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Fundo de Desenvolvimento Técnico-científico financiará pesquisas no Piauí Página 16 UM OLHAR GLOBAL NO PASSADO Cientistas de vários países discutem os rumos da Arqueologia no berço do homem americano TERESINA - PI, SETEMBRO DE 2009 • Nº 21 • ANO V ISSN - 1809-0915 De Parnaíba a Parnaguá: o Piauí é um grande sítio arqueológico Páginas 4, 5, 6, 7, 10 e 11 Projeto sobre a religiosidade piauiense recebe prêmio do MinC Páginas 12 e 13

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Fundo de Desenvolvimento Técnico-científico financiará

pesquisas no PiauíPágina 16

UM OLHAR GLOBAL NO PASSADOCientistas de vários países discutem os rumos da Arqueologia

no berço do homem americano

TERESINA - PI, SETEMBRO DE 2009 • Nº 21 • ANO V

ISSN - 1809-0915

De Parnaíba a Parnaguá: o Piauí é um grande sítio arqueológico Páginas 4, 5, 6, 7, 10 e 11

Projeto sobre a religiosidade piauiense recebe prêmio do MinCPáginas 12 e 13

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TERESINA - PI, SETEMBRO DE 2009

ISSN - 1809-0915

Informativo produzido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado do Piauí - FAPEPI Fone: (86) 3216-6090 Fax: (86) 3216-6092

Diretor EditorialAcácio Salvador Véras e Silva

Conselho EditorialAcácio Salvador Véras e Silva Francisco Laerte J. Magalhães

Welington Lage

EditoraMárcia Cristina

Reportagens e fotosMárcia Cristina (Mtb-1060) Roberta Rocha (Mtb-1856)

Revisão de texto

Assunção de Maria S. e Silva

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica

Invista Publicidade(86) 8844.0215

ImpressãoGráfica e Editora Halley SA

Tiragem 6 mil exemplares

Publicação Trimestral

FOTO CAPA:Sítio Boqueirão da Pedra Furada no Parque Nacional Serra da Capivara /

Paulo Barros

Críticas, sugestões e contatos

[email protected] [email protected]

www.fapepi.pi.gov.br

Nº 21 • Ano V • Setembro de 2009

Governador do EstadoWellington Dias

Presidente Acácio Salvador Véras e Silva

EDIT

OR

IAL

A inovação do ensino de História nas séries iniciais

O e n s i n o d a d i s c i p l i n a História há

muito tempo tem sido ministrado de maneira enfadonha e descontextualizada. Isso gera uma grande desmot ivação na maioria do alunado, evidenciando dessa forma a necessidade de mudarmos a prática docente, sobretudo no

que diz respeito à metodologia de ensino, seleção de conteúdos, recursos didáticos e a formação de professores. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) - História (1997) apresenta orientações para que os docentes de séries iniciais possam desenvolver atividades que contribuam com o processo ensino-aprendizagem privilegiando a ampliação de competências que possibilitem a formação da cidadania.

Assim, os PCNs preveem para o Ensino Fundamental possibilitar ao aluno identificar o próprio grupo de convívio, suas relações no tempo e espaço; organizar alguns repertórios histórico-culturais; conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais; questionar sua realidade identificando seus problemas e refletindo sobre os mesmos; utilizar métodos de pesquisa e produção de textos de conteúdos históricos; valorizar o patrimônio sócio-cultural e respeitar a diversidade.

Em relação aos conteúdos de História, as orientações dão prioridade para que se iniciem as atividades trabalhando com o conteúdo “Eu”. Dando continuidade abordando a importância de o aluno conhecer sua identidade, a família inserida na sociedade e na escola; analisando seus direitos e deveres a partir de acontecimentos pertinentes a sua rua e seu bairro. Logo, o discente ampliara seus estudos considerando seu município, estado e país dentro de uma

visão social, cultural, econômica e política. De acordo com as diretrizes para se ter uma postura didática adequada o professor deve buscar valorizar os saberes que os alunos já possuem; propor novos questionamentos; organizar pesquisas e investigações.

Segundo Bittencourt (2004), o método tradicional ainda se apresenta como um dos vilões do ensino de História, pois docentes e pesquisadores não conseguem defini-lo concretamente. Para atenuar essa situação Bittencourt (2004) sugere a “introdução do método dialético no ensino de História e demais disciplinas” devido o confronto de teses opostas que o mesmo promove. “O confronto das teses possibilita a elaboração do critico”, o que é desejável para alunos e professores.

No que diz respeito aos critérios de avaliação, os PCNs orientam os educadores a valorizar e reconhecer os conhecimentos e saberes já elaborados pelos alunos. O ato de avaliar nos remete a necessidade de estarmos diagnosticando o que de fato o corpo discente sabe e precisa aprender.

Considerando o exposto em relação ao processo ensino-aprendizagem, verificamos que a formação continuada dos professores de séries iniciais precisa contemplar a relação entre a teoria – prática, com a finalidade de capacitar os mesmos para uma nova abordagem do ensino de História. Assim, segue algumas sugestões de como inovar o ensino de História nas séries iniciais, a partir dos recursos didáticos.

C o m o s u g e s t õ e s i n i c i a i s , mencionamos a elaboração do “Memorial” de cada aluno. Essa atividade deve ser realizada individualmente, pois ela tem por objetivo fazer com que o aluno conheça suas origens; após ter sido analisado pelo professor, deve-se socializar com a turma como forma de conhecer e respeitar a identidade de cada um. Com isso, o discente passa a conhecer a origem de sua família, em seguida vem a criação da “Árvore Genealógica” que viabiliza

o acesso à história de seus antepassados e o entendimento do porquê residem em tal localidade. Passando pelo estudo da família, entramos no estudo do bairro, onde professor e alunos sairão para percorrer as ruas do bairro em que moram, verificando como ele surgiu, quem foram os moradores mais antigos, os problemas, o comércio, a religiosidade, a cultura, a organização política e demais situações. Após, o professor pode construir com a turma uma maquete do bairro, textos coletivos e individuais, painéis com fotografias, cartazes com desenhos ou frases explicando a realidade do mesmo. Realizar debates, organizar seminários para participarem do evento, peças teatrais, mostrando o cotidiano do bairro, produção de jornal do bairro, paródias, feira cultural, feira artesanal, documentário, dicionário, análise de filmes, documentários, atos públicos como maneira de chamar a atenção das autoridades em relação às problemáticas diagnosticadas no decorrer dos trabalhos.

Todas essas ações podem e devem ser realizadas com a participação direta dos alunos, isso fará com que se sintam responsáveis por seu aprendizado, além de motivados e interessados. Salientamos que essas atividades são de baixo custo e que para evitar maiores despesas, o professor poderá utilizar materiais de sucata.

Portanto, a inovação do ensino de História nas séries iniciais tornar-se-à realidade à medida que a comunidade escolar une-se para mudar os procedimentos de formação profissional e aplicação dos conhecimentos acadêmicos, como contrapartida na construção de cidadãos críticos, éticos e politizados.

* Profª da Faculdade R.Sá e UFPI - Picos [email protected]** Profª da Faculdade Evangélica Cristo Rei [email protected]

Arqueologia e progresso

Isabel C. de Aguiar Orquiz*Luiza L.Borges da Silva**

Chegamos à 21ª edição do nosso Informativo Sapiência. Dessa vez, com orgulho por abrir espaço para Arqueologia. A importância dessa área do conhecimento nunca conquistou tanto reconhecimento internacional para o Estado do Piauí, como recentemente, com a escolha do Brasil e do Estado do Piauí para a realização do maior acontecimento científico, no mundo, o Global Rock Art – Congresso Internacional de Arqueologia e Arte Rupestre. Realizado aqui, não por acaso, mas, obviamente, onde cada vez mais tem-se comprovado ser o berço do homem americano: o Parque Nacional Serra da Capivara, localizado no entorno de quatro municípios, no Sudeste do Piauí.

Pesquisadores de mais de 40 países vieram conhecer este que é considerado um dos tesouros arqueológicos mais importantes do planeta, pela sua diversidade de vestígios e pela peculiaridade do modo de vida do homem que chegou por lá há pelo menos 50 mil anos, conforme as descobertas da Dra.

Niede Guidon. Aliás, o Sapiência já fez uma justa menção a ela, na 5ª edição do Informativo. Guidon revolucionou a teoria até então estabelecida do povoamento das Américas, justamente quando começou seus estudos no ano de 1973, no Parque, que hoje é considerado o maior museu aberto do mundo para estudos na área, tendo uma concentração de mais de 1.300 sítios arqueológicos, muitos ainda a serem investigados. E certamente a contribuição da pesquisadora já vem deixando frutos importantes, ao se constatar que pesquisadores, professores e estudantes do Piauí, oriundos do curso de graduação e de mestrado da UFPI, recentemente criados, já estão utilizando o local para aulas práticas e teóricas.

Nesta edição, estão sendo apresentadas reportagens sobre trabalhos de muitos cientistas no Global Rock Art. Na entrevista, o destaque é a Dra. Conceição Lage, piauiense especialista em uma área única na América Latina, a arqueoquímica, ou seja, a utilização da química na pesquisa arqueológica e também uma das pesquisadoras que mais vêm contribuindo para o

desenvolvimento e preservação dos vestígios do homem pré-histórico em outras regiões do Piauí.

E q u a n d o f a l a m o s e m desenvolvimento, certamente a arqueologia está inserida. Assim como ocorre nos países mais desenvolvidos, no Brasil e no Piauí estamos começando a perceber que os estudos e os achados podem ser sinônimos de progresso, porque muitas outras áreas estão diretamente ligadas a ela, como o turismo, a arquitetura, o artesanato, a moda, as artes plásticas e cênicas, mas principalmente o grande legado dos nossos antepassados é quando podemos perceber, olhando para nós mesmos, que é possível tirarmos lições a partir do modo de vida que eles empregavam e que, sem saber, resolveram deixar para nós, para mostrar que só é possível viver numa sociedade organizada e em harmonia, quando guardamos nossas tradições, costumes e respeitamos o meio ambiente e o próximo.

Acácio Véras

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A l o g í s -t i c a é u m a

á r e a t r a d i -c i o n a l d a administração e uma etapa e s s e n c i a l

em muitas atividades industriais e comerciais. Com o propósito de atender às exigências do consumidor, a logística se ocupa com o percurso do produto desde a origem até o ponto de consumo. Algumas atividades dependem cada vez mais de uma logística eficiente, dentre as quais podemos citar as empresas manufatureiras, empresas de transporte, empresas alimentícias, serviços postais, serviços com entrega à domicílio, indústrias de bebidas, entre outras. A atividade logística compreende o estabelecimento das relações entre os fornecedores e os revendedores, a entrega de bens aos consumidores e o fluxo de produtos desde o ponto

de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final. Também, o fluxo de processos e matérias-primas numa linha de montagem requer uma atividade logística bem planejada.

Cresce ho je uma ou t ra logística, no sentido inverso, ou seja, indo do consumidor ao fabricante ou distribuidor. É a Logística Reversa. Essa logística é motivada, inicialmente, pela proposição de um melhor destino aos bens de pós-consumo. A logística reversa é a responsável pelo retorno de produtos aos fabricantes para que eles possam reaproveitar os componentes desse produto ou, pelo menos, dar um destino ambientalmente correto a eles. Um exemplo bem conhecido são as embalagens retornáveis nas indústrias de bebidas (garrafas de vidro).

