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TERMO DE APROVAÇÃO Mahara de Gouvêa Monique Cellarius Konietzko LIVRO FOTOGRÁFICO “Diversità - Largo da Ordem: as faces de um lugar Uma perspectiva sobre os Grupos Sociais do Largo da Ordem conhecido por não ter rosto” Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 7,0 como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelas Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora composta por: Prof.(a) e Presidente Viviane Rodrigues Peixe Prof.(a) Hendryo André Prof.(a) Ivana Paulatti Curitiba, 29 de agosto de 2014.

TERMO DE APROVAÇÃO - Projetos de pesquisa em Jornalismo · Apto com restrições para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 6,9 e 4,0 pontos, o que resultará

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TERMO DE APROVAÇÃO

Mahara de Gouvêa

Monique Cellarius Konietzko

LIVRO FOTOGRÁFICO “Diversità - Largo da Ordem: as faces de um lugar

Uma perspectiva sobre os Grupos Sociais do Largo da Ordem

conhecido por não ter rosto”

Trabalho de conclusão de curso aprovado com nota 7,0 como requisito parcial

para a obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelas

Faculdades Integradas do Brasil – Unibrasil, mediante banca examinadora composta por:

Prof.(a) e Presidente Viviane Rodrigues Peixe

Prof.(a) Hendryo André

Prof.(a) Ivana Paulatti

Curitiba, 29 de agosto de 2014.

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ANEXO II - FICHA DE QUALIFICAÇÃO DE TCC OU PROJETO EXPERIMENTAL

BANCA DE QUALIFICAÇÃO MONOGRAFIA OU PROJETO EXPERIMENTAL

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

Tipo: ( ) Monografia ( ) Projeto Experimental Tema do projeto: ________________________________ Veículo Proposto: _______________________________ Integrantes da equipe: 1. __________________________ 2. __________________________ 3. __________________________

INTEGRANTES DA BANCA

Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________

AVALIAÇÃO E

(0,0 a 3,9) D

(4,0 a 6,9) C

(7,0 a 7,9) B

(8,0 a 8,9) A

(9,0 a 10,0)

Definição do tema e objeto do trabalho

Apresentação do problema de pesquisa

Objetivos e justificativa do projeto

Metodologia proposta no projeto

Qualidade do quadro teórico referencial

Delineamento do projeto

Cronograma de Atividades

SOMA DAS NOTAS

MÉDIA DA BANCA DE QUALIFICAÇÃO Plenamente apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação acima de 9,0 pontos. Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 7,0 e 8,9 pontos. Apto com restrições para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 6,9 e 4,0 pontos, o que resultará na necessidade de um exame final para o aluno ou integrantes da equipe. Não Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação abaixo de 4,0 pontos.

RESULTADO FINAL ( ) Plenamente Apto ( ) Apto ( ) Apto com restrições ( ) Não Apto.

SUGESTÃO DE ORIENTADOR:

Prof.: ________________________________________

PARECER DA BANCA: Assinaturas dos integrantes da banca:

Curitiba, ____ de _______________________ de ______ Cópia desta ficha assinada deverá ser anexada à versão final do trabalho.

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ANEXO II - FICHA DE QUALIFICAÇÃO DE TCC OU PROJETO EXPERIMENTAL

BANCA DE QUALIFICAÇÃO MONOGRAFIA OU PROJETO EXPERIMENTAL

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

Tipo: ( ) Monografia ( ) Projeto Experimental Tema do projeto: ________________________________ Veículo Proposto: _______________________________ Integrantes da equipe: 1. __________________________ 2. __________________________ 3. __________________________

INTEGRANTES DA BANCA

Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________

AVALIAÇÃO E

(0,0 a 3,9) D

(4,0 a 6,9) C

(7,0 a 7,9) B

(8,0 a 8,9) A

(9,0 a 10,0)

Definição do tema e objeto do trabalho

Apresentação do problema de pesquisa

Objetivos e justificativa do projeto

Metodologia proposta no projeto

Qualidade do quadro teórico referencial

Delineamento do projeto

Cronograma de Atividades

SOMA DAS NOTAS

MÉDIA DA BANCA DE QUALIFICAÇÃO Plenamente apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação acima de 9,0 pontos. Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 7,0 e 8,9 pontos. Apto com restrições para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 6,9 e 4,0 pontos, o que resultará na necessidade de um exame final para o aluno ou integrantes da equipe. Não Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação abaixo de 4,0 pontos.

RESULTADO FINAL ( ) Plenamente Apto ( ) Apto ( ) Apto com restrições ( ) Não Apto.

SUGESTÃO DE ORIENTADOR:

Prof.: ________________________________________

PARECER DA BANCA: Assinaturas dos integrantes da banca:

Curitiba, ____ de _______________________ de ______ Cópia desta ficha assinada deverá ser anexada à versão final do trabalho.

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ANEXO II - FICHA DE QUALIFICAÇÃO DE TCC OU PROJETO EXPERIMENTAL

BANCA DE QUALIFICAÇÃO MONOGRAFIA OU PROJETO EXPERIMENTAL

COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO:

Tipo: ( ) Monografia ( ) Projeto Experimental Tema do projeto: ________________________________ Veículo Proposto: _______________________________ Integrantes da equipe: 1. __________________________ 2. __________________________ 3. __________________________

INTEGRANTES DA BANCA

Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________ Prof.: _________________________________________

AVALIAÇÃO E

(0,0 a 3,9) D

(4,0 a 6,9) C

(7,0 a 7,9) B

(8,0 a 8,9) A

(9,0 a 10,0)

Definição do tema e objeto do trabalho

Apresentação do problema de pesquisa

Objetivos e justificativa do projeto

Metodologia proposta no projeto

Qualidade do quadro teórico referencial

Delineamento do projeto

Cronograma de Atividades

SOMA DAS NOTAS

MÉDIA DA BANCA DE QUALIFICAÇÃO Plenamente apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação acima de 9,0 pontos. Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 7,0 e 8,9 pontos. Apto com restrições para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação entre 6,9 e 4,0 pontos, o que resultará na necessidade de um exame final para o aluno ou integrantes da equipe. Não Apto para projetos que apresentarem Média da Banca de Qualificação abaixo de 4,0 pontos.

RESULTADO FINAL ( ) Plenamente Apto ( ) Apto ( ) Apto com restrições ( ) Não Apto.

SUGESTÃO DE ORIENTADOR:

Prof.: ________________________________________

PARECER DA BANCA: Assinaturas dos integrantes da banca:

Curitiba, ____ de _______________________ de ______ Cópia desta ficha assinada deverá ser anexada à versão final do trabalho.

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FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL Mahara de Gouvêa Monique Cellarius

LIVRO FOTOGRÁFICO “Diversità - Largo da Ordem: as faces de um lugar conhecido por não ter rosto”

Uma perspectiva sobre os Grupos Sociais do Largo da Ordem

CURITIBA 2014

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FACULDADES INTEGRADAS D FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL

Mahara de Gouvêa Monique Cellarius

LIVRO FOTOGRÁFICO “Diversità - Largo da Ordem: as faces de um lugar

conhecido por não ter rosto” Uma perspectiva sobre os Grupos Sociais do Largo da Ordem

Trabalho de Conclusão apresentado à Banca Examinadora do Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo das Faculdades Integradas do Brasil.

Professora Orientadora: Viviane Rodrigues Peixe

CURITIBA 2014

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RESUMO

O projeto consiste em um fotolivro, que têm como tema principal a

pluralidade dos grupos, subgrupos sociais e movimentos culturais que frequentam

o centro histórico de Curitiba, mais precisamente do Largo da Ordem. Para isso,

são usadas imagens fotográficas de tais grupos em ação, relacionando-se entre si

e com o Largo da Ordem, tornando-se parte dele. As imagens que compõem o livro

são de composições próprias e foram captadas no espaço delimitado que será

apresentado ao longo deste trabalho. A intenção do fotolivro é de documentar o

Largo da Ordem a fim de mostrar a pluralidade cultural do espaço por meio da

mutação física, uma vez que o Largo da Ordem abriga os mais diversos grupos,

subgrupos sociais, movimentos culturais. Para isso, este projeto se vale do termo

“fotografia documental”, no qual as fotografias são usadas com valor de documento

histórico, fonte de informação e como mediadoras para a construção de identidade

e a sua recuperação, como atos de personificação e preservação da memória dos

grupos na esfera local mostrando o espaço físico como um ambiente

ultrademocrático.

PALAVRAS-CHAVE: Largo da Ordem; fotodocumentário; fotolivro; cultura.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. ......05

2. TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................05

2.1 Contextualização da Imagem................................................................................05

2.1.1 Fotografia...........................................................................................................06

2.1.2 Fotojornalismo............................................................................................ ......09

2.1.3 Fotografia documental......................................................................................15

2.1.4 Fotojornalismo x Fotografia Documental..........................................................18

2.2 Largo da Ordem...................................................................................................21

2.3 Etnografia............................................................................................................29

2.4 Antropologia da identidade..................................................................................31

2.5 Grupos, Subgrupos Sociais e Movimentos Culturais..........................................32

2.5.1 Movimentos Culturais.......................................................................................32

2.5.2 Grupos e Subgrupos Sociais............................................................................36

2.5.3 Ideologia.......................................................................................................... 42

2.5.4 Skinheads.........................................................................................................43

2.5.5 Punks................................................................................................................44

2.5.6 Headbangers....................................................................................................45

2.5.7 Crenças............................................................................................................45

2.5.8 Católicos..........................................................................................................45

2.5.9 Judeus.............................................................................................................47

2.5.10 Hare Krishnas................................................................................................47

3.OBJETIVOS..........................................................................................................49

3.1 Objetivo geral ....................................................................................................48

3.2 Objetivos específicos ........................................................................................48

4. JUSTIFICATIVA .................................................................................................49

4.1 Significação da imagem fotográfica...................................................................49

4.2 A fotografia como ferramenta de construção social e cultural...........................50

5. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS ............................................................ 53

6. DELINEAMENTO DO PRODUTO.......................................................................54

6.1 Público alvo........................................................................................................57

6.2 Projeto gráfico ...................................................................................................59

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................60

8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................63

9. ANEXOS .............................................................................................................67

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1. INTRODUÇÃO

“Diversità - Largo da Ordem: as faces de um lugar conhecido por não ter

rosto” é um fotodocumentário, apresentado em formato de fotolivro, que retrata o

Largo da Ordem, um dos mais importantes espaços de Curitiba, reduto cultural e

histórico da capital Paranaense, que desde XVIII atrai um público diverso que

frequenta o espaço pelo comercio, boates, baladas, bares, restaurantes, teatros,

eventos culturais, a tradicional feira dominical do Largo da Ordem entre outros

estabelecimentos que lá existem. O fotolivro tem como objetivo tratar dos aspectos

conceituais sobre fotografia e representações sociais, fornecendo uma perspectiva

sobre os diferentes grupos e frequentadores do Largo da Ordem. Toda discussão

deste estudo baseia-se na imagem fotográfica como ferramenta de construção

social e cultural dos grupos, subgrupos e movimentos culturais do espaço físico

estudado.

O projeto utiliza a fotografia documental como ferramenta de execução

para a realização deste projeto, uma vez que sua característica mais forte é narrar

uma história por meio de uma sequência de imagens, assumindo a função de fazer

a mediação entre o homem e o seu entorno.

O primeiro capítulo é dedicado a observações acerca da fotografia e sua

história. O capítulo seguinte apresenta questões sobre o Largo da Ordem, local

escolhido como palco para captação das fotografias. O terceiro capítulo aborda

questões sobre os grupos, subgrupos sociais e movimentos culturais, tema deste

projeto fotodocumental, separando-os e os apresentando por categorias. Para

concluir esta parte do projeto, há um capítulo dedicado às questões de ordem

técnica e às escolhas sobre a realização do produto, e das escolhas das imagens

captadas para o fotolivro.

2. TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO

2.1 Contextualização da Imagem

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Ceia define a imagem como representação mental de uma determinada

realidade, permitindo associar dois mundos ou realidades divididas tanto no tempo

quando no espaço. Desta forma, é possível entender que a imagem é, ao mesmo

tempo, uma aproximação de diferentes perspectivas como uma metáfora, e

também uma descrição daquilo que é visto no mundo. (MARTINS, 1996)

Somos consumidores de imagem; daí a necessidade de compreendermos a maneira como a imagem comunica e transmite as suas mensagens; de facto, não podemos ficar indiferentes a um dos utensílios que mais domina a comunicação contemporânea (MARTINE, 1943, p.000)

Para compreender a imagem, Martine (1996, p. 39-40) sugere que é

preciso entender que ela é algo que se assemelha a outra coisa, uma vez que é

percebida como representação torna-se um signo. Tanto a fotografia, como vídeo e

filme, são entendidos como ícones puros, perfeitamente semelhantes e, portanto,

ainda mais confiáveis, uma vez que são registros feitos a partir de ondas emitidas

pelas próprias coisas.

Tais considerações aplicam-se as fotografias neste estudo como imagem

mediatizada que é transmissora de uma mensagem que está diretamente

relacionada com uma fonte emissora, um canal de propagação e um receptor como

discutido ao longo deste estudo.

2.1.1 Fotografia

Segundo Vazquez (1986), em junho de 1839 foi realizada a primeira

exposição de fotografias de que se tem registro, com imagens captadas pelo

francês Hippolyte Bayard e copiadas sobre papel. Dois meses antes do anúncio

oficial da descoberta da fotografia por Daguerre1 e mais tarde “a daguerreotipia2

que teve uma expansão extraordinária, atravessando rapidamente o Atlântico.

Os primeiros resultados “fotográficos”, foram obtidos por Niépce3 em 1826,

em uma placa de metal exposta à luz solar, mas o inventor morreu antes de

registar sua descoberta. Foi seu filho, que unindo-se a Daguerre, tornou pública a

invenção, em agosto de 1839 o Estado da França adquire a invenção de Daguerre,

1 Louis Jacques Mandé Daguerre foi um pintor, físico, cenógrafo e inventor francês, autor da primeira patente

para o processo fotográfico, que depois ficou conhecido como “daguerreotipo”. 2 Daguerreótipo foi o primeiro processo fotográfico a ser comercializado ao grande público.

3 Joseph Nicéphore Niépice foi um inventor francês responsável por uma das primeiras fotografias.

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oferecendo a ele e ao filho de Niépce uma pensão vitalícia. Em 1839, enquanto a

França anunciava ao mundo a invenção de Niépce-Daguerre, a Inglaterra

reivindicava a “paternidade” da descoberta fotográfica. (ROUILLÉ, 2009, p. 32).

Tanto Vazquez (1986), quanto Rouillé (2009) parecem sugerir que o

nascimento da fotografia é um acontecimento múltiplo e não único, resultado dos

conhecimentos adquiridos, das práticas da evolução técnica e da própria evolução

da sociedade.

O advento da fotografia, “automatiza” o processo de criação das imagens,

uma vez que o processo mecânico de captação está livre da interferência da mão

humana, bem característica nos processos de produção de imagem a partir da

pintura e do desenho, a fotografia estreita ainda mais seus laços com o real uma

vez que a “foto prende-se para sempre ao real através dos fios invisíveis da luz”

(Couchot, 2008, p. 40).

Segundo Rouillé (2009 p, 16), a fotografia surge na Europa, que vivia num

momento de fortes mudanças culturais, na vida cotidiana, nos modos de produção,

em função de um amplo processo de industrialização, urbanização das cidades e

principalmente o surgimento do capitalismo industrial e tudo que ele traz consigo.

A fotografia apareceu com a sociedade industrial, em estreita ligação com seus fenômenos mais emblemáticos – a expansão das metrópoles e da economia monetária¸ a industrialização, as modificações do espaço, do tempo e das comunicações –, mas também com a democracia. Tudo isso, associado ao seu caráter mecânico, fez da fotografia, na metade do século XIX, a imagem da sociedade industrial, a mais adequada para documentála, servir-lhe de ferramenta e atualizar seus valores (ROUILLÉ, 2009, p.16).

Rouillé relacionar o desenvolvimento da técnica e o uso da fotografia, neste

período de surgimento, com o um contexto histórico, econômico e social mais

amplo, estabelecendo-a como uma forma de documentação e reprodução do que é

real.

A descoberta da fotografia propiciaria, de outra parte, a inusitada possibilidade de autoconhecimento e recordação, de criação artística (e, portanto, de ampliação dos horizontes da arte), de documentação e de denúncia graças a sua natureza testemunhal (melhor dizendo, sua condição técnica de registro preciso do aparente e das aparências) (KOSSOY, 2001, p. 27).

Para Kossoy o advento da fotografia surge como um novo meio de

conhecimento de mundo, em um cenário de transformações econômicas, sociais e

culturais no período da revolução industrial. Como um papel fundamental de

ferramenta inovadora de conhecimento, informação, pesquisa cientifica e

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expressão artística. (KOSSOY, 2001). Sendo assim, é importante compreender a

fotografia como ferramenta fundamental de expressão da realidade na qual

vivemos e do passado para construir uma memória coletiva, como sugere Mansur

(2005):

A história precisa ser compreendida e não somente conhecida. A documentação fotográfica armazena de maneira estruturada os acontecimentos, o que permite resgatá-los, interpretá-los e alicerçar a construção da memória coletiva. Devemos ainda considerar que somente por meio das gerações é que a memória coletiva se fixa às culturas, se comunicam os valores, as crenças e o sentido histórico dos fatos (MANSUR, 2005, p.00).

