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DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 3
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Associação de Defesa Etnoambiental
APOIO
Ministério doMeio Ambiente
Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas
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DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 3
TERRA INDÍGENA ZORÓ
EXECUÇÃO
Associação de Defesa Etnoambiental
APOIO
Ministério doMeio Ambiente
Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas
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A APIZ - Associação do Povo Indígena Zoró, criada 1995, vem trabalhando nesses 20 anos na defesa da integridade física, cultural e territorial do povo Zoró.
Rua Guarulhos, 3354, Alto Alegre – Ji Paraná – ROCEP: 76909-604Telefone: 55 69 [email protected]
PRESIDENTETiago Kapawandu Zoró
VICE PRESIDENTECesar Awop Zoró
SECRETÁRIOMarcio Kajanzap Zoró
TESOUREIROIsac Kinkin Zoró
CONSELHO FISCALHumberto ZoróEdilson Waratan ZoróFrancisco Sambig Ip Zoró
CONSELHO DAS MULHERESIrene Ipagawap ZoróRute Xisanjut ZoróTeresa Amburá Zoró
A Kanindé – Associação de Defesa Etnoambiental é uma OSCIP – Organização Da Sociedade Civil de In-teresse Público, sem fins lucrativos, dedicada à luta em defesa dos direitos dos povos indígenas, à conservação da natureza e ao uso sustentável da biodiversidade.
Criada em 1992, a Kanindé busca soluções inovadoras que promovam o desenvolvimento econômico justo e ambientalmente sustentável.
Rua D. Pedro II, 1892, Sala 07, Bairro Nossa Senhora das Graças.CEP 76804-116 – Porto Velho –ROFone/fax 55 69 [email protected]
COORDENAÇÃO GERALIvanete Bandeira Cardozo
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVO-FINANCEIRAEurides de Araújo Oliveira
CONSELHO DELIBERATIVOAlcilene PaesSérgio CruzStéphanie BirrerArildo Suruí
CONSELHO FISCALGasodá Suruí Gleiciane de Souza Pereira
Wladir da Cruz Vasques
CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS
DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO
COORDENAÇÃO TÉCNICAPanderewup Zoró - APIZIsrael Correa do Vale Junior – Kanindé
COORDENAÇÃO DE LOGÍSTICAMiguel Zan Zoró - APIZMarcos Garcia - KanindéLeonardo José da Cruz Sousa
ESTUDOS TEMÁTICOS
ETNO-HISTÓRIA E SOCIOECONOMIASérgio Pereira Cruz - Antropólogo
ASPECTOS DO ENTORNOAdnilson Almeida Silva – Dr. Geografia
ESTUDOS BIOLÓGICOSVegetaçãoFlávia Dinah Rodrigues de Souza - Msc. Eng. FlorestalOsvanda Silva de Moura – Msc. BiólogaJosé Ribamar Oliveira - Parataxônomo
Mamíferos de médio e grande porteAlexsander Santa Rosa Gomes - BiólogoPaulo Henrique Bonavigo – Biólogo
AvesGlauko Correa da Silva - Biólogo
Répteis e AnfíbiosIsrael Correa do Vale Júnior – Biólogo
PeixesAna Paula A. de Melo – Bióloga
MEIO FÍSICOMarcos Sebastião Ataíde - Geógrafo
MapasMeline Machado - Geógrafa
TURISMOEderson Lauri Leandro - TurismólogoRúbia Elza Martins de Sousa - Turismóloga
Estagiários:Gaudemir Rodrigues Secco, João Roberto Ferreira Gar-cia, Lara Rosana Neres Diniz, Lucimeire Elaine Zanettin, Rodrigo Soares, Sheliane Santos do Nascimento e Tatia-na Lemos da Silva.
Pesquisadores Indígenas:Alexandre Kap Kajap Zoró, Assis Yassani C. Gavião, Amauri Zoró, Berurandu Zoró, Benamu Zoró, Claudinei Zoró, Daniel Zoró, Denilson Mazapun Zoró, Edimil-son Japarara Zoró, Geraldo Zoró, Hugo Cinta Larga,
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Isac Xitapapting Zoró, Isac Zoró, Edimilson Japara-ra Zoró, João Xuryt Zoró, Luis Kunhaop Zoró, Marciel Zoró, Marcos Zoró, Marina Awap Zoró, Mauricio Idig-atu Zoró, Nailton Xijanwet Zoró, Panin Zoró, Roberto Carlos Inipep Zoró e Sandro I. Zoró.
ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO
Pesquisadores indígenas:Isac Kinkin Zoró, Isac Xitapapting Zoró, Celso Xajyp Zoró, César Awop Zoró, Marcio Kajanzap Zoró, Marce-lo Xipabeanzap Zoró, Valmir Xisamujambá Zoró, Arlin-do Pusanxibu Zoró, Carlos Xipipa Zoró, Marcio Xinahu Zoró, Eduardo Kalin Puj Zoró, Ricardo S Zoró, Carliton A. Zoró, Joel Zoró, Miguel Zan Zoró, Elias Zoró, Joksley Zoró, Rute X Zoró, Gisele Zoró, Ernesto Zoró, Crislaine Zoró, Mariza Zoró, Chico Zoró, Awap Zoró, Kujkyp Zoró, Lucilene Zoró, Cleidiane Zoró, Cristiane Gavião, Marcos Zoró, Davi Zoró, José Zoró, Fabio Zoró, Paulo Zoró, Jair Zoró, Melkon Tiuxuting Zoró, Vanessa Zoró, Claudineia Zoró, Valdecir Zoró, Renato Zoró, Vicente Paxurup Zoró, Willian W. Zoró, Fabio Zoró, Caroline Zoró, Francisco Zoró, Edilson Zoró, Pepuj Zoró, Xiktika Zoró, Valter Zoró, Franciel Zoró, Débora Zoró, Rogério Zoró, Lucimar Zoró e Nelson Zoró.
ASSOCIAÇÃO DO POVO INDÍGENA ZORÓ - APIZ Tiago Kapawandu Zoró – Coordenador Indígena Sandra Mara Gonçalves – Coordenador Financeiro
ASSOCIAÇÃO DE DEFESA ETNOAMBIENTAL - KANINDÉIvaneide Bandeira Cardozo - Coordenadora do Plano de Gestão, Msc Geografia Israel Correa do Vale Junior - Coordenador do Etnozo-neamento, Biólogo
Thamyres Mesquita Ribeiro - Sistematização de Relatório Final, Bióloga Joelma Pinheiro da Silva - Gestora Ambiental Ederson Lauri Leandro - Msc Geografia Alexsander Santa Rosa Gomes - BiólogoAna Paula A. Melo - BiólogaMarcos Garcia - Logística
EQUIPE DE CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA - ECAMMeline Cabral Machado – Especialista em SIG, Msc Geografia FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAILígia Neiva - Moderadora
ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTOThamyres Mesquita RibeiroIsrael Correa do Vale JúniorIvaneide Bandeira CardozoTiago Kapawandu Zoró
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃOAdriana Zanki Cordenonsi
FOTOGRAFIASAcervo APIZAcervo KanindéEderson Lauri LeandroIsrael ValeJRMarcelo PontesSergio Cruz
Proibida a reprodução de partes ou do todo desta obra sem autorização expressa da Associação do Povo Indígena Zoró – APIZ e Associação de Defesa Etnoam-biental Kanindé.
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SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO
1 ETNO-HISTÓRIA E SOCIOECONOMIA
1.1 Introdução
1.2 Breve histórico
1.3 População Pangyjej Zoró
1.4 Localização
1.5 Memória viva Pangyjej
1.5.1 O contato com os não indígenas e o pós-contato
1.6 Socioeconomia
1.6.1 Número de Filhos
1.6.2 Nº de moradores por residência
1.6.3 Ocupação
1.6.4 Fontes de Proteína Animal
1.6.5 Renda
1.6.6 Artesanato
1.6.7 Saúde
1.6.8 Habitação
1.6.9 Educação
1.6.10 Festas e Rituais
2 ASPECTOS DO ENTORNO
2.1 Introdução
2.2 Perfil socioeconômico
2.3 Demografia
2.4 Religiosidade
2.5 Produção agrícola e extrativismo
2.6 Indústria e comércio
2.7 Serviços urbanos
2.8 Educação
3 ESTUDOS BIOLÓGICOS
3.1 Introdução
3.2 Vegetação
3.3 Mamíferos de médio e grande porte
3.3.1 Caça de subsistência
3.4 Aves
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3.5 Répteis e anfíbios
3.6 Peixes
4 MEIO FÍSICO
4.1 Introdução
4.2 Materiais e métodos
4.3 Resultados
5 TURISMO
5.1 Introdução
5.2 Materiais e métodos
5.3 Resultados e discussão
6 ETONOZONEAMENTO
6.1 Introdução
6.2 Etnozoneamento
6.3 Áreas do etnozoneamento
6.3.1 Área de caça e pesca
6.3.2 Área castanhal
6.3.3 Área de produção
6.3.4 Área sagrada
6.3.5 Área de resgate
6.3.6 Área de proteção integral
6.3.7 Área de recuperação
6.3.8 Área cultural
7 PLANO DE GESTÃO
7.1 Apresentação
7.2 Introdução
7.3 Programas temáticos
7.3.1 Programa de educação
7.3.2 Programa de cultura
7.3.3 Programa de recuperação e resgate
7.3.4 Programa de saúde
7.3.5 Programa de produção
7.3.6 Programa meio ambiente
7.3.7 Programa de fortalecimento institucional
REFERÊNCIAS
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ApresentaçãoAPRESENTAÇÃOO ano de 2014 destaca um importante marco nas con-quistas do povo Pangyjej Zoró, dado ao fato da construção do PGTA – Plano de Gestão Ambiental e Territorial desen- volvido pela APIZ e a Kanindé, sendo coordenado por equipes de lideranças e comunidades Pangyjej Zoró. Além desses, contou-se também com parcerias da FUNAI - Fundação Nacional do Índio/ CTL – Coordenação Técni-ca Local de Rondolândia/MT, Conselho Escolar das Escolas Indígenas Zoró, Escolas Zoró: Estadual e Municipal.
A aplicação das atividades se deu em forma de construção coletiva, em oficinas, reuniões de sensibilização e divul-gação, assembleia geral. Visando motivar uma reflexão em torno de conhecimentos científicos e culturais relaciona-dos as potencialidades da terra e também seus desafios de gestão. Ademais, refletir sobre as políticas públicas de gestão territorial que permeiam os direitos e conquistas dos povos indígenas, tendo como exemplo a PNGATI – Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indí-genas.
Contudo, para além das contribuições na formação na área de gestão, as ações do PGTA atuou significativamente no foco do fortalecimento da organização política, resultan-do na reafirmação da luta para manutenção de suas iden-tidades etno-culturais e suas formas tradicionais de vida, resguardando sobretudo a integridade física de suas terras.
O envolvimento dos jovens nas atividades oportunizou diferentes descobertas enquanto participavam das expe-dições em locais sagrados, identificando limites territoriais, cabeceiras de rios, territórios tradicionais, com roteiros e históricos cuidadosamente orientados pelos anciãos, atu-antes orgulhosamente nos repasses orais de seus conhe-cimentos, bem como nas orientações sobre o bem viver indígena na perspectiva dos Zoró, respaldando com isto a garantia da sobrevivência das gerações futuras.
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PAMBARE MATUÉ2014 kawu mi tuj Pangyjej má a kala indjaja ta mene kaj apere wepea gula terea. Ebu APIZ má Kanindé ej ta gala in-djaja ta man ta sep manga ta kabia. Ma’ej má ena te tu pere ambakata we manga ena tea.
Gulua tumá berepana ki tukaj tuwebugu ki ana te panza we manga mene kajá. Tu ma pemaki mi ki jalaj pare mi kia mene mi tumá tu pere wepea we manga neme kaja. PNGATI – Política Nacional de Gestão Territorial e Ambien-tal de Terras Indígenas sande gala indjaja ta mene peturu tumá tu pere wepea we kajá.
Tu makuba mene kaj tu má tu pere wepea tu kala indjaja ta mene kaja. Tuma pemaki tamawá mene kaj tu má gulua tu pere wepea. Tu ta mene kyje sut ka pia mene ka tumena enate we mangá.
Wujirej jande we maki mãj má amakubá gulua tereá. Pan-dérej má gyja ta makubá etigia. Zapuj kyj ikini pa mate ki iandyt ikini pa mene tigi ki gala katap ikini mate ki mawe ej ikini mate kia ta má tamakubá. Alej jali apygej makubá ki epi
tasa wulunde mãj makubá kia mene ka tamena tama kubá.
APIZ - Associação do Povo indígena Zoró, abril de 2015
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CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 1
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1.1 INTRODUÇÃOEm poucas oportunidades o pesquisador moderno tem a chance de coletar re-latos dos próprios agentes dos momentos históricos do Povo em estudo. Este é o caso dos Pangyjej Zoró, contatados pela sociedade ocidental majoritária há pouco mais de trinta e cinco anos, oficialmente em 1977, muitos dos que participaram do processo de aproximação com os não índios estão presentes e atuantes na organização social de sua nação.
Neste estudo prestigiamos o fato de que a história nos foi repassada pelos próprios atores, sem intermediários, sem um hiato temporal/geracional, sem o risco de um possível ventriloquismo científico, e nos dedicaremos a trancrevê-la com esse sabor, de que estamos bebendo diretamente da fonte, de pessoas que vivenciaram e vivenciam os acontecimentos abordados.
Como se trata de uma etnografia que é parte de um diagnóstico sócio-cultural- -biológico e territorial, nossa prioridade é detectar a história viva nesta sociedade, onde os agentes a conhecem e a trasmitem, não cabendo nesse tipo de estudo, apenas um resgate bibliográfico da história do Povo em questão como forma de registro, uma vez que a história que nos é cara, é a do cotidiano, das relações inter-geracionais, nessa transição sócio-cultural pela sobrevivência.
A ciência antropológica reserva ao pesquisador o direito a proteção de seus co-laboradores, admitindo a troca de nomes ou mesmo a não citação das fontes, no entanto, para esta pesquisa utilizamos uma abordagem de crédito coletivo, a narrativa foi organizada pelo pesquisador a partir das histórias contadas por Márcio Zoró, Pebuj Zoró, Tivir Kon Zoró, Maxianzap Zoró, Saga Puga Zoró en-tre outros, sendo que destes, os quatro últimos vivenciaram as rotinas do povo
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Pangyjej antes, durante e no pós contato. São pessoas chave para pesquisas futuras mais aprofundadas sobre os saberes locais e pontualmente vamos identificando nossos interlocutores e a história sistematizada é resultado de uma bricolagem entre as narrativas e a literatura disponível.
1.2 BREVE HISTÓRICOO povo conhecido como Zoró, se autodenominam Pangyjej traduzido por “Nós comemos carne moqueada” (TRESMANN,1994).
Falam a língua Pangyjej do tronco tupi, da família Mondé e possuem uma população, segundo o censo de 2010, de aproximadamente 677 indivíduos (IBGE, 2010).
Em 1968 os sertanistas Francisco Meirelles e seu filho Apoena Meirelles identifi- caram as primeiras moradias e o território de ocupação do povo Pangyjej Zoró. Durante os nove anos seguintes os Pangyjej Zoró tiveram contatos esporádicos e violentos com trabalhadores da Fazenda Castanhal, à margem esquerda do Rio Branco. Houve perda de território indígena e mortalidades (não existem registros oficiais de quantos morreram) e finalmente em 1977 a FUNAI realizou o contato.
Os Pangyjej Zoró após o contato foram sedentarizados pela FUNAI em aldeias nos limites de seu território e introduzidos novos costumes impactando a cultura indígena. O contato e o acesso de missionários evangélicos as aldeias intensificou os impactos culturais, a ponto de se deixar de praticar os costumes e ritos impor-tantes para a identidade cultural do povo Pangyjej Zoró.
Durante o diagnóstico, os problemas com impactos culturais foram identificados, como: perda de rituais; das caminhadas no mato para conhecer lugares sagrados; jovens sem saber confeccionar flechas e outros artesanatos, além de muitos não conhecerem a história de seus ancestrais.
Atualmente, a terra indígena sofre pressão em seu entorno, primeiramente nas regiões onde fazem divisas com fazendas e serrarias.
1.3 POPULAÇÃO PANGYJEJ ZORÓSegundo dados da DSEI - Distrito Sanitário Especial Indígena de Porto Velho, através do Levantamento Estado Nutricional do Povo Indígena Pangyjej Zoró do Distrito de Rondolândia de abril de 2012, a população Pangyjej Zoró é composta por 621 (seiscentas e vinte e uma) pessoas, sendo que destas, 605 (seiscentas e cinco) moram distribuídas em 24 aldeias na Terra indigena Zoró e 16 (dezesseis) moram em Rondolândia.
Durante a validação deste estudo junto a comunidade Pangyjej Zoró, os presentes rebateram alguns dados e informaram que apenas um membro da etnia, casado com uma mulher não indígena, reside em Rondolândia.
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1.4 LOCALIZAÇÃOOs Pangyjej Zoró, vivem na Terra Indígena Zoró - TIZ, localizada no noroeste do estado do Mato-Grosso, na região próxima a fronteira com o estado de Rondônia, entre os rios Roosevelt (leste) e o rio Branco (oeste). Possui uma extensão de 355.789,5492 ha. do mu-nicípio de Rondolândia. Foi homologada/regularizada pelo Decreto nº 265 de 29.10.1991; CRI 31352 em 05.11.87; SPU em 06.11.87. Parte da terra ocupada pelos Pangyjej Zoró, na época, ficou fora da demar-cação e homologação que aconteceu em 1991.
A TIZ faz limites com as Terras Indígenas Sete de Setembro (do povo Paiter Suruí), a Terra Indígena Roosevelt e Parque Indígena do Aripuanã (ambas do povo Cinta Larga), que compõe o Corredor Etnoambiental Tupi Mondé.
Embora a TIZ se localize no Estado do Mato Grosso, a mesma está jurisdicionada a Coordenação Regional de Ji-Paraná (CRJP) no Estado de Rondônia, segundo informações da CRJP, o motivo é a proximidade com Rondônia para o atendimento aos indígenas.
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ZORÓ
SETE DE SETEMBRO
ROOSEVELT
CACOAL ESPIGÃO DO OESTE
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“As vezes meu avô contava para mim de onde nosso povo veio. Dizia que antigamente muitos povos viviam dentro de uma grande pedra, eram muitos e de dife- rentes etnias. Não havia saída. Até que um dia os papa-gaios, desses com o bico bem fino, começaram a cavar a grande pedra, foram cavando, cavando até que pela abertura as pessoas pudessem passar e vir para o mun-do externo. À medida que os grupos de pessoas iam saindo, ao passarem pelo furo que o papagaio abriu, gritavam bem alto o nome do seu povo. Quando nossos antepassados saíram eles de lá gritaram: - Nós somos os Pangyjej! E saíram andando pela vasta região que é o mundo exterior”. (Narrado por Márcio Kajazap Zoró, então Cacique Geral do povo Pangyjej Zoró).
Na pesquisa empírica pudemos coletar pelo menos dois significados distintos para Pangyjej: I) O povo que come animais sapecados; e II) Filhos do Deus das águas. Du-rante a validação do estudo surgiu mais um significado ao qual o coletivo se refere como o mais correto: “Povo que come gente”.
“- Antes era nossa realidade morar na mata, nós vivíamos isolados, não tinhamos conta-to com os não índios e pouco contato com as etnias vizinhas. Naquele tempo ficávamos por volta de dois anos numa aldeia e depois saíamos pra fazer outras aldeias, agente fugia pelo meio da mata. Nós tínhamos medo das outras etnias que vinham nos matar, por isso saíamos sempre para outro lugar para evitar os ataques, e se acontecesse de novo a gente saía novamente. Não era um de cada aldeia que ficava sozinho, montávamos as aldeias com as casas um pouco afastadas, fazíamos roça, caçá-vamos, pescávamos, mas nos uníamos para fazer as festas”. (Narrado por Saga Puga Zoró – Ancião em 06/2012).
Os Pangyjej Zoró, talvez por essa característica de vive- rem à uma equidistância de seus vizinhos, e de realizar longas caminhadas durante as caçadas, desenvolve- ram um sofisticado sistema de comunicação à distân-cia através de assovios. Possuem frases feitas codificadas em sons, algumas são tais como: I) Onde você está?; II) A comida está pronta, volte para comermos!; III) Venha até aqui, preciso falar com você! e; IV) Tenho makalo-ba, venha beber! Estas e muitas outras frases, propor-cionam uma comunicação direta e eficaz, uma vez que o som de um assovio se propaga na floresta à grandes
distâncias. Conseguem também pronunciar nomes em invocação, através da sonoridade dos mesmos, como que numa tentativa de falar através do assovio. Esta comunicação é parte da riqueza imaterial dos Pangyjej Zoró, um conhecimento que até hoje é transmitido e praticamente todos do grupo a conhecem, a compreen-dem e a utilizam. O resultado da pesquisa quantitativa apontou o uso dessa comunicação assoviada para 97% dos entrevistados.
Os assovios evoluíram de forma que os Pangyjej Zoró alcançaram um alto grau de sofisticação na imitação dos sons de animais, principalmente dos pássaros e utilizam desse conhecimnto para otimizar as técnicas de caça.
“Nós saíamos para caçar, imitávamos os sons dos animais e quando eles se aproximavam nós os matávamos. Temos sons para mutum, para jacamim e para muitos outros animais” (Narra-do por Tivir Kon Zoró em 06/2012).
O cotidiano dos Pangyjej Zoró era tranquilo enquan-to se mantinham afastados dos grupos vizinhos, alguns viajavam grandes distâncias por motivações variadas como conhecer os melhores locais de caça, visitas à lugares sagrados, mapeamento da localização de grupos vizinhos hostis, entre outras.
Os conflitos com os Paiter Surui são os mais citados. Eram atacados durante a noite pelos guerreiros, eram noites de terror, mesmo hoje, ao lembrarem, é possí- vel perceber o medo nas expressões faciais dos que nos contam. As pessoas fugiam para a floresta, as mulheres levavam as crianças, enquanto os homens tentavam proteger a aldeia. Ora eram atacados, ora atacavam, gerando um ciclo de retaliações onde dificifilmente encontraremos a gênesis destes conflitos, pois os movimentos se davam pela ação e reação e são datados de tempos imemoriais.
[...]”Nossa maior preocupação era com os ataques dos povos vizinhos, principalmente dos Paiter Surui. Os mais velhos já vinham se deslocando há muito tempo, desde a região do rio Aripuanã, fazendo aldeias e roças, quando entravam em guerra com outros gru-pos saíam de novo, até que chegamos a este lugar (referindo-se à aldeia central, a Bubuyrej) e aqui perto se deu o contato com os não índios”. (Narrado por Tivir Kon Zoró em 06/2012).
1.5 MEMÓRIA VIVA PANGYJEJ
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Tivir Kon Zoró, ancião de idade desconhecida,
calculada em setenta anos ou um pouco mais,
morador da aldeia Bubuyrej.
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A nação Pangyjej, denominada pela sociedade envolvente como Zoró, é falante de idioma do tronco Tupi da família Mondé, assim como, ao que se conhece, os Aruá, os Cinta Larga, os Gavião (Ikolen) e os Paiter (Suruí), entre outras. O nome Zoró, como em diversos casos da denominação dos povos nativos do continente america-no, advém de um equívoco histórico. A versão mais plausível encontra-da pelos pesquisadores, refere-se ao nome como uma definição dada aos primeiros cientistas, sertanistas e indi-
genistas, pelos Paiter Surui, - povo historicamente inimigo dos Pangyjej contatada poucos anos antes. Zoró, a grosso modo, significa “vizinho inimigo ou Cabeça Seca” para os Paiter, que embora falante, ao que se sabe, do mesmo idioma (tron-co e família), existem tantas diferenças entre as línguas que a comunicação entre os dois grupos étnicos é praticamente impossível.
“Zoró é o nome que ficou da denominação monshoro, utilizada pelos Suruís (sic), para designar seus vizinhos e inimigos (...). Monshoro é uma palavra depreciativa que os Suruís não explicam direito o significado. Com o tempo, foi abreviada para shoro e, por fim, Zoró” (PRAXEDES, 1977, apud DAL POZ, 2009).
No entanto, os Pangyjej assumiram o termo Zoró e hoje o utilizam como iden-tidade étnica, sobrenome e também como o nome do seu território. Durante a validação do estudo houve ampla discussão em torno da autodenominação do povo, uma vez que o entendimento do coletivo presente é de que Pangyjej é a denominação de apenas um clã, não do povo que é formado por diversos clãs, porém não souberam apontar qual seria a nomenclatura correta.
“Por volta da década de 1960, os Zoró compunham-se de nove ou dez grupos locais, distribuídos em quinze ou dezesseis malocas, e uma população de quase mil pessoas: os Zabeap Wej com três malo-cas, os Pangyjej Tere com cinco malocas, os Joiki Wej, os Jej Wej, os Pama-Kangyn Ej, os Maxin Ej, os Ii-Andarej, os Pewej, os Angojej e, provavelmente, os Kirej, cada um destes com somente uma maloca.” (BRUNELLI, 1987, apud DAL POZ, 2009).
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1.5.1 O CONTATO COM OS NÃO INDÍGENAS E O PÓS CONTATO
A frente de expansão territorial promovida pelos planos governamentais do Brasil que culminou com a construção da rodovia BR 364 que liga Cuiabá (Mato-Grosso) à Porto Velho (Rondônia), favoreceu a abertura de enormes áreas destinadas à formação de fazendas de criação de gado e agricultura. Os Pangyjej Zoró, em dado momento, se viram ilhados entre essas frentes colonizadoras e seus inimigos históricos.
“Nós andávamos por muitos lugares, naquela época por aqui só existiam os Surui, os Cinta Larga, os Gavião e nós. Um tempo depois, encontramos os não índios, eram seringueiros e nós os matamos. Depois vieram mais seringueiros e garimpeiros, alguns também matamos e outros apenas afugentamos, até que um dia vimos mui-tos do outro lado do rio branco, ficamos pensando, será que devemos matá-los, será que vão nos matar? Depois de pensarmos bem, um dia gritamos para eles: - Papá, canoa papá! Nos viram e vieram dois no barco, quando chegaram, ficamos com muito medo, os despímo-los e vestimos suas roupas. Depois foram embora, um tempo mais tarde voltaram com mais roupas. Depois os brancos baixaram de helicópte-ro numa margem do rio Branco e nos viram, depois vieram de avião novamente, passavam por cima da aldeia, depois vieram de cavalo, de carroça e de trator”. (Narrado por Saga Puga Zoró em 06/2012)
Analisando esse trecho, poderemos ter forte tendên-cia a imaginar o quão hostis eram os Pangyjej Zoró, porém o povo estava em guerra constante pela sobrevivência, e como já não bastavam seus inimigos históricos, sofreram grandes perdas também com a aproximação das frentes colonizadoras, este compor-tamento não era unilateral.
“Os grupos locais Zoró, então, remanes-ciam no triângulo formado pelos rios Roosevelt e Branco, embora incursões de seringueiros, caucheiros e garimpeiros tenham dizimado completamente algumas de suas aldeias. De um acampamento zoró atacado em 1963 sobreviveu apenas uma menina, raptada pelos seringueiros.” (DAL POZ, 2009).
Houveram algumas expedições áereas no intuito de localizar os Tupi Mondé, realizados pela Missão Novas Tribos do Brasil - MNTB e pela FUNAI - Fundação Nacional do Índio, o então Serviço de Pro-teção aos Índios (SPI), desde 1967. Porém o contato oficial com os indigenistas da FUNAI só foi possível posteriormente ao contato acidental entre os Pangyjej Zoró e os funcionários da fazenda Castanhal. Neste
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ínterim, uma parte da população Pangyjej Zoró já havia contraído diversas en-fermidades, e estas, já estavam reduzindo significativamente o contingente deste povo.
