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AGRICULTURA DE PRECISÃO ANÁLISES LABORATORIAIS CERTIFICAÇÃO FORMAÇÃO SGS ACADEMY ® Modo de Produção Integrado GlobalG.A.P. Modo de Produção Biológico Sistemas de Gestão Solos Águas Folhas e raízes Produtos Alimentares Distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos Produção agrícola sustentável Mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas Boas práticas de higiene e segurança alimentar Modo de Produção Biológico Fertirrega Mapeamento de solos

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Este suplemento faz parte integrante da Vida Económica, número 1677, de 3 de março 2017,

e não pode ser vendido separadamente. Suplemento editado na 1ª semana de cada mês.

AGRICULTURA DE PRECISÃO

ANÁLISES LABORATORIAIS

CERTIFICAÇÃO

FORMAÇÃO SGS ACADEMY®

Modo de Produção Integrado GlobalG.A.P. Modo de Produção Biológico Sistemas de Gestão

Solos Águas Folhas e raízes Produtos Alimentares

Distribuição, venda e aplicação de produtos fi tofarmacêuticos Produção agrícola sustentável Mecanização agrícola e condução de veículos agrícolas Boas práticas de higiene e segurança alimentar Modo de Produção Biológico

Fertirrega Mapeamento de solos

‘Brexit’, PAC, Portugal ou… um novo Alqueva

O Reino Unido ainda não abandonou a União Europeia (UE), mas os efei-tos práticos negativos desse adeus

ao projeto europeu já começam a bater--nos à porta. O inesperado resultado do referendo realizado a 23 de junho de 2016 - 51,9% votos a favor do ‘Brexit’ contra 48,1% a favor da permanência na UE – já começa a fazer mossa em Portu-gal.

Estimativas do Ministério da Agricul-tura partilhadas com a “Vida Económica” revelam que, fruto da redução de 8.364 milhões de euros nas receitas da UE cau-sadas pela saída do Reino Unido, Portugal deverá perder 95,8 milhões de euros por ano da PAC a partir de 2020 (mais de 670 milhões nos sete anos do futuro quadro comunitário). Mais: no total do pacote dos fundos europeus destinados a Por-tugal, a redução deverá chegar aos 328,8 milhões por ano no próximo período de enquadramento orçamental 2020-2027 (mais de 2300 milhões em sete anos).

Se arrependimento matasse, talvez muitos britânicos já não estivessem en-tre nós, mas os resultados do referendo, muito embora não vinculativos, acaba-ram confi rmados pelo parlamento britâ-nico a 1 de fevereiro último e, sendo as-sim, o ‘Brexit’ não terá volta. Theresa May vai agora poder ativar o Artigo 50º do Tratado de Lisboa e acionar ofi cialmente o processo de saída, o que se prevê possa suceder já na próxima semana.

Não é, com certeza, o fi m do mundo para os britânicos e muito menos para a UE ou para Portugal. Ainda assim, a ma-temática diz-nos que os mais de 2300 milhões de euros de fundos públicos que receberemos a menos de Bruxelas até 2027 não são ‘peanuts’. Basta pensar que, com esse montante, Portugal até poderia construir… um novo Alqueva.

EditorialTERESA [email protected]

Destaques

Mais de 2300 milhões de euros a menos de fundos europeus até 2027

Portugal perde 95,8 milhões de euros por ano da PAC devido ao ‘Brexit’

Setor do vinho sem garantia de apoios à plantação no pós-2020

Pág. 5

Açúcar: Beet Ireland investe 400 milhões na refi nação de beterraba Pág. 7

Tribunal de Contas denuncia “fraca execução” dos fundos ambientais Pág. 8

Os efeitos do ‘Brexit’ vão ser duros para Portugal em matéria de apoios europeus. No próximo período de programação 2020-2027, o país deverá receber menos 95,8 milhões de euros por ano (-7,2% face à receita atual) da Política Agrícola Comum (PAC), fruto da diminuição nos pagamentos que derivam da redução de 8.364 milhões de euros nas receitas da União Europeia (UE) causadas pela saída do Reino Unido da UE (‘Brexit’). No total dos fundos comunitários a atribuir a Portugal no próximo período de programação 2020-2027, a redução deverá chegar aos 328,8 milhões de euros por ano, ou seja, mais de 2300 milhões em sete anos, de acordo com as estimativas do Ministério da Agricultura partilhadas com a “Vida Económica”.

Páginas 2-3

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2 sexta-feira, 3 de março 2017 3sexta-feira, 3 de março 2017

Portugal deverá receber menos 95,8 milhões de euros por ano (-7,2% face à receita atual) da Política Agrícola Comum (PAC) a partir de 2020, fruto da diminuição nos pagamentos de fundos que derivam da redução de 8364 milhões de euros nas receitas da União Europeia (UE) causadas pela saída do Reino Unido da UE (‘Brexit’). No total dos fundos comunitários a atribuir a Portugal no próximo período de programação 2020-2027, a redução deverá chegar aos 328,8 milhões de euros por ano. Os dados foram revelados à “Vida Económica” pelo Ministério da Agricultura, que também antecipa para a edição de março do suplemento “AgroVida” o documento que o ministro da tutela, Luís Capoulas Santos, vai apresentar em Bruxelas, na próxima segunda-feira, na reunião do conselho de ministros da Agricultura e das Pescas.

TERESA [email protected]

A discussão do orçamento da Política Agrícola Co-mum (PAC) no pós-2020

está na ordem do dia, quer em Portugal, quer, sobretudo, no seio das instâncias europeias, que já começam a delinear aquele que será o futuro enve-lope financeiro para agricultura da União e as políticas estraté-gicas associadas. Recorde-se que o orçamento da PAC re-presenta cerca de 38% do or-çamento global da UE, sendo que o montante total das des-pesas no período 2014-2020 é de 408,31 mil milhões de euros. A Portugal cabem cerca de 8,1 mil milhões de euros de apoios até 2020.

Um dado parece adquirido: o próximo período de enqua-dramento orçamental da PAC vai ter de acomodar, pela pri-

meira vez, os efeitos negativos da ausência das contribuições do Reino Unido para a UE, de-correntes do ‘Brexit’, cujo mon-tante deverá ascender aos 8364 milhões de euros, de acordo com as estimativas avançadas à “Vida Económica” pelo Minis-tério da Agricultura (ver tabela).

Além do efeito ‘Brexit’, há também que contar com as no-vas prioridades orçamentais da UE, que terão de atender aos problemas das migrações, ao combate ao desemprego jo-vem e à salvaguarda das pres-sões orçamentais dos restantes 27 Estado-membros, para além, dos sempre presentes desafios do crescimento económico.