Para Baudelaire (1859), a fotografia liberta a arte e garante para si um

novo espaço de criatividade no artigo „O público moderno e a fotografia‟4 o

verdadeiro lugar da fotografia dentre as formas de expressão visual de meados do

século XIX:

Se é permitido à fotografia completar a arte em algumas de suas funções, cedo a terá suplantado ou simplesmente corrompido, graças à aliança natural que achará na estupidez da multidão. É necessário que se encaminhe pelo seu verdadeiro dever, que é ser a serva das ciências e das artes, mas a mais humilde das servas (...) Que ela enriqueça rapidamente o álbum do viajante e dê aos olhos a precisão que faltaria à sua memória, que orne a biblioteca do naturalista, exagere os animais microscópicos, fortifique mesmo alguns ensinamentos e hipóteses do astrônomo; que seja enfim a secretária e bloco-notas de alguém que na sua profissão tem necessidade duma absoluta exatidão material. Que salve do esquecimento as ruínas pendentes, os livros as estampas e os manuscritos que o tempo devora, preciosas coisas cuja forma desaparecerá e exigem um lugar nos arquivos de nossa memória; será gratificada e aplaudida. Mas se lhe é permitido pôr o pé no domínio do impalpável e do imaginário, em tudo o que tem valor apenas porque o homem lhe acrescenta a sua alma, mal de nós” (DUBOIS,1992, p.23.)

Baudelaire (1859) propõe separação de arte e fotografia, dando a ela um

caráter criativo e de sensibilidade humana e outra reserva o papel de instrumento

de uma memória documental da realidade.

A fotografia propõe um padrão visual baseado em conceitos de observação

ou mesmo culturais, que contribuem para construção de uma cultura visual. Desta

forma, o registro fotográfico determina e retrata cenários econômicos, culturais e

políticos a fim de refletir uma ou outra determinada ideologia. (Kossoy, 2001).

Sempre foi uma ferramenta utilizada para expor contrastes sociais, uma vez que o

4 "O público moderno e a fotografia" redigido por Baudelaire para a Revue Française numa série de

artigos sobre a edição do Salão Francês de Belas Artes de 1859.

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fotografo davam uma atenção especial à injustiças sociais a fim de retratar

realidades ocultas, encarando determinados assuntos não mais como surreais mas

utilizando a fotografia para transpor certas distâncias, tanto sócias como de tempo

e espaço (Sontag, 1986).

É importante compreender a fotografia como ferramenta fundamental de

expressão da realidade na qual vivemos e do passado para construir uma memória

coletiva, como sugere Mansur (2005):

A história precisa ser compreendida e não somente conhecida. A documentação fotográfica armazena de maneira estruturada os acontecimentos, o que permite resgatá-los, interpretá-los e alicerçar a construção da memória coletiva. Devemos ainda considerar que somente por meio das gerações é que a memória coletiva se fixa às culturas, se comunicam os valores, as crenças e o sentido histórico dos fatos (MANSUR, 2005).

Segundo Freund, os modos de expressão acompanham cada momento

histórico de acordo com as formas de pensar, gosto e estruturas sociais de cada

período, e a fotografia seria uma modo de expressão voltado à uma civilização que

começa a se encontrar na tecnologia “seu poder de reproduzir exatamente a

realidade exterior – poder inerente à sua técnica – empresta-lhe um caráter

documental” (FREUND, 1995, p. 20). A crença nesta objetividade das imagens

fotográficas é que se atribui seu caráter documental, que será reforçado pela

aproximação da fotografia ao jornalismo e a fotografia documental vão consolidar

ainda mais o uso da fotografia como documento.

2.1.2 Fotojornalismo

Para Souza (1998) estudar a história do fotojornalismo é muito complicado,

uma vez que a fotografia nasce em um ambiente positivista, sendo visto como um

registro visual da verdade e nessa condição é adotada pela imprensa. Tanto em

sua história quanto em sua evolução. A história do fotojornalismo é uma história

de tensões e rupturas.

Segundo Sousa (2000) o fotojornalismo é um campo da fotografia muito

abrangente que diz respeito tanto a registros únicos, geralmente impressos em

jornais ou revistas, quanto a publicações em série de fotografias a respeito de um

determinado tema. Dada esta complexidade do assunto o autor sugere que a

melhor forma de conceituar o fotojornalismo é faze-lo pelo sentido lato (lato sensu).

No sentido lato, entendo por fotojornalismo a atividade de realização

de fotografias informativas, interpretativas, documentais ou

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'ilustrativas” para a imprensa ou outros projetos editoriais ligados à

produção de formação de atualidade. (SOUSA, 2000, p.12)

Ou pelo sentido restrito (stritcu sensu) onde entende-se o fotojornalismo

como “a atividade que pode visar, informar, contextualizar e oferecer conhecimento

através da fotografia de acontecimentos e da cobertura de assuntos de interesse

jornalístico” (SOUSA, 2000, p.12). Ambas as abordagens usadas por Sousa

reforçam a ideia de grande abrangência da atividade.”Parece-nos que, mesmo na

atualidade, a ambição máxima do fotojornalismo corresponde à mais antiga

vocação da fotografia: testemunhar, com um elevado número de cópias a preço

acessível. (SOUSA, 2000, p.13)”

Conforme visto no capítulo anterior, a fotografia se beneficiou dos avanços

tecnológicos, das noções de prova, testemunho e verdade para avançar rumo a

documentação imagética do mundo de uma forma que a pintura nunca conseguiria.

Sousa explica toda trajetória percorrida pela técnica fotográfica, desde o

daguerreótipo até sua chegada ao oficio jornalístico.

Segundo Sousa, foi durante a Guerra da Criméia (1854 – 1855), que o editor

Thomas Agnew convidou Roger Fenton, fotógrafo oficial do Museu Britânico, para

cobrir o acontecimento nas frentes de batalha. Em 1855 no final da guerra os

registros feitos por Fenton foram publicados no The Ilustrated London Wens e no N

Fotografo. Nesta época, as publicações de fotografias em jornais não eram muito

populares, pois havia uma dificuldade técnica de imprimir todos os tons diferentes

de cinza, que formam as imagens em preto e branco, por isso elas eram copiadas

por artesões em clichês de madeira.

Só em 1870 é que as fotografias passaram a ser impressas diretamente em

papel e, de acordo com Sousa, foram publicadas pela primeira vez em um jornal

sueco chamado Nordisk Boktryckeri-Tidning, em julho de 1871. Evento que só foi

possível graças a Carl Carleman, que descobriu a técnica denominada de autotipia

que permitia a impressão através de uma trama de linhas produzidas que

transformavam os tons de cinza das fotografias em um gradiente de pequeno

pontos, quase imperceptíveis a olho nu. Seis anos mais tarde, em 1877, a mesma

técnica seria utilizada, pela revista francesa Le monde Illustré. Segundo Sousa,

Carleman acredita que “somente através dessa forma (pela imprensa) a fotografia

poderia penetrar massivamente no público e tornar-se o mais poderoso para elevar

culturalmente a humanidade” (Sousa, 2000, p.42)

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Alguns autores como Philips (1996) Edon (1976) relatam que primeiro

veículo a usar a fotografia na imprensa foi o jornal The New York Graphics em

Nova Iorque. Porém, outros autores como Sousa (2008) fazem referência aos

jornais e revistas europeias em 1871, 1877.

Em XIX as primeiras manifestações do que se tornaria o fotojornalismo, já

eram carregadas de um caráter testemunhal, que tornavam a humanidade mais

visível a ela própria. Assim os fotógrafos começaram a fazer registros “Visando dar

testemunho do que viam, encobertos pela capa do realismo fotográfico,

começavam a ambicionar substituir-se ao leitor, sob mandato, na leitura visual do

mundo (SOUSA, 2000, p.27).

O fotojornalismo surge assim que a fotografia começa a ser utilizada como

recurso de reprodução da realidade visual, e em meados do século XIX, passa a

ser utilizada na Europa nas primeiras publicações ilustradas para transmitir

informação de valor jornalístico. Embora ainda não fossem consideradas

fotojornalismo propriamente dito, já que nessa época ainda precisavam da

intervenção de desenhistas que elaboravam gravuras a partir das fotografias

originais já que ainda não existia uma método de impressão direta, as imagens

eram frequentemente manipuladas por esses gravuristas. (Sousa. 2000, p.25)

Somente em 1880, a utilização do processo de utopia ou halftone (em

inglês), o processo de impressão capaz de reproduzir uma fotografia através de

uma superfície múltipla de pontos que passa a imagem fotográfica juntamente com

os textos em uma prensa que os imprime conjuntamente (FREUND, 1995),

generaliza-se a fotografia o poder de atestar seu caráter de representação,

podendo sustentar sozinha, e não mais sofrendo interferências da mão humana,

exceto para pressionar o disparador da câmera. “O halftone veio emprestar ao

fotojornalismo a base tecnológica que lhe faltava para conquistar um lugar na

imprensa” (SOUSA, 2000, p. 44).

A introdução da fotografia na imprensa é um fenômeno de importância capital. Ela muda a visão das massas. Até então o homem vulgar apenas podia visualizar os fenômenos que se passavam perto dele, na rua, na sua aldeia. Com a fotografia abre-se uma janela para o mundo. (...) Com o alargamento do olhar o mundo encolhe-se. A palavra escrita é abstrata, mas a imagem é o reflexo concreto do mundo no qual cada um vive (FREUND, 1995, p. 107).

Freud (1995) demonstra que é pela lógica de reconhecimento que a

fotografia vai conquistar seu espaço no jornalismo e se tornará uma forte estrutura

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a medida em que ganha credibilidade como ferramenta de jornalismo. Segundo

Rouillé (2009), a fotografia vai desempenhar seu papel, enquanto ferramenta

jornalística, melhor do que qualquer outra ferramenta, aproveitando-se dessa

crença de verdadeiro fotográfico é prova visual dos enunciados jornalísticos,

aproximando mais a fotografia da imprensa, no final do século XIX, e, mais

fortemente, no início do século XX.

Um fenômeno que mudou a visão das massas foi à introdução da fotografia

na imprensa, que a possibilitou abrir algumas janelas para o mundo. “Com o

alargamento do olhar o mundo encolhe-se” (FREUND, 1995, p. 107). Afirmando

ainda que a imagem fotográfica, ao contrário da palavra escrita abstrata, é um

reflexo do mundo em que se vive.

Segundo Souza depois da revolução na imprensa ocasionada pela cobertura

fotográfica da Guerra da Criméia, todos os outros grandes acontecimentos, como a

Guerra da Secessão nos EUA (1861- 65) e a Guerra Franco-Prussiana, e outros

eventos como concursos agrícolas, festas, exposições universais e grandes

construções passaram a ter cobertura fotográfica jornalística.

Depois da fotografia, a guerra nunca mais seria a mesma. Com o médium emergente, o observador era projetado num mundo mais próximo, mais real, mas por vezes mais cruel. No mundo da imprensa, com as fotos, o conhecimento, o julgamento e a apreciação deixaram de ser monopolizados pela escrita. (SOUSA, 2000, p. 40)

Nas duas últimas décadas do século XIX surgem, segundo Sousa (2000),

revistas de fotografia em vários países como a Illustrated American (Estados

Unidos, 22 de Fevereiro de 1890), a The Photographic News (Reino Unido) e a La

Ilustración Española y Americana (Espanha) deixando de lado as aparições

esporádicas das fotografias nas páginas dos jornais e revistas e abrindo espaço

para a informação fotográfica na imprensa. “Com as conquistas técnicas e as

inovações no uso da imagem nasce um novo discurso "fotojornalístico", ligado a

uma retórica da velocidade” (SOUSA, 2000, p.46). Só por volta de 1910, a França

dá a fotografia jornalística um bom lugar de destaque na imprensa, jornais

europeus como o L’Excelsior, de Pierre Lafitte, onde das doze páginas do jornal,

quatro eram reservadas à reprodução de fotografias como meio de informação e

não somente de ilustração. E juntamente a o L'Excelsior, o britânico Daily Mirror,

torna-se um dos pioneiros europeus em matéria de foto-reportagem.

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De acordo Sousa quando o processo de halftone já podia ser considerado

maduro, dadas as revoluções que ocasionou, em 1888 surge outro invento que

trataria de consolidar e popularizar a fotografia ainda mais o lançamento da Kodak

nº 1 e do processo de revelação da película fotográfica em grandes laboratórios

comerciais. No final do século XIX, a fotografia conquistava um espaço ainda maior

na imprensa, como meio de ilustração, graças à adaptação dos processos de

impressão fotomecânicos e ao aparecimento do instantâneo fotográfico,

possibilitado pelas tecnologias emergentes.

Após a Guerra Mundial (1918 - 1933), surgiu na Alemanha o favorecimento

a difusão de revistas ilustras, como revela Souza (2000)

A forma como se articulava o texto e a(s) imagem(ns) nas revistas ilustradas alemãs permite que se fale com propriedade em fotojornalismo. Já não é apenas a imagem isolada que interessa, e sim o texto e todo „mosaico‟ fotográfico com que se tenta contar a „estória‟, não raras vezes interpretando-se o acontecimento, assumindo-se num ponto de vista, esclarecendo-se ou clarificando-se, explorando-se a conotação, mesmo que não se desse conta disso. (SOUSA, 2000, p. 72)

Graças a esse favorecimento as revistas ilustradas, os alemães serão

responsáveis pela boa fase da fotografia de imprensa e de sua fórmula moderna,

com revistas dirigidas por editores que procuravam por talentos da literatura e do

fotojornalismo.

É nessa época que o fotojornalismo ganha força privilegiando a imagem em detrimento do texto, que surge como um complemento, por vezes reduzido a pequenas legendas. Outras vezes a imagem na imprensa vai mais longe: chega a aliar-se a arte à autoria, a expressão à interpretação e a assunção da subjetividade de pontos de vistas pessoais. (SOUSA, 2000, p. 75)

Freund (1989) revela que para se destacar no disputado mercado alemão,

as revistas ilustradas recorrem as publicações que utilizam a fotografia como um

elemento informativo ao invés de utilizaram as fotografias somente para ilustração

dos textos. “As expressões do rosto, do corpo ou de gestos do personagem

descritas no texto, sempre destacando o aspecto humano dos temas reportados,

podiam tornar a reportagem mais interessante e, assim, chamar a atenção dos

leitores” (FREUND, 1989, p. 25).

Freund (1989) conta que em 1936 surge uma nova revista ilustrada nos

Estados Unidos que mudou o jeito das pessoas verem o mundo: a Life. Sempre

fartamente ilustrada com fotos e ensaios dos melhores fotojornalistas – entre eles,

Henri Cartier Bresson, Robert Capa, W. Eugene Smith e Even Arnold – a

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publicação provocou o surgimento de novas revistas ilustradas em todo o mundo

como a francesa Paris-Match e as brasileiras O Cruzeiro, Manchete e Realidade.

Mesmo nos Estados Unidos, houve seguidores do estilo Life, como a revista Look,

que circulou entre 1937 e 1972.

No pós II Guerra Mundial o fotojornalismo, segundo Sousa (2000) foi

reforçado com a criação de agências fotográficas. E em 1947, fundava-se a mais

influente agências do ramo da fotografia, a Magnum Photos era uma cooperativa

organizada por uma geração de fotojornalistas importantes como Robert Capa,

David Seymour (Chim), Henri Cartier-Bresson e George Rodger, que passam a

exigir não apenas o direito aos negativos, a assinatura e o controle da edição. “A

Magnum é, talvez, a mais mítica das agências fotográficas, pela qualidade

fotográfica, pela fotografia de autor, pela integridade moral e humanista dos seus

fotógrafos e fotografias e pelo espírito que roça a anarquia”. (SOUSA, 2000. p.141-

142).

E também pela cobertura fotográfica da guerra do Vietnã (1955-1975). De

acordo com Sousa em meados da década de cinquenta, houve também a criação

de quatro agências fotográficas na França (Europress, a Apis, a Reporters

Associes, e a Dalmas) dando um enorme passo para que a capital do

fotojornalismo transitasse de Nova York para Paris, e para redirecionar o

fotojornalismo praticado nas grandes agências noticiosas.

A agência Sygma, fundada em 1973, pelos fotógrafos James Andanson e Alain Noguès, se tornará no final dos anos 80, a maior agência fotográfica do mundo em termos de volume de negócios, arquivos, produção e número de fotógrafos. Além disso, a Sigma, sempre atenta às oportunidades de negócio foi também pioneira na implementação das tecnologias da imagem digital e no tratamento de imagem para televisão. (SOUSA, 2000. p. 166- 167)

O fotojornalismo, tornou-se uma forma de comunicação cuja linguagem é

estritamente visual, independentemente da legendas e outros elementos textuais

que completam a imagem, como sugere Kossoy (1989):

É na fotografia de imprensa, um braço da fotografia documental, que se dá um grande papel da fotografia de informação, o nosso fotojornalismo. É no fotojornalismo que a fotografia pode exibir toda a sua capacidade de transmitir informações (KOSSOY, 1989, p.98).

Tão importante é o poder de comunicação fornecido tela imagem fotográfica

que Sontag (2004) estabelece uma relação entre a fotografia ao texto impresso.

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Fotografar é apropriar-se da coisa fotografada. Significa pôr a si mesmo em determinada relação com o mundo – e, portanto, ao poder. Supõe-se que uma queda primordial – e malvista, hoje em dia – da alienação, a saber, acostumar as pessoas a assumir o mundo na forma de palavras impressas, tenha engendrado aquele excedente de energia fáustica e de dano psíquico necessário para construir as modernas sociedades inorgânicas. Mas a imprensa parece uma forma menos traiçoeira de dissolver o mundo, de transforma-lo em um objeto mental, do que as imagens fotográficas, que fornecem a maior parte do conhecimento que se possui acerca do aspecto do passado e do alcance do presente. O que está escrito sobre uma pessoa ou um fato é, declaradamente, uma interpretação, do mesmo modo que as manifestações visuais feitas à mão, como pinturas e desenhos. Imagens fotografadas não parecem manifestações a respeito do mundo, mas sim pedaços dele, miniaturas da realidade que qualquer um pode fazer ou adquirir (SONTAG, 2004, p.14)

Apesar das tentativas deste capitulo de restringir o sentido de

fotojornalismo, pode-se compreender sua característica ambígua, já que nem o

sentido lato, nem o sentido restrito são capazes de delimitar as atividades onde ele

aparece, por outro lado, outro autor estudados neste capitulo sugerem que o

fotojornalismo inclui foto-notícia até a fotografia documental.

