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Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica 1 Escola Politécnica da Universidade de São Paulo v. 1.0

Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

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Page 1: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Termodinâmica

Segunda Lei da Termodinâmica

1

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

v. 1.0

Page 2: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

2

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Leis da termodinâmica são a expressão matemática de observações da

processos da natureza.

Lei Zero - Equilíbrio Térmico

1a Lei - Relaciona calor, trabalho e energia

2a Lei - Impõe restrição à direção em que processos espontâneos,

“naturais da vida" podem ocorrer.

Introdução

Page 3: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

3

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

1ª lei da termodinâmica não estabelece restrições no sentido da

interação de calor ou trabalho. De nossa experiência sabemos que há

um único sentido para os processos espontâneos, veja os exemplos:

Introdução

válvula

P0

Pi>P0

ArAr

Pi>P>P0

ArP0

Page 4: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloIntrodução

Aspectos importantes dos experimentos anteriores:

Perguntas:

✴a condição inicial pode ser restaurada, mas não

espontaneamente. Alguma mudança permanente na

condição da vizinhança ocorreria;

✴existe a possibilidade de realização de trabalho à medida

que o equilíbrio é atingido.

✴Qual é o valor teórico máximo para o trabalho que

poderia ser realizado?

✴Quais os fatores que poderiam impedir a realização do

valor máximo?

Page 5: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

5

Escola Politécnica da Universidade de São PauloIntrodução

Aspectos da 2a Lei da Termodinâmica:

•prever a direção de processos;

•estabelecer condições para o equilíbrio;

•determinar o melhor desempenho teórico de ciclos, motores

e dispositivos;

•avaliar quantitativamente os fatores que impedem a

obtenção do melhor desempenho teórico;

•definir uma escala de temperatura independente das

propriedades de qualquer substância termométrica.

Page 6: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

6

Escola Politécnica da Universidade de São PauloDefinições

Reservatório Térmico: sistema com capacidade térmica

elevada, de modo que qualquer interação de calor é

insuficiente para alterar significativamente sua temperatura.

Máquina Térmica: dispositivo que, operando segundo um

ciclo termodinâmico, realiza um trabalho líquido positivo ao

custo de interação de calor com um corpo a uma temperatura

elevada e para um corpo a temperatura baixa.

Page 7: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloExemplo de motor térmico

Gás

TH

QH

TL

QL

Aplicando a 1a lei ao motor:

Qciclo = Wciclo

Wciclo = QH – QL

Podemos definir um rendimento:

ηmotor =efeito desejado

gasto

Wciclo=QH

ηmotorQH – QL=

QH

QL

QH

=1 –

✴Note que para o motor operar QL ≠ 0, o que significa

que η < 1.

Page 8: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

8

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo motor

líquido

P alto, T baixo

vapor

T,P altos

fluido

T,P baixos

Esquema

Reservatório a TH

Reservatório a TL

Motor térmico

QL

QH

Wlíquido

★Podemos trabalhar, também, com potências!

Page 9: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

9

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de refrigeração

vapor

T baixo

compressor

Wc

vapor

T alto condensador

QH

líquido

T alto

válvula de

expansão

líquido

T baixo

evaporador

QL

Coeficiente de desempenho:

β =QL

–Wc

Aplicando a 1a lei ao refrigerador:

Qciclo = Wciclo

Wc = QL – QH

✴Note que β pode, e de preferência deve,

ser maior do que 1.

Page 10: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

10

Escola Politécnica da Universidade de São PauloBomba de calor

compressor

Wc

condensador

QH

válvula de

expansão

evaporador

QL

Objetivo da bomba é aquecimento,

por exemplo de uma piscina

Por que não utilizar um dispositivo

mais simples e barato como um

resistor?

Coeficiente de desempenho:

β =QH

–Wc

Aplicando a 1a lei à bomba de calor

Qciclo = Wciclo

Wc = QL – QH

✴Note que β pode, e de preferência deve,

ser maior do que 1.

Page 11: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

11

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEnunciados da 2a Lei

Enunciado de Kelvin-Planck: é impossível

construir um dispositivo que opere em um ciclo

termodinâmico e que não produza outros

efeitos além do levantamento de um peso e

troca de calor com um único reservatório

térmico.

1ª Lei:

1824-1907 1858-1947

2ª Lei:

Reservatório a TH

Motor térmico

QH

Wciclo

Impossível!

Page 12: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

12

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEnunciados da 2a Lei

1822-1888

Enunciado de Clausius: é impossível construir um dispositivo

que opere, segundo um ciclo, e que não produza outros

efeitos além da transferência de calor de um corpo frio para

um corpo quente.

Reservatório a TH

Reservatório a TL

Dispositivo

QL

QH

Impossível!

1ª Lei:

2ª Lei:

Qciclo = QH = QL

Wciclo =0

Impossível!