A “Vida Económica” ques-tionou o Ministério da Agricul-tura sobre os grandes desafios que se colocam à PAC no pós-2020. O Ministério de Capou-las Santos explica que “os de-

safios que a PAC no pós-2020 terá de enfrentar passam pela sua capacidade de promover um setor agrícola resiliente e competitivo”. No entanto, diz o Ministério da Agricultura, “o debate sobre a revisão da PAC com vista à sua modernização e simplificação, que agora se ini-

cia através de uma consulta pú-blica alargada promovida pela Comissão Europeia, ao coinci-dir temporalmente com a dis-cussão sobre o próximo Qua-dro Financeiro Plurianual da UE, será pautado pela dimensão

que o futuro orçamento comu-nitário venha a assumir”.

“‘Brexit’ reforça sentido de exigência”

Neste debate, frisa o Ministé-rio de Capoulas Santos, “deve-

-se ter presente que a PAC é uma política com um sucesso demonstrado no âmbito da construção europeia, embora não isenta de dificuldades no seu percurso”. E deve também ter-se em consideração, por um

lado, “o processo de decisão europeu baseado no trílogo das instituições europeias – Conselho, Parlamento Europeu e Comissão Europeia –, que veiculam uma diversidade de interesses dos vários Estados--membros” e, por outro, “o efeito ‘Brexit’ e as novas priori-dades identificadas para a UE”.

O Ministério da Agricultura não deixa, aliás, de notar que o ‘Brexit’ e os seus efeitos “refor-çam-nos o sentido de exigência e de assegurar a boa aplicação dos recursos públicos, sendo nossa responsabilidade cons-truir em comum, ao nível da UE, uma política agrícola geradora de elevado valor acrescentado europeu”. Apesar de ser “difí-cil”, o Governo português con-sidera que existe “confiança de que o resultado da negocia-ção possa permitir que a PAC continue a dar um contributo importante para os objetivos previstos no Tratado de Funcio-namento da União Europeia”.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA ANTECIPA PARA A “VIDA ECONÓMICA” AS PROPOSTAS DE PORTUGAL PARA O FUTURO DA PAC

Portugal vai perder 95,8 milhões de euros por ano da PAC devido ao ‘Brexit’

PAC pós-2020: objetivos que vão ser defendidos por Portugal em Bruxelas

1. AMBIENTE, CLIMA, SAÚDE – Os agricultores possuem uma posição privilegiada para a produção de bens públicos de valor acrescentado ao nível europeu no que diz respeito ao ambiente, clima e alimentação saudável.

2. RESILIÊNCIA COMO VANTAGEM COMPETITIVA – O investimento e gestão do risco não só criam sistemas agrícolas que respondem de forma resiliente às adversidades como promovem condições para o seu desenvolvimento e competitividade

3. RELAÇÕES EQUILIBRADAS NA CADEIA ALIMENTAR – Para assegurar a eficácia da PAC, é essencial que as relações entre os vários operadores na cadeia alimentar sejam equilibradas.

4. PEQUENA AGRICULTURA E JOVENS AGRICULTORES – A atratividade da atividade agrícola é essencial para garantir fluxos de investimento. Neste contexto, o papel da renovação geracional e da presença de uma rede de agentes económicos no meio rural é fundamental.

FONTE: MAFDR

Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural (MAFDR).

pequena e média agricultura familiar, que não são captadas pelos mecanismos de preços”.

Ciente de que “Portugal, como qualquer Estado-mem-bro, deve ter direito a um grau mínimo de autossuficiência ali-mentar”, o eurodeputado cita os setores da carne e do leite, que são “os que mais preocu-pam, tendo em conta as po-líticas recentes e os acordos de livre comércio que estão em cima da mesa”. A somar a isto, “o setor do vinho poderá atravessar igualmente grandes dificuldades”, avisa Miguel Viegas, tendo em conta “o fim dos direitos de plantação atual-mente em curso”. O vinho, diz, “será um setor cada vez mais li-beralizado, pelo que os apoios tenderão a ser menores”, razão por que “Portugal deve exigir medidas de defesa destes se-tores”.

“Tendência crescente de pagamentos por condicionalidade”, diz Sofia Ribeiro

Sofia Ribeiro, eurodeputa-da do PSD, é muito clara: “os desafios económicos, sociais e políticos que a UE enfrenta re-querem uma política de inves-timentos eficaz, potenciadora

dos recursos territoriais espe-cíficos”. Por isso, “a agricultu-ra não pode ser desprezada, constituindo-se por excelên-cia como um recurso europeu

gerador de riqueza por com-paração com outros territórios mundiais”.

A eurodeputada antevê “uma disputa do financiamen-

to europeu inter-setorial” du-rante este período de negocia-ções, mas adverte que “estes princípios têm de presidir à definição do próximo quadro financeiro plurianual, a par das mais-valias que o investimento agrícola constitui para a coe-são territorial e social”. A nova PAC, diz Sofia Ribeiro, “tem de balizar-se em rigorosos crité-rios de eficiência, que alavan-quem as potencialidades de criação de riqueza através de uma cada vez mais inteligente gestão dos nossos recursos na-turais”.

Não obstante, acrescenta, “temos de estar alerta para

uma tendência crescente de pagamentos por condicionali-dade, tão díspares quanto os que respeitam ao ‘greening’ ou a critérios de equidade de

género ou do número de tra-balhadores empregues, por exemplo”.

Ora, para Sofia Ribeiro, “a PAC não é nem pode tornar--se um qualquer mecanismo de compensação financeira, ao sabor das modas ou tendên-cias populistas, mas sim de ge-ração de riqueza e de garantia de que os cidadãos europeus consomem produtos de quali-dade a preços acessíveis”.

Questionada sobre que in-teresses portugueses devem ser salvaguardados, a euro-deputada não tem dúvidas: é “urgente criar mecanismos de proteção do rendimento dos agricultores”, através da “forte aposta na sua forma-ção mas, também, na regula-ção da cadeia de distribuição agroalimentar, com a defini-ção de mecanismos de for-mação de preços e das mar-

gens de lucro dos vários elos da cadeia”. Neste processo, diz Sofia Ribeiro, “será vital o reforço das organizações de

produtores, como mecanismo de proteção dos pequenos agricultores”.

Por outro lado, é “essencial, para garantir que a agricultura portuguesa seja pautada por critérios de justiça social, que seja criado um sistema de for-mação de preços que confira segurança ao agricultor, que não pode estar a pagar para trabalhar, como tem aconteci-do não raras as vezes nos últi-mos anos”. Tal, diz a eurodepu-tada, “implica uma referência mínima de preços, a partir da qual haja direito a uma com-

pensação ou indemnização, desde que devidamente justi-ficada”.

PAC deverá receber cerca de 36% do orçamento da UE, diz Ricardo Serrão Santos

Ricardo Serrão Santos, eu-rodeputado do PS, diz que os desafios da futura PAC “não são radicalmente diferentes dos do passado recente”. À exceção “das consequências da desregulamentação e da integração e turbulência dos mercados agrícolas, que resul-tam em preços mais variáveis para os agricultores e com uma tendência, provavelmente es-trutural, em baixa”.

