TER

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O TER

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  • Ana Raquel Moreno Mendes Palma

    Turismo em Espao Rural no Centro de Portugal

    Relatrio Final de Estgio

    Mestrado em Turismo Inovao e Desenvolvimento rea / Designao do Mestrado

    Trabalho efectuado sob a orientao da

    Professor(a) Doutor(a) Olga Matos

    Escola Superior de Tecnologia e Gesto, Abril de 2014

  • JRI

    Prof. Doutor Paulo Rodrigues (ESTG IPVC) Presidente

    Prof. Doutor Thomas Brysch (ESTG - IPVC) Arguente

    Prof. Doutora Olga Matos (ESTG - IPVC) Orientadora

  • AGRADECIMENTOS

    Em primeiro lugar, um agradecimento essencial e o mais especial,

    minha famlia, porque sem eles nada disto era possvel. minha irm,

    que a melhor do mundo, que este trabalho sirva para se motivar

    ainda mais na rea do turismo, que tambm a dela.

    No menos importantes, a todos os meus amigos, que sempre me

    ajudaram, apoiaram as minhas decises e foram incondicionais ao

    longo deste projecto. Os que estiveram longe, os que estiveram perto,

    agradeo a todos porque foram todos importantes, cada um sua

    maneira. Obrigada por me terem aturado.

    professora Olga, que desde o incio me cativou, me motivou, e

    sempre apoiou a definio do meu caminho. Sem ela, este projecto no

    teria acontecido, obrigada pela sua fora, admiro-a muito.

    Aos professores do Mestrado em Turismo, Inovao e

    Desenvolvimento, pela forma talentosa e espectacular com que

    transmitiram os seus conhecimentos. So fonte de inspirao. Aos

    colegas de mestrado pela ajuda na integrao, e adaptao ao turismo.

    Turismo do Centro e ao Dr. Pedro Machado por ter tornado possvel

    este estgio, Dra. Slvia pela apresentao e pela co-orientao do

    estgio na Turismo do Centro, e um agradecimento muito especial

    Dra. Magda Santos, uma grande amiga que sempre esteve l, com a

    boa disposio e a motivao.

    Por fim, a todos os promotores/proprietrios de Turismo em Espao

    Rural, um agradecimento pela vossa colaborao essencial neste

    estudo.

  • RESUMO

    No contexto de um estgio curricular realizado na Entidade Regional de

    Turismo do Centro de Portugal, foi realizado um estudo do TER na

    regio Centro, para conhecer e compreender essa realidade, bem

    como para colaborar na construo de dados estatsticos sobre o tema.

    Esta anlise foi realizada ao encontro dos objectivos da entidade supra

    referida, mas tambm indo ao encontro das metas a atingir com a

    concluso do Mestrado em Turismo, Inovao e Desenvolvimento. Este

    estudo pretende dar a conhecer os resultados dos questionrios

    realizados aos empresrios de TER na regio Centro de Portugal, e

    tem como objectivo analisar o perfil destes empresrios. Pressupe

    ainda a procura de novas formas de promoo deste produto turstico,

    nomeadamente pela inovao nos seus meios de distribuio,

    apresentando uma estratgia de promoo para a Turismo do Centro

    de Portugal.

    Estes objectivos foram concretizados em contacto directo com a

    Turismo do Centro de Portugal, onde foi possvel ter acesso a algumas

    informaes sobre o tema especfico aplicado a esta regio, como

    dados estatsticos sobre o nmero de unidades de alojamento.

    Assim, ao longo deste trabalho foi possvel perceber algumas falhas

    que existem na regio relativamente ao produto TER, que aliado

    utilizao sustentvel do patrimnio existente e dos espaos rurais

    pode gerar no s satisfao para a comunidade como para o visitante,

    dado que so semelhantes, garantem a educao ambiental e podem

    interligar-se com outros como a Gastronomia, os Vinhos, o Turismo

    Equestre, o Cicloturismo, ou o Turismo de Aventura.

    Verifica-se ento uma necessidade de aproximao aos empresrios

    do sector, analisando as lacunas, e as formas de divulgao que

    utilizam, para haver mais responsabilidade na promoo, para inovar e

    aumentar a atractividade destes estabelecimentos, resultando num

    aumento da procura e numa melhoria da oferta.

  • Concluindo, com efeito, deve apostar-se tambm em projectos que

    minimizem impactos ambientais, de consciencializem a populao local

    para a problemtica, que tragam benefcios econmicos para ambos e

    que forneam experincias positivas.

    PALAVRAS-CHAVE: Turismo em Espao Rural, Turismo do Centro,

    Produtos Tursticos, Inovao, Promoo.

    Abril de 2014

  • ABSTRACT

    Regarding the curricular internship at the Regional Entity of Tourism of

    Central Portugal, a study of Rural Tourism was conducted in the central

    region, to know and understand this reality, and to collaborate in the

    construction of statistical data on the subject.

    This analysis was performed to meet the objectives of the entity

    referred to above, but also meeting the goals to be achieved with the

    completion of the Master in Tourism, Innovation and Development. This

    study aims to present the results of queries made to the entrepreneurs

    of Rural Tourism in central Portugal, and aims to raise the profile of

    these entrepreneurs. Still presupposes the search for new ways to

    promote this tourism product, particularly for innovation in its distribution

    facilities, with a promotion strategy for tourism in central Portugal.

    These objectives were achieved in direct contact with the Tourist Centre

    Portugal, where it was possible to access some information on the

    specific subject applied to this region, as statistical data on the number

    of housing units.

    Thus, throughout this paper it is noted that there are some flaws in the

    region relative to Rural Tourism product, which combined with the

    sustainable use of existing assets and rural areas can generate not only

    satisfaction for the community and for the visitor, as are similar, ensure

    environmental education and can interconnect with other like

    Gastronomy, Wines, Equestrian Tourism, the Cycling, or Adventure

    Tourism.

    There is then a need to get closer to the business sector, analyzing

    gaps and forms of dissemination that use to be more responsible in

    promoting, to innovate and increase the attractiveness of these

    establishments, resulting in increased demand and an improvement in

    offer.

  • In conclusion, we must also invest in projects that minimize

    environmental impacts that increase the awareness on the local

    population to the problems that bring economic benefits to both and to

    provide positive experiences.

    KEYWORDS: Rural Tourism, Tourism Centre, Tourism Products,

    Innovation, Promotion

    April of 2014

  • i

  • i

    NDICE

    NDICE ........................................................................................................... i

    NDICE DE FIGURAS ................................................................................. vii

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................... ix

    CAPTULO 1: INTRODUO ...................................................................... 1

    1.1 Objectivos gerais ................................................................................... 5

    1.2 Objectivos especficos ........................................................................... 6

    CAPTULO 2. METODOLOGIA ................................................................... 7

    CAPTULO 3: O TURISMO ........................................................................ 12

    3.1. Enquadramento Institucional .............................................................. 12

    3.2. Organizao Mundial do Turismo (OMT) ............................................ 13

    3.2.1 Criao ............................................................................................. 13

    3.2.2 Membros ........................................................................................... 13

    3.2.3 rgos .............................................................................................. 14

    3.2.4 Actuao ........................................................................................... 15

    3.3 Turismo de Portugal, IP ....................................................................... 15

    3.3.1 Misso .............................................................................................. 16

    3.3.2 Agncias Regionais de Promoo Turstica (ARPTs) ...................... 18

    3.3.3 Entidades Regionais de Turismo ...................................................... 19

    3.4 Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal ......................... 20

