Teorias de Bion resumão de psicanalise

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resumos de psicanalise

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[Teorias de Bion:]

[Teorias de Bion:]

Partindo de Freud, sabemos que o processo primrio est ligado satisfao imediata das necessidades bsicas, portanto ligado ao princpio do prazer, ao passo que o processo secundrio est relacionado ao princpio da realidade, o qual vai se impondo sobre o princpio do prazer, gerando a capacidade de adiar a descarga pulsional e abrindo espao para a capacidade simblica.

Segundo Bion, a experincia de frustrao oriunda desse processo tambm chamada de experincia do no seio, vivida a partir de um aparelho psquico capaz de suport-la origina um protopensamento desenvolvendo, ento, um aparelho psquico para pens-lo. Em outras palavras, o pensar surge como uma sada, uma espcie de soluo para se lidar com a frustrao. Mas, se ao contrrio disso, a capacidade de tolerar frustrao for precria, o no seio ou o seio mau deve ser expulso atravs do uso macio de identificaes projetivas.

A teoria do pensar de Bion coloca que, se o dio resultante da frustrao no exceder a capacidade do ego do lactante de suport-lo, o resultado ser uma sadia formao do pensamento atravs do que Bion denominou de funo alfa, a qual integra as sensaes provindas dos rgos dos sentidos com as respectivas emoes. No entanto, se o dio for excessivo, protopensamento denominados por Bion de elementos beta experincias sensoriais primitivas e caticas que no puderam ser pensadas encontram sada atravs do alvio imediato de descarga, o que feito por meio de agitao motora, atuaes ou somatizaes, mas que sempre utiliza a identificao projetiva como mecanismo.

