Terra dos Homens a geografia Paul Claval (2010)Introduo (7)A Geografia: Prticas, habilidades, conhecimentos (7)A Geografia hoje est expandida entre todas as formas de vulgarizao que alimenta. (8)...a geografia est presente nas prticas, nas habilidades, nos conhecimentos que todos sempre mobilizamos em nossa vida diria, nos preceitos que os governos observam para dirigir seus pases ou nos procedimentos aos quais recorrem os empreendedores para conceber, fabricar e divulgar os bens que eles produzem e vendem. (8)A Geografia um Saber Banal, ao Alcance de Todo Mundo (9)Crtica comum e vulgar Geografia.Cincias Sociais e saberes vernacularesOs saberes geograficos das sociedades tradicionais (10)- Descrio do que nos cerca: clima, vegetao, paisagens, meio ambiente.Geografia e etnografia: A diferena reside nisto: os gegrafos se apegam s clulas rurais ainda vividas no final do sculo XIX enquanto os etngrafos trabalham sobre os primeiros povos. (10)Os Saberes Geogrficos de um mundo UrbanizadoAparentemente, a geografia se contenta com enunciar na forma de um discurso estuturado o que, para o homem comum, antes o registro das prticas, das habilidades e das tcnicas correntes.Ela torna assim acessvel ao pblico as experincias que este ignorava. (11)Todo Homem GegrafoEspecificidade e dificuldades da etnogeografia (12)As prticas, as habilidades, os conhecimentos e os discursos geogrficos tambm dizem respeito ao tecido social no qual evoluem as populaes e s redes que o estruturam; eles tratam das representaes do alm que d sentido s suas vidas. Esses saberes esto ligados intimamente ao modo de agir, aos processos e s estratgias que cada um desenvolve, ou s polticas imaginadas ao nvel dos grupos. (12)Primeira Parte A Geografia como Prtica: habilidades e saberes empricos (13)A Geografia serve para os homens se orientarem (15)O Corpo Orientado (15)Definir uma orientao: pontos de referencia e pontos culminantes (16)A aprendizagem da orientao (17)Os pontos cardeais (18)A toponmia: um tapete de nomes estendido sobre a terra (19)As dificuldades da descrio (19)A arte da descrio geogrfica comea a se desenvolver somente a partir dos sculos XVII e XVIII. (20)A Geografia Permite o Domnio Humano sobre a Terra (21)Caadores e pescadores: o exemplo do povo inuit, os esquims do Cuivre (21)O exemplo dos pastores saarianos (22)O domnio do ambiente pelas populaes agrcolas (23)As habilidades indispensveis para transformar a matria e construir a moradia (24)Conhecimentos geogrficos que raramente so explicitados (24)A Geografia Ajuda a Estruturar o Espao Social (25)Os direitos de uso e de propriedade do solo estruturam o espao dos homens (25)Cooperao e diviso do trabalho (25)Formas de intera e de trocas (26)Transporte e comunicao (26)O papel dos contatos (27)Mercados e organizao das trocas (27)As prticas da regulao social e do poder (28)Na ausncia de qualquer instituio poltica, o risco de ver tanto os incidentes degenerar, bem como a guerra de todos contra todos se instalar, muitas vezes basta para fazer triunfar o bom senso e a razo: os equilbrios de dissuaso so instaurados, mas esses so sabidamente instveis. oportuno aceitar a autoridade de uma instncia superior e conferir-lhe o direito de recorrer violncia para impor sua arbitragem: o poder poltico dessa maneira institucionalizado. (28)A confeco do levantamento de informaes geogrficas (29)Concluso (30)A Geografia Serve Tambm para Fazer a Guerra (31)Para se guerrear, essencial conhecer e usar o meio ambiente (31)Uma anlise que varia com as armas empregadas e os meios de defesa que elas permitem (32)Logstica e comunicao (33)Artimanha e surpresa (33)O