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1 TERRA um laboratório experimental de Ordenamento do Território

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TERRA

um laboratório experimental

de

Ordenamento do Território

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PREFÁCIO

O programa TERRA foi lançado em 1997 no contexto das acções inovadoras financiadas ao abrigo do artigo 10º do Regulamento do FEDER. Foram seleccionados quinze projectos, envolvendo 63 parceiros locais em 11 Estados-Membros, principalmente nas regiões do objectivo nº 1. Foram afectados 40 milhares de milhões de euros, no total, ao programa TERRA pela Comissão Europeia e os parceiros locais.

O programa TERRA foi concebido como um laboratório para testar as novas abordagens e metodologias de ordenamento do território. Além disso, o programa TERRA – juntamente com os programas INTERREG IIC – pretendia avaliar a pertinência das opções políticas propostas pelo Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC), aprovado em Potsdam (Alemanha) em Maio de 1999 pelos Estados-membros.

O presente relatório – elaborado pelos 4 gabinetes de assistência técnica do programa TERRA – fornece uma perspectiva global de três anos de trabalho: clarifica o contexto político em que o programa TERRA funcionou, esclarece a relação entre este programa e o EDEC, explica o que aconteceu e como aconteceu, apresentando as 15 histórias do programa TERRA.

Os leitores devem ter presente que este relatório não reflecte necessariamente a posição oficial da Comissão, expressando fundamentalmente a opinião dos responsáveis.

Autores: os 4 gabinetes de assistência técnica do programa TERRA (as suas referências estão disponíveis no Anexo III)

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1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................5

2. PARA UM NOVO MODELO DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO..............7

2.1. A “crise” do ordenamento regulamentar: de uma abordagem “comandar e controlar” para uma abordagem dinâmica. ......................................................7

2.2. Políticas regionais: da assistência à iniciativa...................................................8

2.3. O papel essencial dos actores regionais e locais...............................................9

2.4. Solidariedade e cooperação entre territórios ...................................................9

2.5. Preocupações ambientais e o paradigma da sustentabilidade.......................... 10

2.6. O carácter estratégico de um novo ordenamento do território ....................... 11

3. VISÃO GLOBAL – ACÇÃO LOCAL ................................................................... 12

3.1. Os objectivos do EDEC e o programa TERRA............................................. 12

3.2. Enriquecimento da experiência europeia através do programa TERRA ......... 18

4. TERRA : UMA ABORDAGEM OPERACIONAL................................................ 21

4.1. Cooperação e formação de parcerias............................................................. 22

4.1.1. Cooperação inter-regional: formação de redes................................. 22

4.1.2. Parcerias locais ............................................................................... 25

4.1.3. Metodologias para a formação de parcerias..................................... 27

4.2. O desenvolvimento de instrumentos adequados de assistência ao novo ordenamento do território............................................................................. 29

4.2.1. Sistema de Informação Geográfica (SIG) ........................................ 29

4.2.2. Indicadores ..................................................................................... 31

4.2.3. Observatórios.................................................................................. 32

4.3. Produtos e resultados ................................................................................... 34

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5. CONCLUSÕES..................................................................................................... 37

ANEXO I ...................................................................................................................... 40

ANEXO II..................................................................................................................... 46

ANEXO III ................................................................................................................... 96

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1. INTRODUÇÃO

O programa TERRA foi um dos vários programas iniciados ao abrigo do artigo 10º do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), que contribuiu – entre 1994 e 1999 – para financiar acções inovadoras no domínio do desenvolvimento regional.

Este programa concentrou-se em zonas da União Europeia com características territoriais específicas que as tornam mais frágeis e oferecem maiores desafios ao desenvolvimento de uma estratégia territorial integrada. O programa TERRA foi explicitamente concebido para funcionar como um laboratório e um instrumento de assistência à investigação experimental sobre o ordenamento do território a nível local, bem como para testar a pertinência das prioridades políticas específicas do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC).

O PEDEC

O Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (EDEC) constitui uma nova abordagem ao planeamento económico e territorial desenvolvida quase em paralelo ao programa TERRA, para o qual foi também uma importante fonte de influência.

A génese do processo EDEC remonta pelo menos à primeira reunião dos ministros da UE responsáveis pelo ordenamento do território, realizada em 1989, em Nantes, a qual confirmou a necessidade de realizar uma reflexão prospectiva sobre a evolução territorial na União. Em consequência, foi lançada uma série de estudos pela Comissão Europeia sobre os aspectos essenciais do ordenamento do território e da utilização dos solos, que culminou com a publicação do relatório Europa 2000, em 1991, e do relatório de seguimento Europa 2000+, três anos depois. Estes relatórios apresentavam uma síntese das questões e salientavam a necessidade de uma cooperação mais estreita e mais sistemática, a fim de assegurar a coerência do ordenamento.

Esta discussão coincidiu igualmente com a formação de uma União Económica e Monetária Europeia mais estreita, que também veio acentuar a necessidade de coesão económica e social.

Os ministros da UE reunidos em Liège, em Novembro de 1993, decidiram desenvolver uma abordagem estratégica comum que viria a denominar-se EDEC. A estrutura do EDEC foi aprovada em Corfu, em Junho de 1994, e os respectivos princípios políticos em Setembro do mesmo ano, em Leipzig. Seguiram-se outras reuniões, que conduziram à adopção pelos ministros da primeira versão do Esquema de Desenvolvimento do Espaço Comunitário em Noordwijk, em 1997, e à aprovação do documento final em 1999, em Potsdam. Foi considerado desejável criar um instrumento que transpusesse os princípios orientadores do EDEC para as práticas a nível local. O programa TERRA foi escolhido como um meio de demonstrar a importância de uma abordagem multi-sectorial e integrada ao ordenamento do território.

O programa TERRA foi concebido como uma rede representativa de contextos geográficos, temas, condições administrativas e estruturas de ordenamento diferentes. Os projectos foram seleccionados de modo a abordarem desafios específicos em diferentes sectores do ordenamento, especialmente nas regiões do objectivo nº 1, tais como:

• Zonas costeiras • Bacias hidrográficas • Zonas rurais de acesso difícil • Zonas afectadas pela erosão

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• Zonas com recursos naturais e culturais ameaçados

Na sequência de um convite à apresentação de propostas lançado pela Comissão Europeia em 1996, foram seleccionados 15 projectos, envolvendo 63 parceiros participantes formais de 11 Estados-Membros, de entre as 142 propostas apresentadas. Para o financiamento dos projectos, oficialmente lançados em 1997 e 1998, foram afectados 20 milhões de ecus de contribuições comunitárias, no total, para o período até ao ano 2000. Cada projecto constituiu uma rede com um pequeno número de autoridades locais e parcerias de vários Estados-Membros da UE que partilhavam características ou problemas semelhantes.

O programa TERRA foi concebido de forma a ter um impacto multiplicador que vá muito além dos seus recursos limitados, mediante a produção de conceitos e de técnicas úteis para a comunidade que se ocupa do ordenamento do território em toda a União Europeia e até para além dela, tendo em vista o próximo alargamento da UE. Essas abordagens em regiões devastadas pela migração rural, em vales fluviais distantes ou orlas costeiras frágeis, nomeadamente, foram transmitidas a outros técnicos e autoridades em todo o território europeu.

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2. PARA UM NOVO MODELO DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Os conceitos de ordenamento regional e territorial sofreram alterações substanciais na última década.

Não obstante a grande variedade de tradições de ordenamento existentes na Europa, há um consenso geral nos círculos académicos, sociais e políticos, de que o ordenamento regulamentar está a passar por um reexame e uma transição em termos teóricos e práticos.

2.1. A “crise” do ordenamento regulamentar: de uma abordagem “comandar e controlar” para uma abordagem dinâmica.

A perspectiva convencional do ordenamento do território tendia a associá-lo a um mecanismo regulamentar e a uma abordagem sectorial. Na maioria dos casos, o ordenamento regulamentar do território urbano ou regional era orientado para a previsão do crescimento, a protecção dos recursos naturais e das zonas rurais e a coordenação das infra-estruturas básicas. As primeiras leis urbanas europeias previam técnicas e mapas de zonamento relativamente estáticos para planear a utilização do solo e atingir um equilíbrio entre os componentes regionais.

Estes mapas e técnicas revelaram-se, todavia, inadequados como mecanismos regulamentares a longo prazo para orientar o desenvolvimento das cidades e das zonas rurais. Apenas forneciam, em menor ou menor grau, um quadro para garantir o equilíbrio entre os elementos, por vezes concorrentes, de uma região durante um espaço de tempo limitado. Também se mostraram eficazes no estabelecimento de regras básicas para a construção e a transformação do território.

Mas a complexidade cada vez maior dos fenómenos sociais e a rápida aceleração da mudança mostraram a inadequação dessas abordagens convencionais para a previsão das novas necessidades e prioridades num espaço de tempo apropriado.

Nos últimos anos, surgiu uma nova atitude face ao ordenamento do território marcada pela vontade de desenvolver uma abordagem mais positiva e orientada para os projectos. Para além de abordar questões básicas, como a regulamentação da utilização do solo, e agregar políticas sectoriais como as relativas à habitação, aos transportes, à actividade empresarial, ou outras infra-estruturas, o plano de ordenamento é igualmente concebido como um processo para prever o carácter e a localização dos elementos principais de uma região e conceber os meios mais eficientes para a sua execução e realização. O plano é actualmente visto como um “projecto de uma cidade ou região,” uma expressão democrática daquilo que um território deve ser e um quadro de referência para a acção colectiva.

As entidades territoriais, como as cidades e regiões, são reconhecidas como manifestações históricas com características diversas e uma evolução própria e não como obedecendo a um processo delinear predeterminado. O novo ordenamento tende a ir além do mero estatuto regulamentar de “comando e controlo” que estabelece as regras do jogo. Adquiriu igualmente o carácter de uma espécie de “contrato” que vincula os agentes sociais de uma dada entidade territorial a uma visão de conjunto da sua área e os orienta nesse sentido.

Em resultado da experiência proporcionada por estes novos planos, começaram a cristalizar-se vários critérios e opções políticas, que viriam a ser os primeiros sinais de renovação da abordagem tradicional ao ordenamento do território:

– O plano é concebido como um instrumento ligado à intervenção num dado território e, consequentemente, deve ser entendido não só como um instrumento legal ou um plano de

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investimento público, mas também como uma ferramenta operacional e programática para o desenvolvimento de políticas estatais, bem como de estratégias de investimento privado e iniciativas locais.

– As administrações locais devem desempenhar um papel dinâmico tanto na concepção como na execução do plano.

– A cooperação horizontal entre cidades e regiões adquire um papel proeminente no âmbito de um novo ordenamento do território, à medida que as dependências verticais e hierárquicas entre territórios se tornam menos rígidas no contexto da globalização.

– O conceito de sustentabilidade é fundamental para o ordenamento do território, uma vez que incorpora objectivos a longo prazo para o território, bem como a integração de considerações sociais e ambientais nas considerações económicas.

– O ordenamento do território está estreitamente ligado ao conceito de planeamento estratégico, tanto nos seus objectivos a médio e a longo prazo como na ampla parceria de actores locais e na coordenação das iniciativas envolvida.

2.2. Políticas regionais: da assistência à iniciativa

Como teoria subjacente ao ordenamento convencional, a explicação dos fenómenos territoriais e de desenvolvimento como processos lineares, baseados na acumulação de certos factores de produção fundamentais, provou ser inadequada para compreender as transformações territoriais europeias e mundiais. O paradigma prevalecente foi incapaz de incorporar o desenvolvimento de novos centros, periféricos ao núcleo central, ou o ímpeto de determinadas cidades e redes de cidades de média dimensão. Ao mesmo tempo, as políticas convencionais de ordenamento do território e de desenvolvimento, não obstante a magnitude dos recursos transferidos para as zonas mais atrasadas, e apesar dos muitos êxitos, também não foram capazes de fornecer um quadro para a redução sustentável das assimetrias regionais, ou das diferenças entre o centro e a periferia.

O desempenho das cidades e regiões tornou-se menos dependente dos factores de produção tradicionais, à medida que elas exploraram as suas vantagens de localização específicas e melhoravam a sua competitividade na nova dinâmica da globalização.

As novas tecnologias da informação e da comunicação, a liberalização das economias, o aumento da mobilidade e a eliminação das barreiras criaram novos sistemas de produção mais flexíveis, menos hierárquicos e menos dependentes dos factores de produção tradicionais para a sua localização. As restrições geográficas baseadas na proximidade continuaram a ser importantes, mas não tão decisivas. Um clima empresarial positivo, a qualidade do ambiente artificial, natural e cultural, a existência de infra-estruturas e serviços financeiros e tecnológicos adequados e a qualidade do capital humano tornaram-se decisivos na competição pela atracção de investimentos e emprego.

Um ambiente tão competitivo também alterou as abordagens territoriais. Na década de 90, as políticas de ordenamento tradicionais foram complementadas por iniciativas estratégicas a nível local destinadas a promover o crescimento económico e a competitividade. Os principais objectivos do ordenamento do território passaram a ser o estímulo ao crescimento económico, a redução da vulnerabilidade da economia regional às ameaças externas, a promoção das

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vantagens competitivas regionais e a gestão estratégica do território, com base na participação concertada dos agentes socioeconómicos, tanto públicos como privados.

Os planos estratégicos devem agora unir as vontades e as intenções e coordenar as iniciativas dos agentes económicos, sociais e políticos da região. Também devem contemplar a diversificação das actividades produtivas, recorrendo aos recursos endógenos e tentando atrair recursos externos. A participação e o consenso sociais são necessários para o êxito de uma tal abordagem.

2.3. O papel essencial das comunidades regionais e locais

Nos contextos mais vastos europeu e mundial, tornou-se simultaneamente evidente e necessário que as autoridades e os actores locais e regionais desempenhassem um papel cada vez mais importante.

O Comité das Regiões, no seu parecer de 1999 sobre o EDEC salientou a crença de “que os actores regionais e locais são fundamentais para conciliar as aspirações dos seus concidadãos com a necessidade de solidariedade comunitária, nomeadamente, através do envolvimento dos actores socioeconómicos que contribuem para o desenvolvimento local”.

São agora necessárias relações mais estreitas, a todos os níveis, entre as cidades e as regiões e entre as autoridades nacionais e europeias, porque estas cidades e regiões estão cada vez mais dependentes quer das forças globais, quer das decisões e da evolução comunitárias.

Esta importância local e regional crescente manifesta-se de duas formas principais:

– Numa perspectiva territorial europeia integrada, a coesão só pode ser promovida se tiver em conta as oportunidades de desenvolvimento das diversas regiões. A redução gradual das disparidades regionais, a difusão do crescimento em toda a Europa, a preservação sustentável da sua diversidade e características regionais, valorizando esta riqueza e diversidade dos recursos territoriais, são objectivos que promovem, todos eles, a coesão económica e social, além de melhorarem a posição competitiva da Europa no seu conjunto. Os actores regionais e locais são em grande medida responsáveis pela salvaguarda e a promoção desta diversidade, que é um dos principais trunfos e atractivos da Europa.

– A atracção e a promoção das empresas continua a depender de algumas características específicas dos locais, tais como as infra-estruturas económicas, sociais e tecnológicas, a existência de recursos humanos qualificados, instituições flexíveis e eficientes e a qualidade de vida. Estas características não podem ser promovidas através de uma abordagem descendente, exigindo pelo contrário uma sociedade local atenta e mobilizada. As regiões e, sobretudo, as cidades e vilas devem estabelecer elos de comunicação entre os diversos grupos sociais, para que afirmem e promovam a sua identidade própria. As sociedades locais também podem gerir de forma mais adequada o fluxo global de informações e adaptar as novas tecnologias da informação e das comunicações às suas próprias necessidades, integrando a vasta gama de interesses e comunidades culturais.

2.4. Solidariedade e cooperação entre territórios

A maior concorrência entre territórios pode, simultaneamente, oferecer novas oportunidades a zonas que têm estado marginalizadas, ou que apresentam novos riscos de marginalização. O desenvolvimento de novos mecanismos de solidariedade e cooperação europeias é necessário

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não só para um crescimento e um bem-estar mais equilibrados na UE, mas também para melhorar a competitividade da Europa no seu todo.

A política regional europeia considera a cooperação inter-regional como um meio adequado de evitar a dispersão dos recursos e iniciativas. Um dos seus principais objectivos é estabelecer um equilíbrio entre a concorrência e a cooperação através das redes de benefício mútuo.

A cooperação entre regiões, por exemplo, pode ajudar a superar uma concorrência contraproducente através da difusão das melhores práticas com interesse comum para as regiões. Também ajuda a definir um quadro adequado para a tomada de decisões, a fim de melhorar a organização territorial dos tão variados territórios da União Europeia.

2.5. Preocupações ambientais e o paradigma da sustentabilidade

A maior sensibilização para a necessidade de preservar os recursos ambientais e naturais e a adopção do princípio de desenvolvimento sustentável coincidiram com a preparação do EDEC. A integração das considerações económicas e ambientais no ordenamento do território tornou-se uma doutrina geralmente aceite.

Tal como foi dito no Relatório Brundtland, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança em que a exploração dos recursos, a orientação do desenvolvimento técnico e a reforma das instituições se encontram em harmonia e aumentam o potencial actual e futuro de satisfação das necessidades e aspirações humanas.

Neste contexto, as considerações ambientais e económicas não estão necessariamente em conflito. É essencial identificar, através do ordenamento do território, as opções de desenvolvimento que asseguram a compatibilidade e o reforço mútuo entre as considerações ambientais e os objectivos económicos.

DEFINIÇÃO DA GESTÃO SUSTENTÁVEL DO PATRIMÓNIO COSTEIRO

Os três parceiros do projecto TERRA CZM investigaram e definiram o conceito de capacidade de carga ambiental de uma região como sendo essencial para a gestão das suas zonas costeiras. A sua principal preocupação em matéria de desenvolvimento era a promoção de um turismo baseado na beleza natural de dunas e lagoas sensíveis, preservando simultaneamente o seu ambiente.

A definição de uma capacidade de carga limite era fundamental para tentar regular a afluência de visitantes em zonas húmidas e dunas frágeis, bem como para controlar o rápido desenvolvimento de casas de férias particulares. Em paralelo com os estudos realizados para estimar o estado de pressão existente, os três parceiros implementaram projectos específicos para demonstrar a aplicação prática do conceito de desenvolvimento sustentável: em Faro, o parceiro recuperou um molhe para regular, através da limitação do transporte marítimo, a afluência de turistas à "lagoa", na Flandres, uma determinada zona de dunas foi recuperada para actividades de lazer e conservação e em Kavala foi estabelecido um observatório na prefeitura para gerir o desenvolvimento integrado da zona.

Neste sentido, e dado o maior reconhecimento de que a qualidade do ambiente é um aspecto fundamental a ter em conta na localização das principais actividades de mercado, o ambiente torna-se uma preocupação económica essencial para que uma zona possa reforçar a sua competitividade a nível global.

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2.6. O carácter estratégico de um novo ordenamento do território

O surgimento deste novo tipo de modelo de planeamento estratégico, nos últimos anos, alargou o conceito de ordenamento do território e o debate a seu respeito. Levou as administrações locais a superarem a sua limitação aos papéis tradicionais de prestadores de serviços à população local, expressando preocupações de maior alcance e visando objectivos mais ambiciosos em termos de desenvolvimento económico e social.

Em segundo lugar, este modelo salientou o valor da concertação social a longo prazo para uma região, em comparação com a ilusão dos projectos individuais espectaculares a curto prazo e de âmbito limitado. A capacidade de uma região para progredir em relação às principais prioridades do ordenamento resulta, em grande medida, do empenhamento e da identificação dos agentes sociais com os objectivos propostos e da sua capacidade económica e organizativa para gerir eficientemente estes projectos prioritários.

Ambas as questões – a visão global e a mobilização social – remetem para a necessidade de apoiar o ordenamento do território baseado num novo dinamismo social capaz de ultrapassar a visão estritamente regulamentar dos planos de carácter legal.

São identificáveis vários requisitos fundamentais nesta abordagem estratégica aos problemas territoriais:

(a) A adopção de um ponto de vista “estratégico” aumenta a detecção e a regulamentação dos processos mais relevantes e inovadores com vista a uma política de reestruturação regional. Isto implica que se dê prioridade (tanto no espaço como no tempo) às acções com maior potencial de transformação, capazes de projectar um plano de ordenamento não só como um quadro de referência que racionalize a tomada de decisões a nível regional, mas também como um instrumento de incentivo às políticas regionais.

Uma abordagem estratégica ao ordenamento do território também exige uma definição clara dos objectivos do plano e das questões que devem ser colocadas nas mãos de outros instrumentos de governo regional. Deste modo, um plano deve estabelecer a distinção entre as questões essenciais e negociáveis e aquelas que são vinculativas ou apenas indicativas.

(b) Uma abordagem abrangente em dois níveis, que, por um lado, fomente a compreensão da diversidade de uma região mediante a avaliação dos diferentes padrões urbanos e regionais e, por outro, vença as ideias tradicionais que entendem o ordenamento do território como uma mera sobreposição de programas sectoriais. Deve, portanto, propor reflexões amplas sobre zonas geográficas coerentes baseadas em critérios fortes e credíveis.

(c) A concepção do ordenamento como “concertação” quer entre os diversos níveis de governo de uma região, quer entre as autoridades públicas e a sociedade. Um quadro regional específico permite que as partes ponderem a influência do investimento ou do controlo administrativo por parte dos organismos públicos. Ao mesmo tempo, existem os benefícios da legitimidade e da transparência, da participação do público e do apoio político dos organismos representativos.

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3. VISÃO GLOBAL – ACÇÃO LOCAL

A globalização e os objectivos associados à integração e à coesão europeias influenciaram o ordenamento do território na Europa. A necessidade de desenvolver uma resposta estratégica através de instrumentos políticos europeus e das forças locais e regionais ficou claramente patente.

Uma consideração fundamental do programa TERRA, no entanto, era a de que o ordenamento do território europeu não pode representar a soma dos vários pontos de vista nacionais e/ou regionais e locais. Ele deve ser o resultado da integração destes pontos de vista numa visão de conjunto do desenvolvimento do território europeu, baseada tanto nas principais áreas de acordo como nas diversidades e características específicas deste território (ver Comissão Europeia, O Programa TERRA, 1996).

Até que ponto é relevante esta visão global para a experimentação local em matéria de desenvolvimento do território? O programa TERRA foi concebido numa altura em que o exercício do EDEC ainda não tinha sido concluído. Os projectos TERRA foram constituídos a partir de uma série de iniciativas voluntárias locais, na ausência de uma orientação global amadurecida para o território europeu. A única “visão orientadora” era a dos princípios estabelecidos na reunião dos ministros da UE responsáveis pelo ordenamento, em Noordwijk, Países Baixos, da qual os actores locais tiveram pouco conhecimento.

Neste aspecto, é instrutivo abordar duas questões complementares em relação à experiência TERRA.

3.1. Os objectivos do EDEC e o programa TERRA

O processo de elaboração e conclusão do EDEC e a execução dos projectos TERRA tiveram trajectórias paralelas. O programa TERRA foi ele próprio concebido como uma rede em que todos os projectos e parceiros individuais eram influenciados pelo EDEC e pelo seu desenvolvimento, bem como pelo interesse em aplicar uma abordagem moderna ao ordenamento do território a nível local. Qual foi o impacto desta interface e quais os resultados deste exercício de integração de várias iniciativas locais numa perspectiva global?

A gestão do programa não apenas como uma colecção de projectos individuais, mas sim como uma rede no âmbito do EDEC constituiu um grande avanço na execução de um programa de cooperação inter-regional. A introdução das considerações do EDEC proporcionou um elemento integrador ao programa.

No início, existiram alguns indícios de que os projectos incluídos do programa estavam a avançar de uma forma fragmentária e isolada. O EDEC forneceu, no mínimo, algumas orientações para reflexão e discussão e aumentou a compreensão do ordenamento do território no contexto europeu. Isto foi particularmente evidente nos seminários do programa, que foram, de facto, conscientemente organizados com o EDEC como pano de fundo. Os seminários e workshops TERRA forneceram uma base para a difusão da cultura de um novo ordenamento do território e para a discussão das dificuldades e oportunidades encontradas na sua promoção em contextos culturais e institucionais muito diversificados.

