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TERMINAL 3 DE GUARULHOS: PROJETO,
SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO
LEONE, Camila (1) e MEIRELLES, Célia Regina Moretti (2).
(1) Arquiteta, FAU/MACK – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. [email protected]
(2) Professora Doutora, FAU/MACK – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. [email protected]
RESUMO
O presente trabalho discute as interfaces entre as técnicas construtivas,
projeto, sustentabilidade e inovação tecnológica em edifícios aeroportuários. A
pesquisa aborda os edifícios construídos para os grandes eventos esportivos,
como a copa do mundo, discute a produção dos aeroportos devido a sua
importância frente à mobilidade dos passageiros. Nesta pesquisa vamos
discutir o terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, no âmbito da sustentabilidade
e das tecnologias empregadas. A pesquisa mostra a importância de um projeto
que pensa no desempenho energético, minimizando os custos com energia ao
longo da vida útil do edifico, aplicando tecnologias inovadoras como os
elevadores autônomos em energia, aplicação de vedações de alto
desempenho, captação e reúso da água de chuva, entre outros fatores,
entretanto destacamos que o edifício não produz energia renovável. Os
principais legados tecnológicos deixados foram o desenvolvimento e aplicação
de tecnologias de vedação aos padrões de desempenho exigidos nos
aeroportos. O uso de sistemas automatizados de triagem e distribuição das
bagagens no projeto se aproxima dos padrões internacionais.
Palavras-chave: aeroporto, construção, sustentabilidade.
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ABSTRACT
This work discusses the interfaces between construction techniques, project,
sustainability and technological innovation in airport buildings. The research
covers the buildings constructed for sports events like the World Cup, discusses
the airports due to its importance from passenger mobility. In this research, we
discuss the terminal 3 of Guarulhos airport, in the context of sustainability and
the technologies employed. Research shows the importance of project think on
energy performance, minimizing energy costs over the useful life of the building
, using innovative technologies such as autonomous lifts energy , application of
high performance seals, capture and reuse of water rain, among other factors ,
however the building does not produce renewable energy. The main
technological legacies were the development and application of sealing
technology with the performance standards required in airports. The use of
automated systems for sorting and distribution of luggage in the project
approaches of international standards.
Keywords: Airport, Construction, Sustainability.
INTRODUÇÃO
A realização de grandes eventos esportivos como a copa de 2014 envolve o
deslocamento de uma grande quantidade de turistas nacionais e estrangeiros,
exigindo do Brasil um investimento em infraestrutura urbana para manutenção
da mobilidade, em especial em seus aeroportos.
Como exemplo da rápida expansão da demanda e do esgotamento dos
sistemas de transporte aeroviário no Brasil, o aeroporto de Cumbica, Aeroporto
Internacional Governador André Franco Montoro, apresentava em 1985 um
fluxo de transporte de 2,3 milhões de passageiros, saltando exponencialmente
para 15 milhões de passageiros em 2004, e hoje a capacidade dos terminais
está no limite. Como uma das cidades sede da Copa do mundo será São
Paulo, um dos principais legados é a ampliação da capacidade de transporte
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do aeroporto, com a implantação do terminal 3, sua capacidade de transporte
chegará a 27 milhões de passageiros por ano. (CAPRIGLIONE, 2004)
O esgotamento da capacidade dos sistemas de transporte aeroviário ocorreu
devido ao fenômeno da globalização em busca de expansão econômica ou
integração territorial entre dois locais distantes e devido ao fato de permitir
grandes deslocamentos em um tempo menor. Outro aspecto que levou ao
aumento da demanda é o fato do transporte por aeronaves está sendo cada
vez mais acessível a uma parcela considerável da população, justificando-se
assim, a permanente necessidade de ampliações ou até novas construções de
terminais, vinculado às práticas tecnológicas mais racionais, de menor impacto
ambiental e inovadoras.