Por isso, é “fundamental criar condições para que a atividade agrícola continue a ser viável à escala de todo o território da UE”, com soluções “sobretudo no que diz respeito à remu-neração dos agricultores com preços justos”. E que passam,

não apenas pela PAC, mas por “uma maior coerência entre esta e as políticas comercial, de mercado interno e de con-corrência da UE. E este, nota o eurodeputado, já é, só por si, “um grande desafio”, a somar

a outros, como “a compatibili-zação da viabilidade económi-ca da produção agrícola com um contexto de escassez de recursos e de crescente alerta com as preocupações ambien-tais”.

Quanto à disputa orçamen-tal, e “até porque a PAC re-cebeu durante muitos anos a principal fatia do orçamento europeu – nos anos 80 recebia cerca de 75%” –, é de prever que, para o período 2020-2027 receba “cerca de 36% do orça-mento da UE”. Por essa razão, “é imperativo justificar a im-portância da PAC na resposta ao triplo objetivo económico, social e ambiental, não apenas para os agricultores, mas para todos os cidadãos e consumi-dores europeus, incluindo na conjuntura atual de maior inse-gurança financeira e económi-ca”, diz o eurodeputado do PS.

Questionado sobre que inte-resses portugueses devem ser acautelados a partir de 2020, Ricardo Serrão Santos não he-sita: “A revitalização da eco-nomia rural e a coesão econó-mica e territorial são objetivos primordiais para o nosso país e em que a agricultura tem um papel insubstituível”. E a futura PAC “não deve ser alheia a es-tes objetivos”.

Episódios como os da crise do leite e da carne de porco, diz o eurodeputado que “po-dem ter consequências em Por-tugal dificilmente reversíveis”, pelo que “os instrumentos para lhes fazer face devem acomo-dar este tipo de riscos”. E, nes-te contexto, também o POSEI, o programa específico de apoio à agricultura das regiões ultra-periféricas dos Açores e Madei-ra, “assume um papel relevante que deve ser absolutamente salvaguardado”.

Efeito ‘Brexit’ na atribuição de fundos europeus a Portugal 2020-2027

FUNDOS RECEBIDOS Valor (milhões

eur) (%)

EFEITO BREXIT(redução de 7,2% de fundos mantendo as

contribuições dos EM)**total Variação

Política de coesão 2978,2 65,21% 2763,7 -214,4PAC 1330,1 29,12% 1234,3 -95,8• Pagamentos Diretos (FEAGA) 637,1 13,95% 591,3 -45,9

• Medidas de mercado e outras (FEAGA) 109,0 2,39% 101,2 -7,8

• Desenvolvimento Rural (FEADER) 583,9 12,79% 541,9 -42,0

• Outros Fundos 258,8 5,67% 240,2 -18,6

TOTAL 4567,1 100,00% 4238,2 -328,8

***Redução nos pagamentos de Fundos resultante da redução de 8364 milhões de euros da UE pelo BrexitFONTE: GPP - Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) do MAFDR.

MARISA MATIASEurodeputada do Bloco de Esquerda com responsabilidade sobre as negociações da PAC

A eurodeputada não respondeu em tempo útil às questões da “Vida Económica”.

SOFIA RIBEIROEurodeputada do PSD, com responsabilidade sobre as negociações da PAC

“Considero urgente criarmos mecanismos de proteção do rendimento dos agricultores, o que requer não somente uma forte aposta na sua formação mas, também, a regulação da cadeia de distribuição agroalimentar, com a concreta definição de mecanismos de formação de preços e das margens de lucro dos vários elos da cadeia”.

MIGUEL VIEGASEurodeputado do PCP com responsabilidade sobre as negociações da PAC

“Neste momento, os setores da carne e do leite são aqueles que mais preocupam. O setor do vinho poderá atravessar igualmente grandes dificuldades, tendo em conta o fim dos direitos de plantação atualmente em curso. Portugal deve exigir medidas de defesa destes setores”.

As negociações sobre a futura Política Agrícola Comum (PAC) já estão a decorrer. A Comissão Europeia lançou a 02 de fevereiro uma consulta pública de três meses e já está a receber contribuições, nomeadamente sobre a modernização e simplificação deste instrumento de política. As contribuições recebidas, nomeadamente dos governos dos Estados-membros, permitirão apoiar os trabalhos da Comissão com vista a definir as prioridades da política agrícola para o futuro.A “Vida Económica” foi ouvir os deputados portugueses com responsabilidade direta nas negociações da PAC no Parlamento Europeu. À parte as divergências político- -partidárias, o sentimento é comum: “A PAC não pode tornar-se um qualquer mecanismo de compensação financeira ao sabor das modas ou tendências populistas”.

TERESA [email protected]

Miguel Viegas, do PCP, não tem dúvidas: “As discussões sobre a re-

visão da PAC estão fortemen-te condicionadas pela deriva liberal da UE, que aponta para duas direções: diminuição do orçamento geral da UE e, de uma forma mais acentuada, do orçamento da PAC”, e “a generalização dos instrumen-tos financeiros cada vez mais orientados para os mercados”.

Questionado pela “Vida Eco-nómica” sobre os desafios da PAC, o eurodeputado comu-nista está pessimista: “Ao nível dos apoios ao investimento, te-remos menos subsídios a fundo perdido e mais apoios finan-ceiros sob a forma de crédito bonificado, garantias ou, até, instrumentos de capital”. Nos apoios diretos ao rendimento, diz Miguel Viegas que “o que está em preparação são regi-mes de seguro ao rendimento, alimentados parcialmente por fundos públicos, mas onde as contribuições dos agricultores serão sempre obrigatórias”. Ou seja, “tendências muito preocupantes, completamen-te desfasadas da realidade e que irão acentuar o declínio do mundo rural”, diz.

Concretamente sobre Portu-gal e o que deve ser salvaguar-dado na futura PAC, Miguel Viegas é taxativo: “Devemos ,acima de tudo, integrar na nossa análise as externalida-des positivas do setor agrícola, com especial destaque para a

“A PAC não pode tornar-se um mecanismo de compensação financeira ao sabor de tendências populistas”

NUNO MELOEurodeputado do CDS com responsabilidade sobre as negociações da PAC

O eurodeputado não respondeu em tempo útil às questões da “Vida Económica”.

RICARDO SERRÃO SANTOSEurodeputado do PS com responsabilidade sobre as negociações da PAC

“A revitalização da economia rural e a coesão económica e territorial são objetivos primordiais para o nosso país e em que a agricultura tem um papel insubstituível. A futura PAC não deve ser alheia a estes objetivos. Episódios como os da crise do leite e da carne de porco podem ter consequências em Portugal dificilmente reversíveis”.

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4 sexta-feira, 3 de março 2017

A RC Construções, sediada em Guimarães, acaba de ganhar cinco concursos públicos internacionais no Mali e no Senegal. No conjunto, as cinco obras, hidroagrícolas, de águas e saneamento, rondam os 50 milhões de euros. Pedro Dias Ferreira, administrador da empresa, revela à “Vida Económica” que em carteira há ainda uma sexta obra internacional para outro projeto hidroagrícola, este no Bourkina Faso. Já há “uma decisão provisória” para executar a obra, diz. Falta o “parecer final da entidade financiadora” (Banco Mundial).

