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 Direito Fiscal 2010 Direito Fiscal Aula 15/9 - Dr.ª Paula Pereira Diferença entre Direito Fiscal e Direito Tributário Direito Fiscal: Direito dos impostos; Direito Tributário: Dir eito das receitas coactivas do Estado e demais entes públicos (impostos e taxas). Recorde-se o estudado a Finanças Públicas: o Estado não pode prosseguir a sua finalidade sem capacidade financeira, por isso tem de angariar receitas, que podem ser: patrimoniais, creditícias e tributárias. As tributárias são, sem dúvida, as mais importantes. Diferença entre imposto, taxa e contribuição especial (vamos usar aqui tanto a doutrina de Saldanha Sanches como de Casalta Nabais) 1- Imp osto : a. SALDANHA SANCHES define-o como (não está exactamente igual, ver no livro) uma prestação pecuniária, singular ou reiterada, sem cone xão com qualq uer presta ção contr ibutiva espec ífica, exigida por uma entidade púbica e utilizada para cobrir despesas públicas. Vamos desconstruir: i. Prestação pecuniária: é um montante em numerário. Nem sempre foi assim, e não só na Idade Média. O pagamento em géneros ou serviços encontra-se, por exemplo, na década de 70 do séc. XX, quando se achou que se ia descobrir petróleo na costa portuguesa e o leg islador decidiu que os concessionários pod eriam pagar em petróleo. Mas hoje em dia é sempre em dinheiro. Atenção: o facto de em fase coerciva poder haver uma 1

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Direito Fiscal

Aula 15/9 - Dr.ª Paula Pereira

Diferença entre Direito Fiscal e Direito Tributário

Direito Fiscal: Direito dos impostos;

Direito Tributário: Direito das receitas coactivas do Estado e demaisentes públicos (impostos e taxas).

Recorde-se o estudado a Finanças Públicas: o Estado não pode prosseguir asua finalidade sem capacidade financeira, por isso tem de angariar receitas,

que podem ser: patrimoniais, creditícias e tributárias.

As tributárias são, sem dúvida, as mais importantes.

Diferença entre imposto, taxa e contribuição especial

(vamos usar aqui tanto a doutrina de Saldanha Sanches como de CasaltaNabais)

1- Imposto :

a. SALDANHA SANCHES define-o como (não está exactamente igual, ver nolivro) uma prestação pecuniária, singular ou reiterada, semconexão com qualquer prestação contributiva específica,exigida por uma entidade púbica e utilizada para cobrirdespesas públicas.

Vamos desconstruir:i. Prestação pecuniária: é um montante em numerário.

Nem sempre foi assim, e não só na Idade Média. Opagamento em géneros ou serviços encontra-se, porexemplo, na década de 70 do séc. XX, quando se achouque se ia descobrir petróleo na costa portuguesa e olegislador decidiu que os concessionários poderiampagar em petróleo. Mas hoje em dia é sempre emdinheiro.

Atenção: o facto de em fase coerciva poder haver uma

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fase executiva não põe isto em causa, porque esta faseserve precisamente para obter o numerário devido.

ii. Singular ou reiterada: os impostos, como veremos,classificam-se em:

1. Obrigação única, singular, por exemplo o IMT (paga-se quando secompra uma casa;

2. Obrigação reiterada, por exemplo, o IRS (paga-se todos os anosenquanto o sujeito tiver capacidade contributiva)

iii. Que não apresenta conexão com qualquerprestação contributiva específica: isto é o essencial,que distingue os impostos dos outros tributos. O impostoé unilateral ou não sinalagmático. O contribuinte nãopode exigir qualquer contrapartida (só em termospolíticos).

Atenção: pelo contrário, como veremos, as taxas sãobilaterais.

iv. Exigidos por uma entidade pública ao sujeitopassivo: é sempre uma entidade pública, mas não temde ser sempre o Estado.

v. Usado exclusiva ou principalmente para cobrirdespesas públicas

vi. Surge ex lege, criando uma relação contributiva(não apanhei isto bem): o preenchimento de um factotributário (de incidência objectiva ou subjectiva) faz comque se tenha de pagar o imposto. Assim, não depende davontade do obrigado.

b. CASALTA NABAIS acrescenta ainda:

i. Definitiva: depois de ser pago, se o era devido, oimposto nunca é devolvido.

Atenção: o reembolso do IRS é diferente, porque era umadiantamento. Não era um pagamento do imposto final,mas um pagamento por conta do imposto devido emtermos finais (a expressão é esta).

ii. Elemento subjectivo: por entidades públicas

iii. Elemento teleológico: tem como finalidade cobrirfunções públicas.

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O imposto não tem carácter sancionatório!

2- Taxas: as taxas partilham muitas características com os impostos.

Como já vimos, a grande diferença é terem carácter bilateral.

a. SALDANHA SANCHES diz que são receitas tributárias com caráctersinalagmático. Assim, em comum com os impostos existe o factode ser:

i. Prestação pecuniária

ii. Singular ou reiterada

iii. Exigida por entidades públicas

iv. Para obtenção de receitas

v. Também não pressupõe uma vontade (já se tentou usareste critério para distinguir do imposto, mas nãoprocede… por exemplo, o sujeito de certeza quedispensaria a escritura pública, e faria só o registo!)

Mas tem de diferente o facto de só haver taxa quando há umacontrapartida ou contraprestação.

Esta contraprestação pode ser de 3 tipos:

1. Relação com um serviço público

Este tem de ser prestado de modo individual econcreto ao sujeito passivo (há actividadespúblicas indivisíveis, como a defesa nacional, quenão podem cobrar taxas).

Exemplo: emolumentos do registo, propinas,

custas judiciais, etc.2. Utilização de um bem do domínio público

Exemplo: portagens.

3. Remoção administrativa dos obstáculos a certocomportamento

Exemplo: todo o tipo de licenças (porte de arma,abrir estabelecimento comercial, etc.)

Atenção: há que ter cuidado com até que ponto

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os obstáculos não são criados de forma artificialpara criar a exigência da taxa.

Assim, os pressupostos de cada um são distintos:

1- Imposto: existência de capacidade contributiva;

2- Taxa: existência de uma daquelas 3 contraprestações.

Porque é que é importante distinguir impostos de taxas?

Porque apenas os primeiros estão sujeitos ao princípio da legalidade, isto é,

só podem ser criados por lei da AR ou por DL autorizado.

Pelo contrário, regime geral das taxas tem de ser criado por lei da AR, masa base jurídica da cobrança de cada taxa específica não.

O que fundamenta esta diferença?

O facto de o contribuinte, quando paga uma taxa, ter uma contrapartida,logo, estar já suficientemente protegido.

No entanto, em alguns casos – veja-se a jurisprudência do TC – é muito

difícil distinguir se aquele tributo é uma taxa ou um imposto. E se for criadauma taxa por DL, e se descobrir que é um imposto, então é inconstitucional!

Num caso prático, para distinguir se é um imposto ou uma taxa, temossempre de olhar para duas dimensões:

1- Pressuposto: já falámos - capacidade contributiva oucontraprestação?

Exemplo: muitos municípios cobram taxas para fixação depublicidade nos prédios, ou por cima das viaturas. Há um sinalagmaaqui? As Câmaras Municipais defenderam-se pelo tipo 3 decontraprestação (remoção de um obstáculo administrativo), alegandoque protegiam a segurança pública. Mas isto é muito discutido!

Para ver qual o pressuposto, o melhor truque é passar por aqueles 3tipos, e ver se corresponde a algum.

2- Limites: ainda não falámos

Exemplo: subida do valor da portagem da Ponte 25 de Abril, quando

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se queria angariar receitas para alargar a via, entre outras obras: nãosó os utentes podiam bem usar a ponte como estava e estavam apagar por antecipação – até aqui era um problema de pressuposto -,como o valor da subida parecia excessivo. O TC analisou mais esteúltimo ponto.

Assim, quando falamos dos limites, a pergunta é: o valor da taxa temalguma coisa a ver com a contrapartida?

É uma questão de equivalência de custos e benefícios, deproporcionalidade… esta equivalência tem de existir? Há que olharpara este problema sob duas ópticas:

a. Princípio do benefício: não deve exceder o benefício dotitular;

b. Cobrir custos

No caso paradigmático do Ac. TC n.º 68/2007, o TC diz que não tem deexistir equivalência económica entre o montante e a prestação, mas apenasequivalência jurídica. Assim, tem de existir uma “desproporçãomanifesta, intolerável”, para se considerar que se excederam os limites deuma taxa.

(a Prof. Ana Paula Dourada falou muito melhor desta questão na aulaseguinte, e com uma perspectiva um pouco diferente)

3- Contribuição especial : também aparece no art. 4.º da LGT.

O que é igual ao imposto e à taxa?

a. Prestação pecuniária

b. Singular ou reiterada

O que distingue?

a. Do imposto: a contribuição especial tem carácter bilateral,sinalagmático;

b. Da taxa: o carácter bilateral é diferente das taxas, porque nataxa a contraprestação tem de ser individualizável, e nacontribuição a contraprestação é genérica, reflexa, indirecta.

Exemplo I: contribuições de melhoria (quando houve a requalificação azona da expo, isso beneficiou quem lá vivia, gerou mais valia nas vendas,

etc., mas isso não significa que todas as casas ficaram com melhoresacessibilidades e condições, e o objectivo das obras também não foi

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favorecer nenhuma pessoa em específico)

Exemplo II: o IMI (imposto municipal sobre imóveis) é, na verdade, umacontribuição especial. Não posso exigir à Câmara Municipal que mepavimente a rua, mas é suposto haver benefícios gerais, reflexos.

A parafiscalidade

 Trata-se de:

- Tributos afectos a finalidades específicas;

- Não estão no OE;

- São consignados à prossecução de fins concretos.

Exemplos: contribuição para a segurança social; taxas de regulaçãoeconómica

V. livro de SÉRGIO VASQUES sobre parafiscalidade.

Aula 20/9

(continuação do tema dos limites das taxas)

O que é a “manifesta desproporcionalidade”?

Este conceito é indeterminado, pelo que tem de ser preenchido.

Atenção: se concluirmos que desproporcional, quer dizer que é um impostooculto… logo, devia ter sido criado de outro modo.

Se nenhum de nós consegue preencher o conceito, isto significa, para ANA PAULA DOURADO, que não é um bom critério!

O que o TC devia aplicar era um princípio da cobertura de custos, ouprincípio da equivalência.

Vamos voltar um pouco atrás: como se controla o pagamento de taxas eimpostos?

IMPOSTOS

Para o cidadão tem de haver uma lógica de troca de benefícios: osimpostos servem para financiar despesas públicas. Como é que o

contribuinte pode controlar que isto é feito, se estamos perante benspúblicos indivisíveis?

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1- Capacidade contributiva: não nos diz muita coisa sobre onde sãoutilizados os impostos que pagamos

2- Princípio da equivalência: diz que tenho o direito de receber ocorrespondente àquilo que pago.

Nos impostos só sei no que está a ser usado pelo OE, e não consigo saberespecificamente o MEU imposto, porque existe o princípio da nãoconsignação dos impostos.

Então como me posso defender? A intervenção na minha propriedadeprivada tem de ser justificada!

Desde a Magna Carta, só há impostos se houver consentimento popular –deputados eleitos pelo povo.

Assim, nos impostos, o único controlo é a aprovação popular.

TAXAS

Daí que, sempre que o bem é divisível, se devam cobrar taxas (por isso emtermos de funcionalidade económica faz todo o sentido as SCUTS seremtaxas), pois isto permite a bilateralização custo/benefício.

Estas taxas, segundo o TC, só se controlam pela “manifestadesproporcionalidade”. Se as taxas servem para cobrir despesas que

correspondem a benefícios, quando não se traduz nesses benefícios querdizer que estão a ser usadas para outros fins que não correspondem àbilateralidade.