Para ser possível:

Wciclo < 0

Page 13: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

13

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEquivalência entre enunciados

Para demonstrar a equivalência entre os enunciados devemos provar que a violação do

enunciado de Clausius implica na violação do enunciado de Kevin – Planck e vice-versa.

Vamos fazer apenas a primeira demonstração.

Reservatório a TH

Reservatório a TL

Dispositivo

QL

QL

Motor térmico

QH

W=QH - QL

QL

Admitimos

possível

viola E.C.

Fronteira

Viola

enunciado de

K-P!

Page 14: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

14

Escola Politécnica da Universidade de São PauloDefinição

✦Processo reversível: processo que, depois de ocorrido, pode ser

revertido sem deixar nenhum traço no sistema e nas redondezas.

✦Processo reversível: processo em que o sistema e todas as partes

que compõe sua vizinhança puderem ser restabelecidos exatamente aos

seus respectivos estados iniciais.

Exemplo (expansão adiabática):

Gás

Note:

✦um único valor de P e T descreve o

estado do gás durante o processo de

expansão;

✦o processo pode ser revertido. Um

processo de compressão seguindo o

histórico de P e T, inversamente, pode ser

realizado recolocando os pesos;

✦a vizinhança retornou ao seu estado

original (mesmo valor em módulo do

trabalho na expansão e na compressão).

Page 15: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

15

Escola Politécnica da Universidade de São PauloExemplos de irreversibilidades

★Expansão não resistida:

★Transferência de calor com diferença de temperatura;

★Atrito;

★Atrito no fluido em escoamento;

★Mistura de duas substâncias;

★Reação química espontânea;

★Efeito Joule.

Page 16: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

16

Escola Politécnica da Universidade de São PauloIrreversibilidade externa x interna

Processo internamente reversível: é aquele que pode ser

realizado de forma reversível, de pelo menos um modo, com

outra vizinhança.

Exemplo (sistema ≡ vapor + líquido):

vapor

líquido

T

Fonte de

irreversibilidade

vapor

líquido

T

Outra

vizinhança dt → 0

irreversibilidade → 0

Page 17: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

17

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot

•Ciclo reversível composto por quatro processos;

•Cada estado visitado pelo ciclo é um estado de equilíbrio;

•O sistema pode executar o mesmo ciclo no sentido inverso.

Sadi Carnot

1796-1832

Page 18: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

18

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot

★Processo 1: processo reversível isotérmico no qual calor é transferido de ou para o

reservatório a alta temperatura;

★Processo 2: processo adiabático reversível no qual a temperatura do fluido de trabalho

decresce;

★Processo 3: processo reversível isotérmico no qual calor é transferido para ou do

reservatório a baixa temperatura;

★Processo 4: processo adiabático reversível no qual a temperatura do fluido de trabalho

aumenta.

Page 19: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

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Escola Politécnica da Universidade de São PauloMáquina de Carnot

Reservatório a TH

Reservatório a TL

QL

QH

caldeira

turbina

condensador

bombaWlíquido

condensador

QH

turbina

evaporador

QL

bomba

W

Page 20: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

20

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot: corolários

1º Corolário: é impossível construir motor que opere entre dois

reservatórios térmicos dados e que seja mais eficiente que um motor

térmico reversível operando entre os mesmos dois reservatórios.

2º Corolário: todos os motores reversíveis que operam entre dois

reservatórios térmicos apresentam o mesmo rendimento.

A demonstração dos dois corolários pode ser feita de forma similar

àquela demonstração da equivalência entre os dois enunciados da 2a

Lei.

Por exemplo, com referência ao primeiro corolário, admitimos que

existe um motor mais eficiente que um reversível e mostramos que

essa hipótese conduz a uma violação da 2a Lei!

Page 21: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

21

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot: corolários

Reservatório a TH

Reservatório a TL

Motor

irreversível

QLi

QH

Motor

reversível

QH

QL

Fronteira

Viola enunciado de K-P!

Wr =QH - QL

Wliq=(QH - QLi)-(QH - QL)

Wliq=(QL - QLi)

A demonstração do 2o corolário é análoga, basta substituir o motor irreversível por

um outro reversível e repetir a mesma linha de raciocínio.

Page 22: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala termodinâmica de temperatura

Será que podemos medir a temperatura de forma absoluta independente de uma

substância termométrica?

A resposta é sim. Utilizaremos motores reversíveis para alcançar esse fim.

Para um motor térmico: Observe a figura:

Page 23: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala termodinâmica de temperatura

mas deve haver uma relação entre as

temperaturas tal que:

Assim: Kelvin escolheu:

Sendo que T é a escala termodinâmica de temperatura que, (por acaso?), é igual à

escala dos gases ideais.

Page 24: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala termodinâmica de temperatura

-Definindo-se um reservatório em equilibrio térmico com o ponto triplo da agua e

atribuindo-se a este o valor T=273,16K

-Medindo-se, para um ciclo reversível, os calores QL e QH trocados entre este e

reservatório e outro qualquer a T, tem-se

Page 25: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala de Gás Perfeito

O bulbo com gás é colocado onde se quer medir a temperatura e o

nível do mercúrio no reservatório é ajustado para manter o volume do

gás constate.