papel da carta geogrfica (34)As habilidades da guerrilha (34)Segunda Parte A Geografia como Experincia do Espao e dos Lugares (37)Habitar (39)Habitar: a casa, o apartamento, nosso canto (40)Habitar: a vizinhana, os comrcios, a escola, a parquia (41)Habitar: o trabalho (42)Habitar: a familiaridade com os lugares e com as pessoas (43)A diversidade do habitar (44)Viajar (45)Partir: o preo a pagar (45)Partir: uma libertao (46)Viajar: uma suesso de provas (46)A viagem: multiplicidade de motivaes (48)A viagem: mudana de modo de vida, surpresa, descoberta da alteridade e do exotismo (49)O Aqui e o Alhures, o Mesmo e o Outro: Heterotopias (51)Transies e efeitos de soleira (51)A dimenso social do alhures e da alteridade: as heterotopias fracas (52)As dimenses sociais do alhures e da alteridade: as heterotopias fortes (53)A heterotopia mxima: a oposio do profano e do sagrado (54)A Imaginao Geogrfica e a Experincia dos outros Mundos (57)Alm do visvel: os espaos imaginados (57)A Terra sem Mal dos tupis-guaranis (58)A construo da imanncia: uma operao geogrfica (59)A outra leitura do sagrado: os pontos onde aflora a transcendncia (60)Do mundo real aos espaos que guardam sua verdadeira natureza e indicam o que deve ser (61)Terceira Parte A Geografia como Cincia: a Contribuio dos Gregos e sua Reinterpretao na Renascena (63)Uma Disciplina Cientfica que se anuncia na Jnia (65)- um comeo de racionalismo? Reflexo terica?Geografias vernaculares das quais os primeiros escritos guardam vestgios (65)Uma noo que se precisa no sculo IV antes da nossa era (66)O papel do pensamento Jnico: uma nova ordem poltica (67)A imagem da cidade e a imagem do mundo (68)A carta geogrfica jnica (69)- Carta de Anaximandro: abre caminho para a geografia como cincia 1) identifica pontos na superfcie da terra, permitindo representaes cartogrficas. 2) destaca complexos, Regies. (70)Essa Cincia Sublime que l no Cu a Imagem da Terra (Ptolomeu) (71)Geometria da esfera e cosmologia (71)Esferas armilares, climas e zonas (73)Eratstenes, os paralelos e os meridianos (74)Hiparco e Ptolomeu (76)Os Gregos Descrevem a Terra (77)A geografia regional captura complexos (77)Geografia ou corografia (78)Os primeiros do conta da totalidade do mundo e os segundos, de uma rea particular. (79)A ambio do gegrafo outra: ele se d por objetivo a totalidade da superfcie terrestre. Seu ponto de vista global. Para consegui-lo, ele se apoia na astronomia. Ela contribui para seu trabalho enormemente. (79)O gegrafo vai, assim, muito alm do corgrafo, porque ele situa os complexos uns em relao aos outros e deduz de suas coordenadas as ideias sobre suas caractersticas e particularmente aquelas sobre seu clima. (79)O homem e o meio (79)Geografia e etnografia (80)A geografia regional assinala assim os lugares em que os mitos nasceram e se desenvolveram. Ela fixa dessa forma a base territorial da religio e da cultura. (80)A didtica do centro e da periferia entre os gregos: a curiosidade etnogrfica (80)A dialtica do centro e da periferia: uma dimenso colonial e imperial (81)A disciplina assim se torna til ao poltico: A geografia essencialmente orientada para as necessidades da vida poltica (Estrabo I, 1, 16). Ela se pretende [...] uma espcie de inventrio til aos conquistadores, aos administradores, queles que tero que administrar esses novos pases na rbita de Roma (Jourdain-Annequin, 2000). (82)Ambies variveis (82)Em sua dimenso regional, a geografia antiga continua imperfeita. Por que ela , no entanto, vitoriosa sobre a corografia? Pela sua constante preocupao em interpretar o local em funo das foras que vo alm deste e o determinam: aquelas que