Atenção: do princípio da cobertura de custos resulta outro, que é o princípiodo bem presente. As taxas não servem para pagar benefícios futuros.

Qual é o problema do nosso TC?

1- É que tanto o modelo alemão como o italiano/espanhol são próximosdo nosso…

a. Modelo alemão: não é preciso reserva de lei para as taxas…então como se controla? Os juízes comparam orçamentos evêm se corresponde;

b. Modelo italiano/espanhol: as taxas também estão sujeitas areserva de lei.

Repare-se que só neste último faz sentido o critério da“manifesta desproporcionalidade”. Já não há problema em nãohaver equivalência, porque há controlo popular.

ANA PAULA DOURADO explica que se não há reserva de lei, e há apenas

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manifesta desproporcionalidade, o contribuinte nunca sabe onde estáa ser usado o excesso! Ninguém consegue concretizar“manifestamente desproporcional”. Este critério não é eficiente nadefesa dos interesses dos contribuintes.

2- Para além disso, nos manuais dos anos 60/70/80, quando se falava setaxa dizia “sinalagma jurídico” que não implica “sinalagmaeconómico”.

Isto é um grande erro, porque o tribunal apenas via se existiasinalagma. O montante não era controlado!

Assim, a utilização do critério da manifesta desproporcionalidade já éum grande avanço.

No entanto, havemos de chegar mais longe, concretizando o princípio daequivalência (proporção entre custos e benefícios).

Elementos essenciais dos impostos

O Direito fiscal do séc. XX é essencialmente um direito dos impostos.

Isto porque, desde a 2.ª metade do séc. XX os Estados da OCDE passaram aser essencialmente financiados por impostos.

É um ramo do Direito muito recente: no final do séc. XIX só haviabasicamente leis de orçamento, e havia entre Estado/fisco e contribuinteuma relação de poder – não havia direitos para os contribuintes.

Foi em 1918 que a lei alemã Abgabfordung, de Enno Becker, deu direitosaos contribuintes, numa verdadeira relação jurídica.

 Também Albert Hensel escreveu um manual (com 3 edições – 1924/27/33)

que influenciou muito Portugal, porque se difundiu em Itália (é através dositalianos que nos influencia).

Hoje em dia, a relação jurídica tributária é uma lógica comum a todos ospaíses.

Desta fazem parte alguns elementos essenciais dos impostos (que sãoiguais em todo o lado):

1- Incidência

a. Objecto

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b. Sujeito

2- Determinação da matéria tributária (também chamada base deimposto)

3- Quantificação através das taxas (percentagens, alíquotas)

4- Deduções à colecta

Os elementos 1+2+3= colecta do imposto.

Vejamos cada um mais concretamente:

1- Incidência:

a. Objecto: Qual é o facto tributário! - objecto sobre o qual incide o

imposto? Pode ser:

i. Rendimento

ii. Consumo

iii. Património

b. Sujeito: Qual o sujeito sobre quem recai o imposto, juridicamente? -é o sujeito passivo na relação jurídica tributária. Tem de vir definidona lei e pode ser:

i. Pessoa singular

ii. Pessoa colectiva

iii. Entidade irregularmente constituída

iv. Organização de facto

… o que o legislador quiser!

2- Determinação da matéria tributária (também chamada basede imposto) – quantificação do tributo:

Exemplo: rendimentos de um advogado (profissão liberal, categoriaB).

Como vamos quantificar isto?

Imaginemos que recebe 100 mil mas teve de pagar computadores,arrendamento do escritório, etc., no valor de 50 mil. Qual destesvalores se usa?

Os 50 mil é o justo, porque diz respeito ao rendimento líquido e não

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bruto.

 Tem-se achado isto desde o final do séc. XIX… mas só as despesasnecessárias à obtenção do rendimento, não são despesas de luxonem paralelas ou supérfluas.

3- Quantificação através das taxas (percentagens, alíquotas): ataxa de imposto vai, então incidir sobre os 50 mil.

4- Deduções à colecta: acontece, por exemplo, quando há duplatributação, e noutras situações.

Exemplo: imagine-se que, daqueles 50 mil, 30 mil foram obtidos emEspanha, e foram tributados lá.

Nesse caso, vão ser parcialmente deduzidos em Portugal.

(fala-se melhor das deduções à colecta na aula seguinte)

Imposto:

1. objectivamente: é uma prestação ( daí integrar uma relação decarácter obrigacional e não real),  pecuniária(  prestação de dare

 pecunia ou concretizada em dinheiro), unilateral( não correspondea qualquer contraprestação especifica a favor do contribuinte. É oque o distingue dos tributos bilaterais - taxas),  definitiva( não dáqualquer lugar a reembolso, restituição ou indemnização)a ecoactiva(é exigida ex lege, estabelecida por lei).

2. Subjectivamente: é uma prestação com as características suprareferidas exigida( ou devida por) detentores ( individuais oucolectivos) de capacidade contributiva a favor de entidades queexerçam funções ou tarefas públicas.

3. Teleologicamente: é exigido pelas entidades que exerçam funções

públicas para a realização dessas funções conquanto que nãotenham carácter sancionatório.

O imposto obedece ao principio da legalidade fiscal tendo por base oprincipio da capacidade contributiva;

As taxas bastam-se com a reserva de lei da AR( ou DL autorizado) do seuregime geral e a sua medida assenta no principio da proporcionalidadetaxa/ prestação estadual proporcionada ou taxa/ custos específicoscausados à respectiva comunidade.

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Aula dia 22/9

Imposto: unilateralidade

Vs

Taxa: bilateralidade

proprocionalidade

Como podemos fiscalizar a bilateralidade? Como sabemos se uma taxa éilegal?

O TC tem-se socorrido do critério “manifestamente desproporcional” aoserviço prestação. É um controlo negativo.

O problema está em densificar o “manifestamente desproporcional”...

Se o TC concluir que aquela taxa é manifestamente desproporcionalestamos perante um imposto oculto. É uma situação de unilateralidade.Logo, os critérios a aplicar são distintos. Por ex, têm de ser autorizados pelaAR – ao contrário das taxas sobre as quais há discricionariedade por partedas entidades públicas na sua fixação.

APD: o critério do TC é inoperativo dada a grande dificuldade em aferir-lo.Não é um critério pois não se consegue concretizar. Aquilo que o TC deveriafazer era um controlo restrito da proporcionalidade e da bilateralidade.

Deste modo, APD defende o princípio da cobertura dos custos ou oprincipio da equivalência.

A entidade pública que tem poder para criar tributos só o pode fazer setiver legitimidade para tal. O ponto de partida tem de ser o facto de seexigir para o cidadão uma lógica de benefícios.

Isto é, os impostos só se justificam num Estado de Direito para financiar adespesa pública.

Como é que eu, cidadã eleitora, posso saber se o que pago é aplicado emdespesa pública?

Através de 2 princípios:

1. capacidade contributiva

2. principio da equivalência

Ex. cada um paga o seu IRS consoante a sua capacidade contributiva.

Quando pago relativamente a serviços concretos/ individualizados ( ex.

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auto-estrada, ponte, faculdade etc) consigo saber onde é utilizado omontante que pago: princípio da equivalência. Tenho direito a receber umserviço equivalente ao que pago.

Quando pago IRS não sei, em concreto, onde é que o Estado aplica os meus

impostos. Pode ser para qualquer uma das rubricas do OE: é o princípio danão consignação.

Princípio da não consignação

É verdade que há um controlo por parte do cidadão (daí o OE ser público);todavia, em concreto não sei onde é aplicado.

Como é que o Estado justifica uma intromissão na minha propriedade

privada?

Só pode haver impostos se houver consentimento popular para tal, (daí serem os parlamentos que os aprovam, desde a Magna Carta). O únicocontrolo politico dos cidadãos que há nos impostos é apenas o facto deserem os deputados por nós eleitos que os podem aprovar.

Não nos podemos esquecer que os impostos são bens públicos indivisíveis...Não posso saber qual foi a proporção gasta por cada um de nós (exemploclássico do farol).

É, justamente, devido ao facto de haver bens públicos indivisíveis (defesanacional, por exemplo) que os impostos têm de ser aprovados pelosdeputados.

Quando falamos de bens divisíveis podemos aplicar taxas. (portagens. AsSCUTS não serem pagas por taxas é uma irracionalidade em termos degestão financeira).

Em termos de racionalidade de gestão da despesa pública as SCUT têm deser pagas. Não faz sentido que o meu IRS sirva para financiar uma auto-

estrada da qual eu não usufruo. Utilizador – pagador.

Muitas vezes, em situações de falta de receita, há uma tentação por partedas entidade públicas em aumentar as taxas.

Ex. a UL entende que a verba do OE é insuficiente. A tentação, se nãohouver controlo do TC, pode ser a de subir tanto as taxas que jácorresponderia a uma afectação de dinheiros para outros fins (ainda quelegítimos)!

Se o montante gasto por cada aluno for 1500 e se o que recebe é superior(2000), então para onde vai o montante que sobra?

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Se não for para cada aluno, então a taxa já não é legitima...

Ainda que fosse para financiar despesas da FDL, se não cabe no custo decada aluno é um imposto oculto. Teria de haver uma transferência no OEpara a UL e ser aprovado pela AR.

EX. ponte 25 de Abril ( subida da portagem)

O MINISTRO  DAS OBRAS PÚBLICAS teve uma saída pública completamente infeliz!Disse que se aumentava a portagem porque estava a ser construída aVasco da Gama e que eram necessárias outras verbas. Além disso, comoiria ser construído o comboio, o transito na ponte iria melhorar.

Ora, isto sai manifestamente do conceito de taxas. Falta o requisito dobem presente.

Não podemos dizer que no futuro há um comboio que tornará o transitomais fluido para justificar o aumento da taxa. O condutor que passa hojenão sabe se amanhã voltará a passar. A taxa tem de corresponder aobenefício que o utilizador retira naquele momento em concreto. CUIDADO:não tem de ser o preço de mercado!!!!

Problema.

Há 2 sistemas jurídicos próximos do nosso:

1. sistema alemão: as taxas não estão sujeitas a reserva de lei. Ostribunais pedem o orçamento, o montante pago de propinas, o n.º deestudantes matriculados no ES, a despesa de cada um e vê se batecerto. Quando os juízes não o querem fazer têm se sujeitar as taxas areserva de lei. Se as taxas também tiverem de ser criadas pela AR,então APD já admite que possa haver um controlo através do critério“manifestamente desproporcional”. Dado estar sujeito a reserva delei, o cidadão não tem dúvida para onde vão os montantes pagos amais.

Ex. se o transito na ponte não melhora, os tabuleiros estão gastosetc como podem aumentar a portagem? APD: Não sabemos paraonde vai ser canalizado o aumento!

2. sistema italiano/ espanhol (se as taxas também tiverem de sercriadas pela AR, então, já se pode fazer um controlo através domanifestamente desproporcional. Existindo reserva de lei, já não háproblema de não haver equivalência estrita).

Nos anos 60/70 e 80 os manuais de direito fiscal definiam taxa usando oconceito de sinalagma jurídico. Todavia, não necessitava de sinalagma

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económico. Este foi um erro de que partiu o TC.

Ex. Portagem: se há um beneficio por parte do utilizador há sinalagma.

Em 1995 é que se utilizou, pela primeira vez, o critério “ manifestamente

desproprocional”.

As questões mais complicadas estão relacionadas com os impostos.

Desde o sec. XX que os Estados da OCDE são financiados por impostos. Odireito fiscal é um ramo do direito recente.

No final do sec. XIX o que existia eram leis sobre o orçamento e umarelação de poder ajuridica entre os Estados e os contribuintes. Praticamentenão existiam direitos dos contribuintes perante o fisco.