A necessidade da logística reversa tem se acentuado em todo o mundo em função da quantidade e variedade de produtos com ciclos de vida cada vez mais curtos.

Geralmente, os bens de pós-consumo só tem tido dois destinos: a reciclagem e os aterros. Os aterros devem apresentar uma estrutura adequada para receber materiais como celulares, pilhas, baterias e tantos outros produtos que impactam o meio ambiente. Portanto, a logística reversa é duplamente justificada: 1) a maioria dos aterros brasileiros não apresentam esta estrutura e 2) os produtos de pós-consumo (lixo), quando devidamente reaproveitados, podem auferir ganhos econômicos, ambientais e sociais.

Quando os bens pós-consumo poluem o ambiente, tanto as empresas que os fabricaram como os consumidores que os utilizaram têm responsabilidades ambientais (princípio do poluidor-pagador). Algumas empresas estão cada vez mais preocupadas com a sua imagem no mercado e procuram reduzir os impactos de suas atividades na natureza a fim de serem consideradas ecologicamente corretas.

* Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente da [email protected] **Prof. Dr. de Química da [email protected]

A Pol í t i ca Es tadua l de Resíduos Sólidos de Minas Gerais prevê obrigações e responsabilidades para os fabricantes, revendedores, comerciantes, distribuidores e para os próprios consumidores. Em breve a logística reversa será incorporada à legislação ambiental brasileira e, portanto, pautará também as atividades da indústria e do comércio no Piauí.

A Logística Reversa é uma necessidade em todas as sociedades desenvolvidas. A academia deve estar preparada para auxiliar o setor produtivo a cumprir seu papel sócio-ambiental através de pesquisas que apontam a melhor forma de reaproveitar ou destinar corretamente os bens de pós-consumo. Conhecer as possibilidades de logística reversa em Teresina é um primeiro passo.

Logística Reversa

Formação discente no hospital psiquiátrico

Apesar de todas as conquis-

tas do Movimento d a R e f o r m a P s i q u i á t r i c a B r a s i l e i r a n o redirecionamento d o m o d e l o a s s i s t e n c i a l

psiquiátrico brasileiro, o modelo hospitalocêntrico persiste como modalidade hegemônica de atenção e ensino. Teoricamente prevalece a leitura negativa dessa organização que, para Goffman (1996), é uma instituição total; para Foucault (1978), é uma instituição que tem por tarefa aniquilar o não ser (da loucura) e para Basaglia (1985), é uma instituição de violência. Essa visão ganha aceitação até mesmo de organismos internacionais, como a Organização Panamericana de Saúde, que a visualizam pelos seus aspectos iatrogênicos e violadores de direitos humanos. Historicamente, é impossível negar essa fase cruel, repressora, controladora e violadora dos hospitais psiquiátricos.

Este estudo partiu da seguinte indagação: como é possível implementar

a formação profissional baseada na reforma psiquiátrica tendo por campo de prática de estágio, de ensino e de pesquisa o hospital psiquiátrico?

Os objetivos que tiveram como base os pressupostos da reforma psiquiátrica no Hospital Areolino de Abreu (HAA) foram: compreender como se dá a formação profissional dos discentes de nível superior; inventariar as preocupações centrais inseridas no cotidiano de prática docente e descrever as possíveis contribuições da prática docente na concretização da reforma psiquiátrica a partir das práticas no HAA.

A metodologia adotada foi qualitativa e as estratégias de campo empregadas nesse estudo de caso foram: a entrevista focada na experiência didático-pedagógica complementada pelas técnicas de observação direta e observação participante. O HAA foi escolhido para ser o local do nosso estudo, pois é tido como hospital escola referência da assistência e do ensino em psiquiatria no Piauí. Constituíram-se como sujeitos da pesquisa 06 docentes de 04 categorias profissionais distintas, no ano de 2006.

A análise das informações

apontou as contradições vivenciadas pelos docentes no cot idiano da formação profissional dirigida aos discentes, o que a nosso ver ainda não configurou uma ressignificação da formação profissional no âmbito do Hospital Psiquiátrico. Embora hegemonicamente a formação em saúde mental ainda se centre em tal instituição, ela deve ser repensada no contexto da reforma psiquiátrica, tendo em vista que as diretrizes do Ministério da Saúde apontam para a superação do modelo hospitalocêntrico.

A condução da formação neste lócus prioritário tem por eixo a patologia e o momento de agudização dos sintomas da enfermidade, haja vista que as ações dos hospitais em termos de reabilitação psicossocial são secundarizadas e em certas circunstâncias inexistentes predominando a clínica tradicional. Vale mencionar que poucos docentes trouxeram à cena a discussão da clínica ampliada ou clínica da reforma.

Entendemos que a transformação das ações somente se consolidará se forem prementes e constantes as dinâmicas de modificações nas concepções de mundo, sociedade e homem de todos os sujeitos envolvidos

no processo. Tais transformações exigem do docente uma tomada de posição clara sobre a condução da formação profissional no hospital escola psiquiátrico, pois esta não pode prescindir da necessidade de se fazer escolhas e assumir o ônus desta opção, não transgredindo valores e princípios teóricos, norteadores de um modelo de atenção à saúde, que para ser viável requer a ação de profissionais dispostos a intervir na realidade social, por desfrutarem de instrumentos que os coloquem em condição privilegiada para enfrentar os desafios que são propostos, extraindo deles suas vantagens em favor do homem e da humanidade, num plano ético-pedagógico inequívoco.

Os depoimentos dos docentes indicaram a necessidade de um repensar da função do HAA como espaço de formação profissional, o que ainda está por ser feito. Acreditamos que para tal, há que haver empenho de cada docente em particular, da direção do HAA e dos gestores dos currículos das IES.

*Profa MSC da Faculdade Integral Diferencial (FACID) [email protected]

Lucíola G.G.C. Feitosa*

Elaine A. da Silva*José M. Moita Neto**

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Global Rock Art projeta internacionalmente o Parque Nacional Serra da Capivara

EEM4

O Piauí e o Brasil nunca mais serão esquecidos em rodas internacionais

quando o assunto for arqueologia. Pela primeira vez, o país foi escolhido para ser sede de um suntuoso evento internacional de arqueologia e arte rupestre. O Ifrao (The International Federation of Rock Art Organizations), decidiu, ainda em 2006, que o Parque Nacional Serra da Capivara, local izado na região Sul do Piauí, seria a sede do Congresso Internacional de Arqueologia e Arte Rupestre – o Global Rock Art. O evento aconteceu com todo o sucesso esperado, de 29 de junho a 3 de julho deste ano. Uma das justificativas da direção do Ifrao foi a de que a região do Parque Nacional Serra da Capivara reúne a maior concentração de arte rupestre

do mundo e por isso especialistas do mundo inteiro teriam interesse em conhecê-la. Diante desse fato, o encontro reuniu cientistas de 40 países, além de professores e estudantes de vários estados brasileiros.

A história do Global Rock Art começou em sua primeira edição em 1992, na Austrália, e o evento já foi realizado em vários países, como Estados Unidos, Índia, Namíbia, Bolívia, Portugal e Itália. O último ocorreu em Lisboa, em 2006. O Ifrao foi criado em 1988, na Austrália, durante a primeira grande conferência acadêmica internacional dedicada exclusivamente ao estudo da arte rupestre pré-histórica. Reúne cerca de sete mil pesquisadores ligados a 43 organizações em arte rupestre em todo o mundo. No Piauí, a

Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) é entidade associada e, por ter

como anfitriã,

a diretora presidente da entidade, arqueóloga Niéde Guidon, esta presidiu o congresso.

A proposta do Global Rock Art é tentar demonstrar que a globalização não é um fenômeno atual, ela começa no berço da civilização africana quando o homem busca ocupar out ros continentes. Vários trabalhos de pesquisas foram apresentados e, no final, a comunidade científica foi quase unânime ao opinar que este foi o melhor de todos os encontros já realizados.

Da importância científica e social do evento, ressalta a socióloga Anne-Marie Pessis, doutora em Ciências Sociais pela Universidade de Nanterre (França, 1980) e diretora científico-técnica da Fundação Museu do Homem Americano de São

Raimundo Nonato: “O Congresso

Internacional d e A r t e

R u p e s t r e n o P iau í fo i um e v e n t o d e d i v u l g a ç ã o

científica que

permitiu difundir o valor científico e cultural de pinturas e gravu-ras rupestres do Parque Nacional Serra da Capivara. Mostrou à c o m u n i d a d e i n t e r n a c i o n a l como no Estado do Piauí existe um excepcional acervo pictórico pré-histórico que determinou sua inclusão na Lista do Patrimônio Mundial (UNESCO). Mostrou, também, o nível de excelência com o qual este patrimônio cultural da pré-história é conservado e protegido, sendo o Piauí, onde melhor se honram os compromissos assumidos pelo Brasil, no plano da preservação do patrimônio mundial”.

A socióloga ressalta que a realização do evento deu uma maior visibil idade ao Parque Nacional Serra da Capivara no cenário mundial. “A realização do Congresso será, sim, um divisor de águas, pois permitiu evidenciar a capacidade do Estado do Piauí de organizar de forma extraordinária um congresso internacional num município com uma infraestrutura for temente def ic iente . Além d i s s o , d e m o n s t r o u s u a capacidade de mobi l izar um município, aglutinando a população

que foi muito solidária na preparação e realização

do evento, dando provas de um

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Global Rock Art projeta internacionalmente o Parque Nacional Serra da Capivara

EEM 5

Anne-Marie PessisDiretora científico-técnica da [email protected]

OPeRACiONALizAçãO

A Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) foi criada no ano de 1986, em São Raimundo Nonato, Estado do Piauí. Trata-se de uma entidade científica, filantrópica, uma sociedade civil, sem fins lucrativos, declarada de utilidade pública estadual e federal e cadastrada no Conselho Nacional de Assistência Social. A FUMDHAM foi criada por pesquisadores de uma

cooperação científica binacional (França-Brasil). As pesquisas tornaram-se interdisciplinares, criando-se o Projeto Piauí, cujo tema de pesquisa foi definido como “A interação homem-meio, da pré-história aos dias atuais, no sudeste do Piauí”. Durante os últimos trinta anos, essa equipe científica estudou a região, constituindo um importante acervo de conhecimentos sobre a área. Hoje, a FUMDHAM tem como finalidade operacionalizar

potencial de cidadania de sua população”, completou Anne-Marie Pessis.