    3.4.1 Criao ............................................................................................. 20

  • ii

    3.4.2 Competncias ................................................................................... 25

    3.4.3 Organizao Interna ......................................................................... 25

    3.4.4 Organograma da Turismo Centro de Portugal: ................................. 27

    CAPTULO 4: TURISMO EM ESPAO RURAL ........................................ 28

    4.1 Turismo em Espao Rural (TER) ......................................................... 28

    4.1.1 Espao Rural .................................................................................... 28

    4.1.2 Turista e turismo ............................................................................... 30

    4.1.3 Turismo no Espao Rural ................................................................. 32

    4.1.4 Legislao ........................................................................................ 35

    4.1.5 Motivaes tursticas ........................................................................ 41

    4.1.6 Ambiente, patrimnio natural e cultural ............................................. 43

    4.1.6.1 Ambiente ........................................................................................ 43

    4.1.6.2 Impacto no patrimnio natural........................................................ 46

    4.1.6.3 Impacto no patrimnio arquitectnico e cultural ............................. 48

    4.2 A oferta e a procura- Evoluo do TER ............................................... 49

    4.2.1 Caracterizao da oferta ................................................................... 53

    4.2.2 Caracterizao da Procura ............................................................... 57

    4.3 Oferta e Procura: elementos de problematizao ................................ 64

    CAPTULO 5: A REGIO CENTRO DE PORTUGAL ................................ 66

    5.1. Patrimnio da Regio Centro .............................................................. 67

    5.1.1. O Plo de Marca Turstica (PMT) Ria de Aveiro .............................. 69

    5.1.2. O Plo de Marca Turstica de Viseu-Do Lafes ............................. 71

    5.1.3. Plo de Marca Turstica de Coimbra ................................................ 72

    5.1.4 Plo da Marca Turstica de Castelo Branco-Naturtejo ...................... 74

    5.1.5 Plo de desenvolvimento turstico da Serra da Estrela ..................... 77

  • iii

    5.1.6 Plo de desenvolvimento turstico de Leiria-Ftima.......................... 79

    5.1.7 Plo de desenvolvimento turstico do Oeste ..................................... 80

    CAPTULO 6: PROMOO ....................................................................... 85

    6.1 A Promoo do Turismo em Espao Rural na regio Centro .............. 85

    6.2 Contributos para o desenvolvimento do TER ...................................... 97

    6.2.1 O Marketing ...................................................................................... 97

    6.2.2 Os incentivos .................................................................................. 101

    6.2.3 Estruturas organizativas oficiais e no oficiais de TER ................... 104

    6.3 Efeitos do TER no desenvolvimento das comunidades locais ........... 107

    6.3.1 O impacto do Agro-turismo ............................................................. 111

    6.3.2 O TER enquanto estratgia de desenvolvimento local e regional .. 112

    6.4 O desenvolvimento do TER numa abordagem multiproduto ............. 115

    6.4.1 A inovao no TER .................................................................... 115

    6.4.2 O Produto Turismo em Espao Rural ............................................. 123

    6.4.3 Produtos complementares ao TER ................................................. 126

    6.4.3.1 Turismo em bicicleta .................................................................... 128

    6.4.3.2 Turismo a p/caminhadas ............................................................ 130

    6.4.3.3 Turismo equestre e agricultura .................................................... 130

    6.4.3.4 Turismo Residencial .................................................................... 133

    6.4.3.5 Touring cultural e valorizao do patrimnio natural .................... 136

    6.4.3.6 Turismo e animao .................................................................... 144

    CAPTULO 7: O ESTGIO ...................................................................... 146

    7.1 Enquadramento .............................................................................. 146

    7.2 O local ................................................................................................ 146

    7.3 Actividades ........................................................................................ 147

  • iv

    CAPTULO 8: RESULTADOS .................................................................. 154

    8.1 Anlise de dados recolhidos .............................................................. 154

    8.1.1. Resultados ..................................................................................... 157

    8.1.1.1 Perfil do empresrio ..................................................................... 157

    8.1.1.2 A empresa- presente e futuro ...................................................... 160

    8.1.1.3 Factores externos ........................................................................ 165

    8.1.1.4 Clientes e comunidade local ........................................................ 170

    CAPTULO 9: CONCLUSES E RECOMENDAES ........................... 177

    9.1 Concluses dos resultados obtidos ................................................... 177

    9.2 Concluses do estudo e do estgio ................................................... 178

    9.3 Recomendaes ................................................................................ 181

    BIBLIOGRAFIA ........................................................................................ 182

    APNDICES ............................................................................................ 190

    Apndice 1: Questionrio aos empresrios de Turismo em Espao Rural-

    1 verso ............................................................................................................ 191

    Apndice 2: Questionrio aos empresrios de Turismo em Espao Rural-

    2 verso ............................................................................................................ 192

    Apndice 3: Programa do Seminrio sobre Turismo em Solo Rural e os

    Planos Territoriais na Regio Centro, realizado na CCDR-C, no dia 5 de Abril 193

    Apndice 4: E- mails para a Turismo do Centro para incio do estgio ... 194

    Apndice 5: E-mails para os responsveis pela Revista de Turismo e

    Desenvolvimento da Universidade de Aveiro ..................................................... 195

    ANEXOS .................................................................................................. 196

    Anexo 1: Decreto-Lei n 251/84 de 25 de Julho sobre o Turismo de

    Habitao ........................................................................................................... 197

  • v

    Anexo 2: Decreto-Lei n 256/86 de 27 de Agosto sobre as modalidades de

    Turismo em Espao Rural .................................................................................. 198

    Anexo 3: Decreto-Lei n 169/97 de 4 de Julho sobre o enquadramento legal

    das actividades a desenvolver no mbito do turismo no espao rural ............... 199

    Anexo 4: Decreto-Lei n 54/2002 de 11 de Maro sobre turismo em espao

    rural- tipologias, funcionamento, regulamentao .............................................. 200

    Anexo 5: Decreto Regulamentar n 13/2002 de 12 de Maro que rectifica o

    decreto-lei n 54/2002 de 11 de Maro............................................................... 201

    Anexo 6: Decreto Regulamentar n 5/2007 de 14 de Fevereiro sobre as

    instalaes e o funcionamento dos empreendimentos de TER.......................... 202

    Anexo 7: Decreto-Lei n 141/2007 de 27 de Abril sobre o Turismo de

    Portugal, IP. ........................................................................................................ 203

    Anexo 8: Portaria n 539/2007 de 30 de Abril que rectifica o Decreto-Lei n

    141/2007 ............................................................................................................ 204

    Anexo 9: Decreto-Lei n 39/2008 de 7 de Maro sobre o novo regime

    jurdico de instalao, explorao e funcionamento dos empreendimentos

    tursticos ............................................................................................................. 205

    Anexo 10: Decreto-Lei n 67/2008 de 10 de Abril sobre as reas regionais

    de turismo........................................................................................................... 206

    Anexo 11: Portaria n 937/2008 de 20 de Agosto que rectifica o decreto-lei

    n 39/2008 de 7 de Maro .................................................................................. 207

    Anexo 12: Decreto-Lei n 228/2009 de 14 de Setembro que rectifica o

    decreto-lei n 39/2008 de 7 de Maro e a portaria n 937/2008 de 20 de Agosto

    ........................................................................................................................... 208

    Anexo 13: Portaria n 1037/2008 de 15 de Setembro sobre os estatutos,

    misses e atribuies da Entidade Regional de Tursimo do Centro de Portugal 209

    Anexo 14: Protocolo para a promoo turstica externa regional ............ 210

  • vi

    Anexo 15: Decreto n 131/XII, sobre o novo regime jurdico das entidades

    regionais de turismo de Portugal continental, delimitao e caractersticas (1

    verso) ............................................................................................................... 211

    Anexo 16: Lei n 33/2013 de 16 de Maio sobre o regime jurdico das novas

    entidades regionais de turismo (2 verso-oficial) .............................................. 212

    Anexo 17: Organigrama e Estatutos da Entidade Regional de Turismo do

    Centro de Portugal ............................................................................................. 213

  • vii

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Mapa dos Plos de Marca Turstica da Regio Centro, segundo legislao de 2012. _ 21

    Figura 2- NUTS III: CENTRO ______________________________________________________ 24

    Figura 3: Organograma da Turismo do Centro _______________________________________ 27

    Figura 4: A relao entre Turismo, Ambiente e Recursos Naturais _______________________ 44

    Figura 5: Impactos Negativos e Positivos do TER _____________________________________ 46

    Figura 6: Distribuio por concelho dos Alojamentos em TER e de Habitao na regio Centro 49

    Figura 7: Evoluo das unidades de alojamento em TER _______________________________ 50

    Figura 8: Evoluo das unidades de alojamento em TER por modalidades ________________ 51

    Figura 9: Nmero de estabelecimentos de TER e a sua capacidade de alojamento em 2003 __ 52

    Figura 10: Nmero de estabelecimentos por NUTS II e modalidades em 2007 _____________ 52

    Figura 11: Percentagem de estabelecimentos TER por modalidade ______________________ 53

    Figura 12: Percentagens de estabelecimentos TER por NUTS II _________________________ 54

    Figura 13: Capacidade de Alojamento, Pessoal ao Servio e Dormidas no Conjunto dos meios de

    Alojamento ______________________________________________________________ 55

    Figura 14: Factores diferenciadores do destino turstico Portugal _______________________ 56

    Figura 15: Dormidas por mercados estrangeiros (milhares) ____________________________ 61

    Figura 16: Plo de Marca Turstica da Ria de Aveiro __________________________________ 69

    Figura 17: Plo de Desenvolvimento Turstico da Serra da Estrela _______________________ 77

    Figura 18: Plo de desenvolvimento turstico de Leiria-Ftima _________________________ 79

    Figura 19: Plo de Desenvolvimento Turstico do Oeste _______________________________ 81

    Figura 20: Complementos de um produto turstico ___________________________________ 87

    Figura 21: Percepo da marca Centro _____________________________________________ 89

    Figura 22: Concluses dos Benchmarks do sector segundo a PRIVETUR ___________________ 90

    Figura 23: Viso 2020 de Turismo Rural em Portugal _________________________________ 91

    Figura 24: Modelo de Negcio ___________________________________________________ 93

    Figura 25: Instrumentos de Apoio Financeiro ao sector turstico _______________________ 103

    Figura 26: Benefcios do turismo em espao rural ___________________________________ 110

    Figura 27: Infografia base para o modelo 5x5, na ptica do cliente _____________________ 120

  • viii

    Figura 28: Centros hpicos na regio Centro de Portugal ______________________________ 131

    Figura 29: Patrimnio classificado, e a sua distribuio, por concelho na regio Centro de

    Portugal ________________________________________________________________ 138

    Figura 30: Tabela ilustrativa das respostas sobre a tipologia dos alojamentos TER _________ 157

    Figura 31: Dados pessoais dos empresrios inquiridos _______________________________ 158

    Figura 32: Habilitaes Literrias ________________________________________________ 158

    Figura 33: Rendimento Anual Bruto ______________________________________________ 159

    Figura 34: TER como nica fonte de rendimentos? __________________________________ 160

    Figura 35: Formas de promoo que utiliza ________________________________________ 161

    Figura 36: Nmero de pessoas que emprega _______________________________________ 162

    Figura 37: Realizao (ou no) de investimentos nos prximos 5 anos __________________ 163

    Figura 38: Fonte de financiamento para o investimento ______________________________ 163

    Figura 39: Previses de funcionamento a 5 anos ____________________________________ 164

    Figura 40: Pertena / Participao em alguma Associao de Desenvolvimento Local ______ 165

    Figura 41: Apoio de Associaes _________________________________________________ 166

    Figura 42: Apoios de outras entidades ____________________________________________ 166

    Figura 43: A empresa teria o mesmo volume de negcios se tivesse sido criada sem apoio

    externo? _______________________________________________________________ 167

    Figura 44: Necessidade de melhorias no concelho onde se insere ______________________ 167

    Figura 45: Melhorias no concelho ________________________________________________ 168

    Figura 46: Mudanas na comunidade local resultantes do contacto com os turistas _______ 169

    Figura 47: Regies de onde so provenientes os clientes portugueses __________________ 171

    Figura 48: Nacionalidades dos clientes estrangeiros _________________________________ 171

    Figura 49: Idioma de comunicao com os clientes __________________________________ 172

    Figura 50: Alteraes no nmero de clientes _______________________________________ 173

    Figura 51: Nvel de satisfao do cliente __________________________________________ 173

    Figura 52: Actividades complementares ao TER ____________________________________ 174

    Figura 53: Produtos tursticos associados ao TER____________________________________ 175

  • ix

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ADRACES- Associao para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul

    ADRUSE- Associao de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela

    AHP- Associao da Hotelaria de Portugal

    AHRDA- Associao de Hotelaria Regional do Distrito de Aveiro

    APAVT- Associao Portuguesa das Agncias de Viagens e Turismo

    APTERN- Associao Portuguesa de Turismo em Espaos Rurais e

    Naturais

    ARESP- Associao da Restaurao e Similares de Portugal

    ARPTS- Agncias Regionais de Promoo Turstica

    ATL- Associao de Turismo de Lisboa

    ATP- Associao das Termas de Portugal

    ADXTUR- Associao das Aldeias de Xisto

    BTL- Bolsa de Turismo de Lisboa

    CEC- Conselho Empresarial do Centro

    CENTER- Central Nacional de Turismo em Espao Rural

    CCDR-C Comisso de Coordenao e Desenvolvimento Regional-Centro

    CTP- Confederao de Turismo Portugus

    DOC- Denominao de Origem Controlada

    ERT- Entidade Regional de Turismo

    ERTCP- Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

    EUA- Estados Unidos da Amrica

    ESTG- Escola Superior de Tecnologia e Gesto

    EUROGITES- Federao Europeia de Turismo Rural

  • x

    FEADER- Fundo Europeu Agrcola e de Desenvolvimento Rural

    IESE- Instituto de Estudos Sociais e Econmicos

    INE- Instituto Nacional de Estatstica

    IPDT- Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo

    IPVC- Instituto Politcnico de Viana do Castelo

    ISCET- Instituto Superior de Cincias Empresariais e de Turismo

    LEADER- Ligaes entre Aces de Desenvolvimento da Economia Rural

    NUTS- Nomenclatura da Unidade Territorial para fins Estatsticos

    OCDE- Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    ODM- Objectivo de Desenvolvimento do Milnio

    OMT- Organizaao Mundial de Turismo

    PENT- Plano Estratgico Nacional de Turismo

    PIB- Produto Interno Bruto

    PDTs- Plos de Desenvolvimento Turstico

    PMTs- Plos de Marca Turstica

    PRIVETUR- Associao Nacional de Turismo Rural

    SIFT- Sistema de Incentivos Financeiros ao Investimento de Turismo

    TCP- Turismo do Centro de Portugal (ou apenas Turismo do Centro)

    TER- Turismo em Espao Rural

    TH- Turismo de Habitao

    TURIHAB- Associao do Turismo de Habitao

    UNWTO- United Nations World Tourism Organization

  • 1

    CAPTULO 1: INTRODUO

    O Turismo em Espao Rural uma temtica de grande interesse para o

    contexto geral do Turismo em Portugal e no mundo. Com efeito, ao longo dos

    anos possvel encontrar diversas novas formas de alojamento e novas

    dinmicas num espao caracterizado maioritariamente pela sua ruralidade.

    Essa ruralidade pode ser analisada quer pelo cariz agrcola dos terrenos e

    as suas culturas, quer pela existncia de fortes recursos naturais e culturais que

    esto muitas vezes mal aproveitados, provocando impactos no meio ambiente, e

    na populao residente nessas reas.

    Assim, o Turismo em Espao Rural um assunto delicado, mas ao mesmo

    tempo extremamente interessante, uma vez que interage e actua com diversos

    outros temas, a ele associados. A partir deste estudo do TER pode gerar-se muita

    nova informao, nomeadamente novas formas de promoo dos

    empreendimentos tursticos em espao rural, e at de novas dinmicas que se

    podem levar s populaes e que podero transformar a face destes espaos.

    Neste sentido, fulcral que haja a criao de novos dados que tragam

    novas perspectivas ao tema e academia, na medida em que ser possvel

    abordar a conjuno do TER com muitos outros produtos, bem como conhecer o

    perfil dos empresrios deste sector, e o impacto que o TER aplica (negativa ou

    positivamente) s populaes locais. Assim, este estudo far aqui referncia a

    aspectos muito importantes do TER, apresentando tambm novos dados

    estatsticos resultantes das entrevistas por questionrio aos empresrios do

    sector.

    Com efeito, so precisamente esses os principais objectivos deste estudo,

    como sendo no s o desenvolvimento do tema escolhido para fins institucionais,

    mas tambm a anlise do estado da arte do TER em Portugal e em particular na

    regio Centro. Para alm disso pretende-se tambm estudar os impactos do

  • 2

    produto nas comunidades locais e conhecer o perfil dos empresrios deste sector

    do Turismo, e ainda procurar encontrar novas formas de promoo do produto

    TER, seja pelos seus produtos complementares e associados, seja pela criao

    de novos meios de distribuio do produto.

    Para dar a conhecer todos estes conceitos, e para que haja de facto,

    alguma inovao e um cariz renovador do produto e do tema, o objectivo mais

    importante prendeu-se com a realizao de um estgio de mbito curricular, numa

    instituio que conhece de perto a situao e ao mesmo tempo carece de

    informao recente e inovadora para tratar o assunto, a Entidade Regional de

    Turismo do Centro de Portugal (ERTCP). Este objectivo foi, alis, o primeiro a ser

    cumprido e o que contribuiu para gerar todas as outras metas a atingir.

    Neste sentido este estudo est dividido em captulos por forma a facilitar a

    procura de informao, na medida em que composto por 9 captulos,

    nomeadamente o captulo introdutivo onde se incluem os objectivos gerais e

    especficos deste estudo e o segundo captulo que se prende essencialmente

    com a metodologia utilizada para a concretizao deste estudo. De seguida

    falaremos do Turismo de uma forma geral ao nvel da sua organizao

    internacional, nacional e regional, atravs da caracterizao das instituies que

    regulam o sector e dos seus rgos e estatutos.

    O quarto captulo remete-nos para a caracterizao do TER, abordando

    conceitos como turista, espao rural, a legislao aplicvel, as motivaes

    tursticas, o ambiente e o patrimnio cultural, a oferta e a procura. Logo depois, o

    captulo seguinte faz a caracterizao da regio Centro de Portugal,

    nomeadamente do seu patrimnio e dos seus Plos de Marca Turstica (PMTs) e

    Plos de Desenvolvimento Turstico (PDTs).

    De uma forma continuada, aborda-se no captulo seis a promoo,

    revelando conceitos como o marketing, os incentivos comunitrios, as estruturas

    oficiais e no oficiais de TER em Portugal, e os mais diversos produtos

    associados ao TER como o turismo em bicicleta, o turismo de caminhadas, o

    turismo equestre, a animao sociocultural, o Ecoturismo, e o turismo residencial.

  • 3

    Seguidamente, remete-se o leitor para o contexto do estgio em si, e as

    actividades que foram desenvolvidas, finalizando com a apresentao e anlise

    dos resultados do questionrio aos empresrios de TER elaborado para todos os

    empresrios da regio Centro, e que propunha criar novos dados estatsticos para

    conhecimento do perfil do proprietrio das unidades de alojamento, para futura

    utilizao ou consulta. neste captulo que est patente a grande parte do cariz

    inovador deste estudo, uma vez que no existiam dados relativos a esta parte do

    sector.

    Por fim, a parte final deste relatrio de estgio e estudo do TER, apresenta

    as concluses dos resultados obtidos e as grandes concluses, apresentando

    ainda algumas recomendaes que podem ser estudadas ou analisadas

    futuramente.

    Foi ento atravs do estgio que toda esta investigao foi possvel, sendo

    que contribuiu em grande escala para gerar um forte sentimento de motivao,

    que com a ajuda de todos os funcionrios dessa instituio transformou esta

    tarefa numa complexa mas interessante forma de estudar os mais diversos

    assuntos aqui abordados, desafiando o carcter pessoal, a capacidade

    acadmica e profissional da aluna.

    Assim, este trabalho contribuiu para perceber a existncia de algumas

    falhas na regio, relativamente ao produto estudado, o TER, no que diz respeito

    organizao da oferta, ausncia de dados estatsticos recentes sobre a procura,

    mas principalmente face ao afastamento das instituies e entidades nacionais e

    regionais face ao quotidiano destes empresrios de TER.

    Com efeito, algumas dificuldades foram aparecendo, nomeadamente no

    que diz respeito realizao dos questionrios, devido taxa de resposta

    relativamente baixa, mas que foram compensadas com os resultados dessas

    respostas. Esses resultados mostraram que o TER interage com diversos outros

    produtos como o Turismo de Negcios e actua em contextos mltiplos. Para alm

    disso, verifica-se o facto de haver incentivos e preocupaes com a formao de

    pessoal qualificado, ainda que seja muitas vezes em trabalhos sazonais. Assim,

    revela-se ainda o forte cariz familiar destes negcios, e no obstante, a fraca

  • 4

    participao da Turismo do Centro no incentivo promoo e dinamizao

    destas empresas, contribuindo para que se perspective um papel mais activo

    desta entidade no sector em estudo.

    Contudo, importa realar todo o trabalho desenvolvido no seio de uma

    Entidade Regional de Turismo (ERT), onde o ambiente de trabalho se mostrou

    bastante motivador e produtivo. Graas a esse ambiente foi mais fcil a

    percepo de processos de funcionamento, ao nvel interno, e ainda ao nvel

    externo, participando em actividades externas patrocinadas ou organizadas pela

    Turismo do Centro (TCP). Tudo isto foi uma forma de ultrapassar obstculos ou

    dificuldades que s vezes se interpunham no caminho do estudo, na medida em

    que se ganhou responsabilidade por trabalhar e fazer parte desta entidade e

    tornando os desafios em mais-valias, aumentando a capacidade de

    responsabilidade e sentido de organizao, quer ao nvel pessoal quer ao nvel

    profissional.

  • 5

    1.1 Objectivos gerais

    Contribuir para o desenvolvimento da temtica escolhida, ao nvel

    institucional atravs da realizao de um estgio curricular na Entidade Regional

    de Turismo do Centro de Portugal.

    Conhecer a estrutura hierrquica do Turismo, da dimenso institucional

    mundial dimenso regional.

    Analisar o estado da arte da procura e da oferta do Turismo em Espao

    Rural.

    Avaliar os impactos que o Turismo em Espao Rural tem nas comunidades

    locais da regio estudada, o Centro.

    Conhecer produtos complementares ou associados ao Turismo em Espao

    Rural, estabelecendo uma ligao entre estes.

    Verificar quais as formas de promoo ao nvel do Turismo em Espao

    Rural j existentes.