Em 1918, a LGT Alemã (de ENNO Becker) dá origem ao direito fiscal. Pela 1a

vez são sistematizados os direitos e obrigações dos contribuintes numarelação jurídica.

ALBERT HENSEL (fiscalista judeu), em 1933, foge para a Itália e escreve ummanual de fiscal. O seu manual foi traduzido para português.

Relação jurídica tributária

Elementos essenciais dos impostos

1. incidência

a. objecto: sob o que incide o imposto, isto é, qual é o factotributário. Pode ser:

i. rendimento( IRS, IRC)

ii. consumo( IVA)

iii. património( IMI)

b. sujeito: tem de definir qual é o sujeito sob o qual recai oimposto. É o sujeito passivo na relação jurídica tributária.

Este sujeito tem de vir definido na lei. Pode ser uma PS, PC,entidade irregularmente constituída, organização de facto etc. Éaquele que o legislador definir.

2. determinação da matéria tributável ou base do imposto: é a

quantificação do tributo.

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EX. Rendimento do advogado. Profissão liberal. Categoria B

Facto tributado: rendimentos de profissão liberal.

Mas como são quantificados?

Ex. o advogado recebe € 100 000 mas tem de pagar o arrendamentodo escritório, as contas da PT, secretaria etc. As despesas são de €50 000. Vamos fazer incidir o imposto sobre os € 100 000 oudeduzimos as despesas?

Solução: a lei pode introduzir um limite ao montante dedutível.

Mas faz sentido que existam deduções?

O que se considera que é justo é que a incidência do imposto recaia

sobre o rendimento líquido. Os € 100 000 são o rendimento bruto. Émais justo falar em rendimento líquido. Pode existir despesasnecessárias para obtenção de rendimento. Não podem é ser bens eluxo nem supérfluos...

É sobre esses que vai incidir a taxa do imposto.

Ex, o advogado obteve €30 000 em Espanha. A Espanha também ostributou. Os € 30 000 já tributados em Espanha vão ser parcialmentededuzidos em pt para não haver dupla tributação.

3. quantificação da taxa( cuidado, aqui estamos a falar de % e nãode taxa!)

4. deduções à colecta

Os pontos 1 a 3 correspondes a colecta do imposto.

Aula dia 22/9 - DRA. PAULA PEREIRA

CONT.

Aplicada a taxa a matéria tributável ficamos com a colecta. A colecta não éainda o imposto a pagar.

V art. 68 CIRS( OU 78???)

Deduções à colecta: depois de se fazerem as deduções à colecta temos,finalmente, o imposto devido por determinado sujeito passivo.

As deduções á colecta são verbas que, por determinada razão, o legisladorfiscal entendeu abater ao imposto que seria devido. Em alguns casos

correspondem a benefícios fiscais, noutros casos ( p. ex IRS) através dasdeduções á colecta do art. 67 CIRS: aspectos que têm a ver com a opção

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Direito Fiscal 2010

que o legislador constitucional e fiscal entendeu que o imposto tenha umacarácter personalizante. O IRS é um imposto pessoal porque diz respeito aorendimento das PC mas também porque está configurado em trono dascaracterísticas dos sujeitos passivos que visa tributar. Muitos dessesaspectos personalizantes situam-se nas deduções à colecta.( despesas de

Saúde, educação, prémios de seguro, benefícios fiscais etc).

São parcelas que se abatem á colecta diminuindo o imposto devido pelosujeito passivo na sequencia da atribuição, por vários motivos, de certostipos de deduções.

( V. se há muitas despesas de saúde, de educação etc)

Está ainda relacionado com o principio da tributação do rendimentoliquido disponível. Art. 104 C.R.P.: imposto de tributação das PS que tem

em conta os rendimentos e necessidades do agregado familiar.Esta figura do CIRS não está isento de criticas.

Algumas das deduções à colecta concretizam benefícios fiscais. A finalidadefundamental do imposto é a obtenção de receita tributária para o Estado.

 Tal não significa que os impostos não tenham também funções extra fiscais:visam também incentivar ou desincentivar certos comportamentos/actuações.

É neste contexto que surge o beneficio fiscal: medida de carácter

excepcional cujo objectivo é a tutela de certos interesses públicos extrafiscais relevantes que sejam superiores a obtenção de receitas fiscais. Osbenefícios fiscais aparecem espalhados ao longo da legislação fiscal. Nocaso concreto, não obstante estar sujeito ao imposto, está isento porque háuma norma que lhe confere uma isenção.

Ex. IMT: quando alguém adquire uma casa para habitação própria epermanente a pessoa está isenta.

O regime fiscal da zona franca da Madeira, para algumas sociedades( até aofim de 2011) ainda é um regime de isenção.

Porque estes benefícios fiscais?

No caso do IMT é facilitar a habitação própria de habitações de baixo valor.Se fossem oneradas ainda com IMT dificultaria ainda mais a aquisição dacasa.

No caso do regime da zona franca da Madeira pretende atrair investidoresestrangeiros.

Reduções de taxa: os benéficos fiscais podem ser reduções de taxa. Ex.casos de empresas que se instalam em locais de interioridade: tem um taxa

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de IRC inferior. Evitar o despovoamento das zonas interiores do país; atrairo investimento me zonas mais afastadas de zonas mais rápidas decomunicação etc.

Deduções à colecta: art. 78 CIRS são também benefícios fiscais.

São tudo situações em que o sujeito passivo pagará menos imposto ou nãoo pagará de todo porque são considerados superiores à necessidade socialde imposto.

Vários tipos de impostos

O nossos sistema fiscal tem uma pluralidade de impostos.

1.impostos sobre o rendimento: impostos que se preocupam e que vãoincidir sobre a tributação do rendimento das PS e PC ( IRS e IRC). Partem dacapacidade contributiva dos sujeitos passivos demonstrada através dorendimentos que esses sujeitos passivos auferem. São impostos únicos.Entraram em vigor em 1989. Rendimento o trabalho, uma mais valia com avenda de um imóvel, direitos de autor etc.

2.impostos sobre o consumo: tem a ver com o conjunto de impostos ( p.ex. IVA que é um imposto de transações) sobre o consumo. O sujeitopassivo é quem vende o bem e presta o serviço ou em situações de

importação de bens ou aquisição de bens comunitárias. Todas astransações relacionadas com bens e serviços estão sujeitas ao IVA. ( Nota:é um imposto em que há esquema de liquidação e dedução – cada sujeitopassivo liquida o IVA nos bens e serviços que adquire e presta mas tambémtem direito a deduzi-lo – vai ser o consumidor final que o vai suportar nasequencia da liquidação pelo sujeito passivo. )

Outros impostos sobre o consumo têm a ver com a tributação sobre otabaco, bebidas alcoólicas, produtos petrolíferos etc.

3.impostos sobre o património: são fundamentalmente o IMI e o IMT.São ambos tributação do património mas em perspectivas diferentes.Resultam da grande reforma de 2004 da tributação do património.Anteriormente em vez de IMI tínhamos a contribuição autárquica e em vezdo IMT tínhamos a SISA.

O IMI é uma tributação estática do património. É um imposto municipaldevido todos os anos pelos proprietários do imóvel ao município em cujaárea geográfica se localiza o imóvel.

O IMT é uma tributação dinâmica porque só é devido, regra geral,

quando há uma transmissão onerosa de propriedade imobiliária.

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Outras categorias de impostos

1.

Impostos pessoais ou subjectivos: aqueles que estão configurados emtorno das características específicos dos sujeitos passivos. Ex. IRS. A própriaconfiguração do imposto se vai preocupar com aspectospersonalizantes( como é formado o agregado familiar, se a pessoa éportadora de deficiência etc).

Vs

Impostos reais ou objectivos: o imposto preocupa-se com o ladomaterial da incidência objectiva. Dai que as taxas o IVA variem em função

do aspecto material(do bem transacionavel). A taxa mais elevada é a“normal”: 21%. Depende do tipo do bem e não de quem o adquire. Daí oIVA ser um imposto real porque está configurado em termos do aspectoobjectivo não relevando os aspectos subjectivos.

2.

Impostos de obrigação única: aqueles em que a divida fiscal vai resultarda verificação de um certo facto tributário isoladamente. Ex. IMT: alguémcompra um imóvel. Está sujeito ao IMT.

Vs

Impostos periódicos ou de base temporal: funcionam em função de umperíodo de tributação fiscal( geralmente o ano fiscal corresponde com o anocivil) IRS e IRC. Se não deixarem de obter rendimentos no ano seguinte omesmo e assim sucessivamente. Todos os anos a PS ou PC está sujeira aeles com um período que tem a ver com 1 ano.

(quando estudarmos as questões de retroactividade, esta problemática deum imposto ser periódico/ base temporal tem muito relevância na questão

da retroactividade em função do momento em que entram em vigor asalterações da legislação fiscal).

3.

Impostos de taxa progressiva: art. 68 CIRS: típica taxa progressiva porescalões. A medida que aumenta o valor do rendimento tributável, assimvai aumentando a própria taxa. Implica que o sujeito passivo vai tendoaumentos do imposto a medida que vai tendo mais imposto.

Vs

Imposto de taxa proporcional: IRC. Uma taxa que é aplicável

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independentemente do valor da matéria tributada. (CUIDADO art. 87.ºCIRC( já há uma taxa de 12, 5% e outra de 25%). É uma taxa proporcional.

Sujeitos tributários

Art. 18.º ss LGT

Sujeito activo: regra geral é o Estado – pode ser também outra entidadepública. É quem tem/ pode exigir o cumprimento das obrigações tributárias.

As obrigações tributárias não se limitam ao pagamento de imposto. Incluema obrigação de pagamento de imposto mas também outras obrigaçõesacessórias( emissão de facturas, contabilidade, preenchimento e entraperiódica de um conjunto de declarações fiscais etc).

Sujeito passivo: quem está obrigado ao cumprimento dessas obrigaçõesex lege tributárias. Há várias categorias de sujeitos passivo. Art. 18/ 3 LGT:

-contribuinte directo: PS ou PC relativamente a qual se manifesta acapacidade contributiva.

-substituto tributário( art. 18/ 3 e 20 LGT): PS ou PC a quem a leicomina uma obrigação de prestação tributária mas não é ele ocontribuinte, isto é, não é ele que tem a capacidade contributiva.

Ex. o trabalhador que aufere o salário é o contribuinte directo. A suaentidade patronal é o substituto tributário porque faz a retenção nafonte quando paga ao salário e entrega-a ao Estado: é umaantecipação de entrega de imposto.

-responsável: art. 22 .º - 28.º LGT. Ainda é um sujeito passivo.Por ex. um administrador ou gerente que dissipou o património dasociedade poderá ser responsável tributário e sendo ainda ésujeito passivo ficando com direitos e deveres que advém da suafigura enquanto responsável tributário.

Aula dia 27/9

IMI:

i.é um imposto porque há unilateraliadde; embora incidasobre bens imóveis isso é algo que não tem nada de especifico

em relação a outros impostos. O IRS também incide sobre orendimento; está determinada no CIRS especificado em concreto

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qual é o rendimento sobre o qual incide.

ii.O montante é determinado em concreto pelasAssembleias municipais mas dentro de um quadro de 2limites que estão escritos na lei: há uma margem dada de

opção( o,6-1,5%) dada pela AR ou o Governo. Por DL autorizado.

SALDANHA SANCHES diz que há elementos no IMI que apontam para algumabilateralidade.

Mas APD entende que não são suficientes. Diz que não há nenhumacontrapartida que possa ser controlada.

Os montantes que são utilizados para a prestação de bens públicosmunicipais.

Isto não tem nada de novo em relação a generalidade de impostos. Sãoreceitas publicas usadas em despesas públicas. Não podemos pagarimpostos para serem utilizados para despesas privadas de entidadespublicas.