“O pequeno monomotor sobrevoava a maloca pela segunda vez, quando apareceu um grupo de índios para observar a es-tranha e barulhenta máquina voadora que invadia o seu mun-do […]. O objetivo do vôo era dar ao sertanista Apoena Meireles uma visão geral da localização das malocas e uma ava- liação do número de índios que vivem na área. Meireles, 28 anos, era responsável pela expedição que tentaria o primeiro contato com esses indígenas, que vivem entre os rios Branco e Roosevelt, no oeste de Mato Grosso, nas proximidades da fronteira com o Território de Rondônia. A região, inteiramente coberta pela floresta amazônica, vem sendo ocu-pada por fazendeiros, o que obrigou a FUNAI a promover a expedição para contatar e preparar os índios para o convívio com a civilização”. […] (PRAXEDES, 1977, apud DAL POZ, 2009).
Após os primeiros contatos amistosos com os trabalhadores da fazenda Castanhal, uma frente de contato da FUNAI, chefiada pelo sertanista Apoena Meireles, em outubro de 1977, montou acampamento às margens do rio Branco com intenção de contatar os Pangyjej Zoró, uma vez que a proximidade desde grupo com a frente colonizadora os colocava numa situação de extremo risco.
“Depois de dias observando o acampamento dos não índios, resolvemos ir falar com eles. Quando chegamos perto dos brancos nós falamos: podem ficar calmos, nós não vamos matar vocês, mas eles não entendiam. Eles também falavam, mas
Maxianzap Zoró e Pebuj Zoró, ambos
participaram do contato com a
equipe da FUNAI.
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nós também não entendíamos, o pai dele (referindo-se a Pebuj Zoró), mostrou a esposa para os brancos e disse: - Essa é minha esposa, ela está aqui, nós não va-mos matar vocês!” Continuávamos sem nos entender, mas foi possível perceber que ninguém queria guerra”. (narrado por Maxianzap Zoró e Pebuj Zoró)
“Os Zorós chegaram [no dia 22 de outubro] ao acampamento desar-mados, pois haviam deixado suas flechas escondidas na selva para demonstrar que estavam em missão de paz. Quatro índios adultos se aproximaram em primeiro lugar. Depois, quando já estavam inteira-mente à vontade, apareceram uma mulher e uma criança, até então escondidas observando o encontro. O contato acontecera depois de dezoito dias de angustiante expectativa, - Eram apenas vinte, embora o número de malocas existentes faça supor uma tribo de aproximada-mente 350 indígenas”. (PRAXEDES, 1977).
Já acostumado com a presença do outro, Apoena se mostrou surpreso com o comportamento dos Pangyjej Zoró, relata que eles não mexiam em nada no acampamento sem antes pedir permissão. Apoena havia levado consigo possíveis intérpretes para o povo até então autóctone, era um Xavante (Macro Jê), um Cinta Larga (Tupi Mondé), um Paiter Surui (Tupi Mondé) e dois Gavião Ikolen (Tupi Mondé), destes somente o Cinta Larga e os Ikolen obtiveram êxito na comuni-cação. Conta que os Pangyjej Zoró perguntavam sobre os objetos que haviam no acampamento, “- Queriam saber de tudo, não deram sossego aos intérpretes”, afirma.
Malária, gripe, sarampo, tuberculose e uma lista de doenças matou pelo menos a metade do povo Pangyjej Zoró. No diário de campo de Apoena Meireles, o sertanista narra que depois do contato, alguns começaram a adoecer, os mais velhos foram morrendo seguidos por quase metade da população que na época foi estimada em aproximadamente entre 300 e 350 pessoas.
Há uma confusão em relação ao número de pessoas que compunham os Pangyjej Zoró, as primeiras estimativas realizadas durante um sobrevôo na região por Meireles em 1972, apontavam para 500 e 800 indivíduos, durante o contato em 1977, Apoena calculou entre 300 e 350. Dados da FUNAI apontam para a vacinação de 400 pessoas no pós contato. Durante a validação do estudo, os Zoró indicaram que este numero era maior, pois haviam várias malocas ao longo da terra, estima-se a existência na época de aproximadamente 11 malocas, calculando a existência de 100 a 150 pessoas residentes em cada maloca poden-do o número chegar entre 1100 a 1500 indivíduos.
Em 1978 houve mais um ataque dos Paiter Surui contra os Pangyjej Zoró na aldeia Zawã Kej, o que forçou uma fuga em massa para o território dos Ikolen (Igarapé Lurdes). Lá tiveram refúgio, tratamento médico, e também assim se deu a aproximação do povo com os missionários evangélicos da MNTB (DAL POZ, 2009). Permaneceram por poucos meses entre os Ikolen, muitos se converteram à doutrina cristã evangélica, houve casamentos entre membros dos dois povos contrapondo a tradição de casa-mentos endogâmicos, e aos poucos os Pangyjej Zoró foram retornando à sua terra tradicional.
O coletivo da validação dos estudos afirma que mesmo antes do contato com a FUNAI, já havia um relacionamento com o povo Ikolen inclusive com casamentos entre os dois povos.
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De volta ao seu território os Pangyjej Zoró foram forçados por uma política de seden-tarização da FUNAI a adquirir novos hábitos. A nova aldeia que pretendia aglomerar todos os Pangyjej Zoró, era construída com casas de projeto arquitetônico ocidental, dispostas em ruas paralelas e a organização social passou a ser nuclear, ou seja, cada família habitava uma casa em separado, contrapondo à forma relacional tradicional uxolorical onde o genro passava a morar com os pais da esposa numa grande casa comum.
Também formam condicionados a adotar hábitos tais como trabalhar em roças durante oito horas diárias pelos cinco dias úteis da semana, limitando aos sábados as incursões de caça, pesca e de outros afazeres tradicionais, uma vez que os domingos eram dedicados às práticas espirituais/religiosas aprendidas com a Missão Evangélica (DAL POZ, 2009).
Em decorrência dessa forma de tratamento e por conta de abusos praticados pelos funcionários da FUNAI, os Pangyjej Zoró tornaram a morar com os Ikolen. Nesta ocasião as mulheres, os mais velhos e as crianças estavam com a saúde debilitada pela desnutrição. Era prática comum dos servidores da FUNAI fornecer alimen-tação apenas para os que trabalhavam no novo ritmo imposto, e esse grupo era composto em sua maioria por homens jovens e adultos.
Com o passar do tempo foram retornando ao território de origem e quase metade do povo passou a morar na aldeia Barreira, a Zawã Kej.
A aproximação com a cultura ocidental e o contato direto com a doutrina cristã evangélica, de certa forma, inibiu a transmissão inter-geracional das lendas e mi-tos da nação Pangyjej Zoró. A sua cosmologia foi perdendo forças ao passo que incorporavam a doutrina cristã. Ainda podemos ouvir algumas histórias caso en-contremos algum ancião com paciência de proferí-las, no entanto, não podemos considerar que esta prática faça parte de suas rotinas. Muitos dos mais jovens conhecem o mito de criação de seu povo, como o que foi narrado por Marcio Zoró no início deste capítulo, porém sem muitos detalhes, o mito assume agora ares de “conto”.
Saga Puga Zoró
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Tanto o plano de concentração do povo numa só aldeia, como a segunda fuga em massa para junto dos Ikolen, facilitou a invasão do território por parte de grileiros, posseiros, madeireiros e outros estranhos. Os Pangyjej Zoró tiveram muito trabalho para desintrusar sua área, este processo durou alguns anos. Chegaram a perder parte das terras, para o que é hoje a cidade de Paraíso da Serra. As tentativas de retirada dos invasores geraram conflitos violentos entre os grupos de interesses, apenas após conseguirem apoio dos antigos inimigos como os Paiter, Cinta Larga, Arara e Gavião foi que conseguiram efetivamente desintrusar e retomar a parte do território.
“Quando os invasores foram expulsos em 1990, os Zoró tomaram con-ta das casas abandonadas e a extração da madeira tornou-se a sua maior atividade econômica. A metade da população mudou para a aldeia de Barreira e outras aldeias sugiram. Com a interdição da extração da madeira em 1993 os Zoró se espalharam no território para reassumir uma vida mais tradicional”. (DAL POZ, 2009).
“Quero lembrar que nosso povo Zoró, já foi envolvido com a venda ilegal de madeira, e aos poucos fomos nos conscientizando que isso não era bom para a comunidade, isso não levava à uma vida longa da comunidade. Durante algum tempo de reuniões gerais, a comunidade decidiu parar com a venda de madeira e buscar outras formas de trabalhar, uma forma melhor, sustentável, um trabalho que não destruísse a floresta. Hoje nós temos a associação do povo Zoró, eu que-ro parabenizar os diretores da APIZ - Associação Pangyjej do Povo Indígena Zoró, eles que conseguem os parceiros para nossos projetos, como este trabalho do diagnóstico, que servirá para nós como instrumento para pensar no futuro de nossos filhos, da nossa comunidade, porque hoje pensamos em trabalhar de outro jeito”.
“Nosso medo maior é perder a cultura do povo Zoró, por isso mantemos esse modo de vida, esse é o futuro que agente está pensando, daqui a pra frente nossos filhos estarão nascendo e eles vão conhecer nossos costumes e nossas tradições. Hoje o povo Zoró trabalha com castanha e isso é uma conquista para nós, por que é uma atividade que todos participam, não só os adultos, mas também os jovens e é uma
Márcio Zoró, cacique geral
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atividade que fazemos conhecendo nosso território, nosso espaço, e através desse trabalho a gente consegue ganhar dinheiro, porque hoje nós conhecemos dinheiro”. (Márcio Zoró – Então Cacique Geral do Povo Pangyjej Zoró).
“Nós hoje estamos morando em casa, com roupa de branco, e isso não era assim, hoje, as doenças como na época do contato, estão piorando de novo, leschimani-ose, malária, tuberculose. Antes não tinha malária, como ficávamos pouco tempo em cada aldeia, não dava tem-po de acumular água empoçada e lixo. Como hoje não mudamos mais, vivemos no mesmo lugar sempre, tem água parada, água no cano, tem lixo e as doenças vão surgindo”. (Saga Puga Zoró)
“Nossas plantações continuam as mesmas, só o arroz e o feijão entraram na nossa alimentação, também pas-samos a usar alguns químicos, mas continuamos com o que sempre plantamos, a caça ainda tem muita, não compramos comida na rua, nem refrigerante, tomamos makaloba, as vezes makaloba com mel, as pessoas que passaram a usar açúcar tiveram diabetes, caries e outros males”. (Saga Puga Zoró)
“Não podemos acabar com a nossa cultura, temos que continuar na nossa realidade, nossa agricultura, man-ter nossa identidade. Não podemos deixar de fazer nossas pinturas, precisamos manter nossas tradições, os mais novos não querem mais fazer a tatuagem no rosto. Antes, aos doze anos se fazia as tatuagens e o
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furo no queixo para usar a pena, os novos não fazem mais porque é muito dolorido, antes faziam quan-do ainda eram virgens, usavam o urucum junto com jenipapo para fazer as pinturas, não pode abandonar os artesa-natos, fazer colar pro marido, as flechas pro filho, não podem deixar pra trás, ensinar a fazer flecha e para as mulheres fazer o colar pro marido, fazer a maka-loba pro marido, não pode pegar na casa dos outros, nosso café da manhã é a makaloba. Os jovens tem que seguir com nossa cultura como nós fazíamos, não pode-mos abandonar, os homens tem que fazer roça pra as mulheres poderem fazer a makaloba pra eles, se não fizer roça, as mulheres vão atrás da roça dos outros e isso não pode”. (Saga Puga Zoró, entrevista em 06/2012).
A organização social dos Pangyjej Zoró é descentraliza-da, cada aldeia possui seu cacique, no entanto criaram a figura do “cacique geral” que, durante a realização da pesquisa, era atribuída ao jovem Márcio Kajazap Zoró. Como ele mesmo explica, não é um cargo de poder e seu papel é de representar o povo Pangyjej Zoró junto aos outros povos inclusive aos não índios. Uma de suas atribuições se assemelha muito à função de um diplomata, ele participa de reuniões fora da território e tem como uma das obrigações principais transmitir aos Pangyjej Zoró o que foi decidido nes- ses encontros. Márcio também era um dos gestores da APIZ e tem pensamentos brilhantes a respeito do futuro dos Pangyjej Zoró, manejo sustentável do território e o resgate das tradições de seu povo compõem suas maiores ambições.
Anciã Pangyjej Zoró que participou do primeiro contato com a equipe da FUNAI.
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1.6 - SOCIOECONOMIAA pesquisa quantitativa do panorama sócio-econômico do povo Pangyjej Zoró, foi elaborada através de ques-tionários com perguntas objetivas e visava atingir as 142 (cento e quarenta e duas) famílias que compõem a nação. Foram aplicados 107 (cento e sete) questionários perfazendo um total de 73% do universo pretendido.
Dos entrevistados, a maioria chefes(as) de família, con-figurou um quadro onde 74% pertencem ao sexo mas-culino, 93% são casados e 99% de fé Cristã Evangélica.
1.6.1 NÚMERO DE FILHOS (%).
As famílias sáo numerosas, através do gráfico 01 pode-mos perceber que 45% das famílias são compostas por quatro ou mais filhos.
Gráfico 01 - Número de filhos (%)
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
1.6.2 NÚMERO DE MORADORES POR RESIDÊNCIA.
Além dos filhos, podemos analisar o gráfico 02 como um indicativo de que a prática tradicional de convivio das pessoas de diferentes gerações numa mesma residência está em evidência, se 23% das famílias possuem seis ou mais filhos, quando questionamos sobre quantas pes-soas habitam a residência, este número sobe, revelando que 31% das residências são habitadas por oito ou mais pessoas.
Gráfico 02 - Nº de moradores por residência (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
1.6.3 OCUPAÇÃO.
Coletar, pescar e caçar estão em primeiro lugar nas ocu-pações mais citadas pelos entrevistados, seguidos pela prática da agricultura, artesanato e extração de seringa, nesta ordem (conforme gráfico 03).
Gráfico 03 - Principais Ocupações (%)
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
O QUE MAIS COLETAM
Gráfico 04 - Produtos florestais não madeireiros mais coletados (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
O QUE MAIS PLANTAM
Gráfico 05 - Espécies mais cultivadas.
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 07 - Roçados Coletivos.
Coletor
Pescador
Caçador
Agricultor
Artesão
Seringueiro
10 20 30 40 50 60 70 80 90
2,0
13,0
13,0
70,0
85,0
86,0
Abacaxi
Algodão
Banana
Batata
Cana de açúcar
Mamão
Mandioca
Macaxeira
Cará
Pimentas
Milho
55,0
37,0
89,0
83,0
71,0
66,0
47,0
53,0
91,0
12,0
92,2
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
23,0
17,0
16,014,0
12,0
10,0
8,0123456 ou maisnão tem
13,0
13,0
18,0 24,0
31,0
1,0
123458 ou mais
13,0
14,0
9,0
96,0
1,0
frutas/frutoscastanhasóleosplantas medicinaispalhas/cipós
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Gráfico 08 - Criação de animais para consumo.
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 09 - Animais mais criados em cativeiro.
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 10 - Animais mais caçados
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
5.3.2.1 ÁREA DE ROÇADO
Os roçados são pequenos, construídos em áreas que variam somente entre um e dois hectares como podemos observar no gráfico 06, ainda assim, 73% destes são mantidos por uma coletividade (pelo menos duas famílias) e apenas 24% são de uso individual, ou seja, mantidos por uma única família (conforme gráfico 07).
Gráfico 06 - Tamanho dos Roçados em hectares (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 07 - Roçados Coletivos.
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
1.6.4 FONTES DE PROTEÍNA ANIMALOs que criam animais parea fins de consumo são 85% (con-forme gráfico 08), entre os mais criados estão os animais silvestres (conforme gráfico 09). A caça no terrtório Zoró é abundante e entre os animais mais caçados estão o porco do mato (Tayassú pecory), mutum e o tatu, segui-dos por cutia, paca e anta, conforme o gráfico 10.
Menina ralando mandioca Comendo mandioca
Suínos
Animais Silvestres
Caprinos
Aves
Bovinos
10 20 30 40 50 60 70
Anta
Porco do Mato
Cutia
Macaco
Mutum
Paca
Jabuti
Tatu
Veado
Peixes
96,0
99,0
98,0
95,0
99,0
97,0
87,0
99,0
94,0
94,0
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
16,0
80,0
4,0
0102Não possui
24,0
73,0
3,0
SimNãoNão respondeu
15,0
85,0
SimNão
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PIZ
Acer
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PIZ
Comendo mandioca
1.6.5 - RENDA
Apesar das famílias serem numerosas, resultados da pesquisa apontam que em 93% delas apenas uma ou duas pessoas possuem alguma renda mensal (gráfico 11), e esta renda, em 64% dos casos, não alcança mais que 1 salário mínimo (gráfico 12).
Gráfico 11- Nº de pessoas que possuem renda men-sal, por residência (%)
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 12- Renda (em salário mínimo, %)
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Os rendimentos são provenientes de planos assisten- ciais governamentais, da venda de produtos manufatu-rados, de artesanatos e do projeto coletivo de venda de castanha do Brasil, que é uma parceria da APIZ - Asso-ciação do Povo Indígena Pangyjej Zoró, com apoio do projeto Pacto das Águas, patrocinado pela Petrobras, que desde 2003 vem fomentando o comércio de castanha.
É uma alternativa sustentável de geração de renda para o povo e que possui uma expectativa de que na safra 2011/2012 sejam produzidas mais de 140 toneladas de Castanha-do-Brasil, que poderá ser comercializada por até quatro reais o quilo.
A adesão do povo Pangyjej Zoró a este projeto é alta, 88% dos entrevistados afirmaram participar do mesmo, como podemos conferir no gráfico 13.
Gráfico 13 - Participação no Projeto de Venda de Castanha do Brasil (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
No gráfico 14 podemos constatar que a Castanha do Brasil está realmente se tornando o principal produto do Povo Pangyjej Zoró, seguido pela farinha de milho, molho de pimenta, farinha de mandioca, artesanatos e café em pó, no entanto, salvo pela castanha, a maior parte da produção é para subsistência (gráfico 15).
Gráfico 14 - Produção - Principais produtos (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 15 - Venda da Produção (%).
Fonte: Sergio P. Cruz / Kanindé 2012.
Artesanato com penas e transporte da castanha do Brasil.
Castanha
Café em Pó
Molho de Pimenta
Farinha de Milho
Artesanato
Farinha de Mandioca
10 20 30 40 50 60 70
4,0
14,0
30,0
22,0
63,0
56,0
3,0
8,0
1 pessoa2 pessoas3 pessoas4 pessoas
menos de 1 salário1 salário2 saláriosNão respondeu
12,0
88,0
SimNão
5,0
38,056,0
1,0
Não vendeMaior parteMetadeMenor parte
Acer
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1.6.6 ARTESANATO
O artesano do povo Pangyjej Zoró é de uma sofisticação invejável, a complexidade das peças elaboradas a partir do tucumã e outras matérias naturais é muito alta. Colares, brincos, bandoleiras, pulseiras, cocares, anéis, bordunas, conjunto de arco e flecha, entre outros, são confeccionados por artesãos extremamente hábeis, a arte impressiona pela sua beleza, delicadeza e acabamento.
No entanto, pôde-se constatar que esta prática está subestimada como fonte de renda para o povo, em campo, nota-se que a produção de artesanato está mais associada ao uso pelos próprios Pangyjej Zoró do que para o comércio. Também foram encontrados poucos artesãos/artesãs em atividade, destes, a maioria eram mulheres, e reclamam da falta de uma logística para a comercialização.
A sede da associação APIZ na cidade de Ji-Paraná em Rondônia, mantém uma loja permanente onde vende os artesanatos tradicionais, porém a prática incipiente, ainda não criou meios de tornar atrativa essa atividade (conforme gráfico 16). Nos demais casos, as artesãs ficam à mercê da comercialização aos visitantes eventuais e exporádicos da Terra indígena Zoró. Nesta página e na seguinte,
produção de artesanato com tucumã, penas e outros materiais.
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1.6.7 SAÚDE
A maior parte das aldeias possui um sistema de abas-tecimento de água composto por poços e distribuição encanada, através de bombas d’água elétricas (gráfi-co 16). Apesar do baixo índice de preocupação com o tratamento desta água (gráfico 17), são poucos os casos de enfermidades provenientes dessa prática (gráfico 18), todavia, qualquer desarranjo no sistema que possa eventualmente ocorrer, colocaria em alto risco maior parte da população.
Gráfico 16 - Origem da água consumida (%).
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 17 - Tratamento de água consumida. (%)
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 18 - Principais enfermidades (%).
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 19 - Frequência de adoecimento (estimativa do nº de vezes ao ano).
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 20 - A quem recorrem em casos de doença
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Gráfico 21 - Aonde encontram atendimento de saúde
Fonte: Sérgio P. Cruz / Kanindé 2012.
Os técnicos ficam em uma das aldeias, fazendo visitas nas demais por 15 dias. A enfermeira visita as aldeias na época da vacina e visitas de suprevisão dos AIS – Agente Indígena de Saúde.
O médico do Programa Mais Médicos começou a atender recentemente em 2014 se instalando nas aldeias mais populosas e visitando as demais de acordo com a necessidade. (fonte: Validação dos estudos em 2014).
Dengue
Malária
Leishmaniose
Esquistossomose
Tuberculose
Hepatite A
Catapora
Pneumonia
Tosse
Viroses
Diabetes
Sarampo
Alergias
Gripe
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10,0
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6,0
poçorioágua de poço encanada
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5,0
fervurafiltragemquímiconenhum
4,0
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1 vez2 a 5 vezes6 a 10 vezesquase nunca
3,016,0
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Agente indígenaEnfermeiroMédicoOutro(s)
3,0
96,0
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na própria aldeianuma aldeia próximanuma cidade
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1.6.8 HABITAÇÃO
Entendemos por técnicas ocidentais de construção, as habitações feitas de madei-ra beneficiada e cobertas com telhados de amianto ou telhas de barro industria- lizadas. As de técnica mista são as que empregam madeira beneficiada jun-tamente aos materias naturais e por fim as de técnica tradicional são as casas elaboradas em permacultura, ou seja, as que empregam na obra apenas materiais naturais e obedecem a arquitetura ancestral. 92% das residências são construí-das com técnicas ocidentais, 4% com técnica mista e 4% com técnica tradicional (conforme gráfico 22).
Gráfico 22 - Modelo das habitaçães (%).
Fonte: Kanindé 2012.
Modelo de construção tradicional
Modelo de construção com técnica mista. Modelo de construção ocidental.
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92,0
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tradicionaltécnica mistaocidental
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1.6.9 EDUCAÇÃO
O início do processo de implantação do sistema de educação escolar formal para o povo Pangyjej Zoró se deu no ano de 1989. A primeira escola foi inaugurada na aldeia Central / Bobyrej. Os professores eram Pangyjej Zoró, porém o material ditático utilizado era o mesmo que tinha sido preparado especificamente para os Ikolen.
Esta etapa foi mais um desafio para os Pangyjej Zoró, ocorreram diversos con-flitos por conta da forma em que a educação fora instituída. Confinar jovens e crianças em salas de aulas, contrapunha diretamente o modo tradicional que o povo praticava a transmissão do conhecimento.
“A transmissão de conhecimento ente os Pangyjej se dá no dia a dia, no trabalho, nas histórias contadas, nos conselhos dados, na produção dos materiais de uso, nos rituais. Os mais velhos passam para os mais jovens, os pais para os filhos a sua sabedoria. Os “conselhos” são dados de ma- drugada, segundo a tradição. Quando os meninos já estão, com mais ou menos cinco anos são levados para a roça, a caça e a pescaria com seus pais. Todas as crianças, no colo, são levadas para as colheitas. As meni-nas, na mesma idade dos meninos, começam a carregar as coisas, lavar as panelas. O processo de socialização da criança vai se dando no dia a dia de acordo com o desenvolvimento da mesma. (LACERDA, 2002).
No início, os professores indígenas eram assessorados por professores não indí-genas e o relacionamento entre eles por diversas vezes não era muito amistoso. Os Pangyjej Zoró tentaram algumas vezes fechar as escolas por não concordarem com os métodos de ensino inter-cultural que lhes fora imposto. Apenas cinco anos mais tarde, o pastor luterano Ismael Tressmann, a linguista Ruth Montserrat e o professor Waratã Zoró formularam uma nova proposta ortográfica e um livro de
Aldeia escola Zawã Karej inaugurada em 2002
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textos com histórias do povo Zoró (Tressmann, 1994; apud Lacerda, 2005). Até então, haviam apenas duas escolas nas aldeias maiores; em 2005, já eram dez, além da escola polo Zawã Karej.
Muita negociação, algumas expulsões de professores não índios pelas lideranças indígenas, reformulações, ressignificações e novos entendimentos acabaram por dar forma ao atual modelo de ensino entre os Pangyjej Zoró.
“Criou-se uma escola pólo a escola (Zawã Karej) na aldeia Pawanewa, com o objetivo de dar continuidade à educação intercultural e bilíngue, seguindo o currículo escolar, que seria de 5ª a 8ª série. Então, os alunos estudam até a 4ª série nas aldeias e vem para a escola Pólo, onde pas-sam quinze dias consecutivos e outros 15 dias voltam para suas aldeia conforme o modelo das EFAs- Escolas Família Agrícola.” (LACERDA, 2005)
Há duas aldeias Escola Pólo, uma em cada extremidade do território, juntas, atendem mais de 120 alunos e possuem infra estrutura de salas de aula, refeitó- rios, alojamentos, banheiros e etc. Este processo contribuiu para o que vemos hoje entre os Pangyjej Zoró, um alto grau de escolaridade alcançada (cf. gráfico 23).
“Atualmente são 10 escolas funcionando e a equipe continua o trabalho de assessoria, incentivo, valorização da cultura e apoio à construção de seu processo próprio de aprendizagem.” (LACERDA, 2005).
Gráfico 23 - Grau de escolaridade (%)
Fonte: Kanindé 2012.
Quadro da Escola Pangyjej Zoró
Aldeia escola Zawã Karej inaugurada em 2002
Analfabeto
Lê e Escreve
Médio completo
Fundamental completo
Especial bilíngue
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1.6.10 FESTAS E RITUAIS
Historicamente as festas tradicionais aconteciam na época da colheita do milho, onde parte da produção era destinada ao feitio da chicha ou makaloba, uma bebida fermentada de baixo teor alcóolico que era consumida pelos Pangyjej Zoró.
Os núcleos familiares vizinhos se juntavam para as confraternizações. Eram ritos de agradecimento aos espíritos guardiões das matas, das águas e dos animais. A partir do processo de evangelização do povo Pangyjej Zoró, os costumes foram se modificando.
“Tradicionalmente, os Zoró realizavam suas festas no período das chuvas, por ocasião da colheita do milho. Para as festas principais (Gojanej, Zaga Puj, Gat Pi e Bebej) os xamãs atendiam solicitações que recebiam dos espíritos correspondentes. Em geral, cada aldeia realiza-va apenas uma delas a cada ano, prolongando-a por até três meses. A festa mais importante era Gojanej, que celebrava a visita do espíri-to-das-águas: o xamã incorporava o espírito malula (“tatu-canastra”), a quem os participantes deviam agradar, com presentes (flechas etc.), servir chicha e beijus de milho. Cada família, também, apresentava um jacaré vivo no pátio que, depois de abatido no interior da casa, era servido aos convidados. Na festa Zaga Puj os xamãs invocavam os espíritos que protegem a caça, a extração de mel e a coleta de frutas – como retribuição aos espíritos, as famílias expunham, em varais no entorno da aldeia, os produtos cultivados, como mandioca, cará, algodão, entre outros. Já na festa Bebej (“porco-queixada”), o xamã comunicava-se com o dono-dos-porcos, em busca de uma informação valiosa para os caçadores, a localização dos bandos de queixadas. Por fim, a festa Gat Pi (“caminho do sol”), que estava direcionada aos espíritos que habitam o mundo celeste” (LISBOA, 2008, apud DAL POZ, 2009).
Atualmente, as festas não são mais regadas à chicha fermentada, uma vez que o consumo de bebidas alcóolicas é severamente desaconselhado pela doutrina cristã evangélica.
As grandes festas acontecem quando os Pangyjej Zoró combinam entre si o local e a data. No dia escolhido as pessoas das mais diversas aldeias, se juntam para um culto cristão coletivo, com hinários de louvor traduzidos para a língua nativa.