Assim, de acordo com essa teoria, a conscincia de si depende da funo alfa. Claramente influenciado por Melanie Klein, Bion coloca que o xito da posio depressiva que permite a formao de smbolos, os quais substituem e representam todas as perdas inevitveis do curso do desenvolvimento. Conseqentemente, a formao de smbolos possibilita a capacidade de abstrao e criatividade, inscrevendo o sujeito no campo do simblico. Assim, a funo alfa, na teoria de Bion, a primeira que predominantemente existe no aparelho psquico. Ou seja, se o indivduo tiver capacidade de tolerar frustrao, a funo alfa que vai transformar as primeiras impresses emocionais (prazer e dor) em elementos alfa. Estes ltimos, sendo processados pela funo alfa, abriro passagem para os pensamentos onricos, produo de sonhos, memria e funes do intelecto. Os elementos alfa que daro origem ao que Bion chamou de barreira de contato, tendo a funo de separar interno e externo, inconsciente e consciente, estabelecendo uma esp- cie de contorno e de alguma forma fornecendo ao sujeito uma sensao de integrao. Os elementos betas, ao contrrio, se proliferam de forma catica e constituem o que Bion chamou de pantalha beta, no possibilitando uma diferenciao entre consciente e inconsciente, entre fantasia e realidade, no permitindo a elaborao dos sonhos. Bion (1994) mostra que nos pacientes psicticos prevalece a formao da pantalha beta, bem como h uma prevalncia da posio esquizoparanoide sobre a posio depressiva. Dessa forma, o pensamento adquire uma concretude, uma dureza, capaz de causar danos reais e precisam ser expulsos imediatamente. No h possibilidade de simbolizao. Referindo-se aos pensamentos que ainda no adquiriram um sentido tampouco um nome, Bion coloca que nos psicticos predomina o pensamento vazio, por isso nas situaes de angstia ele vem acompanhado de um estado psquico que ele chamou de terror sem nome. Alm das duas formaes citadas alfa e beta, Bion coloca uma terceira forma possvel de subjetivao que veio a denominar reverso da funo alfa. Trata-se de casos em que a funo alfa j opera no psiquismo, mas, por alguma dor vivida em excesso, ela recua e produz elementos beta, j diferentes dos originais. Nesses casos ocorre uma regresso rumo a um pensamento concreto, o que, segundo Bion, pode regredir ao ponto de chegar ao nvel da linguagem das sensaes psquicas corporais, como ocorre nos distrbios psicossomticos. Ao propor sua teoria, Bion entende o pensar como um processo que depende de dois desenvolvimentos bsicos: o primeiro o dos pensamentos que requerem um aparelho mental que deles se encarregue, e o segundo o desenvolvimento do aparelho que inicialmente chamou de faculdade de pensar. O pensar passa a existir para dar conta dos pensamentos (BION, 1994, p. 128). Isso significa que para Bion existe um pensamento que anterior capacidade de pensar e que denominou pensamento sem pensador. O prprio autor diz que sua teoria difere de qualquer teoria do pensamento na medida em que considera o pensar um desenvolvimento imposto psique pela presso dos pensamentos, e no o contrrio. Atravs do texto Uma teoria sobre o pensar, Bion classifica os pensamentos conforme sua natureza evolutiva: pr-concepes, concepes e conceitos. Coloca que a concepo inicia atravs da conjuno de uma pr-concepo com uma realizao. Por exemplo, quando o beb colocado em contato com o seio real, a pr-concepo, que nada mais do que a expectativa inata por um seio conhecimento a priori de um seio, se une realizao, dando origem a uma concepo. Assim, as concepes esto associadas a uma experincia emocional de satisfao. O termo pensamento empregado por Bion para se referir ao resultado de uma pr-concepo com uma frustrao. Seguindo essa lgica, o pensamento vazio equivale a uma pr-concepo espera de uma realizao. Nas palavras de Bion: O modelo que proponho o de um beb cuja expectativa de um seio se una a uma realiza- o de um no-seio disponvel para satisfao. Essa unio vivida como um no seio, ou seio ausente, dentro dele. O passo seguinte depende da capacidade de o beb tolerar frustrao. Depende de que a deciso seja fugir da frustra- o ou modific-la (BION, 1994, p. 129). E modific-la nesse contexto abrir caminho para o universo simblico e, conseqentemente, para a capacidade de pensar. O pensar ao qual Bion se refere no fala de uma funo meramente cognitiva, mas da inaugurao de um espao de autoria que acontece desde muito cedo. Realizaes na teoria bioniana, segundo Zimerman, consistem em experincias emocionais resultantes de frustraes da onipotncia do lactente e, por isso, ele precisa se voltar para o mundo real (realizao). Essa realizao pode se desenrolar de forma positiva ou negativa. Na realizao positiva h uma confirmao de que o objeto necessitado est realmente presente e atende s suas necessidades. Na realizao negativa o lactante no encontra um seio disponvel para a satisfao, e essa ausncia vivenciada com a presena de um seio ausente mau dentro dele. De acordo com a teoria de Bion, o surgimento da capacidade de pensar depende do quanto de frustrao o beb tem condies de suportar, e isso tambm tem relao com suas inatas demandas pulsionais. Mas, alm disso, Bion afirma que a capacidade de tolerncia do beb em relao s frustraes depende tambm fundamentalmente da forma pela qual o cuidador recebe suas identificaes projetivas. a que introduz a noo de capacidade de reverie. Reverie vem do francs, significa sonho e, segundo Zimerman (1995), designa uma condio pela qual a me capaz de captar o que se passa com seu filho muito mais atravs de um estado de sonho e intuio do que propriamente atravs dos rgos do sentido. A me-reverie aquela que consegue acolher, conter e fazer ressonncia com o que projetado dentro dela, dando sentido aos elementos beta maciamente projetados e devolvendo elementos alfa nomeados e significados. Bion parte da noo de que todos ns temos a priori recursos para desenvolver o pensar, por isso diz que h um pensamento em busca de um pensador. Entretanto, essa capacidade pode ser desenvolvida ou no, dependendo tambm da capacidade de reverie do cuidador. Segundo Bion, omodelo continente-contedotambm influenciam a relao me/beb: o beb vivencia medos, emoes, receios, angstia. o que designa por contedo. A me poder constituir o continente, isto , ser o recipiente dos sentimentos contraditrios vividos pelo seu filho. Bion tambm sugere que, uma me continente, reage s necessidades do beb dando acolhimento angstia e ansiedade do filho sem as devolver atravs de comportamentos ou atitudes ansiosas e angustiadas. A boa me comunica eficazmente, no dizer psicanalista. Reage s necessidades do beb transformando a inquietao em segurana, desconforto em bem-estar, tornando tolervel a angstia, fazendo-o sentir-se amado e compreendido. A identificao do beb com essa me continente estrutura uma relao de harmonia essencial para oequilbrio psicolgicopresente e futuro. Parte Psictica da PersonalidadeBion designa a PPP no como uma questo psiquitrica, mas como um modo de funcionamento mental coexistente a outros tantos. Assim todo o paciente psictico tem uma parte neurtica em sua personalidade, os neurticos tambm tm uma parte psictica oculta.As caractersticas bsicas que esto presentes na PPP so:

- Fortes pulses destrutivas com predomnio da inveja e da voracidade.

- Baixa tolerncia as frustraes, no lugar de modific-las.

- As relaes interpessoais mais intimas so caracterizadas pelo vinculo sadomasoquista.

- Uso excessivo de dissociaes e identificaes projetivas patolgicas.

- Uso excessivo de projees, sentimentos e pensamentos persecutrios.

- Grande dio realidade interna e externa, com preferncia pelo mundo das iluses.

- Ataque aos vnculos de percepo e aos de juzos crticos, resultando num prejuzo do pensamento verbal, da formao de smbolos e do uso da linguagem.

- A onipotncia, a oniscincia e a imitao substituem o processo de aprender com experincia. O orgulho d lugar arrogncia, o desconhecimento leva estupidez e a curiosidade se transforma em intrusividade.

- A pouca capacidade de descriminao leva a uma confuso entre o verdadeiro e o falso, tanto do prprio self como do que est fora.

- Fuga verdade, prevalecendo negao atravs de distores. Camuflagens, omisses ou mentiras deliberadas.

WinnicottUma dos aspectos mais trabalhados em Winnicott so as funes exercidas pela me no desenvolvimento da personalidade do beb, essas funes podem ser resumidas como a qualidade de uma me ser suficientemente boa.

A me suficientemente boa de Winnicott, no condiz com um modelo materno de padres utpicos e onde se agrupa todas as caractersticas que retratam o Bem, mas uma me que exerce na sua relao com o filho (a) qualidades essenciais de apoio, proteo e aceitao.

So trs as caractersticas que devem estar presente na figura materna para classifica - l como suficientemente boa de acordo com Winnicott, sendo elas conceituadas comoHolding,Handling, e a apresentao dos objetos.Oholding umas das funes da me suficientemente boa que auxilia na edificao de uma personalidade no filho, e que importante para todas as relaes que o sujeito exercer com outras pessoas e com o meio, futuramente.

Quando nascemos somos frgeis e desprotegidos, necessrio que em um primeiro momento ou uma fase da vida possamos contar com um organismo que sirva de apoio a sobrevivncia, esse corpo-auxiliar o corpo da figura materna, que no s fornece o aparato fsico (nutrio, asseio, aquecimento), mas tambm fornece a experincia simblica dos sentimentos de amor, proteo, e os cuidados que uma me dispensa normalmente a um filho.

A me oferece a funo de conter as identificaes projetadas pela criana, acolhendo os medos, as ansiedades, as angstias e transformando isso em afeto e em sensao de desintoxicao.

importante destacar que no s a figura da me estabelece oholding, mas a figura parental paterna e o ambiente facilitador so decisivos nesse constructo.