A diferença dos impostos municipais é que há um orçamento com maisproximidade dos cidadãos; temos mais facilidade em saber o que são osbens públicos municipais. São bens mais limitados do que os bensestaduais. Mas tal não torna o pagamento de um imposto numa taxa. Casocontrário, todos os impostos municipais seriam taxas.

  Tudo aquilo que pagamos em termos de imposto( seja ele estadual ,regional ou municipal) tem de ser afecto a despesas publicas. Nãopodemos sequer falar em sinalagma. O IMI não nos diz onde vão ser afectosos montantes que são cobrados.

Ex. Numa contribuição especial ( obras publicas na zona da Expo): exigiu-se como contrapartida um montante superior a quem resida na zona daExpo; é uma contribuição de melhoria. Aqui há um sinalagma difuso( MASNÃO PRECISO) porque se eu, não moradora na zona da Expor, for lá passeartambém beneficio dessas melhorias. Dai não haver um sinalagmaespecifico. Todavia, há um sinalagma difuso porque quem paga são aspessoas que residem lá.

No caso do IMI é o proprietário do imóvel que paga mas esses montantesnão são afectos penas à zona onde o munícipe mora.

Ainda que a Câmara nada faça, os contribuintes continuam a pagar IMI. Nãohá qualquer sinalagma.

Por ex. há um imposto sobre a propriedade de um imóvel urbano; além

disso, os serviços prestados pelas Câmaras municipais( saneamento etc)implica que se pague um tributo pela sua tarificação: aí sim, já é uma

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situação bilateral porque há uma contrapartida.

Princípios Constitucionais Fiscais

A partir do momento em que identificamos esses princípios, sabemos quesão eles que vão orientar o legislador, a AR e sempre que não foremobservados podemos questionar a constitucionalidade da lei.

Art. 103.º e 104.º C.R.P.

Art 165.º/1 i): reserva relativa de competências da AR, isto é, cabe à ARlegislar sobre matéria de impostos salvo se houver uma autorização

legislativa ao Governo.

Principio constitucional formal

O art. 165/2 diz que os impostos são criados por lei.

O art. 103/2 é uma concretização do art. 165/1 i) ; dai ser também umprincipio constitucional formal.

  Temos também princípios constitucionais materiais vertidos no art.104.ºC.R.P. São princípios relacionados com a segurança jurídica; a

segurança jurídica é um sub-principio:

i.legalidade

ii.não retroactividade

Os princípios constitucionais fiscais materiais estão relacionados comuma lógica de justiça. Dai se falar em capacidade contributiva que se divideem tributação pessoal e tributação real. Art. 104.º C.R.P.

TESE APD: O Principio da Legalidade Fiscal

Vertente competências do principio da legalidade fiscal: o art. 165/1i) diz respeito as competências. Estamos a falar da legalidade fiscal navertente competências. O art. 165/2 fala sobre as autorizações legislativascom os seus requisitos.

v. 165/1 i)

- impostos- regime geral

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i.da taxas

ii. de outras contribuições

Art. 227/1 i) : Regiões autónomas têm o poder de criar impostos regionais

e o poder de adaptar o sistema fiscal regional as especificidades dasregiões.

Art. 238/4 : os municípios podem exercer poder tributário nos termos dalei.

Cada imposto tem de ser criado por lei formal( lei AR ou DL autorizado).

Só o Regime geral das taxas é que tem de ser criado por Lei AR.

Os elementos essenciais de todas as taxas tem de ser criados por lei mas o

município, com base no regime geral, pode criar uma taxa em concreto.

Por ex. a taxa de saneamento pode ser criada pelo município através deregulamento, Não tem de ir a AR.

VS

Impostos tem de ser criado por Lei AR ou DLAutorizado.

Nos impostos, dado existir uma situação de unilateralidade( não sei onde éque o meu montante vai ser afecto), então a minha única defesa é que o

imposto seja autorizado pelos deputados que eu elegi. Se tenho de pagarimpostos, então tem de ser alguém, eleito por mi( indirectamente eu) adecidir sobre a legitimidade dessa criação e desse aumento.

Como no caso das taxas existe bilateralidade ( bem presente+sinalagma+cobertura de custos), a reserva de lei não tem de ser tãorigorosa; basta o Regime Geral.

A reserva de lei do 165/1 i) C.R.P. tem uma evolução historia na 2ºmetade sec. XX. No final da II GM, os regime democráticos que dai saíram,

as regiões e os municípios passaram a ter legitimidade democrática. Apartir desta 2º metade, os Governos saem das maiorias parlamentares e,por outro lado, nos Estados com Regiões( Itália, Espanha, Alemanha,Portugal), as regiões são poderes democraticamente eleitos.

Isto significa que não podemos falar numa reserva de lei fiscal ligadaexclusivamente à AR ou aos parlamentos. Até aqui, dizia-se que o podertributário( = criação de impostos) era algo inerente só aos parlamentos porcausa do principio no taxation without representation. A soberania fiscaldeixa de ser algo apenas reservado aos parlamentos. Nos manuais clássicosde direito fiscal isto ainda não é muito esclarecido.

Art. 227/ 1 al. i): as Regiões autónomas tem poder tributário: é um poder

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originário de criação de impostos como o poder da AR. Todavia, é umpoder, na prática, muito reduzido porque a nível nacional os impostos jácobrem todas as manifestações de riquezas( rendimento, património,consumo). Este poder originário é definido por uma lei quadro da AR.

  Todavia, dada a panóplia de impostos nacional que cobrem todas as

manifestações de riqueza, as Regiões não criaram nenhum impostoregional.

A única coisa que nos falta é um impostos geral sobre o património:não tributamos jóias, obras de arte, obrigações, acções etc. O valor não écomputado para o impostos sobre o património. Seria o único caso que asregiões poderiam criar; mas quem reside na região paga impostosnacionais... daí as regiões não estarem interessadas.

Os únicos impostos regionais que temos são contribuições especiais.

Alem disso, o art. 227.º/ 1 al. i) C.R.P. permite a adaptação do sistemafiscal nacional as especificidades regionais. As regiões autónomas têmdescido os impostos nacionais quando os adaptam por causa dos custos dainsularidade.

Havia um certo receio em dizer que as Regiões Autónomas tinham poder decriar impostos. APD diz que era um medo infundado dado que a tendênciadas regiões autónomas é para descer os impostos e não para os aumentar.

Existe um poder originário porque a C.R.P. o atribui.

É um risco em termos de carga fiscal?

Não! Porque as regiões para atraírem investimento e residentes têm umcomportamento em que baixam a carga fiscal.

Art. 238.º/4 C.R.P.: Municípios podem dispor de poderes tributáriosestabelecidos por lei. NÃO HÁ poderes tributários próprios ao contrário doart. 227! Aqui diz “nos termos da lei”.

Art. 112.º C.R.P. temos a definição de actos normativos.

O Decretro-legislativo regional é lei em sentido formal como a lei da AR.

Os Municípios apenas têm poderes regulamentares.

Como os impostos só podem ser criados por lei, quando estão em causamunicípios não têm competência legislativa; só podem regulamentar lei;não podem criar impostos.

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Vertente Material

Principio da tipicidade fiscal

Art. 103/2 C.R.P.

Os impostos são criado por lei( lei em sentido formal, acto legislativo; lei daAR, DLAutorizado ou DLR).

O que é que esse acto legislativo tem de determinar? Qual é o tipo degarantia dos impostos?

-incidência, isto é, i)objecto, ii)sujeito passivo e iii)quantificação.

CUIDADO: é muito importante que o art. não diz base do imposto! Daitermos de interpretar incidência no sentido mais amplo. É legitimointerpretar incidência como abrangendo estas 3 vertentes. Os tribunaisfazem muitas confusões....

CUIDADO:A taxa a que o art. 103.º se refere é a taxa (%) do imposto!!!

Estes elementos são consensuais em todos os Estados de Direito.

Aula dia 29/9

 TESTE: 8/11 e 6/12

Cont. do Princípio da tipicidade do impostos

Art. 103.º/2 C.R.P.

 Tradicionalmente nos códigos de imposto tínhamos designações depois daincidência stricto sensu que eram:

-lançamento de imposto

- liquidação do imposto

Estas expressões, que vem do direito italiano, têm a ver com a actividadetradicional da administração fiscal; a administração fiscal, até anos 80, fazia“as contas” do montante a pagar por cada sujeito passivo.

Por ex. o advogado tinha rendimentos de trabalho independente. Essesrendimentos e as despesas eram fornecidos ao fisco e o fisco é queaplicava a lei e fazia a quantificação do imposto: lançava e liquidava. Esteprocedimento já não corresponde ao sistema moderno do direito fiscal.

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Os nossos códigos já não funcionam assim: são os próprios sujeitos passivosque apresentam a declaração de imposto. A determinação da mateiratributável, é feita, fundamentalmente, com base nos deveres decooperação do contribuinte.

Na normas dos códigos de lançamento e de liquidação, aquilo que édesignado como “lançamento e liquidação” o que nós temos efectivamentesão normas de quantificação, isto é, lançar e liquidar não é uma actividadeadministrativa no sentido de ser uma actividade interna ao fisco. Hoje emdia o que nos aparece são normas que quantificam o montante de impostoa pagar. Para o sujeito passivo é fundamental que essa quantia sejadeterminada pela AR.

O TC ainda faz confusão pois diz que não estando expressamente previstono 103/2 C.R.P. o lançamento e a liquidação, então não fazem parte da

reserva de lei fiscal.

APD: isto é completamente erróneo.

A reserva de lei fiscal e a sua origem e evolução estão relacionados coma incidência e com a taxa(%). Obviamente que a incidência abrange o “an”e o “quantum”.

O TC não vê escrito no 103/2 “lançamento e liquidação”; todavia, oscódigos têm epigrafes que usam estes termos. Há casos em que ocontribuinte vem dizer que a quantificação do imposto não foi determinado

por lei nem por DLAutorizado. A questão chega ao TC e a pergunta é: oselementos de quantificação estão/ não no 103/2?

O TC diz, erroneamente, que lançamento e tributação não estão no 103/2.Por isso, em relação a estes elementos não é preciso reserva de lei.

O tribunal define lançamento e liquidação como sendo a actividade do fiscocomo fazendo contas como se se tratasse de uma actividade interna,baseado nos manuais clássicos. Muitas vezes não há lei da AR a dizer comose quantifica o imposto.

Lançamento e liquidação são expressões ultrapassadas ainda usadas peloscódigos; são fundamentais para saber quanto pago. São elementosfundamentais e essenciais do imposto. Deste modo, estão abrangidos peloart. 103/2.

V. Tese APD capitulo da C.R.P.

O que temos de dizer e demonstrar ao STA:

i. sempre que as normas de lançamento e liquidação sejam normas de

quantificação do imposto, então estão sujeitas ao art. 103/2 e, por isso,ao 165/1 i).

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ii. sempre que sejam normas meramente de organizaçãoadministrativa( por ex. normas de cobrança, normas de administração dofisco), então estão de fora do art. 103/2 e não é preciso reserva de lei.

II. Benefícios Fiscais

Os benefícios fiscais estão previsto no 103.º/2 da C.R.P. mas estão fora do Tatbestand de garantia.

Para APD, o Tatbestand de garantia corresponde ao “an”( objecto e sujeitopassivo) e ao “quantum”( base tributável e qualquer outra quantificação).

Os benefícios fiscais são normas extrafiscais porque prosseguem finalidadesextrafiscias.

O que são finalidades fiscais?

Obtenção de receitas fisciais.

Os fins prosseguidos podem ser:

- quaisquer outros fins públicos,

- mais relevantes que os fins fiscais

nomeadamente fins económicos, políticos, sociais.

Fins económicos: por vezes são criadas isenções a tributação de certasempresas se, por ex. elas contribuírem para a internacionalização daeconomia portuguesa. Essa isenção é dada pelo Ministro das Finanças.