As Reuniões Anuais do Programa TERRA, realizadas em Nápoles (Itália, Novembro de 1998) e Pori (Finlândia, Junho de 1999), permitiram tirar conclusões sobre o progresso dos projectos relativamente ao EDEC, em três níveis complementares:

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– A maturidade dos projectos, incluindo uma comparação com os seus objectivos iniciais e os objectivos do programa.

– O conhecimento dos objectivos políticos do EDEC e a sua inclusão nos métodos de trabalho.

– As contribuições, em termos de experiências exemplares, dos objectivos políticos do EDEC, na medida em que estas se revelaram aplicáveis a outros contextos geográficos ou eram susceptíveis de melhorar as versões subsequentes do EDEC.

Na reunião de Nápoles, em 1998, as principais atenções e contribuições concentraram-se nas lições aprendidas e na transferência directa de métodos de trabalho entre as várias redes dos projectos. A reunião permitiu que as entidades locais e regionais envolvidas descobrissem as iniciativas em que o seu próprio projecto estava incluído. Pela primeira vez, tiveram a possibilidade de ver cada área de trabalho como parte de uma rede e cada estratégia específica como parte de uma estratégia de trabalho mais ampla.

As contribuições mais importantes da reunião de Nápoles reforçaram os objectivos do programa TERRA, ao fomentarem: a) a transferência de métodos e soluções aplicados às dificuldades comuns; b) a extensão da visão exterior da rede do projecto; e c) a comparação do progresso dos projectos, que contribuiu positivamente para a maturação subsequente dos projectos menos desenvolvidos.

Neste aspecto, uma importante característica da reunião de Nápoles foi a de ter facultado a possibilidade de realização de reuniões horizontais entre os diferentes projectos, por meio de grupos de trabalho estabelecidos de acordo com a semelhança das actividades, ou com as possibilidades de transferência de métodos entre as várias redes.

A segunda reunião do programa TERRA, realizada em Pori em 1999, os projectos já estavam num tal estado de desenvolvimento e maturidade que foi possível dar menos ênfase à transferência directa de resultados e conferir maior realce à análise de experiências. Em Pori, os resultados intermédios dos projectos foram expressados de acordo com os critérios e objectivos políticos do EDEC:

– Cooperação entre cidades e zonas rurais. – Igualdade no acesso às infra-estruturas e ao conhecimento. – Gestão prudente do património natural e cultural.

O programa TERRA foi inspirado pelo EDEC e é coerente quanto às suas premissas essenciais com o documento de Noordwijk. Embora os principais eixos das prioridades políticas já fossem evidentes, o programa TERRA foi especificamente direccionado para a aplicação dos critérios de desenvolvimento sustentável em zonas de natureza frágil ou em risco. A assimilação dos elementos de política regional do EDEC pelos projectos TERRA fez-se em paralelo com a progressão no desenvolvimento dos projectos. Os projectos TERRA desenvolveram uma ampla gama de acções nas três áreas prioritárias do EDEC.

Muitos projectos tinham como objectivo um desenvolvimento policêntrico e equilibrado, bem como o estabelecimento de uma nova relação urbano-rural, sob diversas formas:

– Em relação aos problemas intra-urbanos, as cidades “portal” da rede POSIDONIA tentaram resolver os conflitos entre as funções portuárias e as prioridades urbanas.

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– Na mesma rede, os grandes parceiros urbanos da costa mediterrânica tentaram atingir um equilíbrio entre as exigências de crescimento intensificadas pelas suas funções de ponto de acesso e a necessidade de preservar e realçar os seus recursos naturais, bem como o seu património cultural.

REDE PARA A REGENERAÇÃO DO MEDITERRÂNEO

O rápido crescimento do tráfego marítimo internacional de mercadorias e do turismo que atravessa a zona mediterrânica cria novas oportunidades económicas para o desenvolvimento das cidades portuárias existentes na área. Ao mesmo tempo, realça a necessidade de essas cidades reavaliarem as vantagens da sua localização e o papel das mesmas em termos de competitividade e complementaridade dos serviços oferecidos.

Neste contexto global, os cinco parceiros da rede POSIDONIA (Atenas, Taranto, Palermo, Nápoles e Barcelona) cooperaram no desenvolvimento de novas formas e estruturas de governação e no tratamento das muito complexas questões de regeneração das zonas urbanas/costeiras. Esta incluía a reconversão de zonas abandonadas, a recuperação de zonas costeiras urbanas, a melhoria da intermodalidade das redes de transportes, promovendo actividades marítimas e terrestres, a criação de novos portos de recreio e a preservação do ambiente costeiro.

A cooperação foi eficaz e complementar, tanto a nível transnacional como a nível local: os parceiros transnacionais tinham grande experiência em matéria de ordenamento costeiro/urbano e a história de sucesso de Barcelona constituiu uma força motriz na avaliação dos sistemas e das práticas. A nível regional, fortes parcerias incluindo organismos de grande visibilidade, tais como o companhia de caminhos-de-ferro, as autoridades portuárias e alguns centros nacionais de investigação, desafiaram um sistema de ordenamento historicamente confuso e cooperaram na produção de planos operacionais exequíveis.

– Nas parcerias CONCERCOST e LORE, foram envidados esforços no sentido de conter o crescimento nas zonas sobre pressão e distribuí-lo de forma mais sustentável para as zonas do interior menos desenvolvidas.

FOTO 42 – EUROGISE

– Vários projectos empenharam-se no desenvolvimento de um sistema sustentável de povoados rurais com serviços complementares e oportunidades de emprego, apoiados pelas infra-estruturas adequadas para vencer o isolamento e as debilidades estruturais (CONCER-COST).

– Do mesmo modo, num contexto transfronteiriço, uma bacia hidrográfica, no projecto DUERO-DOURO, serviu de base à elaboração de uma estratégia de desenvolvimento integrada.

– A integração urbano-rural, especialmente em zonas onde os povoados rurais e a economia rural constituem trunfos importantes para a competitividade da região, foi procurada por muitos projectos, como o GEOPLANTOUR, por exemplo.

– O ordenamento integrado extravasando as fronteiras políticas, numa grande zona metropolitana no coração da Europa, foi o objectivo central do projecto GROOTSTAD. Este projecto demonstrou a posição privilegiada das zonas transfronteiriças como um

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laboratório de desenvolvimento de mecanismos voluntários para lidar com as mudanças rápidas, quando não existem estruturas regulamentares ou o seu desenvolvimento é lento.

– Uma rede de cidades e municípios afectadas pelo declínio económico e populacional cooperaram no sentido de aumentar a sua competitividade através de uma abordagem comum ao ordenamento do território, baseada nos princípios de desenvolvimento sustentável (SDTP).

FOTO 32 SRUNA

– Uma grande região urbana em crescimento tentou adquirir conhecimentos sobre o ordenamento orientado para o desenvolvimento sustentável a nível local, realizando uma série de projectos-piloto que analisavam a possibilidade de uma recreação sustentável nas zonas naturais próximas, aplicando um processo de participação social ascendente (SRUNA).

A segunda opção política do EDEC, “igualdade de acesso às infra-estruturas e ao conhecimento”, foi menos evidente por duas razões:

(1) O papel das autoridades regionais e locais foi mais limitado neste domínio. Na maioria dos casos, a construção de infra-estruturas e o financiamento são da competência dos governos nacionais.

(2) O tema não se prestava às considerações específicas do programa TERRA.

Ainda assim, as acções a nível local e a cooperação inter-regional podem desempenhar um papel importante na promoção de opções políticas destinadas a melhorar a igualdade de acesso às infra-estruturas e ao conhecimento. Em relação a este último aspecto, a rede EUROGISE debruçou-se sobre as tecnologias da informação tentando melhorar a utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG) para fins de ordenamento do território e a integração de vários sistemas e bases de dados.

Um projecto (POSIDONIA) abordou a questão do desenvolvimento de um sistema especializado e intermodal de portos complementares no Mediterrâneo, que extravasara, todavia, os limites da competência das autoridades locais.

Outros projectos, entre outras acções, abordaram a melhoria da acessibilidade às infra-estruturas, especialmente nas zonas remotas e transfronteiriças, através de um ordenamento adequado e da integração dos planos formulados a nível local nas prioridades regionais e nacionais. Foi o caso das redes CONCERCOST e ALBA-TER/AVE. Dois projectos transfronteiriços, o GROOTSTAD e o DUERO-DOURO, também tentaram melhorar a comunicação transfronteiriça, o primeiro numa zona metropolitana funcional do centro da Europa e o segundo numa zona remota situada entre Espanha e Portugal.

Com respeito ao terceiro tema das prioridades políticas, os projectos TERRA demonstraram de que modo a gestão sustentável do património natural e cultural podia melhorar a competitividade das regiões e superar as debilidades estruturais das zonas remotas e rurais. A valorização dos património cultural e natural como forma de melhorar a competitividade foi um tema recorrente no programa TERRA, à medida que as zonas rurais e remotas compreenderam as potencialidades de captação de um segmento de mercado turístico ou de investimento.

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– Nas zonas rurais remotas, a diversificação das actividades, o desenvolvimento de produtos agrícolas especializados de alta qualidade, ou biologicamente produzidos, característicos da região, em conjugação com o desenvolvimento do turismo rural, foram objectivos visados por vários parceiros, como aconteceu nos projectos GEOPLANTOUR ou DIAS.

MELHORAR A COMPETITIVIDADE TERRITORIAL

O projecto GEOPLANTOUR, uma rede de dois municípios da Grécia e da Alemanha, pretendia constituir-se num modelo de desenvolvimento para territórios semelhantes, tendo como objectivo a correcção das desigualdades de desenvolvimento através dos princípios de desenvolvimento sustentável e de uma abordagem política integrada. O projecto abordava três aspectos cruciais para aumentar a competitividade dos territórios envolvidos: o turismo, a agricultura ecológica e o ordenamento do território/utilização do solo, aplicando as tecnologias SIG.

O projecto desenvolveu várias actividades nos três domínios de acção, em cada território, levando a cabo “projectos-piloto” no domínio do turismo, da produção ecológica de culturas e comercialização de alimentos “agro-ecológicos” e da aplicação do SIG, e suas utilizações, nas futuras decisões de política territorial.

Por outro lado, os parceiros concentraram-se no intercâmbio de experiências entre os dois territórios, com o apoio das autoridades regionais. Foi dada uma especial atenção à organização de várias reuniões, seminários e workshops com a participação de grupos de interesses e representantes de cada município. Isto contribuiu para um elevado nível de intercâmbio de experiências e de trabalho comum entre os parceiros.

– Determinados projectos funcionaram como redes de gestão e promoção conjunta de recursos territoriais comuns: o projecto VEV uniu recursos para uma melhor gestão e uma exploração e promoção concertadas de canais históricos e o TERRA INCÓGNITA criou uma rede para a integração da gestão do património cultural nas estratégias de desenvolvimento do território.

FOTO 31 TERRA INCÓGNITA

GESTÃO DO PATRIMÓNIO CULTURAL E NATURAL ORIGINOU UM NOVO CONCEITO

O projecto TERRA INCÓGNITA, uma rede de parceiros espanhóis e italianos, desenvolveu uma metodologia inovadora para a gestão sustentável do património cultural, baseada no conceito de “Território-Museu”, criando um modelo de ordenamento do território que integra a gestão do património arquitectónico e permite a sua conservação através de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.

Os parceiros desenvolveram uma estratégia para analisar e planear as acções respeitantes à utilização sustentável do património cultural e à gestão e promoção económica do território, realizando acções de informação sobre o território como museu, a interpretação do património cultural, o desenvolvimento de infra-estruturas básicas para as zonas em causa e as medidas de conservação dos recursos culturais.

O projecto constituiu um quadro de referência para o desenvolvimento de políticas estatais a nível local e regional no domínio da conservação, melhoramento e gestão do património cultural. Os produtos e resultados obtidos demonstraram que projecto TERRA INCÓGNITA contribuiu de forma importante para o desenvolvimento económico das economias locais dos territórios envolvidos, através da melhoria do potencial económico dos recursos locais naturais e culturais.

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– Um objectivo recorrente em muitos projectos era a diversificação dos atractivos turísticos regionais através da promoção de recursos até então desprezados, tais como zonas de interesse cultural, pistas de montanha, paisagens naturais e outros.

– A gestão sustentável dos recursos naturais próximos dos centros metropolitanos e a sua utilização para fins recreativos foi abordada no projecto SRUNA.

– Os recursos costeiros constituíam uma área de especial preocupação do programa TERRA. A partir de vários projectos, emergiu uma tipologia das questões e dos problemas, que pode ser considerada de importância europeia, exigindo abordagens diferenciadas:

• Extensas áreas fortemente pressionadas pelo desenvolvimento e a urbanização, tanto para fins turísticos como para casas de férias. Pode fazer-se ainda uma outra distinção entre as zonas do norte, que atraem principalmente um turismo local (por exemplo, o projecto TERRA-CZM, na Flandres, e o projecto COASTLINK relativamente aos parceiros dinamarqueses e do Reino Unido) e as do sul que vêm sofrendo pressões de um mercado global. Estas últimas eram dominantes, especialmente nas regiões mediterrânicas (Creta no projecto DIAS, Kavala e Faro no projecto TERRA-CZM, Ipiros no COASTLINK).

Nestes casos, eram necessárias medidas intensivas para preservar os recursos costeiros e o valor e identidade da paisagem. Na maioria dos projectos TERRA, procurou-se um modelo alternativo para a exploração destes recursos, baseado na difusão das pressões do desenvolvimento para o interior, através do turismo cultural.

FOTO 40 CONCERCOST

• Áreas mais rigorosamente delimitadas, compostas por zonas húmidas e ecossistemas costeiros que exigem medidas de protecção especial e uma gestão integrada de toda a bacia hidrográfica.

FOTO 41 COASTLINK

• Zonas costeiras urbanas onde se procurava um equilíbrio entre as preocupações comuns a toda a área metropolitana, as funções de ponto de acesso, internacionalmente orientadas, as necessidades locais e a preservação do meio ambiente.

FOTO 33 POSIDONIA

Globalmente, e apesar da diversidade dos projectos, que iam desde o ordenamento do território em geral ao desenvolvimento mais operacional de objectivos específicos integrados em estratégias territoriais mais amplas, foi possível demonstrar três observações gerais através dos projectos TERRA:

(1) Que as opções políticas do EDEC também eram válidas a nível local. O desenvolvimento do território é um processo que relaciona as pessoas e os actores sociais com o seu território, a escalas e níveis diferentes e sucessivos, que podem identificar e sobre os quais podem agir.

(2) Que a adopção de uma perspectiva global mais virada para o exterior na versão final do documento EDEC era uma necessidade que emergiu da experiência a nível local. As

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regiões podem identificar melhor as vantagens comparativas baseadas nos seus recursos territoriais, se estes possibilitarem uma maior competitividade numa economia mundial.

(3) Que os projectos TERRA demonstraram a validade de se alcançarem os objectivos ambientais e de preservação do património natural e cultural através do seu desenvolvimento de uma forma sustentável.

3.2. Enriquecimento da experiência europeia através do programa TERRA

Uma vez que os projectos TERRA foram concebidos antes do aperfeiçoamento dos objectivos políticos do EDEC, qual é a congruência destes objectivos com os que são prosseguidos a nível local? Qual é a pertinência das considerações e orientações globais para as preocupações locais e de que forma influenciam os actores locais que elaboram as visões territoriais para o seu território? Quais das três opções políticas fundamentais do EDEC podem ser mais vantajosamente satisfeitas através de uma abordagem voluntária ascendente?

Os projectos têm uma vida e uma “biografia” próprias, mas a sua análise permite que se tirem conclusões com uma validade e pertinência que ultrapassam os objectivos específicos de cada projecto.

Embora algumas propostas apresentadas para o programa TERRA visassem directamente a aplicação dos critérios de ordenamento do território de um ponto de vista inter-regional, a maioria tinha abordagens mais locais, nas quais a cooperação e a formação de redes contribuíam de forma particular para comparar, discutir e, por fim, transferir as aplicações.

Os objectivos de desenvolvimento territorial a nível local não são necessariamente servidos da forma mais eficaz através de uma concentração no desenvolvimento de conceitos territoriais para as regiões, podendo ser igualmente abordados quando as questões específicas são tratadas de uma forma operacional e viável, no âmbito de orientações mais amplas.

Um objectivo básico do programa TERRA era servir de laboratório para a promoção do ordenamento do território a nível local e regional, através de uma cooperação inter-regional. Neste contexto, muitos projectos TERRA promoveram objectivos e acções específicos inscritos em estratégias territoriais mais amplas, enquanto outros se concentravam na metodologia, nas estruturas organizativas e nos processos sociais relacionados com o desenvolvimento do território e a integração das políticas.

O programa TERRA demonstrou que ambas as abordagens são válidas. De facto, algumas opções políticas específicas do EDEC prestavam-se melhor aos objectivos operacionais específicos, ao passo que outras se prendem mais directamente com o desenvolvimento de estratégias territoriais mais amplas.

O programa TERRA no seu conjunto podia ser avaliado a ambos os níveis, embora as considerações e acções dos projectos consagrados ao ordenamento do território e ao desenvolvimento de uma visão territorial e as dos projectos que se ocupavam de objectivos específicos fossem obviamente diferentes, e as suas reflexões sobre o EDEC fossem similarmente diferentes:

– Os projectos empenhados no desenvolvimento de uma visão territorial e de uma estratégia territorial integrada a nível local concentraram-se, em grande medida, na integração horizontal, debruçando-se sobre a dinâmica social do território e o desenvolvimento de parcerias locais. Quer em relação à integração horizontal das políticas, quer à sua integração

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vertical, tiveram de analisar as disposições institucionais existentes no seu território e o desenvolvimento de mecanismos viáveis para a implementação de estratégias territoriais. Em última análise, o seu êxito estava dependente não só da capacidade de produzir uma visão clara para o território, mas também de competências de ordenamento muito desenvolvidas no interior da região, que identificassem com precisão e se concentrassem nas questões pertinentes e em que fosse possível obter resultados.

Os projectos envolvidos na realização de objectivos mais operacionais, em apoio a estratégias territoriais e orientações globais, preocuparam-se mais com a integração vertical, reflectindo sobre planos e estratégias a níveis mais elevados. As questões essenciais neste aspecto eram a adequação dos objectivos, a sua pertinência tanto para o contexto local como para a promoção de estratégias territoriais mais amplas, a eficácia dos meios à disposição da localidade, a competência e a responsabilidade da comunidade local.

Não só os projectos TERRA foram influenciados pelo EDEC, através da conceptualização dos seus resultados e da reorientação dos seus objectivos, com base nas opções fornecidas pelo EDEC, como este último também extraiu benefícios do programa TERRA, porque a experiência real dos projectos pôs a nu dados e dificuldades que influenciaram os pressupostos do EDEC, nomeadamente em questões como:

– A dificuldade de constituir redes devido às diferentes culturas de ordenamento e competências administrativas.

– A dificuldade de promover uma abordagem multi-sectorial aos problemas de entidades sociais e administrativas, que estão igualmente sujeitas a uma "divisão do trabalho" e a uma especialização temática e funcional.

– A exigência de um fluxo de comunicação suave e de uma coordenação das acções necessárias para transferir de forma sincronizada os resultados respeitantes ao desenvolvimento dos projectos.

O programa TERRA foi originalmente concebido de modo a orientar-se para a investigação aplicada no âmbito do ordenamento do território (ou “planeamento regional”, como era denominado na altura em que foi inicialmente anunciado), com o objectivo fundamental de avaliar a utilidade e a pertinência de determinadas acções para a sua visão estratégica regional . A menor escala das áreas incluídas nos projectos TERRA reforçou a sua dimensão experimental, permitindo que se desse uma maior atenção à aplicação dos projectos, a fim de ensaiar novos métodos e instrumentos de ordenamento do território, a aplicar em contextos geográficos semelhantes, ou relativamente a dificuldades similares.

De facto, a declaração do programa TERRA salientava abertamente que este não se destinava a transformar-se numa nova fonte de financiamento para as administrações locais. Pelo contrário, pretendia-se que ele testasse as consequências de se tratarem as dificuldades do ordenamento do território a uma escala local, no âmbito de um contexto europeu mais amplo, visando o aperfeiçoamento dos instrumentos aplicáveis através da grande experiência adquirida com a cooperação inter-regional.

Ao tentarmos estabelecer a relação entre o programa TERRA e o EDEC, analisámos a validação dos seus princípios gerais com base na experiência dos projectos. Contudo, os contributos mais interessantes da experiência do programa TERRA para o EDEC não pertencem à esfera dos princípios gerais (excepto no caso de alguns projectos excepcionais), mas sim à da gestão dos projectos específicos.

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A experiência do programa TERRA facultou ao EDEC o forte contraste existente com a realidade empírica e as lições extraídas dos benefícios e dificuldades de trabalhar com base em redes de cooperação inter-regional. Também lhe trouxe as lições obtidas por cada um dos parceiros ao levarem à prática os novos conceitos de ordenamento do território nas respectivas regiões. Estas questões são analisadas no próximo capítulo do relatório.

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4. TERRA : UMA ABORDAGEM OPERACIONAL

O objectivo máximo do programa TERRA é a criação e a consolidação de condições adequadas para um desenvolvimento económico sustentável nas regiões menos favorecidas. A identificação realista dos recursos locais e a capacidade de analisar estes recursos num contexto mais amplo, em especial num contexto europeu e, cada vez mais, numa dimensão mundial, constituem um elemento essencial para um planeamento eficaz a nível regional e local. Somente nesta base poderão ser tomadas decisões racionais para o futuro desenvolvimento sustentável destes recursos.

MODELOS PARA INTEGRAR A SUSTENTABILIDADE NO PLANEAMENTO

O projecto SDTP centra-se na necessidade de ligar o planeamento económico ao ordenamento do território, como um primeiro passo para o desenvolvimento sustentável. O Vale do Tees, no Reino Unido, Múrcia, em Espanha, Satakunta, na Finlândia, Gävleborg, na Suécia e o Grande Bergen na Noruega prepararam, paralelamente, uma série de estudos visando o intercâmbio de experiências e o desenvolvimento de metodologias para inserir as considerações relativas à sustentabilidade no processo de desenvolvimento.

Os parceiros uniram os seus esforços para desenvolver metodologias de desenvolvimento sustentável integráveis no ordenamento do território. Cada participante criou fóruns consultivos de actores locais e elaborou análises minuciosas das estruturas institucionais e de planeamento existentes na sua área. Um importante resultado deste trabalho foi a criação de modelos e a formulação de orientações para a integração dos princípios de sustentabilidade nos exercícios de planeamento. Foi definido um conjunto de indicadores destinados a monitorizar as consequências em matéria de sustentabilidade, ao longo dos processos de planeamento, tendo em vista a obtenção de um conjunto de padrões viável, a aplicar em exercícios de planeamento semelhantes. A criação de modelos suficientemente flexíveis para serem transferíveis para outros projectos era um objectivo importante.

Através desta cooperação entre parceiros muito diferentes na sua essência, foram desenvolvidas metodologias cada vez mais sólidas, que são potencialmente transferíveis para outros parceiros na Europa.

Neste processo, as autoridades e actores regionais e locais desempenharam um papel crucial. Melhorar o desempenho das regiões exige um conhecimento pormenorizado dos seus recursos e características, bem como da capacidade institucional. As instituições locais e regionais são as mais bem posicionadas, devido ao seu conhecimento das condições locais e à sua proximidade dos cidadãos, grupos de interesses e rede de empresários local.

O programa TERRA foi um exercício baseado na consulta e na formação de parcerias a diferentes níveis. O seu principal objectivo era incentivar as autoridades locais e regionais a realizarem experiências no domínio da criação de parcerias e no planeamento multi-sectorial, a fim de desenvolverem uma visão holística do seu território.

Os projectos TERRA promoveram esta cooperação administrativa e a parceria entre o sector público e o sector privado para alcançarem os objectivos de desenvolvimento local e regional. Um dos principais exercícios no âmbito do programa TERRA concentrou-se no desenvolvimento das competências necessárias para a gestão das parcerias e dos processos sociais. Ao contrário do planeamento convencional da utilização dos solos, ele exige um conhecimento contínuo, quase em tempo real, da evolução territorial de um território, que não está confinado aos limites legais mas poderá ter de ser variável na sua geometria e integrado em sistemas de informação mais amplos. A natureza das informações muda não só em termos de complexidade, mas também quanto ao facto de

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os dados de natureza socioeconómica e física necessitarem de ser inter-relacionados de forma operacional. Parte desta actividade implicava um reforço da capacidade, incluindo competências, confiança e instrumentos de planeamento novos.