    Encontrar formas de promover o produto, inovando e/ou alterando e

    melhorando os seus meios de distribuio, desenvolvendo uma estratgia de

    desenvolvimento do TER para a Regio Centro.

    Considera-se que atravs dos objectivos anteriores ser possvel

    desenvolver um trabalho concreto e inovador, na medida em que so

    apresentados dados estatsticos novos e analisados de forma a conhecer o perfil

    dos proprietrios de TER e as demais caractersticas do sector.

  • 6

    1.2 Objectivos especficos

    Contribuir para a evoluo do tema em estudo, quer na sua dimenso

    interna pelo contacto directo com os envolventes atravs da realizao de um

    estgio curricular na Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal, quer

    na sua dimenso externa, pela investigao a partir dos dados recolhidos.

    Analisar o Turismo enquanto conceito atravs da Organizao Mundial de

    Turismo (UNWTO/ OMT), direccionando a pesquisa para o Turismo de Portugal,

    IP., e posteriormente para as suas dimenses regionais, focando a anlise na

    Regio Centro e no Turismo em Espao Rural, produto a definir e desenvolver.

    Para que o objectivo anterior seja cumprido, pretende-se analisar e estudar

    a oferta e a procura do TER em particular na regio em estudo atravs da anlise

    de dados j existentes. Para alm disso, tambm pela criao de novos dados,

    mais recentes e relevantes, relativos satisfao do cliente, s opinies e

    percepes dos proprietrios, e inter-relao entre os diversos

    estabelecimentos de Turismo em Espao Rural, atravs da realizao de um

    questionrio aos empresrios de TER na regio Centro de Portugal.

    Verificar e desenvolver novas relaes entre o produto em estudo com

    outros produtos associados, para que haja uma oferta mais qualitativa e mais

    cooperao entre os envolvidos. Para isso propem-se novas linhas inovadoras

    de promoo do produto, atravs da investigao das boas-prticas existentes no

    mercado nacional e regional, diferenciando o mercado do TER.

    Conhecer quais as formas de promoo do Turismo em Espao Rural, da

    responsabilidade no s interna, mas tambm da dimenso externa de promoo

    institucional, ou seja, das entidades competentes como a Entidade Regional de

    Turismo do Centro de Portugal (ERTCP) e o Turismo de Portugal.

  • 7

    CAPTULO 2. METODOLOGIA

    Com vista a efectivao dos objectivos propostos anteriormente, a

    metodologia aqui utilizada tem como fase inicial a pesquisa em instituies

    nacionais e internacionais sobre o produto em estudo, na tentativa de hierarquizar

    o tema, do geral para o particular. Esta fase inicial teve por base a consulta de

    documentos que remetam para a organizao institucional das entidades

    competentes no sector do Turismo, focando a anlise na OMT, no Turismo de

    Portugal, IP, e posteriormente na ERTCP.

    De seguida, dentro da pesquisa nessas instituies, foi possvel encontrar

    alguns dados relativamente ao produto em estudo, o TER, comeando pela sua

    definio, pela categorizao das diversas tipologias de TER e pela sua evoluo

    ao longo das ltimas dcadas, disponveis na legislao turstica nacional e em

    documentos disponveis online nas mais diversas plataformas acadmicas.

    Desta forma, procedeu-se a uma pesquisa sobre o tema a tratar, atravs

    de documentos disponveis em formato digital e em papel, numa tentativa de

    compreender a legislao, a caracterizao, o mercado e os factores-chave

    associados ao TER.

    Entretanto, a pesquisa enveredou pela oferta ao nvel dos espaos que

    prestam estes servios e pela procura por dados estatsticos que quantifiquem

    essa oferta, ao nvel nacional e regional, seguindo o mesmo mtodo utilizado

    anteriormente.

    A anlise da oferta contou com a ajuda do Dr. Gonalo Gomes, da Diviso

    de Planeamento e Investimento Turstico da TCP, pela cedncia de um

    documento com todas as unidades de alojamento da regio, ao nvel concelhio,

    que juntamente com a explicao do mesmo se revelou bastante til. Este

    documento foi utilizado no s a ttulo comparativo com a informao

    disponibilizada na plataforma digital da TCP ao nvel do alojamento, mas tambm

    como ponto de partida para a elaborao de um novo documento, actualizado,

    actualizao essa que se explicar mais adiante.

  • 8

    Posteriormente procedeu-se pesquisa no que diz respeito procura, ou

    seja, ao nmero de dormidas em estabelecimentos de TER e s taxas de

    ocupao de camas. Esta pesquisa tambm foi realizada atravs da leitura de

    vrios documentos de estudo sobre o tema, da inspirao em legislaes

    nacionais sobre o assunto, e atravs de dados estatsticos disponveis na

    plataforma do Instituto Nacional de Estatstica (INE).

    Importa aqui realar que ao longo deste estudo podero encontrar-se

    dados sobre a procura que no so recentes, prendendo-se esta questo com o

    facto de se ter realizado uma pesquisa intensiva, e no se terem encontrado

    dados de 2012 por exemplo. Isto implica que houvesse ento uma motivao

    acrescida na criao de alguns dados estatsticos, no directamente sobre a

    procura, mas quanto mais no seja sobre a percepo que os proprietrios tm

    dessa procura.

    A seguir, foi dado algum enfoque a outros produtos associados ao TER, s

    actividades que se podem realizar na regio em anlise, procurando demonstrar a

    riqueza da oferta ao nvel dos recursos e dos produtos, nomeadamente na regio

    Centro de Portugal. Ao longo desta pesquisa foi possvel encontrar diferentes

    plataformas institucionais e de divulgao responsveis pelo sector do Turismo.

    Simultaneamente foram estudados alguns impactos negativos e positivos

    que o TER pode ter nas comunidades locais e ainda alguma informao sobre o

    TER enquanto produto turstico, que consequentemente levou s consideraes

    sobre a competitividade e a inovao desse produto.

    Por ltimo, foram encontrados novos produtos que at ento praticamente

    no existiam ou estavam pouco desenvolvidos e que so, de facto, uma mais-

    valia a ter em conta no TER atravs da leitura e anlise de um importante

    documento da Associao Portuguesa de Turismo Rural (PRIVETUR) no mbito

    das Redes temticas de integrao do Turismo Rural, documento este que se

    revelou fulcral, para a compreenso destas recentes temticas como so o

    Turismo em Bicicleta, ou o Turismo equestre. Esta anlise disponibiliza, assim,

    uma abordagem do TER enquanto multiproduto, pela sua adaptao e interaco

    com outros produtos, e pela relao desses com o TER.

  • 9

    Com vista a efectivao dos objectivos deste estudo procedeu-se

    construo de questionrios para os proprietrios das unidades de alojamento em

    espao rural na regio Centro, quer na regio abrangida pela Entidade Regional

    de Turismo do Centro, quer nas outras regies que futuramente faro parte dela,

    como a E.R.T. da Serra da Estrela, a E.R.T. de Leiria-Ftima e a E.R.T. do

    Oeste.1

    Estes questionrios foram realizados com o intuito de perceber os

    empresrios deste sector, recolher as suas opinies, conhecer o seu perfil, e

    tentar de alguma forma, alterar ou melhorar os meios de promoo que utilizam

    pra promover o seu negcio.

    Nesse sentido, questionou-se os empresrios sobre a tipologia do

    alojamento que geriam, a localizao geogrfica e as habilitaes literrias para

    recolher informao sobre o perfil do proprietrio. De seguida remete-se o

    inquirido para a sua empresa, questionando sobre o motivo que os levou

    criao da unidade de alojamento, quais as formas de promoo que utiliza, qual

    o nmero de pessoas que emprega nas diferentes alturas do ano, bem como as

    suas intenes sobre um investimento nos prximos 5 anos. Esta parte do

    questionrio pretende responder a vrias questes, como a promoo que

    utilizam, se eficaz ou no, e se prevem continuar a funcionar nos prximos

    anos, obrigando criao e ao estudo de novas tendncias de turistas, por

    exemplo, bem como a resposta elevada taxa de desemprego que se tem

    verificado, tentando perceber se o TER contribui para aumentar ou diminuir essa

    taxa.

    Para alm disso, os proprietrios foram ainda questionados sobre os

    factores externos sua unidade de alojamento, nomeadamente o impacto dessa

    unidade na comunidade local, e o impacto que notam na comunidade local

    proveniente do contacto com os turistas e vice-versa. Para alm disso, perguntou-

    se tambm sobre os apoios que recebem de associaes ou entidades, locais,

    regionais ou nacionais, de carcter pblico ou privado, na tentativa de perceber se

    1 Ver apndice 1: Questionrio aos Empresrios de Turismo em Espao Rural, 2 verso

    na pg. 192.

  • 10

    de facto h apoio dessas instituies para valorizar e promover o que local e o

    que fonte de desenvolvimento e crescimento econmico.

    Por ltimo, a parte final do questionrio aos empresrios de TER remete

    para o tipo de clientes que recebem na sua unidade de alojamento, o pas de

    onde so provenientes, bem como a alterao na taxa de ocupao dos

    empreendimentos, e quais os motivos para essas alteraes. Consequentemente,

    surgiram tambm questes essenciais ao estudo, sobre as actividades que

    proporcionam aos clientes e os produtos tursticos que associam ao TER, para

    responder exactamente ao objectivo de conseguir articular o TER com

    praticamente todos os produtos tursticos definidos ao nvel nacional.

    Na prtica, esta etapa da realizao de questionrios apresentou-se como

    sendo a mais complexa, quer no que diz respeito s modalidades das unidades

    de alojamento, que muitas vezes esto definidas segundo as anteriores

    legislaes legislao actual, quer pela dimenso geogrfica que este processo

    implicou, estando aqui includos 100 municpios.

    Este processo levantou algumas questes nomeadamente quanto forma

    como se realizariam os questionrios, sendo que muitas das unidades de

    alojamento no possuem website ou correio electrnico. Concluiu-se que a

    melhor opo seria o envio de questionrios por correio (via CTT), e posterior

    devoluo dentro de um prazo estabelecido para tal. No caso de no se ter

    conseguido obter uma taxa de respostas significativa, procedeu-se tentativa de

    contacto pelos meios electrnicos, para as unidades que os possussem.