TERESA [email protected]

As obras que a RC Construções vai construir no Mali e Senegal são três pro-jetos hidroagrícolas, um projeto de adu-ção e distribuição de água e um outro de saneamento básico. E não é ao aca-so que vence estes concursos interna-cionais na África francófona. A empre-sa de Guimarães dedica-se à execução de infraestruturas de engenharia civil e obras públicas, mas está especialmente focada nos setores da água e do am-biente, no urbanismo, vias de comuni-cação e arranjos exteriores, bem como reabilitação urbana e hidroagrícola.

A empresa iniciou o processo de inter-

nacionalização em 2004 e está implan-tada na África francófona desde 2006. Aliás, esse percurso de crescimento da atividade nestas geografias foi “deter-minante” na hora de obter as necessá-rias garantias bancárias das instituições financeiras portuguesas para concorrer a estes concursos internacionais promi-vos pelas entidades governamentais do Senegal e do Mali.

Dificuldades com as garantias bancárias

“As empresas de obras públicas pre-cisam de garantias bancárias para tra-balharem no estrangeiro e há muita dificuldade em obtê-las para concorrer a obras nestes países”, explica Pedro Dias Ferreira à “Vida Económica”, no-tando que “os bancos consideram que em África há risco e avaliam esse risco em todos os países africanos por igual”.

Por essa razão, “foram necessárias muitas reuniões com os bancos”, assim como o estabelecimento de uma par-ceria com a companhia de seguros de crédito Cosec, para que conseguissem reunir as garantias. E, mesmo assim, “houve um caso em que quase perdía-mos uma obra por causa das dificulda-des na obtenção das garantias”, o que, “felizmente”, não chegou a acontecer.

A RC Construções está sediada em Guimarães, fatura “cerca de 20 milhões de euros” e emprega em Portugal 120 trabalhadores. Depois, “expatriados te-mos cerca de 40 e ainda temos pessoas contratadas localmente em cada país

em função das obras no terreno”. O número pode variar “entre as 200, 300 ou 400, consoante as empreitadas em curso em cada momento”.

Questionado pela “Vida Económica” sobre a aposta da empresa nos países da África francófona, em detrimento dos países africanos mais em voga há alguns anos, como Angola ou Moçam-bique, Pedro Dias Ferreira lembra a tra-jetória da sua companhia para aquelas geografias um pouco “por acaso”. Isto, ao contrário até de outras grandes em-presas de construção civil portuguesas, que, no início dos anos 2000, aposta-ram em Angola, por exemplo.

Hoje, olhando para trás e para o que sucedeu ao país de José Eduardo dos Santos e às empresas lusas, fruto da desvalorização da cotação do petróleo e da escassez de divisas, o adminis-trador da RC Construções está seguro de que, ao apostarem no Senegal e no Mali, fizeram “a aposta adequada”.

Consciente de que as margens dos negócios nesses países mais a Norte de África “são muito mais baixas que em Angola”, por exemplo, há alguns anos, Pedro Dias Ferreira não tem dúvidas: além de uma maior proximidade com Portugal, a África francófona é “um mer-cado emergente que se tem revelado consistente”. E é por lá que vão querer continuar.

RC Construções ganha projetos hidroagrícolas de 50 milhões no Senegal e Mali

A RC Construções iniciou o processo de internacionalização em 2004 e está implantada na África francófona desde 2006. Fatura cerca de 20 milhões de euros

TERESA [email protected]

A The Navigator Company regis-tou um volume de negócios de 1577,4 milhões de euros em

2016 (1628 milhões em 2015), de acor-do com o relatório de contas apresen-tado pela companhia. A diminuição re-gistada resulta, segundo a empresa, da “redução do valor de vendas na área de energia, após a revisão da tarifa de ven-da à rede na central de cogeração a gás natural da Figueira da Foz, assim como da contração global dos preços de pas-ta e papel que se verificou ao longo de 2016”.

Esta quebra na faturação não impede, porém, a empresa gerida por Diogo da Silveira de arrancar com o investimento de 121 milhões de euros na sua fábrica de papel no concelho de Aveiro (Cacia), através da construção de uma linha de produção de papel tissue – utilizado em lenços de papel e papel higiénico – e a respetiva transformação em produto fi-nal. A “Vida Económica” confirmou esta semana junto de fonte oficial da empre-sa que esse investimento “já arrancou”, devendo ficar concluído no segundo semestre de 2018. Criará cerca de 100 novos postos de trabalho.

O ano de 2016 marcou também o ar-ranque e a conclusão da construção da Colombo Energy, uma nova fábrica da companhia em Greenwood, Carolina do

Sul, nos EUA, com capacidade de pro-dução de 500 mil toneladas de ‘pellets’ por ano.

Trata-se de uma subsidiária detida a 100% pela The Navigator Company e que é uma fábrica de ‘pellets’ de classe internacional, com uma capacidade de 500 mil toneladas/ano. Possui uma ca-pacidade de produção idêntica a 5% da capacidade mundial para consumidores industriais e encontra-se entre as maio-res fábricas ‘pellets’ nos EUA. Represen-tou um investimento de 110 milhões de dólares americanos. Emprega “mais de 70 pessoas” e deverá “gerar um volume de negócios de 80 milhões de dólares

americanos por ano”.Em Portugal, a The Navigator Com-

pany lembra que o ano passado “fi-cou marcado pela descida acentuada do preço da pasta, uma descida que se iniciou ainda no final de 2015 e que se prolongou ao longo de 2016”. Diz a empresa que o índice de referência para a pasta hardwood (PIX – BHKP) perdeu cerca de 16% em USD e 13% em euros desde o início do ano 2016.

No entanto, a companhia conside-

ra que obteve “um bom desempenho operacional, colocando um volume de pasta no mercado de 290,6 mil tone-ladas, aumentando as suas vendas de cerca de 15,1% em resultado da maior capacidade disponível de pasta para mercado proveniente do aumento de capacidade da fábrica de Cacia realiza-do em 2015”.

A empresa fechou 2016 com um re-sultado líquido de 217,5 milhões de eu-ros, mais 10,7% face ao ano anterior.

Arrancou o investimento de 121 milhões da The Navigator Company em Cacia

Diogo da Silveira, CEO da The Navigator Company.

Síntese dos principais indicadores – IFRS (não auditado)

Milhões de euros

Ano 2016

Ano 2015

Variação 2016/2015

Vendas totais 1.557,4 1.628,0 -3,1%EBITDA 397,4 390,0 1,9%Resultados Operacionais (EBIT)

230,4 282,9 -18,6%

Resultados Financeiros -20,8 -50,3 -58,6%Resultado Líquido 217,5 196,4 10,7%Cash Flow Exploração 384,6 303,6 81,0Cash Flow livre 183,8 81,0 102,8Investimentos 138,6 148,5 -9,9Dívida Líquida Remunerada 640,7 654,5 -13,8EBITDA / Vendas 25,2% 24,0% 1,2 ppROS 13,8% 12,1% 1,7 pp

ROE 17,8% 14,8% 3,0 ppROGE 12,3% 15,7% -3,4 ppAutonomia Financeira 51,2% 50,0% 1,2 ppDívida Líquida / EBITDA 1,6 1,7 1,0

FONTE: Relatório de atividades da The Navigator Company.