A festa é organizada com certa antecedência e os participantes chegam ao local trazendo muita carne de caça e outros alimentos para compartilhar entre os presentes. O preparo das comidas começa cedo e dura o dia inteiro. A noite, ao som de guitarra elétrica e cantos amplificados por microfones, tem início o culto.
A participação da população é massiva, os cânticos e danças podem durar a noite inteira. Reservam para estas festas todo um final de semana, tempo hábil para o deslocamento dos moradores das aldeias mais distantes, para a caça e o preparo dos alimentos que serão consumidos durante os festejos.
Pintura corporal com jenipapo e confeccão de cocares com penas.
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Também participam desses eventos, os membros de outras etnias como os Ikolen, os Cinta Larga, os Paiter e os Arara.
Normalmente estas festas acontecem uma vez por ano, podendo acontecer mais de uma vez em casos especiais. Os mais velhos, se caraterizam com pinturas, cocares, bandoleiras, colares e outros adornos como o arco enfeitado com penugens brancas. Os mais jovens não demonstram essas preocupações, mas participam ativamente do evento, ajudan-do na preparação de todas as etapas e os detalhes da festa.
O local do rito se assemelha a um templo convencional, existe um palco de frente para diversos bancos paralelamente enfileirados. No começo, por volta das 20 horas, todos estavam sentados escutando as pregações dos pastores indígenas, em dado momento deu-se início aos cânticos rituais e as pessoas acompanhavam cantando as músicas e batendo palmas ritmadas, até que o cacique Maxianzap Zoró se levantou e começou a dançar em círculo no espaço que existia entre os bancos e o palco. Seguiu dançando e convidando as outras pessoas para que lhe acompanhassem, em minutos estavam praticamente todos envolvidos numa dança circular e o culto seguiu assim até seu término.
Abaixo e nas próximas páginas, imagens de culto evangélico realizado em 17 de junho de 2012, na aldeia Zawa Karej.
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CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2
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2.1 INTRODUÇÃO
A TIZ está inserida no município de Rondolândia, situado dentro do bioma Amazônico, que do ponto de vista político-administrativo é um dos municípios mais recentes criados naquele Estado e limita-se com os municípios de Juína, Colniza e Aripuanã (MT) e Cacoal, Ministro Andreazza e Ji-Paraná (RO). A área territorial do Município é de 12.701,56km², o que corresponde a 0,014% de Mato Grosso (903.386,10km²). Os dados do Censo do IBGE 2010 afirmam que a área é um pouco menor, possuindo apenas 12.670,803km².
A sede do Município está localizada nas seguintes coordenadas geográficas: 10°51’25” S e 61°27’23” W, e pertence a microrregião de Juína, as relações comerciais, financeiras e bancárias ocorrem com frequência com o município de Ji-Paraná – Rondônia, em razão da proximidade geográfica e mesmo porque um significativo número de propriedades privadas e negócios são de pessoas que mantém vínculos diretos com a cidade rondoniense.
ASPECTOS DO ENTORNO Ac
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2.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO Rondolândia é resultado da nova expansão agropecuária mato-grossense e consolida-se administrativamente na segunda metade da década de 90, quando é desmem-brada do Município de Aripuanã, sendo que o resultado dessa expansão atrai migrantes de várias regiões do Bra-sil, especialmente daqueles que já haviam desbravado Mato Grosso e Rondônia nos anos 70-90.
Foi criado em 28.01.1998 pela Lei 6.984 e instalado em 01.01.2001, portanto é um dos municípios recém-cria-dos e como tal carece de infraestrutura, o que acarreta sérios problemas, especialmente aqueles relacionados à saúde, uma vez que fica situado muito distante da Ca-pital do Estado (1.600 km de Cuiabá) e tem como prin-cipais elos - terrestre e sócio-econômico - as cidades de Ji-Paraná e Cacoal no estado vizinho de Rondônia.
Sua base econômica está focalizada principalmente no setor primário (agricultura e pecuária) e setor se-cundário, na indústria madeireira. O setor comercial do município é composto por pequenas empresas, a maio-ria de âmbito informal.
2.3 DEMOGRAFIA Em termos populacionais, o município de Rondolân-dia apresentava 3.156 pessoas (Estimativa IBGE/2004). Em 2002, atingiu 3.498 pessoas, e em 2003, elevou-se para 3.655 habitantes. E no Censo do IBGE (2010) a população chegou aos 3.604 habitantes, com projeção estatística para 2011 de 3.638 pessoas.
Em análise comparativa ao ano de 2003 houve uma redução percentual masculina de 55,07% (2.013) para 52,8% (1.777), enquanto no feminino ocorreu um incremento passando de 44,93% (1.642) para 47,2%. A Tabela 3 demonstra como a população situa-se nas faixas etárias em Rondolândia, sendo que naquele período 62,01% (1.018 mulheres) entre 10-49 anos encontram-se em idade fértil e na atualidade é repre-sentado por 65,21% (1.110 mulheres).
Pelos dados obtidos constata-se que 73,61% da popu-lação habita a área rural, comprovando que o municí-pio tem como base de sustentação econômica o setor primário, assim como a maior da população é formada por crianças e jovens (0-29 anos), entretanto a faixa
entre 30 a 39 anos, individualmente seja a mais expres-siva.
Em análise a Tabela 2, é evidenciado que as populações masculinas e femininas rurais em todas as faixas etárias são superiores àquelas encontradas na área urbana do município.
Os dados oficiais de 2010 confirmam que o município de Rondolândia apresenta uma densidade demográfi-ca muito baixa (0,28 hab/km²), o que indica um “vazio populacional”, devido a concentração de grandes latifúndios destinados à bovinocultura e a monocultura, principalmente por se tratar de uma área geográfica não consolidada e com baixos indicadores de urbanização.
Com base no Gráfico apresentado, a conclusão existente é que toda a população (3.604 habitantes) de
Fonte IBGE, Censo Demográfico 2010
TABELA 1- POPULAÇÃO – RONDOLÂNDIA (2010).
Faixa Etária Total Urbana Rural Masc. Fem.
0 a 4 anos 412 107 305 220 192
5 a 9 anos 397 103 294 218 179
10 a 14 anos 379 125 254 186 193
15 a 19 anos 358 73 285 180 178
20 a 24 anos 355 110 245 173 169
25 a 29 anos 340 92 248 241 167
30 a 39 anos 471 125 346 219 230
40 a 49 anos 392 100 292 140 173
50 a 59 anos 257 67 190 91 117
60 a 69 anos 154 22 132 48 63
70 anos ou mais 89 27 62 61 41
TOTAL 3.604 951 2.653 1.777 1.702
Fonte IBGE, Censo Demográfico 2010
TABELA 2 - POPULAÇÃO – FAIXA ETÁRIA E DISTRIBUIÇÃO – RONDOLÂNDIA (2010).
Faixa Etária Total Masc.Urb. Masc Rural Fem. Urb. Fem.Rural
0 a 4 anos 412 61 159 46 146
5 a 9 anos 397 63 155 39 140
10 a 14 anos 379 67 119 58 135
15 a 19 anos 358 31 149 42 136
20 a 24 anos 355 62 124 49 120
25 a 29 anos 340 36 137 55 112
30 a 39 anos 471 44 197 81 149
40 a 49 anos 392 67 152 33 140
50 a 59 anos 257 38 102 29 88
60 a 69 anos 154 13 78 9 54
70 anos ou mais 89 11 46 16 26
TOTAL 3.604 493 1.418 457 1.246
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alguma forma aufere algum tipo de rendimento direto ou indiretamente, sendo que a composição da renda per capita municipal se dá com a participação de 927 brancos (25,72%), 100 negros (2,77%), 08 amarelos (0,22%), 1.635 pardos (45,38%) e 934 indígenas (25,91%).
É importante resultar que as referências étnicas quanto à cor das pessoas são dadas pelo IBGE, que classifica o negro como preto, no presente trabalho nos referimos a autodeterminação dessa população. Vemos a questão étnica baseada no quesito cor como algo complexo e incompleto, principalmente em se tratando de um país multiétnico e multicultural como é o caso brasileiro.
No cômputo dos maiores rendimentos (03 a 10 SM) as populações negra e indígena são as que possuem menor ou nenhum acesso, confirmando o que ocorre no restante do país, e pelos números apresentados tem-se um panorama de como se encontra constituído os grupos étnicos do município.
Em termos de ocupação de trabalho efetivo (Tabela 3) verificam-se pequenas no que se referem algumas, à acessibilidade ao mercado de trabalho, representa-do por 30,10% de brancos, 4,16% de negros, 0,30% de amarelos, 46,42% de pardos, destoando no entan-to os indígenas com 19,02% - o que significa afirmar que entre essa população somente 1/3 desenvolve atividade com alguma remuneração, mesmo assim entre os indígenas, 80,38% encontram-se em trabalho sem carteira ou como trabalhadores de subsistência, o que representa 27,84% da totalidade populacio- nal inserida nos dois quesitos mencionados. Entre a população negra constatou-se 45,58% de seu efetivo encontra-se em condição análoga aos indígenas, o que corrobora com o descrito no parágrafo anterior.
Se tomarmos por base, os dados relativos aos autôno-mos, esses indicadores tornam-se mais elevados e neles se incluem também a população parda, o que de fato comprova um preconceito em relação à acessibilidade ao trabalho.
A questão pontuada leva-nos a outros indicadores que podem se relacionar à problemática de acesso ao mundo do trabalho e da ascensão socioeconômi-ca - principalmente entre os indígenas com elevadas taxas de não escolarização - como um importante dado para se entender a dinâmica do município. No caso de Rondolândia, os dados do IBGE apontam que 20,75% do total populacional é constituída por aqueles que não sabem ler ou escrever, considerando-se somente as pessoas com idade de 15 anos ou mais (Tabela 4).
Na análise dos dados acima se constata ainda que a faixa de 15 anos ou mais, representa um total de 50% das pessoas que não sabem ler ou escrever, de modo que coloca em risco o futuro dessa geração. Logo, se faz urgente a adoção de políticas públicas de educação que possibilite a esses jovens e adolescentes a ter acesso e permanência na escola, sob pena de ser cada vez mais excluído da cidadania.
Uma questão chama atenção sobre a tabela, visto que entre o índice com menor taxa de analfabetismo ocorra entre a população negra e fortemente acentuada entre as populações parda (em todas as faixas etárias) e bran-ca (em três das cinco faixas) superando ao índice geral apontado no município.
Há de se perguntar: poderá ser que a população negra não tenha acesso ao trabalho, possivelmente porque os anos de estudos são menores do que dos pardos e brancos ou poderá ser uma discriminação que ocorre na sociedade daquele município?
Fonte IBGE, Censo Demográfico 2010
TABELA 3 - OCUPAÇÃO ÉTNICA RONDOLÂNDIA (2010)Ocupação Branco Negro Amarelo Pardo Indígena Total
Carteira de Trabalho Assinada
Funcionário Público
Sem carteira
Autônomo Empregadores
Trabalhadores de subsistênciaTotal
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Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. (*) Conforme IBGE. (**) Média observada sobre as faixas etárias
TABELA 4 - TAXAS ÉTNICAS DE ANALFABETISMO RONDOLÂNDIA (2010)Idade Pessoas%* Branco %** Negro %**Pardo %** Indígena %**
15 anosou mais
15 a 24
25 a 39
40 a 59
60 ou mais
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21,9
18,18
12,96
23,93
23,29
8,03
9,10
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7,98
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36,63
27,27
35,18
37,42
36,98
33,42
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2.4 RELIGIOSIDADEA religiosidade é expressiva em Rondolândia e exercita-da em vários segmentos, sendo o Católico Romano em número de pessoas, seguido pela Batista, Pentecostal e Assembleia de Deus. Se considerarmos aquelas de origem cristã o percentual ultrapassa os 85%. A religi-osidade de origem indígena apresenta 109 seguidores.
É necessário, no entanto, qualificar a influência e existência de várias igrejas, principalmente as de matiz missionária em Terras Indígenas do município que tem contribuído para as mudanças dos valores espirituais, ancestrais e culturais das populações indígenas, inclusive várias lideranças tornaram-se pre-gadores. Esse caráter de influência tem produzido uma série de conflitos internos entre os indígenas que adquirem novas representações espirituais e cujo estra-nhamento não é aceito por parte da população, espe-cialmente a mais idosa.
2.5 PRODUÇÃO AGRÍCOLA E EXTRATIVISMONeste item verifica-se que no histórico do município de 2001-2010 a agricultura seja com a lavoura temporária ou a permanente tem diminuído gradativamente a área de plantio, inclusive no quantitativo da produção. A mandioca e o cacau são um dos poucos segmentos que tem experimentado um aumento ainda que tími-do na área, sendo que algumas das culturas tendem a desaparecer e/ou passar a ter uma pequena representa-tividade na economia de Rondolândia, motivados pela forte competição externa.
Em contrapartida, observa-se no período um aumento considerável da pecuária bovina – ver seção específica - o que resulta em expansão de áreas com consequente incremento de desmatamento. Os dados apontam que a mandioca e o milho (temporárias) e o café (perma-nente) são as mais expressivas em quantidade produzi-da, e as demais suprem parte da subsistência alimentar.
No tocante a extração vegetal (2001-2010), a partici-pação do município também é reduzida, sendo a ma-deira em tora e a lenha as mais representativas tanto em quantidade quanto para a economia local, ainda que essa atividade não seja sustentável a longo prazo. Com a exaustão de espécies madeiráveis nas propriedades rurais, a atividade possui a tendência de avançar sobre
terras indígenas e unidades de conservação, ocasionan-do uma série de conflitos entre madeireiros e indígenas, fato esse verificado com bastante frequência na região, sobretudo na TI Sete de Setembro (Paitery Garah).
Tendo por base o Censo Agropecuário 2006, que o município dispunha naquele período de 347.342ha de florestas naturais, podemos afirmar que o uso dos recur-sos florestais (resinas, cipós, alimentícios, oleaginosos, entre outros) é irrelevante, possivelmente não se torna atraente por alguns motivos, tais como:
a) dificuldade de extração, o que implica em mão-de-obra não qualificada ou por desconhecimento por parte da parcela; b) dificuldade de armazenagem na região; c) dificuldade e/ou inexistência de mercado.
Desse modo, a extração da madeira torna-se mais atrativa em vista do retorno do investimento ocorrer a curto prazo, além do que pela deficiência na fiscalização pública e a falta de punição a infratores favorece a ações predatórias, cujas consequências sociais e econômi-cas futuras podem inviabilizar o segmento com graves prejuízos à sua população.
2.6 INDÚSTRIA E COMÉRCIOA economia do município nos segmentos da indústria e comércio é incipiente em número de empreendimen-tos. Os dados obtidos da SEFAZ-MT (2002) apontavam que Rondolândia possuía 35 indústrias com atividade de processamento de madeiras, 02 com produção de gêneros alimentícios e 01 com produção diversa. Esses dados não apontam o porte destas indústrias, se se tratam de micros, pequenas, médias ou grandes.
2.7 SERVIÇOS URBANOSOs serviços oferecidos são extremamente precári-os, uma vez que o município, conforme apresenta o Ministério da Saúde não possui rede de esgotos, sanea-mento básico, incluindo água tratada.
Para os atendimentos básicos de saúde existia um Cen-tro de Saúde (Ministério da Saúde, 2004). Em 2009 (IBGE, Assistência Médica Sanitária 2009; Rio de Janei-ro: IBGE, 2010) contava com três estabelecimentos de saúde pública municipal com atendimento ao SUS e
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sem internação, sendo que primeiro deles apresenta-va atendimento médico ambulatorial, especialização básica e apoio à diagnose, atendimento odontológico e emergência e terapia. Os casos mais graves de saúde são tratados em municípios vizinhos, principalmente os municípios maiores que possuem uma melhor estrutura de atendimento.
Em relação ao sistema de telefonia fixa conta com alguns poucos telefones, sendo que não existem serviços de telefonia celular. A energia elétrica fornecida pela CEMAT, conforme dados da própria empresa, em 2002 atendia apenas 71 residências, 01 indústria, 15 comér-cios e 09 outros não especificados.
O município conta com 01 agência da Empresa Brasilei-ra de Correios e Telégrafos, e para o lazer da população existe uma quadra desportiva simples pertencente à Prefeitura de Rondolândia.
2.8 EDUCAÇÃOOs dados do IBGE apontam que 20,75% do total populacional é constituída por aqueles que não sabem ler ou escrever, considerando-se somente as pessoas com idade de 15 anos ou mais. Na análise desses dados se constata ainda que essa faixa etária representa um total de 50% das pessoas que não sabem ler ou escrever, tal fato coloca em risco o futuro dessa geração. Logo, se faz urgente a adoção de políticas públicas de educação que possibilite a esses jovens e adolescentes a ter acesso e permanência na escola, sob pena de ser cada vez mais excluído da cidadania.
Rondolândia, segundo informações do MEC (2002) possuía 02 unidades de ensino atendendo a Pré- Escola, 01 unidade urbana com ensino fundamental, 09 escolas rurais e 01 escola estadual de ensino médio na zona urbana. Em 2011, o município possuía um total de 1.402 pessoas com idade escolar (0-17 anos), o que corresponde a 29,90% do total populacional. Entre-tanto, esse número é bem maior, considerando que a existência de pessoas com idade superior a 17 anos.
No entanto, o número de alunos matriculados são 1.184, com a seguinte distribuição: a) 19 em creche; b) 138 na pré-escola; c) 405 no ensino fundamental anos iniciais; d) 354 no ensino fundamental anos finais; e) 268 no ensino médio (MEC, 2011). Observa-se que o total de alunos matriculados em 2011 é menor do que aqueles de 2009 que totalizava de 1.295 alunos nos níveis pré-escolar, fundamental e médio, com um efetivo de 93 professores distribuídos nas redes
estaduais e municipais em 08 escolas de pré-escolar, 10 em ensino fundamental e 02 em ensino médio. Ressalta-se, porém que tanto as escolas estaduais, quan-to as municipais possuem mais do que um nível de ensi-no, com isso tem-se 12 escolas no município, inclusive rurais e indígenas.
É necessário destacar que o município não possui o ensino superior, o que obriga os alunos concluintes do ensino médio a duas opções:
a) sair do município à procura de outros centros que possuem maior oferta de ensino em um grau imediata-mente superior; b) interromper o processo educacional e a aquisição de conhecimento.
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CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 3
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3.1 INTRODUÇÃOO bioma amazonia é megadiverso e possui heterogenei-dade ambiental, com ecossistemas de florestas de ter-ra firme divididos em toposseqüências distintas (platô, encosta e baixio), florestas alagadas sazonalmente (várzea e igapó), campinas, campinaranas e encraves de savana (NELSON E OLIVEIRA, 2004).
A megadiversidade pode ser exemplificada pela riqueza de espécies do estrato arbóreo que pode ultrapassar mais de 300 espécies em um único hectare (OLIVEIRA, 2001). No Brasil esse bioma encontra-se na região norte do país, somado a parte do estado do Maranhão e Mato Grosso, a chamada Amazônia Legal.
Além da questão biológica, a diversidade de popu-lações indígenas é a maior do Brasil, segundo dados do ISA (2010), mais de 80% das etnias reconhecidas no Brasil estão nessa região. Hoje, 21,6% da Amazônia legal é protegida por Terras Indígenas, são 406 territóri-os reconhecidos oficialmente (ISA, 2010).
Com as crescentes taxas de desmatamento é ressalta-da a ameaça à integridade cultural desses povos e aos seus ambientes nativos. No Brasil, as áreas devastadas estão em sua grande maioria concentradas nos estados do Pará, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins e Rondônia, além da parte sul do Amazonas.
Uma das estratégias adotadas atualmente por organizações indígenas e indigenistas é a realização de zoneamentos
ESTUDOS BIOLÓGICOS
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territoriais para que as diretrizes às futuras estratégias de gerenciamento, reconhe- cimento e utilização dos recursos naturais aconteçam.
O conhecimento atual a respeito da diversidade biológica é extremamente ínfimo, vide novas espécies de mamíferos sendo descritas a cada ano para a Amazônia. Diante do processo acelerado de devastação que nossa floresta Amazônica vem sofrendo é necessário o desenvolvimento de programas de conservação, monito-ramento e uso sustentável de recursos biológicos. Inventariar e monitorar a fauna e flora de determinadas porções de um ecossistema são os primeiros passos para gerar, armazenar e utilizar dados para a conservação e uso racional da biodiversi-dade. Dentre os grupos mais utilizados em estudos nesta área estão os mamíferos (CULLEN et al., 2003).
Alianças bem estruturadas com comunidades indígenas para conservação e desenvolvimento são de fundamental importância (ZIMMERMANN et al., 2001; SCHWARTZMAN & ZIMMERMAN, 2005), considerando que quase um quinto de toda a Amazônia brasileira está atualmente destinado a reservas e territórios indígenas.
Os cientistas da conservação estão cada vez mais convencidos de que os territóri-os indígenas, dado seu tamanho e estado de proteção, serão um fator decisivo no futuro do ecossistema amazônico (PERES & ZIMMERMAN, 2001; PIMM et al., 2001; FEARNSIDE, 2003; SCHWARTZMAN & ZIMMERMAN, 2005). Assim, é importante que o processo de ocupação e utilização dessas áreas seja pautado num sistema que minimize os impactos ambientais negativos e que busque a sustentabilidade dos recursos naturais. Para tanto, é imprescindível a realização de diagnósticos e monitoramentos dos fatores ambientais.
Área desmatada na Terra Indígena
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3.2 VEGETAÇÃONa área inventariada foi observada alta diversidade, contabilizada por 318 espécies, distribuídas em 136 gêneros e 56 famílias. Dessas, 10 espécies foram definidas apenas em nível de família e 17 não foram identificadas.
As famílias que apresentaram o maior número de espécies foram: Fabace-ae (51); Malvaceae (21); Moraceae (18); Lecythidaceae (15), Sapotaceae (13); Apocynaceae (14); Burseraceae (11); Euphorbiaceae (12); Annonaceae, Meliaceae, Lauraceae (10).
A quantidade de espécies encontradas no levantamento realizado na TI Zoró está dentro da amplitude esperada para a fisionomia: 96 (SILVEIRA, 2001) a 362 (PEREIRA ET AL.,2005) espécies registrada em diferentes localidades da Amazônia brasileira. Além do número de espécies, os dados florísticos obtidos confirmam que as famílias botânicas representam um grande número de espécies.
Destaca-se a riqueza de espécies de potencial madeirável como a Amburana cearensis var. acreana (Cerejeira - Akap) que foi amplamente avistada e que merece destaque por estar localmente ameaçada de extinção, segundo a listagem oficial do IBAMA (2008). Outra espécie destacada por sua ampla utilização dos frutos é a Bertholetia excelsa (Castanheira – Mangap) que também é incluída nessa listagem.
O reconhecimento vegetacional dos indígenas que nos acompanharam, Benamu e Marina, é elevado, pois não só reconheciam e diferenciavam, como descre-viam e nomeavam diversas espécies avistadas, mesmo aquelas que não possuíam aparentemente alguma forma de uso direto.
O extrativismo florestal é uma das fontes de alimento utilizadas pelos indígenas da TI Zoró. As árvores frutíferas encontram-se espalhadas ao longo da mata e a população realiza as coletas muitas vezes quando saem para caçar na flores-ta. 25 espécies identificadas dão frutos comestíveis (19 árvores e 06 palmeiras). Podemos destacar as espécies: Theobroma microcarpum (Alabir – Cacauí), Theobroma sylvestris (Akup – cacau da mata) Bertholletia excelsa (Mamgap - castanheira), Endopleura uchi (Ipwap – uxi liso), Spondias lutea (Bixuga - cajá) como fontes de frutos comestíveis. Na TI Zoró existem diversas espécies de palmeiras, e são elas: Astrocaryum aculeatum G.Mey. (Naluj – tucumã) Euterpe precatoria (Bibkap - açaí), Iriartela setigera (paxiubinha), Oenocarpus bataua (Ujkap – patauá), Orbygnia phalerata (Pasawa - babaçu) e Socratea exohriza (Pãriã – paxiuba).
O territorio Zoró é reconhecido um elevado potencial de espécies madeirei-ras existentes, fato constatado pela exploração madeireira (de forma ilegal) que ocorreu mais intensificadamente no passado, mas que ainda hoje é notada. Espécies como: cerejeira (Akap), louros, angelins, garapeira (Giniwãwip), entre outras foram avistadas na floresta remanescente que percorremos.
Na tabela 05 encontram-se registrados os nomes indígenas das espécies com seus respectivos correlatos segundo sistema de classificação euroamericano e os eventuais usos concernentes a elas.
Pesquisadores de Vegetação trabalhando
48
TABELA 5 - NOMENCLATURA CIENTÍFICA, INDÍGENA (ZORÓ) E EVENTUAIS USOS DADO PELOS INDÍGENAS DA TERRA INDÍGENA ZORÓ, RONDOLÂNDIA –MT.
Nome científico
Amburana acreana (Ducke). A.C. Smith
Apuleia leiocarpa
Astrocaryum aculeatum
Bauhinia sp.
Bertholletia excelsa Humb. & Ponpl
Bombacopsis macrocalyx
Brosimum rubescens Taub
Capirona decorticans Spruce
Caryocar sp.
Casearia javitensis H.B.K.
Cassia sp.
Cecropia sp.
Cedrela fissilis Vell.
Ceiba pentandra
Chorisia speciosa
Chrysophyllum sp.
Copaifera multijuga
Couratari longipedicellata W.A.Rodrigues
Dipteryx odorata
Duguetia surinamensis
Dulatia sp.
Endopleura uchi Huber
Enterolobium sckomburgkii
Eugenia sp.
Euterpe precatoria Mart.
Ficus sp.
Geissospermum argenteum Woodson
Guarea guidonia (L.) Sleumer
Guarea sp.
Guatteria olivacea R.E.Fr.
Hevea brasiliensis Aubl.
Hymenaea courbaril
Hirtela racemosa
Hymenolobium modestum
Hymenolobium sp.
Hymenolobium sp.
Inga cayanensis
Irianthera ulei
Jacaratia sp.
Leguminosae 01
Leguminosae 02
Lueheopsis rósea
Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg.
Meliaceae
Mezilaurus itauba (Meissn.) Taubert. ex. Mez.
Micropholis sp.
Moraceae
Myrcia sp.
Nome indígena
Akap
Giniwãwip
Naluj
Mangangap
Mamgap
Abuluptapu
Bujak-ij
Bixagap
Kusyj
Betig
Tiber
Apungâp
Kujã
Abulyptapua
Aborop
Akabikyp
Nangawip
Wabep
Xiber
Zãygan
Ambusar
Ipwap
Kupeteg
Ippitin
Bipkap
Bulikakyp
Pipem
Dabeappep
Japerep
Jabulap
Bar
Bade
Nambegepit
Ibugakir
Itikunsum apejip
Titinim
Gulubug
Nakaptigipwip
Ibug
Zugup
Makapkãj
Basepburyp
Idigip
Irsep
Zulup
Basepiwup
Abixereq
Basepkupenyg
Usos
madeira
madeira
frutos palhas
remédio
madeira, fruto
madeira, fruto
madeira
madeira, fruto
remédio
madeira
madeira
madeira
madeira, remédio
madeira
madeira
fruto
fruto
fruto
fruto, palha
fruto
madeira
fruto
látex
fruto
madeira
fruto
fruto
madeira
fruto
49
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
NI
Ocotea parviflora
Oenocarpus bataua Mart.
Olacaceae
Orbygnia phalerata Mart. Ex Spreng
Parahancornia fasciculata
Peltogyne paniculatum
Piptadenia sp.
Pouteria caimito (Ruiz & Pav) Radlk.
Pradosia sp.
Protium decandrum
Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav) Macbr.
Quinaceae
Sapium marmiele Pax
Sclerolobium férrea
Simphonea globulifera
Siparuna guianensis Aubl.
Socratea exohriza Mart H. Wendl.
Spondias lútea
Sterculia sp.
Symphonea globulifera
Tabebuia incanum
Tachygalia myrmecophyla
Tetragastris panamensis (Engl) Kuntze
Theobroma microcarpum
Theobroma sylvestris
Thyrsoideum spruceanum Benth.
Trattinickia rhoifolia Willd.