2.1.3 Fotografia documental

A proposta da fotografia documental, segundo Lombardi (2008), é narrar

determinada história a partir de uma sequência de imagens, reunindo registros

documentais e estéticos que assumem a função de fazer a mediação entre o

homem e o meio. Sendo assim, a fotografia documental assume ao mesmo tempo

um posto de problematizadora da realidade social e de reivindicadora de um modo

próprio de expressão. Podendo abarcar um lado mais participativo, usado para

defender os ideais civis, denunciar, compor discursos políticos e apontar as

divergências da sociedade; ou para descrever o cotidiano, retratar as experiências

da vida, discursos fotográficos, comum ou documentar algo que está

desaparecendo.

Muitas vezes, os fotodocumentaristas estão simplesmente buscando novas formas de ver e retratar o mundo. Eles vão trazer, de seus repertórios culturais, ferramentas que os ajudem a elaborar uma linguagem própria de expressão (Lombardi, 2008, p 44)

Desde a segunda metade do século XIX, a fotografia esteve ligada em

grandes explorações. Os fotógrafos traziam imagens de Oriente que atraia os

ocidentais para satisfazer a curiosidade e ao mesmo tempo dar respostas a

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investigações cientificas, principalmente às de caráter etnográfico e geográfico.

(BAURENT, 2000)

Pensando em fotografia, Rouillé (2005, p.25) discorre sobre a relação

documento e arte, defendendo que o valor documental de uma imagem fotográfica

não é dado pelo seu caráter intrínseco, mas pelas condições de recepção, uso,

circunstancias e crenças naquilo que ele próprio denomina de “regime de

veracidade”. Segundo Price (1997) “o arquetípico projeto documental estava

preocupado em chamar a atenção de um público para sujeitos particulares,

frequentemente com uma visão de mudar a situação social ou política vigente”

(PRICE, 1997, p.92)

Com a fotografia, ampliada ao rol de coisas que podem ser consideradas

documentos, abrindo pela primeira vez uma perspectiva inserindo a fotografia no

universo da documentação, uma vez que seu caráter informativo é já determinava

seu uso cientifico desde o seu advento em meados do século XIX, mas seu caráter

documental era pouco explorado até que Otlet (1934) inclui as representações

gráficas, em destaque, a fotografia, que tem o caráter documental é considerado

como natural da fotografia, uma vez que toda foto pode ser considerada documento

e uma representação social de uma época. (FREUND, 1995).

Segundo Ataíde (2011) “A fotografia documental surgiu a partir dos

fotógrafos que retratavam o cotidiano, buscando temas sociais que envolviam a

atividade humana em Londres, como uma forma de apenas registrar curiosidades

etnográficas em meados do século passado.”

Thomson, seguindo a lógica de Ataíde, procurou retratar o cotidiano das

pessoas, fotografando a distância, sem exageros, pois afirmando que “Ao

fotografar “ao vivo”, visava dar a conhecer, com rigor, mundos sociais,

desconhecidos ou que passava despercebidos no quotidiano – A fidelidade destas

imagens consente a abordagem mais próxima que se possa fazer no sentido de

pôr o leitor verdadeiramente diante da cena representada” (THOMSON, 1998, pag.

54 apud ATAÍDE 2011, pág. 07).

Nos anos de 1930 nos Estados Unidos, o presidente Roosevelt criou um

projeto fotodocumental chamado de “Farm Security Administration”, que seria uma

arma importante para ajudar os agricultores em crise nos Estados Unidos da

América, além de despertar a consciência social e retratar os resultados das

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políticas do New Deal5: empréstimos a baixos juros para a compra de terra,

desenvolvimento e exploração comunitária. Então, durante os anos de 1935 até

1942 desenvolveu-se o projeto FSA (Farm Security Administration) ganhando

grande repercussão, cujas imagens foram divulgadas na imprensa. (BAURENT,

2000)

O alargamento do conceito da condução de documento e a revolução

documental trouxeram também transformações para o ambiente acadêmico

brasileiro, levantando reflexões sobre alcance e valor das fontes fotográficas

(KOSSOY, 2001). Para Souza (2000) o fotodocumentarismo mescla Ciências

Sociais, Fotojornalismo e Arte, pois muitos fotógrafos ao registrar grupos

específicos, tiveram fotografias utilizadas como fonte de estudos antropológicos e

sociais, exposições artísticas e reportagens.

A fotografia documental (...) é a herdeira do documentarismo social dos finais do século passado e princípios do atual, embora não existem sempre similaridades evidentes entre as formas de expressão que usam os documentaristas na atualidade e aquelas a que recorriam os pioneiros do gênero. Com efeito, hoje os fotógrafos documentais estão provavelmente mais interessados em conhecer e compreender do que em mudar o mundo. Assim, o fotodocumentarismo atual, sem abandonar, por vezes, a ação consciente no meio social, o ponto de vista ou o realismo fotográfico (que, nalguns casos, estamos em crer, é a melhor opção), promove diferentes linhas de atuação, leituras diferenciadas do real, enquanto a grande tradição humanista do documentarismo tende menos para a polissemia no que se refere a processos de geração de sentido (SOUSA, 2000, p. 35).

O gênero fotográfico documental abarca uma infinidade de propostas

estéticas e éticas, que trazem à tona uma série de contradições sobre sua prática,

propósito e valores. Os temas geralmente abordados por esse gênero são

impressões sobre o mundo, vida cotidiana, registros de guerra, os mais diferentes

tipos de fotografias podem ser classificados como documentais. (LOMBARDI,

2008). Segundo Souza (2004), o Fotodocumentarismo “Deseja conhecer o outro,

de saber como o outro vive, o que pensa, como vê o mundo, com o que se importa.

As palavras são insuficientes.” (SOUSA, 2004, p.55).

Kossoy (2002, p.52) sugere que “A imagem de qualquer objeto ou situação

documentada pode ser dramatizada ou estetizada, de acordo com a ênfase

pretendida pelo fotógrafo em função da finalidade ou aplicação a que se destina.”

5 New Deal foram os programas implementados pelo então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano

Roosevelt, entre 1933 e 1937, com o objetivo de reformar e recuperar a economia norte americana logo após a grande depressão ou a crise de 1929.

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Portando a narrativa fotográfica, atua como “a incessante troca que existe ao nível

do imaginário entre as pulsões subjetivas e assimiladoras e as intimações objetivas

que emanam do meio cósmico e social”. (DURAND, 2002, p. 41). Essa transição do

imaginário para a realidade é que mostra a fotografia documental narradora uma

história através de um conjunto de imagens que “contém em si realidades e

ficções” (KOSSOY, 2002, p. 14)

Barthes (1984) aponta cada fotografia como única, pois acredita nela como

uma ferramenta de registros históricos, de instantes e de situações que não

poderão ser reproduzidas novamente. Este caráter documental acontece graças

aos elementos que compõem o retrato e eternizam costumes e tradições ou outros

elementos que façam referência à época.

Portanto desde o seu início, a história da fotografia tendia a torna-se

também uma história social uma vez que a imagem fotográfica passa a ser

entendida como documento e representação e contém em si realidades e ficções.

É a partir dessa relação ambígua que Kossoy (2001) explicita o caráter de

representação inerente à fotografia documental. “O conceito de fotografia e sua

imediata associação à ideia de realidade, tornam-se tão fortemente arraigado que,

no senso comum, existe um condicionamento implícito de a fotografia ser um

substituto imaginário do real” (KOSSOY, 2001, p 136).

A partir de 1840, as imagens produzidas captavam aspectos

sociogeográficos preservando cenários, personagens, eventos contínuos, as

transformações do mundo, assumindo um caráter de documento para história tanto

do mundo quanto da fotografia. Mas embora o caráter documental esteja na

natureza da fotografia, ela ainda não tinha assumido o status de documento.

(KOSSOY, 2001)

Sendo assim, todo registro produzido com finalidade documental, torna-se

um meio de informação e conhecimento, por isso, tem valor de documento, embora

tais imagens não estejam despidas de valores estéticos (KOSSOY, 2001). O

fotográfo Brassai (1968) esclarece esse aspecto quando propõe:

A fotografia tem destino duplo... Ela é filha do mundo do aparente, do instante vivido, e como tal guardará sempre algo do documento histórico ou científico sobre eles; mas ela é também filha de retângulo, um produto das belas-artes, o qual requer o preenchimento agradável ou harmonioso do espaço com manchas em preto e branco ou em cores. Nesse sentido, a fotografia terá sempre um pé no campo das artes gráficas e nunca será suscetível de escapar deste fato (BRASSAI, 1968, p.13)

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2.1.4 Fotojornalismo x Fotografia Documental

Apesar de inicialmente não parece difícil diferenciar os gêneros fotográficos,

ao longo dos capítulos anteriores pode-se notar que a diferença destes gêneros é

muito sutil e bastante complexa, uma vez que suas histórias frequentemente se

entrelaçam. É necessário tentar uma diferenciação partir do que é proposto por

Souza (2000).

Fotojornalismo no sentido lato é a “atividade de realização de fotografias

informativas, interpretativas, documentais ou ilustrativas para a imprensa ou outros

projetos editoriais, ligados à produção de informação de atualidade.” (SOUZA,

2000, p.12). Se o fotojornalismo então tem como finalidade a transmissão de

informação objetiva e instantânea, a fotografia documental por sua vez tem como

finalidade desenvolver uma trabalho de interpretação mais elaborado, já que a

fotografia documental produz efeitos de percepção que vão além daquilo que é

mostrado, “fotografar é atribuir importância” (SONTAG, 2004, p.41) O jornalista e o

fotodocumentarista desenvolvem seus trabalhos de modo diferente:

Enquanto o fotojornalista tem por ambição mais tradicional mostrar o que acontece no momento, tendendo a basear a sua produção no que poderíamos designar por um discurso do instante ou uma linguagem do instante, o documentarismo social procura documentar (e por sua vez influenciar) as condições sociais e seu desenvolvimento (SOUZA, 2000, p.13)

De acordo com Aumont (2004), na fotografia documental é comum o uso de

uma narrativa sequencial, é comum o uso de uma série e não de imagens isoladas.

Enquanto no fotojornalismo normalmente se usa uma foto única para representar o

instante. Nota-se que na fotografia documental a narratividade é bem acentuada,

enquanto no fotojornalismo seus traços são mais reduzidos. Aumont (1995) expõe

dois tipos de narratividade que podem ser lidas em imagens. A mostração

(showing) que consiste na imagem única e portanto pode ser identificado como

uma caracteriza do fotojornalismo e o segundo a narração (telling) onde a

caracteriza desta narração está justamente na sequência de imagens que é

característica da fotografia documental.

Benjamin (1996) faz uma diferenciação entre o valor narrativo e o

informativo e propõe que a narração é mais rara em um momento onde a difusão

da informação é tão forte, mas que o valor da informação só existe o no momento

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em que é nova, enquanto a narração se conserva capaz de se desenvolver mesmo

depois de muito tempo. Em uma narração o receptor tem liberdade para interpretar

a história como desejar uma vez que contexto não lhe é imposto.

Cada manha recebemos notícias de todo o mundo. E, no entendo, somos pobres em histórias surpreendentes. A razão é que os fatos já nos chegam acompanhados de explicações. Em outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da narrativa, e quase tudo o que acontece está a serviço da informação (BENJAMIN,1996, p.203)

Segundo Ledo (1998), é possível pensar que quando o fotojornalismo é

pensado a partir de convenções da mídia, enquanto o fotodocumentarismo é

pensando formando uma parcela da sociedade de comunicação. Basicamente o

fotojornalista tem o objetivo diário de fazer suas fotos chegarem a imprensa, em

muitos casos a edição final nem cabe a ele. E o fotodocumentarista tem uma

liberdade maior em relação ao local onde irá divulgar seu trabalho no meio que

julgar mais adequado, seja em livros, websites, exposições ou mesmo na própria

mídia, tendo também a desenvolve-lo a longo prazo.

Enquanto o fotojornalista tem por ambição mais tradicional mostrar o que acontece no momento, tendendo a basear a sua produção no que poderíamos designar por um discurso do instante ou uma linguagem do instante, o documentarista social procura documentar (e, por vezes, influenciar) as condições sociais e o seu desenvolvimento. (SOUSA, 2000, p. 13)

Com base no que sugere Lombardi (2008), conclui-se que são

características do fotojornalismo a ausência de estudo elaborado sobre o tema,

tempo curto para execução do trabalho, busca de contar a história com de uma

única foto feitas para publicação imediata destina a imprensa. Enquanto no

fotodocumentarismo é possível notar estudo elaborado sobre o tema, tempo maior

de execução do trabalho, busca por um conjunto de imagens que formem uma

narrativa, imagens feitas sem compromisso com imediato, divulgação no meio que

o autor julgar mais adequado.

Assim, trabalhou-se com as fotografias que se enquadram no gênero

documental, afim de contar com possibilidades narrativas que a fotografia

documental nos oferece enquanto construtora de sentido. Nas palavras de

Schaeffer (1996):

Uma obra fotográfica bem-sucedida não se limita necessariamente a nos fazer ver. Com frequência, ela também nos faz pensar [...] Não nos surpreenderemos, portanto, ao descobrir que o ingresso da fotografia nos arcanos da arte fez ranger as engrenagens bem lubrificadas do pensamento estético. (SCHAEFFER, 1996, p.139).

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O gênero de fotografia documental contribui com a proposta de retratar a

pluralidade cultural e social do Largo da Ordem, bem como a mutação deste

espaço físico, de acordo com a presença ou ausência destes grupos ao longo de

uma mesma semana. Já que compreende-se aqui a fotografia documental como

ferramenta de reconstrução da história cultural de grupos sociais, seja ela extraída

de arquivos ou produzida em trabalhos de campo, como no caso este trabalho,

serve como fonte de conexão entre os dados da tradição oral e a memória dos

grupos estudados. (NOVAES, 1998) Sendo assim a fotografia é entendida aqui

como uma forma de registrar e, portanto como fonte documental.

Este trabalho ressalta o uso e a importância da fotografia como instrumento

de documentação de grupos e da sociedade, apresentando conceitos de fotografia

documental e a ligação dessas vertentes fotográficas com a antropologia, servindo

como base para produção do livro fotográfico “Diversità - Largo da Ordem: as faces

de um lugar conhecido por não ter rosto” que utilize a imagem para apresentar os

grupos estudados e o Largo da Ordem.

Baseia-se na percepção de Magnani (2000) a respeito de pesquisa

etnográfica de centros urbanos para entender o Largo da Ordem como um local de

abrigo para todas as manifestações culturais. Para isso, busca-se entender seu

espaço, um pouco de sua história, os frequentadores do local, pois é um importante

reduto da cidade, qual a relação dos frequentadores com o espaço e o que

acontece no espaço.

Além disso, o Largo da Ordem carrega em seu cenário a história

reconstruída por meio do plano de institucional do poder público de valorização e

restauração do Centro Histórico de Curitiba.

2.2 Largo da Ordem

Segundo Freiberger (1999) a paisagem urbana é manifestada pelo

processo de ocupação do espaço urbano e por isso é importante conhecermos

aspectos como história, condições de mercado e as relações do homem com o

meio. Sabendo disso, compreende-se que as áreas onde se inicia uma cidade tem

um grande valor histórico e cultural. Por tratarem-se de áreas de grande interesse

de preservação, é comum que o próprio estado, por uma legislação especifica, a

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determine como setor histórico, produzindo um espaço urbano, que segundo

Corrêa (1995, p.11) “é um produto social, resultado de ações acumuladas através

do tempo, e engendradas por agentes que produzem e consomem espaços”

Segundo Santos (1997, o.111) “O Espaço é formado por dois componentes

que interagem continuamente: a) a configuração territorial, isto é, o conjunto de

dados naturais, mais ou menos modificados pela ação consciente do homem,

através dos sucessivos 'sistemas de engenharia'; b) a dinâmica social ou o

conjunto de relações que definem uma sociedade em um dado momento”

O setor histórico de Curitiba abrange parte do centro e também o bairro

São Francisco, localizado na região central da cidade, faz divisa com o bairro Bom

Retiro ao norte, com o centro ao sul, com o bairro Mercês a oeste e com o Centro

Cívico a leste. Para este estudo consideramos apenas a parte do Setor Histórico

que pertence a região do Alto São Francisco ou bairro São Francisco conhecido

como Largo da Ordem ao longo desse trabalho. (Freiberger, 1999)

Em 29 de março de 1693, era fundada oficialmente a Villa Nossa Senhora

da Luz dos Pinhais, só em 15 de outubro de 1968 é que passa a ser denominada

Villa de Curityba. Por volta de 1730, o início do tropeirismo6 veio para impulsionar o

desenvolvimento do Paraná e de São Paulo, a Villa de Curityba servia como abrigo

para os tropeiros que vinham do sul com destino a Minas Gerais transportando

madeira e erva-mate. Em 1973 foi inaugurada a Igreja de Nossa Senhora do Terço

que mais tarde foi repassada à Ordem Terceira de São Francisco das Chagas e

rebatizada de Igreja da Ordem. (FREIBERGER, 1999).

Até 1830, Curitiba era uma cidade portuguesa caracterizada por igrejas

barrocas, como a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. De 1840

até a década de 40 o rompimento do governo paraguaio com o estrangeiro

favorece de Paranaguá e a erva-mate passa a ser mais importante que a pecuária

e o tropeirismo. O apogeu do ciclo da erva mate proporciona uma transformação na

estrutura social e política do que viria a ser o Estado do Paraná, pois a nova classe

dominante era formada por industriais e exploradores do mate que impulsionariam

a emancipação política do estado. (FREIBERGER, 1999)

Em 1842 a Comarca de Curitiba, que até então pertencia à Província de

São Paulo, passa a ser considerada uma cidade, para só em 1853 emancipar-se e

6 Tropeirismo é o nome dado os condutores de tropas, comitivas de muares e de cavalos, entre as regiões

produtoras e os centros de comercio, a partir do século XVII no Brasil.