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5sexta-feira, 3 de março 2017

O programa VITIS, de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas, cuja dotação financeira ronda os 53 milhões de euros/ano, deverá ser prolongado até 2020, mas, depois dessa data, não estão garantidos quaisquer apoios.Em declarações à “Vida Económica”, Manuel Pinheiro, presidente executivo da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), está ciente desta realidade, até porque “a vinha é um investimento que fixa populações no interior”, e receia pela diminuição do investimento no setor. “Parece claro que, se dependermos apenas dos apoios do PDR, teremos uma baixa no investimento nesta área”, diz.

TERESA SILVEIRA

[email protected]

“A renovação da vinha é essencial e os apoios para este investimento fazem todo o sentido”, começa por dizer Ma-nuel Pinheiro, relçando que estamos em presença de “um apoio ao investimento e não um subsídio ao rendimento”. E um investimento que “fixa populações no interior”, acrescenta, pelo que consi-dera “essencial” que os apoios específi-cos “se mantenham”.

Para já, a dotação financeira do pro-grama VITIS até 2018 ronda os 53 mi-lhões de euros/ano e é expectável que seja prolongado até 2020 com a mesma dotação. Questionado sobre o futuro, Manuel Pinheiro diz ter “muita confiança que será possível encontrar o enquadra-mento correto para que tenhamos VITIS

[no pós-2020] ou um seu sucessor”.A preocupação do setor do vinho é

ainda maior quando se sabe que o VITIS não contempla apoios financeiros para os novos direitos de plantação, mas, apenas, para a reestruturação das vi-nhas. Por outro lado, se vier a acabar, os viticultores apenas poderão contar com os apoios do Programa de Desenvolvi-mento Rural do país que vier a ser ne-gociado no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC). E estes, todos sabem, são menos generosos, já que apoiam em cerca de 40% os investimentos, ao passo que o VITIS apoia em 70%.

Questionado sobre isso, o presiden-te executivo da CVRVV não esconde a preocupação. “Neste momento, apenas recorrem ao VITIS as vinhas renovadas, as vinhas novas recorrem ao PDR e, em-

bora estejamos no início desta fase, pa-rece claro que, se dependermos apenas dos apoios do PDR, teremos uma baixa no investimento nesta área”.

Por essa razão, Manuel Pinheiro dei-

xa recomendações aos eurodeputados e ao Governo para as negociações que vão decorrer em Bruxelas no âmbito da nova PAC: é necessária “a existência de um envelope nacional que permita a cada país modular os apoios de acordo com as suas necessidades específicas”. Aliás, diz, essa “é a forma mais eficaz de gerir os recursos comunitários”.

Perguntado ainda se receia por uma diminuição do orçamento da PAC, ten-do em conta outras necessidades/prio-ridades orçamentais no seio da UE, o responsável da CVRVV não hesita: “sim, muito claramente”. E prossegue dizen-do que “a PAC é uma política de funda-ção da CEE”, mas que “vem perdendo prioridade, primeiro com o alargamento pós 1989 e agora com os novos desafios da integração, do ‘Brexit’, do euro”. Por isso, e “até por uma questão estratégi-ca, a Europa tem de ter como prioritário o que deve ser capaz de se alimentar, tendo um setor agrícola competitivo e exportador”.

PRESIDENTE DA CRV DOS VINHOS VERDES RECEIA PELA BAIXA NO INVESTIMENTO NESTA ÁREA

Setor do vinho sem garantia de apoios à plantação no pós-2020

As exportações de vi-nho verde estão em alta. No ano 2000, as expor-tações de vinho verde apenas representavam 15% do total de vendas. Volvidos 16 anos, elas representam 50% das remessas para o mer-cado externo. No ano passado, foram regista-dos 51,7 milhões de eu-ros de exportações para para 106 países (mais de 25 milhões de litros), ou seja, um crescimento de 10% face ao ano anterior.

Dados da CVRVV, que agrega 63 as-sociados, revelam que o vinho verde é o segundo vinho mais vendido em Portugal, com uma quota de mercado de 16.8%, sendo que, de todo o vinho verde vendido no país, 86% é branco.

Assumindo-se como a maior região vinícola demarcada de Portugal, a região do vinho verde abrange toda

a zona noroeste do país, entre o rio Minho a norte e o rio Douro a sul, abrangendo ainda nove sub-regiões: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cáva-do, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa.

Questionado pela “Vida Económi-ca” sobre os resultados de 2016, Ma-nuel Pinheiro está orgulhoso: “foi um ano fabuloso de exportações e temos fortes expetativas para 2017”.

Manuel Pinheiro, presidente executivo da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).

“Vinho verde teve um ano fabuloso de exportações”

Informações/Inscrições Patrícia Flores (Dep. Formação) | Vida Económica - Editorial SA.Rua Gonçalo Cristóvão, 14 R/C 4000-263 Porto | Tlf: 223 399 437/00 | Fax: 222 058 098Email: [email protected]

Organização:

Formação LABORAL

O Procedimento Disciplinar no âmbito laboral

10 março Lisboa17 março Coimbra9h30-13h00 | 14h00-17h30

FORMADOR: Mestre João Vilas Boas SousaÉ licenciado em Direito pela UCP – Porto no ano de 2002, pós graduado em Direito do Trabalho pela UCP – Porto no ano de 2004, pós-graduado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pelo ISMAI – Porto, no ano de 2006 e, Mestre em Direito do Trabalho pela UCP – Lisboa, no ano de 2012. Exerce Advocacia desde o ano de 2003, tanto a nível de clientela privada como pública (apoio judiciário).Desde o ano de 2005 exerce igualmente os cargos de Chefe de Relações laborais, Diretor de Recursos Humanos e Assessor Jurídico e de Recursos Humanos em várias empresas privadas e multinacionais.Formador de Direito do Trabalho em diversas empresas privadas, professor convidado de Direito do Trabalho na Universidade Fernando Pessoa do Porto e palestrante convidado para conferências e seminários desde o ano de 2006.No ano de 2012 colaborou na 3ª edição do Livro Direito do Trabalho em 100 Quadros e no ano de 2014 publicou o livro O Procedimento Disciplinar para Aplicação de Sanções Conservatórias, ambos da editora Vida Económica.Tornou-se associado e colaborador da Associação de Jovens Juslaboralistas de Portugal no ano de 2013.Vogal da Delegação da Ordem dos Advogados de Vila Nova de Gaia (2014-2016). Autor do livro O procedimento disciplinar para aplicação de Sanções Conservatórias, editado pela Vida Económica.