    De facto, tendo havido algumas dificuldades na distribuio de

    questionrios nomeadamente pela ausncia de respostas, resolveu-se enviar os

    mesmos atravs das redes sociais como o Facebook, tendo conseguido assim a

    taxa de resposta que se pretendia.

    Por fim, a anlise dos dados foi tambm um processo exaustivo, tal como

    se previa, nomeadamente pelo manuseamento de equipamentos para

    tratamento de dados, tarefa que no estava ainda muito desenvolvida. Assim,

    apesar de os questionrios terem sido respondidos em grande maioria atravs da

    internet, como no era um nmero muito extenso de respostas, o tratamento

  • 11

    desses dados foi feito manualmente, individualmente para cada

    pergunta/resposta.

    Contudo, todos estes obstculos foram transformados em desafios

    construtivos, ou seja, tendo sempre em considerao que so uma mais-valia

    para todo este trabalho, e que precisamente com esforo que se conseguem

    atingir os objectivos.

  • 12

    CAPTULO 3: O TURISMO

    3.1. Enquadramento Institucional

    Ao longo dos ltimos dois anos, foi possvel estudar e compreender as

    dinmicas que constituem o sector do Turismo em Portugal, nomeadamente ao

    nvel da sua estrutura, dos seus conceitos e do conjunto de pessoas que

    transformam esses conceitos em atitudes e aces.

    Dessa forma, a opo pelo estgio curricular no mbito do Mestrado em

    Turismo, Inovao e Desenvolvimento, mostrou-se como sendo a melhor opo

    para conhecer de perto e avaliar o sector em Portugal, numa tentativa de construir

    algo que traga mais-valias para as empresas e entidades da rea.

    Nesse contexto, a observao de contextos de trabalho e de localizao

    um primeiro passo essencial, para a criao de expectativas, de afinidades e de

    percepes que faro todo um trabalho de estgio coerente, interessante e

    atractivo.

    Para isso, o estgio na Turismo Centro de Portugal, entidade responsvel

    pela promoo do Turismo na regio centro do pas, com sede em Aveiro,

    mostrou-se como a opo que poder tornar este trabalho de investigao

    possvel de realizar.

    Assim, comearemos por falar um pouco sobre a histria do Turismo em

    Portugal e no mundo, remetendo a anlise para a Turismo Centro de Portugal e

    para o estudo do Turismo em Espao Rural nesta regio, com uma srie de

    elementos paralelos a este produto, nomeadamente a oferta e a procura, os

    impactos, as vantagens, a promoo, a inovao e os produtos complementares.

    Todos estes conceitos so parte deste relatrio final que rene todas as etapas,

    motivaes e obstculos do estgio realizado na ERTCP. Importa ainda referir

    que ao longo deste captulo, todas as referncias utilizadas esto disponveis nas

    plataformas electrnicas das entidades e instituies de que se fala, a

    Organizao Mundial do Turismo, a Turismo de Portugal, IP., e a Turismo do

  • 13

    Centro de Portugal. Por isso, todo o texto que se segue foi baseado nessas

    fontes, fundamentadas adequadamente.

    3.2. Organizao Mundial do Turismo (OMT)

    3.2.1 Criao

    A OMT foi criada em 1970 e a agncia das Naes Unidas responsvel

    pela promoo de um turismo responsvel, sustentvel e universalmente

    acessvel. 2

    A OMT a organizao lder no turismo a nvel mundial e promove o

    turismo como o condutor de crescimento econmico, desenvolvimento inclusivo e

    sustentabilidade ambiental, oferecendo liderana e apoio ao sector atravs de

    conhecimentos e polticas tursticas em todo o mundo.

    Para alm disso, a OMT tem o dever de apelar implementao do Cdigo

    Global de tica para o Turismo, com o objectivo de maximizar a contribuio

    socioeconmica do turismo ao mesmo tempo que minimiza os impactos

    negativos. Compromete-se ainda a promover o turismo como um instrumento

    para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milnio (ODM) para a reduo

    da pobreza, favorecendo o desenvolvimento sustentvel.

    Para isto, a OMT trabalha para fazer do turismo uma ferramenta til para o

    desenvolvimento atravs de assistncia tcnica em projectos, em centenas de

    pases por todo o mundo.

    3.2.2 Membros

    Os membros da OMT incluem 155 pases, sete territrios no responsveis

    pelas suas relaes exteriores (Membros Associados) e 400 membros afiliados

    2 A informao sobre a Organizao Mundial de Turismo ou United Nations World Tourism

    Organization (UNWTO) pode ser conferida em http://www2.unwto.org/content/who-we-are-0, acedido em Novembro de 2012.

  • 14

    que representam o sector privado, as instituies educacionais, de formao e as

    empresas.

    Portugal membro efectivo da OMT desde 1976, ou seja, apenas seis

    anos aps a sua criao e representado pelo Turismo de Portugal, IP., que

    neste contexto acompanha a agenda internacional para o sector.

    A Regio Autnoma da Madeira est representada pela Secretaria

    Regional do Turismo e Transportes e um membro associado desde 1995.

    Na categoria de membros afiliados esto includos a ATL (Associao de

    Turismo de Lisboa), a Fundao INATEL, a APAVT (Associao Portuguesa das

    Agncias de Viagens e Turismo), a CTP (Confederao do Turismo Portugus), a

    Entidade Regional do Turismo do Algarve, o Turismo do Porto e Norte de

    Portugal, ER., a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, o IPDT

    (Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo), a Universidade do

    Algarve, o ISCET (Instituto Superior de Cincias Empresariais e do Turismo) e o

    Observatrio Regional do Turismo dos Aores. 3

    3.2.3 rgos

    A OMT constituda pelos seguintes rgos4:

    - Assembleia Geral, que composta por membros efectivos e membros

    associados, sendo que os restantes membros so participantes apenas como

    observadores.

    - Comisses Regionais, sendo que existem seis Comisses Regionais

    (frica, Amricas, Sudeste Asitico e Pacfico, sia do Sul, Europa e Mdio

    Oriente), que renem uma vez por ano. Cada uma das Comisses Regionais

    composta por todos os membros efectivos e associados da sua regio, e assim,

    Portugal faz parte da Comisso Regional da Europa.

    3Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/Pages/TurismodePortugal.aspx acedido em Novembro de 2012. 4 Conf. Informao em http://www2.unwto.org/content/structure acedido em Novembro de 2012.

  • 15

    - Conselho Executivo o rgo de direco da OMT e composto por 30

    membros eleitos pela Assembleia-Geral mais a Espanha (membro permanente,

    por ser o pas onde se situa a sede da Organizao).

    - Comits so constitudos por membros da OMT e do parecer sobre a

    gesto e contedo do programa. Entre eles destacam-se o Comit do Programa,

    o de Oramento e Finanas, o de Estatsticas e Conta Satlite do Turismo, o

    Comit Mundial de tica do Turismo e o Comit responsvel pela anlise das

    candidaturas de membro afiliado.

    - Secretariado, dirigido pelo Secretrio-Geral, que adjuvado por trs

    Directores Executivos: o Director Executivo para as Relaes Externas e

    Parcerias da OMT, o Director Executivo para o Programa e Coordenao da OMT

    e o Director Executivo para as Relaes com os Membros e Servios da OMT.

    3.2.4 Actuao

    A agenda poltica da OMT inclui assuntos como os Objectivos de

    Desenvolvimento do Milnio, o Desenvolvimento de um Turismo Responsvel,

    Sustentvel e Acessvel a todos, com particular ateno para os Pases em

    Desenvolvimento, a implementao do Cdigo Mundial de tica do Turismo, a

    Avaliao Econmica do Turismo, a Formao e a Gesto de Conhecimentos 5.

    3.3 Turismo de Portugal, IP.

    O Instituto do Turismo de Portugal6, designado normalmente por Turismo

    de Portugal, I.P., um instituto Pblico de regime especial integrado na

    administrao indirecta do Estado, provido de competncia jurdica, autonomia

    administrativa e financeira, e patrimnio prprio.

    5Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/cooperacaointernacional0/omt/Pages/Organiza%C3%A7%C3%A3oMundialdoTurismo.aspx, acedido em Novembro de 2012. 6Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/QuemSomos/Pages/QuemSomos.aspx acedido em Novembro de 2012.

  • 16

    Este Instituto desempenha a sua actividade sob a tutela e ingerncia do

    membro do Governo responsvel pelo turismo.

    O Turismo de Portugal est integrado no Ministrio da Economia e do

    Emprego, e a Autoridade Turstica Nacional responsvel pela promoo,

    valorizao e sustentabilidade da actividade turstica, agregando numa nica

    entidade todas as competncias institucionais relativas dinamizao do turismo,

    desde a oferta procura.

    3.3.1 Misso

    A misso desta entidade tem a ver com a qualificao e desenvolvimento

    de infra-estruturas tursticas, o desenvolvimento da formao de recursos

    humanos, o apoio ao investimento no sector, a coordenao da promoo interna

    e externa de Portugal como destino turstico, e a regularizao e fiscalizao dos

    jogos de fortuna e azar.

    As atribuies do Turismo de Portugal, I.P. so as seguintes7:

    a) Apoiar o membro do governo responsvel pelo turismo na definio,

    enquadramento normativo e execuo da poltica nacional e comunitria

    aplicvel ao sector;

    b) Propor ao governo as linhas estratgicas aplicveis ao desenvolvimento do

    sector turstico e definir os planos de aco de produtos e destinos que as

    concretizam;

    c) Assegurar a coordenao de estudos e estatsticas, nomeadamente em

    matria de definio, acompanhamento e avaliao das polticas e planos

    estratgicos e de desenvolvimento do sector, estando habilitado a

    funcionar como entidade delegada no quadro do Sistema Estatstico

    Nacional e a participar nas actividades de organismos internacionais;

    7Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/InspecaoJogos/legislacao/Documents/7e8.%20DecLei141_2007_27abril.pdf, acedido em Novembro de 2012, ou consultar o anexo n 7, disponvel na pgina 203.

  • 17

    d) Prestar apoio tcnico e financeiro s entidades pblicas e privadas do

    sector, assegurar a gesto dos respectivos sistemas de incentivos, aprovar

    e acompanhar o investimento pblico de interesse turstico;

    e) Planear, coordenar e executar a poltica de promoo do pas, e suas

    marcas, como destino turstico, bem como assegurar a recolha, tratamento

    e divulgao de informao turstica.