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tornar-se a Província do Paraná. O local onde localizava-se a Vila de Nossa

Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, tornou-se hoje o que conhecemos como

“Centro Histórico”. (Andrade, 1997, p.5)

A partir de 1857 os tropeiros ainda frequentavam os espaços do bairro que

começa a mudar de face com a chegada dos imigrantes alemães que deram a

Curitiba uma cara mais urbana com as construções provenientes da arquitetura

alemã. Além da arquitetura houveram modificações no comercio, na indústria, nas

profissões, diversificando os serviços. Fundaram clubes voltados a parte recreativa,

alguns em atividade atualmente. No setor cultural fundaram jornais, escola e

construíram o primeiro teatro. (Freiberger, 1999)

Nessa época chegaram também imigrantes poloneses, italianos, suecos,

franceses, poloneses e vários outros, que também contribuíram para a

transformação do espaço geográficos. Os imigrante que habitavam as periferias

eram responsáveis por abastecer a cidade com lenha, frutas e outros produtos

alimentícios, se aglomeravam no atual largo da ordem como uma feira ao ar livre,

esse processo de distribuição permaneceu desta forma até 1960, quando o tráfego

de automóveis passou a ser mais intenso. (Freiberger, 1999)

No início do século XX, a classe dominante da época formada por imigrantes

alemães e os senhores da erva mate é que habitavam o bairro São Francisco. O

atual setor histórico também ficou conhecido pelas manifestações populares que lá

ocorreram. Em julho de 1917 operários em greve siam em passeata pelas ruas do

bairro. Mas também manteve a sua tradição de espaço pioneiro, em 1922

inaugurou a primeira Rádio Paranaense. Durante os anos 30, manteve sua imagem

típica por meio das feiras livres que abasteciam a cidade. (Freiberger, 1999)

Sendo o Largo da Ordem, um importante centro comercial e ponto de

encontro na fundação de Curitiba, utilizado como local de moradia, trocas

comerciais de colonos que vinham vender suas produções na cidade, passagem de

tropeiros ou compradores de tais produtos. O Largo Coronel Enéas, popularmente

conhecido como Largo da Ordem, é uma das praças mais antigas de Curitiba, e

recebeu o nome em homenagem ao Coronel Benedito Enéas de Paula, em 27 de

abril de 1917. Em seu centro, havia um chafariz que foi demolido posteriormente

dando deu lugar a um bebedouro, construído em 1932, para os cavalos dos

tropeiros que ali paravam. (Andrade, 1997)

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Nos anos de 1940 os moradores se esforçaram para livrar-se das marcar

deixadas pelas Segunda Guerra Mundial quando houve racionamento de comida,

energia e manifestações populares acabaram em invasões de depredações de

instituições de origem italiana e alemã, após esses incidentes muitas famílias que

se sentiam discriminadas acabaram mudando-se para outros bairros. Essa foi uma

década marcada pelos processos de ocupação urbana desencadeados tanto pelos

efeitos da segunda guerra quanto pelo início da transformação de transformações

não apenas sociais mas também do espaço e da paisagem. (Freiberger, 1999).

Corrêa (1995, p.69-70) define o processo de segregação de classes por uma

dinâmica espacial da seguinte forma.

A segregação é dinâmica, envolvendo espaço e tempo, e este processo de fazer e refazer pode ser mais rápido ou mais lento, de modo que uma fotografia, um padrão espacial, pode permanecer por um longo período de tempo ou mudar rapidamente. A dinâmica da segregação, no entanto, é própria do capitalismo, não sendo típica da cidade pré-capitalista, caracterizada por um forte imobilismo social. Em resumo, a segregação social, tem um dinamismo. Em resumo, a segregação tem um dinamismo onde uma determinada área social é habitada durante um período de tempo por um grupo social e, a partir de um dado momento, por outro grupo de status inferir ou, em alguns casos, superior, através do processo de renovação urbana.

Por volta dos anos de 1950 o bairro do São Francisco foi definido como

“pitoresco e aprazível” pelo jornalista Evaristo Biscaia em seu artigo “Coisas da

Cidade”. Entre 1952 e 1955 substituíram os bonde elétricos pelos ônibus

intensificando o movimento, que contribui para o início da decadência da região,

pois o grande fluxo de automóveis fez com que as famílias mais antigas migrassem

para bairros mais tranquilos, abandonando ou alugando seus imóveis que

acabaram virando cortiços e hotéis de segunda classe. Somente na década de

1970 o Largo da Ordem e outras regiões próximas foram considerados parte do

Setor Especial de Preservação Cultural pela Lei nº 1.160 de 05 de agosto de 1971

que criava então o Setor Histórico da cidade. (Freiberger, 1999)

Com a criação do setor histórico o estado passou a modelar o espaço na

região realizando intervenções como o fechamento das ruas, permitindo apenas o

fluxo de pedestres e modificando o fluxo da região; a restauração de alguns prédios

e de suas funções. Até mesmo a Igreja da Ordem foi restaurada, a arrecadação de

fundos para essa reforma se deu pela organização da Festa da Ordem, que

ocorreu pela primeira vez em 1978 e permanece os dias de hoje no mês de outubro

quando se comemora o dia de São Francisco de Assis. O objetivo da revitalização

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do Largo da Ordem era de transformar um lugar em decadência em um cetro de

lazer. Para isso na década de 1980 luminárias réplicas das utilizadas no século

XVIII foram instaladas no Largo da Ordem; na Praça Garibaldi construíram um

coreto, que mais tarde daria lugar a Fonte do Cavalo Babão; instaram a popular

“feirinha” que aos domingos ocupava apenas a Praça Garibaldi, hoje se estende

desde a rua Dr. Keller até a Rua Matheus Leme e é considerada uma das maiores

feiras livres do mundo. (Freiberger, 1999) Em depoimento Rafael Valdomiro Greca

de Macedo refere-se a essas transformações.

Bom, em 1979, quando fizemos a Missa do Galo na Igreja da ordem, com „O Auto do Menino Atrasado‟, a praça ainda era escura e os carros entravam. As casas velhas ainda eram pensões em processo de decadência. Só sobravam mesmo, com uso digno, três endereços no Setor Histórico: a casa que hoje é a João Turin, na Mateus Leme ( e que foi feita casa da minha tia Odaléia de Macedo Caron, ainda lá marava com seu marido, Mário Caron, à época); a Casa Santa Cecilia, de armarinhos, que duas velinhas mantinhas vendendo as fitas Venski e todos os retroses e olhoses; um remanescente a Casa Hoffmann, do Norberto Heller - filho do velho prefeito Heller - ainda vendendo aventais e guarda-pós; e a Casa Vermelha já funcionando em seu novo endereço, no sobrado da família Benjamin Zilli, embora um pouco contaminada, tendo, no andar de cima, o Hotel Tiradentes, treme-treme de famosa memória e já habilitado para um cenário dos melhores contos de Dalton Trevisan. Ainda a Casa Alberto, de ferragens. Começamos um processo de substituição dos bordéis por restaurantes e pontos de encontro, bares, locais de animação. Lembro de ter convencido o velho Strobel - hoje falecido - a transformar, numa festa da ordem, seu depósito de loja de tintas num restaurante. Deu tanto lucro, que eles resolveram manter para sempre e hoje é o Schwartz Walt. Cada espaço foi conquistado para a memória da cidade. ¹ (Memória de Curitiba Urbana - IPPUC - 1990)

Mas as transformações ocorridas neste período não serviram de estímulo

para que os moradores permanecem no bairro, principalmente da região do Largo

da Ordem e da Praça Garibaldi, isso porque a maioria dos bares e restaurantes da

região entraram em decadência e a região tornou-se violenta e marginalizada como

apontam os dados de crescimento populacional do Bairro no período de 180/1990

que eram de -3,7%. (FONTE - IPPUC - 1998).

Novamente a decadência de um espaço histórico e cultural tão importante

fez com que a Prefeitura Municipal de Curitiba iniciasse um novo processo de

revitalização com o fechamento definitivo do trafego de veículos, a colocada da

guarda municipal, a recuperação do Museu Guido Viaro; a construção do Memorial

da Cidade, da Cinemateca e a Fonte do Cabelo Babão. (Freiberger, 1999)

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A cidade, o tempo e o sonho: Houve um tempo em que Curitiba, despertava ao som do trote de animais puxando carroções conduzidos por semeadores imigrantes. Traziam aos mercados da cidade os frutos da terra ainda cobertos de orvalho. Hoje só cavalos de sonhos vencem as barreiras da modernidade para, afinal marar sua sede no velho bebedouro do Largo da Ordem. Para memória da cidade e de sonhos foi coloca aqui está escultura do curitibano Ricardo Tod no mês de maio de 1995 sendo Prefeito Rafael Greca de Macedo. (Texto da placa de referência da escultura localizada na Praça Garibaldi em frente à Igreja da Nossa Senhora do Rosário.)

Construída em 1995, na Praça Garibaldi a fonte do “Cavalo Babão” faz

parte da revitalização que tentava livrar, novamente, o Largo da Ordem da

decadência. O Largo Coronéu Enéas, que hospeda a Igreja da Ordem é que dá a

toda a extensão que abrange os calçadões das ruas São Francisco, Matheus

Leme, Rua Claudino dos Santos, Praça Garibaldi e o próprio Largo Coronéu Enéas

o nome popular da Largo da Ordem. (Andrade, 1997) Portanto quando

mencionamos nesse trabalho tal local estamos nos referindo a toda extensão

referida acima.

O edifício mais antigo de Curitiba é a Igreja da Ordem Terceira de São

Francisco e está situada no Largo da Ordem (Almeida, 1978), em pé desde 1737 e

restaurada de 1879 a 1880 para receber a visita do imperador D. Pedro II. Em

anexo à Igreja da Ordem está o Museu de Arte Sacra, idealizado por Dom Pedro

Fedalto e abriga imagens e objetos relacionados com o passado da Igreja Católica

de Curitiba. (Andrade, 1997)

Localizado na Praça Garibaldi está, desde 1972, o maior relógio do mundo-

canteiro do mundo, o primeiro a ser montado no Brasil, seu mostrador é feito de

grama e flores e seus ponteiros são enormes. Que além de se impor pelos 8

metros de diâmetro é também um dos mais pontuais, apresentando diferença de

apenas 30 segundos anuais. (Andrade, 1997)

Na Praça João Cândido é que estão as Ruínas de São Francisco. Sua

construção foi iniciada em 1811, mas acabou não sendo concluída, por volta de

1860sua construção foi abandonada para que a torre da antiga Matriz fosse

concluída. (Andrade, 1997)

Lá também está localizada a Casa Romária Martins, nome dado em

homenagem ao Vereador Alfredo Romário Martins, responsável pela oficialização

da data do aniversário de Curitiba, através de uma Lei Municipal em 1906. É um

casarão colonial português que data do século XVIII e foi armazém de secos e

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molhados, até 1973 quanto tornou-se uma espaço voltado para memória e

identidade de Curitiba. E a Casa Vermelha, situada no Largo Coronel Enéas, foi

construída em 1891 e usada como depósito por comerciantes. Uma reforma na

fachada, em 1938 mudou a cor da fachada e tornou-se um depósito de ferragens e

assumiu o nome da cor vermelha até 1993, quando encerrou suas atividades.

Atualmente o lugar pertence à prefeitura de Curitiba e abriga uma exposição sobre

a própria cidade de Curitiba (Andrade, 1997).

Próximo à Casa Vermelha está a galeria subterrânea Júlio Moreira,

inaugurada em 1976, liga a Rua José Bonifácio e o Largo Coronel Enéas onde

funcionam vários pontos de entretenimento e cultura além do Teatro Universitário

de Curitiba (Andrade, 1997).

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba iniciou em 1966

os Planos de Revitalização do Setor Histórico de Curitiba. Nele estão à delimitação

do Setor Histórico, à política de restauração da arquitetura do espaço e o

tombamento de alguns prédios como patrimônio histórico da cidade ou do Estado.

Nestes Planos de Revitalização há também a demarcação do local como região

turística e de acontecimentos culturais, já que os prédios tomados e restaurados,

tornaram-se estabelecimentos que oferecem arte e cultura.

O segundo Plano, realizado em 1970, torna clara, em sua nota introdutória

as pretensões de definir a região como local atrativo aos turistas e curitibanos

como centro de atividades culturais. “O plano de revitalização do setor histórico de

Curitiba” objetiva restabelecer a continuidade do patrimônio do centro antigo da

cidade. A análise do “material” existente neste centro, ou seja, a arquitetura e sua

ambientação, foi o ponto de partida para a delimitação de uma certa área portadora

de aspectos que justificam um plano de preservação(...) o Plano vê a possibilidade

de transformação da área em um centro que concentre equipamentos de cultura e

determinadas atividades comerciais, ambos significativos como atração turística, e

capazes de uma revitalização da área.”

Pode-se entender portanto, o Largo da Ordem como um local com uma rica

diversidade cultural expressa tanto pelos seus frequentadores quanto pelos

investimentos públicos que contribuem para o desenvolvimento do espaço com a

construção de equipamentos públicos culturais.

Os dados apresentados neste estudo abordam fatos históricos, bem como

o processo de ocupação do espaço geográfico desde o início até o presente,

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tornam evidente a importância histórica e a pluralidade cultural do local, pois é

possível notar que sempre existiram esforços do poder público em preservar a

área.

Dados disponibilizados pelo site Paraná Online7 (2011), a Feira do Largo

da Ordem, existe a mais de três décadas e tornou-se um dos principais locais de

compras de Curitiba. Posição importante considerando os efeitos da globalização e

instalação de shoppings e outros estabelecimentos comerciais que não foram

capazes de abalar o fluxo da ferinha, que recebe todos os domingos mais de 20 mil

pessoas. (DUCATI, 2011).

Segundos dados fornecidos pela Fundação Cultural de Curitiba, a feirinha

dominical do Largo da Ordem recebe semanalmente a visita de 21,5 mil pessoas8

em média, com um fluxo mensal de 90 mil pessoas, recebendo por ano em média

quase um milhão de visitantes. Segundo dados divulgados em 2005 pelo

Departamento de Feiras de Artesanatos do Instituto Municipal de Turismo (CTur)

são 1.3009 permissões para o a liberação de barraquinhas no local, liberações

estas cedidas pela Prefeitura Municipal de Curitiba.

Os dados atuais, não podem ser liberados, pois hoje tais informações são

controladas pela ACP (Associação do Comercial do Paraná).

Durante as pesquisas inicias para a realização do projeto, no segundo

semestre de 2013, foram realizadas visitas de observação apenas para organizar

informações para o futuro projeto que viria a ser realizado. No primeiro semestre de

2014, iniciaram-se pesquisas mais profundas sobre quem era os personagens do

Centro Histórico de Curitiba, mais especificamente do Largo da Ordem. Tais

pesquisas, para o estudo fotográfico em si, se iniciaram no dia 02 de março de

2014. A intenção destas visitas era criar um mapa para a organização dos espaços

a serem fotografados. Os estudos de campo se iniciaram no dia 02 de março 2014

a fim de compreender melhor o espaço a ser fotografado.

Com base nos estudo de Moutinho, procura-se desenvolver lógicas internas

para a realização e organização das fotografias, tendo como inspiração tais

técnicas. Segundo o autor, todo o trabalho etnográfico baseia-se em reflexão,

síntese e generalização sobre as sociedades em questão (MOUTINHO, 1980 p, 13) 7 Ver referência.

8 Dados divulgados em http://www.guiaturismocuritiba.com/2010/10/feira-do-largo-da-ordem.html acesso em 23

de março de 2014. 9 Dados divulgados em http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/artesanato-imt/42 acesso em 27 de abril de

2014.

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A experiência vivida junto de grupos humanos exteriores ao meio ambiente habitual do etnólogo é com efeito um acontecimento que envolve em geral todas as capacidades do indivíduo. (...) Como tal experiência etnológica não pode ser uma passagem superficial; a experiência etnológica é antes de tudo uma atitude face ao mundo que vivemos. Por isso é inevitavelmente uma atitude apolítica. Ao nosso ver, quando se trata de seres humanos, não há um olhar apolítico que possa justificar a recusa de ver a realidade social globalmente. O etnólogo apolítico é apenas um elemento da mitologia ocidental. (MOUTINHO, 1980 p, 14)

2.3 Etnografia

Para uma melhor abordagem do tema proposto e para um identificação

mais ampla dos grupos estudos, optou-se pelo método etnográfico, pois este

mostra-se como uma importante ferramenta para a identificação dos grupos que

serão apresentados no decorrer deste trabalho.

Strauss (1967) define o estudo etnográfico como a observação e análise de

grupos humanos considerados em sua particularidade (frequentemente escolhidos,

por razões teóricas e práticas, mas que não se prendem de modo algum à natureza

da pesquisa, entre aqueles que mais diferem do nosso), e visando à reconstituição,

tão fiel quanto possível, da vida de cada um deles. (STRAUSS, 1967, p, 14). O

objeto de estudo no campo etnográfico centra-se na simples cultura cotidiana,

conhecida como “primitivas” ou ágrafas. Strauss afirma que a

Etnografia, etnologia e antropologia não constituem três disciplinas diferentes ou três concepções diferentes dos mesmos estudos. São, de fato, três momentos de uma mesma pesquisa, e a preferência por este ou aqueles destes termos exprime somente uma atenção predominante voltada para um tipo de pesquisa que não poderia nunca ser exclusivo dos dois outros. (LÉVI-STRAUSS, 1967, p, 396)

Marques (1999) afirma o que a etnografia faz é transcrever o discurso social,

anotando-o para a posteridade, ao fazer isso, ele transforma os acontecimentos em

passado, que existem apenas em seu momento de ocorrência, num relato que que

pode ser consultado novamente. O que o etnógrafo inscreve não é o discurso

social bruto, ao qual não tem acesso direto a não ser marginalmente, mas apenas

àquela pequena parte (fatos pequenos, mas densamente entrelaçados) que o leva

a compreender e tirar grandes conclusões:

Ao inscrever o discurso social o máximo que o etnógrafo consegue fazer é uma leitura de segundo grau (a de primeiro

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grau é específica do nativo) que possibilita, no entanto, um encontro de horizonte entre a inscrição feita, as personagens da inscrição e as interpretações das inscrições, numa espécie de círculo hermenêutico que privilegia tanto a análise da totalidade do fenômeno, como a pesquisa microscópica e fragmentária; tanto os detalhes particulares da inscrição, como sua caractegorização genérica. (MARQUES, 1999 p, 22)

Marconi e Presotto (2001) apontam que os estudos etnográficos analisam

em profundidade determinado caso ou grupo humano, sob todos os seus aspectos.