Os projectos TERRA também se concentraram no desenvolvimento de uma série de instrumentos de planeamento visando a compreensão e a monitorização do território, nomeadamente o SIG, indicadores e observatórios.

No presente capítulo, iremos analisar mais de perto estas duas questões básicas, com base na experiência no programa TERRA, isto é: (a) as questões associadas à criação de parcerias e à gestão do ordenamento do território como um processo social e (b) o desenvolvimento e a integração adequada dos instrumentos de planeamento no exercício do ordenamento. Por último, os produtos e resultados do programa TERRA são sintetizados de acordo com a sua natureza e características.

4.1. Cooperação e formação de parcerias

A formação de parcerias foi uma actividade essencial e um domínio de experimentação fundamental no programa TERRA.

Ao nível transnacional, as redes TERRA concentraram-se em zonas com características comuns, mas não necessariamente contíguas – ao contrário das acções INTERREG IIC, que abarcam vastas áreas geográficas. A maior responsabilidade das regiões no tocante a assegurar um desenvolvimento económico e uma competitividade a nível global exige a criação de parcerias para uma abordagem virada para o exterior, para outras regiões, tendo em vista o desenvolvimento de recursos comuns.

A nível regional ou local, os diversos projectos e parceiros adoptaram diferentes abordagens à criação das parcerias adequadas. Em consequência, os agrupamentos de cooperação no âmbito do programa TERRA não possuíam um carácter uniforme, tendo sido constituídos para objectivos específicos. Alguns eram impelidos pelas preocupações da opinião pública ou das comunidades num modelo “ascendente”, enquanto outros eram conduzidos pelas autoridades ou por outras forças, num exemplo “descendente” dessa dinâmica. Além disso, uns envolviam a recolha de informações enquanto outros acentuavam a acção ou a tomada de decisões em conjunto.

Os projectos TERRA demonstraram, com muito poucas excepções, que a formação de parcerias pode ser realizada de modo eficaz e significativo a nível local e regional, ultrapassando os problemas de antagonismo histórico, bem como sistemas jurídicos, culturas de ordenamento e línguas diferentes.

4.1.1. Cooperação inter-regional: formação de redes

A formação de redes, pela sua própria natureza, fez com que as autoridades locais e regionais se virassem mais para o exterior, dado que pelo menos os parceiros ficassem expostos a diferentes abordagens. Esses mecanismos também proporcionaram um quadro muito prático para a divulgação das “melhores práticas” no âmbito do projecto. A possibilidade de medir directamente o desempenho de cada um em relação ao de outro parceiro deu mais realce à avaliação. A transparência aumentou, havendo ainda a potencial vantagem concomitante da pressão dos pares sobre os projectos que não estavam a ter um bom desempenho. Os projectos mais débeis, no mínimo, funcionaram num ambiente que ampliava a sua visão e capacidade e, no máximo, alcançaram

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objectivos que de outra forma não seriam realizáveis. Os benefícios da formação de redes tornaram-se evidentes nos domínios seguintes:

• Intercâmbio de experiências

Com base em interesses ou problemas comuns, foram criados alguns grupos para partilhar experiências, informações e métodos de lidar com os seus objectivos comuns. Frequentemente, este intercâmbio envolveu participantes não só com diferentes culturas e tradições, mas também com diferentes conhecimentos e capacidades. Em tais situações, era evidente que alguns participantes iriam beneficiar com os conhecimentos especializados e a experiência dos participantes mais avançados. Mas, na verdade, também ficou patente que o fluxo de informações não se fazia numa só direcção e que as reacções, sugestões e críticas dos diversos membros se tornaram um contributo valioso para o ajustamento de algumas abordagens e metodologias a uma aplicação em tempo real.

As redes inter-regionais agruparam parceiros de zonas não contíguas, dispersas de norte a sul do território europeu, ou de regiões remotas e isoladas do Mediterrâneo Central. Estas redes criaram um fundo comum de experiência em matéria de métodos técnicos, como a aplicação de técnicas SIG a diferentes ambientes, realizaram experiências sobre as formas de aumentar as actividades económicas nas zonas rurais, ou investigaram conjuntamente instrumentos de ordenamento novos, tais como os observatórios.

• Desenvolvimento de sinergias no território europeu

Embora não fossem contíguas, foram formadas algumas unidades no território da UE devido ao facto de partilharem determinados atributos, tais como locais históricos, características naturais, ou mesmo alguns tipos de especialização.

Os projectos relativos ao recursos culturais estiveram envolvidos, por exemplo, no desenvolvimento de uma visão conjunta em matéria de turismo para a rede europeia de sistemas de canais, ou de um conceito inovador de “territórios-museu” que interliga locais históricos de características culturais comparáveis.

As bacias fluviais e as zonas costeiras também constituíram o núcleo de uma visão mais clara de um processo de ordenamento. Os projectos envolvidos nas zonas costeiras também participaram no programa de demonstração da Comissão Europeia sobre a Gestão Integrada das Zonas Costeiras. Ilustrando a diversidade desse grupo, existiam pelo menos três grandes categorias de zonas no programa TERRA: cidades “portal”, zonas sujeitas a uma intensa pressão de desenvolvimento pelos mercados globais e ecossistemas muito sensíveis.

• Parcerias transfronteiriças

Os projectos também serviram de veículo para a obtenção de apoio com vista ao desenvolvimento de uma estratégia comum para uma região funcional fragmentada por fronteiras políticas. Um entendimento comum da área, normalmente apoiado por instrumentos de ordenamento actuais, como o SIG, levou a uma abordagem mais coerente entre as diferentes autoridades. Todas elas adoptaram com êxito uma abordagem multi-sectorial de ordenamento do território, em que a integração servia de visão orientadora.

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REGIÃO FUNCIONAL TRANSFRONTEIRIÇA SURGE PRÓXIMO DO CANAL

O conceito do projecto GROOTSTAD juntou cinco jurisdições da fronteira franco-belga com o intuito de organizar uma estrutura comum de tomada de decisões para o estabelecimento de uma metrópole bi-nacional.

A equipa era composta por cinco unidades francesas, flamengas e valãs, incluindo a cidade de Lille. Para além da diferença linguística, a colaboração teve de ultrapassar diferentes quadros jurídicos e tradicionais para criar as suas próprias estruturas.

O seu território tem potencialidades para se desenvolver como uma região económica funcional, beneficiando todos os parceiros. Isto tornou-se ainda mais importante devido a várias alterações que estão a verificar-se neste território. O potencial regional foi aumentado pela abertura do Túnel do Canal entre a França e a Grã-Bretanha, situado nas proximidades, e pela chegada dos comboios TGV de alta velocidade, factos que vieram compensar parcialmente o declínio da indústria fabril tradicional e de outras indústrias.

Os participantes compreenderam que um território fragmentado não seria capaz de optimizar as oportunidades que novas situações podiam oferecer. A zona é considerada como um corredor natural que liga o Reino Unido à Europa continental.

Foram organizadas workshops e criados comités políticos e de direcção para analisar vários temas e questões sectoriais. Entre os resultados destas iniciativas figura um importante documento estratégico para a região, envolvendo a identificação de vários projectos e recomendações comuns.

A parceria permitiu que as autoridades locais atingissem a massa crítica em algumas áreas especializadas, descobrissem sinergias, evitassem a duplicação de esforços e reduzissem a concorrência entre regiões. As fronteiras físicas e, por vezes, psicológicas e históricas foram ultrapassadas, por forma a desenvolver uma unidade de objectivos, obter maior credibilidade e visibilidade e descobrir novos talentos, recursos ou exemplos de soluções para os problemas.

FRONTEIRA DE VALE FLUVIAL SERVE PARA UNIR OS VIZINHOS

O projecto Duero-Douro reuniu um grande número de municípios, que não tinham qualquer experiência anterior de trabalhar em conjunto, tendo em vista o desenvolvimento de uma visão comum do curso de água que partilham e que atravessa grande parte da Península Ibérica.

Em gerações anteriores, o rio serviu como um importante elemento de desenvolvimento económico das suas regiões, acreditando-se que uma abordagem de colaboração tendo em vista uma nova fase de desenvolvimento poderia oferecer várias vantagens e sinergias.

O rio foi assumido como um elemento de união e não como um factor de divisão, sendo o novo território encarado como uma região funcional. Os cerca de 100 quilómetros de rio que constituem a fronteira entre os dois países possuem um valor paisagístico e turístico considerável.

O projecto resultou na importante formulação de uma estratégia comum para um vale que se estende desde a costa atlântica até à Espanha Central e em novos níveis de cooperação em matéria de transportes, recursos urbanos, naturais e culturais, e em questões comerciais, turísticas e institucionais.

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4.1.2. Parcerias locais

O objectivo primordial de construir uma parceria local viável, com o intuito de promover uma visão territorial local, visava reunir os interesses e os actores que influenciam o desenvolvimento do território. A formação de parcerias incluía o desenvolvimento de um enquadramento para a cooperação entre o sector público e o sector privado e para os parceiros institucionais, criando parcerias nacionais, regionais e locais com parceiros sociais e outros organismos competentes relevantes, tais como as ONG, os representantes das universidades e os especialistas de planeamento técnico. Estas parcerias também envolvem normalmente actores e interesses que influenciam o ordenamento do território a nível sectorial, bem como actores que antes não participavam activamente no processo de planeamento integrado, incluindo os próprios cidadãos.

• Desenvolver uma visão conjunta para um território funcional

Vários municípios colaboraram nos planos e estratégias económicas da sua região, num contexto em que os municípios não teriam sido capazes de alcançar, por si sós, a influência que exerceram como consórcio.

GRUPOS DE GESTÃO DA ÁGUA PREPARAM PLANOS DURADOUROS

Os três participantes no projecto CONCERCOST desenvolveram com êxito as suas parcerias locais e deixaram um impacto visível nas respectivas regiões.

A associação portuguesa do Vale do Lima já estava constituída, com um mandato limitado à gestão da água: através do programa TERRA, a associação expandiu o seu mandato por forma a incluir questões territoriais mais amplas e produziu um plano de desenvolvimento estratégico para os quatro municípios que abrangem a bacia hidrográfica e a costa.

Em Espanha, o programa TERRA ajudou a criar as Commarques Centrals Valencianes: trinta municípios, agrupados como uma entidade geográfica e histórica, tomaram a iniciativa de elaborar um plano estratégico para a sua região e de o promover a nível regional. Conseguiram obter um forte apoio político e envolver parceiros sectoriais. Um apoio regular da imprensa assegurou a visibilidade do projecto para além do período da sua vigência.

Os planos dos parceiros espanhóis e portugueses estavam claramente orientados para a obtenção e a melhoria da sua competitividade. Ambas as zonas são rurais e com cidades de pequena dimensão, situadas na proximidade de importantes eixos norte/sul entre grandes cidades. Os parceiros procuravam melhorar as infra-estruturas de comunicação e conferir um novo papel às cidades de pequena e média dimensão, bem como redireccionar as pressões do litoral para o interior.

O terceiro parceiro, o Conseil Général de La Gironde, composto por dez municípios da bacia d’Arcachon, com amplas actividades turísticas, agrícolas e de aquicultura, reuniu parceiros locais institucionais e não institucionais tendo em vista a obtenção de um acordo sobre questões prioritárias para a resolução dos intensos conflitos de interesses existentes e a elaboração de um plano de acção comum para o desenvolvimento das actividades atrás referidas.

FOTO 37 CONCERCOST

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CRIAÇÃO DE LIGAÇÕES FUNCIONAIS NUMA BACIA HIDROGRÁFICA IBÉRICA

O projecto ALBA-TER Ave concentrou-se nas autoridades municipais, apoiadas pelas administrações regionais, para o estabelecimento de relações funcionais ao longo do rio Ter, em Espanha, e do rio Ave, em Portugal.

Em cada um dos casos foi criada uma organização de coordenação formal – um consórcio em Espanha e uma autoridade de desenvolvimento regional em Portugal. O objectivo final destas organizações era assegurar que os actores locais participariam (a) no desenvolvimento dos recursos naturais e culturais e (b) no desenvolvimento económico global dos seus territórios.

A realização mais importante deste empreendimento foi o facto de ter fornecido às autoridades dos municípios pequenos a oportunidade e a massa crítica para conduzirem um processo de ordenamento que não teria estado ao alcance das suas capacidades individuais. Antes do projecto, esses exercícios de ordenamento do território teriam de ser realizados a nível regional.

Porém, o projecto demonstrou o zelo e a competência que os participantes locais podem mobilizar para enfrentar os problemas existentes no seu ambiente imediato. Colectivamente, também foram capazes de desenvolver as capacidades e utilizar técnicas e instrumentos actuais, tais como o SIG, além de criarem inventários úteis e permanentes dos recursos e características da região.

• Cooperação interna: gerir o processo consultivo e social.

Em alguns casos, as parcerias já existiam e o programa TERRA actuou como um veículo que permitiu o seu desenvolvimento para um nível superior, ultrapassando a simples troca de informações ou os mecanismos de cooperação limitados. Alguns projectos demonstraram um empenhamento muito forte no desenvolvimento da rede já existente de modo a constituir uma estrutura para a tomada de decisões em comum.

As parcerias forneceram um instrumento para a democratização do planeamento, ao envolverem os cidadãos como parceiros no processo de tomada de decisões sobre o seu ambiente mais imediato. O apoio e empenhamento activo da população tornou-se um ingrediente essencial do novo processo de ordenamento, tendo alguns Estados-Membros da UE adoptado requisitos formais em relação à realização de consultas e à participação do público. Os projectos TERRA enriqueceram esta experiência, desenvolvendo e ensaiando instrumentos adequados para a realização de consultas locais numa variedade de contextos.

O ENVOLVIMENTO DO PÚBLICO IMPULSIONA A BUSCA DE SUSTENTABILIDADE

O projecto SRUNA, uma rede de autoridades locais e regionais irlandesas e suecas, desenvolveu uma metodologia para assegurar a utilização recreativa sustentável de recursos naturais situados nas proximidades de uma zona urbana em rápido crescimento, aplicando os princípios da Agenda 21 Local, da sustentabilidade ambiental e da inclusão social. O projecto foi executado através de um processo de aprendizagem baseado na consulta e participação da sociedade, envolvendo uma gama muito ampla de actores e instituições.

Este projecto incorporou um processo de participação ascendente baseado no Capítulo 23 da Agenda 21 e nos princípios de sustentabilidade, tais como foram apresentados no Relatório Brundtland e no 5º Programa de Acção em matéria de Ambiente da UE. Estes relatórios salientam que a ampla participação do público é um pré-requisito fundamental para a realização do desenvolvimento sustentável. Os resultados do projecto SRUNA indicam que uma participação ascendente, se bem que necessária, exige muito tempo e depara com várias dificuldades.

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O processo de participação do público permitiu a identificação de obstáculos sociais, económicos e físicos à participação dos socialmente excluídos na promoção da utilização sustentável dos recursos naturais recreativos. Entre as lições extraídas incluem-se as seguintes:

• A participação ascendente e o tratamento dos aspectos económicos e sociais da sustentabilidade exigem uma aprendizagem significativa e um importante desenvolvimento das capacidades do pessoal das autoridades locais e regionais,

• É necessária uma formação intensiva em matéria de competências de facilitação/mediação dos funcionários públicos, membros fundamentais das comunidades e outros actores que participam no processo.

4.1.3. Metodologias para a formação de parcerias

As parcerias foram constituídas com base nos interesses e problemas comuns observados. As parcerias resultaram, muitas vezes, de contactos prévios ou cooperações mistas. Entre os ingredientes necessários para o êxito desses grupos figuram a forte motivação existente entre os parceiros, uma liderança empenhada e objectivos claros para ultrapassar as dificuldades linguísticas, de separação geográfica e diversos factores políticos ou económicos.

As parcerias inter-regionais no âmbito do programa TERRA firmaram-se em torno de um líder responsável pela coordenação financeira, a programação dos projectos e a perícia técnica. O líder presidia frequentemente aos comités de direcção dos projectos. A maioria dos projectos e parcerias foram constituídos e geridos por técnicos com vários graus de apoio político. Os políticos que também presidiam ao comité de direcção eram uma minoria. Este comité, combinando técnicos e políticos, era simultaneamente uma ferramenta de gestão, um meio para consolidar a unidade e um fórum de intercâmbio de informações. Nos projectos em que estava a ser desenvolvida uma visão conjunta do território, o comité de direcção foi utilizado como um fórum para os parceiros tomarem decisões conjuntas, mesmo que existissem grupos de trabalho a outro nível.

Para o desenvolvimento de parcerias locais, os membros dependiam das competências internas em matéria de comunicações. Vários projectos, contudo, recorreram aos serviços de profissionais para aspectos como as comunicações ou as consultas. Porém, muitos políticos e profissionais de planeamento envolvidos eram experientes e aptos nas ciências da comunicação e na análise do processo político.

Alguns projectos visavam especificamente uma compreensão do desenvolvimento das parcerias no seu território. Os projectos, no decurso das suas actividades, reflectiram sobre as metodologias de participação e produziram relatórios especiais sobre o assunto. Foram analisados diversos temas, tais como as formas de incluir os socialmente isolados nas decisões, as várias fases de participação do público no ordenamento ou o papel dos fóruns temáticos no processo consultivo.

As melhores práticas das parcerias foram temas constantes do programa TERRA. A gestão das parcerias e do processo social também foi um assunto popular nas reuniões anuais do programa TERRA, realizadas em Nápoles, em 1998, e em Pori, em 1999. Um guia para uma boa gestão dos projectos, apresentado pelo projecto

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TERRASSISTANCE na reunião de Nápoles, forneceu indicadores para os processos de formação de parcerias e realização de consultas.

Paralelamente, o programa comunitário de demonstração sobre a gestão integrada das zonas costeiras – que incluía os projectos TERRA relativos a estas zonas– também permitiu extrair conclusões específicas sobres as melhores práticas de desenvolvimento da participação no processo de ordenamento.

FOTO 34 POSIDONIA

A grande maioria dos projectos comunicava com os parceiros locais e os cidadãos através de boletins informativos, folhetos, vídeos, sites na Internet, etc.. Os projectos envolveram activamente a imprensa na difusão da informação. Alguns projectos fizeram exposições itinerantes e autocarros de contacto que informavam os cidadãos e estabeleciam um diálogo directo com os habitantes.

Vários projectos procuraram obter uma compreensão mais pormenorizada das opiniões e aspirações dos seus parceiros locais num processo de aprendizagem ou de trabalho partilhado. Isto assumiu várias formas, incluindo o estabelecimento de agendas e a participação na identificação de questões-chave. Foi realizada uma recolha interactiva de informações mediante a utilização de questionários, inquéritos, entrevistas, fóruns e seminários.

VASTA REDE DA UE TAMBÉM ASSENTA NUM AMPLO ENVOLVIMENTO

O projecto COASTLINK consistia numa rede de seis autoridades de ordenamento do território e numa associação de municípios. Ao mesmo tempo que desenvolviam estratégias específicas de gestão das zonas costeiras para as suas áreas, os parceiros do projecto não só prestaram uma atenção considerável à formação de parcerias transnacionais e locais, como reflectiram igualmente sobre o próprio processo, a fim de formular recomendações genéricas.

Entre estas inclui-se o papel fundamental das principais autoridades como coordenadoras dos muitos actores institucionais e não institucionais, a necessidade de uma agenda clara e a identificação das várias fases de participação do público, desde a simples informação à partilha das decisões.

De acordo com o seu contexto regional, as actividades de participação específicas patrocinadas pelas autoridades regionais constituíram um claro passo em frente no alargamento do círculo de participantes no processo de ordenamento. Down (Irlanda do Norte) e Storestrom (Dinamarca) obtiveram um enorme empenhamento dos cidadãos na aplicação da Agenda 21 Local. Os parceiros do Reino Unido e dinamarqueses incluíram uma grande representação trans-sectorial, bem como das ONG, assegurando a incorporação de considerações realistas de carácter económico, social e ambiental no processo de ordenamento regulamentar. Pela primeira vez, e com o apoio da experiência dos parceiros do Reino Unido e da Dinamarca, o processo foi implementado em Ipiros (Grécia) tendo em vista promover uma estratégia integrada para o litoral através de uma série de fóruns costeiros, que reuniram actores institucionais e não institucionais. O mesmo foi feito na região de Algarve-Huelva através da ligação em rede dos municípios. A cooperação com os países vizinhos ribeirinhos de mares interiores foi particularmente bem sucedida entre Storestrom (Dinamarca) e Vorpommern (Alemanha).

A tomada de decisões partilhada com os parceiros locais foi importante em vários projectos. As parcerias de ordenamento elaboraram planos estratégicos e territoriais, bem como planos operacionais, e concluíram acordos mais formais, protocolos e contratos. Alguns parceiros utilizaram quadros formais e as associações e agências de desenvolvimento existentes ou criadas para o efeito, para formar agrupamentos locais e

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instituir uma consulta permanente. Isto apenas foi possível nos casos em que existia uma legislação nacional favorável. Outros parceiros recorreram à organização de fóruns, ou de grupos de trabalho temáticos a nível local.

UM LUGAR PARA OS GRUPOS DE INTERESSES ECONÓMICOS EUROPEUS NO ORDENAMENTO

Os parceiros do projecto DIAS reconheceram que o seu património cultural era um trunfo comum e pretenderam desenvolver o eco-turismo atribuindo um papel activo ao acolhimento não convencional de estruturas privadas.

Inspirados pela experiência de um dos parceiros, todos os parceiros do projecto DIAS procuraram incentivar nas suas próprias áreas a criação de uma oferta de casas disponíveis para os serviços de turismo. Geridos nos termos de um acordo em matéria de qualidade, profissionalismo e normas comuns, os três parceiros promoverão o intercâmbio de boas práticas, implementarão canais de abastecimento comuns, promoverão a actividade empresarial, etc., através da criação de um Grupo de Interesse Económico Europeu (GIEE).

A iniciativa está aberta a outras áreas que partilhem recursos naturais e culturais em toda a Europa.

4.2. O desenvolvimento de instrumentos adequados de assistência ao novo ordenamento do território

A integração de ferramentas de planeamento modernas no processo de ordenamento a nível local e regional foi um objectivo, e uma contribuição, importante do programa TERRA

Esta importante iniciativa em matéria de desenvolvimento das capacidades envolveu a utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG), observatórios e indicadores. Outra inovação afim foi a aplicação pragmática dos objectivos de sustentabilidade no processo de ordenamento local.

Os seminários em paralelo às reuniões anuais do programa TERRA, realizadas em Nápoles e Pori, e outras sessões especiais sobre a aplicação dessas ferramentas contaram com uma ampla assistência dos participantes no processo, que revelaram um grande interesse e entusiasmo na aprendizagem.

Toda esta evolução terá deixado as autoridades locais e regionais potencialmente mais bem preparadas para os futuros processos de ordenamento e desenvolvimento do território, mas, o que é igualmente importante, as autoridades locais e regionais também terão ficado mais capazes de estabelecer o diálogo com os organismos nacionais e europeus e influenciar, assim, o desenvolvimento das políticas. A aplicação desta nova capacidade acompanhou a introdução do conceito de EDEC à escala europeia.

4.2.1. Sistema de Informação Geográfica (SIG)

Quase todos os projectos do programa TERRA adoptaram e utilizaram o SIG como uma parte importante da criação ou do reforço das suas capacidades.

O SIG pode ser um instrumento importante de gestão dos dados em matéria de ordenamento do território, desenvolvimento de políticas e tomada decisões, tendo tido uma ampla aceitação a todos os níveis de governo e de planeamento nos últimos 20 anos. As aplicações já são, compreensivelmente, muito diferentes das administrações locais para as administrações regionais. Têm sido largamente aplicadas na gestão dos recursos, na avaliação ambiental e também no ordenamento do território e na gestão dos

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serviços a nível local. Várias aplicações foram além da cartografia física, abordando indicadores económicos e sociais e combinando a tecnologia SIG com a elaboração de modelos dinâmicos.

FOTO 38 EUROGISE

Como instrumento de ordenamento, a adopção do SIG, embora ampla, não foi uniforme. No programa TERRA, existiam vários parceiros que não tinham qualquer experiência anterior com o SIG, enquanto outros já o tinham utilizado num nível razoavelmente sofisticado. A rede mais ampla do programa TERRA proporcionou uma oportunidade ideal para a transferência de conhecimentos. As lições extraídas deste programa também forneceram uma oportunidade para analisar os pontos fortes e fracos do SIG.