Um dos principais legados para o país no evento da copa do mundo é
estabelecer o desenvolvimento sustentável com rebatimentos sociais e
ambientais nas diversas escalas. Na busca para estabelecer parâmetros de
sustentabilidade para os diversos setores envolvidos na copa do mundo, foram
criados grupos de discussão e publicações, como o trabalho de Ernst & Young
com a fundação Getúlio Vargas, Brasil Sustentável, Impactos Socioeconômicos
da Copa do Mundo 2014.
Como exemplo de critérios sustentáveis para o setor da construção civil, são
parâmetros de projeto que buscam minimizar os impactos sobre as mudanças
climáticas, durante a construção e durante a vida útil do edifício. Na operação
do edifício a minimização do uso de energias não renováveis, com aplicação de
“tecnologias energeticamente eficientes”, a produção de energia solar, a gestão
dos resíduos sólidos, tecnologias de reúso e ou a reciclagem das águas. No
âmbito socioeconômico, estabelecer critérios visando as condições de “trabalho
e pagamento, com saúde e segurança”, além de incentivar a educação e o
treinamento dos funcionários. (ERNST & YOUNG; GETÚLIO VARGAS, 2012)
Visto que aeroportos expressam aspectos monumentais, destacando-se como
marco para a região, cidade ou até mesmo país, os materiais a serem
empregados no mesmo, são de grande importância, uma vez que, são obras
quase sempre muito extensas. Nesta pesquisa vamos discutir o projeto, o
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processo construtivo do novo terminal 3 de Guarulhos, no âmbito da
sustentabilidade e das tecnologias empregadas.
CRITÉRIOS DE SUSTENTABILIDADE ADOTADOS EM AEROPORTOS
Em função das mudanças climáticas diversos órgãos internacionais estão
envolvidos em minimizar os impactos sobre o meio ambiente, como as
emissões dos gases de efeito estufa, entre eles o CDA, “Internacional de
Chicago of Department of Aviation” que produziu um manual “Sustainable
Airport Manual” (2010) voltado para sustentabilidade”. (CDA, 2010) O manual
indica a importância de ações integradas, desde o projeto para atingir a
sustentabilidade, como, “reduzir o impacto ambiental do espaço construído
sobre o meio ambiente e, ao mesmo tempo criar benefícios financeiros e
operacionais para um projeto, integrando os benefícios sociais para a
comunidade em geral”. O manual indica estratégias de projeto
• Seleção do local próximo ao transporte coletivo (ônibus, Linhas
ferroviárias, Metro, etc.) buscando incentivar os funcionários, visitantes e
usuários a utilizar transporte de massa;
• Minimizar as superfícies impermeáveis e pavimentadas, incorporar
telhados com vegetação e com colheita à água da chuva para
reutilização;
• Melhorar a eficiência energética A) Minimizando as perdas de energia do
edifício, incorporando sistemas inteligentes e eficientes com sensores de
presença; B) A produção de energias renováveis como a solar, a
geotermia, a eólica, etc. Aplicação de sistemas de luzes econômicas
como luz de LED. C) aplicar envoltórias eficientes em termos de conforto
térmico, como por exemplo a redução das ilhas de calor, nas grandes
coberturas e outras áreas, com maximização de telhados com cobertura
verde, ou aplicar material com alta refletância ou branco, valorizar as
áreas sombreadas, entre outros fatores.
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O manual “Sustainable Airport Manual” (2010) aponta que para minimizar o
impacto ambiental o aeroporto deve aplicar tecnologias verdes e que não
poluem o ambiente em todas as esferas
• Maximizar o uso e materiais naturais, buscando estratégias e soluções
eficientes que minimizam a quantidade de material aplicado. Como por
exemplo, a aplicação de materiais “recicláveis, reutilizáveis ou
compostáveis”, e destaca a importância de valorizar os materiais locais
e regionais para incentivar a economia regional e reduzir o impacto
ambiental decorrente do seu transporte.