A diretora presidente da FUMDHAM, Niéde Guidon , j á v i s l u m b r a u m f u t u r o para a arqueologia e para o desenvolvimento da região. “Aqui nós já tivemos três congressos internacionais, mas nenhum tão grande como esse. Houve um investimento muito grande do governo, que abriu essas portas e agora temos que aproveitar, pois tudo isso tem que voltar para o Piauí, justamente a ideia foi essa. A presença de pesquisadores aqui de vários países reforça a importância do Parque e levarão as notícias e as descobertas daqui para o mundo todo. Temos aqui um centro de pesquisa de nível internacional, o que possibilita a realização periódica de congressos. A partir de agora, as pesquisas em rede serão ampliadas, temos um centro e um museu virtual e vai começar um trabalho de intercâmbio de professores e alunos, que é excelente para a formação de todos”, e completou, “sentirei-me realizada no momento em que tiver a certeza de que eu posso morrer sabendo que o museu, as pesquisas, esses laboratórios, e tudo o que existe aqui, vão continuar sendo mantidos no mesmo nível internacional, e que as pessoas aqui da região vão poder continuar trabalhando e que as coisas não têm um fim”, concluiu Niéde Guidon no encerramento do

evento. Niéde Guidon começou os trabalhos de escavação

na região ainda nos anos 70.

o retorno dos resultados das pesquisas à sociedade, tanto no plano cultural, ecológico, como no plano desenvolvimento sócio-econômico da área de proteção ambiental que circunda o Parque Nacional da Serra da Capivara.

Depois da realização do Global Rock Art, a diretora científico-técnica da FUMDHAM, Anne-Marie Pessis revela que a meta da Fundação é dar continuidade ao trabalho realizado para a concretização do evento. “A capacidade de mobilização do Estado do Piauí deve ser aproveitada para dar seguimento a este grande esforço e investimento realizado. Além disso, a finalização do aeroporto internacional viabilizará uma visitação regular e progressiva, assim como a realização de novos eventos científicos e de congressos de outras áreas temáticas”, destacou Anne Marie.

Outro ponto ressaltado pela socióloga é a recente criação do Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente, pelo CNPq/MCT, com sede na Fundação Museu do Homem Americano que abre um leque de possibilidades de realização de projetos acadêmicos e de pesquisa, assim como a realização de atividades de desenvolvimento turístico que beneficiarão à macro região de São Raimundo Nonato e consequentemente ao Estado do Piauí como um todo.

Niéde Guidon, que presidiu o Global Rock Art, em discurso durante o encerramento do evento

Projétil utilizado para flexa fabricado há 8 mil anos e encontrado na Serra da Capivara (foto 1); detalhe interno do Museu do Homem Americano, que guarda urna funerária com restos de um esqueleto (foto2 e 3);

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Devemos deixarde lado a visão corriqueira

de que somente o poder público deve adotar

medidas para proteção de seu patrimônio. É um dever

solidário, de todos.

diretamente para a preservação de suas riquezas culturais é a ONG, a NPA, em Andrelândia, Minas Gerais, que protege a Serra de Santo Antônio, onde está localizado o Sítio Arqueológico da Toca do Índio, com um rico acervo de pinturas rupestres de mais de 3.500 anos de idade. O sítio estava abandonado pelo poder público e sofria forte depredação pelo homem tanto em sua vegetação de mata atlântica quanto dos vestígios do homem pré-histórico. Com a atuação da NPA, o local foi transformado em Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio, em área hoje protegida pela Lei de Crimes Ambientais, reconhecida em 2001 pelo Ibama como Reserva Par t icular do Patrimônio Natural, numa unidade de conservação federal. O local passou a receber sinalização, foi estruturado para receber turistas, passou a ter viveiro de árvores nativas para reflorestamento e aulas de educação ambiental e patrimonial para a comunidade e turistas. Os resultados são visíveis: o processo de degradação do sítio foi freado, a comunidade passou a conhecer e ter maior consciência sobre o seu patrimônio arqueológico, houve aumento do fluxo turístico no município e o poder público passou a dar maior atenção ao seu patrimônio.

EEM

Participação comunitária na preservação do patrimônio arqueológico brasileiro

O Art. 216 da Constituição F e d e r a l B r a s i l e i r a estabelece que os bens

de natureza material e imaterial constituem patrimônio cultural brasileiro, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência e identidade à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, no qual incluem: os conjuntos urbanos e sítios de valor históricos, paisagístico, artístico, arqueológico, pa leontológico , ecológico e científico. A Lei de Proteção ao Patrimônio Arqueológico Brasileiro, Nº 3.924 de 1961, estabeleceu um regime jurídico próprio para os bens de valor arqueológico; ela estabelece que nenhum sítio pode ser destruído ou explorado economicamente, sem ser, primeiramente, pesquisado. A Lei 6.513/77 (Art. 1º, I) considera os sítios arqueológicos e pré-históricos como bens de interesse turístico. Já a Lei de Crimes Ambientais, Nº 9.605/98, prevê pena de reclusão de um a três anos e multa para quem destruir, mutilar, danificar ou alterar o aspecto de sítios ou bens

arqueológicos (Artigos 62 e 63), inclusive as pessoas jurídicas podem responder criminalmente.

Foi sobre essas questões que o Coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, órgão vinculado à Procuradoria Geral de Justiça, Marcos Paulo de Souza Miranda, proferiu palestra no Congresso Internacional de Arte Rupestre - o Global Rock Art, no município de São Raimundo Nonato, para uma plateia seleta de pesquisadores de vários países, professores e estudantes de cursos de arqueologia da UFPI e de outros estados brasileiros. Ele enfat izou que o pa t r imôn io a r q u e o l ó g i c o é u m d i r e i t o que pertence à c o l e t i v i d a d e , i n c l u s i v e , à s futuras gerações e disse ainda que a comunidade pode e deve preservar esse patrimônio.

“ E s t e C o n g r e s s o é extremamente importante para o patrimônio cultural e especialmente arqueológico brasileiro. Foi uma felicidade para o Brasil receber esse evento aqui no Piauí e a participação da comunidade é de fundamental importância. É um momento muito oportuno para se refletir sobre qual o papel da comunidade, como o cidadão comum pode atuar em beneficio do nosso patrimônio cultural. Devemos deixar de lado a visão corriqueira de que somente o poder público deve adotar medidas para proteção de seu

patrimônio. Na verdade, cada cidadão não só pode, como deve adotar medidas, deve procurar os órgãos responsáveis no caso de ameaças e degradação. O Ministério público pode ser provocado porque é um defensor dos direitos da sociedade. A conclusão é que o dever de proteção é um dever solidário, de todos”.

Consta na própria Constituição Federal de 1988, em seu Art. 216 - §1º que o poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância,

tombamento e desapropriação, e d e o u t r a s f o r m a s d e acautelamento e preservação. Para o promotor Marcos Paulo, é essencial esse dever para que se possa deixar para gerações

futuras o que nos foi legado pelos ancestrais. “Na verdade, a identidade do povo está materializada em vestígios deixados por povos que foram responsáveis pela formação dessa identidade cultural. Então, o cidadão deve ser o primeiro guardião de sua cultura e história. Se a sociedade não se apropriar desse patrimônio, qualquer ação pública, por mais exitosa que seja, jamais conseguirá alcançar todos os resultados porque a participação popular é imprescindível para defesa do seu patrimônio”, explicou.

Um bom exemplo de como a comunidade pode contribuir

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* Coord. da Promotoria Estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico - [email protected]

Marcos Paulo de Souza Miranda *

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EEM

iPHAN atua na conservação e sociabilização de sítios de pinturas rupestres no Piauí

A arquiteta Claudiana Cruz dos Anjos da Superintendência d o I P H A N n o P i a u í

apresentou trabalho “A experiência da Superintendência Regional do IPHAN no Piauí na conservação e sociabilização de sítios de pintura rupestre”, durante o Congresso Internacional de Arte Rupestre – o Global Rock Art, evento do qual o IPHAN foi um dos patrocinadores.

Esta proposta de trabalho do IPHAN, que é direcionado para a fiscalização, proteção, identificação, r e s t a u r a ç ã o , p r e s e r v a ç ã o e revitalização dos monumentos, sítios e bens móveis do país, inclui no Piauí além do Parque Nacional Serra da Capivara, também sítios arqueológicos dos municípios de Pedro II e Castelo do Piauí, ambos no Norte do Estado. Todas as ações são supervisionadas pela superintendente do órgão no Piauí, Diva Figueiredo.

Para Claudiana Cruz, a gestão dos sítios de arte rupestre tem exigido da Superintendência Regional do IPHAN no Piauí, além de conhecimentos específicos na área de arqueologia, a observação de sua interface com as pessoas ligadas direta ou indiretamente a este patrimônio; com os aglomerados urbanos próximos a ele; com as questões de identificação e herança cultural e com o turismo e a manutenção deste patrimônio.

“ D i a n t e d o p o t e n c i a l arqueológico do Piauí, atualmente com aproximadamente 1.400 sítios identificados, entre pintura rupestre e gravuras, apenas a identificação deste acervo mostrou-se insuficiente para sua preservação. A conservação, proteção e sociabilização são um caminho para a apropriação deste patrimônio pela comunidade e para sua preservação”, esclareceu.

E m t r ê s a n o s , a Superintendência Regional do IPHAN no Piau í rea l izou o cercamento de 58 sítios, sinalização

em 66, instalação de estrutura de visitação em 10, conservação de painéis de pintura rupestre em 67 e elaboração de projeto de instalação de estrutura de visitação em mais 10 sítios com pinturas rupestres. Estes sítios foram escolhidos em função das ameaças a que estão sujeitos, da visitação turística desordenada existente, da sua localização e acessibilidade e da propriedade da área onde está localizado.

“Esse trabalho de conservação e de sociabilização que o IPHAN já realiza há pelo menos oito anos começou na região do Parque Nacional da Serra da Capivara. Mas especificamente no município de Coronel José Dias havia uma mina de calcário, o que estava culminando com a destruição de pinturas rupestres no lugar. O IPHAN teve uma participação direta para por fim a este dano ao patrimônio histórico e cultural do lugar; para isso, tivemos o apoio da Polícia Federal, do Ministério do Trabalho, pois não adiantava expulsar aquelas pessoas, que estavam apenas trabalhando pela sua subsistência. Tínhamos que encontrar a melhor saída para o parque e também para os moradores

do lugar. Em 2004, o problema lá foi resolvido”, explicou Diva Figueiredo.

No munic ípio de Pedro II, o trabalho de conservação e conscientização dos moradores e s t á n o i n í c i o , s e g u n d o a Superintendência do IPHAN. Lá, os sitos arqueológicos próximos à zona urbana já receberam passarelas e sinalização, para evitar o acesso direto e o contato desenfreado com a arte rupestre deixada pelo homem no passado.

No entanto, o IPHAN tem um trabalho muito mais amplo em busca da conservação de sítios e parques, que vai além das comunidades que vivem próximas a esses lugares. “O pesquisador tem que ter um projeto de pesquisa cadastrado e autorizado pelo IPHAN para poder atuar nesses locais onde há vestígios de inscrições rupestres. O trabalho de pesquisa tem que ter uma equipe do IPHAN, os resultados precisam ser apresentados e cadastrados. Então, existe uma série de normas que precisam ser respeitadas até mesmo por aqueles que estudam o assunto”, destacou Diva Figueiredo.

A arquiteta Claudiana Cruz afirmou que é essencial e traz

resultados eficazes se houver também um trabalho de educação com os moradores que vivem perto ou até dentro de áreas de proteção. “Esse trabalho que o IPHAN faz tem a parceria com as prefeituras dos municípios. Pessoas são contratadas para aplicarem cursos para essas comunidades. Em Pedro II, por exemplo, o Instituto tem parceria com a Fundação Grande Pedro II, que realiza uma séria de ações sobre educação patrimonial com jovens da região e até com visitantes e os resultados são positivos”, explicou.