J. BowlbyJ. Bowlby (1989) considerou o apego como um mecanismo bsico dos seres humanos. Ou seja, um comportamento biologicamente programado, como o mecanismo de alimentao e da sexualidade, e considerado como um sistema de controle homeosttico, que funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais. O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego est disponvel e oferece respostas, proporcionando um sentimento de segurana que fortificador da relao (CASSIDY, 1999). De acordo com J. Bowlby (1973/1984), o relacionamento da criana com os pais instaurado por um conjunto de sinais inatos do beb, que demandam proximidade. Com o passar do tempo, um verdadeiro vnculo afetivo se desenvolve, garantido pelas capacidades cognitivas e emocionais da criana, assim como pela consistncia dos procedimentos de cuidado, pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores. Por isso, um dos pressupostos bsicos da TA de que as primeiras relaes de apego, estabelecidas na infncia, afetam o estilo de apego do indivduo ao longo de sua vida (BOWLBY, 1989).

A funo principal atribuda a esse comportamento biolgica e corresponde a uma necessidade de proteo e segurana (BOWLBY, 1973/1984).

Evidncias de que as crianas tambm se apegam a figuras abusivas sugerem que o sistema do comportamento de apego no conduzido apenas por simples associaes de prazer. Ou seja, as crianas desenvolvem o comportamento quando seus cuidadores respondem s suas necessidades fisiolgicas, mas tambm quando no o fazem.

O sistema de comportamento de apego complexo e, com o desenvolvimento da criana, passa a envolver uma habilidade de representao mental, denominada modelo interno de funcionamento, que se refere a representaes das experincias da infncia relacionadas s percepes do ambiente, de si mesmo e das figuras de apego (BOWLBY, 1969/1990; 1973/1980). De acordo com J. Bowlby (1989), as experincias precoces com o cuidador primrio iniciam o que depois se generalizar nas expectativas sobre si mesmo, dos outros e do mundo em geral, com implicaes importantes na personalidade em desenvolvimento.

Para Bowlby (1988/1989), a teoria do apego foi desenvolvida como uma variante da teoria dasrelaes objetais. Como seu ponto de partida foi a observao do comportamento, foi tomada por alguns clnicos como uma verso do behaviorismo, equvoco que decorre, para o autor, da confuso entre apego e comportamento de apego.