    O Turismo de Portugal, IP., conta ainda com uma estreita relao com as

    outras entidades pblicas e os agentes econmicos do pas e do estrangeiro, e

    est, por isso, empenhado em cumprir o desgnio de reforar o turismo como o

    motor do desenvolvimento da economia portuguesa.8

    Neste sentido, os objectivos do Turismo de Portugal, IP., so

    essencialmente propor linhas estratgicas e planos de concretizao para o

    desenvolvimento do turismo; garantir a transparncia do mercado e dos servios

    prestados aos turistas; qualificar os profissionais e melhorar a qualidade dos

    servios tursticos; consolidar a imagem de Portugal como um destino com grande

    diversidade paisagstica e cultural e rico em experincias;

    Para alm disso o Turismo de Portugal, IP., tem ainda o objectivo de

    representar Portugal nas organizaes internacionais de turismo; gerir

    instrumentos de apoio financeiro ao sector turstico; mobilizar os agentes pblicos

    e privados para a implementao do Plano Estratgico Nacional do Turismo

    (PENT) e por ltimo, acompanhar a actividade dos Casinos e Bingos e combater

    o jogo clandestino e ilegal.

    Para a promoo externa do turismo, o Turismo de Portugal, IP, conta com

    um protocolo para a promoo turstica externa regional9 que foi assinado em

    2010 (26 de Novembro) para o perodo entre 2011 e 2013 pelos parceiros do

    sector (Turismo de Portugal, Secretaria Regional do Turismo e dos Transportes

    8Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/turismodeportugal/QuemSomos/Pages/QuemSomos.aspx, acedido em Novembro de 2012. 9Conf. Informao em

    http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/apoioavenda/AgenciasRegionaisdePromocao/Pages/Protocolo.aspx acedido em Dezembro de 2012.

  • 18

    da Madeira, Secretaria Regional de Economia dos Aores, Confederao do

    Turismo Portugus e as 7 Agncias Regionais de Promoo Turstica.

    Este protocolo tem como objectivo o cumprimento dos Planos Regionais de

    Promoo Turstica que concretizam ao nvel regional o Plano Nacional de

    Promoo Turstica, no mbito das cinco regies de Portugal Continental e das

    regies autnomas da Madeira e Aores.

    3.3.2 Agncias Regionais de Promoo Turstica (ARPTs)

    As ARPTs10 so associaes de direito privado, sem fins lucrativos,

    constitudas por representantes dos agentes econmicos do turismo, por um

    nmero relevante de empresas privadas com actividade turstica e de entidades

    do sector pblico, designadamente as Entidades Regionais de Turismo.

    Existem 7 ARPTs que so responsveis pela elaborao, apresentao e

    execuo dos respectivos Planos Regionais de Promoo Turstica, que integram

    um subplano de comercializao e vendas das empresas. Estas 7 ARPTs

    correspondem s reas Promocionais Porto e Norte, Centro de Portugal, Lisboa,

    Alentejo, Algarve, Madeira e Aores.

    A actividade das ARPTs est inserida no contexto do novo modelo de

    Promoo Turstica Externa Regional para 2011-2013, que tem como

    pressupostos o Turismo enquanto sector estratgico da economia, a

    intensificao das parcerias directas com as empresas de turismo, o modelo novo

    por oposio continuao do modelo anterior. Este novo modelo tem como

    objectivos a promoo mais eficaz atravs da maior articulao entre o sector

    pblico e privado, a maior integrao entre a promoo da imagem, a promoo

    comercial e o produto, mais coerncia e mais sinergias e o reforo dos meios,

    nomeadamente financeiros disposio da promoo.

    10

    Conf. Informao em http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/AreasAtividade/apoioavenda/AgenciasRegionaisdePromocao/Pages/AgenciasRegionaisdePromocao.aspx, acedido em Dezembro de 2012.

  • 19

    3.3.3 Entidades Regionais de Turismo

    Com a publicao do Decreto-Lei n 67/2008 de 10 de Abril11, procedeu-se

    criao de cinco reas regionais que reflectem as reas abrangidas pelas

    unidades territoriais utilizadas para fins estatsticos NUTS II (Norte, Centro, Lisboa

    e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve). 12

    Para alm disso ficou definida a criao de plos de desenvolvimento

    tursticos integrados nas respectivas reas regionais Douro, Serra da Estrela,

    Leiria-Ftima, Oeste, Litoral Alentejano e Alqueva.

    Em cada uma das reas regionais de turismo criada uma entidade

    regional de turismo que funciona como entidade gestora, de natureza de pessoa

    colectiva de direito pblico de mbito territorial, com autonomia administrativa e

    financeira, e com patrimnio prprio (Decreto-lei n 67/2008 de 10 de Abril: art

    3). As onze entidades regionais de turismo so dinamizadoras e interlocutoras

    das reas regionais e dos plos de desenvolvimento turstico junto do rgo

    central de turismo, sendo responsveis pela valorizao turstica e pelo

    aproveitamento sustentado dos recursos tursticos das suas reas (Decreto-lei n

    67/2008 de 10 de Abril: art 5).

    As entidades regionais de turismo so o Turismo do Porto e Norte de Portugal, o

    Turismo do Centro de Portugal, o Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, o Turismo do

    Alentejo, o Turismo do Algarve, o Turismo do Douro, o Turismo da Serra da

    Estrela, o Turismo de Leiria-Ftima, o Turismo do Oeste, o Turismo das Terras do

    Grande Lago Alqueva e o Turismo do Alentejo Litoral.

    Este novo modelo de gesto pretende conferir s entidades regionais de

    turismo uma capacidade de autofinanciamento e de estimular o envolvimento do

    sector privado, permitindo a criao de parcerias com o Turismo de Portugal, IP.,

    fomentando oportunidades para o desenvolvimento de actividades e projectos na

    esfera da gesto central.

    11

    Esta legislao est disponvel para consulta no anexo n10 na pgina 206. 12

    Conf. Informao em http://www.turismodeportugal.pt/Portugu%C3%AAs/ProTurismo/destinos/Pages/NovaLeidasRegioesdeTurismo.aspx acedido em Dezembro de 2012.

  • 20

    Em 2013, com a publicao da Lei n 33/2013 de 16 de Maio, foram

    reorganizadas as entidades regionais de turismo, com as mesmas competncias

    e atribuies que vimos anteriormente e que est disponvel em anexo. 13

    3.4 Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

    3.4.1 Criao

    A Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal foi criada no

    contexto da aprovao pelo decreto-lei n 67/2008 de 10 de Abril14 sobre o novo

    regime jurdico das reas regionais de turismo de Portugal. Este decreto-lei define

    a sua delimitao, as suas caractersticas, o regime jurdico de criao,

    organizao e funcionamento dessas entidades regionais. Os estatutos dessas

    entidades so ento aprovados conjuntamente pelos membros do Governo com

    tutela na rea de administrao local, das finanas, da Administrao Pblica e do

    turismo.

    Desta forma, foi assim aprovado que a () Entidade Regional de Turismo

    do Centro de Portugal uma pessoa colectiva de direito pblico de mbito

    territorial, dotada de autonomia administrativa e financeira e de patrimnio

    prprio., (Turismo Centro de Portugal, 2013a) sendo assumida a designao de

    Turismo do Centro de Portugal.

    Segundo o art. 4 da portaria n 1037/2008 de 15 de Setembro15, a

    Turismo Centro de Portugal a Entidade Regional de Turismo que gere a rea

    Regional de Turismo do Centro, prevista no n 1 do artigo 3 do decreto-lei n

    67/2008 de 10 de Abril, compreendendo o territrio da Nomenclatura da Unidade

    Territorial para Fins Estatsticos de Nvel II (NUTS II) - Centro, conforme fixado

    pelo decreto-lei n46/89, de 15 de Fevereiro, com a redaco do decreto-lei n

    317/99 de 11 de Agosto.

    13

    Ver anexo n 16, pgina 212. 14

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/04/07100/0217002177.pdf acedido em Dezembro de 2012. 15

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209.

  • 21

    Desta forma, para alm dos municpios inseridos nas unidades territoriais

    anteriormente referidas, podem ainda integrar a Turismo do Centro de Portugal,

    entidades de direito pblico e privado com interesse no desenvolvimento e na

    valorizao turstica da rea regional de turismo correspondente NUT II Centro.

    A Turismo Centro de Portugal tem sede em Aveiro e possui delegaes

    designadas por Plos de Marca Turstica (PMTs) como segue a Delegao de

    Do-Lafes (NUT III de Do-Lafes); Delegao da Ria de Aveiro (NUT III do

    Baixo Vouga); Delegao de Coimbra (NUT III do Baixo Mondego e Pinhal Interior

    Norte); Delegao de Castelo Branco NATURTEJO (NUT III da Beira Interior

    Sul e Pinhal Interior Sul.

    Figura 1: Mapa dos Plos de Marca Turstica da Regio Centro, segundo legislao de 2012.

    Fonte: www.turismodocentro.pt

    Cada PMT est dividido por distrito e posteriormente por concelhos, sendo

    que o PMT Castelo Branco-Naturtejo engloba o distrito de Castelo Branco e os

  • 22

    concelhos de Castelo Branco (1), Idanha-a-Nova (2), Oleiros (3), Penamacor (4),

    Proena-a-Nova (5), Sert (6), Vila de Rei (7) e Vila Velha de Rdo (8) e est

    representado no mapa com a cor verde.

    O PMT de Coimbra, representa o distrito de Coimbra e os concelhos de

    Alvaizere (9), Ansio (10), Arganil (11), Cantanhede (12), Castanheira de Pra

    (13), Coimbra (14), Condeixa-a-Nova (15), Figueira da Foz (16), Figueir dos

    Vinhos (17), Gis (18), Lous (19), Mealhada (20), Mira (21), Miranda do Corvo

    (22), Montemor-o-Velho (23), Mortgua (24), Oliveira do Hospital (25), Pampilhosa

    da Serra (26), Pedrgo Grande (27), Penacova (28), Penela (29), Soure (30),

    Tbua (31) e Vila Nova de Poiares (32) e est visvel no mapa com a cor

    vermelho escuro.