• Gestão dos resíduos sólidos nas construções e na administração do lixo
minimizando o impacto sobre os dos aterros sanitários.
• Valorizar os combustíveis alternativos em veículos dentro do
aeródromo, como o elétrico, biodiesel, híbridos, propano, etc.
• Proteger a fauna e a flora.
O TERMINAL 3 - AEROPORTO DE GUARULHOS
O terminal 3 de Guarulhos apresentou quatro projetos, entre eles podemos
destacar o projeto da Figueiredo Ferraz, e o projeto encomendado pela Infraero
para o consórcio MAG coordenado pelo escritório Biselli + Katchborian
Arquitetos, em conjunto com PJJ Malucelli Arquitetura, GPA Arquitetura e
Andrade Rezende Engenharia, projeto ousado e de grande beleza, com 230
000 m2 e uma estimativa para receber 19 milhões de passageiros por ano. A
partir da privatização de Cumbica, as empresas operadoras do terminal,
decidiram não utilizar o projeto desenvolvido pelo consórcio de arquitetos MAG.
O novo projeto do complexo de edifícios do terminal 3 de Guarulhos foi
desenvolvido pela empresa brasileira Engecorps, empresa do grupo espanhol
Typsa, com uma capacidade para receber 12 milhões de passageiros por ano,
e com 192 mil m². As obras começaram em outubro de 2012, com previsão de
entrega para maio de 2014. O projeto preve a construção de um novo pier para
2022, ampliando o número de aeronaves operantes no terminal, como mostra a
figura 2 com o esquema de implantação dos terminais existentes no aeroporto
de Guarulhos, e as futuras ampliações.
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Figura 1: vista externa – maquete eletrônica Fonte: Revista Infraestrutura Urbana, 2013
Figura 2: Esquema de Implantação do aeroporto Internacional de Guarulhos
Fonte: Acervo do Autor
O edifício chamado de Terminal 3 é composto de dois volumes, o edifício
principal e um píer longitudinal. A configuração do terminal promove ações
centralizadas, de controle, e de recepção conduzindo e levando todos os
passageiros a passar por determinados pontos, e em função do destino de
cada passageiro ocorrerá a redistribuição. Em entrevista realizada com Andrei
Taxiamento e pista de pouso e decolagem
Extensão para 2022
Terminal 4
Terminal de cargas
Terminal 2
Terminal 3
Estacionamento
Terminal 1 Edifício garagem
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Almeida1, arquiteto da Engecorps, ele mostrou que as decisões de projeto
buscaram soluções para comportar maior número de passageiros, como por
exemplo, as ilhas de check-in que otimizam a operação das esteiras de
bagagens, agilizando a distribuição e a locomoção dos passageiros no
embarque e desembarque. São 5 pavimentos, sendo o subsolo nível - 6,70
metros, o desembarque no nível 0,00, o embarque no nível 9,00 metros. Os
pavimentos intermediários com mezaninos nos níveis 5,00 metros e 14 metros
respectivamente. A figura 3 mostra alguns croquis dos diferentes pisos do
aeroporto.
Figura 3: Plantas esquemáticas dos pavimentos do aeroporto.
Fonte: Acervo do Autor O subsolo caracteriza-se por uma área de acesso restrito aos funcionários do
terminal. Nesse pavimento encontram-se os vestiários de funcionários,
armazéns, bagagens extraviadas, reservatórios de água para reúso,
reservatórios para combate a incêndio, água potável para abastecimento do
terminal, entre outras áreas necessárias para o funcionamento do edifício.
1 Andrei Almeida1, arquiteto da Engecorps empresa do grupo espanhol Typsa
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No pavimento de desembarque, ficam o controle de passaporte e segurança, a
sala de recolhimento de bagagens, e acesso ao freeshop. No caso de conexão,
os passageiros devem se dirigir aos balcões de recheck-in. Neste pavimento
estão a polícia federal, a receita federal, o controle de bagagens entre outras
áreas de acesso restrito a funcionários. O píer no desembarque é voltado ao
uso exclusivo dos funcionários, como mostra o esquema da figura 4 e os fluxos
no edifício principal através da figura 5.