PROGRAMA• Razão e objeto do processo disciplinar;• Fases do procedimento disciplinar;• Prazos do procedimento disciplinar• Sanções disciplinares;• Critério de decisão e aplicação da

sanção;• Sanções abusivas;• Registo das sanções disciplinares;• O procedimento disciplinar

comum (sanções conservatórias) e o procedimento tendente ao despedimento;

• Problemas associados ao procedimento disciplinar comum;

• Sanções ocultas e eventual prática de contraordenação;

• Vantagens e desvantagens do processo disciplinar comum escrito.

PREÇOS: Público Geral: €80 + IVAAssinantes: €50 + IVA

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6 sexta-feira, 3 de março 2017

Ficha Técnica: Edição e coordenação: Teresa Silveira | Email: [email protected] | Paginação: Célia César e Flávia Leitão | Periodicidade: Mensal

MERCADO MUNDIAL DOS ROBOTS AGRÍCOLAS DEVERÁ CRESCER ATÉ 73 MIL MILHÕES DE DÓLARES EM 2025

Mercado dos equipamentos agrícolas na Europa cai para 39 mil milhões de eurosTERESA SILVEIRA, EM PARIS *[email protected]

Os números impressio-nam, mas não deixam de representar uma

evolução negativa do setor. O mercado dos equipamentos agrícolas na Europa represen-tou 39 mil milhões de euros em 2014, de acordo com o último inquérito revelado no SIMA - Salão Mundial de Equipamen-tos Agrícolas, em Paris, esta se-mana. Os dados mostram uma quebra de 3,9% face a 2013.

Por outro lado, as exporta-ções neste setor ascenderam a 31 mil milhões de euros entre outubro de 2014 e setembro de 2015. Alemanha, França, Itá-lia, Reino Unido e Polónia são, por esta ordem, os principais fabricantes. A América (26%), a Ásia (10%) e África (4,5%) são os principais importadores.

Certo é que o mercado dos equipamentos agrícolas na Eu-ropa está em queda. França, por exemplo, o segundo maior fabricante europeu, registou um volume de vendas de 5,3 mil mi-lhões de euros em 2016, menos 1,8% face a 2015, e é de prever uma nova baixa nas vendas no

primeiro semestre de 2017. Dos industriais abrangidos por este inquérito, 47% apontam como principais causas para o declínio da faturação a diminuição do volume de vendas dos clientes. Já 33% associam-na ao aumen-to do preço dos custos, assim como ao impacto associado à regulamentação do setor.

Não obstante, outro grupo de dados revelados pelo SIMA esta semana mostra que o mercado mundial da robótica agrícola deverá valer 16,3 mil milhões de euros em 2020. Estão regista-dos 20 laboratórios a nível mun-dial dedicados à robótica agrí-cola, sendo, aliás, a agricultura o segundo mercado mundial neste domínio. A região de Au-vergne-Rhône-Alpes, em Fran-ça, deverá acolher em breve um centro de investigação inédito na Europa, centrado justamen-te na investigação ligada à ro-bótica. Será coordenado pelo IRSTEA - Institut National de Recherche en Sciences et Tech-nologies pour l’Environnement et l’Agriculture, liderado por Jean-Marc Bournigal.

“La Révolution Numérique” [A Revolução Numérica] é, por sinal, o título de uma publica-

ção do Ministério da Agricul-tura, Agroalimentar e Florestas francês, cujo ministro, Stéphane de Foll, fala de uma “nova revo-lução agrícola” que é a do mun-do das aplicações informáticas, dos dados, dos robots e dos drones. “Esta revolução é uma verdadeira mudança ou uma tgransformação radical face ao passado recente”, diz o ministro francês. Aliás, dados do Gover-no francês dão conta que 50% dos novos agricultores que se instalam na produção leiteira já adquirem robots de ordenha das vacas.

Num outro continente, África, os números gaham outra vida. Dados revelados pelo SIMA dão conta que a economia africa-na deverá crescer 7,7% ao ano até 2019. África registará um quarto da população mundial em 2050 e os níveis de urbani-zação crescerão 590% até 2030 (cinco mil milhões de urbanos). Em suma, este mercado com-plexo de 54 países, ainda que com níveis de desenvolvimento muito díspares, traz um mundo de oportunidades às empresas mais ágeis.

A jornalista viajou a convite do SIMA.

Pneu EvoBib da Michelin ganha SIMA Innovation Awards 2017

O pneu ‘dois em um’ EvoBib da Michelin, que se transforma a baixa pressão para fornecer uma potência adicional de 20 cavalos em função das necessidades do agricultor, ganhou a medalha de ouro dos prémios de inovação do SIMA 2017.

A “Vida Económica” visi-tou o expositor da Michelin e assistiu a uma demons-tração técnica. Este pneu, quando no campo, a uma pressão muito baixa, a par-te externa dos pernos é implantada no chão com o efeito ‘dobradiça’, aumen-tando a pegada para redu-zir a compactação do solo e aumentando a tração. Em estrada, a uma pres-são mais elevada, o pneu transforma-se, de modo que só a parte central entra em contacto com o solo, gerando economia de com-bustível, aumento da se-gurança e proporcionando uma condução mais suave e sem vibração.

Pneu EvoBib da Michelin ganha medalha de ouro dos prémios de inovação SIMA 2017.

TERESA SILVEIRA, EM PARIS [email protected]

A Herculano Alfaias Agrí-colas, detida pelo grupo Ferpinta desde 1997 e

líder ibérico no fabrico de rebo-ques agrícolas, lançou esta se-mana no SIMA – Salão Mundial de Equipamentos Agrícolas, em Paris, uma nova imagem da marca. O processo de ‘rebran-ding’ surge aliado à adesão da empresa às metodologias de melhoria contínua Kaizen, os quais implicaram um investi-mento global de cerca de três milhões de euros.

Em declarações à “Vida Eco-nómica” em Paris, Ricardo Teixei-ra, administrador da Herculano, revela que, em Portugal, a nova imagem vai ser apresentada aos clientes a 8 de março. O mesmo responsável também adiantou que estão “a desenvolver uma estratégia de crescimento na Eu-ropa, nomeadamente em Fran-ça, Reino Unido e Bulgária, que são mercados muito exigentes”. O objetivo é “preparar a empre-sa para os próximos anos” mas, também, “dar visibilidade ao novo posicionamento da marca, mostrando que somos tão bons em ‘know-how’ como os alemães ou os belgas, que somos mais flexíveis e, até, ligeiramente mais baratos”.

Por outro lado, a Herculano “está a desenvolver um novo equipamento muito voltado para a agricultura de preci-são, porque sabemos que os agricultores têm necessidade de serem mais produtivos e eficientes”. A nova imagem,

o novo site e os novos catálo-gos também vêm dar resposta a esse desafio, diz Ricardo Tei-xeira.

Além dos mercados nacional e europeu, a empresa também está a apostar nos países africa-nos, sobretudo até nos da África francófona e britânica, nomea-damente a Costa do Marfim – o maior produtor mundial de ca-cau -, o Senegal, a Etiópia – o maior produtor mundial de café -, o Quénia, a Tanzânia, a Zâm-bia e a África do Sul. Neste úl-timo, por sinal, vão “participar lá numa feira em maio”, diz Ri-cardo Teixeira, complementado por Luís Silva, diretor comercial e de marketing, que faz ques-tão de notar à “Vida Económi-ca” que o seu “melhor cliente até está na Nova Zelândia”.