Trichilia cipo (A.Juss.) C. DC.
unonopsis duckei
Virola multinervia Ducke
Vitex trifolia L.
Xylopia aromática
Xylopia sp.
Pauzeregjam
Dagdogkir
Buxi
Badekup
Buliri
Talupep
Murirapé
Burarap
Manlixip
Akabisum
Gulupatiap
Bugbuga
Garapiter
Najparber
ujkap
Ip pep
Pasawa
Iptulukap
Ipwup
Amipu
Zugzug
Zajgur
Kasanem
Ipeb
Mangãngam
Japtigap
Gusunam
Zujkajã
Gerejun
Pãriã
Bixuga
Aledjag
Walawala
Mengkirkawip
Zujbirap
Abi
Alabir
Akup
Atam
Aberetyngam
Bagaxir
Alassopé
Ikarap
Itipabikip
Zapabiap
Pixam
madeira
fruto, palha
madeira
fruto, palha
fruto
madeira
madeira
fruto
remédio
fruto
remédio
madeira
fruto, palha
fruto
madeira
fruto
fruto
remédio
remédio
50
A espécie mais densa foi Theobroma microcarpum (cacauí - Alabir), o que ocasionou que apresentasse o maior índice de valor de importância (IVI), em segun-do lugar ficou Orbygnia phalerata (babaçu). No 3º, 4º e 5º lugar, estão as espécies: Euterpe precatória (açaí), Trattinickia rhoifolia (breu) e Protium giganteum (breu), respectivamente. Guarea guidonea e Orbygnia phalerata foram as espécies mais freqüentes, ocorrendo em todos os conglomerados amostrados. Aspidosperma nitidum, Sapium marmieri, Pseudolmedia laevis, Socratea exohriza e Brosimum rubescens, Euterpe precatoria, Protium giganteum e Hymenaea intermedia em quase toda a área.
Theobroma microcarpum, Euterpe precatoria, Orbygnia phalerata, Trattinickia rhoifolia, Socratea exohriza, Guarea guidonea, Wettinia augusta, Protium giganteum, Iriartela sp. foram as mais densas. E aquelas mais do- minantes, ou seja, as que possuem grandes áreas basais são: Orbygnia phalerata, Theobroma microcar-pum, Trattinickia rhoifolia, Aspidosperma nitidum, Protium giganteum, Hymeneae intermedia, Maquira sclerophylla, Sapium marmieri, Pouteria guianensis, Protium decandrum.
As localidades percorridas provavelmente apre-sentam-se como um refúgio para fauna, muito embo-ra florística e fisionomicamente tenham características de um ambiente alterado pela exploração madeireira. Tal fato foi atestado pelo estabelecimento e o adensa-mento de plantas exigentes de maior luminosidade, dada a abertura de dossel, como as palmeiras, sororo-cas, e algumas espécies do gênero Vismia, Cecropia e Apeiba. Além disso, foram avistados grande quantidade de carreadores novos e antigos.
A escolha da alocação do ponto de amostragem no centro da TI, teoricamente nos asseguraria a maior inte- gridade do ambiente nativo, uma vez que as fazendas e a pressão madeireira estariam mais concentradas nos limites desse território. Porém o que foi constatado permite a sugestão de dois cenários: 1) que as áreas limítrofes do território estejam mais degradadas e o que foi amostrado seja a localidade mais preservada da TI, ou 2) a exploração dos recursos, principalmente madeireiro, com o corte seletivo ocorre de forma homogênea em toda a área e o ambiente que foi amostrado reflete a realidade ambiental da maior parte da TI.
Dada as informações obtidas pelas análises fitosso-ciológicas destacamos duas espécies de palmeiras (Orbignya phalerata e Euterpe precatoria) e uma
arbórea (Protium spp.) como as de maior destaque para futuras ações que priorizem a coleta com finalidade comercial. E são elas:
Babaçu (Orbignya phalerata Mart.) foi a segunda espé-cie de maior IVI e tem ampla distribuição na área. Essa possui sementes oleaginosas e comestíveis das quais se extrai um óleo empregado, sobretudo, na alimentação. Além, de ser alvo de pesquisas avançadas para a fabri-cação de biocombustíveis. Do broto, se extrai palmito de boa qualidade, o fruto, enquanto verde, serve para defumar a borracha. Quando maduro, a parte externa é comestível. Das folhas e espatas se fabricam esteiras, cestos, chapéus, entre outros produtos.
Açaí solteiro (Euterpe precatoria Mart.) apresenta elevada densidade de indivíduos potencialmente pro-dutivos, e, portanto pode ser um recurso alvo a ser explorado. Da palmeira, tudo se aproveita: frutos (alimento e artesanato), folhas (coberturas de casas, trançados), estipe (ripas de telhado), raízes (vermífugo), palmito (alimento e remédio anti-hemorrágico). O maior potencial comercial encontra-se no processa-mento e venda dos frutos.
Breu (Protium spp.) gênero representado por pelo menos seis espécies na TI Zoró é um recurso destaque no ter-ritório. Do tronco das árvores se extrai uma resina com elevado valor agregado. Sua composição é, em grande parte, de ácidos resinóicos. É industrialmente utilizada para a fabricação de verniz, velas para iluminação e repulsivas de insetos. Seu óleo essencial é largamente empregado na indústria cosmética e de perfumes. Pos-sui propriedades anti-inflamatórias, é utilizada no trata-mento das dores reumáticas e musculares, das infecções das vias respiratórias e picadas de insetos.
Além dos produtos obtidos por essas espécies mencio-nadas acima, existe potencialidade de extração com finalidade comercial do óleo-resina de copaíba, da castanha-do-brasil e do látex da seringueira. Embora não tenham aparecido como as espécies mais densas, frequentes e ou dominantes, a copaíba, a castanheira e a seringueira são bem representados na localidade.
O extrativismo destinado à comercialização, quando respaldado pelo planejamento que vise a coleta racional, é de suma importância para a garantia da sustentação da atividade, sob o ponto de vista ecológico. Dessa forma, é fundamental que sejam elaborados planos de uso para as espécies de interesse com a finalidade da não exaustão do recurso, bem como pesquisas de demanda de merca-do para a destinação certa de eventuais produções.
51
3.3 MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE Alguns animais silvestres, principalmente os mamíferos diurnos, geralmente os de médio e grande porte, apresentam grande potencial para o desenvolvimento de atividades sustentáveis tanto em termos ambientais, como sociais e econômicos. Além disso, é a principal fonte de proteína para diversas populações de algu-mas regiões, somente sendo trocada pelo peixe em regiões que possuem grandes corpos d’água.
A taxa geral foi de 9,85 avistamentos / 10 quilômetros percorridos, taxa esta consi- derada alta ao ser comparada com outras localidades amostradas durante a Segun-da Aproximação do Zoneamento Socioeconômico Ecológico – ZSEE, realizado no estado de Rondônia ou em outros levantamentos realizados em Terras Indígenas, como a T.I. Sete de Setembro, localizada no estado de Rondônia, T.I. Jiahui, loca- lizada no estado Amazonas e T.I. Trombetas/Mapuera, localizada no estado do Pará.
O maior número de avistamentos é da comunidade de primatas da área de estudo, com 49% dos registros, distribuídos entre 7 espécies (Tabela 6). Este padrão é espe-rado quando se utiliza a metodologia de transecção linear, pois o avistamento de animais que apresentam comportamentos menos discretos e/ou vivem em bandos é sempre maior do que animais silenciosos ou solitários.
Macaco Prego, Sapajus Apella
TABELA 6 - NÚMERO E TAXA DE AVISTAMENTO / 10 QUILÔMETROS PERCORRIDOS DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE REGISTRADAS DURANTE OS 142 QUILÔMETROS PERCORRIDOS DURANTE O LEVANTA-MENTO REALIZADO NA TERRA INDÍGENA ZORÓ.
Ordem
Primates
Artiodactyla
Rodentia
Carnivora
Total
Família
Atelidae
Cebidae
Pitheciidae
Cervidae
Tayassuidae
Dasyproctidae
Cuniculidae
Sciuridae
Felidae
Procyonidae
Mustelidae
Nome Científico
Ateles chamek
Alouatta puruensis
Sapajus apella
Saimiri ustus
Mico sp.
Callicebus bernhardi
Phitecia irrorata
Mazama americana
Mazama nemorivaga
Pecari tajacu
Tayassu pecari
Dasyprocta fuliginosa
Dasyprocta variegata
Myoprocta pratti
Cuniculus paca
Sciurus ignitus
Sciurus spadiceus
Puma concolor
Panthera onca
Nasua nasua
Eira barbara
Nome Comum
Macaco aranha
Bugio, Gariba
Macaco prego
Mão de ouro
Mico
Zogue zogue
Macaco velho
Veado vermelho
Veado roxo
Cateto
Queixada
Cutia-preta
Cutia-marrom
Cutiara
Paca
Quatipuru
Esquilo
Onça parda
Onça pintada
Quati
Irara
Nº de avistamentos (taxa por 10km percorridos)
3 (0,21)
2 (0,14)
25 (1,76)
10 (0,70)
10 (0,66)
12 (0,84)
7 (0,56)
3 (0,21)
2 (0,14)
3 (0,21)
8 (0,56)
35 (2,46)
5 (0,35)
1 (0,07)
1 (0,07)
6 (0,42)
2 (0,14)
2 (0,14)
1 (0,07)
1 (0,07)
1 (0,07)
141 (9,85)
Isra
el V
ale
/ Kan
indé
52
O tamanho corpóreo, assim como o uso dos recursos das espécies avistadas variaram de pequeno porte, (Mico sp), á primatas de grande porte, como o macaco aranha (Ateles chamek), os quais usam diferentes tipos de extratos e recursos florestais. A espécie Sapajus apella (Macaco-prego) foi dentre o grupo de primatas, a espé-cie com o maior número de avistamentos, totalizando 25 avistamentos durante as duas etapas do diagnósti-co. Isso se deve ao fato dos cebídeos possuirem uma grande capacidade de adaptação a qualquer ambiente e geralmente não entram na lista de espécies caçadas para consumo dos indígenas.
Os avistamentos para a espécie de mico (Mico sp.) para a área gerou dúvidas quanto a identificação taxonômica, sendo necessário o manuseio ou até mesmo coleta de espécimes para uma identificação mais precisa. Como os objetivos do trabalho, a princípio, não demons- travam necessidade de uma identificação mais precisa deste animal, não houve coleta ou outro tipo de captu-ra, ainda assim a equipe não possuía licença para tal.
O segundo grupo com maior número de avistamentos foi o dos roedores, com 36% dos avistamentos (50 avis-tamentos) divididos entre 6 espécies (Tabela 1). Onde a espécie com maior número de avistamentos foi a Cutia – preta (Dasyprocta fuliginosa) com 35 avistamentos. Em seguida, aparece os Artiodactyla com 11% dos regis-tros divididos entre 04 espécies, onde o maior número de avistamentos pertence a Tayassu pecari com um total de 08 registros.
Os carnívoros aparecem como a família com o menor número de registros, com apenas 4% da percentagem total de avistamentos, onde foram registradas 4 espécies pela metodologia de transecção linear. Isto é consi- derado normal, visto a dificuldade de detecção destes animais. Vale ressaltar os avistamentos de Panthera onca e Eira barbara, estes animais são extremamente raros de serem avistados com a metodologia de transectos lineares.
Foram registradas cinco espécies de mamíferos nas armadilhas fotográficas sendo elas Leopardus pardalis (Jaguatirica), fotografada na câmera alocada em um carreador nas proximidades da Aldeia do Luiz, Panthera onca (Onça Pintada), registrada em outra câmera, sendo outro carreador mais distante da aldeia, Cuniculus paca (Paca), Eira barbara (Irara), e Tayassu tajacu (Caititu). Os registros de felinos são de grande importância para a área de estudo, por se tratarem de espécie de difícil detecção. Ambas as espécies de felinos estão listadas com “Vulneráveis à extinção” pela lista do Ministério do
De cima para baixo: Cutia-marrom (Dasyprocta variegata), queixada (Tayassu Pecari), Veado Vermelho (Mazama americana)
Isra
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indé
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Meio Ambiente – MMA, de 2008, destacando a área como importante para as populações de carnívoros.
Hoje o povo Pangyjej Zoró alimenta-se de quase todos os animais que existem na floresta, porém, nem sempre foi assim. Antigamente não se comia primatas porque corria o risco de se contrair malária, mas hoje não existe mais essa restrição, sendo o macaco mais consumido, o macaco preto – Ateles mittermeieri, e que inclusive sua carne deixa o homem mais forte para fazer filho. Outros animais que os indígenas não consumiam e hoje con-somem é a Paca – Cuniculus paca, pois deixava fraco e barrigudo, e veado vermelho, que deixava tonto os que comiam sua carne. O que se percebe é que hoje essas restrições somente são seguidas pelos indígenas mais velhos, sendo que os mais novos já não respeitam total-mente a cultura. Segundo informações do pesquisador indígena Panin, os homens que tem filho recém-nascido não podem comer macaco prego, veado vermelho e cateto, pois o filho pode ter problemas como ficar “doido” e chorar muito.
Alguns mamíferos foram citados pelos pesquisadores indígenas como não consumidos em hipótese alguma pelo povo Pangyjej Zoró, sendo eles: mucura, morce-go, onça, cachorro do mato, capivara, tatu canastra, ratos, porco espinho, macaco da noite, irara e mão pe-lada. Segundo os indígenas, não comem estes animais porque nunca se interessaram em experimentar, não relacionando com nenhum mito ou crença.
Macaco Aranha (Ateles Chamek)
TABELA 7 - NOME DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS REGISTRADAS PARA A TERRA INDÍGENA ZORÓ, SEGUNDO A LÍNGUA TUPI-MONDÉ.
Nome popular
Zogue-zogue
Mão-de-ouro
Macaco-prego
Mico
Macaco-velho
Cuxiú
Macaco-aranha
Macaco-barrigudo
Onça-pintada
Onça parda
Jaguatirica
Queixada
Cateto
Veado vermelho
Veado roxo
Anta
Capivara
Paca
Cutia
Tamanduá bandeira
Tatu canastra
Tatu quinze quilos
Tatu galinha
Nome em Tupi-mondé
Mandyr
Ximgyp
Basajkap
Gupxryr
Palapsea
Basaykap
Alime
Allimekur
Neku
Nekup
Nekukyp
Bebe
Bebekur
Iti
Itipep
Wasa
Wasabira
Anza
Waki
Wasakuli
Malula
Wazuj
Wanzujkaber
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/ Kan
indé
54
Acima à esquerda, pegada de anta (Tapirus Terrestris) e à direita, pegada de onça (Panthera onca). Na imagem central e ao lado, Macaco Barrigudo (Lagothrix Cana).
Isra
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indé
55
Com os caçadores foi possível obter outras histórias e lendas:
•O espírito do macaco-aranha (Ateles chamek) vira pajé, assim como o da anta (Tapirus terrestris) e do queixada (Tayassu pecari).•Quando há alguma agressão a outra pessoa na aldeia, os moradores se referem ao espírito destes animais que se transformaram em pajé.•Quando o filho de qualquer caçador estiver peque-no não pode matar veado, pois esta criança pode ficar doente.•Em épocas de festas, como o natal e ano novo, todos os caçadores caçam todo o tipo de animal que puder, com isso realizam um grande banquete para toda a aldeia, a fim de comemorar as datas. Levando em consideração a questão da extração de madeira e de formação de fazenda em uma das extre- midades da terra indígena, provavelmente está ocor-rendo um adensamento de mamíferos nos locais mais preservados.
A retirada de madeira da terra indígena leva os ma-deireiros a permanecerem por muito tempo dentro dos limites da área, levando ao consumo dos recursos que são importantes para a sobrevivência dos povos indí-genas, que acabam sofrendo com a redução da caça ou da pesca. A fragmentação pode vir a impedir a recolo-nização da área por populações que não são caçadas, além de proporcionar uma menor oferta e uma menor qualidade de recursos para os animais que se alimen-tam de frutos e sementes.
O registro de animais constantes nas listagens de espécies ameaçadas reforça a importância do uso de forma sustentável da área, pensando sempre no manejo dos recursos para diminuição dos impactos. Sabendo da existência destas espécies de grande valor conserva-cionista, aumenta ainda mais o destaque da área em um contexto de proteção de espécies ameaçadas.
3.3.1. Caça de subsistência
Ao todo foram registrados 112 abatimentos, sendo 84 registros de mamíferos e 28 registros de aves. Foram abatidas 18 espécies, sendo elas: Dasypus novemcinctus, Ateles chamek, Lagothrix cana, Cebus apella, Cuniculus paca, Dasyprocta azare, Panthera onca, Nasua nasua, Tapirus terrestris, Tayassu pecari, Mazama americana, Pecari tajacu, Psophia viridis Spix, Aramides cajanea, Pauxi tuberosa, Penelope superciliaris, Aburri cujubi e ´Ara sp.
A espécie mais caçada foi T. pecari (29) com 26% do total de registros. Dentre o grupo das aves, a espécie P. tuberosa (15) foi a que obteve um número maior de registros com 13,4% do total. Das 18 espécies caçadas, apenas duas de mamíferos (Panthera onca e Lagothrix cana) e três espécies de aves (P. viridis Spix, P. superciliaris e A. cajanea) apresentaram apenas um registro de abatimento.
O valor total da biomassa de carne de caça abatida foi de 3.004 Kg, sendo que 94,74% desta biomassa foram de mamíferos e 5,26% de aves. As espécies que mais contribuíram para esta biomassa foram T. pecari (1.110 kg - 36,95%), P. tajacu (918 kg - 30,55%) e T. terrestris (442 kg - 14,71%). Já para as aves somente a espécie Pauxi tuberosa (101 kg - 3,36%) obteve um número relevante de biomassa. A espécie T. terrestris teve somente três indivíduos abatidos durante os meses analisados, porém todos os indivíduos eram fêmeas.
Lara
Din
iz
Lara
Din
iz
Lara
Din
iz
Da esquerda para a direita, abatimento de veado (mazama americana), preparando a carne de paca (cuniculus paca) e abatimento de quati (nasua nasua).
56
Dentre os mamíferos o queixada (T. pecari) obteve maior número de registros de abatimento seguido de cateto (P. tajacu) com 33,3% do total de animais abati-dos. O grupo dos ungulados (animais de casco) representou a maior parte dos mamíferos caçados, correspondendo a 76,10% dos registros, seguido dos primatas com 9,6% e os roedores com 7,2%. O grande porte dos ungulados fez com que estes representassem também uma parcela maior do total de biomassa caçada com 93,63% e restando 6,37% distribuídos entre as outras ordens.
Dentre as aves, o mutum (P. tuberosa) teve maior número de registros de abates com 53,57%, seguindo da arara (Ara sp.) com 21,43%, e jacutinga (Aburri cujubi) com 14,29%. No total de abatimentos para o grupo, a ordem galiforme foi dominante, representando 71,43% (Tabela 2). O mutum (P. tuberosa) também teve maior percentual de biomassa, representando 63,9% do total, seguindo do jacutin-ga (Aburri cujubi) com 16,5%, e arara (Ara sp.) com 12,6%.
A atividade de caça foi classificada exclusivamente para a alimentação das famílias. No total, foram registrados 43 eventos de caça, todas tiveram o aparato de armas de fogo para os abatimentos, assim como o uso de cachorros em grande parte. O uso de armadilhas para atração e captura de animais não foram registradas em nenhuma das tabelas de caça. Somente os homens realizam as caçadas nas aldeias, e todos os caçadores tiveram a iniciação nesta atividade muito cedo, pois acompanhavam seus pais em caçadas. Cabem as mulheres a função de tratarem e prepararem as carnes de caça.
Classe
MAMMALIA
SUBTOTAL MAMMALIA
AVES
SUBTOTAL AVES
TOTAL GERAL
Ordem
Cingulata
Primates
Rodentia
Carnivora
Perissodactyla
Artiodactyla
Gruiformes
Galliformes
Pistaciformes
Gênero/Espécie
Dasypus novemcinctus
Ateles chamek
Lagothrix cana
Cebus apella
Cuniculus paca
Dasyprocta azare
Panthera onca
Nasua nasua
Tapirus terrestris
Tayassu pecari
Mazama americana
Pecari tajacu
Psophia viridis Spix
Aramides cajanea
Pauxi tuberosa
Penelope superciliaris
Aburri cujubi
Ara sp.
Tatu-galinha
Macaco-aranha
Macaco-barrigudo
Macaco-prego
Paca
Cutia
Onça-pintada
Quati
Anta
Porco
Veado- vermelho
Cateto
Jacamim
Saracura
Mutum
Jacu
Jacutinga
Arara - vermelha
Absoluta
3
3
1
4
4
2
1
2
3
29
4
28
84
1
1
15
1
4
6
28
112
Relativa(%)
2,7
2,7
0,9
3,5
3,5
1,8
0,9
1,8
2,7
26
3,5
25
75
0,9
0,9
13,4
0,9
3,5
5,4
25
100%
AldeiaLuiz
17
40
13
13
39
4
20
8
150
320
195
105
924
0
0
0
0
0
0
0
924
AldeiaCentral
6
0
0
5
11
5
0
0
147
490
0
278
942
3
3
40
0
7
14
67
1009
AldeiaEscola
0
0
0
0
0
0
0
0
145
300
0
535
980
0
0
61
5
19
6
91
1071
Total
23
40
13
18
50
9
20
8
442
1110
195
918
2846
3
3
101
5
26
20
158
3004
TÁXON NOME COMUM ABUNDÂNCIAS BIOMASSA (Kg)
TABELA 8 - RIQUEZA, COMPOSIÇÃO, ABUNDÂNCIA E BIOMASSA DE ANIMAIS CAÇADOS NAS ALDEIAS ESTUDADAS NA TI ZORÓ, MT.
Lara
Din
iz
Abatimento de queixada (tayassu pecari)
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Figura 1- variação no número de abatimento de animais nas três aldeias estudadas entre os meses de agosto a novembro de 2011.
AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO
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28
10 10
A frequência de caçadas apresentada pelos caçadores é de 1 a 2 vezes por semana. Com relação à preferên-cia alimentar dos indígenas as espécies que foram mais citadas pelos caçadores entrevistados foram: Queixa-da (T. pecari), Macaco-aranha (Ateles chamek), Paca (C. paca), Macaco-prego (C. apella), Cateto (P. tajacu), Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), Veado (M. ame- ricana), Macaco-barrigudo (L. cana), Cutia (Dasyprocta azarae), e Anta (T. terrestris).
Os cachorros são bastante utilizados como auxiliares nas caçadas, em média há dois cachorros por unidade doméstica que pratica a caça frequentemente. Fazem uso também de barreiros naturais, artificiais e esperas como estratégias de caça. A arma de caça mais utiliza-da é a espingarda. Em dias de caçadas os entrevistados chegam ir 12 km distantes de suas aldeias, mas quando há o uso de veículos chegam a ir 30 km. As caçadas duram quatro horas, ou até mais tempo se não con-seguirem o animal.
Existe uma percepção por parte dos caçadores da diminuição do recurso de caça em relação há anos anteriores. Dentre os animais apontados por eles que tenha sofrido diminuição em quantidade, as espécies de T. pecari, D. novemcinctus, e principalmente as espécies de macacos S. apella, L. lagotricha e A. chamek, pois são animais bastante consumidos.
A criação de animais silvestres é comum nas aldeias da Terra Indígena Zoró. Os animais de criação são normal-mente utilizados para abatimento em festejos realizados nas aldeias. Existem ainda animais que são criados para estimação, que normalmente é realizado com espécies de primatas.
Os índios Pangyjej Zoró realizam manejo das áreas de caça, mesmo que de forma rudimentar e empírica. A grande estratégia é a mudança frequente das rotas de caça. Para os caçadores, manter uma área fixa de caçada preju- dica os animais e estes migram para outras áreas. Outra estratégia utilizada por eles é caçar mais na mata primária, pois há uma variedade maior no número de espécies, sendo possível uma caça seletiva. Apesar destes hábitos, muitos abatimentos também ocorrem oportunisticamente em locais de trabalho como: roças, capoeira, e durante as pescarias.
No calendário de caça montado constam os meses em que as espécies registradas neste estudo são procura-das ou evitadas pelos caçadores. O critério de escolha dos animais que serão caçados, está na preferência por indivíduos com alto teor de gordura. Quando o animal começa a engordar, ou começa a emagrecer, existe um interesse mediano, sendo que a espécie não é procura-da ativamente, entretanto, se por ventura for avistado o mesmo é abatido; e se o animal estiver gordo, o mesmo é procurado e preferido nas buscas ativas.
Lara
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Na esquerda, apresentação do monitoramento de caça nas aldeias e na direita preparo da carne de anta.
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No calendário de caça apresentado, encontram-se so-mente as espécies animais que são caçadas para con-sumo. Mesmo que a Arara (Ara sp.) tenha sido registra-do nas Tabelas de Caça, por exemplo, não foi possível
discrimina-la em nível específico e provavelmente mais de uma espécie de cada um destes gêneros é explorada na área, aumentando ainda mais a riqueza de espécies de animais exploradas.
Figura 3 - calendário de caça das espécies abatidas nas aldeias Zawã harej pangyjej, Bubyrej e Ipe wyrej.
Legenda:*
pouco interesse
médio interesse
grande interesse
*Fonte: caçador Roberto Pugupuj Zoró.
ANIMAIS CAÇADOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Média de Precipitação Mensal (mm) 13,4 17 9,5 3 0 0,9 0 0 3,5 8 8,5 8
Tayassu pecari (Queixada)
Pecari tejacu (Cateto)
Pauxi tuberosa (Mutum)
Mazama americana (Veado)
Ateles chamek (Macaco-aranha)
Cebus apella (Macaco-prego)
Lagothrix cana (Macaco-barrigudo)
Cuniculus paca (Paca)
Dasyprocta azare (Cutia)
Tapirus terrestris (Anta)
Dasypus novemcinctus (Tatu-galinha)
Ara sp. (Arara)
Penelope superciliaris (Jacu)
Psophia viridis Spix (Jacamim)
Aramides cajanea (Saracura)
Aburri cujubi (Jacutinga)
Figura 2 - comparação o entre o número de abatimentos de animais e precipitação mensal
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Agosto Setembro Outubro Novembro
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Figura 4 - área utilizada para atividade de caça nas aldeias Zawã harej pangyjej, Bubyrej e Ipe wyrej.
A atividade de caça tem grande importância na dinâmica de subsistência do Povo Pangyjej Zoró. A relação cultural deste povo com os animais é bastante estrei-ta, seja para alimentação, para recreação ou nas crenças. Este padrão tem sido comum nas comunidades indígenas na Amazônia que utilizam grande variedade de espécies de grandes vertebrados (REDFORD, 1992; SOUSA-MAZUREK et al., 2000; WELTHEN, 2009; FRAGOSO, 2010;).
Entretanto esta atividade também tem impacto sobre a fauna. No caso do Povo Pangyjej Zoró, a riqueza de espécies utilizadas está aquém do esperado e do en-contrado por outros estudos na região amazônica. Peres e Nascimento (2006) registraram 35 espécies utilizadas para consumo pelos indígenas Kayapó, no Pará. Welthen (2009) registrou o consumo de 35 espécies de vertebrados pelos indí-genas Wayana e Aparai, também no Pará. Já Souza-Mazurék (2000) registrou 41 espécies consumidas pelos indígenas Waimiri-Atroari, no Amazonas. Todos estes estudos foram realizados em Terras Indígenas que possuem grande parte de seu território preservado e estão localizadas em área de baixa pressão antrópica. Ao contrário à Terra Zoró, se encontra localizada no arco do desmatamento, em uma das áreas de maior pressão antrópica da Amazônia (FEARNSIDE, 2003; FERREIRA et. al, 2005).
Apesar de o povo Pangyjej Zoró ter percepção de escassez da caça e desenvolver empiricamente uma estratégia de manejo, como a rotatividade das áreas de caça, provavelmente a caça de algumas espécies não será sustentável em médio e longo prazo na região. Desta forma, estudos de médio e longo prazo avaliando padrões anuais de uso da caça e impactos sobre a fauna são fundamentais para desenvolver junto com estes indígenas estratégias de manejo mais efetivas para a sustentabili-dade da fauna e da atividade de caça.