resultam da situao do globo no universo (sua dimenso astronmica), aquelas que opem o centro civilizado do mundo habitado s suas periferias selvagens (a dimenso religiosa e cultural). A geografia trata do espao da humanidade. (83)A Geografia da Renascena e da Idade Mdia (85)A Idade Mdia: declnio terico e avanos empricos (85)A traduo de Ptolomeu e os grandes (86)Os gegrafs da Renascena e as periferias do mundo (87)O fim do geocentrismo e as novas formas de conceber a Terra: Varenius (88)A esfera que este constitui (o mundo) merece ser estudada em seu conjunto: o objetivo da geografia geral. (89)Geografia humana e geografia aplicada (90)Quarta Parte A geografia como Cincia: A Geografia Moderna e suas Mutaes (91)A Grande Bifurcao do Sculo XVIII (93)A cartografia, tornada cinetfica, se destaca da geografia (93)Geografia e explorao (94)O triunfo da razo naturalista e o nascimento da geografia fsica (95)Das diversas maneiras de pensar o mundo social (96)Quatro pistas abertas para a construo de uma geografia do homem (97)Os Novos Espaos do Econmico e do Poltico (99)Vontade do povo e implantao do Estado-nao (99)O Estado deixa de ser uma construo arbitrariamente imposta pelo poder a populaes que o servem, mas s quais ele no deve nada. Num regime democrtico, o governo aparece como um legtimo aos olhos de todos; o cidado tem direitos, livre em suas opinies, em seus movmentos, em suas atividades. Os eleitores controlam o Legislativo e o Executivo: esses devem garantir a felicidade de todos e o desenvolvimento da coletividade! A nova sociedade acredita no progresso da humanidade. Este se efetua no mbito das naes: cada um participa do desenvolvimento global, mas de acordo com suas prprias vias, e em funo do programa fixado pelas instituies o pas. (99)O crescimento do Estado-nao lhe forneceu ( geografia) um novo alicerce: a geografia deve ser ensinada a todos. (100)A competio econmica na cena mundial (100)- Geografia econmica (101)Geografia e imperialismo (102)Da Estatstica aos Sistemas Georreferenciados (103)Estatstica e aritmtica poltica (103)O apogeu da cartografia temtica (104)Os sistemas georreferenciados por volta de 1900 (105)Os sistemas georreferenciados atuais (106)- Foto area/satlite e informtica/microcomputador pessoal. (106)A geografia construda desde a Antiguidade se desfaz no sculo XVIII, quando a topografia se torna um procedimento puramente tcnico. Uma nova institucionalizao se produz ento. Ela realizada nos mbitos do Estado-nao, de uma economia internacional cada vez mais competitiva e com o auxlio de sistemas georreferenciados mais precisos, de maior rendimento e mais fcis de serem realizados por pesquisadores isolados ou trabalhando em pequenas equipes. (107)O Nascimento da Geografia Humana (109)Uma geografia do destino da humanidade (109)- Geografia Rousseau formar o esprito dos jovens e esclarecer o destino da humanidade. (109)O evolucionismo, as relaes homem/meio e o nascimento da geografia humana (111)A geografia vidaliana (112)As diferentes formulaes da geografia clssica (114)Determinismo x Possibilismo.Da Geografia Clssica Nova Geografia: Revoluo ou Realizao? (115)A geografia Clssica (115)Os limtes da geografia clssica (116)Questionamentos: Edward L. Ullman e Jean Gottman (117)- Movimentos e fluxos.A nova geografia dos anos 1950 e 1960 (118)- Christaller e Lsch anos 1930.