A empresa do grupo Ferpinta está, aliás, a “trabalhar em par-ceria com os grandes ‘players’ mundiais da maquinaria agrí-cola”. Justamente antes desta entrevista à “Vida Económica” no SIMA de Paris, a Herculano esteve reunida em negocia-ções para uma parceria que visa “aproveitar o ‘know-how’ da Herculano para o fabrico de componentes e produtos com-pletos para grandes marcas mundiais”, revelou Luís Silva.

A Herculano está sediada em Oliveira de Azeméis, emprega 210 trabalhadores e registou um volume de negócios de 15 milhões de euros (2016). Por sua vez, o grupo Ferpinta, que também opera nos setores do aço e da hotelaria, emprega 1200 pessoas. Faturou 400 mi-lhões de euros.

‘REBRANDING’ DA MARCA DE ALFAIAS AGRÍCOLAS DO GRUPO FERPINTA LANÇADO EM PARIS

Herculano investe três milhões e reforça aposta na agricultura em África

Da esquerda para a direita: Ricardo Teixeira, Fernando Jorge Teixeira e Gonçalo Teixeira, administradores da Herculano Alfaias Agrícolas.

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7sexta-feira, 3 de março 2017

TERESA [email protected]

A Irlanda está a apostar na produção de beterraba para alimentar as suas fábricas, an-tecipando o cenário da libera-lização do mercado do açúcar na União Europeia (UE) em outubro de 2017. Atualmente, o limite de produção de açú-car está em 13,5 milhões de toneladas anuais, com a França e a Alemanha a representarem quase metade da produção da UE (cerca de 24% cada), à fren-te de Polónia (11%) e do Reino Unido (8%).

A Beet Ireland, um consórcio constituído em 2011 que agre-ga cerca de 1000 produtores, apresentou ao Governo local um plano de negócio que prevê o investimento de 400 milhões de euros numa fábrica açuca-reira e de produção de etanol. Terá capacidade para produzir 250 mil toneladas de açúcar

refinado e 11 milhões de litros de bioetanol, a partir do cultivo de 30 mil hectares de beterraba açucareira.

Em Portugal há três fábricas de refinação de açúcar: a RAR Açúcar, no Porto, agregada à holding com o mesmo nome, a SIDUL, em Loures, detida pela American Sugar Refining, e a DAI — Sociedade de Desen-volvimento Agroindustrial, cujo capital é maioritariamente es-panhol e está sediada em Coru-che. Esta última encontra-se em regime de ‘layoff’, ou seja, de suspensão temporária da ativi-dade da quase totalidade dos seus 104 trabalhadores.

Jorge Correia, diretor-geral da empresa, tinha avançado à “Vida Económica” em 2013 a intenção de investir 30 milhões de euros na reconversão da fá-brica de Coruche para passa-rem de novo a produzir açúcar a partir da beterraba. Isto, já que

desde 1990 que a DAI, em as-sociação com mais de 800 agri-cultores da região, já fabricava açúcar a partir da beterraba. Um projeto que falhou devido à redução, em 2007, da quota de açúcar de beterraba atribuída a Portugal, cujo preço pago pela indústria aos produtores passou de 45 para 26 euros por tone-lada.

Brasil, Tailândia e Austrália são grandes produtores mundiais

Fruto dessa reversão, a DAI recebeu cerca de 15 milhões de euros de Bruxelas para a recon-versão e os agricultores cerca de 14 milhões para desistirem da produção de beterraba e enveredarem por outras plan-tações.

Chegados a 2017, a indefini-ção mantém-se, fruto da libera-lização do setor já em outubro e

das dificuldades de importação de ramas de cana-de-açúcar a preços competitivos. Portugal mantém três fábricas com a la-boração nos mínimos. Além do processo de ‘layoff’ na DAI, a “Vida Económica” sabe que a RAR tem vindo a reduzir a pro-dução, assim como o número de postos de trabalho através de acordos de rescisão.

Na União Europeia estão contabilizadas cerca de 111 beterrabeiras e 39 unidades de refinação de ramas de cana de açúcar. Resta saber como vão, umas e outras, adaptar-se ao futuro. O setor da beterraba de açúcar na UE conta com 139 mil produtores de beterraba e 30 mil trabalhadores na indústria açucareira, de acordo com da-dos de 2014.

Fora da Europa, a Tailândia e a Austrália são os maiores ven-dedores de açúcar no mercado internacional e, do outro lado

do Atlântico, no Brasil, o setor também está em alta.

A colheita de beterraba saca-rina no Brasil atingiu um recorde de 3,95 milhões de toneladas em 2016. O país encara, aliás, a produção desta matéria-prima com potencial a dois níveis: para a produção de açúcar e a produção do etanol. No último ano, de acordo com dados di-vulgados pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas e o Sindicado da Indústria do Açú-car de Minas Gerais (SIAMIG), 52% da produção de beterra-ba foi destinada à produção de etanol e 48% destinada à pro-dução de açúcar.

Também de acordo com as projeções da Companhia Na-cional de Abastecimento (Co-nab), a produção de açúcar deverá atingir 39,96 milhões de toneladas na colheita de 2016/2017, ou seja, mais 19,3% que em 2015/16.

LIBERALIZAÇÃO DO SETOR DO AÇÚCAR EM OUTUBRO FAZ TREMER AS TRÊS REFINADORAS NACIONAIS

Açúcar: Beet Ireland investe 400 milhões na refinação de beterraba

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8 sexta-feira, 3 de março 2017

TERESA [email protected]

Os cerca de 140 partici-pantes que estiveram reunidos em Lisboa a

meados de fevereiro no semi-nário “A Reforma da Floresta: Necessidades e Oportunida-des” não estão certos da efi -cácia da reforma do Governo para o setor fl orestal.

Num comunicado enviado à

“Vida Económica”, a UNAC – União da Floresta Mediterrâni-ca dá conta de que, “ainda que com algumas questões positi-vas, as propostas [do Governo] fi cam muito longe de constituir uma resposta integrada para as necessidades do setor fl o-restal”.

António Gonçalves Ferreira, presidente da UNAC, mani-festa-se “contra a proibição de arborização com eucalipto, que não vai resolver nenhum problema da fl oresta“. Aler-tou ainda, durante o mesmo seminário, para a necessidade absoluta de serem “criados incentivos de natureza fi scal que estimulem o investimento e minimizem o longo período de retorno do investimento fl o-restal”.

Também Domingos Patacho, da QUERCUS, referiu que “a falta de fi scalização fl orestal é gritante”, aludindo aos pro-blemas associados às arbori-zações com eucalipto. Referiu ainda que “a aposta deveria incidir no ordenamento fl ores-tal e em políticas públicas que estimulem as ZIF [Zonas de In-tervenção Florestal] e o inves-timento”.