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3.4 AVESOs trabalhos de campo desenvolvidos na Terra Indígena Zoró resultaram em uma lista preliminar de 101 espécies de aves distribuída em 37 Famílias. Destas, as mais bem representativas quanto à riqueza de espécies foram: Thamnophilidae (12 spp); Psittacidae (11 spp); Dendrocolaptidae (08 spp); Accipitridae, Falconidae e Picidae (todos com 05 spp); Cracidae, Bucconidae, Ramphastidae, Pipridae, Tityridae e Emberizidae (todos com 03 spp).
Em relação ao status de conservação das espécies registradas, apresenta-se na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (MACHADO, 2008) e da Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature - IUCN (BirdLife International, 2012), a Arara-azul-grande Anodorhynchus hyacinthinus (Latham, 1790). Pelo Brasil, o Status é “Ameaçada” (MMA, IN 03/2003; MACHADO, 2008).
Com sua maior presença em alguns estados brasileiros, no Mato Grosso tem sua distribuição relativamente restrita ao Pantanal. Por ter grande habilidade para deslocamentos a grandes distâncias, Anodorhyncus hyacinthinus aqui é reportada como provável ampliação de sua distribuição para esta região do noroeste do Mato Grosso, onde um monitoramento nesse local pode ajudar a compreender esta possível rota de deslocamento ou refúgio.
Stotz et al., (1997) realizaram um exaustivo inventário também na região de Ji-Paraná, mais precisamente na Cachoeira Nazaré - Rio Machado, sendo esta região a mais próxima da TIZ, onde produziram a maior lista de espécies de aves e uma só localidade no Brasil, 459 espécies. Derivado desde inventário, Clytoctantes atrogularis era nova para a ciência e Sclerurus albigularis era registrada pela primeira vez no Brasil. Zimmer et al., (1997) realizaram também um exaus-tivo inventário na região Alta Floresta - MT, produzindo a maior lista de espécies de aves, tendo um total de 474 espécies, inclusive muitas endêmicas da região, destacando esta área como um dos sítios mais ricos do Brasil e de toda a Amazônia oriental.
Ao se comparar à lista atual com o trabalho de Stotz et al. (1997) e Zimmer et al., (1997), verificamos que a maior parte das espécies registradas na TIZ, também foram registradas na Cachoeira Nazaré e Alta Floresta. Exceto Micrastur mintoni espécie recém-descrita por Whittaker (2002), era tratada até então como M. gilvicollis, morfo-espécie parecida, porém com vocalização diferente que a substitui ao oeste do rio Madeira e ao norte do rio Amazonas; e o caso do avistamen-to de Anodorhynchus hyacinthinus, provavelmente advinda de possíveis rotas de deslocamento do Pantanal; Phlegopsis borbae que é incomum e está associado a correições de formigas, onde foi relativamente fácil seu registro na TIZ.
Desta forma, existem grandes possibilidades que na área da TIZ, existam cerca de 400 a 500 espécies de aves, se consideramos ambos os trabalhos. Vale ressaltar que embora a maior parte da avifauna encontrada em Nazaré e Alta Floresta se fazem presente na TIZ, não indica necessariamente que poderá ser encontrada em mesma quantidade naquela região. Fatores como integridade dos habitats, pressão de caça entre outros devem ser levados em conta neste caso. Ressalta-se também que a retirada intensa de madeira ilegal na região só tende aumentar o risco de degradação ambiental e consequentemente a dificuldade de registros de outras espécies mais sensíveis e/ou especialistas.
A avifauna amostrada apresenta vários níveis de endemismos (HAFFER, 1985; HAFFER, 1990). Das 101 espécies registradas destaca-se: Capito dayi, Pyrrhura perlata, Lepidothrix nattereri, Phlegopsis borbae e Rhegmatorhina hoffmannsi, são
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Nesta imagem Uirapuru-de-chapéu-branco (Lepidothrix nattereri) e acima
Saripoca-de-gould (Selenidera gouldii)
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endêmicas da Amazônia (Apêndice 1), das quais (Stotz et al., 1996), 03 (Pyrrhura perlata, Phlegopsis borbae e Lepidothrix nattereri), estão restritas à sub-região zooge-ográfica Madeira-Tapajós.
A composição e estrutura de uma comunidade de aves é condicionada pelas características ambientais, sofren-do alterações proporcionais às transformações impostas ao ambiente. Portanto, o manejo destes hábitats pelo homem traz consequências diretas e indiretas à avifauna.
As alterações de habitats, provocadas por distúrbios antrópicos, geralmente induzem a simplificação do ambiente, mudando as condições microclimáticas,
alterando os padrões de disponibilidade de alimento, locais para reprodução, entre outros efeitos, que inva- riavelmente resulta no empobrecimento da avifauna. CREED (2006) ressalta que, o efeito de produção de cla-reiras através do corte seletivo, apesar de ser uma forma de intervenção mais tênue, provoca inúmeras alterações no ambiente explorado do que uma queda natural de uma árvore, além de processos de queimadas. Além de reduzir a área basal da floresta e produzir aberturas no dossel, aumentando a irradiância local e penetração lateral de luz sub-bosque, o que torna este mais quente, seco e a vegetação mais densa (CREED, 2006). Estas mudanças microclimáticas, de estrutura da vegetação do sub-bosque, como de sua composição, certamente
Nesta imagem Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri). Abaixo à esquerda Udu-de-coroa-azul (Momotus momota) e à direita Garça-real (Pilherodius pileatus).
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produzem alterações quali-quantitativa da disponibili-dade de recursos às aves. Das espécies de aves regis-tradas na Terra Indígena Zoró, muitas fazem parte da relação cultural Pangyjej Zoró. Esta relação pode estar no âmbito da alimentação, ornamentação, assim como em significados míticos e padrão de pintura corporal.
Assim como em muitas regiões amazônicas, represen- tantes das Famílias Tinamidae e Cracidae apresentam como importantes no quesito alimentar dos Zoró. Estas aves cinegéticas apresentam-se como grandes fon-tes de proteínas, além dos mamíferos e peixes, sendo que nos locais amostrados apresentam ainda populações consideráveis. Algumas espécies de menor porte de aves são comidas pelos Pangyjej Zoró como, por exemplo, as Sporophila sp. (tiziu), sempre caçadas ao entardecer, com fechas, geralmente pelas crianças.
Além disso, de acordo com dados colhidos em campo com os antigos, não há restrição alimentar nesta etnia, tendo até relato de consumo de urubu (Mayaku) por alguns Pangyjej Zoró. Salvo, uma única exceção, até en-tão, do não consumo de beija-flor (Kiryn) antes do con-tato com a sociedade não-indígena. Relatam que caso houvesse o consumo dos pais, seu filho iria ficar peque-no, mesmo que ele ainda não houvesse nascido, sendo que quando esse filho fosse concebido ao mundo, ficaria com estatura baixa. Um ponto interessante de ser ressal-tado é quanto ao fator “restrição alimentar”, onde foram relatados que devido à grande influência religiosa dentro da etnia, atualmente os indígenas não tem restrição alimentar referente às aves.
Em ocasiões especiais de festas dos Pangyjej Zoró é uti-lizada pintura corporal que imitam animais da floresta, sendo que especificamente os padrões de pintura
corporal baseado em aves são da arara e pica-pau, e também relatado o uso de penas de Wakuj (Pauxi tuberosa) para ornamentação corporal em danças. Tendo destaque as exuberantes pinturas corporais, atendem mais a padrões de mamíferos; serpente e quelô- nios; peixes; invertebrado; vegetação.
O uso de penas é devido principalmente à confecção de flechas. Os Pangyjej Zoró usam flechas específicas para caça em ambiente terrestre e aquático. Sendo destaque o uso de penas de araras, mutum, jacu e prin-cipalmente gavião. Além disso, observa-se em algumas aldeias a criação de aves seja como de estimação, ali-mentação ou para a retirada de penas.
Durante as entrevistas, onde estiveram vários pesquisa-dores indígenas e não indígenas, João Xuryt Zoró rela-tou um pouco da história do surgimento dos animais, segundo os Pangyjej Zoró, especialmente as Aves.
As aves, através das suas vocalizações, apresentam ou simbolizam sinais/mensagens míticas de variados tipos de alertas ou mensagens. A seguir, estão apresentadas algumas destas simbologias, coletadas durante as entre-vistas:
• Vocalização de Itky (Tyranneutes stolzomanni) indica a presença de mel de abelha por perto.• Vocalização de Adusup (Pulsatrix perspicillata) signifi-ca que vai chegar uma visita, com boas notícias.• Vocalização de Tigkã (Piaya cayana) significa notícia ruim, por exemplo, que um parente irá ficar doente ou morrer.• Vocalização de Akakaj (Ibycter americanus) significa desconfiança do indígena que haverá uma notícia ruim, associado à guerra.
Azulão-da-amazônia (Cyanoloxia rothschildii)
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Nesta imagem Araçari-de-pescoço-vermelho (Pteroglossus bitorquatus); abaixo Mãe-de-taoca
(Phlegopsis nigromaculata)
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TABELA 9 - LISTA PRELIMINAR DA AVIFAUNA DA TERRA INDÍGENA ZORÓ, MT. Legenda do Status (CBRO, 2014): R = residente (evidências de reprodução no país disponíveis); E=espécie endêmica do Brasil. Legenda do Tipo de registro: A=Auditivo; C=Caça; E=Entrevista; F=Foto; G=Gravação; O=Ocular; R=Rede; V=Vestígios.
Tinamidae
Tinamus tao
Tinamus major
Cracidae
Penelope jacquacu
Aburria cujubi
Pauxi tuberosa
Odontophoridae
Odontophorus gujanensis
Odontophorus stellatus
Ardeidae
Pilherodius pileatus
Threskiornithidae
Mesembrinibis cayennensis
Cathartidae
Coragyps atratus
Accipitridae
Chondrohierax uncinatus
Pseudastur albicollis
Leucopternis kuhli
Buteo nitidus
Harpia harpyja
Falconidae
Daptrius ater
Ibycter americanus
Herpetotheres cachinnans
Micrastur mintoni
Falco sparverius
Eurypygidae
Eurypyga helias
Psophiidae
Psophia viridis
Columbidae
Columbina talpacoti
Geotrygon montana
Psittacidae
Anodorhynchus hyacinthinus
Ara ararauna
Ara macao
Ara chloropterus
Psittacara leucophthalmus
Aratinga weddellii
Pyrrhura perlata
Brotogeris chiriri
Pionus menstruus
Amazona farinosa
Amazona ochrocephala
azulona
inhambu-de-cabeça-vermelha
jacu-de-spix
Cujubi
mutum-cavalo
uru-corcovado
uru-de-topete
garça-real
coró-coró
urubu-de-cabeça-preta
caracoleiro
gavião-branco
gavião-vaqueiro
gavião-pedrês
gavião-real
gavião-de-anta
gralhão
acauã
falcão-críptico
quiriquiri
pavãozinho-do-pará
jacamim-de-costas-verdes
rolinha-roxa
pariri
arara-azul-grande
arara-canindé
araracanga
arara-vermelha-grande
periquitão-maracanã
periquito-de-cabeça-suja
tiriba-de-barriga-vermelha
periquito-de-encontro-amarelo
maitaca-de-cabeça-azul
papagaio-moleiro
papagaio-campeiro
Watit
Abijuwa
Tamu
Wakaj
Talikywap
Kulug kulug
Mayaku
Gateap
Buranyt
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Zeam
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Kadutã
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Tamali
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Kasal
Kasal
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Garatit
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Táxon Nome portuguêsTupi-Mondé
(Zoró) Status I Etapa II EtapaTipo de registro
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Táxon Nome portuguêsTupi-Mondé
(Zoró) Status I Etapa II EtapaTipo de registro
Cuculidae
Piaya cayana
Crotophaga ani
Tytonidae
Tyto furcata
Strigidae
Pulsatrix perspicillata
Nyctibiidae
Nyctibius grandis
Caprimulgidae
Nyctiphrynus ocellatus
Hydropsalis albicollis
Trochilidae
Threnetes leucurus
Thalurania furcata
Alcedinidae
Chloroceryle inda
Momotidae
Momotus momota
Bucconidae
Malacoptila rufa
Monasa morphoeus
Chelidoptera tenebrosa
Capitonidae
Capito dayi
Ramphastidae
Ramphastos tucanus
Selenidera gouldii
Pteroglossus bitorquatus
Picidae
Veniliornis affinis
Celeus grammicus
Celeus flavus
Campephilus rubricollis
Campephilus melanoleucos
Thamnophilidae
Myrmotherula axillaris
Thamnomanes ardesiacus
Thamnomanes caesius
Thamnophilus schistaceus
Thamnophilus murinus
Thamnophilus aethiops
Hylophylax naevius
Myrmoborus myotherinus
Willisornis poecilinotus
Phlegopsis nigromaculata
Phlegopsis borbae
Rhegmatorhina hoffmannsi
Scleruridae
alma-de-gato
anu-preto
coruja-da-igreja
murucututu
mãe-da-lua-gigante
bacurau-ocelado
bacurau
balança-rabo-de-garganta-preta
beija-flor-tesoura-verde
martim-pescador-da-mata
udu-de-coroa-azul
barbudo-de-pescoço-ferrugem
chora-chuva-de-cara-branca
urubuzinho
capitão-de-cinta
tucano-grande-de-papo-branco
saripoca-de-gould
araçari-de-pescoço-vermelho
picapauzinho-avermelhado
picapauzinho-chocolate
pica-pau-amarelo
pica-pau-de-barriga-vermelha
pica-pau-de-topete-vermelho
choquinha-de-flanco-branco
uirapuru-de-garganta-preta
ipecuá
choca-de-olho-vermelho
choca-murina
choca-lisa
guarda-floresta
formigueiro-de-cara-preta
rendadinho
mãe-de-taoca
mãe-de-taoca-dourada
mãe-de-taoca-papuda
Tigkã
Aj gyp
Tanlanlym
Adusup
Waperep
Bakulyt
Bakulyt
Kiryn
Kiryn
Jaxanam
Urup
Zerebewu wyp
Bumgúwã
Jukãt
Awut awuryt
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Sereptyg
Serepkit
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Xupyjyp
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Leku nepubé
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Táxon Nome portuguêsTupi-Mondé
(Zoró) Status I Etapa II EtapaTipo de registro
Sclerurus caudacutus
Sclerurus albigularis
Dendrocolaptidae
Dendrocincla fuliginosa
Dendrocincla merula
Glyphorynchus spirurus
Xiphorhynchus pardalotus
Xiphorhynchus elegans
Dendrocolaptes certhia
Dendrocolaptes hoffmannsi
Xiphocolaptes promeropirhynchus
Furnariidae
Automolus ochrolaemus
Synallaxis rutilans
Pipridae
Tyranneutes stolzmanni
Pipra fasciicauda
Lepidothrix nattereri
Tityridae
Schiffornis turdina
Laniocera hypopyrra
Tityra cayana
Cotingidae
Lipaugus vociferans
Tyrannidae
Megarynchus pitangua
Tyrannus savana
Hirundinidae
Progne chalybea
Tachycineta albiventer
Turdidae
Turdus fumigatus
Turdus albicollis
Thraupidae
Tachyphonus rufus
Emberizidae
Ammodramus humeralis
Volatinia jacarina
Sporophila angolensis
Cardinalidae
Habia rubica
Cyanoloxia rothschildii
TOTAL
vira-folha-pardo
vira-folha-de-garganta-cinza
arapaçu-pardo
arapaçu-da-taoca
arapaçu-de-bico-de-cunha
arapaçu-assobiador
arapaçu-elegante
arapaçu-barrado
arapaçu-marrom
arapaçu-vermelho
barranqueiro-camurça
joão-teneném-castanho
uirapuruzinho
uirapuru-laranja
uirapuru-de-chapéu-branco
flautim-marrom
chorona-cinza
anambé-branco-de-rabo-preto
cricrió
neinei
tesourinha
andorinha-doméstica-grande
andorinha-do-rio
sabiá-da-mata
sabiá-coleira
pipira-preta
tico-tico-do-campo
tiziu
curió
tiê-do-mato-grosso
azulão-da-amazônia
Xim Ximj
Xim Ximj
Serewa
Xiptyra (Serewa)
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Serewa
Serewa
Serewa
Xiptyra
Serewa
Jape kãj kãj
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Kuruxawyj
Wijy
Kuruxawyj
Wala wala kaptyg
Tyja
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Xulit
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3.5 RÉPTEIS E ANFÍBIOS
Foram registrados 24 espécies de anfíbios e 33 de répteis. As famílias mais abundantes foram Dipsadi-dae (em serpentes) com 48%, Sphaerodactylidae (em lagartos) com 23% e Hylidae (em Anfíbios) com 46% da amostragem. Em se tratando da Ordem, Squamata se mostrou mais abundante com 58% da amostra.
A taxa de encontros de serpentes e lagartos variou muito durante o período. É possível que fatores como a quantidade de chuvas, umidade, disponibilidade de presas, interfira diretamente no metabolismo. Com a ausência de chuvas, a maior parte dos lagartos de hábi-tos arborícolas tende a procurar o dossel da floresta para se alimentar e termorregular, dificultando a visualização e captura. Muitas espécies de anfíbios têm hábitos sazo-nais estando mais ativos durante uma ou outra estação.
A maioria das espécies amostradas neste estudo é considerada comum na região. Particularmente, algumas espécies estão ausentes devido à falta de incremento de outras metodologias complemen- tares que poderão ser utilizadas em outros momentos.
Todas as espécies florestais registradas são conheci-das de parte ou de toda a Amazônia, algumas com distribuição mais ampla (extra Amazônica). Das espécies de áreas abertas, a grande parte ou tem distribuição ampla no continente, ou é ligada à diagonal de formações abertas da América do Sul, especialmente em sua porção centro-oeste.
A extração de madeira de forma descontrolada tem uma série de impactos sobre a herpetofauna. Por exemplo, o efeito da produção de clareiras propor-cionada pelo corte de grandes árvores tem afetado os mecanismos de termorregulação de algumas espécies de lagartos e serpentes, perda direta do ambiente de lagartixas e lagartos arborícolas, aumento da tempe- ratura que pode estar prejudicando algumas espécies de anfíbios anuros através da perda de poças utiliza-das para deposição de ovos e girinos por anfíbios, entre outros (VITT & CALDWELL, 2001).
As perturbações no ambiente mudam a disponibilidade dos substratos, além de alterar as relações competitivas entre os organismos, aumento da taxa de predação, diminuição do potencial reprodutivo, limitações nas atividades de forrageio, entre outros.
Existe uma forte ligação dos Pangyjej Zoró com a flores-ta. Foi possível verificar em diversas histórias contada durante as atividades nas escolas, que a fauna e flora têm forte ligação e participação nos mitos e crenças daquele povo indígena. Infelizmente, devido ao pouco tempo e a falta de informantes, não foi possível con-seguir muitas narrativas sobre a relação da herpetofauna com o Povo Pangyjej Zoró.
Foi verificado que algumas espécies de répteis e anfíbi-os são usadas como alimento pelos indígenas, como é o caso de jacarés e algumas espécies de rãs do gêne-ro Leptodactylus (rãs pimenta). Jabutis e tracajás não são muito apreciados, visto que significam atraso e má sorte. Cobras cegas significam “mau agouro” ou sinal de morte na família. Algumas espécies de serpentes apare-cem nas histórias antigas. De qualquer forma é preciso catalogar as histórias deste povo indígena.
É necessário construir uma relação de confiança para daí as informações começarem a fluir e serem coletadas.
Da mesma forma não foi possível distinguir os critéri-os utilizados por este povo para classificação das espécies de reptéis e anfíbios, que sugere um estudo posterior.
Cobra cipó
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Começando em cima à esquerda, em sentido horário: Cobra Veadeira (Corallus hortulanus), Rã (Dendropsophus marmoratus), Cambô (Phyllomedusa camba), Falsa Coral (Rhynobotrium lentiginosum).
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Ordem
Anura
Squamata
(Lagartos)
Squamata
(Serpentes)
Família
Bufonidae
Aromobatidae
Hylidae
Leptodactylidae
Odontophrynidae
Pipidae
Craugastoridae
Gekkonidae
Dactyloidae
Tropiduridae
Sphaerodactylidae
Teiidae
Gymnophthalmidae
Mabuyidae
Boidae
Colubridae
Dipsadidae
Espécie
Rhinella margaritifera (Laurenti, 1768)
Rhinella marina (Linnaeus, 1758)
Rhaebo guttatus (Schneider, 1799)
Allobates gr. Marchesianus (Melin, 1941)
Hypsiboas boans (Linnaeus, 1758))
Hypsiboas lanciformis (Cope, 1871)
Dendropsophus leucophyllatus (Beireis, 1783)
Dendropsophus marmoratus (Laurenti, 1768)
Osteocephalus taurinus (Steindachner, 1862)
Phyllomedusa tomopterna (Cope, 1868)
Phyllomedusa vaillanti (Boulenger, 1882)
Phyllomedusa camba (De la Riva, 2000 “1999”)
Phyllomedusa tarsius (Cope, 1868)
Scinax ruber (Laurenti, 1768)
Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907)
Leptodactylus andreae (Müller, 1923)
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)
Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824)
Leptodactylus pentadactylus (Linneaus, 1758)
Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864)
Leptodactylus rhodomystax (Boulenger, 1884” 1883”)
Proceratophrys concavitympanum (Giaretta, Bernarde & Kokubum, 2000)
Pipa pipa (Linnaeus, 1758)
Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864)
Hemidactylus mabouia (Morreau de Jonnès, 1818)
Dactyloa punctatus (Daudin, 1802)
Norops fuscoauratus (D’Orbigny, 1837)
Dactyloa transversalis (Duméril, 1851)
Plica umbra (Linnaeus, 1758)
Chatogekko amazonicus (Andersson, 1916)
Gonatodes hasemani (Griffin, 1917)
Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855)
Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758)
Arthrosaura reticulata (O’Shaughnessy, 1881)
Cercosaura eigenmanni (Griffin, 1917)
Copeoglossum nigropunctatum (Spix, 1825)
Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758)
Boa constrictor (Linnaeus, 1758)
Chironius multiventris (Schmidt & Walker, 1943)
Pseustes poecilonotus (Peters, 1867)
Pseustes sulphureus (Wagler, 1824)
Rhinobothryum lentiginosum (Scopoli, 1785)
Helicops leopardinus (Schlegel, 1837)
Erythrolamprus typhlus (Linnaeus, 1758)
Siphlophis compressus (Daudin, 1803)
Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758)
Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758)
Erythrolamprus reginae (Linnaeus, 1758)
Nome Popular
Sapo folha
Sapo cururu
Sapo cururu
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Rã canoeira
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Rã
Rã macaco
Rã macaco
Cambô
Gia
Gia
Rã
Rã
Rã
Rã pimenta
Rã
Sapo pipa
Rã
Gia, lagartixa
Calango
Calango
Calango
Abraça pau
Calango
Calango
Calango
Calango
Calango
Calango
Calango
Cobra veadeira
Jibóia
Cobra cipó
Limpa pasto
Papa ovo
Falsa coral
Jararaca d’água
Cobra verde
Falsa coral
Cobra cipó
Dormideira
Nome Tupi-Mondé
Waj
Waj
Waj
Aj Aj
Aj Aj
Guag
Guag
Sug sug
Galam xidyg
Galam xidyg
Galam xidyg
Galam xidyg
Beap
Beap
Beap
Beap
Beap
Beap
Waj
Keg Keg
Geru
Gap pirigiwa
Gap
Keg Keg
Geru xiri niwã
Geru
Geru
Gerua
Wajbit pú
Baj puj
Tulit
Baj
Baj
Baryn
TABELA 10 - LISTA DAS ESPÉCIES DA HERPETOFAUNA (AMPHIBIA E REPTILIA) AMOSTRADAS NA TERRA INDÍGENA ZORÓ, MATO GROSSO, BRASIL.
71
Ordem
Squamata
(serpentes)
Testudines
Crocodylia
Família
Dipsadidae
Viperidae
Chelidae
Testunididae
Alligatoridae
Espécie Nome Popular
Dormideira
Falsa coral
Cipó
Falsa coral
Jararaca
Cobra papagaio
Surucucu pico de jaca
Tartaruga
Jabuti
Jacaretinga
Nome Tupi-Mondé
Baj kirip nan
Baj kut
Baj kirip
Amu suna
Amua
Wawu
Dipsas catesbyi (Sentzen, 1796)
Xenopholis scalaris (Wucherer, 1861)
Philodryas argentea (Daudin, 1803)
Pseudoboa coronata (Schneider, 1801)
Bothrops atrox (Linnaeus, 1758)
Bothrops bilineatus bilineatus (Wied, 1821)
Lachesis muta (Linnaeus, 1766)
Platemys platycephala (Schneider, 1792)
Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766)
Paleosuchus trigonatus (Scheneider, 1801)
Na foto acima, Cobra Cipó (Imantodes cenchoa). Abaixo à esquerda, Jararaca (Bothrops atrox) e à direita Tartaruga (Platemys platicephala).
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Procerathophys concavitympanum
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3.6 PEIXES
Foram registradas 16 famílias em 44 espécies amostra-das. Em termos numéricos as ordens Characiformes e Siluriformes foram as mais representativas, com respec-tivamente 48% e 40% das espécies amostradas seguida de Perciformes com 10%.
Durante os trabalhos de campo foram amostrados cur-sos d’água com diferentes características tanto estru-turais (fundo, profundidade, margem, sombreamen-to, etc...), de localização e possivelmente de química da água (pH, principalmente). Apesar do número de variáveis citadas acima ser relativamente extenso e das mesmas afetarem a ictiofauna de modo bastante diver-so, as áreas de entorno da Terra indígena abrigam uma riqueza de espécies de peixes bastante significativa. Entretanto, por essas áreas estarem submetidas a dife- rentes graus de pressão antrópica, o seu valor para con-servação tende a diminuir a médio longo prazo. Essa situação é evidente para o rio Roosevelt e o Rio Branco.
A relação do componente ictiofauna com a comuni-dade indígena se resume na realização da atividade de
pesca para consumo, dentre os indígenas participantes da pesquisa na condição de auxiliares, os mesmos foram questionados quanto ao uso do pescado e a relação cultural (restrição alimentar ou uso para rituais), porém aos resultados obtidos não houve nenhuma ocorrência de não consumo do pescado ou sua utilização para qualquer rito ou crença.
Durante a realização dos trabalhos de campo foram detectados problemas acentuados para a manutenção da integridade da ictiofauna como um todo. Ativi-dades antrópicas desenvolvidas em algumas drenagens possuem grande potencial para alteração dos ambientes aquáticos circundantes.
No período da pesquisa foi identificada a acentuada prática da pesca pelos indígenas, utilizando técnicas que podem ser consideradas não degradantes a fauna íctica, apetrechos tais como flecha, anzol de galho e rede de espera foram identificados durante a prática da pesca pelos indígenas. Porém além dos indígenas pescadores outros vestígios também foram identificados durante o
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período de coleta, restos de rede de arrasto e princi-palmente relatos dos próprios indígenas sobre a prática da pesca por não indígenas o que de fato pode ser um agravo à diversidade e abundância da fauna íctica na região, pois além da pesca desordenada há também a atividade de degradação associada, caracterizada como a deposição de material inorgânico nos rios e mata ciliar.
Um outro agrave a integridade da fauna pôde ser caracterizado pela degradação existente na mata
ciliar da margem esquerda e direita, do Rio Branco e Rio Roosevelt, respectivamente. A presença de área de pastagem e formação de fazendas para criação de gado na área de entorno da TI, podem ao logo prazo ser um agravo à saúde dos rios em questão. Percebe-se a pouca quantidade de árvores frutíferas na margem para auxílio na alimentação dos peixes, provocando em decorrência o afastamento da população de peixes para locais de maior aporte para a alimentação.
De cima para baixo: Piranha, Tucunaré (Cichla ocellaris) ePescada (Plagiocium squamosisimus).