Apego um tipo de vnculo no qual o senso de seguran- a de algum est estreitamente ligado figura de apego. No relacionamento com a figura de apego, a segurana e o conforto experimentados na sua presena permitem que seja usado como uma base segura, a partir da qual poder se explorar o resto do mundo (Bowlby, 1979/1997). Em 1969/1990, Bowlby assinalou que apego-cuidado um tipo de vnculo social baseado no relacionamento complementar entre pais e filhos. O apego tem sua prpria motivao interna, distinta da alimentao e do sexo, como postulado pela teoria freudiana, e de igual importncia para a sobrevivncia (Bowlby, 1988/1989). Sendo o apego um estado interno,sua existncia pode ser observada atravs dos comportamentos de apego.Tais comportamentos possibilitam ao indivduo conseguir e manter a proximidade em relao a uma figura de apego, ou seja, um indivduo claramente identificado, considerado mais apto para lidar com o mundo. Sorrir, fazer contato visual, chamar, tocar, agarrar-se, chorar, ir atrs so alguns desses comportamentos. Uma diferena importante entre apego e comportamento de apego que se o comportamento de apego pode, em circunstncias diferentes, ser mostrado a uma variedade de indivduos, um apego duradouro ou lao de apego restrito a muito poucos (Bowlby, 1988/1989, p. 40). A teoria do apego ocupa-se de ambos. Um conceito-chave dessa teoria, para o autor, o de sistema comportamental. O sistema comportamental seria um sistema bsico de comportamento, enraizado biologicamente e caracterstico da espcie. O sistema subjacente ao comportamento de apego to fundamental como parte do equipamento de muitas espcies quanto os sistemas subjacentes ao comportamento reprodutivo, o comportamento parental, o comportamento de alimentao, o comportamento exploratrio, e ele no deriva de nenhum destes. Como outros sistemas bsicos, o de apego supostamente pertencente a um processo de seleo natural, pois oferece uma vantagem em termos de sobrevivncia, pelas chances de proteo obtidas pela proximidade das figuras de apego. Os sistemas comportamentais incluem no somente manifestaes externas, mas tambm uma organizao interna, a qual presume-se que tenha razes nos processos neurofisiolgicos. Essa organizao interna objeto de mudana desenvolvimental, no apenas sob orientao gentica, mas tambm pelas influncias do ambiente (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1969/1990). Os sistemas comportamentais transcendem o que chamado de comportamento instintivo,seja qual for a acepo do termo. Bowlby (1969/1990) levanta esse argumento ao destacar o papel da linguagem, caracterstica singular que traz como benefcio a possibilidade, para o ser humano, ao construir seus modelos representacionais, de apoiar-se nos modelos construdos pelos outros. Os sistemas comportamentais so organizados hierarquicamente por meio da linguagem, apoiando-se em modelos representacionais refinados do organismo e do ambiente. Bowlby (1988/1989) postula, portanto, a existncia de uma organizao psicolgica interna, com um certo nmero de traos altamente especficos, que incluem modelos representativos do self e da(s) figura(s) de apego (p. 41).Ao final do primeiro ano de vida, e durante ossegundo e terceiro anos, quando adquire a linguagem, a criana se habilita a construir modelos funcionais de como esperar que o mundo fsico se comporte, como a me e outras pessoas significativas podero se comportar, acerca dela mesma e das interaes entre todos. Tais modelos influem na percepo e na avaliao e podem ser mais ou menos vlidos ou distorcidos (Bowlby, 1969/1990). O modelo funcional do self um elemento-chave para a noo de quo aceitvel ou inaceitvel a criana , aos olhos dassuas figuras de apego (Bowlby, 1973/1998a).Alm disso, a interpretao e avaliao que fazemos de cada situao, a partir de nossos modelos funcionais, determina aquilo que sentimos (Bowlby, 1973/1998b). Ainda, como os dados para a construo dos modelos vm de mltiplas fontes, h a possibilidade de existirem dados incompatveis, podendo essa incompatibilidade, para algumas crianas, ser regular e persistente. Em publicao de 1988/1989, Bowlby assinala que anteriormente utilizou o termo modelo representacional como sinnimo de modelo funcional, devido familiaridade do conceito de representao na literatura clnica. Entretanto, considerou que numa psicologia dinmica, o termo modelo funcional seria mais apropriado, alm de tambm ser mais utilizado pelos psiclogos cognitivos. Bowlby (1988/1989) equipara o conceito de modelo funcional na teoria do apego ao de objeto interno na teoria psicanaltica das relaes objetais. Ao mesmo tempo, relaciona esse conceito aos processos e capacidades cognitivas, ponto que havia aprofundado anteriormente em seu escrito sobre perdas (1973/1998b). Assim, os modelos funcionais se estabelecem como estruturas cognitivas influentes e so baseados em experincias de vida da criana, nas suas interaes com seus cuidadores. Uma vez construdos, Bowlby (1973/1998b) acreditava que os modelos dos pais e do self em interao tendem a persistir e passam a atuar em nvel inconsciente. No decorrer do desenvolvimento ( medida que a criana seguramente apegada cresce e os pais a tratam de forma diferente), ocorre uma atualizao gradual dos modelos. Por outro lado, nas crianas ansiosamente apegadas parece haver uma dificuldade e rigidez maior na atualizao dos modelos.Klein tambm afirma que todos n6s desenvolvemos certos conjuntos de atitudes e defesas com as quais aprendemos a lidar com a ansiedade, o terror, o amor e o 6dio. Esses conjuntos so chamados "posies" e a teoria de desenvolvimento proposta par Klein incluem duas dessas posies: a esquizo-paran6ide e a depressiva. Descrevendo essas duas posies como formas de posicionar-se no mundo, Klein postula que, apesar de originadas nos primeiros estgios da vida, estamos durante toda a vida oscilando entre elas. As posies so, portanto, mais que um estagio distinto e seqencial! de desenvolvimento; ao contrario, so, como Hanna Segal (1964) nota, "uma configurao especifica de relaes de objeto, ansiedades e defesas as quais persistem ao longo da vida"