    O PMT da Ria de Aveiro que engloba o distrito de Aveiro est dividido

    pelos concelhos de gueda (33), Albergaria-a-Velha (34), Anadia (35), Aveiro

    (36), Estarreja (37), lhavo (38), Murtosa (39), Oliveira do Bairro (40), Ovar (41),

    Sever do Vouga (42) e Vagos (43), como se pode ver a azul-turquesa no mapa

    acima.

    J o PMT de Viseu-Do Lafes, representativo do distrito de Viseu, est tambm

    repartido pelos concelhos de Aguiar da Beira (44), Carregal do Sal (45), Castro

    Daire (46), Mangualde (47), Nelas (48), Oliveira de Frades (49), Penalva do

    Castelo (50), Santa Comba Do (51), So Pedro do Sul (52), Sto (53), Tondela

    (54), Vila Nova de Paiva (55), Viseu (56) e Vouzela (57), e est representado no

    mapa a cor-de-laranja.

    Assim, tal como se pode verificar, a regio centro inclui neste mapa quase

    60 concelhos, representando uma rea geogrfica significativa que,

    acrescentando os concelhos dos PMTs que posteriormente foram adicionados

    Turismo do Centro (Leiria-Ftima, Serra da Estrela e Oeste), engloba uma rea

    geogrfica ainda maior, com cerca de 100 concelhos.

  • 23

    No mapa (figura 2) onde se apresenta a NUT III: Centro, podem-se ver

    todos os concelhos16 sendo que os que pertencem ao PMT de Leiria-Ftima so

    os de Pombal, Marinha Grande, Leira, Porto de Ms, Batallha, Ourm e Ftima.

    Relativamente Serra da Estrela, os concelhos que representam esse PMT so:

    Almeida, Belmonte, Celorico da Beira, Covilh, Figueira de Castelo Rodrigo,

    Fornos de Algodres, Fundo, Gouveia, Guarda, Manteigas, Mda, Pinhel,

    Sabugal, Seia e Trancoso. Por ltimo a regio Oeste correspondente ao PMT com

    o mesmo nome, inclui os concelhos de Nazar, Alcobaa, Caldas da Rainha,

    bidos, Peniche, Lourinh, Bombarral, Cadaval, Torres Vedras, Alenquer, Sobral

    de Monte Agrao e Arruda dos Vinhos.

    O Centro de Portugal engloba na rea geogrfica representada de seguida (figura

    2) um conjunto de factores que, com a implementao de estratgias adequadas

    podero ajudar a sustentar o crescimento turstico desta regio, nomeadamente a

    riqueza e a diversidade dos recursos naturais e culturais, a localizao geogrfica,

    as acessibilidades, a segurana e a hospitalidade (Marques e Santos, 2011 e

    2012 cit in Marques, J. e Santos, N., 2012).

    16

    Posteriormente fala-se destes concelhos mais em pormenor, sendo que s recentemente fazem parte da Turismo do Centro enquanto ERT (Ver Regime Jurdico das ERTs- Lei n 33/2013 de 16 de Maio disponvel no anexo n 16 na pgina 212. Nesta parte do estudo, ainda no se inclui a nova legislao que alterou a rea geogrfica de actuao da TCP e tudo o que isso implica.

  • 24

    Figura 2- NUTS III: CENTRO

    Fonte: CCDR-Centro/Regio Centro de Portugal,

  • 25

    3.4.2 Competncias

    No que diz respeito s competncias, a Turismo do Centro de Portugal

    possui seis grandes reas de interveno (art. 3 da portaria n 1037/2008) como

    so a rea de planeamento turstico, a rea de dinamizao e gesto de produtos

    tursticos regionais, a promoo turstica, o estabelecimento de parcerias e a

    colaborao em actividades de formao e certificao profissional.17

    A Turismo Centro de Portugal pode ainda possuir postos de turismo afectos

    sede ou a qualquer uma das delegaes, apoiando-os, sendo que essa gesto

    de postos de turismo que sejam propriedade dos municpios da sua rea de

    circunscrio carece da realizao de contrato de transferncia de competncias.

    18

    3.4.3 Organizao Interna

    Os rgos representantes da Turismo do Centro de Portugal, segundo o

    art. 7 da portaria n 1037/2008, so a Assembleia-Geral, a Direco e o Fiscal

    nico.19

    A Assembleia-geral composta pelas seguintes entidades ou seus

    representantes:

    Os Presidentes das Cmaras Municipais dos municpios integrados na

    rea Regional de Turismo do Centro de Portugal;

    Um representante do membro do Governo com tutela sobre o turismo;

    Um representante do membro do Governo com tutela sobre a cultura;

    Um representante da Comisso de Coordenao e Desenvolvimento

    Regional do Centro.

    17

    Conf. Informao em http://www.turismodocentro.pt/tcp/pt/a_instituicao.38/competencias.57/competencias_.a47.html, acedido em Novembro de 2013 18

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209. 19

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209.

  • 26

    Para alm disso a Assembleia-Geral integra ainda todas as entidades ou

    os seus representantes, de direito publico e privado, com interesse no

    desenvolvimento e na valorizao turstica da respectiva rea territorial,

    nomeadamente a Associao de Hotelaria de Portugal (AHP), a Associao de

    Restaurao e Similares de Portugal (ARESP), a APAVT ou Associao

    Portuguesa de Agncias de Viagens e Turismo, a Associao das Termas de

    Portugal (ATP), a PRIVETUR que a Associao Portuguesa de Turismo no

    Espao Rural, o Conselho Empresarial do Centro (CEC), a Associao da Rota

    da Bairrada e a Associao da Hotelaria Regional do Distrito de Aveiro

    (AHRDA).20

    A Direco, o rgo executivo e de gesto da Turismo do Centro de

    Portugal composta por um presidente, dois vice-presidentes e quatro vogais.

    eleita pela Assembleia-Geral, por escrutnio secreto, em lista nica, subscrita por

    entidade ou conjunto de entidades, de direito pblico ou privado, que integrem a

    entidade regional de turismo. Assim como eleita, a Direco tambm pode ser

    demitida pela Assembleia-Geral. Para alm disso, o mandato dos membros da

    Direco tem a durao de 4 anos e renovvel por duas vezes. 21

    O Fiscal nico, rgo fiscalizador da gesto patrimonial e financeira da

    Turismo do Centro de Portugal, um revisor oficial de contas, ou uma sociedade

    de revisores oficiais de contas, nomeado pela Assembleia-Geral, sob proposta da

    Direco. Este tem a durao de quatro anos e renovvel por duas vezes. 22

    20

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209. 21

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209. 22

    Conf. Informao em http://www.dre.pt/pdf1s/2008/09/17800/0666906677.pdf acedido em Dezembro de 2012 ou no anexo n 13, pgina 209.

  • 27

    3.4.4 Organograma da Turismo Centro de Portugal:

    Figura 3: Organograma da Turismo do Centro23

    23

    Este organograma, juntamente com a descrio das funes e competncias de cada rgo, esto disponveis no anexo n 17 na pgina 213, num documento cedido pela Dra. Snia Oliveira da Turismo do Centro de Portugal.

  • 28

    CAPTULO 4: TURISMO EM ESPAO RURAL

    4.1 Turismo em Espao Rural (TER)

    4.1.1 Espao Rural

    A geografia espacial est dividida e organizada, simultaneamente. Esta

    diviso traduz-se essencialmente em paisagens rurais, urbanas, entre campo e

    cidade, espao rural e espao urbano. Esta dicotomia assenta na fisionomia de

    cada espao e pelos seus ritmos de actividade, na densidade da sua populao e

    pelas actividades que se desenvolvem em cada um.

    Existem assim, alguns critrios que definem esta dicotomia, formando a

    base da identidade rural, e que distinguem o rural do urbano, nomeadamente a

    sua extenso, sendo que o espao rural bastante mais vasto e estende-se por

    grandes superfcies; a sua afectao, que essencialmente primria e tem

    tendncia a diminuir com o desenvolvimento; as suas condies naturais, dado

    que o espao rural est associado a contingncias climticas no sentido do

    desenvolvimento de espcies cultivadas e do trabalho humano; a densidade

    populacional que marcadamente fraca em comparao com o espao urbano; o

    rendimento per capita, que tem um nvel inferior ao dos habitantes urbanos uma

    vez que a populao dos espaos rurais mais envelhecida e consequentemente

    menos activa; a resistncia inovao traduzida na indiferena face

    modernizao e transformao, mas com tendncia a dissipar-se pelo acesso

    mais fcil e rpido informao e pelo desenvolvimento dos meios de

    comunicao. (Robalo, 1998: 6-7)

    So essencialmente estas as caractersticas que definem o espao rural, e

    das quais se pode aproveitar o desenvolvimento do TER. Assim sendo, as novas

    formas de turismo em espaos rurais e naturais assume-se como resposta s

    vivncias e preocupaes de sectores da sociedade culturalmente mais

    exigentes (). Por outro lado, numa conjuntura de abandono e depreciao do

    mundo rural, as actividades associadas ao turismo podem constituir mais um

    elemento a ter em conta para o desenvolvimento destes espaos. (Simes, O. e

  • 29

    Cristvo, A., 2003:15). Ser essencialmente sobre estes aspectos que falaremos

    durante este captulo, e um pouco ao longo de todo este estudo sobre o TER.

    A Comisso Europeia define o espao rural como estando dividido em trs

    reas distintas: i) reas sob presso do desenvolvimento moderno, prximas de,

    ou facilmente acessveis a partir de grandes agregaes urbanas (conurbaes);

    ii) reas com declnio, cuja sobrevivncia est ameaada; iii) reas remotas e

    isoladas que esto despovoadas como as regies montanhosas (Robalo, 1998:8).

    Desta forma, j possvel criar uma imagem minimamente clarificada

    sobre a dimenso e distribuio geogrfica do TER, uma vez que ao longo deste

    estudo ser possvel tambm perceber que existem unidades de alojamento TER

    em praticamente todas as regies da zona Centro de Portugal, sejam do litoral ou

    mais interiores.