O fim tem de ser mais importante que os fins fiscais: porque é que ainternacionalização tem de ser superior ao fim fiscal para se justificar aisenção?

O sujeito passivo tem lucros; a partida, cai na incidência objectiva esubjectiva do imposto. Par nos retirarmos este sujeito passivo e oexcepcionarmos do imposto, o fim tem de ser superior a finalidade daarrecadação porque, caso contrário, pomos em causa o principio daigualdade entre todos os sujeitos passivos; poderia ser um privilégio fiscalque é PROIBIDO por todas as constituições europeias.

Os benefícios fiscais, uma vez que colocam em causa o principio daigualdade, tem de ser excepcionais, não podem ser a regra.

Finalidade política: praticamente todos os Estados da ordem

internacional contem isenções dos rendimentos dos embaixadores epessoal diplomático. P. ex. o embaixador da França em Portugal, para além

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do rendimento do Embaixador que é isento também a Embaixada em si éisenta de imposto sobre a propriedade dos imóveis. Normalmente estaisenção está sujeita a um principio de reciprocidade. Tem a ver com a boarelação entre os povos.

Finalidade social1: APD a dedução dos juros para a aquisição de habitaçãoprópria é o exemplo mais controvertido.

Será um beneficio fiscal apesar de estar nas deduções à colecta?

Há quem entenda que em Estados em que a dedução á colecta foieliminada, o preço dos imóveis desceu. OS EUA tinham uma deduçãosemelhante à nossa; quando se aperceberam que beneficiava osconstrutores acabaram com ele.

Finalidades culturais: as despesas com fins culturais( exposições,aquisição de obras de arte, financiamento de conferências). Essesfinanciadores poderão deduzir dizendo que aplicam esses fundos para finsculturais.

O art. 103.º/2 C.R.P. sem duvida prevê benefícios fiscais. É bom que estejaesclarecido pois os benefícios fiscais contem uma excepção as normas de

incidência.

Ex. se o legislador tiver competência exclusiva para aprovar as normas deincidência. A seguir, vinha o Governo DLA desfazia o que a AR tinha feito.

Por serem 2 faces da medalha, faz todo o sentido que estejam aquiprevistos ainda que sejam normas extrafisciais.

A reserva de lei não é suficiente para que os benefícios fiscais sejamcompatíveis com a C.R.P. É fundamental fazer um controlo com o principioda igualdade. Tem de haver um controlo, apesar de ainda não ser feito

devidamente pelo nosso TC. O TC Alemão vai sempre ver se o benéficofiscal não põe em causa o principio da igualdade usando, nomeadamente, oprincipio da proporcionalidade.

1Os benefícios fiscais não têm de consubstanciar sempre isenções. Pode ser também deduções à

colecta.o exemplo dos medicamentos é discutível à luz da C.R.P. A dedução à colecta no caso dos

medicamento estão no âmbito da capacidade económica do sujeito?

Há quem entenda que não tem nada a ver com a capacidade económica porque o Estado não tem deestar a pagar pelos cidadãos menos saudáveis; logo, a finalidade é apenas extrafiscal.Este caso é uma zona cinzenta.

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III. Garantias dos contribuintes

As garantias dos contribuintes também estão no art. 103/ 2 C.R.P.

 Todavia, não precisava de estar prevista.

O art. 165/1 b), c), d) da C.R.P.: já contem o que está no 103/2 in fine.

O direito a um processo junto dos tribunais, tudo o que diz respeito agarantias( nomeadamente procedimento administrativo) já estava cobertopelas aliena do art. 165.º da C.R.P.. É uma repetição que não tem conteúdonovo.

O art. 103/2 aplica-se ao art. 165/1i) e 227/ 1 i). C.R.P. Tal não resulta

claramente do art. 103/2, Todavia, é a única interpretação correcta quepodemos fazer.

O ART. 103/2 quando nos diz “ lei” = acto legislativo.

Apesar de termos reserva de lei, na prática, há uma autorização legislativadas AR aos Governos para aprovarem essas matérias.

Então, o que exigimos ao legislador da AR para que a reserva de lei não

seja algo em branco?

 Todos os elementos do 103/2 especialmente o “an” e “quandum” têm deser decididos pela AR.

POR. EX. deduções à colecta de despesas educação etc: SERÁ que AR podedizer apenas que o Governo esta autorizado a fazer deduções à colecta?

NÃO. Tem de dizer quais são; ainda que o governo venha a concretizar oselementos,( por. Ex. habitação própria).

FALTA AULA DIA 4/10

Aula 06/10

( António)

A segurança jurídica e a proibição da retroactividade

art 103.º n.º3 CRP valor vinculativo porque a CRP vai concretizar esteartigo. É uma verdade relativa porque se houver um igual instrumentolegislativo temos que o confrontar com a LGT.

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Significado da retroactividade

art 12.º LGT n.º2 factos tributaries de formação sucessiva: períododecorrido a partir da entrada em vigor. O que nos diz?

a. ex: alteração ao CIRS em que havia 3 hipóteses entrada em vigorem 1 Janeiro de 2010, dia seguinte à publicação ou 1 Janeiro de2011. Qual é incompatível com o 12 n.º2? é possível que entre emvigor no dia seguinte porque é um facto tributário de formaçãosucessiva. Porquê? Os factos tributários só nascem no dia 31 de

Dezembro do ano fiscal. O ano fiscal em Portugal coincide com o civil.

b. E se fosse uma transmissão de um imóvel? IMT, quando podiaentrar em vigor a lei nova? É aplicada a lei em vigor da transação.Imposto de obrigação única. É um facto constitutivo.

n.º3 normas sobre procedimentos e processo: aplicação imediata.Regra geral de aplicação de leis no tempo. Aplicação imediata da lei nova anão ser que ela diga algo em contrário mas não pode ser retroactiva. Se alei em concreto disser que entra em vigor daqui a 6 meses isto não écontrário ao n.º3. A lei pode adiar, pode ser mais favorável do que o 12n.º3.

n.º4 normas de desenvolvimento das normas de incidência tributária.proibição. Estas não podem ser retroactivas. A propósito da reserva de leisão as normas de quantificação, incidência em sentido amplo. São as quedepois vem falar das amortizações, reduções, descontos, quantificação do

imposto. Também está sujeito à reserva de lei, apesar de o TC não ter umadoutrina correcta APD.

relação entre LGT e CRP e restantes leis ordinárias? o que significaretroactividade? LGT não tem valor reforçado.

Gfrosso modo o art. 12.º correspondo a interpretação do TC do art 103 n-º2.O TV vai mais longe no art 103 n.º3 porque já foram analisados casos maisamplos do que aqueles do art 12.º. Saldanha Sanches refere estes artigos.

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Significado da retroactividade.

Qual é o alcance da retroactividade?

entende-se em todos os estado de direito que a retroactividade proibida sóse aplica às regras oneradoras, aumentam a carga fiscal. Se for uma leinova que vem reduzir a carga fiscal, neste caso não há nenhuma razão parase aplicar a proibição da retroactividade. Dentro deste principio estamosrelacionados com o princípio da segurança jurídica que lhe dá fundamento.Uma norma mais favorável não vai afectar as legítimas expectativas docontribuinte.

Opinião de APD em relação ao que o TC devia fazer. Mas não é o que temestado a fazer.

“as normas tributárias podem eliminar normas ilegais ou inconstitucionaiscom força retroactividade” isto é o que os Estados da OCDE entendemquanto a este assunto. Se determinada lei for decalarada ilegal ouinconstitucional não há razão para que não tenha força reotractiva quandovier a sr aprovada a nova versão, há um regulamento que estava a

interpretar a lei mas que violava o Direito ou a CRP.

A razão para que isto seja assim é que se existe um regulamento ilegal ouuma lei inconstitucional não há razão nenhuma para que no contribuinte secrie a expectativa de ter que cumprir uma lei ilegal ou inconstitucional.

Ex: o IRS passa a ter taxas regressivas. O art 104.º n.º1 o imposto pessoal é

único e progressivo. A lei nova é impugnada junto do TC e o TC a declarainconstitucional, vai ser aprovada nova lei, o IRS volta a ser progressiva,repõe-se a situação antiga. Neste caso a lei deve ser retroactiva. (não sei seconcordo com isto, é duvidoso, tenho que pensar…)

Não se considera oneradora do sujeito passivo a norma que

a) Corrija imprecisões ou erros formais da lei.

b) Elimine dúvida de interpretação da legislação vigente(contrária à opinião do TC) TC vem dizer face ao art. 103.º n.º3 é

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proibido. Até 1997 o TC não dizia isto. Isto é inédito se olharmos paraordenamentos parecidos com o português. A proibição daretroactividade só se justifica à luz do regime da segurança jurídica.Se as várias repartições públicas estão a interpretar a mesma lei deforma diferente, há dúvida na sua interpretação. O contribuinte não

tem nenhuma expectativa de que a lei seja interpretada de forma Aou B, neste caso existe um caso de insegurança jurídica. O que o TCdevia ver é se é uma lei verdadeiramente interpretativa ou se é umalei nova camuflada.

c) Altere legislação vigente que favoreça comportamentos deabuso fiscal. O TC nunca aceitaria esta posição. Esta lei, a lei novaque combate o abuso pode ser retroactiva, estamos a jogar com oprincípio da igualdade jurídica.

d) No caso de infracção tributária deixe de a qualificar como talbem como a que comine um regime punitivo penal ou decontravenções ou transgressões mais favorável do que oprevisto na lei vigente ao tempo da sua prática e não tenhasido proferida sentença condenatória transitada em julgada.(esta posição é pacífica para o TC).

O art. 12.º entra em vigor imediatamente MAS se estiverem em causadireitos constituídos em princípio estes têm que ser assegurados, nãopodem ser postos em causa.

O art 12.º n.3 tem a seguinte redacção

Princípio constitucionais materiais são próprios da segunda metadedo século XX.

As garantias surgem na segunda metade do séc XIX.

Em Portugal a CRP vai mais longe, é mais descritiva, na prática ainterpretação que é feita é idêntica à feita noutros estados de direito. Masporque é que temos estes princípios?

Foi uma reacção à CRP de 33 e ao Estado Novo. São princípio de justiçafiscal.

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Art. 103 n.º1: O art 104.º é que depois concretiza a propósito de cadaimposto.

104.º n.º1 actual IRS ou qualquer imposto que o venha a substituir.

n.º2 tributação das empresas, não se diz pessoas colectivas. Uma empresapode ser pessoa coelctiva ou singular.

n.º3 tributação do aptrimónio

n.º4 tributação do consumo

Até podíamos dizer que isto não era matéria constitucional mas é.

Em relação ao n.º1: A primeira parte da norma tem que ser concretizada. Atécnica legislativa utilizada pode ser muito diversa; como se atinge esteobjectivo? único, progressivo, necessidade e rendimentos do agregadofamiliar. Um imposto único é um imposto que incide sobre todos osrendimentos sem descriminar tipo nenhum

Art. 1.º CIRS

1 - O imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) incide sobreo valor

anual dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quandoprovenientes de

actos ilícitos, depois de efectuadas as correspondentes deduções eabatimentos:

Categoria A - Rendimentos do trabalho dependente;

Categoria B - Rendimentos empresariais e profissionais;

Categoria E - Rendimentos de capitais;

Categoria F - Rendimentos prediais;

Categoria G - Incrementos patrimoniais; (categoria residual, se houveralgum rendimento que não se consegue classificar/encaixar em maisnenhuma categoria é tributado aqui)

Categoria H - Pensões.

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 Já houve a categoria C e D. Aqui estão todos os rendimentos.

Antes existiam os impostos cedulares. Cada um dos impotos tinha asua quantificação e a sua taxa. Quem tivesse rendimentos de vários tiposera tributado em todos eles independentemente.