Por sua vez, a Ordem dos Engenheiros, através de Luís Rochartre, alertou que os go-vernos têm preferido tentar resolver problemas pontuais em vez de uma abordagem sistémica, sintetizando numa frase estas opções em matéria de defesa da fl oresta contra in-cêndios: “planear na confusão,

gerir na esperança”. Tiago Oliveira, da empresa

The Navigator Company, afi r-mou durante o seminário que a elevada recorrência dos incên-dios fl orestais desincentiva os investidores fl orestais, tendo ainda defendido a “criação de uma estrutura dedicada à de-fesa da fl oresta, integrando a prevenção e apoiando o com-bate, dotada de um orçamento global e autónomo”.

Porr sua vez, o vice-presi-dente da Câmara de Mação, António Louro, explicou que as “sociedades de gestão fl ores-tal poderiam ser um importan-te instrumento para a gestão comum sem perder a posse da terra, mas não no atual forma-to da reforma da fl oresta”. Afi r-mou ainda que a transferência de funções para os municípios, tendo de ser corretamente operacionalizada, “pode col-matar a ausência de uma visão territorial macro, sendo estas responsabilizadas pela sua ação através dos períodos elei-torais”.

Por fi m, e relativamente à abordagem de municipaliza-ção da política fl orestal, An-tónio Gonçalves Ferreira, da UNAC, advertiu para “os ris-cos da transferência de fun-ções para os municípios, que é uma desresponsabilização do Estado central, e por aqueles não terem estrutura nem com-petências técnicas para a exi-gência e dimensão da tarefa”. Alertou ainda para os atuais problemas do PDR 2020 no que concerne às medidas fl o-restais, insistindo “na absoluta necessidade de uma politica pública de apoio ao investi-mento fl orestal”. Uma política “que integre de forma adequa-da todas as fontes e mecanis-mos disponíveis, a União Euro-peia, o Orçamento de Estado, o Fundo Florestal Permanente e Fiscalidade, coresponsabili-zando também o produtor fl o-restal para o reinvestimento”.

TERESA [email protected]

Uma auditoria do Tribu-nal de Contas à ação dos fundos ambientais

– Fundo Florestal Permanente (FFP), Fundo para a Conserva-ção da Natureza e da Biodi-versidade (FCNB) e Fundo do Aproveitamento Hidroelétrico do Baixo Sabor (FAHBS) –, pu-blicada a 15 de fevereiro, reve-la que quer o FFP quer o FCNB “apresentaram uma fraca execução”, registando taxas de 41% e 45%, respe-tivamente. Diz o Tribunal de Contas que também o FAHBS “registou baixas taxas de exe-cução nos anos de 2013 (47%) e 2014 (50%).

O FFP dispunha de 67,5 mi-lhões de euros de receita no período 2013-2014 e só exe-

cutou 41%. Por sua vez, o FCNB tinha á sua dispo-sição 1,1 milhões de euros nos anos 2012-2014, mas só executou 45%. Já o FAHBS, cujas receitas disponíveis eram de 1,7 milhões de euros entre 2012 e 2014, só executou 47% em 2013 e 50% em 2014. Isto, além de que se verifi caram “defi ciências nos processos de concessão dos apoios e situações evidenciando falhas de controlo”.

Recorde-se que o FFP foi criado pelo Decreto-Lei n.º 63/2004, de 22 de março. Destina-se a apoiar, de acordo com a Lei de Bases da Políti-ca Florestal, a estratégia de planeamento e gestão fl ores-tal, a viabilização de modelos sustentáveis de silvicultura e de ações de reestruturação fundiária, as ações de pre-venção dos fogos fl orestais, a valorização e promoção das funções ecológicas, sociais e culturais dos espaços fl ores-tais, e ações específi cas de in-

vestigação aplicada, demons-tração e experimentação. O fundo está estruturado em cinco eixos: Sensibilização e informação; Defesa da fl ores-ta contra incêndios; Promoção do investimento, da gestão e do ordenamento fl orestais; Funções ecológicas, sociais e culturais da fl oresta; Investiga-ção aplicada, experimentação e conhecimento.

“ICNF não avalia a efi cácia e efi ciência na utilização dos recursos”

Por sua vez, o FCNB, cuja estratégia foi aprovada em 2001, destina-se a apoiar a ges-tão da infra--estrutura

básica de su-porte à conservação da natureza e biodiversidade.

Por último, o FAHBS foi extinto pelo Despacho n.º 15524/2016, de 26 de dezem-bro, tendo a AMBS - Associa-ção dos Municípios do Baixo Sabor de Fins Específi cos as-sumido competência para a concretização do previsto no n.º 8 da Declaração de Impac-te Ambiental do projeto ‘Ava-liação Comparada dos Apro-veitamentos Hidroelétricos do Alto Côa e Baixo Sabor’.

O Tribunal de Contas faz questão de realçar que a ges-tão destes três fundos esteve a cargo do Instituto da Conser-vação da Natureza e das Flo-restas (ICNF), situação que se mantém quanto ao FFP, tendo os restantes fundos sido extin-

tos no início de 2017, com a criação do Fundo Ambiental.

Isto não impede o Tribunal de Contas de dizer que “o ICNF não realiza avaliações ‘ex ante’ tendo em vista otimi-zar a afetação de recursos do FFP aos diferentes eixos de intervenção e, dentro destes, às tipologias de ações elegí-veis”. Por outro lado, “as ava-liações ‘ex post’ reportam-se à verifi cação da utilização dos recursos fi nanceiros disponi-bilizados”, não é “avaliada a economia, efi cácia e efi ciência na utilização desses recursos nem os seus impactos ambien-tais, sociais e económicos”.

Aliás, acrescenta esta au-ditoria, “os critérios esta-

belecidos pelo ICNF nos concur-

sos para atribui-ção de apoios do FFP

n ã o incluem fatores re-

lacionados com os ob-jetivos ambientais, sociais e económicos expressos no di-ploma legal que regula a con-cessão desses apoios”. E, na abertura de concursos exclu-sivamente dirigidos a alguns dos tipos de ação previstos no Regulamento do FFP, o ICNF “impede que sejam apoiadas e incentivadas ações mais ino-vadoras ou de menor relação custo/benefício, de elevado valor ambiental, social ou eco-nómico”.

A “Vida Económica” ques-tionou insistentemente o Mi-nistério da Agricultura sobre o teor dos resultados desta au-ditoria do Tribunal de Contass mas, até ao fecho da edição, não obteve qualquer reação.

FUNDO FLORESTAL PERMANENTE, FUNDO PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E FUNDO DO APROVEITAMENTO DO BAIXO SABOR EXECUTARAM MENOS DE 50%

Tribunal de Contas denuncia “fraca execução” dos fundos ambientais

Proposta do Governo “fi ca muito longe das necessidades do setor fl orestal”

O ICNF não avalia “ex post” “a economia, efi cácia e efi ciência na utilização desses recursos nem os seus impactos ambientais, sociais e económicos”