Algumas aplicações concentraram-se no ordenamento do território, no ordenamento urbano ou em actividades territoriais multifuncionais. As experiências deste grupo de projectos demonstraram as complexidades relacionadas com a instalação do SIG, muitas das quais ultrapassam a formação estritamente técnica, prendendo-se com os compromissos políticos, a disponibilidade dos dados e a gestão. A incompatibilidade técnica dos sistemas foi evidente, bem como o facto de muitos dados não serem comparáveis. Esta é uma questão com implicações a nível europeu e continuará a tornar-se mais evidente à medida que as autoridades locais e as regiões desenvolvam relações de trabalho e participem no ordenamento de novas regiões funcionais, e à medida também que a procura de informações comparativas for crescendo.

Vários parceiros empreenderam estudos sobre as aplicações dos projectos SIG e forneceram apoio à rede no que se refere a:

– Transferência de saber-fazer e conselhos mútuos – Análise de meta-dados e propostas para ultrapassar as dificuldades existentes – Recomendações sobre a gestão dos dados formuladas por equipas mais experientes – Desenvolvimento de aplicações – Orientações para aplicação do SIG nas organizações.

Um segundo grupo de parceiros concentrou-se na aplicação do próprio sistema, tendo obtido um orçamento para a aquisição de hardware, software e/ou para iniciar a recolha de dados. Neste grupo, incluíam-se os projectos DIAS, GEOPLANTOUR, VEV, COASTLINK e TERRA CZM.

O projecto EUROGISE, concentrou-se no desenvolvimento técnico do SIG e na transferência desta técnica entre os parceiros. O projecto difundiu informações através de um website e de uma série de seminários.

O projecto SRUNA combinou a utilização do SIG com o desenvolvimento de indicadores para gerir locais recreativos de forma sustentável. Esta aplicação do SIG revelou-se relativamente simples, indo além da representação física e sendo potencialmente transferível.

Várias questões de dimensão europeia foram abordadas no âmbito do programa TERRA. Entre estas, incluíam-se as limitações da harmonização dos dados entre as diversas regiões. O projecto DUERO-DOURO desenvolveu um sistema geográfico para

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a bacia hidrográfica abarcando Espanha e Portugal. Esta acção pôs em evidência alguns dos constrangimentos que se colocam à construção de um quadro comum, principalmente devido a problemas de harmonização, mas foi igualmente capaz de demonstrar uma abordagem pragmática e de desenvolver um instrumento potencialmente útil para fins de ordenamento do território.

A crescente sensibilização para a necessidade de normalização também foi evidente no programa. Embora a UE também tenha aberto uma discussão sobre este assunto, as administrações nacionais ou subnacionais têm-se mostrado até à data relutantes em adoptá-la. A experiência transnacional face a estas regras foi analisada e discutida pelo projecto EUROGISE, tendo sido desenvolvidas algumas orientações para a definição de regras comuns para o futuro.

Outra questão igualmente relevante para a utilização do SIG foi a da gestão dos dados, incluindo a sua actualização. A experiência passada relevou que os fundos externos ou os apoios esporádicos facilitavam o estabelecimento de um sistema, mas que a manutenção dos dados e do equipamento exige um financiamento sistemático, que não é frequentemente considerado no início. As dificuldades evidenciadas no programa estavam associadas com a divulgação dos dados, o fácil acesso ao instrumento e a reacção recebida pelos técnicos, utilizadores potenciais e políticos, considerando-se que a formação adicional a todos os níveis seria um remédio potencial para esta situação.

EXPERIMENTAÇÃO DO SIG PELO EUROGISE

O projecto EUROGISE deu especial atenção ao SIG como instrumento de apoio ao processo de ordenamento do território. A experiência anterior da maioria dos parceiros envolvidos sensibilizou-os para os contornos da questão e contribuiu para aumentar a qualidade dos resultados. Os seis temas comuns abordaram todos os problemas, assegurando a fiabilidade e a aplicabilidade do SIG para fins de ordenamento, ou seja, desde os princípios de gestão dos dados até às metodologias de introdução da tecnologia SIG numa organização. Além disso, o projecto desenvolveu aplicações informáticas SIG de fácil utilização, a fim de as pôr à disposição dos diferentes serviços existentes na organização, bem como aplicações específicas do SIG para um planeamento integrado e a monitorização e avaliação dos Fundos Estruturais.

O envolvimento de técnicos qualificados em instituições públicas reais tornou os resultados amplamente transferíveis para outros projectos.

4.2.2. Indicadores

Muitos projectos TERRA trabalharam (ou planeavam fazê-lo) no desenvolvimento de uma série de indicadores para medir os progressos na consecução de determinados objectivos (por exemplo, sustentabilidade, desenvolvimento social, crescimento económico), em vários sectores.

A utilização de indicadores é não só um procedimento habitual nos programas europeus, mas também um requisito para muitas actividades nacionais. Na verdade, uma correcta gestão dos projectos exige que se institua um quadro de monitorização.

No passado, grande parte do desenvolvimento de indicadores concentrava-se no nível nacional, dando relativamente pouca importância aos aspectos locais e regionais. Além disso, os projectos relativos ao ordenamento do território, como os do programa TERRA, introduzem uma perspectiva territorial (por exemplo, ruralidade, utilizações do

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solo e a questão recreativa), que não figurava entre as prioridades anteriormente abordadas. Além disso, os projectos TERRA não se restringiram à teoria, passando à aplicação no mundo real, e forneceram um laboratório de ensaio prático para os progressos europeus neste domínio.

Embora indicadores como o produto interno bruto (PIB) venham proporcionando referências para o crescimento económico desde há décadas e, mais recentemente, tenham sido desenvolvidos outros indicadores para medir o desenvolvimento social ou a sustentabilidade ambiental, nenhum deles estava isento de críticas, tendo surgido a necessidade de os ajustar, por forma a reflectirem de forma mais precisa as condições que deveriam avaliar.

Do mesmo modo, quando aplicados a condições ou zonas geográficas específicas, esses critérios devem ser planeados, concebidos e desenvolvidos com precisão. Os projectos demonstraram regularmente dificuldades intrínsecas em matéria de comparabilidade, fiabilidade ou actualização dos dados.

No programa TERRA, este exercício incluiu simultaneamente a criação de indicadores específicos para um projecto e a aplicação de modelos ou orientações mais gerais. O projecto COASTLINK experimentou um conjunto de indicadores genéricos para as zonas costeiras, enquanto o projecto TERRA CZM investigou os indicadores relativos à capacidade de carga, a fim de determinar o potencial para um desenvolvimento sustentável do turismo.

O projecto SDTP desenvolveu um conjunto de indicadores para monitorizar a sustentabilidade em diferentes zonas. Noutros projectos, o âmbito restringiu-se a uma actividade específica, como a recreação, no caso do projecto SRUNA. Estas propostas foram frequentemente incorporadas no SIG, combinando ambos os instrumentos. Foi o caso, entre outras, das actividades EUROGISE.

Para além do papel que desempenhou em cada projecto, a investigação sobre os indicadores recebeu uma atenção considerável no programa TERRA. Foi organizada uma workshop específica sobre os indicadores, à margem da reunião TERRA realizada em Pori, em 1999, e, dado o interesse demonstrado pelos participantes, organizou-se um seminário em Bruxelas sobre a mesma questão em Novembro de 1999.

Todas estas actividades produziram resultados concretos que foram divulgados através de comunicações, seminários, websites ou de um acesso pessoal aos peritos envolvidos. Entre esses resultados incluíam-se propostas de indicadores, cuja transferibilidade e viabilidade fora já demonstrada, uma busca de mecanismos para os avaliar e permitir que indicadores sintéticos acompanhem os progressos realizados na consecução dos objectivos, ou o envolvimento social na definição dos indicadores. A dinâmica em torno desta questão também aumentou o diálogo e a sensibilização dos parceiros para a utilização de indicadores e dos modelos subjacentes.

4.2.3. Observatórios

Para além das reflexões recentes e em curso a nível europeu, no âmbito do EDEC, sobre o estabelecimento de observatórios para apoiar o ordenamento do território, o programa TERRA serviu para investigar e experimentar as aplicações deste conceito.

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O diálogo apontava para a necessidade de sistemas de informação harmonizados e actualizados que abrangessem as características territoriais da União Europeia.

Neste aspecto, as actividades do programa TERRA contribuíram com informações e experiências a partir de diferentes perspectivas sobre o tema. Embora grande parte do diálogo com as instituições da UE fosse orientado para a eventual criação de observatórios europeus destinados a avaliar de forma permanente as condições territoriais a esse nível, o envolvimento do programa TERRA a nível local e regional e, simultaneamente, em todo o território europeu, fornecerá um contributo valioso para o planeamento mais amplo desses organismos. Considerou-se que o desenvolvimento de laboratórios locais era impulsionado por necessidades locais concretas e implicava um compromisso por parte dos responsáveis políticos locais e do público, que seriam os principais beneficiários. Estes requisitos evoluíram por vezes, ou foram ajustados em resposta ao processo de consultas.

A coordenação exigida entre zonas de países diferentes e, às vezes, distantes proporcionou informações elucidativas sobre as questões prioritárias para uma rede europeia.

No âmbito dos projectos TERRA, os observatórios tornaram-se um instrumento útil para o ordenamento do território e a cooperação inter-regional. Tendiam a ter um âmbito local ou, quando muito, regional, mas estavam ligados à rede inter-regional envolvida nas tarefas de coordenação, atribuindo responsabilidades entre os níveis de governo ou acordando normas comuns.

Vários projectos desenvolveram os seus próprios observatórios (CONCERCOST, COASTLINK, DUERO-DOURO, LORE e TERRA CZM), ou tinham uma experiência anterior neste domínio. Todos eles apresentavam diferenças territoriais no que diz respeito à zona geográfica, às circunstâncias e à rede.

O projecto COASTLINK investigou especificamente o papel dos observatórios costeiros como instrumento de integração e gestão dos dados.

O projecto DUERO-DOURO foi uma primeira tentativa de criação de uma base de dados única para toda a bacia hidrográfica, englobando os dois países.

A contribuição do projecto LORE acentuou a ideia do observatório como um sistema orgânico, uma base para a produção de conhecimentos, alargando a concepção mais tradicional do observatório como centro de informação. Segundo esta abordagem, o observatório torna-se um mecanismo participativo, impelido pelas necessidades locais específicas e orientado para o processo de tomada de decisões. Neste contexto, os observatórios realizariam muitas e variadas funções: recolha de dados, animação e divulgação local, desenvolvimento de redes e previsão a nível local.

OBSERVATÓRIOS LORE INTEGRAM OBJECTIVOS LOCAIS

A realização mais importante do projecto LORE foi o desenvolvimento do conceito da rede de observatórios, que atingiu um estádio em que a estrutura do observatório foi concebida como uma forma “orgânica” e não “hierárquica” de arquitectura de rede.

Os diferentes observatórios experimentados no projecto LORE possuíam algumas actividades básicas comuns. Em primeiro lugar, cada observatório cristalizou os objectivos locais de uma forma operacional,

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combinados com a necessidade de animação e de apoio técnico. Em segundo lugar, a criação e implementação do observatório local (identificação do responsável e/ou animador, identificação do espaço físico, mobiliário, equipamento). Em terceiro lugar, a construção de uma base de conhecimentos e a recolha de dados. Em quarto lugar, a instituição de um processo de animação e divulgação a nível local. Em quinto lugar, o desenvolvimento das funções da rede.

No conceito LORE, os principais elementos do observatório envolviam: peritos, responsáveis políticos, actores locais e actividades de animação.

4.3. Produtos e resultados

Ao contrário de outros programas e iniciativas empreendidos no âmbito do FEDER, os resultados do programa TERRA não podem ser encontrados em construções de alvenaria, ou medidos em quilómetros de novas estradas ou outras infra-estruturas. Em vez disso, o programa foi concebido como um banco de ensaios da inovação e os seus resultados materializaram-se mais na introdução de novas atitudes ou instrumentos. Uma vez que o principal esforço foi mais orientado para o desenvolvimento dos recursos humanos, naturais e económicos, os seus resultados tanto podem ser corpóreos como incorpóreos.

Alguns projectos resultaram efectivamente na elaboração de novos planos e na criação de organismos em alguns municípios ou regiões participantes. Mas as consequências mais benéficas e duradouras são talvez as decorrentes da experiência e da confiança alcançadas pelos municípios e os funcionários na utilização de novos métodos que podem ser depois transmitidos aos seus homólogos de toda a Europa, incluindo os países candidatos à adesão à UE.

Entre os produtos principais, ainda que não mensuráveis, destes esforços colectivos estão as novas abordagens à governação, que ajudaram a alargar o conceito de participação do público a novos territórios, através de uma ampla consulta à população sobre as questões de ordenamento próximas da sua vida quotidiana.

Em muitos casos, o programa serviu para superar preconceitos e obstáculos inerentes às fronteiras naturais e artificiais, que vão desde limitações geográficas a importantes cursos de água. Estas fronteiras tradicionais foram, em alguns casos, transformadas em elos unificadores de comunicações e interesses.

Estas actividades do programa TERRA constituíram o primeiro ensaio a nível local e regional dos conceitos contidos no EDEC, tendo produzido resultados e conclusões valiosos no que diz respeito à execução prática das opções políticas do EDEC.

Mas para além desses benefícios incorpóreos (comportamento, competências e outros elementos que podem ser classificados como desenvolvimento das capacidades), o programa também produziu planos concretos, instituições, redes funcionais, dados e outros instrumentos, modelos e metodologias. Entre estes incluem-se a criação de redes, a publicação de estudos e a criação de bases de dados, bem como o desenvolvimento de modelos e metodologias que servirão de base a actividades futuras.

Muitas abordagens e exemplos também podem beneficiar outros responsáveis pelo planeamento, para além dos que participaram directamente no programa.

Este programa demonstrou claramente até que ponto as autoridades e os actores locais eram capazes de se unirem numa dinâmica de mudança e inovação construtivas das suas

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comunidades, quer se tratasse de uma comunidade política ou geográfica, quer de uma comunidade de interesses comuns.

• Redes físicas e equipamento

O programa TERRA foi concebido de modo a funcionar como um laboratório e um instrumento de assistência à investigação experimental sobre ordenamento do território a nível local e regional. A implementação de redes físicas pretendia pôr à prova o mecanismo de planeamento através da acção, mas também queria demonstrar ao público as aplicações concretas dos critérios de sustentabilidade. Entre os produtos visíveis do programa figuram elementos importantes da sociedade de informação, tais como o SIG, observatórios e indicadores. O programa TERRA também incluía a instalação de equipamentos das tecnologias da informação em muitas autoridades locais, a fim de apoiar o aspecto integrado do ordenamento do território. Todavia, devido à dimensão destes projectos-piloto, não se esperava um impacto em termos de grandes mudanças: era evidente que qualquer alteração desta natureza demoraria algum tempo. Em relação à maioria dos projectos, o principal benefício advirá do processo em si mesmo.

FOTO 35 GEOPLANTOUR

• Metodologias

Foram desenvolvidas diversas metodologias aplicáveis e transferíveis. Vários projectos, por exemplo, produziram métodos de avaliação da capacidade de carga ambiental, ou estabeleceram sistemas e indicadores de monitorização. Publicaram conclusões e recomendações sobre o funcionamento de instrumentos de planeamento como a participação do público, os observatórios, ou o SIG. Muitos tentaram desenvolver modelos genéricos de promoção económica de recursos culturais ou naturais específicos, tais como locais históricos, canais, paisagens, bacias fluviais e zonas rurais. O programa demonstrou a possibilidade de transferir essas experiências de umas zonas para outras, bem como de criar empresas comuns e interligar as actividades económicas entre as regiões.

• Planos

Os resultados dos projectos TERRA assumiram a forma de vários tipos de planos: planos estratégicos para regiões inteiramente novas, planos operacionais com objectivos de desenvolvimento concretos, ou planos de gestão para recursos específicos. Devido à complexidade ou à natureza inovadora das parcerias, o ordenamento do território adoptou uma abordagem mais indicativa, na qual as acções não eram prescritas num quadro regulamentar mas sim objecto de acordos e de consensos. O pragmatismo foi evidente na selecção dos temas. As acções concentraram-se em assuntos que podiam ser objecto de acordo e não em questões eventualmente dificultadas por obstáculos jurídicos. A natureza inovadora do processo levou os parceiros a avaliarem criticamente o antigo sistema regulamentar e a oferecerem alternativas mais racionais e eficazes.

FOTO 39 EUROGISE

• Instrumentos e produtos de informação e publicações

As actividades relativas às comunicações faziam parte integrante dos projectos, como um dos instrumentos do processo de participação do público. A divulgação dos resultados através de meios de comunicação diferentes visava atingir novos grupos-alvo e zonas

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exteriores ao programa. Foi consagrado um trabalho considerável no domínio da informação à divulgação dos resultados de numerosas questões técnicas e institucionais.

As tecnologias de informação também foram utilizadas de modo a retirar o máximo partido da criação de redes e da centralização da informação. Isto levou à acumulação de dados sobre a forma de inventários e bases de dados, alguns deles integrados num SIG e já acessíveis. Essas bases ficarão disponíveis como recursos para novos planos ou estudos, para desenvolver materiais de orientação ou como informação industrial. Muitos projectos lançaram websites na Internet como uma ajuda valiosa no campo da informação.

FOTO 36 COASTLINK

• Estudos e investigação

Foram elaboradas informações pormenorizadas adicionais a fim de contribuírem para o processo de planeamento integrado e para permitir a compreensão das condições, das estruturas e dos instrumentos e orientar as acções políticas. Foram realizados estudos minuciosos para iniciar o diálogo com as comunidades de peritos e científica.

• Formação

Vários projectos produziram manuais de formação, ou realizaram-se sessões de formação destinadas a informar melhor o pessoal envolvido nas actividades de planeamento.

FOTO 43 SRUNA

• Instrumentos de governação

Em reconhecimento da importância das boas práticas de governação, o programa procurou introduzir novas abordagens para fomentar melhores comunicações e contactos entre as autoridades e o público. A parceria foi encarada como um instrumento de democratização do planeamento ao apoiar o envolvimento do cidadão na tomada de decisões que afectam o seu ambiente imediato. Graças à parceria e à consulta aos cidadãos, o processo de ordenamento aproximou-se dos mais directamente envolvidos. A participação activa esteve em grande medida dependente do contexto político e cultural. Alguns países estavam familiarizados com a participação do público, principalmente em relação às questões ambientais, enquanto que outros projectos depararam com tradições administrativas diferentes, que encaravam a participação do público e as consultas à população com alguma hesitação. Nas parcerias TERRA, as autoridades institucionais e não institucionais que chefiavam os projectos entendiam os seus papéis como de coordenação.

Entre os produtos visíveis incluem-se as estruturas permanentes criadas para a cooperação e a realização de consultas contínuas. Entre estas estruturas figuram os consórcios, as associações, os fóruns e os observatórios ou gabinetes de ligação.

* * *

No anexo I apresenta-se uma sinopse das medidas financiadas em cada um dos 15 projectos, de acordo com a tipologia atrás descrita.

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5. CONCLUSÕES

O programa TERRA foi concebido como um laboratório de ensaio das novas abordagens e metodologias em matéria de ordenamento do território. Ao fazê-lo, este programa pretendia promover a inovação institucional (novas formas de formular as opções políticas e de tomar decisões) e a cooperação inter-regional (aferição de desempenhos, identificação de melhores práticas e sua divulgação). O programa TERRA também tinha o objectivo de avaliar a validade e a pertinência das opções políticas do EDEC num contexto local.

Tal como analisado nos capítulos anteriores, o programa TERRA produziu uma ampla gama de resultados corpóreos, tanto na área do ordenamento estratégico do território, como na criação de parcerias ou nos processos de tomada de decisões. O programa ajudou os parceiros envolvidos a desenvolver novas ideias, identificar novos instrumentos de apoio à formulação de políticas e ligar-se em rede com outros territórios que enfrentam desafios semelhantes. Neste aspecto, o programa TERRA teve um impacto claro e duradouro sobre as práticas de ordenamento nas regiões e localidades envolvidas.

É, todavia, possível extrair lições mais gerais do programa TERRA, as quais podem servir como orientação para outros programas a nível local, regional, nacional e comunitário. Apresentamos, a seguir, uma tentativa de expor algumas destas lições, extrapolando da rica e diversificada experiência das 15 histórias do programa TERRA.

(1) Na última década, surgiu na Europa uma nova filosofia de planeamento baseada no reconhecimento da maior complexidade da economia e da sociedade, da crescente dificuldade de conciliar interesses frequentemente em conflito e da necessidade de abordagens multidisciplinares à resolução de problemas.

O programa TERRA vem confirmar que o planeamento rígido, regulamentar, já não é adequado para responder a uma situação que evolui rapidamente e que são necessárias novas abordagens ao ordenamento do território baseadas em objectivos comuns de desenvolvimento a longo prazo, na integração das políticas e no consenso.

(2) O programa TERRA colocou o desenvolvimento sustentável no topo da agenda de desenvolvimento local. Ele contribuiu para mudar lentamente as mentalidades e sensibilizar as pessoas para a importância do desenvolvimento sustentável para as gerações futuras. Deste modo, o trabalho no programa TERRA proporcionou aos actores locais e regionais uma perspectiva estratégica que complementa e alarga o pensamento a curto prazo que domina frequentemente os processos de tomada de decisões a nível local.

Todos os projectos do programa TERRA abordavam em certa medida a questão da sustentabilidade. Alguns deles aplicavam especificamente os princípios de sustentabilidade da Agenda 21 Local na protecção e gestão dos seus recursos naturais e culturais, ao passo que outros incluíram esses princípios como uma referência na sua abordagem geral do projecto.

(3) O conceito de parceria foi essencial para o êxito do programa TERRA. O desenvolvimento de consensos e a garantia da participação e envolvimento do público e da comunidade local no processo de planeamento foram características importantes de todos os projectos TERRA.

Neste aspecto, o programa proporcionou a oportunidade de experimentar modelos de resolução de conflitos no domínio do ordenamento, a fim de aliviar a pressão sobre o solo e

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integrar vários interesses na abordagem de ordenamento. Os efeitos da aprendizagem conjunta e do desenvolvimento de estruturas e estratégias comuns reforçou certamente as comunidades locais.

(4) O programa TERRA demonstra que a cooperação inter-regional pode criar sinergias e desenvolver uma complementaridade entre territórios. Na verdade, a cooperação inter-regional facilita o processo do ordenamento do território através do intercâmbio de experiências, da transferência de saber-fazer e da divulgação das boas práticas.

No entanto, a cooperação inter-regional no âmbito do programa TERRA fez mais do que isso.

Ao cooperarem em projectos inter-regionais, as autoridades e os parceiros locais passaram por um processo de aprendizagem, que, no final, os muniu das diversas competências necessárias para dar resposta aos novos desafios e agarrar as novas oportunidades. As iniciativas conjuntas foram bem sucedidas na criação de capacidade local para a gestão dos projectos, na obtenção de fundos e na descoberta de parceiros. Além disso, ao trabalharem com outros parceiros internacionais num programa de trabalho comum, os actores locais tiveram de se mostrar abertos, responsáveis e competitivos, de modo a assegurar o empenhamento político e a cumprir os prazos.

A própria dimensão, por vezes extremamente diferente, das entidades locais envolvidas no mesmo projecto não impediu uma abordagem comum, desde que os temas fossem bem definidos e discutidos.

Os conceitos hierárquicos de ordenamento e administração cederam o lugar a ligações horizontais de natureza cooperativa, através das quais foi possível alcançar uma massa crítica nos mercados de bens e serviços, bem como factores de competência que permitiram o desenvolvimento de funções de nível superior e economias de escala.

(5) O programa TERRA prestou assistência às autoridades locais na adopção, adaptação e utilização de novos instrumentos, tais o SIG, indicadores e observatórios de apoio às políticas de desenvolvimento integrado. Estes instrumentos contribuem para aumentar a transparência do processo de consultas, facilitar a definição de cenários alternativos e, em última análise, apoiar o processo de tomada de decisões.

