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  Superior Tribunal de Justiça PETIÇÃO Nº 7.193 - RJ (2009/0067587-5)  RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES REQUERENTE : UNIÃO REQUERIDO : ROSÂNGELA MERODIO DA SILVA CARUSO EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DA PET 7.296/PE, DA RELATORIA DA MINISTRA ELIANA CALMON. DECISÃO Trata-se de pedido de uniformização de jurisprudência apresentado pela União, com fundamento nos arts. 14, § 4º, da Lei 10.259/2001 e 36 da Resolução 22/2008, do Conselho da Justiça Federal, contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais. Rosângela Merodio da Silva Caruso ajuizou ação pelo rito ordinário perante o Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro na qual discute a incidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. Às fls. 55/59, o Juízo do Juizado Especial Federal extinguiu o processo sem  julgamento do mérito em relação ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, tendo em vista a ilegitimidade passiva ad causam , e, no mérito, julgou procedente o pedido para condenar a União a suspender a exigibilidade dos descontos relativos à contribuição social incidente sobre o adicional de férias, bem como a restituir os valores indevidamente recolhidos, observada a prescrição qüinqüenal. Apreciando o recurso inominado então interposto, a Segunda Turma Recursal referendou a sentença (fl. 71/72). A União apresentou então pedido de uniformização dirigido à Turma Nacional de Uniformização, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001, o qual foi liminarmente indeferido pelo Presidente da T urma Recursal em face da ausência de comprovação da  jurisprudência d ominante naquela Corte. Irresignada com essa decisão, a parte sucumbente requereu a submissão do feito ao Presidente da Turma Nacional de Uniformização, fulcrada no art. 29 da Resolução n. 390/2004, do Conselho da Justiça Federal, que reconsiderou a decisão para admitir o pedido de uniformização de jurisprudência. A Turma Nacional conheceu do pedido, mas negou-lhe provimento nos termos da seguinte ementa (fl. 127): PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. CONHECIMENTO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.  NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO, RELATIVAMENTE ÀS FÉRIAS GOZADAS. Conhece-se do pedido de uniformização, em estando demonstrado o dissídio  jurisprudencial entre o acórdão da Turma Recursal de origem e acórdãos de Turmas Recursais de outras regiões, acerca de tema de direito material.  Na dicção do Supremo Tribunal Federal: a) as verbas sobre as quais incidirem Documento: 7781668 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/02/2010 Página 1 de 3

Terço de Férias - Contribuição Social - Impossbilidade

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 Superior Tribunal de Justiça 

PETIÇÃO Nº 7.193 - RJ (2009/0067587-5) 

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUESREQUERENTE : UNIÃO

REQUERIDO : ROSÂNGELA MERODIO DA SILVA CARUSOEMENTAPEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. CONTRIBUIÇÃOSOCIAL SOBRE O TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃOINCIDÊNCIA. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ

POR OCASIÃO DO JULGAMENTO DA PET 7.296/PE, DA RELATORIA DAMINISTRA ELIANA CALMON.

DECISÃOTrata-se de pedido de uniformização de jurisprudência apresentado pela União, com

fundamento nos arts. 14, § 4º, da Lei 10.259/2001 e 36 da Resolução 22/2008, do Conselhoda Justiça Federal, contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudênciados Juizados Especiais Federais.

Rosângela Merodio da Silva Caruso ajuizou ação pelo rito ordinário perante oJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro na qual discute a incidênciada contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias.

Às fls. 55/59, o Juízo do Juizado Especial Federal extinguiu o processo sem  julgamento do mérito em relação ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, tendo emvista a ilegitimidade passiva ad  causam , e, no mérito, julgou procedente o pedido para

condenar a União a suspender a exigibilidade dos descontos relativos à contribuição socialincidente sobre o adicional de férias, bem como a restituir os valores indevidamenterecolhidos, observada a prescrição qüinqüenal.

Apreciando o recurso inominado então interposto, a Segunda Turma Recursalreferendou a sentença (fl. 71/72).

A União apresentou então pedido de uniformização dirigido à Turma Nacional deUniformização, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001, o qual foi liminarmenteindeferido pelo Presidente da Turma Recursal em face da ausência de comprovação da

 jurisprudência dominante naquela Corte.Irresignada com essa decisão, a parte sucumbente requereu a submissão do feito ao

Presidente da Turma Nacional de Uniformização, fulcrada no art. 29 da Resolução n.390/2004, do Conselho da Justiça Federal, que reconsiderou a decisão para admitir o pedidode uniformização de jurisprudência.