No litoral piauiense, na cidade de Parnaíba, o IPHAN recebeu ofício recente para analisar a possibilidade de dar concessão ou não a dois empreendimentos comerciais que estão para surgirem. “O IPHAN vai começar a avaliar para dar seu parecer, porque são empresas que pretendem ser instaladas próximas ao Sítio do Seu Bode, um local de preservação patrimonial, registrado pelo IPHAN. O que se quer é minimizar os impactos causados pela ação do homem e se considerarmos que os danos podem ocorrer, o parecer é negativo”, informou Diva Figueiredo.

A criação do IPHAN em nível nacional obedece a um princípio normativo, atualmente contemplado pelo artigo 216 da Constituição Federal, que define patrimônio cultural a partir de suas formas de expressão; de seus modos de criar, fazer e viver; das criações científicas, artísticas e tecnológicas; das obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e dos conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

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* Arquiteta do [email protected]**Superintendente do [email protected](86)3221-1404

Arquiteta Claudiana Cruz* e a Superintendente do IPhAN, Diva Figueiredo**

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Conceição Lage, uma referência na pesquisa arqueológica TERESINA - PI, SETEMBRO DE 2009

8 ENTREVISTA: Drª. Conceição Lage

Maria Conceição Soares Meneses Lage possui graduação em Química pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Oswaldo Cruz (1980), São Paulo; mestrado em Arqueoquímica (1987) e doutorado em Arqueologia Antropologia Etnologia (1990) ambos pela Université de Paris I Panthéon Sorbonne, França. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (Nível 1C), pesquisadora e conselheira científica da Fundação Museu do Homem Americano – FUMDHAM, professora/pesquisadora da Universidade Federal do Piauí, desde 1984. Lage tem experiência na área de Arqueologia, com ênfase em Conservação de Arte Rupestre, atuando principalmente nos temas: arte rupestre, arqueometria, conservação, arqueoquímica e análise química. A doutora presidiu a comissão que criou na UFPI a graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre, sendo a primeira coordenadora.

É membro permanente dos Programas de Pós-Graduação da UFPI em Química e em Antropologia e Arqueologia.

Dentre alguns dos projetos de pesquisa que coordena, alguns com participação do IPhAN, estão Conservação e sondagem no Sítio Arqueológico Pedra do Castelo, no município de Castelo do Piauí; Diagnóstico de conservação, escavação e estrutura de visitação para sítios arqueológicos localizados no município de Pedro II. É autora do livro Conservação de Sítios de Arte Rupestre

(1986) e possui diversos capítulos de livros publicados. Como membro, já participou de quatro bancas de doutorado, além de outras bancas de mestrado, graduação, sendo também orientadora de aluno de doutorado e de vários da iniciação científica.

SAPiÊNCiA - A arqueologia no Piauí tem cada vez mais obtido conceito de credibilidade quanto às suas riquezas desvendadas e ainda guardadas pelo tempo, à espera de novas investigações. Qual a sua visão com relação ao crescimento dos estudos nesta área do conhecimento?

Drª. Conceição Lage - O trabalho arqueológico desenvolvido no Piauí é referência para o mundo, pois segue rígidos critérios científicos. São raros os centros de pesquisa arqueológica que possuem equipamentos e pessoal tão qualificado como o que temos aqui e o material coletado é sempre analisado nos melhores laboratórios, como, por exemplo, as datações são sempre realizadas em laboratórios do estrangeiro de maior fiabilidade. É gratificante trabalhar em um centro tão bem instalado, com as melhores condições técnicas para desenvolver a investigação, e ainda mais aliar tudo isso a sítios maravilhosos, portadores de rico material que comprova a estadia

Drª. Conceição Lage - Na realidade o Global Rock Art veio para comprovar a importância e o reconhecimento mundial da arqueologia do Piauí e mais especificamente da região do Parque Nacional Serra da Capivara, no entanto, o que se pode dizer mesmo é que a arqueologia no Piauí e no Brasil pode ser dividida entre antes e após Niède Guidon. Foi ela quem colocou o Piauí no contexto científico arqueológico mundial. Inclusive, em 1986, a Serra da Capivara foi capa da “Nature”, maior revista de divulgação científica mundial, em razão da antiguidade dos seus sítios arqueológicos, obtidos através de datação C-14 efetuadas no Laboratoire de Gif-sur-Yvette, na França e publicado na referida revista em artigo assinado por Niède e Georgette Delibrias. Nesse mesmo ano, outro fato me chamou muita atenção, foi quando cheguei em Paris para iniciar meu doutoramento. Logo no primeiro dia de aula, em plena Sorbonne, o professor Dr. Eric Taladoire convidou os

alunos a se apresentarem e fez o seguinte comentário: “esse ano temos uma aluna ilustre, que vem do Brasil, mas adivinhem de onde? Do Piauí”, ele respondeu e todos me olharam admirados. Confesso que senti um orgulho enorme e foi, de fato, a primeira vez que ser do Piauí significava sinal de status; então, naquele momento entendi a importância da nossa arqueologia para a ciência mundial e a abrangência do trabalho de Niède Guidon.

SAPiÊNCiA - O Parque Nacional Serra da Capivara será, mais do que nunca, um precioso laboratório para aulas práticas e também para pesquisas de campo do mundo inteiro, como já acontece por lá, mas principalmente agora com o surgimento do curso de Arqueologia da UFPi?

Drª. Conceição Lage - O PARNA Serra da Capivara e a FUMDHAM são laboratórios imprescindíveis para qualquer estudante de arqueologia. O trabalho desenvolvido ali há mais de 30 anos é exemplo de como se deve fazer pesquisa. Os laboratórios ali presentes são de ponta e contam ainda com a colaboração de inúmeros pesqu i sadores r econhec idos internacionalmente, que ali passam sistematicamente para desenvolver trabalhos. Não dá para enumerar todos, mas há uma equipe em permanência que conta com pesquisadores franceses, italianos, portugueses, norte-americanos e brasileiros. Tudo isso aliado a sítios riquíssimos em vestígios de diferentes tipos e épocas, portanto somos privilegiados em poder contar com tudo isso para bem formar nossos alunos, que, aliás, já entenderam muito bem isso, pois desde que o curso de graduação em Arqueologia da UFPI iniciou, em 2008, já no primeiro semestre daquele ano, que nossos alunos têm ido sistematicamente estagiar lá no parque, sob a orientação da professora doutora Gisele Daltrini Felice e com o apoio da doutora Niède Guidon, que financia alojamento e alimentação no campo.

SAPiÊNCiA - O legado que os nossos ancestrais deixaram por aqui tem servido para muitas ações positivas, entre elas a preservação, sustentabilidade e educação ambiental das comunidades que

do homem pré-histórico na região em períodos muito recuados para a arqueologia americana, como 50.000 anos atrás. Mas como esses homens chegaram lá? De onde e como vieram? A expectativa é a de crescimento cada vez maior para a área da arqueologia, precisamos tentar responder a essas questões e, bem sabemos, seguindo os mesmos rígidos critérios que a pesquisa exige e que bem aprendemos na Serra da Capivara. Portanto, o Piauí ainda terá espaço para a pesquisa arqueológica por muito tempo.

SAPiÊNCiA - O Global Rock Art, encontro científico internacional que reuniu pesquisadores de mais de 40 países foi considerado um sucesso. importantes cientistas elogiaram as riquezas rupestres presentes no Parque Nacional Serra da Capivara sob a orientação da arqueóloga Niéde Guidon. A Sra. acredita que a arqueologia no Piauí pode ser dividida em dois momentos: antes e a partir do evento?

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Conceição Lage, uma referência na pesquisa arqueológica TERESINA - PI, SETEMBRO DE 2009

9ENTREVISTA: Drª. Conceição Lage

v i v e m p r ó x i m a s d e s í t i o s arqueológicos, como é uma realidade em municípios como São Raimundo Nonato e Coronel José Dias, graças aos projetos desenvolvidos pela FUMDHAM. Para a Sra., o que mais a Arqueologia pode trazer de transformador para as sociedades futuras?

Drª. Conceição Lage - A pesquisa arqueológica é muito interessante, pois obrigatoriamente envolve uma equipe interdisciplinar. A princípio, é necessária a presença de diferentes especialistas para entender a paisagem do local, as transformações sofridas naturalmente ou por meio do homem, os tipos de vestígios, natureza e origem da matéria-prima utilizada e também a possível forma de preparação e a função dos objetos encontrados. A presença de uma equipe de pesquisadores em uma comunidade é sempre um acontecimento, sobretudo nos casos em que elas se encontram bem afastadas das sedes municipais, sempre que voltamos, à noitinha, recebemos visitas para prosear e isso é muito bom, tanto para nós visitantes, quanto para eles, sempre há troca de informações. Isso é reforçado porque quando estamos no campo identificando um sítio levamos alguém da comunidade para nos guiar e quase sempre eles se interessam muito pelo trabalho e arriscam palpites para responder nossas indagações. É muito enriquecedora essa troca de experiência. Fora isso, a abertura dos sítios para o turismo ocasiona novas oportunidades de trabalho e melhoria de vida para a população do entorno, além do aumento na arrecadação de impostos municipais e estaduais.

SAPiÊNCiA - A Sra. é considerada referência não só no Brasil, mas também na América do Sul, pois se especializou em uma área pouco comum da arqueologia...

Drª. Conceição Lage - Como a arqueologia americana ainda está em fase de síntese e temos aqui na Serra da Capivara os vestígios mais antigos das Américas, é normal que toda pesquisa aqui realizada tenha repercussão internacional, e isso aumenta ainda mais a responsabilidade de quem desenvolve

trabalhos nessa área. Somado a isso, eu ainda tive o privilégio de me especializar em uma área nova para a arqueologia, que é a arqueoquímica, ou seja, a utilização da química na pesquisa arqueológica, e já fizemos diferentes trabalhos nessa área como a identificação dos constituintes químicos de pigmentos pré-históricos de sítios de diferentes regiões (Serra da Capivara, Sete Cidades, Castelo do Piauí, Pedro II, Caxingó), a determinação do teor de fósforo em sedimentos arqueológicos a fim de detectar a possível presença humana na camada, a reconstituição da dieta alimentar de indivíduos a partir da análise química de ossadas

humanas, e por fim a identificação dos depósitos de alteração presentes em sítios de arte rupestre, que são imprescindíveis para a realização dos trabalhos de conservação dos sítios arqueológicos. E foi justamente aqui na Serra da Capivara, que em 1991 iniciamos os trabalhos de conservação de sítios de arte rupestre, quando ainda não havia esse tipo de trabalho em nenhum outro local das Américas, portanto é normal que os trabalhos que desenvolvemos aqui, sobretudo no Parque Nacional Serra da Capivara tenham repercussão em outros países.

SAPiÊNCiA - Dizem os otimistas que a região Sul do Piauí, especialmente nos municípios que estão próximos ao Parque Nacional Serra da Capivara, sairá da zona de esquecimento e

pobreza, principalmente com o mundo voltado para as riquezas arqueológicas que possuem. O turismo será uma das janelas para o desenvolvimento daquela região. Qual a sua visão sobre isso?