- Mtodos quantitativos. Geografia econmica. Organizao social e jogos de poder.Os conceitos de papel, de relaes institucionalizadas, de coletividade e de classe fazem compreender a arquitetura das construes que estrutura, o espao social (Claval, 1973). Esses mbitos canalizam influncia, dominao, autoridade reconhecida e opresso sofrida: a Nova Geografia renova tambm o estudo dos feitos de poder (Claval, 1978). (119)Revoluo ou realizao? (119)- Neopositivismo lgico.Questionamentos (121)As cincias sociais como constatao, como crtica ou como construo (121)- Dcada de 1970 Crticas ao pensamento ocidental.O questionamento dos pressupostos, dos limites e das subdivises da Geografia (122)A geografia do tempo e a construo social (123)Eis que agora se descobre que a sociedade, a economia, a cultura so construes intelectuais que simplificam uma realidade que o jogo das distncias torna sempre confusa e complexa (Giddens, 1984). (123)Levando em conta a experincia (124)As mudanas sofridas h trinta anos acrescentam disciplina uma dimenso capital e entretanto negligenciada: elas mostram o significado da experincia vivida na maneira pela qual os homens constroem o espao no qual se desenvolvem. (124)...a geografia se interessa pelas religies, pelas ideologias que oferecem modelos para ao e indica o que deve ser (Claval, 1980;2008) (125)O gnero (125)O ps-colonialismo (126)A Terra dos Homens na Era Digital (127)Como reconstruir a Geografia num mundo em que as distncias pesam menos? (127)A dimenso ecolgica: salvar a Terra dos homens (128)O impacto das telecomunicaes e da digitalizao: novas distribuies (128)Homens em busca de identidades (129)A neogeografia (130)Geografia e Equipamento do Territrio (131)Quando eles do forma gleba em que vivem, os homens levam em considerao as presses naturais e hierarquizam seus objetivos para agir com eficincia. Eles tentam, ao mesmo , tornar sua sociedade mais justa e fazer seu meio ambiente mais harmonioso. assim que se modela a Terra dos homens. (131)Concluso (133)1) Como os homens se orientam na superfcie terrestre e como a representam.2) Como modelam a terra para habit-la e tirar dela o que consomem.3) Como a vivem, se apegam e a fazem sua.- Ecologia das sociedades humanas.As etapas (133)1) Status cientfico (gregos) ler no cu a forma da Terra.Geografia Fsica.2) O homem em ao.Sculo XVIII inovao tcnica.3) Suas maneiras de viver na Terra.Relaes homem-natureza Vidal.A situao atual (135)A integrao dos saberes populares e das experincias foi feita em duas etapas: a partir do sculo XIX para as prticas e os saberes; e nos anos 1970 para a experincia geogrfica. A Geografia, enfim, considera todos os elementos que desde o incio contriburam para fazer de nosso planeta a Terra dos homens. Os questionamentos contemporneos no comprometeram a disciplina: eles lhe abriram a totalidade de um campo que ela s cobria at ento parcialmente (135 e 136)Uma disciplina complexa (136)A Geografia tenta compreender o que faz de nosso planeta uma terra humana e aquilo que periga torn-la inabitvel. Ela desenvolve vrios procedimentos: (136)1 - Geometria da esfera projetiva, cosmografia e sensoreamento remoto para propor uma soluo universal ao problema da orientao. (leis da fsica e da geometria)2- Analisa o lugar ocupado pelo homem nas pirmides ecolgicas. (anlise das cadeias trficas)3- Considera as tcnicas realizadas pelos grupos humanos para explorar o meio ambiente e torn-lo habitvel. (papel das tecnologias)4- Analisa a mobilidade e a circulao, dos homens, dos bens e informaes. Necessidades econmicas dos homens, para dividir riquezas e bens simblicos e para assegurar a ordem. (organizao espacial dos grupos sociais)Lies essenciais (137)Se nossas sociedades esto desamparadas, porque a Geografia no foi ensinada como deveria ter sido: no a ela que cabe fazer todos compreenderem como se construiu a Terra dos homens e em quais condies ela pode continuar a s-lo? (137)