A Turma Nacional conheceu do pedido, mas negou-lhe provimento nos termos daseguinte ementa (fl. 127):

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.CONHECIMENTO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO INCIDÊNCIA SOBREO TERÇO CONSTITUCIONAL DO SERVIDOR PÚBLICO,RELATIVAMENTE ÀS FÉRIAS GOZADAS.Conhece-se do pedido de uniformização, em estando demonstrado o dissídio

 jurisprudencial entre o acórdão da Turma Recursal de origem e acórdãos deTurmas Recursais de outras regiões, acerca de tema de direito material.Na dicção do Supremo Tribunal Federal: a) as verbas sobre as quais incidirem

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 Superior Tribunal de Justiça 

contribuições sociais devem repercutir sobre os benefícios previdenciários (artigos40, § 12, e 201, § 11, da CF/88, na redação dada pela EC 20/98); b) o terço

constitucional de férias não se incorpora ao salário, para fins de repercussão sobre

benefícios previdenciários; c) logo, sobre tais verbas não podem incidir

contribuições sociais. Interpretação das disposições das Leis ns. 9.783, de 28.1.99,e 10.887, de 18.6.2004, em sintonia com esse entendimento.Dessa decisão, a União apresenta o presente pedido de uniformização de

  jurisprudência dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, asseverando que, ao afastar aincidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, a TurmaNacional dissentiu da orientação dominante firmada pela Primeira Seção desta Corte que,apreciando situação fática similar a dos presentes autos, decidiu pela sua incidência.

Indica-se como paradigmas os seguintes julgados: RESP 731.132/PE, PrimeiraSeção, rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe de 20.10.2008; EDAGRESP 981.691/PR,Primeira Turma, rel. Ministro Francisco Falcão, DJe de 27.8.2008; RESP 512.848/RS,

Primeira Turma, rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 28.9.2006; RESP 805.072/PE,Primeira Turma, rel. Ministro Luiz Fux, DJ de 15.2.2007; RMS 19.687/DF, Primeira Turma,rel. Ministro José Delgado, DJ de 23.11.2006; e RESP 676.294/DF, Primeira Turma, rel.Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 13.11.2006.

Por fim, postula seja provido o presente pedido, a fim de que prevaleça oentendimento desta Corte Superior sobre a legalidade da incidência da contribuiçãoprevidenciária sobre o terço de férias.

Intimada a se manifestar, a recorrida não apresentou contra-razões no prazo legal(certidão de fls. 218).

Submetido ao  juízo de admissibilidade do Presidente da Turma Nacional de

Uniformização, o pedido foi admitido por decisão de fl. 219/226.O Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Profissional -

SINASEFE, o Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação -

SINAGÊNCIAS, a FENAJUFE - Federal Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal eMinistério Público da União, a Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores do DistritoFederal - AOJUS/DF apresentaram manifestação, na condição de interessados, defendendo ainexistência de amparo legal para o desconto previdenciário sobre o terço de férias.

Às fls. 702/707, o Ministério Público Federal opiou pela impossibilidade deincidência de contribuição social sobre o terço constitucional de férias.

É o relatório. Passo a decidir.Pela análise dos presentes autos, verifico que a questão controvertida é idênticaàquela tratada no incidente de uniformização de jurisprudência Pet 7.296/PE, da relatoria daMinistra Eliana Calmon, no qual a Primeira Seção desta Corte, após acolher o pedidoformulado pela União, manteve a decisão prolatada pela Turma Nacional de Uniformizaçãode Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais no sentido da impossibilidade de se incluirna base de cálculo da contribuição previdenciária a parcela relativa ao terço constitucional deférias percebido por servidor público. É a seguinte a ementa do julgado em referência:

TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DEJURISPRUDÊNCIA DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAISFEDERAIS - CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - TERÇO

CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS - NATUREZA JURÍDICA -NÃO-INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO - ADEQUAÇÃO DA

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 Superior Tribunal de Justiça 

JURISPRUDÊNCIA DO STJ AO ENTENDIMENTO FIRMADO NO PRETÓRIOEXCELSO. 1. A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dosJuizados Especiais Federais firmou entendimento, com base em precedentes doPretório Excelso, de que não incide contribuição previdenciária sobre o terço

constitucional de férias. 2. A Primeira Seção do STJ considera legítima aincidência da contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias. 3.Realinhamento da   jurisprudência do STJ à posição sedimentada no Pretório

Excelso de que a contribuição previdenciária não incide sobre o terço

constitucional de férias, verba que detém natureza indenizatória e que não se

incorpora à remuneração do servidor para fins de aposentadoria. 4. Incidente de

uniformização acolhido, para manter o entendimento da Turma Nacional de

Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, nos termosacima explicitados. (Pet 7.296/PE, Primeira Seção, Rel. Ministra Eliana Calmon,DJe 10/11/2009)

Pelas considerações expostas, acolho o presente pedido de uniformização de

  jurisprudência para, nos termos do entendimento sedimentado pela Primeira Seção destaCorte, declarar indevida a contribuição previdenciária sobre terço constitucional de férias.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 1º de fevereiro de 2010.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUESRelator

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