A posio esquizo-paranoide e a primeira forma de organizao das defesas na qual o bom e o mau esto cindidos, separados. Segundo Klein , no momenta do nascimento a criana tem ego suficiente para sentir ansiedade e empregar alguns mecanismos de defesa contra ela. A ao da pulso de morte, juntamente com a frustrao que leva a raiva, desencadeia o temor de aniquilamento, e por ser o ego ainda frgil, ele tende a ser fragmentado quando em situaes de ansiedade. A fantasia: "quando o bebe sente que seus impulsos destrutivos e fantasias esto direcionados contra a pessoa amada como um todo, a culpa emerge com fora total , e com ela, a urgncia incontornvel de reparar, preservar ou fazer reviver o objeto amado danificado." (KLEIN, 1952, p. 74). O temor de desintegrao, portanto, emana tanto da pulso de morte quanta da raiva que se originou na frustrao e que posteriormente foi projetada no seio. E esse processo que evoca as defesas esquizo-paran6ides. A ciso entre o bom e o mau e a defesa do ego primitivo no qual os temores da criana pequena tomam a forma de fantasia de perseguio. Nas defesas e fantasias, o mundo e cindido entre objetos bons e objetos maus. O bom e introjetado e idealizado. O mau e denegrido. Sentimentos que provem da frustrao e ansiedade so projetados em alguma coisa ou algum: o objeto mau. A identificao projetiva e sintomtica da posiao esquizoparan6ide, onde expulses agressivas de sentimentos desconhecidos e raiva ocorrem. Nos vimos acima como a ansiedade e gerada de uma fonte interna na forma de pulsao de morte e da frustra9ao em rela9ao ao seio, mas, para Klein , a primeira forma de ansiedade advinda de uma for9a externa pode ser encontrada na experiencia do nascimento, momenta em que a dar e a ansiedade sofridas sao percebidas como um ataque (KLEIN , 1952, p.62). E a experiencia de amamenta9ao que da inicio a primeira rela9ao de objeto com a mae. Nessa fase do desenvolvimento, a mae nao e percebida como um objeto total. Ao contrario, o bebe reage a experiencia de alga bam ou alga ruim; par essa razao, o seio da mae e dividido em seio bom e seio mau, satisfazendo e frustrando o bebe. Nesse caso, a divisao e desencadeada pela experiencia e nao pela pu lsao. Ha, contudo, um vinculo entre as for9as intrapsiquicas e os fatores externos na origem da ansiedade na posi9ao esquizo-paran6ide. A diferencia9ao entre o objeto bam e o objeto mau permite a crian9a experienciar o bom como a base de seu sensa de eu. Em outras palavras, a idealiza9ao e internaliza9ao do objeto bam forma a base para a confian9a e o amor: "Quando a crian9a sente que ela contem objetos bans, ela experiencia confian9a e seguran9a. Quando sente que contem objetos maus, experiencia inseguran9a e desconfian9a. A rela9ao da crian9a com objetos internes bans e maus se da simultaneamente a rela9ao com os objetos externos e influencia permanentemente o seu curso" (KLEIN , 1952a, p. 59).