Este método permite análise de instituições, de processos culturais e de todos os

setores da cultura. (MARCONI e PRESOTTO, 2001, p, 35).

Marques (1999), aponta os estudos de Geertz (1989) como estrutura para

analise de informações e dos elementos de construção etnográfica, Geertz utiliza

conceitos como o ato de falar. Enquanto a significação funciona como a regra da

organização das unidades linguísticas do discurso, o valor constituinte da

linguagem introduz o indivíduo para uma ordem coletiva dos sistemas de signos, o

sentido tem como condição primeira constituir os próprios sistemas de significações

e de valores sociais, culturais e políticos de uma dada sociedade. (GEETZ, 1989

apud MARQUES, 1999 p, 29). Por isso, Geetz aponta como caracteristica principal

para a descrição etnográfica. A interpretação, segundo o autor a inforção deve ser

interpretada por meio fluxo do dicurso social, tentado “salvar o „dito‟ num discurso

da sua possiblidade de extinguir-se e fixa-lo em formas pesquisaveis (GEETZ,

1989 p, 15)

A constituição desses sistemas depende, por um lado, das regras que estabelecem relações de oposição e de combinação dos elementos formadores de uma linguagem, e, por outro lado, de relações de reciprocidade entre sujeitos, no decurso dos processos comunicacionais. É a tensão entre estas duas perspectivas que constitui a natureza simbólica do sentido dos objectos culturais, delimitando a identidade e marcando as diferenças, tornando assim possível a mediação social, ou seja, a reciprocidade da troca e a reversibilidade dos lugares de fala. (GEETZ, 1989 apud MARQUES, 1999 p, 29)

Moutinho (1980) explica que para um maior entendimento daquilo que está

sendo analisado, é importante a recolha de dados sobre esta sociedade, ou seja o

trabalho que o investigador anteriormente pesquisou (dados como ecologia da

região, técnicas utilizadas, sistema de parentesco, instituições, dados, atividades e

etc.) (MOUTINHO, 1980 p, 13). Neste raciocínio, Fernandes (1958), aponta a

autonomia do autor como algo importante. Segundo ele, o investigador possui

liberdade para a ecolha do objeto a ser estudado. Fernandes separa em duas as

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categorias de invertigação: 1) a invertigação como problema social, ou seja, cuja a

analise afete de forma explicita os fundamentos da ordem vigente; 2) A

possibilidade de conduzir certas atividades para fins meramente teóricos.

(FERNANDES, 1958 p, 19).

O proprio invertigador, como fruto de seu meio, com frequencia que considere legítima aquelas expectativas, propondo-se como ideal de trabalho o estudo das questões ou dos problemas que se elevam socialmente à esfera da conciência. Esse processo não afeta a integridade do investigador, nem os seus proprios propósitos e métodos cientificos. Reduz, apenas, o alcance de elaboração dos materiais e natureza dos alvos cientificos visados. (FERNANDES, 1958 p, 22).

Por isso o método antropológico é de suma importância para o

entendimento e perquisa de determinado grupo, pois segundo Fernandes, gera

“estímulos ao conhecimento da situação” (FERNANDES, 1958 p, 19).

2.4 Antropologia da identidade

Tais estudos antropológicos, auxiliam na identificação dos grupos

apresentados no decorrer do trabalho, as técnicas antropológicas utilizadas neste

estudo, facilita o entendimento mais amplo daquilo que é proposto no estudo, por

isso, é importante contextualizar e explicar o papel antropológico neste estudo.

A Antropologia caracteriza-se como uma ciência lógica que estuda e

observa aspectos sociais e humanos, tendo em seu campo de pesquisa seus

próprios métodos e técnicas de trabalho. Permitindo a aqueles que estudam a área

observar e classificar os fenômenos, analisando e interpretando os dados obtidos

nas pesquisas, dando a oportunidade de futuras correlações e generalizações do

tema estudado. (MARCONI e PRESOTTO, 2001, p, 33). A Antropologia, como

ciência, desenvolve-se a partir do século XVIII com a expansão colonial europeia.

Novos territórios vinham sendo descobertos e ocupados pelas potencias europeias (pincipalmente a Inglaterra) e novos povos (considerados primitivos, quando comparados com a sociedade ocidental) eram contatados. Era preciso conhecer e compreender seus hábitos, costumes e valores, principalmente para melhor dominá-los, como consequência política imperialista e com o intuito de auxilia-la (..) (TOMAZI,1993 p, 165)

Tomazi (1993) afirma que ao longo do tempo a atuação do antropólogos

ocorreu de maneira mais independente ao que era exigido pelas escolas. O estudo

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de outros povos, suas crenças e seus costumes passa a ser analisado de forma

mais política de mostrar diferentes culturas, as apresentando de forma nova,

analisando que as diferenças culturais não significam inferioridade e nem justificam

a dominação. (TOMAZI,1993 p, 165)

Poderíamos dizer que, para a antropologia, a cultura constitui o campo simultaneamente simbólico e material das atividades humanas. Toda a ação humana e, consequentemente, toda a vida social têm um conteúdo simbólico: os mitos, ritos e dogmas, mas também o objetos, os gestos, a linguagem e até a postura corporal das pessoas. (TOMAZI,1993 p, 166)

Para analisar antropologicamente uma sociedade, Strauss (1949) afirma

que não é preciso necessariamente isolar os componentes econômicos, políticos

ou ideológicos, para poder compreender determinado grupo. Strauss (1949) afirma

que a sociedade vive a cultura ao mesmo tempo que a produz. “A antropologia

pôde olhar para a nossa própria sociedade com outros olhos e melhor

compreender suas regras, mitos e ritos.” (TOMAZI,1993 p, 168).

Segundo Velho e Viveiros (1968 p,55) a cultura é a organização de todas

as produções simbólicas produzidas por um mesmo grupo, apresentando todas as

contradições historias e sociais de determinada época.

A cultura relacionada a classe dominante incorporaria, segundo esses autores, manifestações ligadas as experiências culturais aristocráticas, mas também operárias, camponesas e indígenas. Ao incorporar manifestações de grupos tão variados, essa cultura da classe dominante poderia se confundir, em determinados momentos históricos, como a cultura nacional: composta de elementos de todas as origens, porém reordenados e organizados numa visão de cultura dominante, de cultura de classe dominante (VELHO E VIVEIROS 1968, apud TOMAZI 1993 p, 168)

Para uma análise mais ampla sobre a identificação e categorização dos

grupos, subgrupos sociais e movimentos culturais, este trabalho pretende

apresentar os a definição e categorização de cada estrutura encontrada.

2.5 Grupos, Subgrupos Sociais e Movimentos Culturais 2.5.1 Movimentos Culturais

Para a identificação dos movimentos culturais encontrados no local, é de

suma importância contextualizar a ideia de movimento cultural. Seguindo a lógica

de Lefebvre (1968), de categorização de identidade dos grupos sociais por meio da

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cultura consumida pelos mesmos, foram identificados os seguintes grupos e

movimentos sociais e culturais.

Todo e qualquer movimento pressupõe certa organização hierárquica. Essa

organização pode ser desentralizada, no sentido de não estar vinculada a nenhum

corpo dirigente regular e previamente determinado, pois a direção e organização

pode acontecer de forma coletiva, através de permanentes revezamentos entre

seus participantes, já que todos são considerados lideranças em potencial. Tal

forma de organização pressupõe a valorização de todos os participantes do

movimento, assim como a valorização de todas as tarefas a serem efetuadas.

Neste tipo de organização, procura-se garantir a participação de todos na

organização do coletivo, de maneira democrática. (TOMAZI, 1993 p, 219).

A organização também pode apresentar uma estrutura mais definida, firmada em um corpo de líderes mais ou menos fixo e destacado dos demais participantes do movimento. Esse grupo dirigente, teria o papel de liderança, a quem caberia a iniciativa de propostas sobre os passos a serem dados, bem como a palavra final sobre metas e os objetivos, as formas de condução e a representação permanente do movimento em face de seus interlocutores ou oponentes. (TOMAZI, 1993 p, 219)

Tomazi (1993) aponta que a forma de organização de um movimento tem

importantes consequências para a relação da dinâmica externa e interna, pois

internamente nota-se que uma organização sem hierarquia de liderança favorece o

espontaneísmo das ações do movimento, além de facilitar o controle dos

indivíduos, já que sem uma liderança permanente, o movimento teria certo prejuízo

com essa atitude. Tomazi ainda aponta o outro lado da questão, segundo ele, uma

organização fundada em um corpo de líderes afastados dos componentes do

movimento, pode criar a ideia de práticas autoritárias de tais lideras, criando uma

estrutura elitista abominada pela ideologia da estrutura dos movimentos. Segundo

Tomazi, “os demais participantes desempenhariam o papel de „massa de manobra‟.

(TOMAZI, 1993 p, 219)

Para compreender melhor a ideia e estrutura de tais movimentos, é

importante ser entendido o conceito de cultura. De acordo com o sociólogo francês

Raymond Williams (1921 - 1988), a cultura é definida como o conjunto organizado

dos vários modos de vida de uma determinada sociedade, por meio de todas as

influências e tendências culturais, tal base abre espaço para o surgimento dos

movimentos culturais gerais, como afirma Galliano (1981 p, 280). Os movimentos

sociais defendem ou buscam mudar aspectos da estrutura social ou da estrutura

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como um todo. Servem para apresentar a realidade social para um maior número

de pessoas. (GALLIANO, 1980 p, 276). Por este prisma, os movimentos sociais

exercem um importante papel de agentes socializadores. Castells (2000 p, 96)

afirma que a questão da identidade é muito importante em tais movimentos, pois se

refere a auto definição do mesmo, e é sobre ele que determinado movimento se

pronuncia.

Normalmente, as ideias que orientam um movimento social geral encontram expressão numa literatura tão variada e tão indefinida como o próprio movimento. Ela tende a ser uma expressão de protesto, com uma descrição genérica de uma espécie de existência utópica. Dessa maneira, esboça vagamente uma filosofia baseada em novos valores e em concepções pessoais.” (GALLIANO, 1908 p, 279)

Tal movimento é categorizado como organização, que ocorrem por meio de

influências das artes em geral. Smiers (2003, p, 30) afirma que a arte é a forma

específica de comunicação humana, que molda toda e qualquer estrutura

psicológica do homem, alterando emoções, linguagens, visões e avaliações das

compreensões do passado e do presente. Estes sentimentos são grandes

produtores de ideologias e bandeireiras levantadas pelos membros de movimentos

culturais ou sociais. Castells (1996, p, 328) conclui o raciocínio apontando a cultura

como a medida representada por meio da comunicação, das próprias culturas;

nosso sistemas de crenças e códigos produzidos historicamente foram

fundamentalmente transformados. Marconi e Presotto (200, p, 34) afirmam que as

relações entre cultura e personalidade constituem um novo aspecto, ou seja, o

indivíduo não é visto como um simples receptor e portador de cultura, mas como

um agente de mudança cultural, desempenhando papel dinâmico e inovador

(MARCONI E PRESOTTO, 2001, p, 29)

Ao quadro estrutural mental – a linguagem, os conceitos, as categorias, as imagens de pensamento e sistemas de representação – desenvolvidos por diferentes classes e grupos sociais para fazerem-se entender, definirem-se, descobrirem e tornarem inteligível a forma na qual a sociedade funciona. (MORLEY e CHEN, 1996, p, 26-7)

Castro e Maia apontam a mídia como um elo de ligação que representa a

política, servidores públicos e governantes e seus partidos políticos. Segundo os

autores, a conexão desses membros enquanto cidadãos, de forma vertical,

contribuem para a deliberação pública. (CASTRO e MAIA, 2006 p, 154).

Por exemplo, a defesa da preservação do meio ambiente, da paz, dos direitos da mulher, dos direitos à individualidade, de

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participação política etc. São valores antigos, mas que voltam a ser atuais. São valores emergentes e não predominantes nem hegemônicos, mas que convivem e estão ajudando a compor uma nova realidade. No fundo há uma rejeição a tudo que afronta a vida, a dignidade e o bem comum (violência, corrupção, autoritarismo político, destruição da natureza, degradação das condições de existência e outros). (PERUZZO, 2002 p, 22)

Marques (1999 p, 12) aponta a cultura como um sistema simbólico, oriundo

das concepções simbólicas e práticas da linguagem, considerando que a presença

do homem no mundo não é imediata, mas mediatizada pela linguagem.

Em tal sistema, a linguagem desempenha funções de significação que estão na origem das elaborações dos sentidos do homem no mundo ao expressar as diferentes maneiras de sua relação com uma mesma realidade, e ao expressar de uma mesma maneira a sua relação com realidades diferentes. Ao falar, o homem não se limita a designar e a significar a sua relação com um mundo preexistente; constrói também sentidos novos já que as palavras não são etiquetas coladas a uma realidade singular, mas construções culturais destinadas a mediatizar a relação do homem com o mundo. (MARQUES, 1999 p, 12)

Todas as ações dos movimentos culturais podem ter origem na

consciência coletiva, na mobilização social, na coesão do nível interno dos

movimentos, na adesão que contribuam no nível interno dos movimentos, como no

planejamento de atividades e realizações de eventos, pesquisas, produções de

instrumentos de comunicações, facilitando assim a conquista de novos aliados por

meio de ferramentas de comunicação eficiente com a sociedade como um todo,

esse tipo de conduta, favorece a conquista de “espaços” nos grandes meios de

comunicação de massa ou em outras instituições da sociedade como afirma

Peruzzo (2002 p, 15).

Se o discurso massifica pela sua mediocridade adaptável a qualquer idade mental, nível de conhecimento etc., e se uma sociedade de massas se caracteriza pela utilização de bens de consumo (tanto materiais, quanto culturais), uma cultura de massas, que é a sedimentação de mensagens pré-fabricadas sob medida para todos, consistirá numa ulterior uniformização do uniforme ou síntese dos lugares-comuns de uma coletividade (PASCHOALI, 1972).

Henri Lefebvre (1969, p, 56), afirma que a música representa basicamente

mobilidade, o fluxo, e a temporalidade. Por isso, há a repetição de motivos, de

temas, combinações, emoções e sentimentos surgidos pela influência cotidiana da

música. Sendo assim, Lefebvre questiona a relação intrínseca entre a música e o

cotidiano.

Se há relação entre música, de um lado, e a filosofia, a arte, a linguagem do outro, não haveria também alguns laços entre a

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música e o cotidiano, ou ao contrário, compensa sua trivialidade e superficialidade substituindo-o ao canto? Não seria ligação entre a vida “profunda” e a vida “superficial”? e se ela as reuniu outrora, essa unidade pode encontrar ainda razão, momento e lugar tendo-se em vista a visão em que se acentua (até o ponto de tornar-se estrutural), entre o cotidiano, em decorrência da agravação da pobreza cotidiana? Não haveria questões análogas das diferenças e da especificidade à respeito de muitos outros objetivos, como arquitetura, pintura, dança, poesia, jogo? (LEFEBVRE, 1968, p, 26)

Tais movimentos culturais constituem um meio poderoso de participação. Galliano

(1980 p, 276) afirma que em virtude das dimensões de tais movimentos e de suas

diferenças, a sociedade urbana e industrial força diferentes formas de participação

na vida coletiva mais complexas do que da sociedades tradicionais. Strauss (1967),

afirma que para denominar-se cultura, todo conjunto etnográfico, do ponto de vista

da investigação, deve ser constituído como unidades culturais, ou seja, não só

consumir, mas produzir cultura também (LEVI-STRAUSS, 1967, p, 322)

Castells (2000) ressalta que os “movimentos culturais devem ser

entendidos em seus próprios termos” (CASTELLS, 2000, p. 94). “Eles são o que

dizem ser. Suas práticas (e sobretudo as práticas discursivas) são sua

autodefinição”. Assim, supõe-se que todo grupo organizado precisa ter suas

demandas traduzidas através de um discurso coerente.

Não se pode determinar a proporção da cultura e do sistema social dessa forma integrada na personalidade. Além disso, a medida da integração varia de pessoa para pessoa. No entanto, pode-se afirmar que uma vez integradas na personalidade, a cultura e o sistema social se tornam obrigação moral, norma de consciência e maneira de agir, de pensar ou de sentir do indivíduo. A integração se processa de tal modo que a pessoa integrada parece estar agindo, pensando ou sentindo de maneira natural ou normal, e não segundo a cultura e o sistema social (GALLIANO, 1980 p, 304)

2.5.2 Grupos e Subgrupos10 Sociais

Para a realização deste estudo, é de suma importância compreender as

logicas dos grupos e subgrupos sociais, pois estes, estão representados no

fotolivro. Pretende-se aqui analisar as estruturas e as ideológicas de cada grupo

10 Para esclarecer, o uso do termo “subgrupos” não necessariamente significa que são grupos inferiores, e sim

grupos como uma conotação menor, se opondo a cultura de massa. (MELLO, 2004 p, 64)

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encontrado no espaço analisado, o Largo da Ordem, por isso é importante

entender as diferenças entre o “social” e o “cultural”. Tais diferenças não são tão

substanciais, se seu conteúdo implica em tendências teóricas próprias. Assim

explica White, (1969 p, 45) afirmando que os fatos e acontecimentos que

constituem a ideia de cultura encontram-se no espaço e no tempo, o autor

classifica em três categorias: Usaremos duas delas para explicar a formação dos

movimentos sociais. Orgânica (acontecimentos naturais) e “intra-orgânica” – dentro

de organismos humanos (conceitos, crenças, emoções e atitudes); Galliano (1980)

completa o raciocínio afirmando que um determinado conjunto de pessoas agem

de acordo com normas e valores pré-determinados por uma coletividade ou cultura,

uma pessoa responde a sua própria consciência moral, ou seja a uma necessidade

que considera “normal”, isso ocorre segundo o autor porque o indivíduo está

motivada a agir dessa maneira. (GALLIANO, 1980 p, 306).