A experiência do programa TERRA neste domínio pode servir para desenvolver observatórios do ordenamento do território e para criar centros de excelência a nível local e regional. Estes centros poderão consolidar uma abordagem metodológica e um programa de estudos para a formação de administradores e responsáveis pelo ordenamento a nível local e regional, com base nestes novos instrumentos.

(6) Por último, a dimensão europeia do projecto e, em especial, o quadro estratégico do EDEC proporcionaram orientação e apoio aos projectos TERRA. O EDEC foi muito útil para fazer com que os agentes locais “olhassem para além” das fronteiras impostas pela responsabilidade administrativa e geográfica e se debruçassem sobre questões e desafios mais amplos.

Por sua vez, o programa TERRA trouxe ao EDEC ideias e factos que colmataram a lacuna existente entre a teoria e a prática. O programa TERRA confirmou que as opções políticas do EDEC eram pertinentes para a acção local e que o ordenamento do território a nível local

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tem de ser integrado num quadro estratégico mais amplo e coerente, por forma a evitar a fragmentação e os conflitos.

Contudo, os contributos mais interessantes da experiência do Programa TERRA para o EDEC não pertencem à esfera dos princípios gerais, mas sim à esfera da gestão de projectos específicos. O programa TERRA põe em evidência a dificuldade de interligar em rede culturas de ordenamento e competências administrativas diferentes. Também demonstra a complexidade de promover uma abordagem multi-sectorial aos problemas entre entidades sociais e administrativas que estão igualmente sujeitas à “divisão do trabalho” e a uma especialização funcional.

* * * *

A experiência do programa TERRA ajudou a criar as condições e a mentalidade favoráveis à mudança tão necessárias para vencer a exclusão territorial e económica. Apoiou mecanismos e iniciativas destinados a melhorar a coesão a nível local. Em termos gerais, o programa TERRA mostra de que modo se deve apoiar a coesão nas regiões menos favorecidas ou remotas da Europa. Além disso, apoiou a difusão de uma cultura de responsabilidade e solidariedade entre os actores locais.

O seguimento natural do trabalho iniciado pelo programa TERRA será constituído pela próxima geração de Iniciativas Comunitárias (INTERREG III e URBAN) e acções inovadoras, bem como pelas intervenções gerais no âmbito dos objectivos nº 1 e nº 2 do novo período de programação do FEDER (2000-2006).

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ANEXO I SINOPSE DAS MEDIDAS FINANCIADAS EM CADA UM DOS 15 PROJECTOS

DE ACORDO COM A TIPOLOGIA DEFINIDA NA SECÇÃO 4.3. PRODUTOS E RESULTADOS

(1) Obras físicas e equipamento

O projecto DIAS financiou gabinetes regionais, bem como equipamento de hardware e software para a tecnologia SIG. Alguns parceiros deste projecto empreenderam diferentes acções-piloto em matéria de protecção do ambiente, tais como reflorestação, limpeza de lixeiras ilegais, limpeza e vedação de sítios geológicos ou construção de caminhos. Todos os participantes consagraram à recuperação de monumentos e velhos edifícios tradicionais a maior parte do seu orçamento.

O projecto GEOPLANTOUR implementou uma série de obras urbanas tais como a renovação de fachadas de casas antigas, a melhoria do acesso por estrada a um pavilhão de desporto, a construção de um teatro ao ar livre e a recuperação de caminhos e veredas rurais para o turismo. O projecto também interveio no sector agrícola cultivando uma série de culturas-piloto ecológicas e replantando árvores.

O projecto TERRA INCOGNITA empreendeu importantes medidas infra-estruturais na renovação e equipamento de edifícios históricos que seriam utilizados como centros de interpretação do património cultural. Produziu painéis ainda informativos que assinalam as rotas do património rural e cultural.

O projecto VEV criou um centro de informação internacional sobre os canais históricos. Isto envolveu vários estudos dos materiais disponíveis, a formulação de recomendações sobre o modo de recolhê-los e mantê-los e a selecção de um edifício para alojar o material e o funcionamento de um novo observatório.

O projecto TERRA CZM esteve envolvido na reconstrução de um pequeno molhe para regular o tráfego marítimo e turístico em zonas sensíveis, equilibrando os interesses de conservação de uma área protegida com o desenvolvimento do turismo. Também participou na recuperação de uma duna para actividades de recreio e observação da vida selvagem, bem como na instalação de um sistema SIG para apoiar um novo observatório.

O projecto COASTLINK instalou painéis de informação em portos de lazer para promover o interior e a protecção de zonas sensíveis, recuperou caminhos e vedou áreas sensíveis. O SIG foi instalado, bem como pontos electrónicos de informação ao público, tendo sido limpas algumas zonas de lazer, além de várias outras acções da Agenda 21.

O projecto LORE esteve envolvido no desenvolvimento de infra-estruturas, na construção e equipamento de edifícios, caso de um centro de comunicações, caminhos turísticos, uma pousada, uma zona-piloto de pastagem, a restauração de povoados tradicionais e de centros de aldeia, bem como a instalação de unidades de tratamento biológico da água.

(2) Metodologias

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A investigação empreendida para a formação de um grupo de interesses económicos europeu (GIEE) pelo projecto DIAS estabeleceu os procedimentos que devem ser seguidos para criar uma organização jurídica tão útil.

O projecto EUROGISE trabalhou no desenvolvimento de guias técnicos para diversos domínios de aplicação. O projecto extraiu lições de uma ampla gama de utilizadores finais. Os seis temas comuns do projecto concluíam com um relatório de síntese sobre os dados obtidos e as melhores práticas destinadas a futuras aplicações. Entre os exemplos dos seus produtos técnicos, incluíam-se guias de melhores práticas para a monitorização dos Fundos Estruturais, uma estratégia de gestão de dados ou um planeamento multi-sectorial.

O projecto TERRA INCOGNITA desenvolveu uma metodologia de gestão dos recursos culturais e um modelo de ordenamento do território destinado a integrar a gestão e a conservação do património cultural através de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.

O projecto SRUNA aplicou uma metodologia inovadora para a utilização sustentável dos recursos naturais recreativos, pondo em relevo a participação do público e envolvendo todas as partes interessadas nas zonas-piloto, em especial os socialmente excluídos.

O projecto GEOPLANTOUR desenvolveu um método-modelo destinado a corrigir as desigualdades de desenvolvimento através do aumento da competitividade, conseguindo que vários grupos de actores participassem nas suas workshops.

O projecto VEV criou um método transferível para o desenvolvimento de canais históricos e um programa de formação para pessoal que pretendia mudar do sector do transporte marítimo para as actividades turísticas.

O projecto SDTP concebeu um modelo de planeamento destinado a integrar as considerações de ordenamento do território e de sustentabilidade.

O projecto COASTLINK produziu exemplos e reflexões sobre quatro temas específicos: participação, indicadores de sustentabilidade, políticas da UE e informação, tendo elaborado um guia prático para responsáveis pelo ordenamento.

O projecto TERRA CZM testou a aplicação da metodologia relativa à capacidade de carga e debruçou-se sobre a gestão sustentável de zonas de dunas sensíveis.

O projecto LORE previu a criação de observatórios locais para contrariar a fragmentação e a falta de coesão no ordenamento e nos programas/projectos nas regiões. Os observatórios fornecerão a base de conhecimentos e os instrumentos de monitorização/avaliação das condições regionais, do seu impacto e das possíveis políticas correctivas para assegurar a sustentabilidade.

(3) Planos

As actividades de planeamento ocuparam a maior parte do projecto DIAS, que forneceu apoio financeiro a estudos e trabalhos de investigação necessários para os planos sujeitos à responsabilidade regional ou comunitária.

Um dos seis temas comuns do projecto EUROGISE envolvia a investigação de metodologias de ordenamento do território multi-sectorial utilizando a tecnologia SIG. Os contributos dos

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diferentes parceiros resultantes da sua experiência conduziram a um consenso sobre melhores práticas.

O projecto DUERO-DOURO desenvolveu um plano de acção como base para o desenvolvimento cooperativo contínuo da bacia fluvial e a elaboração de um plano de infra-estruturas de transporte.

O projecto ALBA-TER/AVE elaborou um plano estratégico como base do entendimento entre parceiros para o desenvolvimento do vale fluvial.

O projecto GROOTSTAD elaborou um plano estratégico sob a forma de um contrato para a acção futura no desenvolvimento de uma zona metropolitana transfronteiriça.

O projecto COASTLINK debruçou-se sobre os diversos planos das suas regiões, avaliando os planos voluntários tendo em vista a sua inclusão no sistema regulamentar, elaborando planos distritais ou locais com uma ampla participação do público, ou simplesmente ratificando os acordos sobre as estratégias de desenvolvimento entre parceiros transfronteiriços.

Todos os parceiros do projecto POSIDONIA contestaram as metodologias de ordenamento existentes apresentando planos operacionais para zonas problemáticas previamente identificadas.

Dois parceiros CONCERCOST desenvolveram planos estratégicos para entidades recém-criadas e um terceiro concebeu acordos de parceria a nível local para resolver conflitos.

(4) Instrumentos e produtos de informação e publicações

A sensibilização ecológica para os recursos regionais foi abordada através de vários mecanismos de comunicação no projecto DIAS, incluindo visitas em grupo, brochuras, vídeos ou publicações.

O projecto EUROGISE ajudou a aumentar os conhecimentos sobre a aplicação da tecnologia SIG no planeamento estratégico e na gestão dos serviços, como um instrumento eficiente em termos de custos para diferentes grupos de utilizadores. As soluções informáticas SIG de fácil utilização também contribuíram para avaliar a sua eficácia.

O projecto GEOPLANTOUR produziu boletins informativos, um website, cartazes, autocolantes e T-shirts, além de ter organizado workshops e seminários públicos.

O projecto TERRA INCOGNITA apresentou uma ampla gama de instrumentos e produtos informativos, incluindo um website, um stand móvel de alta qualidade para as feiras de turismo espanholas e internacionais, seminários, workshops e um programa de televisão.

O projecto SRUNA produziu o seu website e uma série de relatórios públicos sobre a sustentabilidade, a participação do público e outros temas. Organizou seminários públicos sobre a Agenda 21 Local e as questões de sustentabilidade, que contaram com uma vasta assistência.

Todos os projectos relativos a bacias hidrográficas realizaram conferências de imprensa nas regiões parceiras, que tiveram uma ampla cobertura da imprensa local e regional. Os projectos DUERO-DOURO, ALBA-TER e VEV produziram publicações, incluindo boletins informativos e folhetos destinados ao público. O projecto DUERO-DOURO, por exemplo,

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distribuiu um guia económico para a região, bem como guias ecológicos e relativos ao património cultural.

Os parceiros dos projectos VEV organizaram duas conferências internacionais sobre os canais históricos, realizaram programas para sensibilizar o público e conceberam e instalaram material para centros de visitantes de pequena dimensão no canal da Caledónia, na Escócia.

O projecto COASTLINK desenvolveu actividades de participação com os parceiros, políticos e cidadãos locais sobre a forma de workshops, fóruns e reuniões de informação a nível local, tendo ainda participado numa conferência internacional. A metodologia desenvolvida foi repetidamente apresentada em várias outros eventos da UE e o projecto produziu boletins informativos e um website com amplas ligações à informação sobre as zonas costeiras, além de desenvolver um sistema de apoio multimédia para os responsáveis pelo ordenamento das zonas costeiras.

O projecto CONCERCOST assegurou uma ampla cobertura na imprensa, produziu uma publicação a inserir regularmente nos jornais espanhóis e realizou amplos inquéritos baseados em questionários e reuniões de trabalho com os actores locais.

O projecto POSIDONIA fez repetidas apresentações em eventos regionais e nacionais, concebeu uma unidade de informação móvel que convidava a uma reacção do público e contactou a comunidade de responsáveis pelo ordenamento através de reuniões.

O projecto LORE desenvolveu software de PC para o SIG, observatórios, bases de dados e um telecentro.

(5) Estudos e investigação

O projecto DIAS realizou numerosos estudos sobre os recursos naturais e o património cultural como base do trabalho dos parceiros em matéria de planeamento integrado de zonas ambientais sensíveis, reabilitação urbana, gestão do ambiente natural e desenvolvimento de observatórios.

O projecto EUROGISE também realizou uma ampla investigação sobre a disponibilidade de dados entre os seus parceiros, as normas existentes para os meta-dados a nível europeu e as aplicações SIG. Esta investigação envolvia quer temas comuns abordados por todos, quer trabalhos de investigação e desenvolvimento específicos, efectuados pelos parceiros com financiamento do projecto. Todos os resultados foram amplamente divulgados.

O projecto GEOPLANTOUR produziu vários estudos sobre o turismo, medidas infra-estruturais e investigação SIG sobre as zonas em causa.

O projecto TERRA INCOGNITA realizou estudos dos centros de interpretação, estudos de concepção do equipamento de interiores e análises comparativas da gestão cultural noutras zonas da UE.

O projecto SRUNA concluiu vários estudos sobre os resultados da participação do público em relação às questões ambientais, à sustentabilidade, à participação social e pública, e elaborou um inventário sobre os recursos naturais na zona de Dublin.

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O projecto DUERO-DOURO recolheu dados sobre a navegabilidade, a rede de aglomerados populacionais, as redes de empresas regionais, o património natural e cultural e a qualidade da água do rio e nas regiões circundantes.

O projecto GROOTSTAD analisou a exploração dos recursos hídricos e estudou a paisagem, a mobilidade e acessibilidade, a cooperação universitária transfronteiriça, as percepções e expectativas da metrópole proposta e a rede institucional e de comunicações da região.

O projecto VEV realizou um estudo sobre o impacto económico dos sistemas de desenvolvimento dos canais, uma recolha da história oral, da música e dos contos tradicionais do canal da Caledónia, inquéritos aos visitantes do canal da Caledónia, na Escócia, e do canal Göta, na Suécia, e um estudo do sistema de canais Adda, na Itália.

O projecto ALBA-TER/AVE elaborou inventários e estudos do património natural e cultural, dando especial atenção ao património cultural industrial.

O projecto LORE realizou um importante número de estudos e investigações sobre questões muito diversas: produtos agrícolas, energia, turismo, habitação, telemática, desenvolvimento local e outros. Todos os resultados foram amplamente divulgados através de relatórios e no website do projecto.

O projecto CONCERCOST efectuou estudos estruturais, económicos e sociais, para servirem de base ao o plano estratégico das associações de municípios de Espanha e Portugal, enquanto a França elaborou um inventário dos instrumentos de planeamento disponíveis, bem como estudos científicos sobre os conflitos existentes na zona.

O projecto POSIDONIA despendeu um tempo considerável no levantamento do estado actual das intervenções e projectos estruturais nas zonas abrangidas, dos vários planos existentes e dos factores sociais. A rede foi baseada numa análise comparativa dos sistemas de ordenamento, instrumentos e objectivos das cinco principais cidades portuárias metropolitanas do Mediterrâneo.

O projecto COASTLINK realizou estudos sobre a aplicação da análise SWOT, bem como estudos técnicos sobre a erosão das praias ou a sua recuperação.

(6) Formação

As actividades de formação do projecto DIAS tentaram munir o pessoal das prefeituras e câmaras municipais com as competências necessárias para efectuarem uma gestão adequada do património natural e cultural e familiarizá-los com a tecnologia SIG.

O projecto SRUNA deu aos chefes dos seus projectos-piloto formação sobre a utilização do SIG, as técnicas de participação do público e outras competências.

O projecto GEOPLANTOUR deu formação aos agricultores locais sobre diferentes questões, tais como as técnicas de produção ecológica e a comercialização dos produtos agrícolas.

Os parceiros do projecto POSIDONIA facultaram formação ao pessoal do município sobre as possibilidades de investimento dos Fundos Estruturais da União.

(7) Instrumentos de Governação

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O projecto TERRA INCOGNITA celebrou acordos entre diferentes níveis institucionais das regiões, relativamente a questões que antes raramente eram abordadas.

O projecto SRUNA contribuiu para a criação de uma nova atitude institucional face à democratização da tomada de decisões políticas, mediante a aplicação de uma abordagem inovadora, com a participação do público, à utilização sustentável dos recursos recreativos e à inclusão social.

O projecto GEOPLANTOUR aplicou uma nova abordagem política integrada ao desenvolvimento local visando contribuir para a competitividade do território. O projecto contribuiu para alterar a mentalidade das autoridades locais envolvidas.

O projecto DUERO-DOURO analisou pormenorizadamente a estrutura institucional local e as suas competências, a fim de desenvolver um sistema de tomada de decisões transfronteiriço. Elaborou, assim, um quadro para as competências institucionais e a coordenação dos instrumentos de intervenção na região fluvial e promoveu um fórum permanente para as questões relacionadas com o vale fluvial.

O projecto GROOTSTAD concentrou-se no desenvolvimento de uma metrópole que atravessa a fronteira franco-belga e no aperfeiçoamento de instrumentos de governação destinados a facilitar a comunicação e a tomada de decisões entre as várias autoridades locais.

O projecto COASTLINK identificou as sinergias entre as comunidades científica e técnica e os responsáveis políticos. A principal mudança sociocultural consistiu no facto de os parceiros, que eram as autoridades competentes em matéria de ordenamento do território das regiões, terem assumido a tarefa de integração e animação como sendo da sua responsabilidade. Os parceiros não propuseram quaisquer mudanças institucionais, mas incentivaram as acções não regulamentares a nível local.

Projecto CONCERCOST: a criação de uma associação de municípios em Espanha e Portugal não foi inovadora como tal, mas o objectivo da associação era novo, uma vez que esta pretendia ocupar-se da gestão integrada da zona e não apenas de um domínio de interesse específico. Em França, verificou-se um impacto no ambiente sociocultural, uma vez que o líder do projecto procurou obter um consenso local relativamente a acções que tradicionalmente geravam fortes conflitos.

O projecto POSIDONIA elaborou um modelo de gestão coordenado a fim de harmonizar as intervenções sectoriais e territoriais. Nápoles, Taranto e Palermo criaram uma task force constituída por pessoal administrativo das autoridades regionais, consultores e técnicos, para ordenar as zonas costeiras das três cidades. A criação de uma task force trans-institucional visava mudar as formas tradicionais de funcionamento da administração pública. Foram assinados planos de trabalho e acordos de investimento rigorosos com as principais administrações e organismos sectoriais.

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ANEXO II PERFIS DOS PROJECTOS

TERRA CZM Inserir n° de página

CONCERCOST

COASTLINK

POSIDONIA

SDTP

ALBA-TER

DUERO-DOURO

GROOTSTAD

V.E.V.

LORE

EUROGISE

DIAS

SRUNA

TERRA INCOGNITA

GEOPLANTOUR

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Acrónimo do Projecto:

TERRA CZM

Gestão das Zonas Costeiras

Resumo

O projecto visava alcançar uma abordagem comum para a criação de uma rede específica sobre a gestão sustentável e as metodologias de planeamento para as zonas costeiras da Europa. O litoral dos três parceiros era caracterizada por dunas e lagoas sensíveis, sujeitas a uma forte pressão por parte do turismo. A rede testou a utilização do conceito de "capacidade de carga" nas zonas costeiras com um desenvolvimento turístico intensivo. Também implementou acções de demonstração concretas a nível local e elaborou uma estratégia de Gestão Integrada das Zonas Costeiras (GIZC) para cada região, coordenando as competências de vários níveis da administração.

Informação Técnica Orçamento total 2 313 685 euros Contribuição do FEDER 1 160 062 euros Período de execução 36 meses

Parceria internacional O coordenador do projecto foi a Prefeitura de Kavala, Macedónia Oriental, incluída no objectivo nº 1 do FEDER, da Grécia. Os parceiros do projecto eram o Ministério da Comunidade Flamenga, o Departamento de Vias Navegáveis e Assuntos Marítimos da Flandres Ocidental, incluída no objectivo nº 2 do FEDER, da Bélgica, e a Câmara Municipal de Faro, Algarve, incluído no objectivo nº 1 do FEDER, de Portugal. O projecto contou com dois observadores: a Província da Holanda do Sul e as autoridades provinciais do Dun Laoghaire-Rathdown (Irlanda). A parceria resultou de uma cooperação anterior no âmbito do programa CEDRA (1993). Baseou-se principalmente no intercâmbio de experiências, organizado através de um conjunto de workshops locais, em que também participaram os parceiros internacionais.

Características territoriais das regiões envolvidas ou o contexto territorial

Kavala faz parte da região da Macedónia Oriental e da Trácia. As questões de gestão das zonas costeiras em apreço eram as seguintes: o rápido crescimento da construção de casas de Verão particulares, o desenvolvimento da aquicultura, as actividades de indústria pesada e a actividade turística em rápido crescimento, em contraponto com a protecção de zonas ecologicamente sensíveis. Estavam em

curso grandes obras infra-estruturais: a construção de um novo porto comercial e vários pequenos portos pesqueiros, obras de protecção das águas e zonas sensíveis e a construção do corredor Leste-Oeste, a “via Egnatia”.

A costa belga faz parte da região flamenga. A orla costeira da Bélgica tem aproximadamente 65 km de comprimento, sendo caracterizada por dunas de areia. O turismo intensivo e as actividades portuárias sujeitam a zona a uma forte pressão.

O Departamento das Vias Navegáveis e dos Assuntos Marítimos vem tentando, há já algum tempo, integrar plenamente uma estratégia de protecção da costa noutras actividades costeiras e nas utilizações do solo.

O município de Faro pertence à região do Algarve, que conta com 341 404 habitantes. As actividades da região são a agricultura, a pesca e, principalmente, o turismo. Faro é o município com uma base económica mais diversificada, mas com predominância do sector de serviços. Faz fronteira com uma zona costeira parcialmente protegida, de grande beleza, caracterizada pela existência de dunas, lagoas e vida selvagem. Mapa 1/4 página

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Principais objectivos e actividades O projecto tinha três grandes conjuntos de objectivos: (a) Desenvolver um plano-modelo de gestão das zonas costeiras para cada região parceira, (b) Implementar de uma aplicação concreta de demonstração, c) Promover o desenvolvimento sustentável e a utilização prudente dos recursos costeiros, além de divulgar a GIZC em cada região. Como rede, os parceiros exploraram o conceito de capacidade de carga das zonas costeiras relativamente ao desenvolvimento do turismo, relacionando-o com os planos e projectos locais. Além disso, cada parceiro reflectiu sobre a utilização de indicadores de desenvolvimento sustentável na sua região. Para a concepção final das estratégias costeiras, cada parceiro local organizou um conjunto de estudos e inventários sobre a situação dos assuntos costeiros existente na sua zona, nomeadamente: • em Kavala, a identificação dos actores, uma base de dados de documentos e estudos e um levantamento terrestre da costa, utilizando fotografia aérea • na Flandres, um inventário dos estudos e planos políticos existentes, da legislação que influencia a costa, das construções nas áreas de praia e dos diques, e uma análise dos conflitos entre os vários sectores. • em Faro, estudos da dinâmica das dunas de areia e sobre a dragagem de canais, a construção de um porto de recreio, o melhoramento de cais para a pesca artesanal e do turismo náutico privado na Ria Formosa (na lagoa). Esta documentação informou os debates públicos sobre a definição das prioridades para o plano de GIZC. Registaram-se as seguintes acções de demonstração específicas em cada região: - em Kavala, a criação de um observatório costeiro - na Flandres Ocidental, a concepção e o desenvolvimento de uma valiosa zona de dunas com características específicas (conservação da natureza, defesa da costa, recuperação de terras para efeitos recreativos) - em Faro, a concepção e a implementação de um plano de acção pormenorizado para as actividades turísticas e recreativas na zona de “interface” entre o porto e a cidade de Faro. O objectivo era regular a utilização da zona húmida sensível – principalmente através do controlo dos visitantes. A recuperação de um molhe que liga os barcos às ilhas foi considerada como um meio adequado para controlar o transporte do público, que estava a exercer uma pressão perigosa sobre a zona húmida. Foi também encarada como um bom exemplo prático de uma abordagem mais partilhada para as

diversas autoridades locais envolvidas, tendo em vista uma gestão mais integrada do local.

Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos As parcerias intra-regionais não eram extensas e foram fundamentalmente constituídas para coordenar as várias competências das administrações relativamente às questões costeiras. Na Flandres e em Kavala, as parcerias foram organizadas de forma vertical. Os administradores eram os actores principais da rede. Em Kavala, o processo foi ascendente: a prefeitura executou o projecto através da sua agência de desenvolvimento e assegurou a participação da região da Macedónia Oriental e da Trácia. O envolvimento da região foi essencial, uma vez que detinha a responsabilidade oficial pela GIZC, ao passo que as responsabilidades da prefeitura estão limitadas à utilização dos solos. O envolvimento dos quatro municípios costeiros no projecto limitou-se a duas rondas de consultas organizadas em círculos administrativos restritos, com o fim de desenvolver o plano estratégico costeiro para a prefeitura. Na Flandres, o processo de participação foi descendente: o Ministério da Comunidade Flamenga, o Departamento das Vias Navegáveis e dos Assuntos Marítimos, a administração competente para as questões relativas à defesa costeira, à gestão das praias e das infra-estruturas de diques assegurou a participação activa da província da Flandres Ocidental. A província era responsável pelo desenvolvimento de um plano director territorial para toda a zona costeira e pela avaliação dos diferentes planos territoriais dos dez municípios costeiros. O ministério e as outras administrações demonstraram um interesse acrescido. Este facto teve o seu efeito na composição do comité de direcção, que incluía representantes dos sectores de vias navegáveis, estradas, turismo, natureza, agricultura e pescas. Em resultado do trabalho de cooperação desenvolvido no comité, o entendimento do desenvolvimento sustentável, bem como da necessidade de uma estratégia global de GIZC tornou-se amplamente aceite. Com a ajuda específica de peritos, foi elaborada uma estratégia de comunicação com

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vista à abertura do processo de consultas a um público mais amplo. No Algarve, a parceria foi simultaneamente horizontal e vertical: os parceiros eram a Câmara Municipal de Faro, através da sua agência de desenvolvimento Ambifaro, a Comissão de Coordenação da Região, a Autoridade Portuária e a Associação de Jovens Empresários. A parceria foi alargada ao Parque Nacional (Ria Formosa), à Junta Regional de Turismo e à Direcção Regional do Ambiente do Algarve, a fim de satisfazer os requisitos essenciais dos programas de demonstração que incluíam uma zona protegida. Foi iniciado um debate público sobre as actividades económicas e a preservação do ambiente. Produtos A intenção dos parceiros era produzir produtos concretos que aumentassem a visibilidade dentro de cada região Em Kavala – a criação de um observatório costeiro na prefeitura, com o objectivo de fazer a ligação com outras autoridades e organismos. O início dos procedimentos de consulta e a utilização de instrumentos incorporados no projecto (bases de dados, sistema SIG, mapas digitais) Na Flandres – a concepção e a transformação de uma zona de dunas específica, visando instituir uma abordagem de turismo natural e criar zonas de natureza protegida, foram concluídas. Porto de Faro – a recuperação de um velho molhe, a fim de gerir o fluxo de visitantes de forma sustentável, de acordo com o conceito de capacidade de carga. Esta acção foi apoiada pela utilização de procedimentos específicos de comunicação e sensibilização. Aplicáveis a todos os parceiros: a conclusão de planos de GIZC para as regiões respectivas, trazendo soluções para vários problemas crónicos que afectavam as zonas costeiras. Aumento da participação local. Maior sensibilização dos responsáveis pela gestão das zonas costeiras da região. Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do Programa TERRA Em Kavala, procurar-se-á implementar o plano através das oportunidades oferecidas pelos

novos fundos estruturais. O observatório situado na prefeitura constitui uma acção inovadora em termos de administração e espera-se que ele possa levar a um reexame do papel da prefeitura no processo de tomada de decisões sobre as questões de ordenamento do território. Na Flandres, um maior reconhecimento da necessidade de uma estratégia integrada para o litoral e a inclusão de critérios de sustentabilidade poderão levar à criação de uma estrutura de coordenação permanente. Avaliação Basicamente, este projecto foi criado e concebido por técnicos, que nele desempenharam um papel importante. O projecto foi entravado por atrasos e dificuldades consideráveis: na Grécia, houve alterações políticas após as eleições e uma reestruturação dos municípios em Janeiro de 1999, facto que atrasou o projecto local. Em Portugal, os atrasos deveram-se a uma mudança administrativa. O parceiro principal, a autoridade portuária, teve de se retirar. O coordenador teve de despender uma quantidade considerável de tempo e energia para restabelecer um mecanismo de cooperação funcional. Antes de a parceria poder ser alargada ao nível da autoridade provincial, as acções na Flandres foram bastante limitadas. Mais tarde, todavia, verificou-se um forte apoio administrativo por parte da província da Flandres Ocidental. O principal aspecto da parte portuguesa do projecto consistiu no conflito subjacente entre os ambientalistas e as autoridades portuárias, em relação às competências e aos limites de acção. Isto suscitou vários problemas, que puderam ser avaliados e resolvidos no decurso do projecto. Contacto Coordenador do Projecto: Nome Grigoris Papadopoulos Organização Kavala Prefecture Endereço Ethnikis Antistasis 20 GR-640 07-Kavala GREECE Tel + 30 51 291332 Fax. + 30 51 291379 E-mail [email protected] Website http://www.terraczm.gr/

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Acrónimo do Projecto: CONCERCOST -

Concertação, gestão integrada e desenvolvimento sustentável das zonas costeiras da União Europeia

Resumo O projecto tinha por objectivo a instalação de modelos de gestão integrada e sustentável nos territórios supramunicipais e costeiros do Leste de Espanha e do Norte de Portugal e numa zona húmida de elevado valor ambiental no Sudoeste da França. Estabeleceu uma relação complementar e cooperativa entre as pequenas cidades da região, como alternativa territorial aos grandes centros metropolitanos da zona (Valência, Alicante, Porto, Bordéus). Estabeleceu planos estratégicos e operacionais, a fim de aliviar a pressão exercida sobre o litoral e desenvolver as zonas rurais do interior, que são afectadas por uma diminuição da população. O projecto também se ocupou dos conflitos entre a exploração intensiva dos recursos naturais e a preservação da natureza na região da Gironda e na Baía de Arcachon. Informação técnica Orçamento total 2 091 541 euros Contribuição do FEDER 1 063 690 euros Período de execução 41 meses

Parceria internacional O coordenador do projecto era o Consorci de les Comarques Centrals Valencianes (CCV), Valência, incluída no objectivo nº 1 do FEDER, de Espanha Os parceiros do projecto eram o Conseil Général de la Gironde, Aquitaine, objectivo nº 5b do FEDER, de França, e a Associação de Municípios do Vale do Lima (VALIMA), Norte, objectivo nº 1 do FEDER, de Portugal. Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial

O projecto foi classificado na categoria das zonas costeiras. A VALIMA e a La Costera só estão indirectamente relacionadas com as questões específicas das zonas costeiras. Nestes dois casos, a principal preocupação é difundir o desenvolvimento das zonas costeiras saturadas, sujeitas às maiores pressões de desenvolvimento, para o interior, reforçando as cidades do interior e a sua economia. Os municípios CCV estão localizados ao longo da costa mediterrânica entre Valência e Alicante. Esta área central, que agrupa 154 municípios localizados em sete regiões naturais, e três outras associações de municípios, reúne uma massa crítica de cerca de 600 000 habitantes. A agricultura e o turismo estival e balnear exerce uma forte pressão sobre as reservas de água, devido à falta de planeamento e gestão deste recurso, Este facto, em combinação com os incêndios, as chuvas torrenciais e a substituição das

espécies naturais pode causar problemas de desertificação a longo prazo. No interior fortemente industrializado, os bens de consumo são produzidos com mão-de-obra pouco qualificada. No litoral, existe uma exploração intensiva do turismo sazonal, principalmente devido às segundas residências. O sector dos serviços é importante tanto nas actividades tradicionais como nas actividades tecnologicamente avançadas. O meio empresarial é caracterizado pelo predomínio das pequenas empresas. A associação de municípios VALIMA está localizada no Norte de Portugal, ao longo do rio Lima, abrangendo uma área de 1 276 km2 e 26 km de orla costeira. A associação agrupa quatro municípios e cerca de 170 000 habitantes. A agricultura está em declínio e a produção industrial gera um baixo valor acrescentado. As actividades turísticas no litoral não têm potencialidades para gerar os postos de trabalho necessários, nem para criar riqueza económica e desenvolvimento. A bacia de Arcachon (La Gironde) é uma ampla zona marítima de 156 km2, na costa atlântica, agrupando 10 municípios. Existe uma aquicultura intensiva de ostras marinhas. Devido ao turismo sazonal, a população aumenta de 100 000 habitantes, no Inverno, para 300 000, no Verão. A zona é ambientalmente muito frágil e há muitas actividades humanas que reclamam a utilização do solo e do mar, criando conflitos contínuos. Mapa ( ¼ página)

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Principais objectivos e actividades Embora os três parceiros actuassem de acordo com a filosofia do EDEC e tivessem como objectivo o desenvolvimento sustentável as suas aplicações regionais destes princípios eram muito variáveis. O objectivo do CCV era elaborar a estratégia de gestão integrada da zona incluindo infra-estruturas, desenvolvimento económico e utilização dos solos, a fim de competir com os grandes centros de Alicante e Valência e aliviar a pressão exercida no litoral. O plano foi desenvolvido através da realização de estudos básicos a nível social, económico e estrutural e de consultas aos representantes dos sectores económicos. A estratégia será finalmente apresentada às autoridades regionais para aprovação. La Gironde pretendia desenvolver actividades turísticas compatíveis com o ambiente. Um dos objectivos iniciais era a criação de um parque natural, que tinha o apoio de várias autoridades e grupos de interesses, mas que também deparava com uma forte resistência de outros grupos. Perante o impasse, o Conseil Général imprimiu uma nova orientação ao projecto, com o intuito de encontrar bases de cooperação comuns em relação a questões muito sensíveis. Para além dos muitos esforços no relançamento do processo de participação, efectuou um extenso trabalho de fundo, nomeadamente a realização de um inventário sobre os instrumentos regulamentares disponíveis e estudos científicos visando descrever o estado do ambiente da bacia de Arcachon. Para a VALIMA, o principal objectivo da região era atrair investimentos industriais, promover os seus recursos turísticos no interior e desenvolver a infra-estrutura de comunicações e os serviços, a fim de poder competir com os grandes centros urbanos, tais como o Porto. A associação de municípios elaborou um plano estratégico, baseado em estudos estruturais económicos e sociais, o qual foi aprovado pelos municípios e apresentado ao governo central como um documento de referência para investimentos subsequentes, ao abrigo do terceiro quadro comunitário de apoio.

Imagem 1

Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos Nos três parceiros, foram as autoridades políticas que conduziram o projecto. Em cada um dos três contextos locais, tentou-se desenvolver, através de associações locais e de consultas, um modelo integrado de ordenamento e gestão territorial, tanto em termos geográficos como em termos das políticas. A VALIMA era uma associação de municípios já constituída, com o objectivo inicial de gerir os recursos hídricos do vale, que se estendeu à gestão de questões territoriais mais amplas. A criação do CCV era um objectivo do projecto em si mesmo. No caso de ambos os parceiros, a iniciativa foi ascendente. As associações de municípios Valima e CCV incluíram um diálogo activo com todos os actores horizontais da região. Especialmente no caso do CCV, após um começo lento na constituição oficial da associação, o processo de participação foi alargado a um consórcio mais amplo, que incluía empresas locais, sindicatos, universidades e organizações com preocupações ambientais. Desde a criação do CCV, foram publicados numerosos artigos na imprensa e a partir de finais de 1999 passou a ser dedicada uma rubrica permanente no jornal Levante às actividades da associação. O Conseil Général de La Gironde, por outro lado, funcionou como coordenador e mediador em questões controversas (algumas das quais se encontravam na sua área de competências) entre as autoridades locais, a comunidade científica e grupos de interesses económicos da zona de Arcachon. Depois de se chegar a um impasse quanto à questão específica do parque natural, o Conseil Général reiniciou o diálogo através de questionários, entrevistas e debates, bem como uma ampla divulgação de artigos na imprensa e a edição de publicações especiais. O seu intuito era alcançar um consenso sobre as soluções necessárias para os problemas urgentes e conflituais, em matéria de ambiente e de desenvolvimento, que afligiam a bacia. Produtos Em Espanha, verificou-se um verdadeiro impacto a nível institucional com a criação de uma nova região-tampão com cerca de 600 000 habitantes, entre duas grandes cidades. A criação de uma associação de municípios não foi inovadora como tal, mas o objectivo da associação era novo, uma vez que pretendia ocupar-se da gestão integrada da zona e não apenas de um domínio de interesse específico. O objectivo final era estabelecer um plano conducente a um

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desenvolvimento descentralizado e obter a sua aprovação por parte das autoridades regionais de nível superior. Em França, ocorreu um impacto no ambiente sociocultural, na medida em que o projecto procurou obter um consenso local em relação a acções que tradicionalmente suscitavam fortes conflitos. A elaboração de vários planos de gestão sectoriais terá sido a base para o estabelecimento de um modelo de gestão integrada do ambiente natural. No caso da VALIMA, a elaboração do plano estratégico para a gestão integrada do território e a sua aprovação pelo Governo criaram as bases para um desenvolvimento futuro. Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do programa TERRA A viabilidade da rede transnacional é muito precária. Contudo, os diversos projectos podem ter um impacto duradouro nas respectivas zonas e servir como modelos para situações semelhantes. A associação CCV em Espanha, que tem uma forte coesão regional, histórica e política, sobreviverá porque se trata de uma iniciativa de carácter ascendente e está formalizada a nível institucional. Na zona da VALIMA, o Plano de Desenvolvimento Estratégico irá reforçar a cooperação entre os municípios, de acordo com os objectivos estabelecidos e o papel da

associação como promotora do desenvolvimento económico. Avaliação Em todos os casos, o ordenamento integrado do território estava no centro das preocupações locais. Cada contexto local específico pode ser fortemente demonstrativo noutras situações: tanto em termos do processo de desenvolvimento de um plano integrado para as áreas respectivas, como na forma inovadora de estabelecer parcerias territoriais. A constituição da associação de municípios CCV levou consideravelmente mais tempo do que estava previsto, tendo em vista assegurar um forte compromisso político das duas principais partes espanholas. É agora patente que isso contribui bastante para a estabilidade da associação e a torna menos vulnerável às mudanças políticas. A implementação do Plano de Desenvolvimento Estratégico do Vale do Lima irá contribuir para uma melhor gestão dos Fundos Estruturais Europeus que serão canalizados para a região nos próximos sete anos.

Contacto Coordenador do projecto: Nome Alfonso Rus Terol Organização Consorci de les Comarques

Centrals Valencianes Endereço 8, Sant Francesc E -46 870 ONTINYENT Espanha Tel + 34 96 2875109 / 2916144 Fax. + 34 96 2965922/ 2388545 E-mail [email protected]

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Acrónimo do Projecto: COASTLINK -

Rede Europeia de Costas e Mares Sustentáveis

Resumo O projecto COASTLINK consistiu numa rede transnacional de autoridades regionais abrangendo os eixos Norte/Sul e Leste/Oeste da Europa. O que caracterizava esta rede era a diversidade dos sistemas nacionais e autoridades locais envolvidos e a variedade de actividades de demonstração a nível local que os parceiros empreenderam. Com a experiência adquirida com esta diversidade, a parceria extraiu lições e emitiu recomendações sobre aspectos específicos da gestão integrada das zonas costeiras e da utilização sustentável do litoral europeu. Informação técnica Orçamento total 3 330 729 euros Contribuição do FEDER 1 630 827 euros Período de execução 34 meses Parceria internacional O coordenador do projecto foi a Asociacion de Municípios Hispano-Lusa ANAS, Algarve-Huelva, de Espanha e Portugal, objectivo nº 1 do FEDER. Os parceiros do projecto eram as autoridades provinciais de Storstrom, Dinamarca, objectivo nº 2 do FEDER, a Região de Ipiros, da Grécia, objectivo nº 1 do FEDER, e, do Reino Unido, os County Councils da Cornualha e de Devon, South West, objectivo nº 5b do FEDER, o Down District Council, da Irlanda do Norte, objectivo nº 1 do FEDER, e o Kent County Council, South East, objectivo nº 2 do FEDER. A parceria estava geograficamente disseminada pela Europa, com um núcleo central de parceiros do Reino Unido, que, juntamente com o representante dinamarquês, já possuía uma experiência anterior no desenvolvimento de estratégias de gestão das zonas costeiras, o que conferiu à rede uma perícia técnica considerável. O intercâmbio de experiências foi muito activo em relação a questões como o SIG, os indicadores e a informação, as técnicas de participação e os processos de planeamento. A variedade de contextos administrativos locais e regionais, e de características geográficas, garantiu que as lições extraídas eram representativas de uma ampla área da realidade europeia. Para além da parceria nuclear, Storstrom estava a desenvolver acções comuns com a zona alemã de Vorpommern, e as regiões da Cornualha e Devon faziam o mesmo com a França, enquanto Ipiros estava a iniciar os contactos com a Albânia, acumulando experiência relativamente à cooperação em torno dos mares regionais.

Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial Todas as zonas envolvidas mostram variações quanto às suas características costeiras. O turismo é importante para cada um dos parceiros, mas também o são as pescas, as actividades portuárias e a conservação da natureza. Ipiros, que ainda é uma região bastante isolada, possui um rico património natural costeiro composto por estuários e zonas húmidas, bem como actividades portuárias. Os seus principais recursos advêm da agricultura e do turismo. As grandes obras infra-estruturais previstas para a região (redes RTE) irão aumentar as pressões do desenvolvimento sobre a zona costeira, pelo que a região procura assegurar que isto irá acontecer de uma forma sustentável. Storstrom é um vasto arquipélago que partilha um mar interior com a região de Mecklenburg – Vorpommern, na Alemanha. É sobretudo caracterizado pela sua beleza natural, baixa densidade populacional, rica vida selvagem e um sector turístico em rápido desenvolvimento, baseado na conservação da natureza, na navegação à vela e nas actividades de ar livre. A zona deseja manter-se uma “região verde”. De um modo geral, as regiões de Devon e Cornualha têm uma população pouco densa ao longo da orla costeira atlântica. O litoral é um destino importante de férias e turismo, sendo caracterizado por muitos estuários, altas falésias, castelos antigos, portos e zonas militares em reconversão. A região de Down tem uma orla costeira com dunas, montanhas e rios. Estas belezas naturais, combinadas com a existência de um golfe de classe mundial e a proximidade de Belfast, geram um grande potencial turístico, até à data pouco explorado. As autoridades provinciais desejam promover os seus atractivos sem sacrificar a qualidade do ambiente.

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Os municípios de ANAS, Algarve – Huelva, pertencem a uma zona geográfica física recentemente unida pela construção da ponte sobre a fronteira natural. O Algarve tem uma indústria turística muito desenvolvida no litoral, que deixou estéreis as actividades do interior, ao passo que Huelva tem um sistema mais equilibrado, incluindo a agricultura e algumas indústrias. Kent tem uma costa longa e variada, com pântanos solitários, sítios de vida selvagem de importância nacional e internacional, pequenas cidades de férias, grandes portos e centros industriais, pequenos portos de pesca e as “White Cliffs” de Dover. Principais objectivos e actividades O projecto foi fortemente orientado para o duplo objectivo de regeneração económica e protecção do ambiente. Os objectivos da rede consistiam na implementação de actividades de participação, na realização de trabalhos de investigação e na produção de recomendações genéricas para a gestão integrada e a utilização sustentável do litoral europeu. Ocupou-se, para tal, de temas específicos: a participação, os indicadores de desenvolvimento sustentável, as políticas comunitárias e a informação. Ao mesmo tempo, cada parceiro implementou, monitorizou e avaliou um número seleccionado de projectos costeiros e marinhos, a fim de testar e demonstrar modelos de melhores práticas de utilização sustentável da costa. Ipiros debruçou-se mais sobre a integração vertical das políticas costeiras, Algarve-Huelva tratou da ligação em rede dos municípios, os parceiros do Reino Unido tentaram incluir vários planos existentes no quadro de planeamento regulamentar e Storstroms tentou reforçar a aplicação do plano nacional/regional de GIZC. Algarve – Huelva: Conduziu a análise estratégica da zona e criou uma rede informatizada para o intercâmbio de informações entre os municípios locais, a qual se encontra acessível ao público. Kent: Incluiu os vários planos não regulamentares no documento de ordenamento estratégico da região, que tinha de ser renovado. Também se ocupou de projectos de demonstração específicos, tais como a coordenação das estratégias de gestão de zonas específicas, a organização de

eventos de informação no domínio do ambiente, a protecção da biodiversidade marinha e a avaliação das técnicas de recuperação das praias para contrariar a subida do nível do mar. Ipiros: criou um inventário de informações e intervenientes envolvidos na gestão do litoral. Como actividade de demonstração, criou uma rede de caminhos pedonais que liga o litoral aos locais de interesse cultural e natural situados no interior. Down: Implementou um plano de intervenção a nível da região, testando o mecanismo de ampla participação social, regulamentar e não regulamentar, centrado em propostas de reabilitação da cidade, aplicando uma estratégia da Agenda 21 Local. Ao mesmo tempo, realizou um estudo sobre a erosão das praias. Storstroms: Integrou os objectivos do plano de desenvolvimento do arquipélago nos quadros de ordenamento local e regional. Aplicou a Agenda 21 Local em zonas seleccionadas. Os projectos de demonstração incluíram a recuperação de pastagens em zonas pantanosas e a instalação de painéis informativos nos portos e marinas. Verificou-se uma cooperação activa com a Alemanha. Devon e Cornualha: Produziram uma estratégia integrada de gestão das zonas costeiras para as duas regiões, avaliando e integrando vários planos regulamentares e voluntários. Coordenaram grupos de reflexão sobre a temática da rede. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolver a parceria locais e o envolvimento dos cidadãos A formação de parcerias foi uma das principais actividades da rede: os funcionários do projecto das parcerias desempenhavam uma função de coordenação com as muitas organizações regulamentares e não regulamentares envolvidas nos diferentes projectos estratégicos e de ordenamento. No Reino Unido, já existia uma tradição de participação social, e o grande número de planos de conservação voluntários existentes em Kent, Devon e Cornualha mostravam este contexto cultural. Nesta zona, as principais ONG e organismos com uma preocupação ambiental, bem como actores sectoriais, tais como os pescadores, a comunidade do desporto de remo, os agricultores e os proprietários fundiários tinham assento nos diferentes grupos de direcção que elaboraram

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as estratégias de gestão. Em projectos específicos, como os relativos às comunidades da “Costa de Giz”, mais de um milhar de cidadãos tiveram a oportunidade de exprimir as suas opiniões em reuniões locais e questionários. O objectivo deste projecto baseado em amplas consultas e participação era a incorporação de considerações sociais, económicas e ambientais no processo de ordenamento regulamentar. A participação do cidadão foi o principal objectivo para Down (Irlanda do Norte), que conseguiu envolver a comunidade local na elaboração do plano de intervenção na região (District Advocay Plan), agora apresentado ao governo central. As autoridades provinciais também patrocinaram um processo muito activo no âmbito da Agenda 21 Local, tendo criado uma equipa de cidadãos denominada Newcastle 2000, que trabalha em estreita colaboração com a administração regional em projectos de pequena e grande escala. O processo foi apoiado por um boletim informativo regular, distribuído a todas as famílias e empresas, o que criou uma grande transparência. Apoiada pela experiência dos parceiros do Reino Unido, Ipiros começou a implementar uma série de fóruns costeiros, em seis zonas do litoral, reunindo pela primeira vez todos os actores institucionais e não institucionais. O objectivo era definir e promover uma estratégia integrada para a costa. Storstroms trabalhou muito activamente na construção de uma parceria transfronteiriça com a região de Vorpommern. Os dois parceiros desenvolveram métodos comuns para lidar com as questões ambientais na sua zona de mar interior. Verificou-se uma ampla participação vertical e horizontal na elaboração de uma estratégia costeira para a região, bem como para a formulação do plano de desenvolvimento do arquipélago. Na ilha de Bogo foi aplicada uma Agenda 21 Local em colaboração com os cidadãos da zona, a qual obteve um enorme empenhamento a nível local. O projecto COASTLINK e o EUCC-UK em associação com várias outras organizações organizaram o Simpósio “InfoCoast 1999”, sobre a gestão dos conhecimentos e informações relativos à zona costeira. Esta conferência reuniu mais de 140 participantes da UE, Austrália e EUA. Website: o projecto criou um website que incluiu muitas ligações interessantes com organizações europeias e internacionais que se ocupam de questões costeiras. Produtos Cada parceiro levou a cabo pequenos projectos de demonstração, a fim de ligar o

processo de ordenamento do território em geral com as acções concretas visíveis para o cidadão. Ipiros construiu uma rede de caminhos para ligar a costa ao interior. No início, este projecto deparou com uma considerável indiferença por parte dos municípios, que, após a primeira ronda de fóruns costeiros, apareceram por iniciativa própria com propostas de alargamento da rede. Storstroms instalou painéis informativos em todos os portos do arquipélago dinamarquês do sul, a fim de promover os passeios terrestres e as actividades de ciclismo, protegendo simultaneamente zonas naturais sensíveis. O ANAS instalou em todos os municípios um ponto de informação electrónico para os cidadãos e ligou os municípios, bem como o mundo empresarial, a um website e um sistema de comércio electrónico, a fim de promover a região. Kent organizou “Low Tide Days” anuais para informar o público sobre as questões ambientais e contribuiu para a designação de uma reserva natural protegida a nível nacional em Dungeness. Foi efectuado um estudo dos mecanismos da recuperação das praias, para contrariar a subida do nível do mar. Down, através da equipa Newcastle 2000, organizou muitas pequenas acções no âmbito da Agenda 21 Local, tais como concursos de jardins ou decoração de janelas, limpeza das praias e das florestas, além de ter realizado importantes estudos sobre a erosão da praia, que ameaça o campo de golfe. O contributo dado pelo projecto em termos de metodologias de promoção da participação foi amplamente divulgado através de apresentações realizadas pelos parceiros do projecto em vários seminários nacionais e da UE. O trabalho realizado sobre os indicadores permitiu conclusões interessantes a respeito da aplicação a nível local. No Reino Unido, os planos de gestão elaborados com base numa participação sustentável, mas também viável, têm tido um bom acolhimento junto dos políticos locais. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do Programa TERRA Cinco dos parceiros exploraram formas de manter e alargar a rede para além do tempo de vida do projecto. Alguns dos parceiros

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também trabalharam de forma harmoniosa e cooperativa noutros projectos comunitários. A competência dos parceiros em termos de planeamento regional permitiu garantir que os princípios de integração e desenvolvimento sustentável testados no projecto foram incorporados e constituirão um legado para os futuros planos e acções elaborados pelas autoridades regionais. O êxito obtido pela conferência InfoCoast levou o comité de direcção a planear um segundo Simpósio a realizar em 2001, que avaliará até que ponto o fosso entre a comunidade científica e técnica e os utilizadores foi transposto. Avaliação Esta rede caracterizou-se pela elevada perícia técnica de cinco dos parceiros, que ocupam posições semelhantes nas administrações regionais respectivas. Em contrapartida, um dos parceiros, que era uma associação de municípios, tinha uma orientação fundamentalmente política, sendo muito mais fraco em termos de competências técnicas. Esta falta de homogeneidade originou tensões evidentes no seio da rede.