Klein descreve o conflito e a harmoniza9ao que a crian9a vive como resultado do interjogo entre ego, objeto e experiencia. Ha uma intera9ao constante dos processes de introje9ao de um objeto bam, os quais refor9am e defendem o ego primitive, e a identifica9ao projetiva entre o mundo (objeto) internee a realidade externa. Esta forma de cisao e caracteristica da posi9ao esquizo-paran6ide, .na qual .as partes ruins ou amea9adoras do self sao projetadas. e ligadas a objetos externos: o seio materna. 0 problema, como Klein demonstra, e que esse processo nunca atinge plenamente seu prop6sito: "portanto a ansiedade de ser destruido a partir de dentro permanece ativa." (KLEIN, 1946, p.5). Craib (1989) tambem assinala sucintamente que a proje9ao da agressao em objetos externos fai com que a crian9a tema um ataque externo - "o temor de que os objetos maus retornarao e o destruirao a partir de fora" (CRAIB, 1989, p. 146). Ha, portanto, um temor duplo- ode ser destrufdo por fon;:as externas e por fon;:as internas. A ansiedade surge, pois, da relac;:ao social entre mae e bebe e de ansiedades internas associadas a pulsao de morte. Ogden (1986) ressalta a importancia das influencias ambientais na crianc;:a atraves do papel da identificac;:ao projetiva " ... podemos dizer que o pensamento kleiniano envolve uma concepc;:ao implfcita da importancia do ambiente, apesar de Klein nao ter reconhecido plenamente essa implicac;:ao no conceito de identificac;:ao projetiva. Sem a mae que serve como container das identificac;:oes projetivas do bebe, este ultimo estaria condenado a uma existencia psic6tica ou autfstica." (OGDEN, 1986, p. 37). Ogden, portanto, enfatiza a importancia da intersubjetividade e da experiencia com o mundo externo no desenvolvimento da crianc;:a. Ao inves de prisioneiro de seu mundo interno, a crianc;:a torna-se capaz de desenvolver uma relac;ao com o mundo externo atraves da mediac;ao realizada pela mae, no papel de container (seguindo BION, 1962). Klein ve a posic;:ao esquizo-paran6ide como uma defesa normal contra a ansiedade que sustenta o ego primitivo e permite a passagem para a posic;:ao depressiva. Processos como os de identificac;:ao projetiva, cisao e idealizac;:ao sao formas de estabelecer uma certa ordem no caos vivido pelo bebe. Como Klein aponta, a introjec;ao (colocar para dentro e internalizar) do objeto idealizado oferece a crianc;a uma protec;ao contra ansiedades persecut6rias sabre a qual e desenvolvido um ego mais forte e integrado. A tendencia para cindir o objeto se enfraquece na medida em que o temor frente ao objeto mau diminui. Mundos interne e externo tornam-se menos polarizados e o bom e o mau passam a ser percebidos como objetos totais: "Sua relac;:ao com o mundo externo, com as pessoas e com as coisas cresce. 0 alcance de sua gratificac;ao e de seus interesses se amplia, e seu poder de expressar as emoc;:oes e comunicarse com as pessoas aumenta." (KLEIN, 1952, p. 72). lsso, segundo Klein, descreve a experiencia integrada a que ela da o nome de posic;:ao depressiva A posic;:ao depressiva significa que os sentimentos associados a conflitos sao menos sujeitos a cisao e a projec;:ao. Ha um reconhecimento do bom e do mau dentro de si mesmo. lsso permite tambem o reconhecimento dessas partes nos outros que agora sao percebidos como objetos totais. Essa experiencia de integrac;ao presente na posic;ao depressiva permite que o "conflito entre amor e 6dio tenha uma safda satisfat6ria" (KLEIN, 1952, p. 72). 0 cui dado e desenvolvido na relac;:ao com o outro, assim como a culpa. 0 indivfduo odeia a parte de si que e capaz de odiar, e procura reparar os danos feitos em realidade e em fantasia: "quando o bebe sente que seus impulses destrutivos e fantasias estao direcionadas contra a pessoa amada como um todo, a culpa emerge com for9a total , e com ela, a urgencia incontornavel de reparar, preservar ou fazer reviver o objeto amado danificado." (KLEIN, 1952, p. 74).