Sabe-se que tal motivação não é inerente à natureza biológica do homem, e que também não faz parte da essência da natureza humana, pois várias maneiras de agir a podem satisfazer. De fato, o homem ocidental, por exemplo, que prefere comer com garfo e faca e sabe distinguir quais são e quais não são as boas maneiras no uso dos talheres, não herdou essa experiência e nem essa capacidade de juízos juntamente com a necessidade biológica de comer, ao contrário, é a ordem da cultura que determina a preferência e capacidade de juízo. (GALLIANO, 1980 p, 306).

Grupos sociais podem ser definidos como coletividade como afirma

Lenhard (1971 p, 103), para o autor a ideia de organização ocorre pois um conjunto

de determinadas pessoas que ocupam o mesmo espaço.

Muitas destas organizações acontecem por meio da ideologia grupal. A

ideologia de um movimento consiste num corpo de doutrinas, crenças e mitos.

Galliano (1981, p,285), aponta quatro características para tais formações. Primeiro,

o objetivo comum acrescentam propósito as premissas de um determinado

movimento; Segundo, a junção de críticas e condenações a uma estrutura vigente,

para atacar determinado ponto em questão; Terceiro a criação de defesas que

posteriormente servirão como justificativa para o movimento e objetivos; Quarto,

um conjunto de crenças e preferencias políticas.

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Tomazi (1993 p, 218) aponta a ideologia11 como as ideias que produzidas

pelo homem. Nesse sentido, a ideologia atua como uma forma de mascarar as

reais condições de opressão dos interesses dos grupos dominantes.

Se não tivesse ideologia, um movimento social caminharia de modo incerto, titubeante, e dificilmente poderia manter-se em face da oposição de grupos externos. Por isso, a ideologia é tão importante na vida de um movimento; ela é um mecanismo essencial para a sua persistência e desenvolvimento (GALLIANO, 1981 p, 285).

Kesseing (1972 p, 371), analisa que num sentido amplo, todo

comportamento cultural tem faceta que se liga à organização social ou organização

de pessoas. Ou seja, as pessoas agem de modo padronizado, as relações

interpessoais são mais ou menos formalizadas numa estrutura social. Neste

mesmo estudo, Kesseing aponta o costume dos antropólogos em agrupar e

classificar, sob a classificação de “organização social”.” São as respostas culturais

a certos aspectos universais ou constantes espaciais, biológico e sociais que

existem em toda a vida grupal” (KESSEING, 1972 p, 371).” Muitos outros grupos

exercem função socializadora secundária, fundada, em geral, nas atividades

desses próprios grupos.” (GALLIANO, 1908 p, 310)

A medida que tais grupos se organizam e se associam, adota-se uma

liderança aceita e reconhecida, como afirma Galliano (1993), o autor afirma que tal

ligação é de suma importância para a criação de um elo único entre seus membros

e para a ideia da “consciência do nós”. Formando assim um corpo de tradições,

conjunto de valores orientadores, filosofias especificas, conjuntos e regras e um

sistema geral de expectativas aplicáveis as ações de seus membros. Assim os

integrantes de um determinada organização são levados a desenvolverem atitudes

de fidelidade e lealdade em relação as ideologias do grupo. (GALLIANO, 1993, p,

260).

Torna-se cada vez mais aceita a noção e formação cultural dos seres humanos nas sociedades contemporâneas passa muito pelas intermediações do cotidiano marcadas por um contexto de complexidade. Intermediações que ocorrem através da comunicação interpessoal, grupal e massiva e que se ampliam com a incrementação de novas tecnologias. (BARROS, 1997 p, 30)

Partindo da proposta apresentada por Barros (1997), Ramos (2000) afirma

que a personalidade dos indivíduos em determinado movimentos, é proveniente de

11

Este tema será apresentado no decorrer do capítulo de forma mais clara, para uma melhor contextualização dos grupos estudados nesta categoria.

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um produto social, gerado pela interação com as demais pessoas, isso acarreta na

utilização de símbolos significativos presentes em nossa cultura, permitindo

apropriações mútuas de atitudes de ocorre por meio da comunicação. (RAMOS,

2000 p, 31).

Toda formação dos grupos sociais acontece, algumas vezes, por meio das

referências culturais, transmitidas pelos meios de comunicação de massa. Lakatos

(1999) afirma que a formação dos estereótipos acontece devido à posição social e

cultural dos indivíduos e dos grupos. Os meios de comunicação de massa facilitam

a criação e a divulgação dos estereótipos sociais, marginalizando-os e

apresentando de forma geral, raramente por especificação. “A cultura estimula e

controla o comportamento social dos seres humanos; ela constitui um processo

contínuo de adaptações de valores sociais” (OLIVEIRA, 2000).

Galianno (1980) apresenta duas conclusões para a organização de

determinados grupos. A primeira delas é a socialização como fim explicito, para

assim exercer sobre determinado individuo influencia que perdure por toda sua

vida, ou pelo menos por todos os aspectos da vida. Neste caso, Galliano cita como

exemplo a família, escola, igreja, as seitas e os numerosos movimentos culturais,

sociais e educacionais. A segunda conclusão segundo o autor é a socialização não

necessariamente como transmissão de cultura pelos mais velhos ou mais novos, e

sim a transmissão por pessoas da mesma idade. Em muitos grupos etários

homogêneos que não tem a socialização como fim explicito acontecem por

pessoas da mesma idade, principalmente entre os jovens, exemplo este nos

movimentos e grupos juvenis. (GALLIANO, 1908 p, 310)

Marconi e Lakatos (1999) separam e apresentam a ideia de grupos sociais

como cadeias que se agrupam, tais pensamentos foram separados em quatro

categorias:

1) Agregados Funcionais, que em sua maioria apresentam funções

específicas, em virtude de terem uma ligação direta com a sociedade.

Este grupo é formado por comerciantes, estudantes, moradores de rua,

policiais, entre outros, que tem como características possuir raízes

passageiras, mas presentes no local.

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2) Os Agregados Residenciais, que em sua maioria aparecem em zonas

urbanas com um fluxo maior de população, nesta categoria encontram-

se como moradores.

3) Manifestações Públicas, comuns no Largo da Ordem, são realizadas

por pessoas que se reúnem em um local para que o objetivo principal

(não necessariamente único) seja atendido, seguindo sempre a ideia de

um plano pré-estabelecido.

4) Multidão, ideia de aglomeração promovida pelo espaço, tem em seus

casos, no início, ser pacífico, e acaba por ser tumultuoso. Isso ocorre

por ser um processo de pessoas que ocupam o mesmo espaço físico,

dividindo-o com grupos diversos. Este tumulto, acontece por fatores

distintos e únicos na maioria dos casos. Dentro desta categoria,

Marconi apresenta uma nova divisão para este movimento, como a

presença física de seus componentes, pertencem à multidão o indivíduo

precisa fazer parte de um grupo. Marconi afirma que a ausência de

status é um dos fatores, se o indivíduo não é agregado por seus

valores, ele não possui um status social (isso se aplica à relação que

um indivíduo tem do outro); Por padrão de comportamento, que sempre

muda dependendo do grupo e de suas ideologias. Isso determina a

ideia apenas de um agregado, e não de um elemento fixo do grupo

(volúvel); Por comportamento coletivo, esse comportamento não é

social, pois nesta categoria não há comunicação e interação com a

sociedade em geral, apenas com o coletivo individual; E, por anonimato,

não apenas uma atitude voluntária do indivíduo, mas são

consequências da natureza daqueles que assumem um grupo social.

Kesseing (1972 p, 373) afirma que para que uma análise do sistema social

seja feita, é preciso começar com os fatores demográficos e etnográficos do local,

por exemplo, o número de pessoas da população, sua composição por idade e

sexo, suas distribuições por domicílio, e outras informações importantes para a

caracterização do frequentadores do a ser estudado, o Largo da Ordem.

Em qualquer grupo humano, há tensão, pressão e conflito a respeito de muitas de suas regras culturalmente definidas. Tanto como criança, quanto como adulto, o indivíduo entra em atrito, em vário pontos, com os costumes estabelecidos. Os desejos pessoais determinam um impulso no sentido de evasão, de logro ou até das quebras efetivas das regras. (KESSEING, 1972 p, 371).

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A partir dos estudos de Marconi e Lakatos (1999 p,75), essas

especificações são um processo comum e inverso (principalmente nos meios

midiáticos), fazendo com que determinada atribuição aplicada a cada indivíduo,

como qualidades e defeitos, considerem uma categoria total. Os estereótipos são

os resultados de um processo natural inerte à forma como processamos a

informação que nos é transmitida.

Dentro deste agrupamento social existe a endoculturação12, termo

empregado, tanto por Keesing quanto por Frost, para o aprendizado e educação de

uma determinada cultura desde infância. Esse termo conceitua um processo de

condicionamento da conduta, dando estabilidade à cultura. (MARCONI e

PRESOTTO, 2001, p, 66). Tal divisão ocorre como uma separação de tribos

existentes por influencias artísticas de grupos com crenças e comportamentos

religiosos. Marconi e Presotto (2001) afirmam que: cada indivíduo adquire as

crenças, o comportamento, os modos de vida da sociedade a pertence. Ninguém

aprende, todavia, toda a cultura, mas está condicionado a certos aspectos

particulares da transmissão de seu grupo. As sociedades não permitem que seus

membros hajam de forma diferenciada. Todos os atos, comportamentos e atitudes

de seus membros são controladas por ela. (MARCONI e PRESOTTO, 2001, p, 66).

Seguindo a ideia de endocultração13 como fator determinante para a

identidade social, Galliano (1980) aponta a socialização como o processo principal

para a aquisição do processo coletivo de conhecimento, padrões, valores e

símbolos. Tais aquisições, como na maneira de agir, de pensar e sentir, são

próprias de grupos, de determinada sociedade e da civilização em que vive o

indivíduo. (GALLIANO, 1980 p, 304)

Heller afirma que o cotidiano aliena os indivíduos de determinada

sociedade, pois os mesmo estão inseridos na mesma lógica nacionalizante e

padronizada desse sistema. Para Heller, a vida cotidiana também é um espaço

12 Endoculturação é o processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia com

assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte.

13

Endoculturação é o processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte.

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onde diversas atividades cotidianas de caráter heterogêneo e subjetivo possam ser

realizados, ou seja, um lugar onde determinados grupos estariam livres para poder

manifestar suas mais diversas capacidades (tanto físicas e mentais) artísticas,

estéticas, ideológicas, etc. (HELLER, 1986 p,78).

(...) Mas isso não incentivaria ou levaria necessariamente à uma pratica alienante em todos os campos heterogêneos (grupos, comunidades, tribos, etc.) da vida social pelo fato destas esferas preservarem uma autonomia ou identidade cultural, linguística, existencial e ontológica na esfera da própria consciência (como diria também o filósofo italiano Antonio Gramsci (1891-1937) acerca do comportamento e da autonomia de classes). (HELLER, 1986 apud Endo, 2009 p, 16).

Tomazi (1993) ressalta que mesmo que determinados grupos envolvam

ações coletivas, ainda assim não estaríamos necessariamente falando de

movimentos sociais, uma vez que há manifestações coletivas que resultam em

protestos, quebra-quebras, às vezes com ações policiais, tais aglomerações não

constituem movimentos, pois tais movimentos não apontam para nenhuma

mudança no sentido da vida social do coletivo (TOMAZI, 1993 p, 212)

Em uma pesquisa de campo realizada entre os dias 27 de setembro a 4 de

outubro de 2013, identificamos os seguintes grupos, subgrupos e movimentos

sociais e culturais, baseados em ideologias, culturas e crenças que se encontram

no local para a realização e disseminação de suas verdades. Após o levantamento

notou-se a presença de outros três grupos que são essencialmente distintos dos

demais apresentados neste estudo, os travestis, transexuais e garotas e garotos de

programa. No entanto, ainda precisamos avaliar a melhor maneira de abordá-los no

produto.

Pretendemos separa-los em três categorias: Ideologias, Crenças e Movimentos

Artísticos. Para entender cada movimento, contextualizamos cada grupo

encontrado, apresentando um breve relato sobre suas doutrinas.

2.5.3 Ideologias

O conceito do termo “ideologia” foi proposto pelo filosofo francês Destutt de

Tracy (1754-1836), que no fim do século XVIII pressupôs que as ideias não

poderiam ser entendidas como valores próprios. Segundo o autor, a elaboração de

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tal conceito, a crença da razão, surgida no espirito Iluminista14 do século XVIII, e na

influência da ciência em propagar ideias ao mesmo tempo da análise e

compreensão dos objetos naturais. (TRACY, 1801)

A ideia tradicional de cultura, tende a associá-la às artes, ao conhecimento presente nos livros, em resumo, àquilo que chamaríamos de cultura erudita. A ideia de cultura como “modos de agir, pensar e sentir” de uma sociedade abrange e ultrapassa essa identificação entre arte e cultura. Contudo, embora tratando esses modos de “agir, pensar e sentir” como socialmente construídos, os conceitos de cultura corre o risco de perder, em suas analises, a dimensão da dominação político-econômica que se dá numa sociedade capitalista, e que é em grande parte responsável pela predominância de determinados “modos de agir, pensar e sentir”, e não de outros. (TOMAZI, 1993 P, 173)

A ideologia deveria ser compreendida como a “ciência das ideias”,

assemelhando-se as ciências naturais (TOMAZI, 1993 p, 169).

Nesta categoria pudemos identificar os seguintes grupos:

2.5.4 Skinheads

A Rua Trajano Reis no Largo da Ordem, é conhecida nacionalmente por

ser o reduto dos grupos skinheads, chegando a ser palco de encontros nacionais

do movimento. No local, encontram-se quase todos os grupos que fazem parte

desta ideologia. A raiz do movimento encontra-se nos jovens jamaicanos que no

fim dos anos de 1950 e início dos anos de 1960 criam um movimento musical, com

influências naqueles já existentes na Inglaterra no mesmo período, como o ska15 e

os rudeboys16. No entanto, por conterem fortes críticas sociais e incitar confrontos

com as autoridades o movimento foi marginalizado.

O grupo tornou-se conhecido pelo culto e prática da violência. Rivera

(2009) afirma que isto ocorreu quando os primeiros skins apolíticos, na Inglaterra

de 1960, cultuavam a violência sem que esta tivesse qualquer ligação com os

14

Iluminismo ou Século das Luzes, foi um movimento cultural da elite intelectual europeia durante o século

XVIII que procurou mobilizar o poder da razão, afim de reformar a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval (Igreja do Estado).

15 Ska é um género musical jamaicano surgido no final da década de 1950, Combina elementos caribenhos

como o calipso e americanos como o jazz, e rhythm and blues. Suas letras abordam temas como marginalidade, discriminação, a vida da classe trabalhadora.

16 Rudeboy é um termo usado para designar os delinquentes juvenis e criminosos na Jamaica nos anos de

1960, e desde então tem sido usado em outros contextos.

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movimentos e ações políticas e nem fizesse parte de qualquer plano de ação

revolucionária. Conforme Moreno, “uso da violência só pode ser legitimado e aceito

se este se constituir em método concreto de ação revolucionária de combate ao

capital, ao fascismo, ao racismo e ao preconceito de qualquer tipo (MORENO,

1989, p, 22).

Uma das bandeiras levantadas por outros grupos skinheads quer acabar

com a intolerância no movimento, tornando-o apenas uma cultura musical e com

influências da moda. Roddy Moreno, precursor do movimento Oi! Music (música

que representa a ideologia skinhead) e vocalista da banda de "The Oppressed"

afirma:

Nossa posição está clara: não toleramos racistas. Para nós, skinhead

significa simplesmente pertencer à classe operária, ter orgulho de si

mesmo e saber de onde vem (recordas suas origens). Se és racista, não

pode ser skinhead. Porque os skinheads não existiriam sem a Jamaica.

Negar essa cultura e negar a si mesmo... por isso os chamamos de

"boneheads", porque não são skinheads. Eles são boneheads e nós

somos skinheads. Nós os vemos como algo totalmente distinto (MORENO,

1989).

O culto a violência tornou-se um aspecto negativo da cultura skinhead, a

ideia da não-violência tornou-se uma regra em certos grupos skins, segundo esta

ideologia a violência deve ser combatida, abandonada e superada (RIVERA, 2009).

Essa posição está na maioria dos grupos skins do mundo. Uma minoria (ex: White

Powers, conhecidos por não tolerarem negros, estrangeiros e por manterem uma

posição cristã conservadora, não toleram homossexuais) praticam tais atos de

violência.

O reduto skinhead de Curitiba fica situado na Rua Trajano Reis, local onde

ocorrem as manifestações dos grupos. Segundo dados fornecidos por André Mod,

um dos precursores do movimentos skinhead no sul do país, em conversa no dia

17 de maio de 2014, afirma que há 40 skinheads pertencentes a dois coletivos

musicais da capital, o Skadrophenia (criado a três anos) e o CWB Blacks (Fundado

a dois anos), segundo Mod, os eventos do movimentos chegam a reunir 300

participantes por semana.