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Ordem
Characiformes
Siluriformes
Perciformes
Rajiformes
Família
Ctenoluciidae
Prochilodontidae
Serrasalmidae
Characidae
Anostomidae
Auchenipteridae
Ageneiosidae
Trycomicteridae
Pimelodidae
Callichthyidae
Electrophoridae
Callichtydae
Loricaridae
Scianidae
Cichlidae
Potamotrygonidae
Espécie
Boulengerella ocellata
Prochilodus nigricans
Serrasalmus rhombeus
Catoprion mento
Myleus pacu
Myleus sp.
Mylossoma sp.
Serrasalmus humeralis
Charax gibosus
Triportheus elongatus
Hydrolicus scomberiodes
Astyanax sp.
Astyanax bimaculatus
Hydrolicus pectoralis
Hoplias malabaricus
Chalceus erythurus
Brycon cephalus
Shizodon fasciatus
Leporinus piau
Leporinus striatus
Leporinus lacustris
Leporinus maculatus
Auchenipterus sp.
Ageneiosus sp.
Plectrochilus machadoi
Pimelodus sp.
Leiarius marmoratus
Pseudoplatystoma fasciatum
Megalonema sp.
Hemisorubim platyrhynchos
Callichthys callichthys
Electrophorus eletricus
Callichthys sp.
Hypostomus sp. 1
Hypostomus sp. 2
Hypostomus sp. 3
Hypostomus sp. 4
Hemiancistrus medians
Hemiancistrus spilomma
Plagiocium squamosisimus
Geophagus sp.
Crenicichla sveni
Cichla ocellaris
Potamotrygon hystrix
Nome Popular
Bicuda
Curimata
Piranha
Piranha
Pacu
Pacu
Pacu
Piranha
Cachorrinha
Sardinha
Peixe cachorro
Lambari
Lambari do rabo amarelo
Peixe cachorro
Traíra
Rabo de fogo
Matrinxã
Piau
Piau
Piau
Piau de aquário
Piau
Cangati
Mandubé
Candiru
Mandi
Jandiá
Pintado
Jiripoca
Tamoatá
Poraquê, peixe elétrico
Cascudo tigre
Cascudo espinho
Cascudo
Cascudo
Cascudo chocolate
Cascudo pintado
Pescada
Cará
Peixe sabão
Tucunaré
Arraia
Nome Tupi-Mondé
Bixãj
Bulupsuwa
Jjêj
Jjêj
Bulip kabe
Bulip kabe
Bulip kabe
Jjêj
Jêj kapit
-
Jêj kapit
Zabe
Zabe
Jêj kapit
Zabekit
Ixawu
Ixawu
Ixawu
Ixawu
Ixawu
Buliptig
Builpakabit
Yjyj
Bulip tadyga
Kulere
Buliptig
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TABELA 11 - CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DAS AMOSTRAS CAPTURADAS DO DIAGNÓSTICO ETNOAMBI-ENTAL PARTICIPATIVO DA TERRA INDÍGENA ZORÓ.
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simplesEstrada
Imagem Resourcesat 1 LISS3 - 07/07/2013RGB
Red: Band_1Green: Band_2Blue: Band_3
0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAASTER GDEM
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
Modelo Digital de ElevaçãoAster GDEM (m)
0 - 5050 - 100100 - 150150 - 200200 - 250
0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
PedologiaTipo de solo
Argilossolo VermelhoArgilossolo Vermelho-AmareloLatossolo Vermelho-AmareloNeossolo Litólico
0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
CAPÍTULO 4
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Xipitut
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Ip Syrej
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Duabiyrej
Zarup wej
Bepem wëj
Pandjirawa
Zawa Karej
Guwapuxurej
Anguj tapua
Du andjurej
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Webaj karej
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Tamali synej
Gala andjurej
Imbepu axurej
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Igarapé Canaã
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Igarapé da Serra
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Parque do Aripuana
60°30'0"W
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simplesEstrada
Imagem Resourcesat 1 LISS3 - 07/07/2013RGB
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0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
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4.1 INTRODUÇÃOO Diagnóstico dos componentes do Meio Físico tem importância decisiva por ser neste meio que todos os demais se assentam. O seu conhecimento permite às comunidades do local diagnosticado, neste caso a comunidade Pangyjej Zoró, compreender melhor as relações entre os fatores bióticos e abióticos, e também sua própria relação com o meio em que vivem.
Os fatores, solo, clima, relevo, hidrografia, e outros componentes do meio físi-co, associados aos demais diagnósticos irão permitir as comunidades uma visão integrada da terra indígena, tanto em seu ambiente interno como externo, então através desta visão integrada é possível antecipar situações, (propícias ou não), prever consequências e ações necessárias diante do novo arranjo, servindo de importante instrumento para o adequado manejo dos recursos.
MEIO FÍSICO #0
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Duabiyrej
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Zawa Karej
Guwapuxurej
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Du andjurej
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Bat andjurej
Tamali synej
Gala andjurej
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Igarapé Canaã
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
PedologiaTipo de solo
Argilossolo VermelhoArgilossolo Vermelho-AmareloLatossolo Vermelho-AmareloNeossolo Litólico
0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
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Água Boa
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Casa Verde
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Santa Cruz
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Casa Verde
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Guwapuxurej
Aldeia Nova
Aldeia Escola
Aldeia Escola
Aldeia Central
Aldeia do Manoel
Paraiso da Serra
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Igarapé do GustavoIgarapé da Areia
Igarapé da Fumaça
Igarapé Bandeira Branca
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Igarapé Fazendinha
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LegendaRios de margem dupla
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Municípios
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Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
1:275,000
Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANA
Projeção: South American - SAD69
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Situação Geográfica
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Casa Verde
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Santa Cruz
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Casa Verde
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Aldeia Nova
Aldeia Escola
Aldeia Escola
Aldeia Central
Aldeia do Manoel
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Igarapé Urumuará
Igarapé Pau Furado
Igarapé B.N.do Azul
Igarapé do Afonso
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po da Mangueira
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Igarapé Fazendinha
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Igarapé da Pinguela
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Rio Flor do Prado
Igarapé do GustavoIgarapé da Areia
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Igarapé Fazendinha
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Zoró
RooseveltSete de Setembro
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Parque do Aripuana
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Brasil
Bolívia
Peru
AMAZONAS
PARÁ
MATO GROSSO
RONDÔNIA
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55°0'0"W60°0'0"W65°0'0"W
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0 10 20 305Km
LegendaRios de margem dupla
Rios de margem simples
Terra Indígena
#0 Aldeias
Municípios
Aripuanã
Cacoal
Espigão d'Oeste
Juína
Rondolândia
Vilhena
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
1:275,000
Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANA
Projeção: South American - SAD69
Rondolândia
Aripuanã
Juína
VilhenaEspigão do Oeste
Cacoal
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4.2 MATERIAIS E MÉTODOSPara diagnosticar o Meio físico, foi utilizada a metodologia de Levantamentos, do tipo reconhecimento, executado para fins de avaliação qualitativa e semiquantita-tiva, visando à estimativa do potencial de uso, (com enfoque para o uso agrícola). Para complementação desta pesquisa também se utilizou dos métodos:
• Coleta de amostras; • Levantamento de dados; • Entrevistas;• Documentação visual;
Os trabalhos foram levados a efeito através dos procedimentos e métodos a seguir descritos. A equipe de pesquisadores visitou todas as aldeias da Terra Indígena Zoró, sempre com autorização das lideranças locais e/ou moradores. Chegando ao local a equipe informava aos presentes sobre a natureza dos trabalhos que estavam sendo realizados, bem como sobre a finalidade, objetivos e forma de coleta de dados.
Os moradores informavam sobre a localização das roças e outros locais de in-teresse, os quais eram visitados. Tomando como exemplo as roças foram colhi-das informações sobre as espécies ali cultivadas, a produtividade obtida, e os responsáveis pela produção. Em pontos aleatórios espacialmente distribuídos dentro de cada roça foram efetuados cinco furos, com aproximadamente 20 cm de profundidade, por 10 cm de largura, dos quais foram colhidas amostras de solo. As amostras foram depositadas em um balde plástico, no qual foram homo-geneizadas, acomodadas em embalagem plástica fechada tipo “zip” e posterior-mente identificadas. Com o receptor GPS, foram colhidas coordenadas do local visitado.
Foram localizados sítios arqueológicos (sítios cerâmicos e sítios líticos), dos quais foram também obtidas informações geográficas e documentação fotográfica.
Localizou-se afloramentos de material pétreo, possível de cominuição para poste-rior utilização na construção civil local.
Observou-se a presença de grande quantidade de “seixo rolado” material que pode ser extraído para utilização imediata na construção civil.
Foi registrada a localização geográfica destes sítios para, em caso de utilização, facilitar o planejamento da logística de exploração.
4.3 ResultadosForam registradas todas as ocorrências de relevância para o Diagnóstico do Meio Físico, as quais foram sintetizadas e ordenadas em formato compatível com banco de dados para posterior geração de geoinformação, relatórios, mapas temáticos, que irão servir de base para elaboração do diagnóstico propriamente dito e o con-sequente estabelecimento de cenários e prognósticos, baseados nas potencialidades e limitações, informações necessárias para o planejamento e a tomada de decisão.
A tabela 12 mostra as aldeias visitadas e sua localização geográfica.
81
TABELA 12 – LOCALIZAÇÃO DAS ALDEIAS
TABELA 13 – ROÇAS
Nome da Aldeia
Aldeia do Zan
Aldeia Escola
Aldeia Santa Cruz
Aldeia Ipsyrej
Aldeia Zawan
Aldeia Webajkarej
Aldeia Guwapuxurej
Aldeia Agua Boa
Aldeia Serrinha
Aldeia Seringal
Aldeia Tamalisyr
Aldeia Pandarawej
Aldeia Pandyrawa
Aldeia Caneco
Aldeia do Chiquinho
Aldeia do Manoel
Liderança
Miguel Zan Zoró
Juarez
José
Raimundo
Zé Carlos
Chiquinho
Manoel
Coordenada Sul
100 48’ 21,2”
100 39’ 33”
100 42’ 17,9”
100 44’ 13,9”
100 57’ 31,6”
100 54’ 45,1”
100 53’ 28,8”
100 44’ 05,8”
100 35’ 57,1”
100 33’ 52,1”
100 29’ 07,0”
100 40’ 09,6”
100 34’ 03,1”
100 19’ 31,4”
100 12’ 51,8”
100 39’ 04,3”
Coordenada Oeste
600 43’ 31,6”
600 43’ 18,3”
600 34’ 44”
600 37’ 14”
600 53’ 52,3”
600 51’ 02”
600 48’ 41,2”
600 44’ 17,5”
600 42’ 34,1”
600 42’ 07,8”
600 41’ 40,2”
600 46’ 34,1”
600 49’ 09,7”
600 44’ 22,2”
600 53’ 24,7”
610 07’ 40,6”
A seguinte tabela (tabela 13) mostra as roças visitadas, e as culturas ali produzidas.
Ocorrência
Roça I
Roça II
Roça II
Roça I
Roça II
Roça III
Roça IV
Roça I
Roça II
Roça I
Roça I
Roça II
Roça III
Roça III
Roça IV
Roça I
Roça I
Roça I
Roça II
Roça
Roça I
Roça I
Roça II
Roça I
Roça I
Roça I
Roça I
Aldeia próxima
Aldeia do Zan
Aldeia do Zan
Aldeia do Zan
Aldeia Escola
Aldeia Escola
Aldeia Escola
Aldeia Escola
Aldeia Santa Cruz
Aldeia Santa Cruz
Aldeia Ipsyrej
Aldeia Zawan
Aldeia Zawan
Aldeia Zawan
Aldeia Zawan
Aldeia Zawan
Aldeia Ikarej
Aldeia Webajkarej
Aldeia Guwapuxurej
Aldeia Guwapuxurej
Casa Verde (não é aldeia)
Aldeia Água Boa
Aldeia Serrinha
Aldeia Serrinha
Aldeia Seringal
Aldeia Tamalisyr
Aldeia Pandarawej
Aldeia Pandyrawa
Amostra nº
Amostra 01
Amostra 02
Amostra 03
Amostra 04
Amostra 05
Amostra 06
Amostra 07
Amostra 08
Amostra 09
Amostra 10
Amostra 11
Amostra 12
Amostra 13
Amostra 14
Amostra 15
Amostra 16
Amostra 17
Amostra 18
Amostra 19
Amostra 20
Amostra 21
Amostra 22
Amostra 23
Amostra 24
Amostra 25
Amostra 26
Amostra 27
Culturas
Mandioca,. Batata doce, Algodão, Amendoim
Cará, Mandioca, Arroz, Cana, Banana
Cará, Mandioca, Melancia, Cana, Abacaxi
Cará, Mandioca, Milho, Cana, Batata doce, Banana, Amendoim
Mamão, Mandioca, Milho, Cana, Melancia, Banana, Amendoim
Mandioca, Cará, Abacaxi
Mandioca, Milho, Cará, Melancia, Batata doce, Amendoim
Cará, Mandioca, Milho, Cana, Melancia
Mandioca
Mandioca
Cará, Mandioca, Milho, Banana, Mamão
Mandioca, Cará, Milho
Mandioca, Cará, Feijão, Café
Pretende plantar arroz e milho
Milho, Feijão, Banana, Mandioca, Cará
Cará, Mandioca, Milho, Banana, Batata
Mandioca, Cará, Milho, Amendoim, Cuia, Café
Banana, Mandioca, Cará, Milho, Amendoim, Batata, Cana
Abacaxi, Mandioca, Cará, Milho, Batata
Mandioca
Mandioca, Banana, Cará
Mandioca, Banana, Cará, Café, Milho, Batata, Cana
Mandioca, Banana, Cará, Batata
Mandioca, Banana, Algodão, Mamão, Milho, Cará
Mandioca, Banana, Pupunha, Batata, Milho, Cará
Mandioca, Cará
Mandioca, Cará, Milho, Batata, Banana
82
As áreas de pastagens e outras áreas desmatadas são mais que suficientes para o plantio tradicional, e também para experiências com outros tipos de cultura e reflorestamento.
A atividade pecuária, também remanescente e “herdada” dos antigos posseiros, desde que bem orientada e socializada pode trazer benefícios.
A quantidade de estradas que cortam a TI e sua distribuição são satisfatórias, e com pequenos ajustes tem potencial suficiente para dar suporte ao uso e a ocu-pação ordenada do solo. Areia, pedra argila, seixo e outros insumos existentes são alternativas que podem amenizar o alto custo do material de construção, que devido à distância média de transporte tem seu custo elevado. O sistema de cul-tivo tradicional de roças tem função satisfatória, e as análises de fertilidade irão apontar as deficiências e potencialidades do solo e qual a forma de manejo mais adequado.
Ocorrência
Roça I
Roça II
Roça III
Roça I
Roça II
Roça III
Roça I
Roça II
Roça I
Roça I
Roça I
Roça I
Aldeia próxima
Aldeia do Luis
Aldeia do Luis
Aldeia do Luis
Aldeia Central
Aldeia Central
Aldeia Central
Aldeia Escola II
Aldeia Escola II
Aldeia Nova
Aldeia Caneco
Aldeia do Chiquinho
Aldeia do Manoel
Amostra nº
Amostra 28
Amostra 29
Amostra 30
Amostra 31
Amostra 32
Amostra 33
Amostra 34
Amostra 35
Amostra 36
Amostra 37
Amostra 38
Amostra 39
Culturas
Mandioca,. Batata doce, Milho
Mandioca, Batata doce, Cará
Mandioca, Mamão, Banana, Cará
Mandioca, Cará, Milho
Mandioca, Cará, Milho, Amendoim
Mandioca, Cará, Milho, Banana, Arroz, Mamão
Mandioca, Cará, Milho
Mandioca, Cará, Banana, Milho
Banana, Mandioca, Cará
Batata, Mandioca, Cará
Batata, Mandioca, Banana, Milho, Abacaxi, Algodão, Cará
Abacaxi, Mandioca, Cará, Milho, Batata
83
A próxima tabela (tabela 14) contém a identificação das amostras e os valores da análise laboratorial.
TABELA 14 - AMOSTRAS DE SOLO, VALORES DAS ANÁLISES.
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Ip Syrej
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Duabiyrej
Zarup wej
Bepem wëj
Pandjirawa
Zawa Karej
Guwapuxurej
Anguj tapua
Du andjurej
Maluj kyrej
Webaj karej
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Tamali synej
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Mandarap árej
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAServiço Geológico do Brasil - CPRM
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 AldeiasTerra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
GeologiaUnidades Litoestratigráficas
Complexo JamariComplexo Nova Monte VerdeFormação RooseveltGrupo BeneficenteSuíte Intrusiva Serra da Providência
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Mapa de Geologia
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAEmpresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
PedologiaTipo de solo
Argilossolo VermelhoArgilossolo Vermelho-AmareloLatossolo Vermelho-AmareloNeossolo Litólico
0 6.800 13.6003.400Metros
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Mapa de Solos
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Igarapé Campo da Mangueira
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAASTER GDEM
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
Modelo Digital de ElevaçãoAster GDEM (m)
0 - 5050 - 100100 - 150150 - 200200 - 250
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Modelo Digital de Elevação
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Igarapé Azul
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Igarapé Branco
Igarapé Fazendinha
Igarapé da Serra
Igarapé Campo da Mangueira
Igarapé Catuva
Igarapé da Areia
Igarapé do Gregório
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANA
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simples
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Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
Mapa de Hidrografia
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Abesewap
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Pawanewã
Palia xij
Duabiyrej
Zarup wej
Bepem wëj
Pandjirawa
Zawa Karej
Guwapuxurej
Anguj tapua
Du andjurej
Maluj kyrej
Webaj karej
Bat andjurej
Tamali synej
Gala andjurej
Imbepu axurej
Mandarap árej
Ibug andjurej
Igarapé Canaã
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Igarapé Branco
Igarapé Fazendinha
Igarapé da Serra
Igarapé Campo da Mangueira
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Igarapé da Areia
Igarapé do Gregório
Igar
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Igarapé Santa Sílvia
Igarapé do Lázaro
Igara
pé B
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Igarapé da Pinguela
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.do Azul
Igarapé Braço Sul do Gustavo
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Rio Branco
Rio Fortuna
Igarapé Braço Sul do Gustavo
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Parque do Aripuana
60°30'0"W
60°30'0"W
60°40'0"W
60°40'0"W
60°50'0"W
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Diagnóstico Etnoambiental Terra Indígena ZoróElaboração: Meline Machado
Crea: DF - 18360/DCréditos:
APIZ - Associação do Povo Indígena ZoróFundação Nacional do Índio - Funai
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGEDiretoria de Serviço Geográfico- DSG Exército Brasileiro
Agência Nacional de Águas - ANAInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Projeção: South American - SAD69
Legenda
#0 Aldeias
Terra IndígenaRios de margem duplaRios de margem simplesEstrada
Imagem Resourcesat 1 LISS3 - 07/07/2013RGB
Red: Band_1Green: Band_2Blue: Band_3
0 6.800 13.6003.400Metros
1:400.000
Área da Terra Indígena:Aproximadamente 357.000 ha
Mapa de Localização das Aldeias
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Acer
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CAPÍTULO 5CAPÍTULO 5
Éder
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5.1 INTRODUÇÃONa busca por compreender a situação das áreas protegidas, incluindo, territórios in-dígenas, as comunidades, bem como os planejadores das atividades turísticas, vêem no ecoturismo uma alternativa para permitir diretrizes relacionadas a preservação e conservação, tanto de ambientes naturais, quanto socioculturais, além de tentar orientar o comportamento mais adequado para comunidades autóctones e turistas.
As comunidades indígenas possuem particularidades geográficas, visto que vivem em um habitat com abundância de água e floresta, apresentando um modo de vida totalmente peculiar com expressões culturais próprias.
A cultura indígena possui uma intrínseca relação com a natureza, de forma que estes respeitam grandemente todo o ambiente natural que os cerca, sendo este meio visto por estes indivíduos como a essência da vida e liberdade. O contato íntimo destas comunidades com o meio ambiente natural é expresso simbolica-mente em sua cultura.
O indígena possui um “mundo” diferenciado, em que a cultura é o marco simbólico de sua existência e resistência ao longo dos tempos. Na sua relação com a natureza surge um modo de vida próprio, pautado na mais absoluta simplicidade, bem como na solidariedade entre todos na comunidade.
O ecoturismo é um segmento de turismo que está intimamente ligado à questão cultural, histórica e ambiental, de forma que para que seja desenvolvido é necessário que haja uma relação racional do turista com a natureza e com a comunidade receptora, de forma que esses devem respeitosamente estabelecer um vínculo sustentável com os atrativos – culturais, ambientais, sociais – ali encontrados.
TURISMO
Trabalho artesanal de confecção de cestas com palha de buriti.
92
Como já mencionado nesta tela, as comunidades indígenas possuem um modo de viver diferenciado, de forma que são considerados por alguns como verdadei-ros guardiões da região Amazônica, graça aos seus valores culturais, bem como à sua economia de subsistência, que ainda conserva as riquezas naturais, no que tange a fauna e flora e a toda diversidade ecológica da qual a Amazônia é tão rica (BENCHIMOL, 2001). Toda esta conservação e/ou preservação - em alguns locais - se deve ao amor e ao respeito da figura do indígena para com a natureza de uma forma geral.
Sendo assim, quando se trata do desenvolvimento da atividade turística em Terras Indígenas e, tem-se ciência da estreita relação do indígena com as questões culturais e ambientais de uma forma geral, logo nota-se que o segmento de turismo mais apropriado para ser desenvolvido nestes territórios é o ecoturismo. O ecoturismo é o segmento que mais possui relação com o turismo desenvolvido próximo as áreas indígenas, pois é realizado em áreas naturais, tendo a cultura e a natureza como principais atrativos, além de visar à sustentabilidade.
Como muito bem colocado por Faria (2005), para que o ecoturismo se desenvolva de forma racional em comunidades indígenas faz-se necessário o planejamento participativo, em que haja a integração e convergência com os anseios da comu-nidade autóctone. Desta forma, o planejamento junto à comunidade envolvida deve ser imperativo para que assim, ocorra o desenvolvimento racional da ativi-dade turística.
O envolvimento da comunidade no processo de planejamento do turismo é de suma importância, devendo esta participar de forma ativa de todas as fases do planejamento. É indispensável que as comunidades sejam ouvidas acerca do entendimento, das expectativas, bem como das potencialidades que seu território possui para que o turismo seja desenvolvido.
As ações voltadas para a gestão do turismo também devem contar imperativa-mente com a participação funcional das comunidades indígenas, de forma que deverá caber a elas gerir tanto as divisas financeiras geradas pelo turismo, quanto às atividades que se relacionem direta ou indiretamente ao turismo.
Algo bastante mencionado nos estudos realizados sobre o desenvolvimento do turismo em Terras Indígenas, refere-se à geração de renda complementar às comunidades, visto que atualmente estas se encontram diante de novas necessi-dades, devendo assim, a renda ser acrescidas para que essas sejam supridas. Estas novas necessidades citadas foram resultadas pelo surgimento de cidades próximas às Terras Indígenas, fato que culminou na ocidentalização dos costumes, criando necessidades “normais” de consumo (YÁZIGI, 2007).
É também neste sentido de complementação de renda que o turismo vem para trazer impactos positivos às comunidades indígenas, de forma a preencher as lacunas geradas pelas necessidades impostas na atualidade, ocasionando a melho-ra na qualidade de vida destas populações.
Tendo em vista, todas essas perspectivas e avançando ainda mais nas possibi-lidades conceituais e metodológicas adequadas para construções norteadoras, observamos no conceito de “ecoturismo indígena” definido por Faria (2007), o ecoturismo promovido dentro dos limites das terras indígenas através do planeja-mento/gestão participativa e comunitária, respeitando os valores sociais, culturais
Sequência de fotos mostrando a preparação de peixe para assar
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e ambientais dos diferentes povos envolvidos em que a comunidade é a principal beneficiada, sendo o de maior relevância e proximidade com as realidades e necessidades das comunidades inseridas ou em inserção de atividades relaciona-das ao turismo em terras indígenas.
Tomando por base a necessidade de autonomia dessas comunidades indígenas, os benefícios dos métodos de pesquisa participante-ação e ultrapassando as definições básicas de ecoturismo, o ecoturismo indígena, coloca em primeiro plano, as comunidades, tornando-se por esse motivo, um aliado nas reivindi-cações do movimento indígena.
5.2 MATERIAIS E MÉTODOS No decorrer da pesquisa foram aplicados questionários com perguntas abertas, fechadas e mistas, junto à comunidade indígena da TI Zoró.
Foi utilizada a pesquisa bibliográfica, visando dar o embase teórico necessário ao trabalho e foram realizadas entrevistas informais para assim, buscar informações complementares sobre a localidade, bem como sobre a comunidade pesquisada. Por fim, foi feita a tabulação e sistematização dos dados obtidos por meio da aplicação dos questionários.
A colaboração dos pesquisadores indígenas contribuiu significativamente para es-tabelecer a relação de confiança e aperfeiçoar a margem de segurança dos dados.
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo trás como objetivo uma analise das percepções, aceitação, e expectati-vas da comunidade indígena Pangyjej Zoró relacionas a possível implementação de atividades relacionadas ao turismo em seu território. A pesquisa faz parte do conjunto de estudos solicitados pelos coletivos indígenas dessa TI e está inserido na metodologia de Diagnósticos Etnoambientais Participativos de Terras Indígenas.
Se considerarmos os dados populacionais, de 625 indígenas e que para cada casal, a faixa de filhos é de aproximadamente 3, podemos afirmar que a consulta atingiu ¼ dos indígenas considerados ativos nas tomadas de decisão. Além desse aspecto, é interessante destacar que em determinado momento, o resultante dos questionários eram extremamente próximos, fato que também asseguram a margem de credibilidade dos dados.
Com relação às percepções quanto as possíveis alterações nos aspectos sócio-cul-turais, indagamos, se existirão tais modificações e quais são identificáveis pelos indígenas com o possível desenvolvimento do turismo, assim, 48% expres-saram não perceber a possibilidade de mudanças, 8% disseram não saber e 44% entendem que as mudanças acontecerão. Essas mudanças, na compreensão indí-gena, são voltadas para aspectos positivos, relacionados a divulgação da cultura, geração de renda e melhorias na qualidade de vida.
Na opinião dos indígenas essas seriam as alterações num cenário de
Confecção de flechas.
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desenvolvimento de atividades turísticas: “Assim somos vistos como pessoas porque muitas das vezes não somos reconhecidos; Porque assim os brancos vão reconhecer a realidade nossa; Melhoraria a visão sobre a realidade da vida do nosso povo; Porque assim somos reconhe-cidos por não indígenas; Ajuda na questão do povo ser reconhecido dentro da sua realidade de viver; O turis-mo seria uma renda para a comunidade; Saber as coisas que o turista conta com a comunidade para melhorar a realidade do povo; A comunidade precisa ter recurso para todas as aldeias; Convivências com as pessoas. Conheceríamos mais pessoas e seus costumes e elas conheceriam nossos costumes também; A comunidade acompanha com o turismo dentro da nossa região; Ensinar muitas coisas e aprender a mudar muito e a ter direito a muitas coisas nas aldeias; A comunidade precisa ter recurso para comunidade e compartilhar com eles; Mudaria no dia-a-dia, porque os indígenas ficariam preocupados em receber os turistas; Para trazer dinheiro para dar pra comunidade; Mudaria as danças; Para mudar a realidade da comunidade e trazer mais recursos para ela; Mudaria a questão socioeconômi-ca; Mudaria porque teríamos que cuidar dos turistas; Mudaria na estrutura da comunidade, pois as casas dos visitantes deveriam ser construídas; Aumentaria mais o conhecimento da cultura do nosso Povo Pangyjej e mostraria suas terras para o Brasil.”
Observando as respostas relacionadas as alterações locais podemos corroborar com Faria (2005) quan-do destaca que o fato do turismo não fazer parte do cotidiano das comunidades indígenas dificulta o entendimento dos impactos positivos e negativos que porventura possam advir do desenvolvimento dessa atividade. Somente as pessoas que direta ou indireta-mente possuem ligação com esta atividade têm clareza quanto aos possíveis impactos gerados pelo turismo.