Figura 4: Setorização pavimento desembarque Fonte: acervo do Autor
Figura 5: Planta desembarque com indicação dos fluxos Fonte: Andrei Almeida
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Figura 6A : Sala de Restituição de Bagagens 6B: Sistema de tratamento de bagagens
Fonte: Acervo do Autor
O nível 5,00 é um nível de integração e circulação. Neste nível ocorre a ligação
dos passageiros desembarcados para o nível 0,00, onde serão retiradas as
bagagens, além disso, conecta o Terminal 3 ao edifício garagem e também ao
Terminal 2. Está previsto no futuro a construção de um hotel neste pavimento.
O saguão de embarque (+9,00 metros) possui um espaço generoso aos
passageiros, com amplos vazios, conformados por jardins, com grandes
árvores que vêm do nível +5,00. No embarque os vãos são de 18x36 metros,
tornando o ambiente livre de pilares. Nas áreas operacionais, os vãos
dependem do tipo de função e são variáveis entre 9x9 metros e 9x18 metros.
Após os passageiros passarem pelos balcões de check-in, é realizado o
controle de segurança e passaporte, e posterior, acesso à área comercial e
freeshop com diversas marcas e restaurantes. O embarque possui ainda
diversas áreas operacionais e back offices de escritórios. O píer é destinado
aos passageiros para acesso às aeronaves, e os vãos dos pilares são
novamente 18x36 metros, seu formato linear é consequência da sua
funcionalidade, pois otimiza o número de aeronaves, como mostram as figuras
abaixo.
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Figura 7: Setorização pavimento embarque
Fonte: Acervo do Autor
Figura 8: Planta embarque com indicação dos fluxos
Fonte: Andrei Almeida
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Figura 9A: Sala de embarque; 9B: praça comercial.
Fonte: Revista Infraestrutura Urbana, 2013.
No mezanino do embarque estão localizadas as salas vips, restaurantes e
escritórios.
Segundo Andrei Almeida, as decisões quanto as soluções projetuais, materiais
utilizados e técnicas empregadas, levaram em consideração os investimentos
realizados na construção do edifício e instalações, e por outro lado os custos
associados à manutenção dos equipamentos e despesas operacionais. Nas
decisões foram ponderados que todos os custos envolvidos na vida útil do
edifício, como o desempenho, serão custeados pelos grupos gestores do
edifício ao longo dos próximos vinte anos, portanto o grupo buscou otimizar a
eficiência global do edifício.
De acordo com Andrei Almeida, foram adotadas diversas medidas que aplicam
o conceito de sustentabilidade e o menor impacto ambiental. Com estratégias
voltadas para a construção do edifício e seus materiais, estratégias para
minimizar os gastos de energia ao longo da vida útil do edifício como, a
utilização da iluminação natural, luzes econômicas, materiais de maior
eficiência térmica na envoltória diminuindo as trocas de calor entre a parte
interna e externa da edificação, além da captação das águas de chuva e o
reúso das águas, gestão integrada dos resíduos sólidos, entre outras.
Entretanto devido ao tempo de projeto e de execução, o conjunto não foi
analisado para atingir as certificações.
Na escolha dos sistemas construtivos, o prazo para entrega da obra foi uma
questão determinante, o projeto em fase preliminar previa toda a estrutura
moldada in loco, devido aos prazos estabelecidos para finalização da obra de
18 meses, foi aplicado o sistema estrutural em concreto armado pré-fabricado.
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O pré-fabricado foi aplicado em grande parte da estrutura portante, que suporta
os níveis de piso do terminal, pilares, vigas, e lajes protendidas alveolares.