Drª. Conceição Lage - A pesquisa arqueológica já mostrou que a região Sudeste do Piauí passa por transformações importantes. No passado foi bem mais úmida do que é hoje, com rios e cachoeiras caudalosas, mas que há cerca de 6.000 anos atrás iniciou o processo de aridez em que se encontra hoje e a inclui no Polígono das Secas, com solos ácidos, arenosos e, portanto, impróprios para a agricultura. É

por isso que a Dra. Niède Guidon insiste tanto em dizer que a área não serve para assentamentos, pois requer grandes manejos para correção de acidez do solo, irrigação e dessalinização da água. Em contrapartida, a região detém um riquíssimo patrimônio arqueológico e paleontológico, tanto em antiguidade quanto em diversidade, com mais de 1.300 sítios mapeados. Isso evidenciado durante os 30 anos de pesquisa de ponta realizada na área. Portanto é o local ideal para o desenvolvimento de diferentes formas de turismo, como o científico, o cultural, o educativo, o ambiental, e até como forma alternativa de tratamento contra depressão ou combate a dependências. Fora tudo isso, a descoberta e divulgação da arte rupestre da Serra da Capivara influenciaram diferentes áreas do

conhecimento, como a arquitetura, o artesanato, a moda, o turismo, as artes plásticas e cênicas. Hoje, encontramos representações rupestres estampadas em escritórios, prédios habitacionais, clínicas médicas, fina linha de moda masculina francesa, cerâmica utilitária, quadros e até na música piauiense.

SAPiÊNCiA - O curso de graduação em Arqueologia da UFPi já começou obtendo respaldo na c o m u n i d a d e a c a d ê m i c a . Futuramente, o Piauí será um celeiro de grandes cientistas nessa área. existe campo de trabalho para absorver este contigente? Os

cursos de pós-graduação serão implantados nesta área como uma necessidade natural?

Drª. Conceição Lage - Quando insistíamos com a criação da graduação em Arqueologia da UFPI era justamente porque sabíamos da grande riqueza arqueológica que temos e da falta de profissionais nessa área. E ainda pelo fato de termos aqui no Estado uma importante equipe multidisciplinar de trabalho arqueológico , que recebe sistematicamente profissionais do mundo inteiro, portanto tínhamos tudo para ter aqui o melhor curso de arqueologia e há três anos tivemos total apoio da UFPI para criar o referido curso e há menos de dois anos foi criado também na UFPI o mestrado em Antropologia e Arqueologia. Temos então o compromisso de

bem formar os futuros pesquisadores da arqueologia do Piauí e campo de trabalho é o que não falta, sobretudo nos projetos de arqueologia de contrato que hoje imperam no país, uma vez que toda grande obra só pode ser realizada com a elaboração de EIA-RIMAs (Estudo de Impacto Ambiental - Relatório de Impacto ambiental ), que obrigatoriamente contam com estudos arqueológicos. Além disso, há necessidade que órgãos como o IPHAN, o IBAMA, o Insti tuto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a FUNDAC, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e as prefeituras de municípios detentores de sítios arqueológicos tenham arqueólogos em seu quadro de pessoal para estudá-los, protegê-los e transformá-los em via de desenvolvimento local.

Conceição Lage com os pesquisadores Robert Bednarick(Austrália)e Mathias Streker(Bolívia), no Global Rock Art

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estudos arqueológicos na Bahia começam a ganhar força

*Professor do Depto. de Antropologia da [email protected]

Dedicado ao es tudo da Arqueologia Urbana, especialmente no aspecto da cerâmica colonial, encontrada na cidade de Salvador, onde é professor do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), o arqueólogo Carlos Alberto Etchevarne foi um dos palestrantes do Global Rock Art. Ele apresentou trabalho na sessão Tradição Nordeste, apontando exemplos de sítios existentes no território baiano. O professor expôs exemplos de pinturas rupestres e a regularidade com que elas se apresentam sobre um tipo de suporte rochoso, os arenitos silicificados, que, por sua vez, conformam um modelamento especial da topografia. Ele explicou, em sua apresentação, que essas particularidades, por enquanto, são observadas apenas na Bahia, o que pode dar a elas um caráter distintivo.

Etchevarne é doutor (1995) em Geologia Quaternária e Paleontologia Humana e Pré-Histórica pelo Instituto de Paleontologia Humana do Museu de História Natural de Paris e possui pós-doutorado em Arqueologia pela Universidade de Coimbra (2005). Desde 2006, tem desenvolvido uma linha de pesquisa que focaliza o patrimônio arqueológico de pinturas e gravuras rupestres do território baiano. O objetivo é mapear e investigar o universo gráfico rupestre, alertando para a necessidade de preservação e boa gestão. O Projeto

“homem e natureza nas representações rupestres do Estado da Bahia” ganhou o prêmio “Clarival do Prado Valladares”, concedido pela empresa Odebrecht. “Essa premiação p e r m i t i u q u e , em 2007, eu e minha equipe de p e s q u i s a d o r e s efetuássemos um l e v a n t a m e n t o bastante abrangente d e s í t i o s d e a r t e r u p e s t r e , identificando-os, caracterizando-os e analisando-os; com esse material

prepararmos o livro que intitulei ‘Escrito na Pedra. Cor, forma e movimento nos grafismos rupestres da Bahia’”, ressalta o pesquisador.

Na Bah ia , a s da t ações conseguidas com rigor científico são muito recentes, com cerca de três mil anos, aproximadamente. Lá, o único local preparado para a visitação controlada é o Sítio Arqueológico da Serra das Paridas, no município de Lençóis. Não há outros locais monitorados. A UFBA vem desenvolvendo um programa de pesquisa, conjuntamente com ações de capacitação para a gestão, junto às comunidades próximas aos sítios cadastrados.

O professor disse que há muito trabalho para se fazer, pois já foram identificados muitos sítios, mas pouquíssimos são estudados. Exemplos de sítios com vestígios dos antepassados estão o Sambaquis, no litoral baiano, alguns localizados nas margens de rios; há ainda os Sítios Dunares, na beira do curso médio do rio São Francisco, e os sítios de populações ceramistas, denominadas Aratu, que se espalham por todo o Estado. Esses sítios são reconhecidos fundamentalmente pelos recipientes funerários (urnas), com forma de jambo invertido, padronizados para todas as idades e em qualquer parte do estado baiano.

Em 2008, com apoio da

Petrobrás Cultural, a equipe de Etchevarne desenvolveu o “Programa de identificação, preservação e gestão de sítios arqueológicos de arte rupestre na Chapada Diamantina”, voltado para o trabalho em seis municípios, com o objetivo de incluir as comunidades próximas aos sítios no processo de pesquisa e gestão dos mesmos. “A idéia é capacitar os moradores para que eles possam perceber os sítios arqueológicos de pinturas e gravuras como patrimônio deles mesmos. Criamos a figura do agente patrimonial que deverá zelar pelo conjunto de sítios próximos aonde vive e deverá conduzir crianças, jovens e adultos ao respeito e bom aproveitamento desses locais”.

Já em 2009, a equipe liderada por Etchevarne iniciou outro projeto financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), intitulado “Contextos Arqueológicos e Marcos Temporais nos Grafismos Rupestres da Chapada Diamantina”, no qual foram selecionamos alguns sítios do Município de Morro do Chapéu para serem escavados.

Com relação à reviravolta na teoria da chegada dos primeiros homens ao continente americano, por meio dos achados arqueológicos no Piauí, no Parque Nacional Serra da Capivara, Etchevarne disse que concorda com a revisão da data de entrada do homem em América em

função das datações na Serra da Capivara. “Os trabalhos da Dra. Guidon são rigorosos metodologicamente falando e não têm como serem desconsiderados”, considera.

O pesquisador disse que O Parque Nacional da Serra da Capivara , declarado pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade, representa um pólo de pesquisa em Arqueologia que se tornou referência internacional, por várias razões que ele enumera: “Por apresentar uma concentração enorme de sítios de arte rupestre, devidamente registrados, com um número grande deles já pesquisados; por ter fornecido datações que pe rmi tem a l t e ra r a s t eo r i a s tradicionais sobre antiguidade da entrada do homem na América; por ter um acervo de grafismos rupestres que foram analisados permitindo classificações por estilos, que hoje podem ser utilizadas em outras áreas do Brasil; porque a força das pesquisas permitiu a criação de uma grande área de proteção criando-se o Parque; e também porque as pesquisas foram acompanhadas de programas de desenvolvimento sócio-econômico que transformaram os municípios em torno do mesmo”, concluiu.

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Dr. Carlos Etchevarne* comanda equipe de estudos em Salvador

Inscrições encontradas em rocha no Sítio Arqueológico da Serra das Paridas

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Pintura encontrada em rocha na cidade de Castelo do Piauí; ao lado, rocha de arenito da região

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As pesquisas arqueológicas no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São

Raimundo Nonato comprovam a existência humana há mais de 60 mil anos na região o que torna essa população senão a mais antiga das Américas, uma das mais antigas, contrariando a teoria norte-americana do povoamento do continente. São vestígios pré-históricos como pinturas rupestres de 15 mil anos, restos de carvão de fogueira de 50 mil anos, artefatos de pedra e material lítico, fósseis humanos de nove mil anos e restos de cerâmicas de três mil anos. Estas mesmas pesquisas mostram que os vestígios de povoamento pré-histórico existem em mais dois Parques Nacionais, no Piauí: o da Serra das Confusões, situado nos municípios de Caracol, Guaribas, Santa Luz, Cristino Castro e de Sete Cidades, nos

municípios de Piracuruca, Piripiri e Brasileira. Também existe uma grande concentração em Castelo do Piauí, Parnaíba (extremo Norte), Luís Correia, no Baixo Parnaíba Piauiense, na região de Valença e mais recentemente, em Parnaguá no extremo Sul do estado, só para citar alguns municípios. Ou seja, o Piauí todo é um grande sítio arqueológico.

A Profa. Dra. Claudete Maria Miranda Dias, vinculada ao Programa de Pós-graduação em História do Brasil, da UFPI apresentou

no Congresso Internacional de Arqueologia e Arte Rupestre - Global Rock Art, em São Raimundo Nonato, o trabalho intitulado “Pinturas rupestres como fator identitário da sociedade piauiense”. Este estudo sobre as pinturas, tendo como fonte o expressivo acervo em arte rupestre da região dos ‘Picos dos André’, localizado no município de Castelo do Piauí, ao Norte do Estado. O local é classificado pela pesquisadora como “um relicário encravado entre rochas e matas de caatinga, um tesouro, tal a riqueza, beleza e a variedade das pinturas nos paredões de arenito, envoltos por mata verde, bem como pelo formato dos picos: construções de pedra de mais de 25 m de altura, formando verdadeiros monumentos que desafiam a natureza, a arquitetura ou a engenharia”. E compara: “O potencial arqueológico na região

dos Picos dos André equivale em importância à Serra da Capivara, porém este patrimônio precisa ser mais explorado e melhor preservado”.

Claudete Dias explica que diante da riqueza e abundância das pinturas rupestres no Piauí, a História lança a investigação para que se possa analisá-las como fontes, já que elas representam a memória destes povos pré-his tór icos que usavam es tas manifestações como forma de se exprimirem graficamente.