Nessa compreensão, apenas 22% dos entrevistados, acreditam que o turismo traria algum tipo de impac-tos negativos caso fosse implementado na terra indíge-na Zoró. São impactos relacionados nessa perspectiva “Maus costumes; desorganização da Comunidade; dro-gas; impactos à natureza; e lixo na comunidade”. Esses impactos, segundo eles, só aconteceriam caso: “Pode acarretar se não houver planejamento; dependendo da aplicação dos recursos nas aldeias; se chegar e impor regras”.
Outro dado importante de ser citado é o cuidado dos indígenas quanto aos possíveis locais a serem visitados pelos turistas, 38% dos indígenas afirmam que nem todos os locais da TI podem ser acessados pelo turismo.
A este exemplo, são destacados como locais proibidos os seguintes: cemitérios; algumas aldeias; lugares de plantas medicinais; lugares sagrados – Vista da Taquara; áreas de mineração. Esse percentual, se comparado com outras TI é extremamente elevado, normalmente essa conscientização sobre restrição dos espaços, só é desenvolvida ao longo das oficinas.
Nessa amplitude de questões, abordamos ainda, os po-tenciais atrativos relacionados à belezas cênicas e cul-turais. Foram destacados pelos indígenas os seguintes lugares: aldeias antigas; rio Consuelo na área do Povo Pangyjej Zoró; aldeia Anguy Tapuã - tem muitos peixes e animais; serras onde são observadas rochas e florestas; montanha em forma de torre - na área da fazenda existem cachoeiras; aldeias que ficam localizadas nas beiras dos rios; aldeia Escola; cachoeira do rio Branco; rio Branco; rio Roosevelt; montanha perto da Aldeia Escola – 3 km; aldeia do Chiquinho (praia) - não tem ponte, de forma que o turista terá que atravessar de barco; rio Canaã.
Para observação de animais, são destacados os seguin-tes locais: aldeia Ipewurej; rio Canaã; rio Consuelo; Barreiro; aldeia Ibupeaxurej; perto da Aldeia Buburej – barreiro perto da aldeia Escola – Roça; em lugares distantes, onde é difícil a presença da caça.
Os utensílios e artesanatos produzidos na Terra Indígena Zoró, são: colares; brincos; redes; cocares; arcos; pul-seiras; anéis; gargantilhas; bandoleiras; flechas; cestos; paneiro; pilão; panelas de barro; esteira.
Entre os alimentos são destacados: milho, mandioca, cará, banana, amendoim, batata doce, batata, mamão, cana, chica, farinha, fuluchua (sopa de peixe), maka-loba, beiju, mandaga (massa de batata doce assada), carne de caça, peixe assado na palha, sopa de milho, sopa da banana, carne com castanha assada na palha.
Para uma primeira aproximação, esses dados são norteadores e necessariamente servirão de base para as construções participativas referentes ao turismo, aumentando significativamente o olhar indígena sobre seu conhecimento atual referente ao tema e sua neces-sidade de compreensão.
Por fim, quando perguntamos aos entrevistados “Se você pudesse opinar ou interferir no desenvolvimento do turismo em sua comunidade, o que faria?” chega-mos aos seguintes resultados: estimularia o turismo 46%; proibiria o turismo na região 32%; não sei 14%; não faria nada 8%. Foi acrescentada ainda por alguns
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Nesta foto barco em atividade de pesca. Abaixo crianças brincam na aldeia num final
de tarde; indígena trabalhando no tear; maloca com panela no fogo e macaxeira sendo servida.
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entrevistados a necessidade de reuniões da comuni-dade para definição do tema e também em fases pos-teriores a importância de gestão de recurso de forma participativa, caso ocorra a atividade.
Observando os dados obtidos e fazendo uma correlação entre percepção, propensão e potencialidades, pode- mos discorrer as seguintes considerações: inicialmente, a comunidade deve definir de forma participativa, com base nas informações do Diagnóstico, se o tema turis-mo é de interesse para a Terra Indígena Zoró, fato que, segundo dados, não está perfeitamente definido; aproveitar os espaços de discussão para aumentar o conhecimento sobre turismo/ecoturismo indígena; estabelecer um intercâmbio de informações com outras etnias que já estão avançadas no processo participativo de ecoturismo indígena; optar por planejamentos e tomadas de decisões participativas, inserindo cada vez mais indígenas na construção de um modelo adequado às necessidades e potencialidades locais.
Caso a comunidade decida por desenvolver atividades de turismo, é necessário elaborar um Plano de Ecoturis-mo alicerçado no Diagnóstico Etnoambiental Participa-tivo da TI Zoró.
Para aumentar a autonomia e compreensão das reais dimensões e implicações do turismo - que certamente estão além de melhorias – e embasar essas comuni-dades para futuros processos decisórios, é indispensável à realização de oficinas de capacitação, onde poderão ser apresentadas e discutidas as melhores alternativas para a implementação de atividades turísticas, evitando assim que essas comunidades padeçam por tomadas de decisões equivocadas.
Buscar parceria com as terras/associações indígenas próximas para a construção de um destino mais sóli-do e com capacidade de concorrer com outras regiões. Como exemplo tem-se a Terra Indígena Sete de Setem-bro que já passou por etapas de diagnóstico e concluiu em 2012 seu Plano de Ecoturismo Indígena.
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CAPÍTULO 6
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6.1 INTRODUÇÃOO etnozoneamento é um instrumento de planejamento para a elaboração do plano de gestão da terra indígena. O principal produto deste instrumento é um mapa com a delimitação de zonas, onde se definem o uso dos recursos naturais, a proteção, valorização da cultura e as formas de uso dentro do território indígena.
No etnozoneamento há a valorização do conhecimento indígena, cultura, de suas organizações e ajuda a planejar o uso dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico do território (SANTOS, 2005).
A decisão de realizar o planejamento da terra indígena foi tomada a partir de 2004 quando os Zoró tomaram conhecimento do etnozomento realizado pelos povos Paiter Surui, na Terra Indígena Sete de Setembro. Estes buscaram apoio jun-to a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) para sua realização. Como estas entidades não disponham de recursos financeiros, os Pangyjej Zoró decidiram que buscariam junto a outras instituições.
A APIZ (Associação do Povo Indígena Zoró) buscou apoio junto ao MMA (Ministério do Meio Ambiente), via PDPI (Projeto Demonstrativo dos Povos Indígenas), que apoiou financeiramente a elaboração do Diagnóstico Etnoambiental, Etnozone-amento e Plano de Gestão da Terra Indígena Zoró. Eles contaram ainda com o apoio da Kanindé, ECAM (Equipe de Conservação da Amazônia) e da FUNAI.
ETNOZONEAMENTO
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6.2 ETNOZONEAMENTOA decisão de realizar o etnozoneamento trouxe a reflexão sobre a necessidade de conhecer o território, integrando a ciência indígena e a ciências dos não indígenas. O que levou os indígenas a decidirem pela elaboração do Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Zoró (KANINDÉ, 2010).
O diagnóstico etnoambiental participativo foi realizado em 2012 e 2013, envolvendo todas as aldeias, com a participação de indígenas em todos os levantamentos de campo. Com o diagnóstico pronto se passou para a fase seguinte que foi a elaboração do etnozoneamento.
O Etnozoneamento envolveu uma reflexão sobre os problemas levantados durante o diagnóstico e a busca de soluções, para tanto, os indígenas elaboraram o mapa do etnozoneamento, onde eles zonearam seu território, planejando a forma de uso de cada área.
O Diagnóstico Etnoambiental Participativo foi utilizado
como base, já que este traz um conjunto de pesquisas que caracterizam a TI e recomenda atividades para o ponto que necessita de atenção.
Esse estudo contou com uma equipe especializada em cada área, dentro da temática étnica, geográfica, biológica e potencial turístico. Logo, após as pesqui-sa de campo e bibliográficas, foram apresentados os resultados na oficina de Validação do diagnóstico. Nela, o Povo Pangyjej Zoró pôde avaliar os resultados, aprová-los e, na sequencia, elaborar o mapa de etnozoneamento. O mapa produzido na oficina foi encaminhado a um especialista que o reproduziu, na íntegra, em forma digital.
A oficina para Validação do Diagnóstico Etnoambien-tal Participativo e de Etnozoneamento foi realizada na aldeia-escola ZaruipWej. Divididos em grupos por área, eles se reuniram para delimitar a zona dentro de um mapa em branco e traçar os objetivos, indicadores,
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resultados esperados, atividades e normas. Após o mo-mento em grupo, foram feitas as apresentações para a plenária aprovar as propostas e elaborar um único mapa com as zonas definidas. Em meio às apresentações eles decidiram juntos que em vez da palavra zona utilizariam áreas, já que para os participantes a palavra área era de fácil entendimento para os mais velhos.
Durante a oficina, foi pensada e planejada a área de turismo. No entanto, após inúmeros questionamentos de vários indígenas, decidiram que, apesar de existir o interesse na implementação de projetos de turismo na terra indígena, não será inclusa essa temática. Isso porque precisam ampliar essas discussões a um maior número de indígenas e em outro momento.
Para cada área foram definidos os objetivos, gerais e específicos, resultados esperados, indicadores, nor-mas e atividades. Estas áreas seriam implementadas pelo Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra
Indígena Zoró.
Outra decisão tomada pela comunidade é de que criariam poucas áreas, utilizariam linguagem simples, facilitando o acesso a todos aos dados do etnozonea-mento, e contribuindo para a reflexão na elaboração do Plano de Gestão.
Foram criadas oito áreas que estão representadas no Mapa de Etnozoneamento da Terra Indígena Zoró.
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6.3 ÁREAS DO ETNOZONEAMENTO
6.3.1. Área de caça e pescaObjetivo Geral>Área destinada para uso de caça e pesca.
Objetivo Específico>Garantir a alimentação nas aldeias.
Resultado Esperado>Ter alimento suficiente para o sustento da comunidade.
Indicadores>Quantidade de animais consumidos;>Animais retornando a área.
Norma geral >Será permitida a caça e pesca por não-indígena somente para consumo próprio e com autorização da liderança da comunidade.
Atividades>Caçar e pescar;>Fazer o monitoramento da caça e pesca.
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6.3.2. Área CastanhalObjetivo Geral>Ter uma área destinada para conservação dos castanhais.
Objetivos Específicos>Garantir a conservação das castanheiras;>Garantir a conservação de espécies vinculadas as castanheiras;>Garantir geração de renda.
Resultados Esperados>Venda da castanha;>Venda da castanha beneficiada;>Aumento da geração de renda das famílias.
Indicadores>Quantidade de quilos de castanhas vendidas;>Valor agregado ao produto;>Aumento de área explorada.
Norma geral >Será permitida a coleta de castanha por outra etnia somente com autorização da liderança da comunidade.
Atividades>Limpeza das estradas dos castanhais;>Coletar castanhas;>Fazer trilhas para acesso aos castanhais;>Definir as regiões dos castanhais por família;>Elaborar o plano de uso das castanheiras;>Elaborar o plano de negócios das castanheiras.
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6.3.3. Área de ProduçãoObjetivo GeralManter as roças tradicionais
Objetivos Específicos>Aumentar as roças para gerar excedentes;>Comercializar o excedente.
Resultados Esperados>Aumentar a geração de renda familiar;>Melhorar a qualidade da alimentação;>Melhoria das práticas de cultivo.
Indicadores>Quantidade de roças produzindo.
Norma geral para a terra indígenaApenas os indígenas moradores na TIZ poderão fazer as roças.
Atividades>Assistência técnica para as roças;>Apoio a produção;>Comercialização da produção;>Aquisição de implementos agrícolas.
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6.3.4. Área SagradaObjetivo Geral>Proteger as áreas sagradas.
Objetivos Específicos>Orientar e mostrar aos jovens as áreas sagradas;>Preservar as áreas sagradas.
Resultados Esperados>Os jovens conhecendo a sua historia;>Respeito aos antepassados.
Indicadores>Os jovens transmitindo os valores culturais;>A história sendo contada na escola;>O registro da história e cultura em materiais didáticos.
Norma geral para a terra indígena>Os pais deverão ensinar seus filhos sobre a cultura e historia do Povo Pangyjej Zoró.
Atividades>Incluir no currículo escolar as histórias e a cultura do Povo Pangyjej Zoró;>Responsabilizar orientadores indígenas a conhecer e transmitir a história do Povo Pangyjej Zoró aos alunos;>O conhecimento dos mais velhos ser repassado aos orientadores indígenas.
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Parque do Aripuanã60°30'0"W60°40'0"W60°50'0"W61°0'0"W61°10'0"W
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Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - CRBIO 37894/6 - DGeog. Meline Cabral Machado - CREA 18360-D/DFTiago Zoró
Responsabilidade Técnica:
DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO EETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ZORÓ
Base Cartográfia - Folhas: SC.20-Z-B-I / SC.20-Z-B-II / SC.20-Z-B-IV / SC.20-Z-B-V na escala de 1:100.000 da Diretoria de Serviço Geográfico- Exército Brasileiro. As Imagens de Satélites Resource SAT LISS 3Órbita/Ponto 314/084 e 315/084.
Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - Biólogo CRBio 37894/6-DThamyres Mesquita Ribeiro - BiólogaJoelma Pinheiro da Silva - Gestora AmbientalEderson Lauri Leandro - Ms GeografiaMarcos Garcia
Mapa elaborado pelo coletivo do povo Zoró- Pangyjej, Associação doPovo Indígena Zoró . Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé,ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia.
Este trabalho foi executado pela Associação do Povo Indígena Zoró -Pangyjej, com apoio do PDPI - Projeto Demonstrativo de Povos Indígenase Fundação Gordon&Betty Moore e parceria da Associação de DefesaEtnoambiental Kanindé e Equipe de Conservação da Amazônia - ECAM.
EQUIPE TÉCNICA:
Meline Cabral Machado - Ms Geografia
Associação do Povo Indígena Zoró - Pangyjej
Tiago Zoró - PresidenteJunior Cinta Larga - Vice-CoordenadorElizabete Cinta Larga - TesoureiroAdemir Cinta Larga - Secretário
Associação de Desfesa Etnoambiental Kanindé
Equipe de Conservação da Amazônia
Elaboração do mapa:
Marcos Zoró Davi Zoró José ZoróFabio ZoróPaulo ZoróLígia Neiva Jair ZoróMelkon Tiuxuting ZoróVanessa ZoróClaudineia ZoróValdecir ZoróRenato ZoróVicente paxurup ZoróWillian W. ZoróFabio ZoróCaroline ZoróFrancisco ZoróEdilson ZoróPepuj ZoróXiktika ZoróValter ZoróFranciel ZoróDébora ZoróRogério ZoróLucimar ZoróNelson Zoró
TERRA INDÍGENA ZORÓ
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Área da terra indígena Zoró: aproximadamente 305.000 hectares.
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA E CONVERGÊNCIA MERIDIANADO CENTRO DA FOLHA - ANO 2014
A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA CRESCE - 9' 36" ANUALMENTE
USAR EXCLUSIVAMENTE OS DADOS NUMÉRICOS
DATUM HORIZONTAL - SAD/69
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR
ORIGEM DA QUILOMETRAGEM UTM: EQUADOR E MERIDIANO 63 WGr.
ACRESCIDAS AS CONSTANTES: 10.000 Km e 500 Km RESPECTIVAMENTE
Escala: 1 - 130.0000 5,000 10,000 15,0002,500
metros
-13º 34' 12''
-0º 9' 36''
NM
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xxxxxxxxxxxxx Zoró
Isac X. ZoróCelso Xajyp ZoróMarcio K ZoróMarcelo Xipabe Anzap ZoróValmir Xisamujambá ZoróArlindo Pusanxibu ZoróCarlos Xipipa ZoróMarcio Xinahu ZoróEduardo K ZoróRicardo S ZoróCarliton A. ZoróJoel ZoróMiguel Zan ZoróElias ZoróJoksley ZoróRute X ZoróGisele ZoróErnesto ZoróCrislaine Zoró Mariza ZoróChico ZoróAwap ZoróKujkyp ZoróLucilene ZoróCleidiane ZoróCristiane Gavião
Aldeia atual
Aldeia antiga
Igreja
Seringal
Castanhal
LegendaEstradas
Rio de margem simples
Rio de margem dupla
Terra Indígena
EtnozoneamentoÁreas
Área cultural
Área de caça e pesca
Área castanhal
Área de produção
Área de produção - plano de manejo
Área de proteção integral
Área de recuperação
Área de resgate
Área de turismo
Área sagrada
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6.3.5. Área de ResgateObjetivo Geral>Ampliar os limites da TI.
Objetivo Específico>Ampliar os limites no lado Oeste da TI, que ficaram fora da demarcação.
Resultado Esperado>Anexar a área reivindicada a TI.
Indicador>Decreto de ampliação da área publicado no Diário Oficial.
Norma geral para a terra indígena>Juntar parcerias para defender a ampliação dos limites da TI.
Atividades>APIZ enviar documento a FUNAI solicitando como está a situação do processo de ampliação dos limites da TI;>Formalizar parcerias;>Entrar em contato com Ministério Público para verificar como está a situação do processo de ampliação dos limites da TI;>Realizar reuniões com as instituições responsáveis pelo processo.
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6.3.6 Área de Proteção IntegralObjetivo Geral>Proteger os animais e a floresta.
Objetivo Específico>Garantir a preservação das espécies da fauna e flora.
Resultado Esperado>Aumento da quantidade caça e pesca.
Indicadores>Manutenção das espécies de fauna e flora.
Norma geral para a terra indígena>Não é permitido fazer uso dos recursos naturais dessa área.
Atividades>Realizar atividade de proteção;>Realizar o monitoramento da fauna e flora.
Ixaweja
Xipitut
Bubyrej
I karej
Rio Azul
Abesewap
Ipewyrej
Zawã kej
Ip Syrej
Pawanewã
Betem wej
Xylyi xij
Duabiyrej
Kasalawej
Du'yp wej
Palia xij
Duabiyrej
Zarup wej
Bepem wëj
Zap ara ej
Zat kut xi
Bat peaxij
Ikabe kawa
Bat anduxi
Ikat sunej
Ixikura xi
Pandjirawa
Zawa Karej
Guj wenawej
Ibe andyrej
Dupitinynej
Mandjup xij
Guwapuxurej
Anguj tapua
Du andjurej
Maluj kyrej
Webaj karej
Bade sagyrej
Panjij xapxiBade sagyrej
Ixia puxurej
Bat andjurej
Tamali synej
Gala andyurej
Ikulu segyrej
Zam zam kyrej
Gala andjurej
Imbepu axurej
Mandarap árej
Ibug andjurej
Gat kangyp wej
Wawu sunum wëj
Gat kangym wej
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Zoró
Aripuanã
Aripuanã
Parque do Aripuanã60°30'0"W60°40'0"W60°50'0"W61°0'0"W61°10'0"W
10°2
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Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - CRBIO 37894/6 - DGeog. Meline Cabral Machado - CREA 18360-D/DFTiago Zoró
Responsabilidade Técnica:
DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO EETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ZORÓ
Base Cartográfia - Folhas: SC.20-Z-B-I / SC.20-Z-B-II / SC.20-Z-B-IV / SC.20-Z-B-V na escala de 1:100.000 da Diretoria de Serviço Geográfico- Exército Brasileiro. As Imagens de Satélites Resource SAT LISS 3Órbita/Ponto 314/084 e 315/084.
Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - Biólogo CRBio 37894/6-DThamyres Mesquita Ribeiro - BiólogaJoelma Pinheiro da Silva - Gestora AmbientalEderson Lauri Leandro - Ms GeografiaMarcos Garcia
Mapa elaborado pelo coletivo do povo Zoró- Pangyjej, Associação doPovo Indígena Zoró . Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé,ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia.
Este trabalho foi executado pela Associação do Povo Indígena Zoró -Pangyjej, com apoio do PDPI - Projeto Demonstrativo de Povos Indígenase Fundação Gordon&Betty Moore e parceria da Associação de DefesaEtnoambiental Kanindé e Equipe de Conservação da Amazônia - ECAM.
EQUIPE TÉCNICA:
Meline Cabral Machado - Ms Geografia
Associação do Povo Indígena Zoró - Pangyjej
Tiago Zoró - PresidenteJunior Cinta Larga - Vice-CoordenadorElizabete Cinta Larga - TesoureiroAdemir Cinta Larga - Secretário
Associação de Desfesa Etnoambiental Kanindé
Equipe de Conservação da Amazônia
Elaboração do mapa:
Marcos Zoró Davi Zoró José ZoróFabio ZoróPaulo ZoróLígia Neiva Jair ZoróMelkon Tiuxuting ZoróVanessa ZoróClaudineia ZoróValdecir ZoróRenato ZoróVicente paxurup ZoróWillian W. ZoróFabio ZoróCaroline ZoróFrancisco ZoróEdilson ZoróPepuj ZoróXiktika ZoróValter ZoróFranciel ZoróDébora ZoróRogério ZoróLucimar ZoróNelson Zoró
TERRA INDÍGENA ZORÓ
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30°0'0"W80°0'0"W
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Área da terra indígena Zoró: aproximadamente 305.000 hectares.
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA E CONVERGÊNCIA MERIDIANADO CENTRO DA FOLHA - ANO 2014
A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA CRESCE - 9' 36" ANUALMENTE
USAR EXCLUSIVAMENTE OS DADOS NUMÉRICOS
DATUM HORIZONTAL - SAD/69
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR
ORIGEM DA QUILOMETRAGEM UTM: EQUADOR E MERIDIANO 63 WGr.
ACRESCIDAS AS CONSTANTES: 10.000 Km e 500 Km RESPECTIVAMENTE
Escala: 1 - 130.0000 5,000 10,000 15,0002,500
metros
-13º 34' 12''
-0º 9' 36''
NM
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xxxxxxxxxxxxx Zoró
Isac X. ZoróCelso Xajyp ZoróMarcio K ZoróMarcelo Xipabe Anzap ZoróValmir Xisamujambá ZoróArlindo Pusanxibu ZoróCarlos Xipipa ZoróMarcio Xinahu ZoróEduardo K ZoróRicardo S ZoróCarliton A. ZoróJoel ZoróMiguel Zan ZoróElias ZoróJoksley ZoróRute X ZoróGisele ZoróErnesto ZoróCrislaine Zoró Mariza ZoróChico ZoróAwap ZoróKujkyp ZoróLucilene ZoróCleidiane ZoróCristiane Gavião
Aldeia atual
Aldeia antiga
Igreja
Seringal
Castanhal
LegendaEstradas
Rio de margem simples
Rio de margem dupla
Terra Indígena
EtnozoneamentoÁreas
Área cultural
Área de caça e pesca
Área castanhal
Área de produção
Área de produção - plano de manejo
Área de proteção integral
Área de recuperação
Área de resgate
Área de turismo
Área sagrada
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Zawa Karej
Guj wenawej
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Webaj karej
Bade sagyrej
Panjij xapxiBade sagyrej
Ixia puxurej
Bat andjurej
Tamali synej
Gala andyurej
Ikulu segyrej
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Gala andjurej
Imbepu axurej
Mandarap árej
Ibug andjurej
Gat kangyp wej
Wawu sunum wëj
Gat kangym wej
Webaj anzap wej
Busap tag salia
Zoró
Aripuanã
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Parque do Aripuanã60°30'0"W60°40'0"W60°50'0"W61°0'0"W61°10'0"W
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Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - CRBIO 37894/6 - DGeog. Meline Cabral Machado - CREA 18360-D/DFTiago Zoró
Responsabilidade Técnica:
DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO EETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ZORÓ
Base Cartográfia - Folhas: SC.20-Z-B-I / SC.20-Z-B-II / SC.20-Z-B-IV / SC.20-Z-B-V na escala de 1:100.000 da Diretoria de Serviço Geográfico- Exército Brasileiro. As Imagens de Satélites Resource SAT LISS 3Órbita/Ponto 314/084 e 315/084.
Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - Biólogo CRBio 37894/6-DThamyres Mesquita Ribeiro - BiólogaJoelma Pinheiro da Silva - Gestora AmbientalEderson Lauri Leandro - Ms GeografiaMarcos Garcia
Mapa elaborado pelo coletivo do povo Zoró- Pangyjej, Associação doPovo Indígena Zoró . Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé,ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia.
Este trabalho foi executado pela Associação do Povo Indígena Zoró -Pangyjej, com apoio do PDPI - Projeto Demonstrativo de Povos Indígenase Fundação Gordon&Betty Moore e parceria da Associação de DefesaEtnoambiental Kanindé e Equipe de Conservação da Amazônia - ECAM.
EQUIPE TÉCNICA:
Meline Cabral Machado - Ms Geografia
Associação do Povo Indígena Zoró - Pangyjej
Tiago Zoró - PresidenteJunior Cinta Larga - Vice-CoordenadorElizabete Cinta Larga - TesoureiroAdemir Cinta Larga - Secretário
Associação de Desfesa Etnoambiental Kanindé
Equipe de Conservação da Amazônia
Elaboração do mapa:
Marcos Zoró Davi Zoró José ZoróFabio ZoróPaulo ZoróLígia Neiva Jair ZoróMelkon Tiuxuting ZoróVanessa ZoróClaudineia ZoróValdecir ZoróRenato ZoróVicente paxurup ZoróWillian W. ZoróFabio ZoróCaroline ZoróFrancisco ZoróEdilson ZoróPepuj ZoróXiktika ZoróValter ZoróFranciel ZoróDébora ZoróRogério ZoróLucimar ZoróNelson Zoró
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Área da terra indígena Zoró: aproximadamente 305.000 hectares.
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA E CONVERGÊNCIA MERIDIANADO CENTRO DA FOLHA - ANO 2014
A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA CRESCE - 9' 36" ANUALMENTE
USAR EXCLUSIVAMENTE OS DADOS NUMÉRICOS
DATUM HORIZONTAL - SAD/69
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR
ORIGEM DA QUILOMETRAGEM UTM: EQUADOR E MERIDIANO 63 WGr.
ACRESCIDAS AS CONSTANTES: 10.000 Km e 500 Km RESPECTIVAMENTE
Escala: 1 - 130.0000 5,000 10,000 15,0002,500
metros
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Isac X. ZoróCelso Xajyp ZoróMarcio K ZoróMarcelo Xipabe Anzap ZoróValmir Xisamujambá ZoróArlindo Pusanxibu ZoróCarlos Xipipa ZoróMarcio Xinahu ZoróEduardo K ZoróRicardo S ZoróCarliton A. ZoróJoel ZoróMiguel Zan ZoróElias ZoróJoksley ZoróRute X ZoróGisele ZoróErnesto ZoróCrislaine Zoró Mariza ZoróChico ZoróAwap ZoróKujkyp ZoróLucilene ZoróCleidiane ZoróCristiane Gavião
Aldeia atual
Aldeia antiga
Igreja
Seringal
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LegendaEstradas
Rio de margem simples
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Terra Indígena
EtnozoneamentoÁreas
Área cultural
Área de caça e pesca
Área castanhal
Área de produção
Área de produção - plano de manejo
Área de proteção integral
Área de recuperação
Área de resgate
Área de turismo
Área sagrada
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6.3.7. Área de recuperaçãoObjetivo Geral>Recuperar a área atingida pelo fogo.
Objetivo Específico>Reflorestar a área com espécies nativas.
Resultado Esperado>Recuperação da área degradada.
Indicadores>Quantidade de mudas plantadas;>Número de hectares de área recuperada;>Avistamento de espécies de animais.
Norma geral para a terra indígenaProibido fazer queimada e plantar espécies exóticas.
Atividades>Comprar semente para recuperar a área;>Plantar castanheiras no local;>Fazer proteção da área;>Instalar placas informativas;>Fazer trabalho de conscientização ambiental;>Fazer aceiro no entorno das roças.
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6.3.8. Área CulturalObjetivo Geral>Fortalecer e manter a cultura do Povo Pangyjej Zoró;
Objetivos Específicos>Manter a língua materna;>Comer alimentação tradicional;>Usar pintura corporal;>Fazer o artesanato;>Ensinar a confeccionar as artes Zoró;>Ensinar aos jovens as histórias, os hábitos e costumes do Povo Pangyjej Zoró;>Publicar livros na língua materna;>Manter a medicina tradicional.
Resultado Esperado>Cultura fortalecida.
Indicadores>Os jovens sabendo contar as histórias e sabendo fazer artes Zoró;>Quantidade de livros publicados com as histórias Zoró;>Livro sendo utilizado na escola como material didático;>Zoró falando a língua materna em todos os lugares;>Jovens confeccionando artesanato;>Jovens cantando e dançando tradicionalmente;>Zoró com pintura corporal tradicional.