Contudo os pilares que suportam a estrutura da cobertura também foram
moldados in loco, devido a maior estabilidade. Todos os subsolos devido a
questões de durabilidade, de umidade e impermeabilização, foram realizados
com concreto moldado in loco, com “fundações em estaca do tipo hélice
continua”. (CARVALHO, 2013) A estrutura da cobertura em treliça metálica
define um conceito de uma estrutura mais leve, na busca da rapidez construtiva
e menor quantidade de aço.
O desenho do terminal foi pensado para favorecer a incidência de iluminação
natural, pois grande parte dos edifícios apresentam as envoltórias em vidro,
associado ao desenho escalonado das coberturas que garantem entrada de luz
natural por cima, como pode ser visto na figura 10.
Figura 10A: visão externa do andamento da obra: 10B: 3d da vista interna
Fonte A: Copa 2014. B: Acervo do Autor Outro ponto que maximiza a luz natural no terminal são as claraboias
distribuídas ao longo de todo o edifício principal, auxiliam na iluminação e
atuam como dispositivo de segurança ao incêndio. As claraboias são
controladas a partir do sistema de detecção de fumaça e se abrem
automaticamente em caso de concentração de fumaça. Nos ambientes internos
do terminal, a iluminação é através de luz de Leds, apesar do custo inicial mais
elevado a sua maior durabilidade é um fator determinante para sua aplicação,
associado ao fato de ser uma luz energeticamente eficiente. (CARVALHO,
2013)
Os vidros de todas as fachadas do edifício são duplos de alta performance,
pois são vidros laminados e recebem uma película de butiral, em ambas as
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faces da envoltória, associado a uma câmara de 20 mm, diminuindo as trocas
térmicas entre o interior e o exterior, proporcionando economia na utilização de
ar condicionado. A composição da vedação permite a entrada de luz e diminui
a entrada do calor e do som, proporcionando um maior conforto termo acústico.
Segundo Andrei Almeida, a fachada em vidro permite uma “transmissão
luminosa de 50 %, com fator solar de 30% e atenuação acústica de 40 db”. O
conjunto por sua vez garante a transparência necessária, para que os
passageiros possam observar a pista de pouso e decolagem.
A cobertura possui alto desempenho termo acústico, pois foram aplicadas
telhas zipadas tipo sanduíche de alumínio, com núcleo em polietileno da
empresa Bemo do Brasil, produzidas com o desempenho térmico exigido nas
qualificações para o conforto térmico do edifico.
Figura 11 A: vista da montagem da estrutura da cobertura 11 B: vista da montagem da
fachada. Fontes: COPA 2014
Os revestimentos utilizados no terminal foram predominantemente em chapa
de metal perfurada da Swissmetal, chapas de alumínio das empresas
Alucomaxx entre outros fornecedores. Em algumas áreas externas foi aplicado
o steellayer, desenvolvido pela empresa Ananda e produzidos especialmente
para atingir as exigências de desempenho térmico exigido nos terminais
aeroportuários. As paredes com fechamentos opacos em stellayer foram
estruturados com steel frame, mas para atingir o desempenho térmico foi
necessário associar um isolamento em lã de rocha em conjunto com painel de
gesso nas camadas internas e nas camadas externas composições com o
painel OSB (Oriented Strand Board), uma manta de proteção contra umidade e
finalmente revestido com a placa stellayer, como mostra a figura 12. O sistema
é considerado como construção a seco. (ANANDA,2012)
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Figura 12: Revestimentos no terminal de passageiros
Fonte: Acervo do Autor
A circulação no interior do terminal é realizada através de elevadores, escadas
fixas, rolantes e deslocamento horizontal através de esteiras, uma estratégia
para minimizar as longas distâncias. Dentre as tecnologias implantadas para
facilitar o fluxo de passageiros, e do processo de embarque mais rápido foram
os quiosques de autoatendimento para chekin, despacho automático para
bagagens e portões eletrônicos de imigração e emigração (e-gate). (E-
CONSTRUMARKET, 2014)
Figura 13A: Saguão de embarque, 13B: Elevadores do saguão
Fonte: 13 A: Carvalho - Revista Infraestrutura Urbana, 2013, 13 B: Acervo do Autor
Uma das tecnologias mais inovadoras aplicadas nos edifícios foram os
elevadores, que são autônomos em energia, acumulando energia a partir do
próprio movimento.