“Como fontes históricas, estes vestígios arqueológicos podem ser analisados não apenas tecnicamente – datação, significado, técnicas e autoria - mas como um instrumento cultural e artístico inserido na contemporaneidade, servindo de parâmetro para se identificar a sociedade piauiense, que ainda não compreendeu, ou agora é que está se dando conta da dimensão dessa riqueza, e como estas pinturas fazem a diferença em meio à padronização cultural”, reflete em seu trabalho.

Nestes tempos de globalização, cada cultura busca manter sua identidade mesmo incorporando milhares de manifestações que se propagam pela mídia. No Piauí, o rico acervo deixado pelos povos antigos se transformou em um canal de comunicação com o mundo. Estas pinturas são consideradas arte rupestre e como tal fazem parte da História da Arte do mundo “a arte compõe a identidade de qualquer sociedade. Nessa linha de pensamento, tanto a abundância das pinturas, como a sua beleza e riqueza podem servir n ã o a p e n a s como atração t u r í s t i c a e , principalmente para pesquisas, como podem ser ainda um fator

identitário da sociedade piauiense, motivo de elevação da autoestima”, considera Claudete Dias. Acrescenta ainda “que a elevação da autoestima é importante já que o Piauí é um dos estados brasileiros mais pobres e o piauiense conhece pouco de sua história, cultura e arte”.

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Claudete Dias* apresentando seu trabalho no Global Rock Art, sob o olhar da Dra. Conceição lage

Historiadora cria linha de pesquisaHistória e Arqueologia

*Profa Dra do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da [email protected]

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Picos dos Adré em Castelo do Piauí

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Projeto de pesquisadora do Curso de História da UFPi recebe prêmio do Ministério da Cultura

O p r o j e t o “ H i s t ó r i a e Patrimônio Cultural”, coordenado por Áurea da Paz Pinheiro, doutora em História Cultural e Professora da Universidade Federal do Piauí – UFPI, foi reconhecido pelo Ministério da Cultura – MinC com o Prêmio de Mídia Livre, o que permite a realização de futuras pesquisas, bem como uma maior interação entre ensino e a valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro. O objetivo da premiação é apoiar iniciativas de comunicação livre existentes no país.

Dentre as mais de 400 iniciativas inscritas, oriundas de todas as regiões

brasileiras, foram selecionados 78 projetos: 15 na categoria Nacional/Regional e 63 na categoria Estadual/ Local, sendo que o Piauí foi um dos premiados na categoria Nacional/Regional, e desta forma, poderá desenvolver o projeto e ampliar as pesquisas sobre a interação entre o ensino de história e a valorização do patrimônio cultural brasileiro.

Como parte do Projeto “História e Patrimônio Cultural”, Áurea Pinheiro e a fotógrafa Cássia Moura lançam o livro Celebrações e o documentário etnográfico Congos: ritmo e devoção. O trabalho possibilitou o registro de

manifestações culturais do município de Oeiras, primeira capital do Piauí.

A historiadora e a fotógrafa realizaram pesquisas e registros etnográficos das procissões de Bom Jesus dos Passos e do Fogaréu e da manifestação afro-brasileira – Congos. De acordo com as pesquisadoras, essas celebrações representam elementos importantes da religiosidade popular brasileira, nordestina e piauiense em particular.

Durante a pesquisa, Áurea e Cássia realizaram trabalho com documentação histórica existente no Arquivo Público do Estado do Piauí, onde foram localizadas fontes do século XVIII e XIX que registram com riqueza de detalhes como essas celebrações eram realizadas, como ocorria o envolvimento da comunidade e como se davam as relações entre o poder eclesiástico, os leigos e os católicos praticantes, envolvidos diretamente na organização dos rituais.

“Utilizamos a metodologia da história oral e os recursos audiovisuais, bem como diálogos entre a história e a antropologia. O resultado foi um livro bilíngue – português e inglês, com a proposta de uma linguagem simples e que pode ser lido por doutores e leigos, pelo público da academia, mas, sobretudo, por alunos e professores da escola básica”, destacou Áurea e

acrescentou “é preciso aproximar o conhecimento que produzimos na academia de um público mais amplo, rompendo assim os muros que separam o conhecimento científico do conhecimento escolar, a academia da sociedade”.

Como líderes do Grupo de Pesquisa, Áurea e Cássia conseguiram realizar o trabalho com o apoio financeiro e técnico do Ministério da Cultura/Programa Monumenta/Iphan/UNESCO e Banco Interamericano de Desenvolv imento . Áurea destaca a participação de jovens pesquisadores do Curso de História da UFPI na realização dos projetos: Ariane Lima, Everton Diego, Iule Carvalho e Marluce Morais. No mês de julho/2009, sob a orientação das pesquisadoras e apoio da UFPI, os alunos apresentaram em Fortaleza, no XXV Simpósio Nacional de História, o trabalho História e Patrimônio: santos, devotos e ritos na tradição brasileira.

Para setembro deste ano, as pesquisadoras organizam a primeira edição da Mostra Etnográfica do Piauí [ETNODOC], que tem por finalidade proporcionar aos profissionais e estudantes de Ciências Humanas e Sociais, áreas afins e à comunidade em geral, um espaço para a discussão dos saberes e práticas no campo da produção audiovisual ligados ao patrimônio de natureza imaterial. A importância do evento não diz respeito apenas ao envolvimento e participação

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Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro. O projeto visa à documentação e à difusão do patrimônio imaterial, compreendido, conforme definição da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial , como “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio

cultural”.O d o c u m e n t á r i o

“Passos de Oeiras”, um dos contemplados pelo ETNODOC, será exibido na Mostra. O filme tem 26 minutos e apresenta a Procissão de Bom Jesus dos

Passos, na cidade de Oeiras – Piauí. A Mostra conta com o apoio da FAPEPI, UESPI, UFPI e Associação Nacional de História – Seção Piauí.

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de profissionais e pesquisadores, mas também da sociedade como um todo, já que as reflexões sobre Memória, História, Arte e Patrimônio Cultural possibilitam ao indivíduo o desenvolvimento de uma consciência histórico-cultural, elemento fundamental na formação da cidadania.

O ETNODOC é uma iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, por intermédio do Departamento de Patrimônio Imaterial e do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, em parceria com a Assoc iação C u l t u r a l d e

Procissão do Fogaréu, uma das maiores manifestações religiosas que acontece na cidade de Oeiras durante a Semana Santa, na qual participam apenas os homens com tochas acesas e muitas manifestações culturais, como nas imagens ao lado

Autoras do projeto premiado: Cássia Moura e a Dra. Áurea Pinheiro

Dança do Congo, louvação à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito, em OeirasÁurea PinheiroCoordenadora do Curso de Graduação em História da [email protected]

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EEMEEM

Projeto de pesquisadora do Curso de História da UFPi recebe prêmio do Ministério da Cultura

O p r o j e t o “ H i s t ó r i a e Patrimônio Cultural”, coordenado por Áurea da Paz Pinheiro, doutora em História Cultural e Professora da Universidade Federal do Piauí – UFPI, foi reconhecido pelo Ministério da Cultura – MinC com o Prêmio de Mídia Livre, o que permite a realização de futuras pesquisas, bem como uma maior interação entre ensino e a valorização do Patrimônio Cultural Brasileiro. O objetivo da premiação é apoiar iniciativas de comunicação livre existentes no país.

Dentre as mais de 400 iniciativas inscritas, oriundas de todas as regiões

brasileiras, foram selecionados 78 projetos: 15 na categoria Nacional/Regional e 63 na categoria Estadual/ Local, sendo que o Piauí foi um dos premiados na categoria Nacional/Regional, e desta forma, poderá desenvolver o projeto e ampliar as pesquisas sobre a interação entre o ensino de história e a valorização do patrimônio cultural brasileiro.

Como parte do Projeto “História e Patrimônio Cultural”, Áurea Pinheiro e a fotógrafa Cássia Moura lançam o livro Celebrações e o documentário etnográfico Congos: ritmo e devoção. O trabalho possibilitou o registro de

manifestações culturais do município de Oeiras, primeira capital do Piauí.

A historiadora e a fotógrafa realizaram pesquisas e registros etnográficos das procissões de Bom Jesus dos Passos e do Fogaréu e da manifestação afro-brasileira – Congos. De acordo com as pesquisadoras, essas celebrações representam elementos importantes da religiosidade popular brasileira, nordestina e piauiense em particular.

Durante a pesquisa, Áurea e Cássia realizaram trabalho com documentação histórica existente no Arquivo Público do Estado do Piauí, onde foram localizadas fontes do século XVIII e XIX que registram com riqueza de detalhes como essas celebrações eram realizadas, como ocorria o envolvimento da comunidade e como se davam as relações entre o poder eclesiástico, os leigos e os católicos praticantes, envolvidos diretamente na organização dos rituais.

“Utilizamos a metodologia da história oral e os recursos audiovisuais, bem como diálogos entre a história e a antropologia. O resultado foi um livro bilíngue – português e inglês, com a proposta de uma linguagem simples e que pode ser lido por doutores e leigos, pelo público da academia, mas, sobretudo, por alunos e professores da escola básica”, destacou Áurea e

acrescentou “é preciso aproximar o conhecimento que produzimos na academia de um público mais amplo, rompendo assim os muros que separam o conhecimento científico do conhecimento escolar, a academia da sociedade”.

Como líderes do Grupo de Pesquisa, Áurea e Cássia conseguiram realizar o trabalho com o apoio financeiro e técnico do Ministério da Cultura/Programa Monumenta/Iphan/UNESCO e Banco Interamericano de Desenvolv imento . Áurea destaca a participação de jovens pesquisadores do Curso de História da UFPI na realização dos projetos: Ariane Lima, Everton Diego, Iule Carvalho e Marluce Morais. No mês de julho/2009, sob a orientação das pesquisadoras e apoio da UFPI, os alunos apresentaram em Fortaleza, no XXV Simpósio Nacional de História, o trabalho História e Patrimônio: santos, devotos e ritos na tradição brasileira.

Para setembro deste ano, as pesquisadoras organizam a primeira edição da Mostra Etnográfica do Piauí [ETNODOC], que tem por finalidade proporcionar aos profissionais e estudantes de Ciências Humanas e Sociais, áreas afins e à comunidade em geral, um espaço para a discussão dos saberes e práticas no campo da produção audiovisual ligados ao patrimônio de natureza imaterial. A importância do evento não diz respeito apenas ao envolvimento e participação

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Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro. O projeto visa à documentação e à difusão do patrimônio imaterial, compreendido, conforme definição da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial , como “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio

cultural”.O d o c u m e n t á r i o

“Passos de Oeiras”, um dos contemplados pelo ETNODOC, será exibido na Mostra. O filme tem 26 minutos e apresenta a Procissão de Bom Jesus dos

Passos, na cidade de Oeiras – Piauí. A Mostra conta com o apoio da FAPEPI, UESPI, UFPI e Associação Nacional de História – Seção Piauí.

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de profissionais e pesquisadores, mas também da sociedade como um todo, já que as reflexões sobre Memória, História, Arte e Patrimônio Cultural possibilitam ao indivíduo o desenvolvimento de uma consciência histórico-cultural, elemento fundamental na formação da cidadania.