Norma geral para a terra indígena>A cultura será ensinada nas escolas e nas casas, pelos mais velhos e professores indígenas.
Atividades>Coletar as histórias e publicar;>Fazer oficinas com os jovens tendo os mais idosos como professores, para ensinar a cultura;>Professores ensinando sobre a cultura nas escolas e utilizan-do o material produzido durante o Etnozoneamento;>Realizar apresentações culturais danças e cantos (cantos an-tigos dos animais);>Fazer alimentação tradicional (makaloba, beiju, mandaga, mankiã, mangabeá, entre outras);>Pescaria tradicional junto com os jovens;
>Fazer multirão para roçado;>Fazer tratos culturais dos roçados(limpeza);>Fazer moradias tradicionais;>Fazer remédio tradicional;>Fazer o remédio tradicional para ser um bom caçador;>Ensinar as mulheres novas a tomarem remédios tradicionais para não ficar grávida cedo, para ter uma boa gravidez, e um bom parto;>Ensinar como fazer parto tradicional;>Ensinar as jovens a fazer o artesanato de cerâmica, brincos, pulseiras, colares, rede, fiar algodão, coletar as sementes cer-tas para o artesanato, >Ensinar os jovens a fazer cocar, arco e flecha, a caçar, fazer roça, maloca, a respeitar os próximos e companheiros desde pequenos;>Ensinar os jovens a respeitar os mais velhos, em especial pai e mãe, tios, tias, irmãos e irmãs;>Ensinar os genros a respeitar os sogros;>Ensinar os sogros a respeitar os genros;>Ensinar aos jovens as danças e as musicas culturais;>Ensinar os jovens a fazerem pintura corporal;>Ensinar as jovens a fazerem a comida tradicional.
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Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - CRBIO 37894/6 - DGeog. Meline Cabral Machado - CREA 18360-D/DFTiago Zoró
Responsabilidade Técnica:
DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO EETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ZORÓ
Base Cartográfia - Folhas: SC.20-Z-B-I / SC.20-Z-B-II / SC.20-Z-B-IV / SC.20-Z-B-V na escala de 1:100.000 da Diretoria de Serviço Geográfico- Exército Brasileiro. As Imagens de Satélites Resource SAT LISS 3Órbita/Ponto 314/084 e 315/084.
Ivaneide Bandeira Cardozo - Ms GeografiaIsrael Correa do Vale Junior - Biólogo CRBio 37894/6-DThamyres Mesquita Ribeiro - BiólogaJoelma Pinheiro da Silva - Gestora AmbientalEderson Lauri Leandro - Ms GeografiaMarcos Garcia
Mapa elaborado pelo coletivo do povo Zoró- Pangyjej, Associação doPovo Indígena Zoró . Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé,ECAM - Equipe de Conservação da Amazônia.
Este trabalho foi executado pela Associação do Povo Indígena Zoró -Pangyjej, com apoio do PDPI - Projeto Demonstrativo de Povos Indígenase Fundação Gordon&Betty Moore e parceria da Associação de DefesaEtnoambiental Kanindé e Equipe de Conservação da Amazônia - ECAM.
EQUIPE TÉCNICA:
Meline Cabral Machado - Ms Geografia
Associação do Povo Indígena Zoró - Pangyjej
Tiago Zoró - PresidenteJunior Cinta Larga - Vice-CoordenadorElizabete Cinta Larga - TesoureiroAdemir Cinta Larga - Secretário
Associação de Desfesa Etnoambiental Kanindé
Equipe de Conservação da Amazônia
Elaboração do mapa:
Marcos Zoró Davi Zoró José ZoróFabio ZoróPaulo ZoróLígia Neiva Jair ZoróMelkon Tiuxuting ZoróVanessa ZoróClaudineia ZoróValdecir ZoróRenato ZoróVicente paxurup ZoróWillian W. ZoróFabio ZoróCaroline ZoróFrancisco ZoróEdilson ZoróPepuj ZoróXiktika ZoróValter ZoróFranciel ZoróDébora ZoróRogério ZoróLucimar ZoróNelson Zoró
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20°0
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30°0
'0"S
30°0
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Área da terra indígena Zoró: aproximadamente 305.000 hectares.
DECLINAÇÃO MAGNÉTICA E CONVERGÊNCIA MERIDIANADO CENTRO DA FOLHA - ANO 2014
A DECLINAÇÃO MAGNÉTICA CRESCE - 9' 36" ANUALMENTE
USAR EXCLUSIVAMENTE OS DADOS NUMÉRICOS
DATUM HORIZONTAL - SAD/69
PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR
ORIGEM DA QUILOMETRAGEM UTM: EQUADOR E MERIDIANO 63 WGr.
ACRESCIDAS AS CONSTANTES: 10.000 Km e 500 Km RESPECTIVAMENTE
Escala: 1 - 130.0000 5,000 10,000 15,0002,500
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Isac X. ZoróCelso Xajyp ZoróMarcio K ZoróMarcelo Xipabe Anzap ZoróValmir Xisamujambá ZoróArlindo Pusanxibu ZoróCarlos Xipipa ZoróMarcio Xinahu ZoróEduardo K ZoróRicardo S ZoróCarliton A. ZoróJoel ZoróMiguel Zan ZoróElias ZoróJoksley ZoróRute X ZoróGisele ZoróErnesto ZoróCrislaine Zoró Mariza ZoróChico ZoróAwap ZoróKujkyp ZoróLucilene ZoróCleidiane ZoróCristiane Gavião
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CAPÍTULO 7
119
7.1 APRESENTAÇÃOO presente documento é o resultado das Oficinas Participativas realizadas na TIZ, para a elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Zoró – PGTATIZ.
Neste documento utilizaremos a autodenominação Pangyjej, que é como o povo indígena se autodenomina, sempre que nos referimos ao povo Zoró.
O PGTATIZ é um instrumento de planejamento pensado e elaborado de forma coletiva pelo povo Pangyjej, que busca valorizar a cultura material e imaterial. Este visa o desenvolvimento econômico sustentável, a recuperação de áreas degrada-das pela ação ilegal de madeireiros na terra indígena, a conservação dos recursos naturais e a implementação do etnozoneamento da terra indígena Zoró.
É importante salientar que o PGTATIZ interage com os Planos de Gestão das Terras Indígenas Sete de Setembro (do povo Paiter Surui) e a Roosevelt (do povo Cin-ta Larga), contribuindo para a conservação e o desenvolvimento sustentável do Corredor Etnoambiental Tupi Mondé.
No documento estão ações voltadas para a proteção do território, o fortalecimen-to institucional da APIZ, a educação, saúde, cultura e economia Pangyjej.
O PGTATIZ é um produção coletiva do povo com a assessoria da APIZ e Kanindé, acompanhamento técnico do CTL (Coordenação Técnica Local) de Ji-Paraná da FUNAI e apoio financeiro do PDPI - Ministério do Meio Ambiente, Gordon and Betty Moore Foundation e Amigos da Terra da Suécia.
O PGTATIZ é um documento dinâmico e que será avaliado a cada cinco anos, para que se possa saber o quanto se alcançou e se é necessário ajustes.
PLANO DE GESTÃO
120
7.2. INTRODUÇÃO O Plano de Gestão da Terra Indígena Zoró - PGTATIZ foi criado a partir de re-uniões e oficinas realizados pelos indígenas com a assessoria técnica da APIZ – As-sociação do Povo Indígena Zoró e da Kanindé Associação de Defesa e acompan-hamento técnico do CTL- Coordenador Técnico Local da Coordenação Regional -Ji-Paraná da FUNAI – Fundação Nacional do Índio.
O Diagnóstico Etnoambiental e o Etnozoneamento foram suporte técnico para a tomada de decisão das comunidades durante as Oficinas de elaboração do PGTIZ.
O PGTATIZ é uma ferramenta de gestão socioambiental do território indígena, que tem como princípios:>Autonomia do povo Pangyjej;>Participação da comunidade em sua implementação;>Valorização da cultura;>Repartição de benefícios e liberdade no uso dos recursos naturais.
A implementação do PGTATIZ envolve os órgãos públicos responsáveis pelas ações na terra indígena, a APIZ e a comunidade. No que concerne a sua execução a associação indígena e a comunidade buscarão apoio junto as organizações pú-blicas e privadas, nos casos onde necessitem de recursos externos.
A responsabilidade de implementar o PGTATIZ é do povo indígena, da APIZ e dos órgãos públicos que tem o papel institucional de atender as políticas públicas direcionadas aos povos Pangyjej.
Por decisão da comunidade este plano deverá ter sua implementação avaliada a cada cinco anos, com duração prevista para vinte anos. A cada ano deverão ocorrer encontros para monitorar o quanto se avançou, quais as dificuldades e os ajustes necessários.
Nestes encontros de monitoramento, se buscará envolver todos aqueles que têm algum envolvimento com a comunidade e os responsáveis pela execução do PGTATIZ.
121
7.3. PROGRAMAS TEMÁTICOSOs Pangyjej definiram sete programas temáticos: Educação, cultura, recuperação e resgate, saúde, produção e meio ambiente, que devem ser implementados na terra indígena.
Tham
yres
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7.3.1. Programa Educação
Foi decido pelos participantes na Oficina de Elaboração do Plano de Gestão, que o Programa de Educação deveria atender ao Projeto Politico Pedagógico, que é parte integrante deste PGTATIZ, e que os recursos para sua execução deveriam ser dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Quanto a atividades como de capacitação se buscaria apoio entre entidades não gover-namentais, priorizando as seguintes atividades:
INFRAESTRUTURA
>As construções das escolas são de responsabilidade dos Governos Municipais, Estadual e Federal, devendo a APIZ fazer gestão junto a estes para que as construam e equipem.>Construção de dois prédios para atender a educação sendo: Um na Zarup Wej e outro na Zawã Karej;>Criação e construção de uma Escola Polo municipal na linha do Pacarana no interior da TI;>Mobiliários para as escolas;>Reformas das escolas municipais (enquanto não constroem as polos);
FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO
Segundo os indígenas, estes têm muita dificuldade em fazer a gestão administrativa e financeira da APIZ e de
atividades que envolvam prestação de contas e negociação de produtos. Visando melhorar sua atuação, estes pro- puseram que houvesse cursos de formação e capacitação para gestores da Associação e membros da comunidade que vendem produtos nos mercados locais. Foram prio- rizadas as seguintes capacitações:
>Planejamento e prestação de contas dos programas educacionais;>Formação continuada através do Centro de Formação de Professores – CEFAPRO;>Realizar as oficinas pedagógicas no mínimo semestral-mente para os professores das escolas municipais;>Criar vagas/bolsas de estudo e de estagio em nível supe-rior em diferentes áreas;>Abrir diálogo com as universidades para garantia de va-gas e/ou abertura de cursos intercultural em nível superi-or para áreas de gestão ambiental e territorial, engenharia florestal, enfermagem, medicina e áreas afins;
Foi proposto ainda:>Garantir a acessibilidade dos alunos e profissionais da educação as escolas;>Firmar com a comunidade e lideranças o compromisso com a frequência escolar regular dos alunos a escola;>Promover a emancipação da escola Zawã Karej, que atualmente funciona como anexo da Zarup Wej;
123
124
7.3.2 Programa de Cultura
Durante o diagnóstico Etnoambiental os indígenas identificaram problemas como a falta de conhecimento por parte dos mais jovens de ritos que são considerados sagrados, ocasionado pelo envolvimento com as missões evangélicas que atuam na terra indígena. Outro problema observado foi que estes jovens na sua maioria não sabem confeccionar arco e flecha, cestarias, cerâmicas e outros adornos cor-porais, e que muitos não sabem o significado das pinturas corporais, das danças, da comida tradicional, o que levou os participantes a proporem um Programa de Cultura.
O Programa de Cultura tem como objetivo valorizar a cultura do povo Pangyjej, e tem como meta implementar o etnozoneamento em especial as Áreas de Argila, Resgate e Sagrada.
Durante as oficinas os Pangyjej propuseram as seguintes atividades:>Elaboração de um programa de formadores e orientadores da cultura, onde se buscará resgatar rituais e costumes que deixaram de ser praticados pelos Pangyjej, e que deverão ser ensinados nas escolas;>Criação de categorias no âmbito do serviço público para que os indígenas anciões pudessem ser contratados como consultores indígenas para atuarem como orientadores da cultura nas aldeias;>A realização de diferentes BEKÃ para ensinar os jovens a confeccionar artesa- nato, instrumentos musicais, a construir casas tradicionais, Wawit Tirie, registrar atividades de caça e pesca, aprender cantos, danças, e realizar expedições a lugares desconhecidos pelos jovens na terra indígena e valorizar os anciões;>Reforma, ampliação e compra de equipamentos do Centro de Promoção Cultural e Proteção Territorial da TIZ.>Cultura Pangyjej sendo divulgada pela APIZ e parceiros.
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7.3.3 Programa de Recuperação e Resgate
A demarcação da terra indígena Zoró, deixou de fora áreas importantes para o povo indígena, são áreas que hoje são fazendas que fazem limites com o território e são utilizadas pelos pecuaristas, madeireiros e grileiros para invadir a terra, rou-bar e degradar os recursos naturais.
Este programa visa implementar atividades definidas no Etnozoneamento na Área de Recuperação e resgatar o território que ficou fora da demarcação é uma das metas deste programa, também visa recuperar áreas degradadas no interior da terra indígena.
Os Pangyjej decidiram que a ampliação do território deveria ocorrer na área florestada e que o órgão indigenista FUNAI tem a responsabilidade de buscar a demarcação e ampliação da terra indígena.
Foram definidas as seguintes atividades a serem desenvolvidas na terra indígena:
Para a Área de Recuperação:>Desenvolver um projeto de reflorestamento com espécies nativas nas áreas degradadas;>Reflorestamento das áreas impactadas, próximo as aldeias;>Instalar Quintais Agroflorestais em pelo menos duas aldeias na TIZ.
Para a Área de Regaste:>A APIZ Solicitar a FUNAI a ampliação da terra indígena, para incluir a área que ficou fora da demarcação;>APIZ fazer o acompanhamento do processo junto a FUNAI, solicitando providências.
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7.3.4 Programa de Saúde
O Programa de Saúde do Povo Pangyjej, será desenvolvido em todas as aldeias, buscando valorizar o conhecimento indígena. Este não tem o objetivo de substitu-ir o que é atribuição governamental no atendimento a saúde, mas busca preparar os Pangyjej para atender os indígenas diretamente nas aldeias.
Os indígenas durante as oficinas decidiram que haveria um investimento para formar os Pangyjej em técnica de enfermagem e medicina, para que os indígenas formados pudessem atuar como profissionais nas aldeias e nos postinhos de saúde. Para alcançar os objetivos propostos foram priorizadas as seguintes atividades:
FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO
>Formar e capacitar indígenas como profissionais de enfermagem, médicos e equipamentos necessários;>Realizar cursos para agentes de saúde indígenas e de AISAN – Pangyjej;>Infraestrutura para atendimento nas aldeias>Implantar saneamento básico com estrutura adequada em todas as aldeias;>Adquirir equipamentos e materiais para os Agente Indígena de Saneamento - AISAN;>Construir um mini-hospital na TI Zoró;>Veículos de emergência dentro da TI, com indígenas contratados para conduzir;>Barco e motor de popa nas aldeias próxima dos rios;>Construção de posto de saúde em todas as aldeias;>Compra de radio amador para as aldeias.>Atendimento a saúde>Melhorar atendimento da SESAI;>Atendimento específico a saúde da mulher e dos homens nas aldeias;>Contratar mais profissionais para atuar nas aldeias e na cidade;>Contratação de faxineiras para limpeza para os postos de saúde e equipamento.
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7.3.5 Programa de Produção
Um dos grandes desafios identificados durante o diagnóstico e o etnozoneamento foi sobre a geração de renda sem danos aos recursos naturais. Isso porque alguns indígenas têm envolvimento com a retirada ilegal da madeira, com a justificativa de que preci- sam de recursos financeiros. Isso se associa ao fato de que, depois do contato, eles adquiriram novos hábitos, trazendo como conseqüência a necessidade de obtenção de bens de consumo. Depois de várias reflexões, eles decidiram criar o Programa de Produção, para buscar soluções aos problemas diagnosticados.
As atividades econômicas desenvolvidas na terra indí-gena são pecuária, agricultura, artesanato, extrativismo e retirada de madeira que ocorre de forma ilegal. A agricultura é usada para subsistência da comunidade, que produz amendoim, banana, milho, mandioca, cará, batata doce, feijão entre outros produtos.
São os coletores de castanha do Brasil, que vendem para a APIZ. Os recursos advindos da venda da castanha contribuem para melhorar a renda familiar.
A pecuária é desenvolvida em 17 aldeias, e possui apro- ximadamente 644 cabeças de gado (IDESAM, 2014).
Outras fontes de renda são os empregos junto aos órgãos governamentais como professores, merendeiros, agentes indígenas sanitários, agentes indígenas de saúde e os benefícios de bolsa família e aposentadorias.
A TIZ sofre diversas ameaças, como destacamento,
estradas, planos de manejos e serrarias no entorno da terra indígena, que facilitam a invasão de madeireiros e o roubo de madeira.
O Programa de Produção busca garantir a sustentabi-lidade alimentar da comunidade, a geração de renda e o fortalecimento da agricultura indígena, este será implantando na Área de Produção, de Extração Não Madeireira e de Plano de Manejo, Área de Castanhal definidas no Etnozoneamento.
A Área de Turismo foi decidido pela comunidade que primeiro seria necessário realizar visitas à outras terras indígenas onde a atividade estivesse sendo implantada, para que pudessem decidi sobre o desenvolvimento desta ação nas aldeias.
Para alcançar os objetivos propostos foram definidas seguintes ações e atividades:
>Construir um Plano de Negócios>Aumentar a produção sustentável na TIZ com produ-tos etnicamente diferenciados no mercado.>Aumentar a geração de renda das famílias melhoran-do as condições de vida nas aldeias;>Ampliar e melhorar a qualidade da produção de ba-nana, café, milho, arroz, feijão, laranja, mandioca e outros produtos;>Fortalecer e resgatar valores e práticas tradicionais;>Construir um mercado na sede da APIZ para expor e comercializar os produtos que vierem das aldeias;>Implementar a cadeia produtiva da castanha
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(mesa de secagem, barracões, balança, escoamento, garantia de mercado e preço justo, capacitação em agro extrativismo;>Construir barracões para armazenar a produção;>Criação de selos, embalagens, calendários, agendas produzidas com a marca Pangyjej;>Implantar o Plano de Manejo Florestal na terra indígena Zoró, cuja gestão será da comunidade com a parceria da APIZ, na área definida no etnozoneamento com o apoio de parceiros caso seja necessário;>Agregar valor aos produtos Pangyjej;>Melhorar o transporte da castanha na aldeia;>A castanha tem que ser pesada na aldeia na frente do produtor, antes de levar para a cidade, assim garantindo que o produtor tenha segurança diante da venda;>Devera ser construído um local para expor os produtos do Pangyjej a venda;>Melhorar a venda de óleo de copaíba e garantir o preço bom;>A APIZ buscará o apoio dos órgãos governamentais, que apoiam a produção, para que possa atendê-los na assistência técnica e no desenvolvimento das ca-deias produtivas. Buscará ainda, junto as empresas privadas e organizações não governamentais apoio para o desenvolvimento do Programa de Produção.
7.3.6 Programa Meio Ambiente
Um dos maiores problemas identificados é a extração ilegal de madeira, invasão de caçadores e pesca-dores, que provocam danos ambientais, aliciamento de liderança e invasão da TIZ. Buscando solucionar o problema e fazer a defesa de seu território os indí-genas propuseram a criação do Programa de Meio Ambiente.
O Programa de Meio Ambiente tem dois subprogra-mas, sendo um de caça e pesca e um de vigilância ambiental que visam implementar ações voltadas para a defesa do território indígena e implementar as Áreas de Caça e Pesca e de Proteção Integral, defini-das no Etnozoneamento.
SUBPROGRAMA DE CAÇA E PESCA
O Subprograma de Caça e Pesca será implementado na Área de caça e pesca, definida no etnozoneamento, este tem como objetivo a proteção da fauna da Terra Indígena Zoró, e garantir que as futuras gerações tenha em seu território animais que são importantes para sua alimentação e conservação da floresta.
Com o subprograma os Pangyjej os mais velhos buscam garantir o repasse de seus conhecimentos aos jovens, para que estes pratiquem o manejo da caça e a pesca tradicional.
Para o desenvolvimento do Programa foram definidas as seguintes atividades:
>Fazer controle da caça e pesca;>Capacitação em controle de caça e pesca, envolvendo trabalhos de biomoni- toramento;
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>Desenvolver projeto para criar os animais silvestres;>Capacitação em criação e manejo de animais silves-tres em cativeiro;>Fazer proteção ambiental nas áreas onde os invasores entram para roubar madeira;>Proibir os não índios de caçar mesmo que seja na companhia de lideranças indígenas;>Os anciões ensinando nas aldeias os jovens a caçar e pescar na forma tradicional.
SUBPROGRAMA DE VIGILÂNCIA AMBIENTAL
A proteção do território indígena foi pensada na busca de resolver os problemas de roubo de madeira e invasão de caçadores e pescadores que adentram a terra indígena, provocando danos ambientais e culturais ao povo Pangyjej.
Os Pangyjej definiram como objetivo do subprograma a proteção e o monitoramento, a criação de departamen-tos de vigilância na APIZ e a instalação de posto fiscal devidamente equipado com viaturas, rádios amador, gps, barcos, câmaras digitais, coletes a provas de bala e motor de popas.
Os Pangyjej não pretendem substituir a FUNAI, deste modo, definiram que só fariam a vigilância, deixando para o órgão indigenista a responsabilidade de fiscalizar o território, orientando para quando necessário sejam acionados o IBAMA, SEDAM, Polícia Ambiental, FUNAI,
SEMA/MT e o povos Pangyjej, para operações conjuntas.
Para implementar o programa foram definidas as seguin-tes atividades:
>Criar departamento de vigilância da TI Zoro com a estrutura de sede na APIZ e parceria da FUNAI, IBAMA, SEDAM e postos fiscais em local estratégico;>Estruturar com equipamentos necessários para os agentes ambientais Pangyjej com a certificação;>Garantir contratação permanente de agentes ambien-tais indígenas pelo órgão do governo federal;>Revitalizar a forma de fiscalização tradicional do povo Pangyjej;>As ações de vigilância deverão esta integrada com outras atividades desenvolvidas nas aldeias, como a caça, a pesca, a coleta de frutos no mato, além das atividades de vigilância desenvolvidas pelos agentes ambientais indígenas;>Os agentes ambientais indígenas deverão fazer um calendário de atividades de proteção do território;>A APIZ deve investir em capacitação destes agentes e em buscar dar condições para que estes possam atuar;>A fiscalização é de responsabilidade exclusiva da FUNAI, porém se recomenda que haja operações conjuntas, devendo o órgão Indigenista coordenar as operações;>A APIZ junto com a comunidade e a FUNAI devem desenvolver um Plano de Proteção da Terra Indígena Zoró.
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7.3.7 Programa de Fortalecimento Institucional
Garantir que o Plano de Gestão seja realmente imple-mentado foi uma das preocupações dos participantes das oficinas. Assim, eles definiram que seria criado um Programa de Fortalecimento Institucional, que tem como objetivo fazer o PGTATIZ funcionar e cumprir com seus objetivos.
Propuseram um arranjo de gestão onde os gestores teri-am seus papéis definidos.
ARRANJO INSTITUCIONAL
a) FUNAI – Fundação Nacional do Índio
A FUNAI via Coordenação Regional de Ji-Paraná é responsável por garantir que os Órgãos Públicos asse-gurem os direitos indígenas e contribuam com a imple-mentação do PGTATIZ, em especial na proteção física e territorial do povo Pangyjej.
Os coordenadores técnicos locais – CTL devem atuar em parceria com a APIZ e a comunidade. Buscará o consenso nas tomadas de decisões, tendo o cuidado de ouvir os lideres homens e mulheres mais velhos das al-deias.
A FUNAI deverá garantir que nas reuniões do Comitê Gestor este busque cumprir o que esta no PGTATIZ, de-vendo a mesma garantir que os participantes conheçam o Plano.
Ao elaborar o orçamento do órgão para atuar junto aos Pangyjej, a FUNAI deve utilizar o PGTATIZ, garantindo assim, o compromisso com a implementação do Plano e principalmente cumprindo o que esta na PNGATI –
Politica Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indí-genas.
b) APIZ – Associação do Povo Indigena Zoró A APIZ tem a responsabilidade de promover a arti- culação e comunicação com a comunidade e com os órgãos governamentais, buscando apoio para o desen-volvimento de projetos que contribuam para a imple-mentação do PGTATIZ. A APIZ sempre ouvirá a comu-nidade antes de tomar suas decisões.
A APIZ será responsável pela gestão de recursos que se-jam destinados a implementar o Plano de Gestão, com exceção de orçamentos que são de órgãos públicos, obedecendo ao que diz a legislação brasileira.
Para que a APIZ consiga cumprir com seu papel, neces-sitará de apoio financeiro para:
>Contratar equipe técnica para atividades administrati-vo-financeiras, elaboração de projetos e coordenadores indígenas;>Desenvolver as ações de articulação e mobilização junto à comunidade e órgãos de governo;>Acompanhar as políticas públicas, fazer reuniões, en-contros e assembléias;>Aquisição e manutenção de veículos e barcos para deslocamentos da equipe para desenvolver suas ativi-dades;>Fornecer ajuda de custo para indígenas poderem par-ticipar de reuniões, intercâmbios e eventos fora da terra indígena, que tratem exclusivamente de implementação do PGTATIZ e acompanhamento de políticas públicas;>Formação de lideranças em gestão administrativa fi-nanceira;>Apoiar e promover encontros do Corredor Tupi Mondé;>Equipar a APIZ com equipamentos de informática e móveis;>Reformar a sede da APIZ;>Garantir a manutenção da sede;>Desenvolver a comunicação e divulgação das ativi-dades da APIZ e do PGTATIZ.
c) COMUNIDADE
A comunidade tem o papel de promover a imple-mentação do PGTATIZ, sendo esta quem tem o poder de deliberar sobre as ações que serão executadas e a responsabilidade de zelar pelo cumprimento do que foi definido pelos indígenas durante a elaboração do Plano e do Etnozoneamento.
COMUNIDADE
APIZ FUNAI
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AVALIAÇÃO DO PLANO
A implementação do PGTATIZ possui um ciclo de gestão que é fundamental para o sucesso das ações propostas nos programas definidos pela comunidade, o que en-volve desde o diagnóstico etnoambiental, etnozonea-mento, monitoramento e a avaliação da TIZ, para que se possa ao longo de sua execução, promover reflexões, ajustes e modificações.
Os Pangyjej definiram que realizariam o monitoramento e a avaliação do Plano, tendo como referência as ações defi-nidas em cada programa. Desta maneira, decidiram que realizariam, uma vez por ano, uma oficina com a parti- cipação de representantes de todas as aldeias para verificar o grau de execução e a necessidade de se fazer ajustes.
A avaliação se dará a cada cinco anos, em uma ofici-na com a participação de lideranças e membros das aldeias, órgãos governamentais e entidades da socie-dade civil organizada que tenham atuação na terra indí-gena. A avaliação deve observar os indicadores defini-dos no etnozoneamento e as atividades propostas no Plano de Gestão para alcançar os objetivos e resultados propostos.
Os resultados da avaliação deverão ser adotados para melhorar a implementação do Plano de Gestão e deverão ser divulgados nas comunidades para que todos possam participar e contribuir com sua execução.
IMPLEMENTAÇÃO
ETNOZONEAMENTO
DIAGNÓSTICO
MONITORAMENTO
AVALIAÇÃO
Processo da Gestão
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DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 3
TERRA INDÍGENA ZORÓ
TERR
A IN
DÍGE
NA
ZORÓEXECUÇÃO
Associação de Defesa Etnoambiental
APOIO
Ministério doMeio Ambiente
Projetos Demonstrativos dos Povos Indígenas