No que diz respeito aos actores e mecanismos do processo de ordenamento do território, os sistemas dos parceiros encontravam-se em níveis muito diferentes de integração territorial, tendo cada um deles tentado dar um passo em frente na consecução deste objectivo: • os parceiros do sul (Ipiros e ANAS) estavam no nível da recolha de informações sobre os sistemas costeiros e marinhos, os planos, etc., tendo tentado iniciar o processo de participação e a integração vertical em relação às questões costeiras. As actividades de participação não figuravam, de forma evidente, entre os antecedentes culturais dos dois países. • Os parceiros do Reino Unido estavam a integrar os planos existentes numa revisão do sistema de ordenamento, fazendo a ampla participação do público parte do contexto cultural da região. • O parceiro da Dinamarca, o mais avançado em termos de instrumentos regulamentares para a GIZC, estava a promover a sua aplicação a nível da sua região e em conjunto com a região germânica do outro lado do mar (Vorpommern).

Contacto Coordenador do Projecto: Nome Raphael Gonzalez Gonzalez Organização Asociacion de Municipios Hispano-Lusa

ANAS Endereço Rua Jornal do Algarve 24 C

P- 8900 VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO Portugal

Tel + 351 281 513748 Fax. + 351 281 511663 E-mail [email protected] Website www.telecotrans.es/coastlink

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Acrónimo do Projecto: POSIDONIA -

Mecanismo de coordenação territorial entre o sistema portuário e o litoral urbano nas cidades portuárias mediterrânicas

Resumo Esta rede debruçou-se sobre as questões complexas das zonas costeiras urbanas na região do Mediterrâneo com grandes cidades portuárias. A nível transnacional, o projecto visava estabelecer uma metodologia baseada na análise comparativa de cada situação local específica e extrair lições com interesse para todos os parceiros envolvidos. A nível regional, cada parceiro, com a participação dos actores locais e a inclusão de critérios de sustentabilidade, concentrou-se na elaboração de planos territoriais e operacionais coordenados para zonas costeiras urbanas específicas, abordando os novos projectos de desenvolvimento, a conversão de zonas abandonadas e a utilização funcional da zona costeira da cidade. A organização de nós de intermodalidade para a infra-estrutura de transportes, em relação com as características geográficas e os recursos culturais e naturais foi outra das questões abordadas. As actividades alternativas destinadas a melhorar os níveis de qualidade de vida, protegendo-se simultaneamente o património cultural e natural, também constituíram uma importante área de preocupação. Informação técnica Orçamento total 5 197 000 euros Contribuição do FEDER 2 834 000 euros Período de execução 34 meses Parceria internacional O coordenador foi a Administração Provincial de Nápoles, Campânia, associada ao município e à autoridade portuária de Nápoles. Os outros parceiros italianos eram o município de Taranto, Puglia, e o município de Palermo, Sicília. Os parceiros europeus eram a Organização de Ordenamento de Atenas, Attika, Grécia, e o município de Barcelona, Catalunha, Espanha. Todos os parceiros eram regiões do objectivo nº 1 do FEDER, com excepção de Barcelona, que pertencia ao objectivo nº 2. Este projecto dizia principalmente respeito ao sul da Itália (93% do orçamento), sendo Nápoles, de longe, o maior parceiro. Todos eles são importantes cidades portuárias do Mediterrâneo e os técnicos encarregados eram competentes no que se refere às questões territoriais. O parceiros consideram que o valor acrescentado da rede a nível inter-regional italiano foi considerável, pois todos eles partilhavam um contexto político, social e de ordenamento complexo. Uma vez que os parceiros introduziram uma nova forma corporativa de ordenamento puderam partilhar experiências com os seus pares e influenciar as crescentes oportunidades fornecidas pela revisão muito recente dos instrumentos de ordenamento a nível nacional (P.R.U.S.S.T). Com a participação dos parceiros gregos e espanhóis, que tinham orçamentos eram limitados, a rede teve a possibilidade de comparar as práticas e os sistemas de gestão das zonas urbanas/costeiras. Barcelona, o parceiro espanhol, serviu sobretudo como um modelo de sucesso, tendo os parceiros aprendido com a sua experiência de 15 anos em matéria de conversão urbana costeira bem sucedida. Além disso, Atenas

possui uma experiência bastante longa em termos de ordenamento costeiro, principalmente numa base regulamentar (planeamento físico). Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial No contexto internacional, as cidades portuárias da região mediterrânica prevêem um aumento importante das actividades de transporte marítimo comerciais e turísticas. Este aumento criou novas oportunidades de desenvolvimento, mas também uma maior pressão sobre um ambiente já muito sobrecarregado. As cidades devem redefinir o seu papel e desenvolver a especialização dos serviços, o que implica novas funções para o litoral e a ligação com actividades terrestres. Por conseguinte, as cinco cidades enfrentam os desafios da reconversão das antigas zonas industriais e de um desenvolvimento futuro combinado com as actividades de protecção da orla costeira. Nápoles abrange uma zona costeira de 16 km, 16 municípios e 3 ilhas, com um sistema metropolitano extremamente complexo e congestionado. Muitos problemas e oportunidades estão concentrados nesta cidade (construção naval, actividades portuárias, actividades industriais em declínio, turismo intensivo – arqueológico, de cruzeiros -, poluição, actividade vulcânica e falta de infra-estruturas de transportes). Foram identificados problemas semelhantes em Taranto, em redor do mar interior “Mar Piccolo”, combinados com a oportunidade oferecida pela desmilitarização de uma parte significativa da costa. Em Palermo, os problemas são semelhantes e os recursos costeiros têm sido muito deteriorados, devido a um desenvolvimento indisciplinado. Atenas está a passar por uma grande transformação urbana em virtude da preparação dos Jogos Olímpicos de 2004, que envolvem principalmente a zona costeira oriental da cidade, ao mesmo tempo que nas zonas costeiras ocidentais as grandes indústrias têm de ser modernizadas e relocalizadas.

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Barcelona, que já é uma história de sucesso, está a preparar a remodelação da sua zona ribeirinha, no leste e oeste da cidade. Mapa ( ¼ página)

Principais objectivos e actividades Nas regiões envolvidas, o desenvolvimento efectua-se de uma forma caracteristicamente indisciplinada, com um sistema de intervenções muito fragmentado, o envolvimento de uma grande diversidade de actores e interesses contraditórios que as pressionam. Os planos existentes são frequentemente irrealistas em termos de escala e das possibilidades de financiamento. Por conseguinte, os principais objectivos em termos de ordenamento são a obtenção de um modelo coordenado de gestão das zonas através de parcerias, a fim de harmonizar as intervenções sectoriais e territoriais das autoridades responsáveis, das administrações locais e do sector privado. Para cada parceiro participante nesta zona, isto traduziu-se nos seguintes objectivos operacionais: Nápoles pretendia desenvolver um “mecanismo de desenvolvimento coerente para o litoral”, como parte integrante do “plano de coordenação provincial”, o documento de ordenamento mais importante a nível da província. Coordenou o plano territorial para a concepção de um sistema de portos de recreio na baía de Nápoles, procurando alcançar a complementaridade das zonas, através de redes de transportes combinados interligando actividades costeiras e terrestres, como o turismo. Coordenou estudos e actividades de participação em zonas do oeste da cidade, reconvertendo uma antiga zona industrial numa zona de lazer e gerindo o desenvolvimento da área vulcânica protegida do Flegrean. No Leste da cidade, coordenou os planos de desenvolvimento da zona costeira do Vesúvio, incluindo infra-estruturas e a reconversão das linhas ferroviárias. Em Taranto, as acções levaram ao estabelecimento do plano operacional para a zona do Mar Piccolo. Tentou integrar de forma compatível a qualidade de vida urbana, as actividades terrestres/costeiras e aquáticas. Em Palermo, o projecto, através do estabelecimento de um gabinete de coordenação, conseguiu não só modificar o antigo plano regulamentar, mas também efectuar uma série de intervenções estratégicas ligadas às oportunidades de desenvolvimento urbano/costeiro (redes rodoviárias e ferroviárias, espaços verdes, actividades portuárias comerciais-de pesca-turísticas, reabilitação urbana).

Atenas, através de um estudo de viabilidade e de acções participativas, tem-se debruçado sobre a reabilitação de uma antiga zona industrial adjacente ao porto de Pireu, avaliando as várias alternativas de desenvolvimento tendo em conta o valor acrescentado económico produzido.

Embora Barcelona tivesse um estatuto de quase observador, foi realizado um trabalho importante através dos compromissos municipais de introduzir prioridades de protecção do ambiente e da costa no desenvolvimento de dois projectos fluviais no leste e oeste da cidade. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos Verificou-se um forte empenhamento político por parte de todos os parceiros. Os exercícios de participação tinham o objectivo de melhorar os pontos fracos do sistema anterior: papel limitado dos municípios; procedimentos de ordenamento complexos; competição entre as autoridades públicas e o sector privado; incompreensão das realidades locais e das estratégias das empresas privadas; falta de prioridades. Desde o início, o projecto foi caracterizado por parcerias intra-regionais fortes e coerentes entre todos os participantes italianos. Nelas estiveram envolvidos vários níveis de governo (município, província e região) e organismos sectoriais muito importantes (autoridades portuárias e ferroviárias), bem como outras administrações (arqueológicas), universidades, institutos nacionais urbanísticos/geográficos e parceiros industriais. Esta cooperação materializou-se em protocolos de intenções ou, especialmente, em projectos específicos e acordos de investimento celebrados com os actores mais importantes e com o sector privado. O município de Taranto baseou o seu plano regional para o Mar Piccolo no sistema de cooperação anterior e num amplo sistema de informação e consultas aos cidadãos. Em relação a Atenas, foi previsto um maior alargamento das parcerias locais, de modo a envolver os actores sociais e o sector privado, durante a execução do projecto, sob a forma de “equipas de trabalho locais”. Isto constituiu uma inovação administrativa, uma vez que esses processos se realizam por fases e não incluem entidades privadas.

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Produtos Verificou-se uma importante mudança de atitude dos municípios envolvidos no sentido de um envolvimento activo no planeamento do futuro das suas zonas, com o apoio dos organismos regulamentares. No caso de Taranto, o envolvimento dos cidadãos no debate sobre a elaboração de um novo plano foi directa e activamente solicitado. A elaboração de planos operacionais concretos em Taranto e Palermo, a sua adopção apoiada por acordos especiais e protocolos de trabalho constituiu uma alteração significativa ao sistema de ordenamento regulamentar prevalecente até à data. A criação de um gabinete costeiro permanente em Palermo foi outro resultado da modificação das estruturas instituídas. Para apoiar o processo de integração, foi recolhida uma importante base de informações, depois posta à disposição dos municípios. Realizaram-se vários estudos que procuravam fazer o levantamento do estado do ambiente, da paisagem, das infra-estruturas e dos problemas e oportunidades associados à gestão do litoral numa zona urbana muito congestionada e, até então, deficientemente planeada. Este trabalho incluiu bases de dados, cartografia, indicadores, análise de riscos ambientais e inquéritos sociológicos. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA • Estava previsto que o projecto servisse de modelo para todos os níveis de governo. O projecto POSIDONIA foi considerado crucial para que as

administrações locais desenvolvam uma nova cultura de internacionalização e participação activa no desenvolvimento de uma perspectiva europeia. • Esperava-se que os planos operacionais fossem viabilizados pelos acordos de cooperação celebrados entre os diversos parceiros, ou através da criação de organismos de coordenação permanentes. O instrumento de desenvolvimento italiano P.R.U.S.S.T. ajudará a concretizar as acções propostas. • Quanto ao aspecto transnacional da parceria, a rede poderá contribuir para o desenvolvimento de ideias sobre o papel que cada cidade participante poderá assumir na região mediterrânica em geral. Avaliação • A abordagem integradora revelou falta de informações básicas. Por conseguinte, a primeira tarefa do projecto foi realizar vários estudos e recolher dados, para compreender as realidades das zonas. • Para além dos acordos territoriais celebrados, os processos e metodologias constituirão talvez o principal legado do projecto. Este mostrou que a execução bem sucedida dos planos exigia a adequação da sua escala e um correcto equilíbrio entre os meios financeiros disponíveis e as acções propostas. O projecto também reforçou o papel dos municípios locais. • A constituição de novas parcerias levou um tempo considerável em Nápoles, devido à complexidade da zona e dos problemas, mas, em contrapartida, foi agarrada em Palermo e Taranto, como uma oportunidade de ultrapassar os anteriores sistemas de gestão notoriamente obscuros. • Os políticos desempenharam um importante papel de apoio às acções conducentes aos planos que terão agora de aprovar. Qualquer alteração do contexto político poderia causar grandes atrasos, quando não a uma reorientação das acções.

Contacto Coordenador de projecto: Nome Guido Riano / Guiseppe Biasco Organização Administrazione Provinciale di Napoli Endereço Piazza Matteoti, 1 I-80133 NAPOLI - Itália Tel + 39 81 5511487 / 7949298 Fax. + 39 81 5510722 E-mail [email protected]

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Acrónimo do Projecto: SDTP -

Desenvolvimento Sustentável Através do Ordenamento, a Utilização de Indicadores

Resumo O SDTP (Desenvolvimento Sustentável Através do Ordenamento) reuniu parceiros comunitários do Reino Unido, Suécia, Finlândia, e Espanha e um parceiro não pertencente à UE, da Noruega, a fim de desenvolver metodologias de ordenamento viáveis para um desenvolvimento territorial integrado e sustentável. Sob a liderança do Vale Tees, do Reino Unido, Múrcia, de Espanha, Satakunta, da Finlândia, Gävleborg, da Suécia e Grande Bergen, da Noruega efectuaram, em paralelo, uma série de estudos, para trocarem experiências e desenvolverem metodologias destinadas a inserir considerações de sustentabilidade no processo de desenvolvimento. Através da cooperação entre parceiros na essência muito diferentes, previa-se que as metodologias desenvolvidas teriam uma maior solidez, sendo, por conseguinte, potencialmente transferíveis para outros parceiros na Europa. Informação Técnica Orçamento total 1 796 800 euros Contribuição do FEDER 763 555 euros Período de execução 27 meses

Parceria internacional Coordenador (RU): Tees Valley Joint Stategy Unit (JSU), uma unidade estratégica financiada pelos cinco conselhos municipais, tinha a responsabilidade regulamentar pela elaboração dos planos regulamentares de utilização dos solos e dos planos e estratégias económicos não regulamentares. Parceiros (S): Administração da região de Gävleborg representando dez municípios. O ordenamento regional não tinha tradições na área, cabendo aos municípios a competência do ordenamento do território. A administração da região de Gävleborg tinha, no projecto SDTP um papel de coordenação, devendo reunir os vários actores existentes na região. Gävleborg assumiu a responsabilidade pela elaboração de um acordo de crescimento económico não regulamentar. (N): A Associação Regional do Grande Bergen, numa situação muito semelhante à da Suécia, não tinha qualquer tradição de ordenamento regional, cabendo aos municípios a responsabilidade do ordenamento físico e económico. A Associação assumiu um papel de coordenação, devendo reunir os actores da região no projecto. A Associação estava a preparar um plano de ordenamento regional para o Grande Bergen. (E): A Câmara Municipal de Múrcia era uma autoridade urbana unitária com competências de ordenamento regulamentar em relação à cidade e às sub-regiões circundantes. (FL): O Conselho Regional de Satakunta era uma autoridade regional com competência em matéria de elaboração de planos regulamentares de utilização dos solos e de programas de desenvolvimento não regulamentares.

Todos os parceiros atrás mencionados recorreram à organização de fóruns para reunir, num processo de consultas, os actores da indústria, de grupos ambientais e de grupos sociais dos sectores público, privado e voluntário, como “parceiros locais” do projecto. O parceiro Satakunta organizou vários fóruns representando diferentes temas. Os fóruns tinham um papel não político de aconselhamento numa abordagem ascendente. A parceria era totalmente voluntária, reunindo três parceiros do norte e um do sul. Considerou-se necessário que os participantes fossem diferentes, para testar de uma forma mais ampla a viabilidade dos modelos desenvolvidos. O grupo representava assim, territórios de dimensões muito diferentes, com densidades populacionais diversas e tradições de planeamento também diferentes. Na fase inicial, a parceria definiu um calendário para o comité de direcção e um plano de trabalho muito simples, que assegurou que todos os membros trabalhariam em paralelo em todas as fases. Cada fase foi minuciosamente planeada numa reunião do comité de direcção, devendo gerar um produto completo que todos apresentariam na reunião seguinte do comité de direcção. A parceria assentava fortemente nas comunicações electrónicas, utilizando-as de forma muito eficaz para transferir as informações entre as unidades. Esta modalidade assegurou o cumprimento dos prazos por parte dos parceiros, podendo ser-lhes dada uma assistência eficaz quando alguns deles experimentavam dificuldades. O projecto foi concluído a tempo. A rede era operada por técnicos com um forte apoio administrativo e político. Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial Todas as regiões eram baseadas em rios que influenciaram o desenvolvimento histórico das regiões, tanto como uma fonte de abastecimento de água para a agricultura, como nos transportes, na indústria e na produção de electricidade. Os rios também serviram, em alguns casos, como uma divisão dentro do território. Isto é particularmente evidente no caso das infra-estruturas de transportes de Bergen, que exigem

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grandes investimentos de capital em pontes para assegurar a integração do território. Todas as regiões estão a passar por alguma forma de reestruturação, depois do encerramento de uma ou outra indústria transformadora. O sector dos serviços está a crescer em todas as regiões da parceria. A população estabilizou ou está a diminuir em todas as regiões, mas a procura de habitações está a aumentar. As lições históricas do enfraquecimento das indústrias, do declínio regional, do aumento do desemprego e dos problemas ambientais aumentaram, em cada uma das regiões, a sensibilização para a integração do planeamento económico e territorial e para a busca de um desenvolvimento sustentável. Principais objectivos e actividades O principal objectivo do projecto era “ligar o ordenamento do território ao desenvolvimento económico, utilizando critérios de sustentabilidade”. Para alcançar este objectivo, cada um dos parceiros realizou várias acções precisas. Mapa ( ¼ página) O primeiro passo foi a elaboração de estudos básicos sobre questões de desenvolvimento, económicas, sociais e ambientais nas regiões respectivas. Posteriormente, os parceiros desenvolveram critérios de sustentabilidade para o desenvolvimento económico local. Cada um deles criou um amplo fórum consultivo na sua região, para aconselhamento sobre os critérios e as articulações ambientais e económicas. As equipas do projecto elaboraram, então, uma análise pormenorizada das estruturas institucionais e de ordenamento, a fim de estabelecer as opções do apoio institucional à articulação do planeamento económico e territorial. Na quarta fase, as equipas trabalharam

com processos de planeamento económico e territorial para coordenar e integrar os critérios de sustentabilidade nos processos de planeamento. Numa quinta fase, procedeu-se à consolidação dos fóruns como organismos consultivos permanentes para os processos de ordenamento do território e de planeamento económico. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos O projecto foi inovador para Suécia e Noruega, no que diz respeito às autoridades locais não envolvidas no ordenamento integrado. No nível seguinte de amplas consultas, o projecto criou fóruns de interesses económicos e ambientais. Todas as regiões tinham passado por períodos de desemprego elevado. O projecto também considerou activamente a inclusão do “terceiro sector voluntário” no processo consultivo e referiu no relatório final os problemas de participação sentidos por este sector devido à limitação dos recursos. Produtos Os principais produtos do projecto incluíram cinco relatórios individuais por cada parceiro e um relatório final de síntese sobre as respectivas conclusões, bem como uma série de recomendações sobre a integração do planeamento económico e territorial num quadro de sustentabilidade. Além disso, o projecto desenvolveu um modelo de ordenamento destinado a incorporar a sustentabilidade no novo processo de desenvolvimento do território. Foram definidos critérios para o desenvolvimento económico sustentável e fizeram-se progressos substanciais no desenvolvimento de um conjunto de indicadores para medir a realização do desenvolvimento sustentável. O projecto também serviu de catalisador para um seminário sobre o desenvolvimento de indicadores, a nível do programa TERRA, que se realizou, sob a sua orientação, em Bruxelas em Novembro de 1999. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA

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Todos os parceiros expressaram o desejo de continuar a trabalhar neste domínio, dando especial atenção ao maior desenvolvimento e validação dos indicadores. Previa-se que a iniciativa de realizar um planeamento regional não regulamentar com o apoio das autoridades locais se irá tornar permanente. Pretendia-se que os fóruns continuassem a funcionar. Outros projectos no âmbito do programa TERRA mostraram interesse em examinar a metodologia utilizada pelo SDTP. Outras autoridades mostraram interesse nos resultados do projecto. O Guia de Ordenamento do Nordeste e o Plano Estratégico para as regiões do Nordeste inspiraram-se no trabalho realizado no âmbito do projecto SDTP. Estava previsto que, caso o processo se tornasse suficientemente conhecido, outras regiões que se ocupam das questões de sustentabilidade iriam, no mínimo, analisar as experiências do projecto SDTP com seriedade. Estas experiências também revelaram potencialidades para contribuírem de forma ascendente para a formulação de políticas nacionais, uma vez que os governos nacionais mostram um interesse crescente no desenvolvimento dos indicadores de sustentabilidade. Avaliação

O projecto foi concebido e executado com êxito. Um programa de trabalho simples e um calendário de reuniões facilitou o cumprimento efectivo dos prazos.