Não estava unificado e era menos justo. Porque não se englobamtodos os rendimentos. Actualmente o que se passa é que se aplica umataxa sobre o conjunto dos rendimentos gerais.

Segunda questão: apesar de nós termos um imposto único, para efeitosde sistematização temos os rendimentos organizados por categorias, e istoé comum aos vários ordenamentos para evitar abusos de comunicaçãoentre diferentes categorias.

ex: A + B – todas as despesas do escritório = o risco é que não pagueimposto nenhum e ainda tenha que ser reembolsada. Hoje em dia isto nãopode acontecer porque há limites de descontos.

Porque é que podia haver abusos?

Se eu abrisse a actividade de profissão liberal só para fazer deduções nacategoria A. E isto seria difícil de controlar por parte das Finanças.

Aula dia 11/ 10

(António)

Imposto único e progressivo e que tenha em conta os rendimentosdo agregado familiar

Art. 104 n.º1 CRP.

Imposto pessoal falamos sempre em pessoas singulares o que à partidanão tinha que ser assim mas é este o significado que tem. Há aqui uma

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relação com a capacidade contributiva especialmente relacionada com apessoa singular considerada.

unicidade = um só imposto sobre rendimentos. E entre nós isto aconteceucom a reforma de 88/89 quando foi introduzido o IRS antes disto tínhamos

impostos cedulares. Estas taxas eram fixas ou proporcionais. Havia umimposto complementar que estabelecia alguma progressiva e que recaíauma segunda vez sobre os rendimentos já tributados nos impostoscedulares.

p, ex:

imposto profissional – 20%

Imposto predial – 20%

Imposto de capitais – 20%

Isto considerou-se injusto na teoria da tributação já desde o séc XIX, emPortugal só quase 1 século depois. Schang Haig e Simons é que teorizaramo imposto único.

unicidade = a englobamento. ? Será a mesma coisa? A resposta deveriaser positiva é coerente que se se quer ter um só imposto sobre orendimento o que se quer dizer é que esse rendimento deve ser englobadoou somando porque isso é que denota a capacidade contributiva. À partida

não faz sentido dizer que há imposto único se se continua a tributarcedularmente. Se há um imposto único ele só faz sentido se todos osrendimentos forem tratados da mesma maneira.

Esta exigência vinha desde 76, desde então estávamos numa situação deinconstitucionalidade por omissão.

Estávamos a ver esse englobamento pode sofrer algumas excepções, nãotem que ser totalmente coerente, porque para efeito das deduções paraapurar o rendimento líquido não há comunicação entre os rendimentos.Qual é a razão? evitar o abuso.

ex: rendimentos de trabalho dependente e independente. Se se pudessededuzir as despesas para a obtenção de rendimentos independentes, sehouvesse comunicação para a categoria A no fim não haveria qualquerimposto a pagar porque as despesas poderiam ser maiores que as receitas.Não pode haver comunicação entre as categorias.

ex: rendimentos de capitais, categoria E, juros dos depósitos. Se se fossetotalmente coerente deduziam-se quaisquer despesas em todas ascategorias de rendimento. Neste caso de rendimentos de capitais onde não

há despesas, os custos da actividade liberal serviriam também para deduziros “lucros” dos rendimentos de capitais. Relativamente aos depósitos os

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únicos encargos são os custos bancários, não faz sentido estar a deduzirdespesas como profissional liberal.

categorias do IRS

A B E F G

 Trabalho dependente art 3.º e 4.º CIRS rendimentos da categoria B quepodemos designar por trabalho independente, dividem-se em, i)empresariais e ii) profissionais. e os empresariais dividem-se em vários (verartigo que não apanhei bem).

O que distingue os rendimentos da categoria A da categoria B. O conceito ésemelhante mas o Direito fiscal desenvolve-o com as suas particularidades.Rendimentos de trabalho dependente as remunerações colocadas àdisponibilidade por conta de outrem (equiparado).

ex: autonomia do Direito fiscal: há uma “remuneração” que é feita a umgestor através da doação de uma viatura automóvel topo de gama e quealém disso há viagens privadas que são oferecidas pela entidade patronal aeste gestor. Isto vai ser tributado ou não no quadro da categoria A?

Prémio de boa gestão?

Art 2.º n.º3 ponto 10, qual é a justificação? trata-se de um acréscimopatrimonial para o trabalhador. A justificação do acréscimo é a relação

laboral seja o montante pago através de moeda, activos financeiros, ou emespécie tudo o que é acréscimo patrimonial considera-se que é tributado epor isso cai na categoria A.

Não podem existir ofertas em espécie por uma entidade patronal acima deum certo montante porque isso seria fraude porque isso seria fraude aoartigo 2.º. Há uma prática em que se não estivesse expressamente previstaesta opção seriam pagos.

Art 7.º al. 3 b) dá-se aos gestores planos de opção em que eles podemconverter acções em dividendos mas o que é oferecidos são os própriosactivos financeiros. Podia parecer que só seriam rendimentos de capitais,na verdade não são, é uma remuneração por parte do empregador mas deoutra forma. Tudo o que seja no quadro da relação laboral, desde que nãose trate do pagamento de despesa, significa que estamos peranterendimento tributados na categoria A (é assim em todos os paísesdesenvolvidos).

  Temos que interpretar esta noção segundo os fins do direito fiscal,pretende-se abranger no conceito de trabalho dependente todo o tipo deremuneração em moeda ou em espécie, não tem que estar designado como

rendimento/remuneração. O Direito fiscal vai mais longe que a legislaçãolaboral.

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Para que não haja dúvidas e por causa da reserva de lei, estáexplícitamente previsto mas se não estivesse por causa da autonomia doconceito podíamos chegar à mesma solução.

Quando entramos na categoria seguinte, trabalho independente, categoria

B, há várias hipóteses:

i) empresariais e por outro ii) profissionais. Provêm de uma actividadeque tem fim lucrativo (por exemplo a pesca não está prevista masclaramente que também cai nos rendimentos). Os profissionais éuma actividade relativa à prestação de serviços por conta própria.

Quando se fala em rendimentos empresariais a sua tributação vai ser muitosemelhante à do IRC (num caso e noutro são empresas).

Rendimentos de pensões: categoria H. Está no art.11.º há muitos estadosque eliminam a autonomia desta categoria e inserem na categoria dotrabalho dependente. Já pensámos várias vezes em fazê-lo era mais simplesmas ainda não se fez.

Categoria E, art. 5.º CIRS. Este artigo tem a definição e os seguintes váriosexemplos. O que está na categoria E é que são vantagens económicas quedecorrem de elementos patrimoniais, por exemplo juros, unidades departicipação em fundos de investimento.

A dificuldade é distingui-los das mais valias. As mais valias estão na

categoria G (incrementos patrimoniais, é residual, tudo o que não cai emmais nenhum cai aqui). O IRS pretende tributar é a diferença patrimonial doinício do ano fiscal e do fim do ano fiscal. O que é justo é que qualquerincremento seja tributado aqui.

Aula dia 13/10

CASO

 A comprou acções por 100 e vendeu-as por 90 no dia 30/12. Vendeu-as àentidade B que está isenta de tributação. Dia 31/12 B recebe os dividendos.

Dia 2/1 B revende as acções a A.

Os casos de lavagem dos cupões

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Rendimentos de capitais vs rendimentos de mais valias.

Sujeito Passivo A detentor de obrigações de cupões zero

VENDE

Fundação B isenta do momento de vencimento de juros

REVNEDE

Revenda ao sujeito A

Para efeitos de fiscal, não nos interessa saber se é crime fiscal, sóqueremos saber se podemos tributar aquela transação? Aliás, o que é sepoderia tributar neste comportamento, independentemente da autonomiaprivada?

Seria o momento da venda( A a B).

Quando há aquela alienação pode-se perguntar se a lei prevêexpressamente que apesar de ainda não terem vencido ou sido pagos osrendimentos se se pode considerar que existe um acréscimo patrimonial,isto é, se existe facto tributário apesar de juridicamente ainda nãoterem sido vencido os juros/ ser distribuídos os rendimento?

 

APD: este caso chegou ao STA: embora o art. 5 não previsse que osrendimentos de capitais acorreiam ao sujeito passivo mesmo semdistribuição formal de dividendos( sem vencimento dos juros) mesmoassim, como há um pagamento que é feito pela alienação de A a B,considera-se que, substancialmente estamos perante um rendimento decapitais e, por isso, tributável.

A------B

Pago: distribuição de dividendos?

Dia 30/12Mas a distribuição de dividendos só seria no dia seguinte: 31/12

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Para efeitos de direito fiscal, no dia 30/12 já temos um rendimento decapital; o objecto do art. é a de que tudo do que sejam frutos ou vantagensde activos mobiliários constituem rendimentos de capital.

A dificuldade está em saber a categoria: rendimentos de capitais oumais valias?

O que o IRS tributa é a diferença de património entre dia 31 de Dezembro edia 1 de Janeiro.

Se assim é, a partida é indiferente que haja tributação num categoria ounoutra. Se o acréscimo se vai sempre ser tributado em IRS, qual é adiferença?

Os rendimentos das varias categorias podem não ser tributados da mesmaforma; pode haver cargas mais pesas consoante a categoria que esteja emcausa.

Para o sujeito passivo pode ser preferível, p.ex. escolher a categoria B.

No caso prático temos um caso de planeamento fiscal. É o sujeito passivoque conhece a lei fiscal tentar pagar menos imposto.

Se os rendimentos de capitais são tributados e as mais valias não são,então o sujeito passivo dentro da sua autonomia privada pode tentar

qualificar o negocia como sendo um rendimento de mais valia e não umcomportamento de capital: lavagem do cupão. Tentar não cair no âmbitode incidência da norma.

Se eu digo que pago no IRS tudo o que é acréscimo patrimonial; mesmocaindo na norma de incidência de uma das categorias, a verdade é que hácategorias me que a tributação é mais elevado ou é há até isenção. LOGO,não é indiferente qualificar o rendimento em questão: rendimentos decapitais ou mais valias?

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Se forem rendimentos de capitais havia tributação dia 30 de Dezembro.

Se fossem mais valias, o sujeito A estava isento.

POR ISSO é que hoje já não há isenções nesta área para combater o

planeamento fiscal.

É um dos exemplos de grande tensão do direito fiscal: o contribuinte estásempre a tentar encontrar lacunas para ser menos tributado. Devido aolegalidade fiscal não pode haver tributação.

O problema é que às vezes não há verdadeiras lacunas; ainda acabe nainterpretação teleológica. Ai a AP pode tributar.

RENDIMENTOS DE CAPITAIS

Art. 5 CIRS: frutos e vantagens económicas procedente de elementospatrimoniais de natureza mobilária, com excepção de ganhos e outrosrendimentos tributados noutras categorias.

É uma definição residual.

MAIS VALIAS

No art. 10.º CIRS: ganhos que não sendo rendimentos de capitais ouprediais resultem de ...

PROBLEMA: art. 5 vs 10 CIRS

A parte final do art. 5.º não vale nada; tem de ser eliminado.

Não ha um art. que prevaleça sobre o outro. Tal só aconteceria se nãohouvesse uma remissão cruzada.

- Incrementos patrimoniais: art. 9.º

- Mais – valias art. 9/1 a)

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- Indemnizações para reparação de danos

- Importâncias auferias....

- Acréscimos patrimoniais não justificados: esta alínea é muito

importante: tudo o que é acréscimo patrimonial tem de sertributado em IRS a não ser que seja gratuito e caia no âmbito deoutro imposto.

Art. 10.º, n.º4 CIRS

Valore de aquisição de um bem vs valor de realização

Resolução do caso inicio da aula

Imaginemos que as acções tem valor de 100 ou obrigações no valor de 100.No contrato está estabelecido que dia 31/ 12 vai haver um reembolso das

acções se ou das obrigações com um rendimentos e 20: 120. Há umagarantia de pagamento de dividendo com este valor.