2.5.5 Punks

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Movimento rebelde de repudio ao sistema social e às suas instituições,

sempre propagando a ideia do “faça você mesmo”. Tem como base o anarquismo

pregado nos anos de 1950. O movimento originou-se quase ao mesmo tempo nos

Estados Unidos e no Reino Unido, no início de 1950, como um elo entre a cultura

pop e os movimentos juvenis. Tem ligação direta com a música, tendo nela a maior

divulgadora de suas ideias e ideologias.

O‟Hara (1999) afirma que o punk é a somatória entre uma forma de arte,

uma teoria e uma atitude política. E os classifica de três formas: como uma

tendência juvenil (baseando-se na teoria do agendamento, no qual a mídia tem

total influência sobre a informação), como uma mudança e rebelião e como voz

para uma oposição.

Segundo, Alexandre Ricardo da Banda S.O.S Chaos, em conversa no dia

17 de maio de 2014, fundada em 1998, as apresentações punks em Curitiba

acontecem no TUC, teatro universitário de Curitiba e reúne em média por show

100 pessoas, os eventos punks sempre acontecem aos sábados pela noite.

Segundo Ricardo, há pelos menos 300 punks espalhados por Curitiba.

2.5.6 Headbanges

Os Headbanges, popularmente conhecidos como “metaleiros”, recebem

essa denominação aqueles que vivem no ambiente do Rock n’ Roll pesado,

subgênero criado no início da década de 1960 originalizando o termo metal

pesado. Segundo Endo (2009), o gênero musical é conhecido pelos sons pesados

dos instrumentos musicais, como por exemplo a guitarra que é caracterizada neste

gênero por apresentar riffs distorcidos, mais compostos e pesados.

Os Headbanges só ganharam status de tribo em meados de 1980, pois

neste período começaram a serem identificados por sua linguagem, modo de se

vestir e se expressar e seus valores próprios começaram a ganhar força. (ENDO,

2009 p, 29). Segundo a Damar Produções, em conversa no dia 17 de maio de

2014, única produtora de shows de metal em Curitiba, as apresentações de heavy

metal ocorrem sempre próximo a igreja do Rosário, reunindo por apresentação até

mil pessoas por espetáculo.

2.5.7 Crenças

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Segundo Corrêa e Rosendahl (2001 p, 57), religião consiste na

interpretação do mundo e representa uma forma de conhecimento. Ainda neste

raciocínio, A diversidade das religiões indica que a própria construção do espaço é

diferenciada, aparecendo em cada situação com características específicas.

Segundo os autores o espaço religioso depende de três componentes: o sistema

semiótico (simbólico) da crença, o comportamento dos adeptos e o contexto

institucional (organizações religiosas). (CORRÊA e ROSENDAHL 2001 p, 53).

O campo das religiões no Brasil é vasto e muito diversificado. Com sua história católica, uma expansão relativamente incompleta do colonialismo, uma secularização tardia e um grande número de religiões, existe neste país, uma imensa mescla das expressões religiosas, colocando o sincretismo no cerne do campo religioso brasileiro (MONTES,1998 p, 211)

Portanto, nesta categoria identificamos os seguintes grupos: Católicos,

Hare Krishnas, Judeus e Evangélicos.

2.5.8 Católicos

De acordo com a doutrina católica, a tradição é a importância da

compreensão da fé. Nesta doutrina há um só Deus e três pessoas divinas: Pai

(Deus), Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo (Natureza divina). Por isso, o

catolicismo tem como objetivo ser a Igreja fundada em fé por Cristo de acordo com

as palavras d'Ele dirigidas a São Pedro: “Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei

a minha Igreja” (MATEUS, 16:18). A Igreja aceita como sucessores de São Pedro

os Bispos de Roma, conhecidos popularmente como Papas. Sempre em linha

contínua de sucessão, a liderança do Papa dá a ele o poder sobre a Igreja

Universal Cristã e não somente em Roma. Sua liderança é afirmada claramente por

Santo Agostinho, pelo qual Lutero tinha uma grande admiração. A respeito de

controvérsias de doutrina, ele disse: “Quando Roma fala, acabe-se a discussão”.

Ao longo da história, a Igreja sofreu algumas rupturas. A primeira ocorreu

no antigo Império Bizantino, no século IX, dessa ruptura resultaram os cristãos

(autodenominados) ortodoxos, que se subdividiram em várias Igrejas. A fé deles é

praticamente idêntica à da Igreja Católica, aceitando o Papa líder, mas não aceitam

sua autoridade monocrática. A segunda ruptura, a mais séria até hoje, foi no século

XVI, com a chamada “Reforma Protestante”. Essa reforma teve dois líderes

independentemente: Lutero e Calvino. Lutero não queria criar uma nova instituição,

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apenas reformar a Igreja tradicional, que precisava de reformas em seus costumes.

Calvino, por sua vez, fundou uma Igreja, com sede em Genebra na Suíça, essa

nova tradição não aceita a fé como fonte principal, somente a Bíblia.

Até 1889, durante a Proclamação da República, o Brasil era oficialmente

um país católico. Outras religiões eram permitidas somente em cultos domésticos.

A liberdade religiosa só aconteceu em 1890. Segundo últimos dados divulgados

pelo IBGE (2010)17, cerca de 64,6% (123,2 milhões) dos brasileiros são católicos

romanos, o que torna o Brasil a nação de maior população católica do Planeta.

Curitiba é uma cidade fortemente católica. Três, dos quatro feriados municipais,

têm origem no calendário litúrgico católico: como a celebração a Nossa Senhora da

Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba, comemorado em 8 de setembro.

A igreja do Rosário é a única instituição católica encontrado no local, ela

está situada na praça do Rosário, ao centro do Largo da Ordem, foi construída em

1946 em estilo barroco18.Segundo dados divulgados pela Prefeitura de Curitiba em

17 de maio de 2014, na década de 1970, a igreja passou também a ser chamada

de Santuário das Almas, pois ali, se realiza com frequência missas de corpo

presente.

Segundo a secretária Maria do Rosário, em conversa no dia 17 de maio de

2014, a igreja do Rosário possui 15 membros fixos, entre padres e freiras, todos os

dias a igreja recebe a visita de 20 a 30 pessoas por dia. Nas missas de domingo

celebradas em latim, recebem por semana de 30 a 40 fieis.

2.5.9 Judeus

Conhecida como a religião dos hebreus (Armond, 1980 p, 47), o Judaísmo

é a mais antiga das doutrinas monoteístas. Iniciou-se por volta de 1200 a.C e tem

origem ao culto de Deus de Abraão. Os judeus seguem os textos de Moisés que os

recebeu entre os Dez Mandamentos de Deus, segundo a tradição religiosa. Os

ensinos, regras e conceitos da doutrina acontecem por meio da Thora, conhecida

como a Lei dos judeus, ela é tão significativa para a doutrina que esta Lei é 17

Dados publicados em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,igreja-catolica-tem-queda-recorde-e-

perde-465-fieis-por-dia-em-uma-decada-,893778,0.htm. Acesso em: 01 de outubro de 2013

18O Barroco é o estilo artístico que nasceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, na Itália,

difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente.

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respeitada, obedecida e temida pelo povo judeu, que segundo Armond (1980 p,

51), tornou-se a religião mais intransigente, mais nacionalista e mais fanática que

se conhece e que até hoje perdura sem alterações, guiando e unindo os judeus

espalhados pelo mundo inteiro, isso tudo por conta do rigor e da severidade da

doutrina. (ARMOND, 1980 p, 51). No Brasil, a primeira congregação judaica,

denominada de Zur Israel (Rochedo de Israel), foi fundada em 1636, em Recife.

2.5.10 Hare Krishnas

O Movimento Hare Krishna considera Krishna a suprema representação de

Deus. Krishna é o personagem que aparece na batalha de Kuruksetra, relatada no

MahaBharata, grande poema épico que conta a história da Índia, como afirma

Armond (1980 p, 24). É do MahaBharata (sexto canto) que sai o Bhagavad Gita, o

livro sagrado, o movimento é uma das diversas ramificações do Hinduísmo, que

ainda tem como devoção o Deus Vishnu. Tem sua origem na Índia, é uma das

doutrinas mais antigas conhecidas no mundo, com cerca de um bilhão de adeptos.

Esta religião se desenvolveu a partir dos textos escritos pelos povos de origem

ariana e língua indo-européia, que chegaram à Índia antiga por volta de 1500 a.C.

O principal livro sagrado é o Bhagavad Gita (Canção do Senhor).

Os devotos do movimento Hare Krishna crêem que todo conhecimento de

Krishna vem dos Vedas e é passado de mestre a discípulo, até hoje, através da

sucessão discipular. Por acreditarem tanto na orientação do Guru, e não aceitarem

o caminho individual, os seguidores de Krishna depositam todas as suas crenças

na sucessão discipular. A verdade sendo uma só, deve vir de fontes autorizadas.

Não é permitida nenhuma especulação a esse respeito. (ARMOND 1980 p, 24).

O templo Hare Krishna, representada em Curitiba pelo centro ISKCON

(Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna), tem sede ao final do

Largo da Ordem, na Rua Duque de Caxias, 76 esquina como a Rua Treze de maio

no bairro São Francisco. Segundo o guru Hare Kanta, em uma conversa realizada

no dia 17 de maio de 2014, um dos precursores do movimento na cidade, no

templo há 11 moradores e 15 visitantes diários (que são adeptos do movimentos,

mas residem fora do templo). Diariamente, o templo recebe em média 150

pessoas, que visitam o local por conta do almoço e jantar vegetariano servido de

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segunda a sábado, entre estes visitantes, segundo Hare Kanta, estão punks e

moradores de rua.

2.5.11 Evangélicos

Armond (1980) afirma que as Igreja Presbiteriana, surgiu com a reforma

protestante do século XVI que aconteceu na Suíça, em 1537. A denominação

presbiteriana acontece pela igreja ser dirigida por pastores e presbíteros, sendo

este concílio formado e eleitos pela comunidade. O norte americano Ashbel Green

Simonton foi o primeiro missionário presbiteriano a chegar ao Brasil, em 1859.

(1980 p, 76)

A igreja de origem Presbiteriana em Curitiba se denomina como igreja

cristã reformada, seguem os preceitos da Bíblia Sagrada (Antigo e Novo

Testamento) como regra, creem em Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo (encarnado,

morto e ressuscitado), como único Salvador.

Fundada em 8 de outubro de 1904, a Primeira Igreja Presbiteriana

Independente de Curitiba (IPIC) fica localizada na Rua do Rosário, número 218, faz

parte da IPIB e é presidida pelo Reverendo Carlos Fernandes Méier.

Segundo a recepcionista Joice Lourenço, em conversa no dia 17 de maio

de 2014, a igreja teve sua sede fundada em1904, recebe por dia três pessoas nos

cultos de segunda, quarta e sexta-feira. Às terças e domingo nos cultos noturnos, a

igreja recebe 40 pessoas por culto. Aos cultos dominicais recebem semanalmente

800 pessoas. A igreja possui 10 funcionários que recebem salários, e 20 diáconos

e 5 pastores que realizam trabalhos voluntários.

Na categoria habitantes, foram identificado os seguintes grupos: moradores

de rua, habitantes do local e comerciantes, todos retratados posteriormente no

livro.

3. OBJEITIVO

3.1 Objetivo Geral

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O objetivo é produzir um fotolivro que retrate a pluralidade dos grupos,

subgrupos sociais e movimentos culturais que frequentam o Centro Histórico de

Curitiba, mais precisamente do Largo da Ordem.

3.2 Objetivo Especifico

-Identificar espaço que frequentam no Largo da Ordem, externando-os sob uma

nova perspectiva,

- Apresentar a mutação do espaço;

- Apresentar a pluralidade cultural que ocorre neste espaço físico e a diária do

espaço decorrente desta convivência social;

- Usar a fotografia como ferramenta de documentação social e cultural.

4. JUSTIFICATIVA

4.1 Significação da imagem fotográfica

A sociedade se encarrega de interpretar, dar significado e julgar os

elementos informativos que recebe, no caso da fotografia, que se relaciona com a

realidade, mas pode levantar uma série de interpretações da realidade que

representa. É importante mencionar que a imagem pode ser tanto denotativa (que

diz respeito à identificação que a imagem representa) quanto conotativa, que diz

respeito ao nível simbólico que a imagem sugere ou provoca além daquilo que

presenta, uma vez que depende de uma série de relações sociais e culturais.

(LOPES, 1988)

Cada indivíduo pertence a diferentes sociedades, fazendo assim, uma

leitura distinta de uma mesma imagem, isto ocorre porque cada um deles possui

experiências, gostos e vivencias diferentes. Ou seja, um indivíduo que traz uma

bagagem cultural maior, poderá ser capaz de interpretar o significado de cada

fotografia com mais riqueza. (BONI, 2006).

Este projeto retrata, por meio de um fotolivro, a pluralidade e a identidade

dos diferentes grupos sociais que frequentam o local, apresentando aos

curitibanos, um ponto de vista único. As diversas faces daqueles que frequentam o

Largo da Ordem.

A ferramenta escolhida possibilita um entendimento mais amplo sobre o

tema apresentado. Por meio de fotografias do cotidiano do local, em diversos dias

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e horários distintos, a partir de imagens daqueles que frequentam e representam os

diferentes grupos e subgrupos sociais e movimentos culturais do espaço.

O projeto valoriza o Centro Histórico da capital, retratando aqueles que o

frequentam o espaço e a pluralidade, de um lugar tão rico em diversidade

permitindo contar não só as histórias do centro histórico, mas também da capital

paranaense.

4.2 A fotografia como ferramenta de construção social e cultural

A partir dos estudos de autores como Freund (1995), Sousa (2000), Ledo

(1998), Price (1997), e outros já citados anteriormente neste trabalho, busca-se

características que venham justificar o uso da fotografia como fonte de

documentação. Neste trabalho, discutem-se questões relacionadas à imagem

fotográfica, e ao campo da fotoetnografia, como meio de levar a sociedade a refletir

sobre diferenças sociais presentes dentro do espaço estudado. A utilização da

fotoetnografia neste trabalho contribuiu para fornecer uma nova possibilidade de

narrativa visual, uma vez que a imagem é utilizada como um elemento narrativo da

etnografia e trazendo, por meio do seu caráter documental, dados culturais na

perspectiva etnográfica. (ACHUTTI, 1997) Sendo assim, a fotografia serve como

instrumento de interpretação de uma determinada realidade e tende a favorecer o

processo de análise do campo proposto tanto em relação à verdade quanto ao

recorta da realidade que representa neste trabalho.

A imagem fotográfica utilizada neste estudo busca, segundo Humberto

(2000), apresentar a realidade por meio de recortes diferentes dos habituais, com

eles pretende-se destacar detalhes, que geralmente não são percebidos ao

primeiro olhar. Justamente por esse caráter de representação a realidade, proposto

por Humberto (2000) é que várias áreas responsáveis por criar conhecimento

utilizam a fotografia como recurso para a comprovação de seus objetivos. Neste

estudo a fotografia contribui para a pesquisa etnográfica, mostrando a maneira

como vivem e convivemos frequentadores do Largo da Ordem. Kossoy aponta a

fotografia como “duplo testemunho: por aquilo que ela nos mostra da cena

passada, irreversível, ali congelada fragmentariamente, e por aquilo que nos

informa acerca de seu autor”. (KOSSOY, 2001, p. 50)

Barthes(1984) acredita em cada fotografia como única, pelo modo como é

produzida, captando o real em uma única tomada, congelando um momento

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especifico, podendo a fotografia mentir ou confundir quanto ao sentido, mas não

quanto à existência e Persichetti (1997) ressalta a característica de testemunha

tanto histórica e de fatos sociais da fotografia, e considera que o próprio ato de

fotografar uma tentativa de compreender eventos históricos.

O Referente da foto não é o mesmo que o dos outros sistemas de representação. Chamo de referente fotográfico não a coisa facultativa real a que me remete uma imagem ou um signo, mas a coisa necessariamente real que foi colocada diante da objetiva, sem a qual não haveria fotografia. A pintura pode simular a realidade sem tê-la visto (imitações). Na foto jamais posso negar que a coisa esteve lá. Há dupla posição conjunta: de realidade e de passado (BARTHES, 1984, p.115)

Cada envolvido olhar voltado a uma fotografia tem uma percepção distinta,

seja o sujeito de pesquisa, o pesquisador ou ainda um observador interprete, cada

percepção está relacionada à uma realidade subjetiva formada pelo conhecimentos

internos e pelas influencias externas. (VELHO, 2006)

Assim, seja a interação, a sociedade ou a cultura, a subjetiva – interno – é produzida, condicionada, fabricada pelo externo. O indivíduo ou o self, dependendo da vertente, é essencialmente social. Ou como representação ou como conteúdo, o interno só pode ser explicado como externo. Dependendo da teoria, a ênfase pode ser colocada na ideologia, individualista, no desempenhos de papeis, na divisão social do trabalho etc. (VELHO, 2006, p. 21)

Sendo assim, a fotografia em quem a observa aquilo que o observador crê,

não podendo ser encarada como referência a única verdade (OLIVEIRA, 2002).

Nesse sentido é preciso que se entenda e se questione o que se observa em uma

fotografia a fim de entende que a interpretação realizada vem acompanhada de

conhecimentos subjetivos que é fruto do meio sócio cultural em que o observador

está inserido.

5. MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS

Na metodologia aplicada neste estudo, primeiro delimita-se o espaço a ser

estudado, o Setor Histórico de Curitiba, mais especificamente o Largo da Ordem,

que é compreendido neste estudo pela seguinte extensão que começa na Praça

João Cândido com os trechos das ruas Kellers e Alameda Dr. Muricy, entre a Rua

Jaime Reis, que cercam a praça. A continuação da Jaime Reis, após Alameda Dr.

Muricy, é conhecida como Rua Trajano Reis e a Praça Garibaldi até o trecho da

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Rua Duque de Caxias que liga-se com a Rua Dr. Claudino dos Santos até o seu fim

quando encontra a Rua Matheus Leme19.