O ETNODOC é uma iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, por intermédio do Departamento de Patrimônio Imaterial e do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, em parceria com a Assoc iação C u l t u r a l d e

Procissão do Fogaréu, uma das maiores manifestações religiosas que acontece na cidade de Oeiras durante a Semana Santa, na qual participam apenas os homens com tochas acesas e muitas manifestações culturais, como nas imagens ao lado

Autoras do projeto premiado: Cássia Moura e a Dra. Áurea Pinheiro

Dança do Congo, louvação à Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito, em OeirasÁurea PinheiroCoordenadora do Curso de Graduação em História da [email protected]

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A presente pesquisa encontra como objeto de suas análises a sociedade, a política e a educação no Piauí da primeira metade do século XIX, em um

momento de profundas transformações na sociedade piauiense. Na construção da narrativa, tomou-se a trajetória de vida de Padre Marcos de Araújo Costa como fio condutor das análises, por meio da qual os discursos construídos e esquecidos a seu respeito ajudam a construir e amalgamar as imagens propostas, permitindo recompor nuances da organização e da relação entre família e Estado na sociedade piauiense. Neste estudo, entretanto, o indivíduo e a sociedade são pensados em interação, permitindo perceber uma sociedade em constante movimento, no qual se privilegiou a análise de três pontos de sustentação/organização desta, quais sejam, aspectos de sua vida política, religiosa e educacional, espaços de sociabilidades estes com os quais Padre Marcos relacionou-se de forma intensa, procurando pôr em destaque na narrativa tecida, práticas que forjaram o cotidiano social do período. Para tanto, rompeu-se com uma memória construída a respeito de Padre Marcos de apenas “benemérito educador”, permitindo o diálogo com os múltiplos espaços em que atuou, sobretudo como religioso e como político, espaços estes somente possíveis por ter pertencido a uma rede de poder fundada a partir de relações familiares. Por meio desses espaços e relações, puderam-se revisitar algumas das dimensões sociais piauienses do século XIX, suas tensões e contradições, pondo em perspectiva a estreita relação entre família e poder político, contribuindo, deste modo, para o debate historiográfico sobre o Império brasileiro.

Marcelo de Sousa NetoProfessor da Universidade Estadual do PiauíDefesa: Universidade Federal do Pernambuco, [email protected]

O objetivo deste trabalho foi de desenvolver um modelo conceitual para avaliar a interface humano-computador (IHC),

especificamente, a usabilidade e a funcionalidade de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) para educação à distância (EaD). Em relação à usabilidade, vários atributos foram estudados na interface computacional. Para a construção do modelo, recorremos à ampla revisão bibliográfica e à análise geral da interface de diferentes ambientes computacionais. O modelo inicial contém dois módulos. O primeiro, com 09 critérios e 45 atributos, destinado a profissionais da área de educação. O segundo módulo com 12 critérios e 60 atributos, aplicado a profissionais da área de computação com prática em atividades em EaD com conhecimento sobre os princípios de usabilidade de interfaces computacionais. No momento de sua validação, aplicamos em três AVA: Moodle, Solar e e-ProInfo, utilizando como lista de verificação a modalidade cheklist. Dentre os muitos resultados obtidos, chama a atenção a significativa vantagem para o Moodle, quando da avaliação dos três ambientes junto aos profissionais educadores, e do Solar, no caso dos profissionais de computação com militância na área de EaD, com nítida rejeição dos dois segmentos estudados ante o e-ProInfo. Por fim, os dados obtidos e discutidos permitem inferir que o modelo aplicado poderia ser refinado, o que foi feito. O modelo refinado proposto, baseado na análise dos dados da pesquisa e nas observações subjetivas dos agentes pesquisados contém dois módulos cada um com 10 critérios e 50 atributos.

Gildásio Guedes FernandesProfessor do Depto. de Informática e Estatística da UFPIDefesa: Universidade Federal do Ceará, 2008. [email protected]

A composição da microbiota e as relações entre as diferentes ordens e famílias de mixomicetos e basidiomicetos com o ambiente são ainda

incipientes para o Bioma Caatinga, que ocupa a maior parte da Região Nordeste do Brasil. Considerando que são poucos os relatos da ocorrência desses microrganismos para o Piauí e visando ampliar o conhecimento taxonômico e ecológico sobre os mesmos nos Neotrópicos e em diferentes microhabitats na Caatinga, efetuou-se um levantamento das espécies de Myxomycetes e Agaricomycetes no Parque Nacional Serra da Capivara-PNSC (São Raimundo Nonato, PI). Em 17 excursões (2006-2008), inventariaram-se e as espécies, verificou-se a existência de relações entre elas e a vegetação e determinaram-se a distribuição e abundância dos mixomicetos em diferentes grupos ecológicos. Cinco artigos foram produzidos: o primeiro deles registra a ocorrência de Physarum rigidum no Piauí e, baseado em estudo de herbário e revisão de literatura, mostra sua distribuição no país; o segundo e o terceiro contêm listas comentadas de 24 espécies de Myxomycetes e 43 de Agaricomycetes, que constituem os primeiros registros de representantes das duas classes no PNSC; o quarto trata do grupo dos mixomicetos coprófilos, com o registro frequente de uma única espécie, Arcyria cinerea, em fezes de mocó (Kerodon rupestris, Rodentia); o último artigo trata dos aspectos ecológicos da ocorrência das 24 espécies de mixomicetos em cinco diferentes fisionomias de Caatinga encontradas no PNSC, as quais predominaram na Caatinga arbustiva arbórea baixa densa.

Myxomycetes e agaricomycetes no Parque Nacional Serra da Capivara (São Raimundo Nonato, Pi Nordeste do Brasil)

entre vaqueiros e fidalgos: Sociedade, política e educação no Piauí (1820-1850)

Márcia Percília Moura ParenteProfessora Adjunta da Universidade Estadual do PiauíDefesa: Universidade Federal de Pernambuco/[email protected]

Avaliação ergonômica da interface humano-computador de ambientes virtuais de aprendizagem

O Dengue virus (DENV) é um membro do gênero Flavivirus, família Flaviviridade que compreende vírus envelopados RNA senso positivo. A dengue é a mais

prevalente doença viral transmitida por mosquitos de humanos. É causada por um ou mais dos quatro sorotipos virais (DENV-1 a DENV-4). O DENV causa um espectro de doenças em humanos, a infecção ocorre desde uma manifestação assintomática a uma febre súbita (FD), até uma febre hemorrágica (FHD), ou ainda, o envolvimento mais freqüente do SNC. Em resultados iniciais, obteve-se DENV purificado, foi visualizado por AFM (“Atomic Force Microscopy”) o RNA viral extruído em conformações linear e circular e determinado o diâmetro médio (55nm) da partícula. Vários modelos murinos têm sido descritos para infecção com o DENV, contudo nenhum recria um quadro de doença similar à ocorrida em humanos. Para avaliar a virulência de amostras isoladas de pacientes com FD e FHD, inoculamos com dose de 4 x10² p.f.u. pelas vias i.p., i.v., i.d., s.c., e i.c., camundongos C57B/6 selvagens, 2 a 8 semanas, com DENV-1 e DENV-3. Foram observados sinais clínicos, mortalidade, alterações sanguíneas (leucopenia) e título viral em camundongos inoculados, via i.c., com os DENV-3 25(MG) e 375(MG) genótipos I comparado aos controles, ao passo que, os animais com os DENV-1 e o DENV-3 64(PI) genótipo III não apresentaram sinais clínicos e mortalidade. Neste trabalho, foram inoculados, via i.c., com DENV-3 375(MG) I camundongos deficientes para IFN-, TNFr p55 e iNOS genes relacionados à resposta imune inata e foi detectado no cérebro e/ou soro o título viral, alterações sanguíneas (leucopenia), histopatológicas (meingoencefalite) e níveis aumentados de citocinas que caracterizam um processo inflamatório. Para estabelecer um modelo comparativo entre os DENV-3 64(PI) III e DENV-3 375(MG) I, os animais inoculados com este último genótipo do vírus apresentaram um quadro clínico que demonstra um comprometimento difuso e agudo do SNC mostrando diferenças, nos parâmetros já descritos, em comparação com animais DENV-3 64(PI) III, inclusive com alterações no genoma viral.

Gustavo Portela FerreiraPesquisador DCR/CNPq/FAPEPIDefesa: Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

Este trabalho avaliou a resistência à fadiga térmica de três revestimentos de aços inoxidáveis martensíticos pertencentes à série 400 com base na evolução

microestrutural e nas propriedades mecânicas dureza e resistência à tração. A evolução microestrutural foi investigada por meio de análises por microscopia ótica (MO), eletrônica de varredura (MEV) e em alguns casos eletrônica de transmissão (MET), que propiciou uma identificação mais segura do tipo de microestrutura. Os corpos-de-prova foram obtidos por solda, utilizando o processo de soldagem por arco submerso e pelo processo de soldagem arco aberto autoprotegido. Para os ensaios de tração, dureza e fadiga térmica foram retiradas transversalmente à direção de soldagem. Os resultados foram interpretados com base nas propriedades mecânicas e com a evolução microestrutural. Os revestimentos, após o ensaio de fadiga térmica, apresentaram uma intensa degeneração de sua matriz e um intenso refinamento das partículas, em relação à condição “como soldada”. Quanto às propriedades mecânicas a mais afetada foi à dureza, seguida pela resistência mecânica, pois a degeneração dos revestimentos causou um intenso amaciamento cíclico. Porém, a resistência à tração foi alterada principalmente pela quantidade e profundidade das trincas térmicas oriundas pela fadiga térmica. Mas, em função da condição de refinamento das partículas, observou-se que a diminuição da resistência mecânica não foi muito significativa em nenhum dos materiais estudados. A fadiga térmica provocou uma deterioração superficial decorrente do produto de corrosão que serviu como fonte motriz para a geração de trincas térmicas superficiais, e um amaciamento cíclico causado pelas alterações no nível de tensões durante os ensaios, resultando no aumento da tensão média, que favoreceu o desenvolvimento das trincas térmicas geradas pelas tensões térmicas.

Ayrton de Sá BrandimProf. do Inst. Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do PiauíDefesa: Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR, [email protected] e [email protected]

Este trabalho compreende o desenvolvimento de um fotômetro portátil empregando um LED (Light Emitting Diode) como fonte de radiação eletromagnética e outro

LED como fotodetector. A viabilidade desta proposta foi demonstrada em um procedimento de titulação fotométrica automática implementado, baseado no processo de procura binária. A melhoria da sensibilidade dos métodos analíticos clássicos para melhorar o limite de detecção é uma demanda atual da química analítica, visando a alcançar os limites máximos estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Em detecção fotométrica um dos meios para isso é aumentando o caminho óptico da cela de fluxo. Em sistemas de análise em fluxo, a geometria das celas de fluxo comercial não permite o alongamento do caminho óptico. Nesse trabalho, empregou-se um LED com feixe de emissão de alta intensidade e ângulo de espalhamento estreito, o que permite emprego de uma cela de fluxo de 200 mm. A cela de fluxo foi desenhada com uma geometria apropriada permitindo o acoplamento direto da fonte de radiação (LED) e do fotodetector. O ortofosfato está entre as espécies químicas cuja concentração máxima permitida em águas doce é da ordem de g L-1, a viabilidade de uso de uma cela de fluxo de caminho óptico longo foi testada na determinação de ortofosfato em águas. O procedimento foi desenvolvido empregando o processo de multicomutação, o método fotométrico baseado na reação com molibdato de amônio e redução com cloreto estanhoso. Tendo em vista que diferentes fotodetectores têm sido empregados em protótipos de fotômetros e visando a avaliar o desempenho destes, desenvolveu-se um conjunto de experimentos, submetendo os fotodetectores às mesmas condições de trabalho. A determinação fotométrica de ortofosfato em águas foi selecionada como modelo para testar as respostas dos fotodetectores usados.

