala ou

na escrita. Analisaremos as características inerentes a cada modalidade.

4.1. Discurso diretoA produção se dá de forma integral, na qual os diálogos são retratados sem a interferência

do narrador. Trata-se de uma transcrição fiel da fala dos personagens, que, para introduzi-las, o narrador utiliza-se de alguns sinais de pontuação, aliados ao emprego de alguns verbos de elocução, tais como: dizer, perguntar, responder, indagar, exclamar, ordenar, entre outros.

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Exemplo:

"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.

- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião, vendo o relógio; são quatro horas e meia.

– Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."

(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)

4.2. Discurso indiretoProcesso enunciativo em que um locutor incorpora outra voz diferente da sua, a voz de

umenunciador. Em literatura, pode dizer- se que é um processo em que o narrador incorpora a voz de uma personagem. Asfalas do enunciador são também introduzidas por um verbo de-clarativo, só que aparecem sob a forma de uma frase completiva, como no exemplo seguinte:

"Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do céu que eu era obrigado a descer, mas que nãodeixava de lhe querer e muito; tudo hipérboles frias que ela escutou sem dizer nada."

Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas

Observaremos a seguir um quadro em que são relatadas as mudanças ocorridas na passa-gem do discurso direto para o indireto, enfatizando as particularidades relacionadas a tempos verbais, advérbios e pronomes.

Discurso direto Discurso indireto

Uso da primeira pessoa do discurso Terceira pessoa

Verbo no presente do indicativo Emprego do pretérito imperfeito do indicativo

Verbo no pretérito perfeito Pretérito mais que perfeito

Futuro do presente Futuro do pretérito

Modo imperativo Pretérito imperfeito do subjuntivo

Adjuntos adverbiais: aqui, cá, aí Adjuntos adverbiais: ali, lá

Ontem O dia anterior

Amanhã O dia seguinte

4.3. Discurso indireto livreAs formas direta e indireta fundem-se por meio de um processo em que o narrador

insere discretamente a fala ou os pensamentos do personagem em sua fala. Embora ele não participe da história, instala-se dentro de suas personagens, confundindo sua voz com a delas.

Observemos um fragmento extraído do romance Madame Bovary, do escritor francês Gus-tave Flaubert, publicado em 1857:

“Olhava-a, abria-a e chegava mesmo a aspirar-lhe o perfume do forro, misto de ver-bena e de fumo. A quem pertenceria?... Ao Visconde. Era talvez presente da amante.”

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Outro exemplo:

"O marquês e D. Diogo, sentados no mesmo sofá, um com a sua chazada de invá-lido, outro com um copo de St. Emilion,a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambetta. O marquês gostava de Gambetta: fora o único que durante aguerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quisesse comer» co-mo diziam – não sabianem lhe importava. Mas era teso! E o Sr. Grevy também lhe parecia um cidadão sério, ótimo para chefe deEstado..."

(Eça de Queirós, Os Maias)

5. GÊNEROS TEXTUAISEm primeiro lugar, é necessário entender a diferença entre tipos textuais e gêneros textu-

ais. Muitas vezes não se faz distinção entre esses conceitos, mas eles são bem diferentes!

Analisemos o quadro a seguir, em que há uma coluna que explica “tipos textuais” e outra que explica “gêneros textuais”:

Tipos Textuais Gêneros Textuais

São definidos por propriedades linguísticas que vão caracterizar os gêneros: vocabulário, relações lógicas, tempos verbais, construções frasais, etc.

São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas, ou seja, dentro de um contexto cultural e com função co-municativa.

São eles: narração, argumentação, descrição, in-junção (ordem) e exposição (que é o texto infor-mativo).

Abrangem um conjunto praticamente ilimitado de características determinadas pelo estilo do autor, conteúdo, composição e função.

Geralmente variam entre 5 e 9 tipos.

Alguns exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula expositiva, ro-mance, reunião de condomínio, lista de compras, conversa espontânea, cardápio, receita culinária, inquérito policial, blog, e-mail, etc. São infinitos!

Alguns exemplos de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, aula ex-positiva, romance, reunião de condomínio, lista de compras, conversa espontânea, cardápio, receita culinária, inquérito policial, blog, e-mail etc. São infinitos!

O gênero textual não exclui ou despreza a tipologia textual tradicional (narração, des-crição e dissertação), pelo contrário, os aspectos tipológicos são apresentados de forma mais ampla, já que passam a ser analisados a partir das situações sociais em que são usados. Acom-panhe a seguir os exemplos de gêneros e os grupos aos quais estão inseridos.

` Narrativo:• Conto maravilhoso;

• Conto de fadas;

• Fábula;

• Lenda;

• Narrativa de ficção científica;

• Romance;

• Conto;

• Piada.