Termômetro de Gás de Volume Constante

Page 26: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala de Gás Perfeito

Termômetro de Gás de Volume Constante

Tomando-se como Temperatura de referência o ponto triplo da água

Tpt=273,16K e verificando-se a pressão do gás (Ppt) nesta temperatura,

tem-se

Problema: Para diferentes gases e massas de gás no bulbo, a pressão e a temperatura

Page 27: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloEscala de Gás Perfeito

Termômetro de gás com pressão extrapolada para zero

No limite quando a pressão tende a zero, todas as

temperaturas medidas convergem para o mesmo valor.

Page 28: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Escala Termodinâmica e de Gás

Perfeito

Ciclo de Carnot com gas perfeito como fluido de trabalho

Page 29: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Escala Termodinâmica e de Gás

Perfeito

Trabalho em cada processo:

1a. Lei em cada processo:

Variação da energia interna:

assim:

Page 30: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Escala Termodinâmica e de Gás

Perfeito

Processo 2-3:

Processo 3-4:

Processo 4-1:

Processo 1-2: 0 = cv ln(T2 /T1)+ Rln(v2 / v1)

qH = q2-3 = 0 + RTH ln(v3 / v2 )

0 = cv ln(T4 /T3)+ Rln(v4 / v3)

qL

= -q4-1

= -0-RTLln(v

1/v

4)

qL

= RTLln(v

4/v

1)

Page 31: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Escala Termodinâmica e de Gás

Perfeito

Igualando-se os Processo 1-2 e 3-4 e lembrando que a razão de

temperaturas é a mesma:

e assim ou

A relação entre calor recebido e rejeitado pode ser então escrita como:

Assim, a Escala Termodinâmica de Temperatura é idêntica à de Gás Ideal

cv ln(TH /TL ) = -Rln(v2 / v1) = Rln(v4 / v3)

qH

qL

=RTH ln(v3 / v2 )

RTL ln(v4 / v1)=

TH ln(v3 / v2 )

TL ln(v4 / v1)=

TH

TL

Page 32: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloExercício

Ex. 7.32 – Van Wylen – 7ª Ed

Considere um ciclo térmico motor que opera nas seguintes condições:

Essas condições operacionais satisfazem a primeira e a segunda leis da

termodinâmica? Justifique sua resposta.

Page 33: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Ar num cilindro passa por um Ciclo de Carnot

Pergunta inicial: Quais as características de um ciclo de carnot?

Exercício 5.100

Page 34: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Represente as linhas dos reservatórios a 600K e a 300K

Pergunta: Você conhece a expressão do rendimento(máximo) de um ciclo de Carnot (reversível)?

Page 35: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Aplique a 1a. Lei para cada um dos 4 processos.Lembre-se que 1-2 e 3-4 são isotérmicos e 4-1 e 2-3 são adiabáticos

Page 36: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Processo 1-2:

Processo 2-3:

Processo 3-4:

Processo 4-1:

Ciclo de Carnot com Gás Perfeito - Ex

5.100

0 = cv ln(T1 /T4 )+ Rln(v1 / v4 )

qH = q1-2 = 0 + RTH ln(v2 / v1)

0 = cv ln(T3 /T2 )+ Rln(v3 / v2 )

qL

= -q3-4

= -0-RTLln(v

4/v

3)

qL

= RTLln(v

3/v

4)

Page 37: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot com Gás Perfeito

Rendimento:

Trabalho liquido:

Calor rejeitado:

h = 1-qL

qH

= 1-TL

TH

= 1-300

600= 0.5

wl iq = hqH = 0.5 ´ 250 = 125kJ / kg

qL = qH - wl iq = 125kJ / kg

Page 38: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São PauloCiclo de Carnot com Gás Perfeito

Processo 3-4: qL

= RTLln(v

3/v

4)

v4/v

3= exp -

qL

RTL

æ

èç

ö

ø÷

Page 39: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Processo 3-4:

Ciclo de Carnot com Gás Perfeito

v4

=0.287×300

75

æ

èçö

ø÷exp -

125

0.287×300

æ

èçö

ø÷

v4

= 0.2688m3

kg

v4

= v3exp -

qL

RTL

æ

èç

ö

ø÷

v4

=RT

3

P3

æ

èç

ö

ø÷ exp -

qL

RTL

æ

èç

ö

ø÷

Page 40: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

Pressão em 4:

Ciclo de Carnot com Gás Perfeito

P4

= RT4/v

4= 0.287×300/0.2688= 320kPa

Page 41: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Exercício 5.54

Page 42: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Exercício 5.54

Page 43: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Exercício 5.54

Page 44: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica

Exercício 5.59

Page 45: Termodinâmica Segunda Lei da Termodinâmica