No dia 30/12 A vende a B as acções e/ou as obrigações pelo valor de 118.

Como são tributados os 118: rendimento de capital ou mais valia?

PROBLEMA: os 120, isto é, o vencimento ocorre dia 31. Os 118 seriam umamais valia porque o vencimento é apenas dia 31...

A questão está em saber como é que os 118 são calculados: como é quechegam aos 118?

Se resultar do valor do mercado, então temos uma situação de mais valiasporque esta se caracteriza por um elemento de incerteza.

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A mais-valia depende do valor do mercado em concreto. Pode não haverincremento.

 TODAVIA, se pelo contrário, se chegou ao valor dos 118 através de umraciocínio de rendimento certo, isto é, se dividirmos do 20 de rendimentopelo n.º dos dias e chegarmos à conclusão da proporção que caberia peladiferença de 1 dia, poderia ser um rendimento de capital.

118 é demasiado elevado porque só falta o dia.

Se os 2 ganhos correspondesse ao ganho de 1 dia, então seria umrendimento de capital. Foi isto que fez o STA.

No caso, os bancos nem sequer fizeram a retenção na fonte quandopagaram ao contribuinte... diziam que era mais valia e como estava isentanão fizeram retenção na fonte.

Agora há uma figura no código para esta situação: Juros Corridos.

Aula dia 18/10

Cont. Caso anterior

Se for um exemplo com obrigações e se o que estiver em causa são os juros. estes, enquanto são rendimento certos, é uma questão de dividir por365 dias do ano e ver qual é o juro a cada dia ( que acresce a cada dia).

Se estivermos perante dividendos ( acções) se foi garantido um pagamentomínimo, a partida, no dia 30/12 já tinha sido anunciado quanto seriadistribuído no dia 31, era também apenas uma questão de dividir.

Se os 2 que B recebeu correspondessem à contagem de 1 dias, entãoteríamos rendimentos.

Pelo contrário, se há um rendimento que tem a ver com o valor domercado( quanto vale no dia 30 e quanto vale no dia 31), então aí jáestamos perante mais valias.

Vai ser tributado dia 30 por uma questão de acréscimo patrimonial. Arecebeu um rendimento ( 118). Sempre que há um acréscimo de

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rendimento na esfera jurídica do sujeito, temos de perguntar qual é aorigem porque, à partida, tudo é tributado.

Qual é a origem desse rendimento?

 Temos de qualificar o rendimento quer seja para isentá-lo quer seja paratributá-lo.

B recebeu 1 dia antes do vencimento formal dos juros. Mas, na verdade, elerecebeu um rendimento. O mesmo se passa quando um trabalhador recebeum carro da entidade patronal: o que é isso?

Se for:

-  Juro de rendimento certo: rendimento de capital

- Valor de mercado: mais valia.

Incidência pessoa e Englobamento

Art. 13.º : sujeito passivo

 Temos de distinguir, no art. 13.º, residentes e não residentes. 

  Todos os rendimentos obtidos em território português estão sujeitostributação nos termos do nosso código.

Ex. A, sujeito passivo, reside na Alemanha mas tem rendimentos prediaisem Portugal.

O art. 13.º diz que os não residentes, relativamente aos rendimentosobtidos me território português são cá tributados.

Ex. 2. B, residente me Portugal, tem rendimentos prediais( categoria F) emPortugal; tem ainda rendimentos de trabalho Categoria A.

Pelo facto de ser residente temos ainda de perguntar se tem agregadofamiliar: art. 13.º/2

- se é casado

- se vive em união de facto

- se tem menores a seu cargos

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Imaginemos que é casado com C; C tem rendimentos careira C: osrendimentos de B+C são agregados e vão ser englobados e vão ficar sujeitos a taxas progressivas.

 Art. 68.º

Com base art. 104.º, n.º 1 C.R.P. o legislador português optou por umregime de tributação conjunta dos rendimentos do trabalhão familiar; sehouver dependentes também são deduzidas essas despesas.

 Temos em conta já o rendimentos liquido:

Se B recebe 80 categoria A + 20 categoria F e se C recebe 100 categoria B,então teríamos 200: isto não implica uma tributação penalizadora paraquem é casado e vivem em união de facto?

Daí aplicarmos o método ?: art. 69.º: dividimos por 2.

E se A, não residente, também é casado: como se faz?

Faz sentido que Portugal tribute os rendimentos prediais de A?

Faz sentido que permita deduções relacionadas com a conservação dosprédios?

Permita deduções de saúde e de tributação?

E ter em conta os rendimentos do cônjuge que não está em Portugal?

Para haver tributação em Portugal tem de haver um vinculo económicosuficientemente forte ao território português. Há 2 vínculos/ elementos deconexão( art. 13.º ss CIRS):

1. Residência: é um elemento de conexão que é suficientementeforte para um Estado tributar o rendimento global e sujeitá-lo a

progressividade;

2. Fonte: é um elemento mais fraco: é o ex. de A que reside naAlemanha e tem rendimento prediais em Portugal. A fonte dos seusrendimentos é o território português.

São estes 2 elementos que são adoptados.

A nacionalidade não tem importância; é irrelevantes para efeitos doscódigos de imposto sobre o rendimento. Não é critério de conexão.

Ainda que o cônjuge de A seja cidadão português é irrelevante para efeitosde IRS. Considera-se, para efeitos fiscais, de avaliação da capacidade

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progressiva que a residência é que mostra maior conexão com o território.Podem ser nacionais de um Estado mas não tem uma ligação para efeitosde rendimento; daí a nacionalidade não relevar.

A fonte é um elementos mais ténue. A, residente na Alemanha, pode

não se deslocar a Portugal.

Como os imóveis se localizam em território português, é legitimo quereclame os dividendos dado que Portugal é que fornece as condições quepermite que haja rendimentos naquele caso.

Como o vinculo é muito mais fraco, entendesse que não hálegitimidade de Portugal para tributar todos os rendimentos de A e tambémnão há um vinculo suficientemente forte pata tributar o seu agregadofamiliar.

Se A tem 20 de rendimentos de categoria F, tal como B, faz sentidoque Portugal tribute pois ambos manifestam capacidade tributiva.

Taxas liberatórias

Os não residentes estão sujeitos às taxas liberatórias: art. 71.º. significamque os não residentes estão sujeitos a uma tributação que os vai libertar deapresentar uma declaração anual de imposto. Os rendimentos prediais sãotributados e não vão ser englobados nem sujeitos à progressividade;normalmente, os rendimentos vão ser tributado por retenção na fonte:quem paga o rendimento reté m na fonte e paga ao Estado liberando ocontribuinte de prestar declarações adicionais e de pagar um montanteadicional justamente porque não há um vinculo suficientemente forte comoterritório português.

É mais simples e poupa custo de cumprimento.

As taxas liberatórias também se aplicam a certos rendimentos deresidentes.

 Tal significa uma ruptura com o art. 104.º/1 da C.R.P. !

O art. 104.º, n.º1 C.R.P. apenas abrange residentes.

Na verdade, o art. 104.º, n.º1 C.R.P. não está a ser totalmente respeitadopelo legislador ordinário porque temos rendimentos de residentes que são

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retirados do englobamento: é o caso de certas mais valais e de rendimentosde capitais.

Esta questão chegou ao TC, no anos 90, em que se questionou se o CIRSnão era inconstitucional porque se o art. 104.º., n.º1 C.R.P. diz que o

imposto é único e progressivo, então todas as categorias deviam estarsujeitas ao mesmo rendimento.

Na prática, quem tem juros de poupanças não tem de os englobar nadeclaração anual de imposto: o banco retém na fonte o imposto entregueao Estado; tal como se faz com os rendimentos dos não residente.

Para APD é contrário ao art. 104.º/1 C.R.P. .

Imaginemos que X recebe 100 de rendimentos de capital. Vi ser sujeito auma taxa de 20%.

Imaginemos que B estava sujeito a uma taxa de 40%. Está sujeito aprogressividade!

O X ganhe 100, 1000 ou 10 000 vai estar sempre sujeito a 20%, não vai serenglobado e não vai estar sujeito a progressividade!

O CIRS prevê o mínimo de existência que faz todo o sentido.

Sempre que o rendimento liquido é inferior ao “ordenado mínimo” x 12 +

20%, neste caos não há tributação.

É um juízo do legislador que nos diz que abaixo de certo nível não hásujeição a imposto!: CUIDADO: isto não é nenhum beneficio fiscal! É um

 juízo de igualdade.

Abaixo de liminar não há capacidade contributiva.

Este liminar, para ser coerente, deve ser conjugado com as prestaçõesmínimas da segurança social: deve ser exactamente o mesmo montante.

Aula dia 20/10

Retenções na fonte

Apesar de termos na C.R.P. uma exigência de progressividade, há

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categorias de rendimentos que ficam de fora dessa progressividade e daunicidade.

Unicidade: quando há rendimentos isentos ( ex. mais-valias).

Desde Março de 2010, o grosso das mais-valias das PS passou a estarincluído na tributação.

Unicidade: tributação de todo o rendimento sem distinção da suaproveniência, isto é, independentemente das categorias. Considera-se quenão é justo que não haja rendimentos privilegiados em relação a outros. Éindiferente a fonte de rendimento porque o que se está a tributar é acapacidade económica do sujeito.

Ao retirar as mais valias estamos a violar a progressividade.

Vs

Progressividade: tributação proporcional.

Esta questão foi ao TC:

1- mais-valias mobiliárias estavam fora da tributação: só ossujeitos passivos distraídos seriam tributados pelas mais valias. Tudoo que eram obrigações estavam isentas. As acções se fossem detidaspor mais de 12 meses e alienadas depois desse prazo tambémestavam isentas.

2- deduções especificas serem diferentes para cada categoriade rendimento. P.ex: categoria A não se prevêem deduçõesrelacionadas com a obtenção de rendimento e na categoria B épossível deduzir despesas necessárias para a obtenção dorendimento dentro dos limites legalmente previsto. O que seperguntou ao TC é se isto não violava a unicidade do impostos.

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Razão para se distinguir entre rendimento de categoria A e B: a razão aceitepelo TC foi devido a o facto de na categoria B ter de se admitir a deduçãodas despesas necessárias para a obtenção de rendimento porque noquadro da categoria A quem fornece todos os elementos necessários para aobtenção de rendimento é a entidade patronal: não é o trabalhador

dependente que vai ter de adquirir esses rendimentos e vai ter de osdeduzir.

Ex. diferença entre um professor e um advogado.

A partida os livro e os pc são fornecidos pela Faculdade; os instrumentos detrabalho são fornecidos pela entidade empregador: o empregador já vaideduzir. Haveria dupla dedução.

Pelo contrário, no caso da profissão liberal é o profissional que vai ter de osadquirir.

Mas nem sempre é assim.

Grande parte dos livros têm de ser comprados pelos professores; nessecaso não o professor não pode deduzir.

É injusto?

O direito fiscal, na lei, só pode prever o caso típico. O caso típico é o de quena categoria A quem adquire os instrumento necessários a actividade dotrabalhador é a entidade patronal. Tudo o que sai fora do caso típico nãoconsegue ser previsto na lei e se for previsto vai introduzir grandecomplexidade.

Ex. “os sujeitos passivos com rendimento categoria A não podem seduzir despesas necessárias a obtenção de rendimento a não ser que demonstremter incorrido em despesas que caberiam a entidade patronal”.

O exemplo supra referido dos livros caberia aqui: o professor teria dedemonstra ao fisco que os livros que comprou deveriam ter de ser

suportados pela entidade patronal.