Desenvolvimento de um fotômetro portátil usando led como fotodetector e de procedimentos analíticos automáticos empregando multicomutação em fluxo.

Virulência de amostras de Dengue virus isoladas de pacientes em modelo murino.

Milton Batista da SilvaPesquisador DCR/CNPq/FAPEPIDefesa:Universidade Federal de São Carlos, [email protected]

Fadiga térmica de revestimentos de aço inoxidável mar-tensítico 423l, 423co e 414n: evolução da microestrutura e das propriedades mecânica

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Autor: Avelar Damasceno AmorimR$ 15,00120 pá[email protected]

Este livro foi produzido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos do Piauí – AEPI e demais integrantes da Comissão de Sementes e Mudas do Piauí – CSM-PI, constitui-se numa teoria para estabelecer formas de produção e abastecimento de sementes que venham assegurar a utilização desse insumo de fundamental importância para os agricultores(as) familiares e para a classe empresarial.

Organizadoras: Diva Figueiredo e Silvia Puccioni Distribuição gratuita125 pá[email protected]

A proposta dessa publicação, promovida pela Superintendência no Piauí do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em parceria com a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), sediada no Parque Nacional Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, é apresentar um relato dos trabalhos que visavam à proteção e conservação do Sítio Toca da Entrada do Pajaú, um sítio arqueológico reconhecido como patrimônio cultural da humanidade, localizado dentro do Parque em questão.

estado, Desenvolvimento e Políticas Públicas

Organizadores: Ana Beatriz Martins dos Santos Seraine, Raimundo Batista dos Santos Júnior e Shiguenoli MiyamotoR$ 40,00504 páginas

A obra envolve a participação de professores doutores e doutorandos da UFPI e da Unicamp e tem como intuito de contribuir para o crescimento e o desenvolvimento da Pós-Graduação nas Ciências Sociais e especialmente nas Ciências Políticas da UFPI. Os colaboradores deste volume estão preocupados com o impacto das reformas orientadas para o mercado e desse impacto frente às instituições, uma vez que o Estado parece cada vez mais necessário na regulação econômica e no combate às desigualdades sociais e econômicas.

Carnaúba, pedra e barrona capitania de São José do Piauhy

Autor: Olavo Pereira da Silva F. R$ 180,00230 páginas (Volumes I, II e III)[email protected]

Divididos em três belos e ricos volumes, a obra trata do patrimônio da memória dos piauienses, realizada por meio de trabalho de pesquisas sobre as construções de casas, cadeias, escolas e igrejas nos séculos XVIII e XX. O autor dos três volumes, arquiteto Olavo Filho foi, inclusive, premiado pelo Iphan pelo importante trabalho de resgate da memória do Estado transcrita nas construções. A análise foi feita em três aspectos: estabelecimentos rurais, urbanismo e arquitetura urbana em vários municípios como Oeiras, Amarante, Parnaíba e Campo Maior.

Autores: Luis Carlos Feitosa Tajra, Ricardo Matias Lopes e Celina T. Castelo Branco Couto MirandaR$ 25,00108 pá[email protected] ou [email protected]

O termo litíase urinária refere-se ao fato de haver a presença de “pedras” em algum local do sistema urinário humano. Portanto, a leitura deste livro serve como um guia tanto para os médicos como para pacientes no tratamento dessa patologia tão frequente e com sobreposição em diversas outras áreas da medicina que não somente a Urologia. A obra aborda a litíase urinária através de seus aspectos clínicos, diagnósticos e tipos de tratamentos.

Sementes para os Agricultores(as) Familiares

Organização: Algemira de Macedo Mendes, Marleide Lins de Albuquerque e Olívia Candeia Lima RochaR$30,00327 pá[email protected]

Este livro é resultado de pesquisas acerca da presença feminina na literatura piauiense, compreendendo um estudo de 33 nomes, dentre poetas, contistas e romancistas. Algumas já são conhecidas e admiradas pelo público leitor como Amélia Beviláqua e Luiza Amélia de Queiroz, todavia a publicação apresenta outros nomes da literatura a serem estudados. A obra possui uma cuidadosa seleção de textos que permite ao leitor conhecer e avaliar as produções literárias dessas autoras.

Consolidação estrutural da Toca da entrada do PajaúParque Nacional Serra da Capivara – Diagnóstico e Proposta de intervenção

Litíase Urinária Aspectos clínicos e cirúrgicos

Antologia de escritoras piauienses (Século XiX à Contemporaneidade)

LVS

Atingimos, com regularidade, à 21ª edição do informativo científico Sapiência, projeto

genuíno e inovador. Alcançar este objetivo não foi uma tarefa fácil, foi necessário muito empenho, determinação e profissionalismo de uma equipe comprometida com o projeto e além disto, acreditar no ideal de uma sociedade próspera por meio de ideias frutíferas advindas da ciência.

A equipe de produção e edição, além dos editores e o Conselho Editorial do Informativo Científico Sapiência, que foi gerado como proposta de popularização da ciência no ano de 2003, vem mantendo a qualidade e a linha editorial centrada na ética e na qualidade de divulgação das pesquisas e dos pesquisadores, preferencialmente, do Estado do Piauí.

O Sapiência nasceu, cresceu, ganhou reconhecimento, adquiriu credibilidade, ganhou prêmios nacional (Prêmio José Reis de

A divulgação científica cada vez mais valorizada com o Sapiência

Divulgação Cinetífica - Título Menção Honrosa) e estadual e agora está no QUALIS, com conceito B5 conferido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, órgão vinculado ao Ministério da Educação. E estamos sempre em busca de mais qualidade e de reconhecimento.

Por tudo isso, é que o I n f o r m a t i v o S a p i ê n c i a precisa, cada vez mais , da p a r t i c i p a ç ã o d e n o s s o s pesquisadores e colaboradores, que são o maior trunfo e o sentido do seu crescimento. Portanto, solicitamos que continuem nos enviando, mais e mais, artigos, resumos de tese, dicas de livros técnicos e sugestões de pautas para nossas reportagens. Para facilitar

sua participação no Sapiência criamos modelos padronizados para cada item mencionado acima basta acessar o endereço eletrônico www.fapepi.pi.gov.br e ir para o menu SAPIÊNCIA.

Sobre estarmos no QUALIS, é importante frisar que a CAPES é

responsável por acompanhar a qualidade na pós-graduação brasileira, por meio de uma c o m p l e x a avaliação de cada programa de mestrado e doutorado existente no Brasi l . Uma

parte significativa desta avaliação é atribuída à publicação cientifica em periódicos científicos. As publicações (informativos e revistas) são classificadas em três grandes grupos A, B e C. As mais conceituadas e

mais citadas revistas de uma área de conhecimento ficam classificadas com conceito A1. O fator de impacto de uma publicação científica depende não só da qualidade do que nela existe, mas também da importância que outros pesquisadores conferem a ela por citar algum de seus artigos.

O Informativo Sapiência, embora não sendo uma publicação científica propriamente dita, pois seu foco é a divulgação cientifica, foi classificado em duas áreas (Interdisciplinar e História) no QUALIS CAPES, em ambos com o conceito B5. Isto atesta a qualidade da seção de artigos científicos publicados em nosso jornal. Agora, os pesquisadores piauienses têm mais um motivo para encaminharem mais matérias e artigos para divulgação e/ou publicação no Sapiência.

O Sapiência nasceu, cresceu, ganhou reconhecimento, adquiriu credibilidade, ganhou prêmios nacional e estadual e agora está no QUALIS, com conceito B5 conferido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES

Contatos:[email protected]@fapepi.pi.gov.br(86) 3216-6090

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Criado FUNDeS para incentivar a pesquisa científica e tecnológica no Piauí

A Lei nº 5.790, de 19 de agosto de 2008, criou o Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento

Técnico-científico do Estado do Piauí – FUNDES. Este, gerido por um Conselho Diretor vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí – FAPEPI. Será um órgão gestor que terá a função de Secretaria-Executiva, cabendo-lhe praticar todos os atos de natureza técnica, administrativa, financeira e contábil necessários à gestão. O presidente, conforme designa a lei é o presidente da FAPEPI, que hoje, é exercida pelo Prof. Dr. Acácio Veras.

O FUNDES foi instituído com o ob je t ivo de fo rnecer recursos para f inanciamento d e p e s q u i s a , i n o v a ç ã o e o desenvolvimento científ ico e tecnológico, visando a promover o desenvolvimento econômico e social do Estado do Piauí e suas potencialidades. Os recursos do Fundo serão destinados a apoio a programas, pesquisas, projetos e atividades de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento e Inovação, compreendendo a pesquisa básica ou aplicada, a transferência de tecnologia e o desenvolvimento de novas tecnologias de produtos e processos, de bens e serviços, bem como a capacitação de recursos humanos, intercâmbio científico e tecnológico e a implementação, manutenção e recuperação de infraestrutura de pesquisa, além

do incentivo a popularização e divulgação de conhecimento científico e tecnológico.

Os membros t i tu lares e suplentes que compõem o Conselho Diretor do FUNDES (veja quadro ) tomaram posse no dia 14 de agosto, em reunião realizada no auditório

da FAPEPI. Além disto, esta reunião teve como objetivo discutir o Estatuto e o Regimento do Fundo.

A p r ó x i m a r e u n i ã o d o Conselho Diretor acontecerá no próximo mês de setembro, quando os membros deverão aprovar regimento e estatuto, os quais estabelecem as

normas e diretrizes para o devido funcionamento do FUNDES.

Para o pesquisador da Embrapa, Eugênio Emérito Araújo, “a normatização do Fundo possibilitará uma alternativa de recursos para financiar projetos novos, como o apoio ao desenvolvimento de pesquisas no agronegócio”, explicou.

Entre as a t r ibuições do Conselho Diretor estão a de encomendar estudos que subsidiarão a definição de estratégias e políticas de alocação de recursos do Fundo, de definir as políticas, diretrizes e normas para a utilização dos recursos; aprovar os orçamentos, analisar os balanços e prestações de contas, entre outros. Os recursos para o funcionamento do FUNDES serão provenientes de dotações consignadas na lei orçamentária a n u a l e a i n d a d e r e c u r s o s provenientes de empreendimentos indust r ia is e agroindust r ia is incentivados nos termos da Lei n 4.859, de 1996.

De acordo com o presidente da FAPEPI, Acácio Véras, o FUNDES será mais uma forma de garantir o desenvolvimento científico do Estado. “O FUNDES é mais um instrumento do governo do Estado com o objetivo de desenvolvimento da ciência e tecnologia do Piauí e, certamente, se utilizado adequadamente, trará melhorias sócio-econômicas à comunidade piauiense”, destacou Acácio Véras.