E por segundo, a periodização relacionadas às visitas de observação dos

processos de mutação e para análise desse espaço e seus frequentadores a fim de

compreender sua importância cultural e toda pluralidade do ambiente e seus

grupos.

Para isso desenvolveram-se as seguintes etapas:

Levantamento bibliográfico que consistiu em pesquisas bibliográficas sobre

o espaço estudado neste trabalho, estudos sociológicos, fotográficos,

fotoetnograficos e antropológicos. Pesquisa em jornais e revistas que levantam

dados históricos de Curitiba.

Após a análise do referencial teórico que embasa este estudo e da

caracterização dos fenômenos sociais em questão, nesta parte do trabalho será

exposto os métodos e técnicas de pesquisa pelos quais concluiu-se os resultados

esperados para este trabalho.

Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizada uma pesquisa

bibliográfica, tendo como base autores da área de fotografia, fotoetnografia,

antropologia visual, como base para construção do referencial teórico. Busca-se ao

longo do trabalho discutir tanto sobre fotografia com ferramenta da construção

social e cultural dos grupos, subgrupos sociais e movimentos culturais e do espaço

físico estudado, bem como a prática fotográfica desenvolvida na pesquisa de

campo.

Partindo do princípio que durante o processo etnográfico o pesquisador

deve, à medida que observa, criar hipóteses, analisá-las, reinterpretá-las e formular

novas hipóteses (NEVES, 2006). No que diz respeito à observação, na tradição

etnográfica, procuramos observar o maior número de elementos já delimitados

nesse trabalho com o objetivo de avaliar o conteúdo que a literatura nos forneceu e

comparar com a realidade.

Para Spradley (1979), etnografia é a descrição de um conjunto de

significados culturais de um determinado grupo, objetivando entender outro modo

de vida, mas do ponto de vista do informante. O trabalho de campo, então, inclui o

estudo disciplinado do que o mundo é como as pessoas têm aprendido a ver, ouvir,

19 Área que corresponde a parte preenchida na cor verde do mapa em anexo que pode auxiliar na

compreensão do espaço delimitado neste trabalho.

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falar, pensar e agir de formas diferentes. Nossa pesquisa deu-se, inicialmente meio

de uma análise etnográfica do campo, participando e observando durante o período

de 06 de outubro até 12 de novembro (conforme a tabela abaixo) para observar os

presentes, as atitudes e possíveis situações que nos auxiliassem a compreender a

dinâmica do lugar. Os dados recolhidos nesta observação estão disponibilizados no

capitulo.

SEMANA DIAS PERÍODOS DURAÇÃO

1º Semana 06 08 e 10 de Outubro MANHÃ 2 horas

2º Semana 14, 16, 18, de Outubro TARDE 2 horas

3º Semana 18, 22, 24, 26 de Outubro TARDE 2 horas

4º Semana 01, 02 e 03 de Novembro NOITE 2 horas

5º Semana 08, 09, 10 e 12 de Novembro NOITE 2 horas

As imagens fotográficas capturas no Largo da Ordem, que retratam o

cotidiano dos seus moradores e frequentadores, buscam fragmentos que

evidenciem particularidades vivenciadas pelas grupos, subgrupos sociais e

movimentos culturais, no momento exato das suas ações. Desta forma,

apresentando o cotidiano destes frequentadores e explorar o ambiente do Largo da

Ordem como um espaço ultra democrático, fornecendo então para o leitor imagens

que propõe desenvolver a percepção visual dos intérpretes.

Para a realização deste trabalho fotodocumental, segue-se a linha da

Antropologia Visual, por meio de pesquisas de campo e com critérios de análise e

interpretação que permitem identificar perfis etnológicos dos grupos estudados. O

objetivo de adotar e seguir tais critérios, corresponde à conquista de credibilidade

da ciência e seriedade no resultado final apresentado ao público. “A fotografia é um

processo de abstração, embora seja em si um processo vital para a análise. Assim,

quando fotografamos, devemos nos considerar empenhados num trabalho de

sutilezas” (COLLIER JUNIOR, 1973, p. 44-45).

6. DELINEAMENTO DO PRODUTO

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Este projeto retrata por meio do fotolivro: “Diversità - Largo da Ordem: as

faces de um lugar conhecido por não ter rosto, os olhares sob os grupos culturais e

sociais que se encontram no Centro Histórico”, no bairro São Francisco, mais

especificamente o Largo da Ordem em Curitiba, como já delimitado ao longo de

todo este trabalho, um dos locais de maior importância histórica e cultural de

Curitiba.

O objetivo deste fotolivro é que o leitor receba as informações e navegue

pelas imagens, permitindo assim que ele crie uma relação mais próxima e pessoal

com os universos apresentados no livro. Segundo Souza (2007) o advento da

fotografia digital fez com que se perdesse um dos ícones da fotografia analógica de

revelar manusear fotos impressas. Uma vez que os álbuns deixam de ser

folheados para serem clicados, a necessidade de parar para analisar uma foto

impressa deixa de exigir tanta atenção quando aumenta-se o zoom no monitor.

Pereira (2007) compara esses dois métodos de visualização:

A primeira é que antes víamos a foto pela luz refletida no papel. Hoje a vemos com a luz emitida pelo monitor. Com isso, há diferenças em aspectos visuais, como nas texturas, nas cores e na nitidez: uma foto com pouca nitidez no monitor não tem a suavidade que apresenta no papel. No entanto, a maior diferença que isso causa não é nas minúcias visuais, e sim na atitude do olhar. A visualização das fotos nos meios digitais é muito mais rápida e frenética. Com isso, as imagens virtuais precisam ser claras e objetivas; há pouco espaço para sutilezas, detalhes e interpretações mais elaboradas, já que o botão "fechar" pode ser um caminho mais fácil do que uma observação mais atenta. Essa forma de olhar reflete-se na forma de fazer fotos e vice-versa, criando um círculo que alimenta uma linguagem mais anti-séptica. (Pereira, F, 2007)

Sontag (2004) ao falar a inovação do livro usando fotografias coloca que:

Reabilitar fotos antigas, atribuindo a elas um contexto novo, tornou-se um importante ramo na indústria do livro. (...) Uma foto também poderia ser descrita como uma citação, o que torna um livro de fotos semelhante a um livro de citação. E um modo cada vez mais comum de apresentar fotos em forma de livro consiste em associar fotos a citações. (SONTAG, 2004, p.86,89)

Afim de que este projeto de fotodocumentação ganhe visibilidade na área

da comunicação, a criação do produto, em formato de livro, que segundo Antônio

Celso Collaro, é:

A preservação de fatos de qualquer natureza, através da comunicação gráfica impressa, independente de formato, cor ou assunto. A diagramação de livros contém em sua estrutura todo um estudo, toda uma preocupação, visando ao máximo de legibilidade,

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tanto dos caráteres e ilustrações como do posicionamento da mancha (COLLARO, 2006, p. 136 apud MORAES, 2012, p.37).

O fotolivro de 40 páginas, contém 53 imagens fornece ao leitor uma

perspectiva sobre os frequentadores deste local, famoso por sua pluralidade

cultural, e pelas mutações do espaço físico que abriga públicos tão distintos ao

longo dos dias da semana. O método escolhido para produção é o fotodocumental,

uma vez que a proposta é registrar a passagem do homem em um determinado

contexto.

Optou-se por trabalhar com fotografias em preto e branco, para criar uma

atmosfera com um tom solene e austero, a fim de transmitir ao público a

mensagem daquilo que foi registrado, sem que haja interferência atrativa das

cores, que podem diminuir o efeito fotográfico pretendido, para assim não distrair o

“leitor” da mensagem que se pretende transmitir. Souza (2007) atribui aos ensaio

em preto e branco uma carga emocional e dramática muito diferente dos ensaio

coloridos, pois fazer desaparecer os tons de pele e destacam a serenidade da

cena, dos gestos e olhares. Deste modo, todos os grupos poderão ser lidos pelo

leitor pela mesma perspectiva sóbria das fotos em preto e branco. Além disso,

fotografias em preto e branco podem adicionar uma sensação de atemporalidade,

objetividade e igualdade para os atores representados. De acordo com Flusser

(1983):

As fotografias em preto-e-branco são a magia do pensamento teórico, conceitual, e é precisamente nisto que reside seu fascínio. Revelam a beleza do pensamento conceitual abstrato. Muitos fotógrafos preferem fotografar em preto-e-branco, porque tais fotografias mostram o verdadeiro significado dos símbolos fotográficos: o universo dos conceitos. (FLUSSER, 1983, p.23)

Entende-se que a ausência de cor significa ausência de informação, isto é,

o foco está na clareza da situação retratada. O autor da foto deseja que aquele que

a observa concentre-se na situação em si, e não em um ou mais elementos da

mesma, o que interessa é o contexto, o impacto do momento retratado.

Durante o segundo semestre de 2013 ao primeiro semestre de 2014 foram

produzidas e captadas pelas pesquisadoras cerca de 300 imagens, nos locais de

identidade de cada personagem. A produção aconteceu juntamente com a pré-

produção, já que as imagens começaram a ser feitas enquanto a parte teórica era

produzida. Utilizou-se câmeras DSLR modelo Canon EOS Digital Rebel T3 e

Canon EOS 7D, com objetiva de distância focal 18-55 mm, objetiva fica de 50mm e

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teleobjetiva zoom de distância focal 75-300mm. A teleobjetiva facilita a realização

do trabalho, já que não foi preciso chegar muito próximo dos grupos para fotografá-

los, deixando-os mais à vontade, pois assim continuariam a agir normalmente, a

dificuldade encontrada na utilização desta objetiva, é que por se tratar de uma lente

mais escura, em ocasiões de fotografias noturnas, seu uso fica restrito as

condições de luz dos locais fotografados, uma vez que a utilização do flash foi

desconsiderada.

Durante as visitas realizadas com o propósito de trazer, por meio das

imagens, um recorte da realidade vivenciada pelos grupos, subgrupos sociais e

movimentos culturais, mostrando o cotidianos desses grupos sociais e sua

“interação” com um espaço culturalmente tão plural. As visitas foram feitas de

segunda-feira à domingo a fim de retratar toda mudança do espaço físico para

receber os mais diversos tipos de público, conforme o cronograma que

disponibilizamos em anexo.

6.1 Público alvo

Como o objetivo do trabalho é produzir um fotolivro que retrate a pluralidade

dos grupos, subgrupos sociais e movimentos culturais que frequentam o Largo da

Ordem, entendesse que o público pode ser o mais diverso possível, uma vez que a

proposta é o alargamento do olhar sob o tema abordado.

Sendo assim, segundo Moraes (2012), esse tipo de publicação é voltada à

um público que pode ser definido pelos hábitos e poder de compra, idade e

demografia. De acordo com dados divulgados pelo IBOPE em agosto de 2012, é a

classe B que tem o maior potencial de compra, que corresponde a 24,25% dos

domicílios e responde por 51,58% desses gastos,

Ainda de acordo com os dados divulgados pela pesquisa “os brasileiros

devem gastar R$ 8,23 bilhões em livros e publicações impressas, um aumento de

14.5% em comparação com 2011” (IBOPE,2012). O maior responsável pelo

consumo de livros no Brasil é o sudeste do com 54,7% e gastando em média R$

59,60 ao ano com livros e impressos. A segunda maior região consumidoras deste

tipo de marcado é a região Sul que corresponde a 16,12% do consumo, investindo

de R$ 56,50. (IBOPE, 2012).

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6.2 Projeto Grafico

O projeto gráfico do livro “Diversità” visa apresentar ao leitor, o espaço físico

o Largo da Ordem, palco de estudo e documentação deste trabalho, e ao mesmo

tempo, guia-lo por uma narrativa que permita conhecer os grupos estudados e a

relação de mudança que provocam neste espaço de acordo com o decorrer dos

dias da semana. Por isso, a disposição das fotografias deste livro foi organizada de

acordo com os dias da semana.

IMAGEM I – PÁGINAS DO LIVRO “DIVERSITÀ”.

Utilizou-se para ilustração da capa a vetorização de mapa que está

disponível no Largo da Ordem, para situar turistas e visitantes no espaço e traz

elementos que representam as construções arquitetônicas mais relevantes para a

histórica, o turismo e o lazer no local

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IMAGEM II – PÁGINAS DO LIVRO “DIVERSITÀ”.

Além do recurso gráfico utilizado para ilustrar e situar o leitor em relação ao

espaço no início do livro, incluímos também fotos que possuem apresentar a

mesma finalidade, familiarizando o leitor com o espaço físico.

Em todas as páginas do livro é possível encontrar recursos gráficos que

situem o leitor em relação ao tempo, para isso utilizamos um recurso gráfico que

contém, com as siglas referenciais comuns em calendários, e como apoio a esse

recurso gráfico que situa o leitor em que dias da semana. As cores de fundo das

páginas, alternam entre as cores branco, cinza e preto. A escolha para

determinada cor em uma página se deu com intuito de auxiliar o leitor com relação

ao tempo em questão, se baseando ente dia, entardecer e noite.

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IMAGEM III – PÁGINAS DO LIVRO “DIVERSITÀ”.

A disposição das fotos se deu de acordo com a proposta de expor a

diversidade de tribos do local no decorrer dos dias da semana e diferente horários.

Por este motivo não é seguido um padrão linear simétrico entre a diagramação e

posicionamento dos elementos compostos em cada página, já que a prioridade é

fazer o leitor navegar por elas como se ao folhar o livro passasse pelo dias da

semana.

IMAGEM IV – PÁGINAS DO LIVRO “DIVERSITÀ”.

Para o título e informações do livro, foi utilizada a fonte Bookman Old Style,

desenhada por Ong Chong Wah, que por ser fonte, em sua essência, serifada traz

a imagem clássica e forte, mas que permite uma fácil e confortável leitura (GREG

BYRNE, 2004), destaca o valor histórico clássico cultural do local.

Abaixo uma imagem da família tipográfica utilizada no trabalho.

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IMAGEM V – FAMÍLIA TIPOGRÁFICA BOOKMAN OLD STYLE DESENHADA POR

ONG CHONG WAH EM 2005.

A seguir as especificações técnicas de produção do livro.

SUPORTE

Capa em plotagem color papel

presentation acoplado a papelão.

Miolo em papel couchê 115g/m²

CORES

Padrão de cores P&B, que é

composto pelas cores preto e branco.

FORMATO DO LAYOUT

Formato aberto 48,3 x 28cm², com um

3mm de lombada quadrada.

IMAGEM

Imagens utilizadas para impressão do

livro possuem resolução de 300

pontos por polegada, sendo todas as

54 fotos em P&B.

ACABAMENTO

Para a capa será utilizada a

laminação brilhosa.

Miolo será utilizada laminação fosca.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da analise proposta por este estudo, por meio de pesquisas e

análises, constatou-se que a ideia da fotografia é promover reflexões, registros e

retratar toda a pluralidade cultural do Centro Histórico de Curitiba. A generalização

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e a marginalização são os princípios predominantes que seguem entrelaçados às

informações a respeito deste espaço público, e, muitas vezes contaminam o

receptor com impressões estereotipadas, tornando-as mais difíceis para que o

receptor possa conhecer o local por outras perspectivas.

A partir das conclusões das análises apresentadas neste estudo, o fotolivro

tem como objetivo apresentar os diferentes ambientes e grupos encontrados no

Largo da Ordem sob uma perspectiva. A partir das visitas e observações, pode-se

notar uma nova percepção sobre os grupos apresentados, a pluralidade do local

ficou mais rica e visível logo após a conclusão deste projeto.

Destaca-se a receptividade de todos os grupos apresentados no fotolivro,

assim, chega-se a análise de que tais grupos, precisam e querem ter rosto e voz,

serem vistos e compreendidos, o aspecto de proximidade foi melhor explorada pela

facilidade de acesso as fontes. Este livro é uma reflexão a certa de tais grupos,

dando a face de cada um deles.

Pode-se observar a carência de informações e notícias sobre os grupos

estudados, esta foi a maior dificuldade para a realização deste projeto, entender e

conhecer os grupos e movimentos encontrados no local. Os grupos analisados

conquistam um pequeno espaço na mídia local, que os apresenta, em diversas

vezes, de forma negativa, estereotipada e taxativa, noticiando apenas a violência a

negatividade de alguns grupos.

Este estudo auxilia na reflexão sobre a mídia local, mesmo que esta não

seja a proposta do projeto, a falta de diálogo entre mídia x grupos dificulta o

entendimento social e cultural dos mesmos, não possibilitando o conhecimento de

outras culturas.

Procurou-se neste trabalho utilizar grupos que transitam em nossa

sociedade, que compartilham do mesmo espaço.

Para isso as pesquisas de campo foram de suma importância para a

conclusão deste projeto. Pode-se observar cada detalhes dos grupos estudados,

aprendendo sobre as realidades, crenças e ideologias de cada grupo.

Por isso a estrutura antropológica e etnográfica auxilia a identificação

destes personagens, estruturas estas não abarcadas no curso de jornalismo,

fazendo com que tais estruturas de analise favoreçam o trabalho posterior das

jornalistas.

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63

Todas as técnicas e métodos utilizados para a realização deste projeto,

ampliam e facilitam o trabalho do jornalistas, pois com analises de campo,

identificação dos personagens e grupos, auxiliam para a realização, não só deste

projeto, mas também de futuras matérias a serem realizadas.

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74

ANEXOS

MAPA

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75

9. CRONOGRAMA

PERÍOD

O DE EXECUÇÃO – 2014

ATIVIDADES

FEV

MAR

ABR

MAIO

JUN

JUL

AGO

SET

OUT

NOV

DEZ

Definição Problema

X

Elaboração do TCC

x x x

Pesquisa de Campo

x x

Tabulação dos dados

x

Coleta de Fontes

x x x

Processo de produção do trabalho

x x

Pré-Banca