A captação da água de chuva é realizada com o novo sistema de drenagem
chamado de Full Flow um sistema de alta performance, permitindo o dobro de
volume de drenagem, com a água preenchendo toda a tubulação, pois cria um
vácuo no tubo, garantindo a sucção da água. A água captada pela cobertura
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será direcionada para reservatórios na área de serviços do terminal, localizada
no subsolo do edifício, para tratamento e reúso. (GEBERIT, 2013)
O terminal conta com serviços de reciclagem e com unidades compactadoras
de resíduos sólidos. No subsolo ficam as áreas de compactação do resíduo
sólido reciclável recolhido em todo o terminal.
Andrei Almeida observou que na obra foi determinante a escolha por materiais
nacionais em função do financiamento do BNDES, ele observa entretanto que
nem sempre temos no Brasil materiais com a melhor tecnologia e desempenho.
Desta forma alguns materiais tiveram que ajustar as especificações para atingir
o desenho da obra. O BNDES pretende com a medida incentivar o
desenvolvimento da indústria nacional e do mercado interno.
CONCLUSÃO
No âmbito da sustentabilidade o edifício do Terminal 3 incorpora durante a vida
útil do edifício a minimização do uso de energia, com um projeto que valoriza a
iluminação natural, associado a um sistema de iluminação de alta performance,
o LED, a uma envoltória de alto desempenho térmico e acústico, elevadores
que geram a própria energia, o reúso da água pluvial e a gestão integrada dos
resíduos sólidos.
Um ponto discutível, em relação à sustentabilidade do projeto do Terminal 3, é
devido a obra não contemplar formas de energias alternativas como as células
fotovoltaicas, contudo o projeto priorizou a coleta da água de chuva, um fator
de grande relevância no contexto da sustentabilidade.
No âmbito dos legados tecnológicos deixados pela Copa de 2014, as diretrizes
do BNDES dando prioridade a aplicação de produtos nacionais em obras
financiadas pelo banco, como o Terminal 3, é de grande relevância pois
permite o desenvolvimento do parque industrial brasileiro e seu rebatimento
nos novos edifícios construídos no Brasil.
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REFERÊNCIAS
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http://www.anandametais.com.br/bra/releases/2012/steellayer_ananda_aco.asp
acesso em 30.abr. 2014.
CAPRIGLIONE, Laura. Infraero promete cubica ecológico. Folha UOL. 24.
Maio. 2004. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2405200419.htm acesso em
20.abril.2014
CARVALHO, Carlos. Obra: Conheça o novo terminal do Aeroporto de
Guarulhos. Revista Infraestrutura Urbana. V 31. São Paulo: PINI,2013.
Disponível em <http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-
tecnicas/31/terminal-3-de-guarulhos-novo-complexo-de-passageiros-do-
296601-1.aspx> acesso em 10.abril.2014.
CDA. Manual Sustainable Airport Manual (SAM). CHICAGO: Chicago of
Department of Aviation, 2010.
COPA 2014. Copa 2014. Fotos da Obras para a Copa 2014. Disponível em
<http://copa2014.gov.br/pt-br/dinamic/galeria_imagem/38951> Acesso em 10.
abril.2014.
EDWARDS, Brian. O guia Básico para a Sustentabilidade. Barcelona:
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ERNST & YOUNG; FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Brasil Sustentável: Impactos Socieconômicos da Copa do Mundo 2014. Departamento de
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