    Apesar de a Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    (OCDE), definir o espao rural como sendo tudo aquilo que no urbano ou

    aglomerado, dada a questo de este espao no se encontrar dentro da esfera

    de actividade ou influncia econmica dos centros urbanos (op.cit: 9), existem

    mesmo assim unidades de alojamento TER que no esto propriamente

    localizadas em espaos predominantemente rurais, havendo at casos onde

    essas unidades de alojamento estarem situadas perto de praias e em centros

    urbanos.

    Assim, o espao rural no deve ser visto como algo restrito, uma vez que

    nele acontecem diferentes actividades e geram-se diversos tipos de relaes seja

    ao nvel demogrfico, econmico, ou social. As funes dos espaos rurais tm

    por isso evoludo quer ao nvel do seu contedo, quer ao nvel dos seus limites.

    As novas actividades ou funes do espao rural, que antes era

    predominantemente agrcola, prendem-se agora com a produo atravs da

    agricultura, da floresta, do artesanato, da indstria; a funo social, atravs das

    residncias, do lazer e do turismo, do cultural e do educativo; e a funo

    patrimonial, pela reserva do espao, pela ecologia, pelo ambiente e pelo

    ordenamento do territrio. (Medeiros, J., 1996 cit in Robalo, 1998:10)

  • 30

    Deste modo, verifica-se que o turismo se apresenta, simultaneamente

    como concorrente ocupao do solo e como aliado j que se a relao entre o

    turismo e o espao rural se tem vindo a intensificar, pela sua coexistncia (op.cit:

    10)

    portanto relevante aqui perceber que o espao rural um conceito

    bastante amplo, no s pela sua caracterizao geogrfica, em reas

    predominantemente agrcolas, em reas prximas dos grandes centros urbanos,

    ou em reas mais interiores do pas (que no so necessariamente agrcolas),

    mas tambm pelo facto de se apresentar como um espao onde acontecem

    diferentes actividades, nomeadamente pela sua ligao ou no aos centros

    urbanos, mas tambm pelas actividades adjacentes agricultura, caa ou

    pesca.

    4.1.2 Turista e turismo

    .

    A histria do turismo ainda recente, remonta ao sculo XVIII, atravs do

    Grand Tour, ou da valorizao dos benefcios teraputicos dos banhos termais

    pela aristocracia, e que motivaram deslocaes de pessoas para espaos pouco

    visitados ou perifricos. O retorno sazonal s quintas ou reas de apropriao

    fundiria era uma constante, mas a finalidade destes retiros no campo era muito

    mais de enquadramento da explorao agrcola do que de recreio, no obstante a

    mudana de ares e de rotinas e alguma actividade ldica. (Cavaco, 2003:30)

    Assim, o conceito de turista surge do francs tour, no incio do sculo XIX

    em Inglaterra, no sentido de designar os jovens que efectuavam a Grand Tour,

    uma viagem ao Continente como complemento da sua educao (Cunha,

    1997:3).

    Este conceito foi sendo adaptado por vrios pases para designar as

    pessoas que se deslocavam para fora da sua rea de residncia habitual. No

    entanto, este era ainda bastante incompleto pela ausncia de alguns elementos

  • 31

    como a permanncia ou pela existncia de emigrantes que no podiam ser

    considerados turistas (Robalo, 1998:13).

    Neste contexto, durante a Conferncia das Naes Unidas sobre turismo

    em viagens, em Roma em 1963, adoptou-se ideia de que o visitante toda a

    pessoa que se desloca a um pas, diferente daquele onde tem a sua residncia

    habitual, desde que a no exera uma profisso remunerada () (Cunha, 1997:

    5)

    Desta forma, com a evoluo da sociedade, a existncia de mais tempos

    livres para as famlias, seja do trabalho seja das obrigaes familiares, tornou-se

    quase uma necessidade obrigando a uma definio concreta do que realmente

    ser turista e mais importante, a distino de turista, daquele que visitante.

    Assim, o conceito global, o de visitante, inclui os turistas: visitantes que

    ficam pelo menos uma noite no pas visitado, utilizando uma infra-estrutura

    turstica; e os excursionistas: visitantes que no permanecem 24 horas no pas

    visitado. (Robalo, 1998: 15)

    Desta forma, para a OMT, falar em chegadas no o mesmo que falar em

    turistas e assim, a OMT define o turista como sendo qualquer pessoa que,

    residindo num pas, independentemente da sua nacionalidade, viaje para um local

    num outro pas que no seja o da sua residncia habitual, por um perodo de

    tempo no inferior a 24 horas ou (apenas por) uma noite com um objectivo que

    no seja o exerccio de uma actividade remunerada no pas visitado. (Vieira,

    Joo M., 1997 cit in Robalo, 1998:15)

    Relativamente ao conceito de turismo, este tem sido visto ora como um

    fenmeno econmico, ora como um fenmeno social por diversos autores. Desta

    forma, em 1942 surge a primeira definio de turismo (ainda sem a diferenciao

    de turistas e excursionistas) por Hunziker e Krapf, como sendo o () conjunto

    de relaes e fenmenos originados pela deslocao e permanncia de pessoas

    fora do seu local habitual de residncia, desde que tais deslocaes e

    permanncias no sejam utilizadas para o exerccio de uma actividade lucrativa

    principal, permanente ou temporria. (Cunha L. 1997:8).

  • 32

    Assim, ao longo desta temtica, foi possvel perceber melhor as diferenas

    significativas que existem entre os conceitos de turista e visitante, abordando as

    definies elaboradas pelas diversas instituies e organizaes, e ainda a

    definio de turismo seja como dimenso econmica ou de cariz social.

    portanto de extrema importncia que se consiga fazer esta distino uma vez que

    isso pode alterar e at inviabilizar os estudos sobre a procura turstica numa

    determinada regio ou pas.

    4.1.3 Turismo no Espao Rural

    Em primeiro lugar, o turismo nacional no se desenvolveu pela obedincia

    a uma poltica regional, mas sim devido a conjunturas exgenas ou at pelas

    circunstncias naturais que davam resposta a motivaes da procura turstica

    aproveitadas por interesses exteriores regio e ao pas (Cunha, 2006 cit in

    Jesus, L. Kastenholz, E. Figueiredo, I., 2008:2). Os resultados so bastante

    visveis, sazonalidade intensa, forte dependncia em relao aos mercados e aos

    produtos, significativa concentrao geogrfica no litoral e custos ambientais

    ascendentes, entre muitos outros problemas. (Jesus, L. Kastenholz, E.

    Figueiredo, I., 2008:2)

    Importa aqui fazer referncia ao pormenor de o turismo ter surgido atravs

    de diversos factores externos, provocando inmeros impactos, na sociedade, nas

    cidades, nos espaos rurais e na movimentao de pessoas nacionais e

    estrangeiras. Assim, o TER pode surgir como forma de combater esses impactos,

    como a concentrao geogrfica, se optar, enquanto produto turstico, por se

    localizar em espaos predominantemente rurais e no perto dos grandes centros

    urbanos do litoral. Tudo isto porque se considera que o TER no um produto de

    massas, mas sim um produto direcionado para nichos de mercado, ainda que em

    crescimento, sendo que dificilmente se tornar um produto turstico massificado.

    Surge ento um crescente nmero de debates sobre a diversificao da

    oferta como base para a evoluo do turismo nacional, seja ao nvel espacial, seja

    ao nvel de produtos, no alojamento, ou na diferenciao (idem). Desta forma,

  • 33

    considera-se este o conceito que tornou possvel este trabalho de uma forma

    geral, ou seja, a diferenciao da oferta, passvel de acontecer com o TER, tal

    como referido no pargrafo anterior.

    Ao longo das ltimas dcadas, a actividade turstica no tinha estatuto

    ontolgico por implicar uma situao de antagonismo entre o trabalho e a

    produo e por isso, o conceito de turismo de qualidade no era mais do que a

    definio de hotis de 4 ou 5 estrelas. Este conceito foi evoluindo ao longo dos

    anos devido ao aparecimento de novas modalidades ou modalidades alternativas

    de turismo como o TER. (Robalo, 1998:53)

    Estas novas modalidades traziam consigo a aquisio de equipamentos e

    instalaes que optimizavam a procura ao mesmo tempo que davam resposta s

    exigncias dos consumidores dessas novas formas de turismo. Desta forma, os

    novos consumidores prestam agora mais ateno s formas de turismo mais

    suaves ou soft tourism, mais leve, mais artesanal, mais humano e harmonioso,

    sem pr em causa os limites do equilbrio e da tolerncia nas dimenses sociais,

    naturais ou psicolgicas, (por oposio ao mass tourism, muitas vezes confuso e

    que ultrapassa as barreiras do que eticamente tolervel). (Cavaco, C. 1996 cit in

    Robalo, 1998:53)

    precisamente a partir desta oposio que se pretende analisar o TER,

    enquanto forma de soft tourism e associado a produtos tambm eles soft como a

    gastronomia, os vinhos, a natureza ou a cultura. Tambm esses aspectos

    predominam nos espaos rurais e agrcolas, maximizando as tradies,

    enaltecendo o que banal para os habitantes locais e extraordinrio para os

    visitantes.

    Desde os anos 70, assistimos a um desenvolvimento do turismo e das

    actividades de lazer em espaos marcados pela ruralidade. Verifica-se assim uma

    evoluo na forma como so promovidos e divulgados os recursos existentes nas

    zonas rurais, que se constituem como uma lufada de ar fresco no tecido

    econmico e social e uma oportunidade ao desenvolvimento destas reas. (IESE,

    2008:5)

  • 34

    H portanto a necessidade de diversificar o que existe, e o TER surge

    como a forma de desenvolver os espaos rurais. Assim, enaltecendo o que

    rural, tornar-se-o os espaos muito mais divertidos de visitar para os turistas,

    que podem at participar em actividades agrcolas ou piscatrias, integrando-os

    nas tradies locais.

    Mais tarde, no contexto da nova poltica comunitria para o

    desenvolvimento rural, foram criados um conjunto de medidas, legislao e

    instrumentos financeiros para apoiar a diversificao das actividades em espaos

    rurais, promovendo o desenvolvimento de actividades tursticas nesses locais.

    (IESE, 2008: idem)

    Estas medidas comearam por ter aplicao na recuperao de edifcios

    com valor arquitectnico e patrimonial e mais tarde no apoio a um produto

    turstico completo e variado para a valorizao da diversidade dos recursos

    endgenos dessas