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Isto implicaria uma avaliação casuística por parte do fisco. Por casua dareserva de lei devemos reduzir a discriminação legal.

Pró outro lado, temos um limite em termos de recurso humanos.

Como é que a Administração poderia comprovar que a biblioteca não tenharecursos necessário?

Como é que o fisco sabia que aqueles livres eram, efectivamente,necessários para a investigação?

Nesta tensão entre caos típico e caso individual, a lei fiscal opta pelo caso

típico porque pouca recurso necessários para as situações em que a evasãofiscal comporta um risco mais elevado.

Daí o TC ter dito que apesar da progressividade do imposto não háproblema porque a entidade patronal é que é obrigada a suportar essasdespesas. O TC seguiu o caso típico.

Quando às mais valias o TC não se pronunciou.

 Também relativamente a progressividade o TC não se pronunciou: disseque a numeração dos art. se alterou e, agarrando-se a este argumentoformal, nada disse.

O que temos hoje em termos de taxas liberatórias não é compatível com oart. 104/1 C.R.P.

 Já se devia ter coragem para se eliminar o art. 104/1 C.R.P.! não deve estarna C.R.P. como deve ser considerado o IRS.

O TC deve poder fiscalizar o principio da igualdade que está na C.R.P. e,para efeitos fiscais, deve ter de ser sempre analisado.

APD: hoje faz sentido ter taxas proporcionais nos rendimentos de capitais.

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Desde os anos 90 que o que se verifica é um caminho dos sistemasprogressivos para os sistemas duais.

Isto tem a ver com a evolução da economia caso contrário não seconseguem obter receitas.

Actualmente, em grande parte dos países, os rendimentos de capitais sãosubtraídos da progressividade e são tributados a taxas proporcionais.

Quando nós introduzimos os IRS a grande parte dos Estados incluíam osrendimento de capitais.

Qual a razão para diferencial os rendimentos capitais dos outrosrendimentos?

Livre circulação de capitais. Desde o principio da década de 90 “globalização” atinge intensamente os mercados financeiros porque estalivre circulação é uma realidade a nível europeu e também a nívelinternacional.

Introduziu-se em com uma directiva de 1988(?) que concretizou a livrecirculação capitais: na década de 90 introduziu-se a livre circulação e comMaastricht alargou-se aos terceiros Estados.

Como existem paraísos fiscais, se se sujeitassem os rendimentos de capitaisa taxas progressivas, seria mais gravosa a fuga para os paraísos fiscais.

Ao introduzir a retenção na fonte conseguimos tributar efectivamente atributação evitando a evasão fiscal.

Grande parte da poupança na Alemanha era canalizado para a Suíça eLuxemburgo porque na Alemanha a taxa máxima progressiva máxima derendimento de capitais era de 50%. Os rendimentos mais elevadoscanalizavam essas poupanças para Estados com sigilo bancário e onde atributação fosse inexistente.

Investimento é igual a poupança. Sem investimento não pode haverpoupança.

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O facto de a poupança fugir para os paraísos fiscais esta na origem daactual cries financeira e das fraude.

O caso BPN está relacionado em que há poupanças investidas em paraísosfiscais, não há qualquer troca de informações; o pequeno accionista dobanco não sabe onde é que o gestor aplicou o seu dinheiro. Se o banco,supostamente vais a falência, se as entidades gestores recolheram essesmontantes, os pequenos accionistas ficam sem saber por causa dosparaísos fiscais.

Dai que desde 2008 haja um forte pressão internacional junto dos paraísosfiscais.

É impossível nos dias de hoje, tributar-se os rendimentos de capitais a taxasprogressivas.

As leis quando são feitas devem ser feitas para conseguirem ser aplicadas.Leis com muito bons princípios mas que não funciona, não são efectivas nãosão normas coercivas, não desempenham o seu papel.

Se se pretende tributar os rendimentos de capitais com taxas progressivas:Ex. se o legislador decidir sujeitas os rendimento de capitais a taxa maiselevada.

Seria uma medida altamente prejudicial! desaparecia o investimento devidoa fuga de capitais uma vez que dada a livre circulação de capitais não sepode impedir a saída dos mesmos.

O art. 1904/1 C.R.P. não deve seguir-se! O efeito seria contraproducente!

O facto de em PORTUGAL termos uma zona de tributação norma e depoisuma zona franca, desloca o investimento exterior?

Sim.

A poupança do exterior é numa percentagem muito elevada canalizadapara a zona franca e não para uma poupança para taxas normais.

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A UE agora proibiu as isenções.

Mesmo dentro do sistema fiscal português temos regimes diferentes queconcorrem entre eles.

Com taxas progressivas, mesmo que o investimento não fosse parar aoestrangeiro, iria para as zonas francas.

Se houver rendimentos de capitais obtidos no exterior, tem de serdeclarados englobados. Neste caso já não há taxas liberatórias. Têm de ser

englobados.

Se houver rendimentos obtidos no exterior, independentemente dacategoria dos mesmo, em PORTUGAL estão sujeitos a englobamento e, próisso, a progressividade.

Ex. A, residente em Portugal, tem rendimentos 100 categoria E em Portugale 100 em Espanha, não estão sujeitos a englobação.

Mas se estes 100 tiverem fonte nos EUA tem de ser englobados. É obrigadose não o fizer: Ocultação de montantes que lesam o fisco: fraude fiscal.

 Todavia, se for, por ex. em Cabo Verde, o risco de A ser apanhado, quandoestamos perante um paraísos fiscal é mínimo.

Quando estão em causo a EUA há troca de informações; normalmente essatroca é feita quando há suspeita de crimes.

Os paraísos fiscais são muito criticados. Por causa da crise de 2008, hojeem dia há uma pressao muito grande para que eles passem a trocarinformações com as autoridades administrativas dos outros Estados.

FALTA AULA de 25/10

27/10Retenções na fonte quando é aplicada a residentes:

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(i) Taxas liberatórias: arts. 71.º e 72.º

(ii) Retenções por conta (do imposto devido no final). Têm este nomeporque são provisórios. No final, o sujeito passivo pode ter quepagar mais, ter de ser reembolsado ou, então, as contas podem

bater cert.

A noção de retenção por conta implica que se observe a progressividadeporque vai ser calculado quando se conclui o facto tributário.

Há muitas situações em que um sujeito passivo pode ter rendimentos emvários estados. Nesse caso, as taxas liberatórias vão incidir sobre osrendimentos brutos ou líquidos?

Houve um caso que chegou ao STJ, sobre o centro equestre da LezíriaGrande. A “cavalos lusitanos” foi fazer uma demonstração à Alemanha. Nãohouve remuneração, foi apenas um serviço. Não houve dedução dedespesas que foram tidas para se obter o rendimento da Alemanha. AAlemanha faz a retenção na fonte sobre rendimentos brutos.

Imaginemos que tinha sido pago 1.000 à empresa. As despesas tinham sido400.

A retenção na fonte incidiu sobre os 1.000 (brutos) e não sobre os 600

(líquidos).

Se a mesma actividade tivesse ocorrido em Portugal, a dedução dos 400teria sido admitida.

No fundo: no estado de residência o imposto incide sobre o rendimentolíquido, mas na Alemanha tributa-se o rendimento bruto.

Distinção entre retenções a título liberatório (sobre rendimento bruto) eretenções por conta (sobre rendimento líquido).

Qual a razão de ser deste regime?

É mais simples do ponto de vista do contribuinte, que não tem deapresentar nenhuma declaração. O objectivo é a simplicidade.

 Todavia, no quadro da EU, coloca-se o problema de saber se este regimediferente não é discriminatório. Neste caso, o centro equestre não gostouda solução e interpôs uma acção. O TJ considerou que a Alemanha tinhaque permitir a dedução das despesas necessária para obter o rendimento,porque, ao abrigo do TFUE, não pode haver discriminação entre residentese não residentes.

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Quem aplica as retenções na fonte é o devedor dos rendimentos.

A retenção na fonte implica a existência de um substituto tributário e umsubstituído.

Substituto tributário: um dos tipos de sujeito passivo. É o sujeito, quepode ser pessoa singular ou colectiva, que tem contabilidade organizada, ena qualidade de devedor ou pagador de rendimentos está obrigado, por lei,a fazer retenção do imposto e entregar ao estado.

A empresa que é devedora dos rendimentos da centro equestre estáobrigada a fazer retenção na fonte: é o substituto tributário.

Porque é um substituto? Porque, na verdade, o imposto não é devido pelaempresa contratante. O contribuinte é a centro equestre.

Esta figura existe praticamente me todo o mundo. Se houver umasociedade que contrate em Portugal a centro equestre também terá dereter na fonte. A diferença é que, no final, a centro equestre apresenta asua declaração anula de imposto e vai ser tributada sobre o seu rendimentolíquido. É uma retenção por conta.

Substituído: contribuinte. Aquele sujeito relativamente ao qual severificam os pressupostas da capacidade contributiva.

Como apareceu esta figura?

Apareceu no reino unido, no final do século XIX, e acabou por ser aplicadaem todo o mundo. Fundamentos:

O substituo funciona como um auxiliar do fisco. É uma forma prática de tera certeza que os rendimentos são pagos ao estado. Ou seja, é uma formade prevenir a evasão fiscal.

No caso de não residentes, isto é muito nítido. É muito mais simples para o

fisco alemão receber o imposto de alguém que é residente na Alemanha(quem contratou) porque é possível existir mais controlo. Se não tivessehavido retenção na fonte, era mais complicado a centro equestre pagar oimposto. Podia a centro equestre já não existir ou simplesmente não serlocalizável!

No caso dos residentes, também é mais simples este sistema. É mais fácilrecolher o imposto devido pelas entidades empregadoras e, no final do ano,há um cruzamento automático entre o montante declarado peloempregador e a declaração de rendimentos do trabalhador. Vai-se ver se

bate certo…

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O facto constitutivo do imposto só ocorre no final do ano. Logo, a retençãona fonte implica uma antecipação do imposto.

Ex: A trabalha de Janeiro a Maio e retém na fonte. De Maio a Dezembro ficadesempregado. Provavelmente, no final, terá de ser reembolsado. Por isso,

esta técnica às vezes é questionada. Nenhum tribunal declarainconstitucional o regime porque se ponderam dois princípios conflituantes:(i) capacidade contributiva e (ii) simplicidade, praticabilidade e prevençãoda evasão fiscal (que também acaba por assegurar a igualdade relativa).

Hipóteses:

1. O substituto não reteve na fonte

No final, pede-se o valor ao contribuinte. Mas se o substituído não pagarvoluntariamente e não tiver património para ser executado? Neste caso, háresponsabilidade subsidiária da entidade empregadora, porque o dever deretenção era do substituto.

2. O substituto reteve na fonte, mas não entregou ao estado

O trabalhador recebeu o seu rendimento líquido certo e normalmente. Ele, àpartida, não terá controlo sobre o que a entidade empregadora faz com osmontantes retidos.

A quem pode o fisco exigir o dinheiro? Ao substituto e só a ele. Se for

executado e o seu património for insuficiente, o substituído será libertadode qualquer obrigação.

E se o trabalhador tiver conhecimento que o montante não foi entregue(porque trabalha no departamento de contabilidade, por exemplo) ele teriaobrigação de comunicar ao fisco e se não o fizer poderá ser responsável. Noentanto, a legislação portuguesa não prevê esta possibilidade. H+a outrospaíses que o prevêm.

A figura da responsabilidade tributária diz sempre respeito à dívida deoutrem. MC aproxima a responsabilidade tributária da responsabilidadecivil.

APD: não é assim, porque se trata sempre de responsabilidade pela dívidade outrem. Há responsabilidade tributária quando o substituto é chamado aresponder pela obrigação tributária do substituído. No caso 1 não se chamaresponsabilidade tributária.

3. O substituto reteve, mas não entregou o montante correspondente àretenção.

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