A natureza paralela das acções proporcionou à parceria uma base viável para o intercâmbio de informações entre os parceiros. Trata-se potencialmente de um modelo simples e eficaz, que deve ser considerado em projectos de tipo semelhante. A gestão eficiente do projecto por parte do organismo coordenador, que forneceu simultaneamente uma liderança técnica e um apoio administrativo forte ao projecto, também contribuíram para que este cumprisse os prazos estabelecidos. Os modelos desenvolvidos no projecto revelaram-se eficazes para todos os parceiros, podendo ser transferidos para outros exercícios de ordenamento regional e futuramente desenvolvidos. A sua validade só será verdadeiramente posta à prova quando utilizados noutras circunstâncias. Contacto Coordenador do Projecto Nome Magne Haugseng Organização Tees Valley JSU Endereço Melrose House Melrose Street PO Box 199 Middlesborough UK,TS1 2XF United Kingdom Tel +44(0) 1642 264 800 Fax. +44 (0) 1642 230 870 E-mail Magne@teesvalley- jsu.gov.uk Website http://www.teesvalley-jsu.gov.uk/

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Acrónimo do Projecto: ALBA-TER/ AVE

Integração Regional nos Vales Fluviais do Ter (Espanha) e Vale do Ave (Portugal)

Resumo A parceria foi constituída com o intuito de fomentar a integração territorial do vale fluvial Ter, em Espanha, e do Vale do Ave, em Portugal, tendo em vista uma melhor gestão dos recursos culturais e naturais dos vales e uma maior compreensão dos seus recursos económicos e potencialidades de desenvolvimento. Uma parte fundamental dos projectos consistia no estabelecimento de redes para apoiar a cooperação entre os numerosos municípios existentes em ambas as regiões fluviais. Informação técnica Orçamento total 1 622 677 euros Contribuição do FEDER 709 451 euros Período de execução 42 meses

Parceria internacional Coordenador: Ayuntamiento de Manlleu (E): Uma câmara municipal pertencente à Região da Catalunha, com responsabilidade pelo ordenamento do território. Parceiros: Associação de Municípios do Vale do Ave (P). Ajuntamentos de Becanó, Celra, Girona, Ripoll, Salt e Torroella de Mon: municípios da Região da Catalunha. As duas regiões enfrentavam problemas muito semelhantes e têm uma dimensão semelhante. Ambas incluem zonas com níveis tradicionalmente bastante elevados de industrialização, mas com estas indústrias numa situação de declínio, zonas agrícolas que necessitam de reestruturação e zonas de elevado valor natural e cultural. O parceiro do Vale do Ave tinha concluído um plano estratégico para a zona e poderia apoiar o parceiro Alba/Ter na constituição do seu projecto. Ambos os projectos tinham o objectivo de estabelecer um consórcio ou uma associação de coordenação para uma cooperação permanente a nível local. Inicialmente, a constituição da parceria e a sua entrada em funcionamento foi lenta, em parte devido à realização de eleições locais nos territórios respectivos e em parte devido às mudanças de pessoal no parceiro do Vale do Ave. A parceria foi exclusivamente gerida pelas autoridades locais. No caso do parceiro espanhol, o projecto fomentou uma relação funcional com a administração da região da Catalunha e as universidades locais. Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial

O vale do rio Ter, em Espanha, tem sido tradicionalmente uma zona agrícola (cereais, azeitona e alguma agricultura de irrigação), numa rota de comércio histórica entre a França e Andorra. Estas actividades agrícolas mantiveram parcialmente a sua importância dado terem grandes mercados nas imediações, incluindo Barcelona e o litoral, com o intenso turismo a elas associado. A utilização agrícola do solo mantém um elevado valor paisagístico. O próprio rio tem sido importante para o desenvolvimento industrial da zona, fornecendo primeiramente energia para os moinhos, depois vapor e mais tarde energia hidroeléctrica, além de fornecer água para vários processos industriais. A indústria têxtil tem sido uma das mais importantes da região, desde o século XVIII, mas entrou recentemente em depressão. A indústria da região, no seu conjunto, tem vindo a atravessar uma fase de reajustamento razoavelmente bem sucedida. Existem vastas zonas de paisagem natural acidentada com grande beleza e uma diversidade de ecossistemas. A zona costeira é um corredor muito utilizado como principal ligação norte-sul. O comboio de TGV alta velocidade Madrid-Barcelona-Perpignan também está previsto para este corredor. Entre os problemas existentes no corredor fluvial incluem-se os seguintes: - o declínio da indústria têxtil - o declínio da agricultura - a falta de água - algumas inundações - a pressão geral das utilizações do solo no litoral e nas zonas do interior mais próximas. - a diminuição da biodiversidade - a perda de terrenos férteis para a expansão urbana - a poluição dos aquíferos e do rio, directamente - a perda de património cultural. O território do Vale do Ave, em Portugal, também é uma região tradicionalmente agrícola, tendo o desenvolvimento da indústria ocorrido no século XIX. A região dividiu-se numa zona industrial, situada nas margens mais baixas do rio, com grandes problemas ambientais associados, e uma região agrícola a montante. A zona a montante, em especial, tem um elevado valor paisagístico, mas é remota e encontra-se afectada pelo declínio rural, com a correspondente perda de população.

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A indústria têxtil, de vestuário e calçado é responsável por 80% do emprego industrial no Vale do Ave. A perda de importância dos têxteis foi, até certo ponto compensada, pelo aumento das indústrias do vestuário e do calçado. Existem problemas ambientais associados, incluindo uma forte poluição da atmosfera e da água. A Comunidade já co-financiou o desenvolvimento de uma estação de tratamento de águas residuais, a ETAR do Agra. As dificuldades em matéria de transportes são evidentes na região, com várias rodovias de acesso cruciais insuficientemente desenvolvidas. Existe uma deterioração geral do rio e dos lagos pouco profundos existentes na zona, bem como uma falta de espaços verdes. Mapa ( ¼ página) Principais objectivos e actividades O principal objectivo do projecto era “alcançar um nível de integração regional” e “criar formas e meios de promover consultas permanentes”. Ambos os territórios são constituídos por uma grande número de pequenos municípios e a integração só era possível através da cooperação entre os diferentes municípios. Para esse fim, ambos os parceiros do projecto criaram organizações que estabeleceram um quadro de cooperação formal e consultas constantes a uma ampla gama de actores e partes interessadas nos vales, uma acção que dominou a primeira fase de ambos os projectos. Os objectivos também incluíam a protecção e o desenvolvimento dos recursos naturais e históricos da região. Os parceiros começaram a compilar inventários das características naturais e culturais do território. As características naturais e culturais do vale foram consideradas como recursos de importância considerável para o território e sua capacidade de atracção como destino turístico e, sobretudo, como local de desenvolvimento comercial.

O terceiro grande objectivo era a promoção do desenvolvimento económico dos vales. Para isso, realizou-se uma ampla consulta em cada vale, procedeu-se à promoção dos vales a nível interno e externo e elaborou-se um plano estratégico para o desenvolvimento futuro dos vales como territórios competitivos. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos A parceria foi inovadora na medida em que projectos de ordenamento do território desta dimensão seriam normalmente realizados a nível regional, mas, neste caso, o projecto foi gerido a nível municipal, com o apoio das autoridades regionais. Isto possibilitou o contacto directo com os cidadãos e contribuiu para um envolvimento dinâmico, particularmente dos municípios mais pequenos. Ambos os parceiros desenvolveram, como parte integrante do projecto, organizações de coordenação oficiais para a realização de ampla consultas aos actores do território, incluindo os municípios, as organizações industriais locais, as câmaras de comércio, grupos de cidadãos e instituições de ensino. O aspecto mais importante para ambas as organizações, um organismo de desenvolvimento regional, em Portugal, e um consórcio, em Espanha, era o desenvolvimento de uma massa crítica suficiente para que os municípios demasiado pequenos para participarem em negociações importantes sobre o desenvolvimento de políticas, candidatarem-se ao financiamento de projectos ou encarregarem-se do ordenamento do território, pudessem tomar parte no desenvolvimento da região. Os projectos tiveram uma actuação dinâmica para captar o interesse do público na realização das diferentes acções. O Alba-Ter elaborou uma estratégia e um programa de visitas com o intuito de que, no final, todos os municípios tivessem sido contactados, pelo menos uma vez, para discutir com eles o projecto e encorajá-los a participar. O Vale do Ave tinha uma maior tradição de cooperação dos municípios e alargou esta participação na agência de desenvolvimento regional ADRAVE. Os cidadãos eram informados através de uma exposição móvel destinada a aumentar a sensibilização para os recursos e os problemas da região e promover o projecto TERRA. O contexto europeu da região foi alvo de especial atenção. A imprensa foi sistematicamente utilizada para promover o projecto e os seus objectivos, tendo sido

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dada uma publicidade considerável ao lançamento do consórcio Alba-Ter em Espanha e ADRAVE em Portugal. Produtos O primeiro produto dos projectos foi a criação da agência de desenvolvimento regional ADRAVE, em Portugal, e do consórcio Alba-Ter Consortium em Espanha. Trata-se de estruturas que irão continuar depois do projecto. Outros produtos incluíram vastos e pormenorizados inventários dos recursos culturais e naturais da região. Em parte, estes inventários implicaram uma actualização dos dados já existentes, consistindo a outra parte do trabalho na recolha de novas informações e na introdução dos dados no Sistema de Informação Geográfica (SIG). Estas bases de dados serviram o projecto e fornecerão as informações de base para o planeamento e a monitorização futuros, bem como um material de recurso para a elaboração de guias, folhetos e materiais didácticos. O projecto trabalhou no desenvolvimento de: - planos de gestão dos recursos naturais e culturais. - um plano de desenvolvimento, abrangendo ambos os vales fluviais, destinado a fornecer uma abordagem integrada ao futuro desenvolvimento do vale em que as autoridades municipais possam tomar parte. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA Estava prevista a identificação de um grande número de acções futuras nos planos de desenvolvimento. Para lhes poder dar seguimento, é naturalmente necessário que os municípios e suas autoridades e

consórcios de desenvolvimento respectivos desenvolvam novas estratégias para atrair financiamentos que permitam realizar várias destas acções. O consórcio Alba-Ter, inspirado pelo êxito das suas experiências de promoção da integração, analisou as possibilidades de alargar o seu projecto, convertendo-o num projecto transfronteiriço, como um passo lógico no contexto europeu. Avaliação O projecto constituiu uma abordagem “ascendente” ao ordenamento do território. Demonstrou de que modo fronteiras nunca antes ultrapassadas em termos de um ordenamento do território cooperativo podiam ser transpostas utilizando uma unidade geográfica como ponto focal. O projecto também demonstrou de que modo as instituições políticas e o pessoal técnico podem trabalhar em conjunto para atingir objectivos. O projecto permitiu desenvolver a confiança e as capacidades do grupo, prevendo-se que as actividades de seguimento serão geridas com uma confiança crescente. O projecto foi prejudicado pela inexistência de um programa de trabalho pormenorizado e os benefícios do intercâmbio de informações entre Portugal e Espanha não foram optimizados.

Contacto Coordenador do Projecto Nome Josep Capellá Organização Consorci Alba-Ter Endereço C/Enric Delaris 7 08560 Manlleu Espanha Tel + 34 93 8515022 Fax. + 34 93 8515025 E-mail [email protected]

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Acrónimo do Projecto: DUERO-DOURO

Cooperação transfronteiriça ao longo de um vale fluvial

Resumo O projecto elaborou uma estratégia integrada para desenvolver uma região funcional internacional ao longo do vale fluvial Duero-Douro, que se estende desde a Costa Atlântica, através do Norte de Portugal, até à região de Castela e Leão, no centro de Espanha, abrindo assim uma grande parte da Espanha e de Portugal e estabelecendo uma cooperação. Este projecto transfronteiriço lançou um novo tipo de cooperação directa entre Portugal e Espanha, tendo em vista uma cooperação futura. O seu objectivo era criar uma visão comum da região e do seu ordenamento e desenvolvimento futuros. O projecto debruçou-se sobre o desenvolvimento dos transportes, a hierarquia do povoamento urbano, a gestão dos recursos naturais e culturais, o desenvolvimento comercial e o turismo, tendo analisado ainda as estruturas institucionais da região. Informação técnica Orçamento total 1 813 019 euros Contribuição do FEDER 984 669 euros Período de execução 36 meses

Parceria internacional:

Municipios riberenos del Duero (E/P): associação de municípios adjacentes ao rio Duero, em Espanha, e ao rio Douro, em Portugal, que serviu de enquadramento para a cooperação inter-regional entre os dois países. Castilla y Leon (E): autoridade regional espanhola com responsabilidade regulamentar pelo ordenamento regional. Os representantes dos grupos de acção LEADER locais e a câmara do comércio foram incluídos como parceiros. Região Norte (P): autoridade regional portuguesa com responsabilidade delegada pelo ordenamento regional. Entre os parceiros locais figuravam instituições e associações envolvidas na gestão do rio, incluindo o Instituto para a Navegabilidade do Douro, o Instituto Nacional da Água, a Direcção Regional do Ambiente e a Associação de Portos Industriais. Também foram incluídos representantes dos grupos de acção LEADER. Fundacion Rei Henriques (E/P): fundação luso-espanhola que trata da cooperação cultural e da promoção do desenvolvimento entre Portugal e Espanha. Sociedad Estatal de Promocion y Equipamiento de Suelo (E): entidade estatal espanhola com responsabilidades na promoção e gestão dos terrenos produtivos e residenciais. MAPFRE (E): fundação espanhola que visa a promoção das considerações ambientais. A parceria foi uma iniciativa conjunta das regiões espanholas de Castela e Leão e da Região Norte de Portugal, em cooperação com a associação mista

de municípios, Municípios Reiberenos del Duero, que funcionou como organismo coordenador e como representante das duas regiões, ambas com regiões responsabilidades pelo ordenamento regional. Outros parceiros - fundações e autoridades governamentais - também participaram para promover diferentes interesses, tais como o desenvolvimento dos recursos culturais e naturais e do comércio. Vários participantes aderiram como parceiros secundários. Entre eles, incluíam-se associações e instituições directamente responsáveis pela gestão da navegabilidade do rio, do ambiente e da zona portuária. O projecto também serviu de estrutura de coordenação dos grupos de acção LEADER existentes no território, com quem foi estabelecida uma cooperação formal. O projecto obteve o apoio político das respectivas regiões e era directamente gerido por técnicos. Cada autoridade era responsável por desenvolver e executar acções específicas. Alguns parceiros locais também assumiram a responsabilidade por acções específicas, em alguns casos, enquanto outros agiram numa base consultiva e cooperativa. Características territoriais das regiões envolvidas ou o contexto territorial A área em apreço é uma importante bacia hidrográfica transfronteiriça, que se estende desde a costa atlântica, no Porto, até ao centro da Espanha, tendo os cerca de 100 km de rio que definem a fronteira luso-espanhola um elevado valor paisagístico. A região é em grande medida agrícola, sendo considerada periférica e remota. A densidade populacional é fraca, com excepção da costa atlântica e do Porto, onde as pressões sobre a utilização do solo criaram problemas ambientais. As infra-estruturas distantes da costa estão pouco desenvolvidas e o acesso aos centros principais é muitas vezes difícil. O rio é navegável desde o Porto até à fronteira espanhola e tem tido historicamente um forte impacto

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no desenvolvimento do vale. Os padrões de povoamento e o desenvolvimento cultural reflectem a concentração no rio. Faltam serviços gerais, em especial longe da costa. O vale fluvial, no seu conjunto, foi descrito pelos parceiros como deprimido, secularmente ignorado, com falta de estruturas e ambientalmente frágil, mas com potencialidades de desenvolvimento de uma agricultura especializada, da indústria e do turismo, especialmente do turismo rural, bem como do ambiente natural e cultural. Uma zona de especial preocupação para o projecto foi a área fronteiriça, as “ Arribas”, onde o rio funciona, ao longo de 100 km, como fronteira luso-espanhola. Trata-se de uma área predominantemente ocupada por um parque natural, com elevado valor paisagístico, mas gerido em termos diferentes pelas respectivas autoridades responsáveis. Foram construídas cinco barragens hidroeléctricas na zona fronteiriça. Mapa ( ¼ página) (Talvez um mapa da área do Duero/Douro) Principais objectivos e actividades Os dois objectivos principais e orientadores do projecto eram os seguintes: “elaborar uma estratégia integrada para o desenvolvimento coeso de uma região funcional luso-espanhola, ao longo do vale fluvial Duero-Douro”. “estabelecer um quadro para o ordenamento e o desenvolvimento contínuos do vale fluvial”. Todas as acções do projecto visavam directamente estes objectivos. As acções analisaram a estrutura institucional existente na região e procuraram formas de apoiar o desenvolvimento de uma região que abrange dois países. As instituições participantes no projecto identificaram sete áreas de acção, nomeadamente, os transportes, o padrão de povoamento, os recursos culturais, os recursos naturais, a rede comercial, a

elaboração de recomendações para uma cooperação institucional futura e um programa de acção territorial. Cada uma destas área foi estudada por um parceiro, quer directamente quer através de um consultor supervisionado pelo parceiro responsável. Realizaram-se estudos e elaboraram-se programas para o futuro desenvolvimento da infra-estrutura de transportes, incluindo o transporte por via aquática. Foram elaborados guias para promover os recursos culturais e naturais e o desenvolvimento comercial e realizou-se um estudo sobre o padrão de povoamento. Além disso, procedeu-se à actualização e à integração dos dois Sistemas de Informação Geográfica existentes. O projecto tinha o importante objectivo regional de “reforçar as relações de cooperação transnacionais” e estava ciente da necessidade de uma ampla consulta, constituindo grupos de trabalho mistos para esse efeito. Outro objectivo importante dizia respeito à “harmonização da gestão da zona das Arribas e do Douro Internacional”. Foi realizado um estudo para analisar a gestão existente na área e elaborar recomendações para que Portugal e Espanha harmonizem a sua legislação. Imagem 1

Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos A área de interesse do projecto era muito vasta e com baixa densidade populacional, excepto nos grandes aglomerados populacionais, nomeadamente o Porto. A dimensão e as más infra-estruturas dificultaram uma cooperação estreita e as consultas à comunidade. Foi reconhecido que uma visão e um programa de acção viáveis necessitariam de um vasto apoio e de amplas consultas às entidades municipais e regionais responsáveis e às instituições e associações envolvidas na gestão e no desenvolvimento. Os parceiros que inicialmente apresentaram o pedido de financiamento representavam as autoridades municipais e regionais. Todavia, nem todos os municípios pertenciam à associação municipal, tendo a consulta e o recrutamento continuado ao longo do projecto.

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Embora os parceiros iniciais também representassem interesses relativos ao ambiente cultural e natural, foram incorporados alguns outros com competências específicas, à medida que o projecto se desenrolava. Os grupos de acção LEADER também foram formalmente envolvidos na workshop sobre turismo. O projecto também se empenhou na obtenção de um amplo apoio, através da publicação de boletins informativos regulares. Sete fóruns abordaram temas como os fundos estruturais, a Agenda 2000, o turismo, o ambiente, o património, o desenvolvimento local e a navegabilidade do rio. A imprensa compareceu aos seminários e reuniões e transmitiu informações sobre os progressos realizados. Os seminários e reuniões contaram com a presença de representantes políticos. Produtos O principal produto previsto era um Programa de Acção Territorial a elaborar pelos parceiros. Este documento inventaria as acções e as autoridades responsáveis pela sua realização, tendo em vista alcançar a coesão e o desenvolvimento da região. A equipa do projecto desenvolveu um modelo pragmático de ordenamento que poderá orientar outros projectos deste tipo. O projecto também produziu um SIG sincronizado, para utilização em todo o território, que deverá ser operacionalizado. A promoção da navegação do Duero-Douro também foi um produto do projecto. Entre os restantes produtos incluem-se guias de promoção dos recursos naturais, culturais e comerciais. Outros organismos do vale, para promover a sua zona específica, utilizaram os documentos e estudos a ela associados.

Imagem 2

Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA A associação de municípios continuará a proporcionar um centro de coordenação. A participação municipal na associação irá aumentar potencialmente, à medida que as acções adquirirem visibilidade. Muitos municípios ao longo do rio são demasiado pequenos e dificilmente seriam capazes de alcançar os objectivos de desenvolvimento isoladamente. Os planos, estudos e, em especial, o plano de acção fornecerão uma boa base para as decisões de financiamento e a selecção dos próximos projectos. Avaliação O projecto foi exemplar. Tratava-se de um projecto grande e ambicioso, com grandes possibilidades de insucesso em virtude da dimensão e da complexidade do território abrangido. Foi gerido de forma pragmática e profissional que lhe permitiu alcançar resultados que fornecerão uma base muito sólida para o ordenamento e desenvolvimento permanentes da região. O projecto procurou realizar consultas amplas e desenvolver a confiança entre os parceiros, com resultados muito eficazes em termos de desenvolvimento das capacidades e da confiança. Registaram-se problemas devido à dispersão dos parceiros e às infra-estruturas deficientes, que dificultaram o processo de consultas. Contacto Coordenador do Projecto Nome David Uzquiza, Jefe Servicio Ordenación del Territorio Organização Junta de Castilla y León Endereço Rigoberto 14 E 47071 Valladolid, Espanha Tel + 34 983 419988 Fax. + 34 983 419944 E-mail David [email protected]

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Acrónimo do Projecto GROOTSTAD -

Plano de Desenvolvimento e Organização Transfronteiriça para a Região Setentrional Franco-Belga

Resumo O projecto GROOTSTAD foi um projecto transfronteiriço franco-belga, que visava desenvolver uma visão e uma estratégia globais para o desenvolvimento de uma metrópole transfronteiriça. Em 1991, cinco estruturas interurbanas francesas, flamengas e valãs uniram-se para criar a COPIT (Conferência Interurbana Transfronteiriça Permanente), a fim de promover o desenvolvimento de uma metrópole franco-belga. O projecto GROOTSTAD, no âmbito do programa TERRA, foi a fase seguinte da instituição de um processo de tomada de decisões para a criação de um plano transfronteiriço de desenvolvimento e organização. O projecto também funcionou no contexto dos planos estratégicos urbanos e regionais de ambas as regiões. As estruturas interurbanas e a "Agence de développement et d’urbanisme de Lille métropole" (organismo contratado pelas estruturas interurbanas para supervisionar o projecto) tiveram um papel decisivo na elaboração da maioria destes planos. Os parceiros seleccionaram os vários temas a tratar, entre os quais se incluíam a água, a concorrência e a complementaridade económica, "a metropolização", a mobilidade e a acessibilidade, a coerência do ordenamento local, a paisagem metropolitana, a cultura, as universidades, a tecnologia da informação e as comunicações, as línguas. Informação Técnica Orçamento total 2 500 000 euros Contribuição do FEDER 1 042 375 euros Período de execução 42 meses

Parceria internacional Coordenador: Lille Métropole, Communauté urbaine (F) Parceiros: IDETA (B) Intercommunale de Development Economique et d’Amenagement du Territoire; IEG: Intercommunale d’Etude et de Gestion; LEIEDAL: Intercommunale foor streekontwikkeling van het arrondissement Kortrijk, Região da Flandres WEIR: Westvlaamse intercommunale voor economische expansie en reconversie, Região da Flandres. Os cinco parceiros cooperavam regularmente na COPIT ou na GPCI, a Conferência Interurbana Transfronteiriça Permanente, para promover o desenvolvimento de uma metrópole conjunta. No âmbito desta organização realizaram-se projectos transfronteiriços nos domínios dos transportes públicos, do desenvolvimento económico, da gestão da água e do planeamento. Na sequência dos êxitos iniciais em matéria de cooperação, os parceiros avançaram conjuntamente para um aprofundamento da mesma, passando de uma parceria de coordenação e partilha de informações para a tomada de decisões em comum. Esta evolução foi apoiada, tanto em França como na Bélgica, por uma transferência geral de várias competências importantes para as autoridades locais e regionais. Características territoriais das regiões envolvidas ou o contexto territorial A região é composta por um sistema urbano complexo, em forma de triângulo, com a cidade

francesa de Lille, a cidade flamenga de Kortrijk e a cidade Valã de Tournai em cada uma das pontas. A fronteira entre a França e a Bélgica e as barreiras linguísticas existentes na região influenciaram a forma e a natureza dos povoamentos urbanos de ambos os lados. A fronteira também originou uma duplicação das infra-estruturas e dos meios na França e na Bélgica não obstante a sua grande proximidade física. Nos anos 90, ocorreram grandes mudanças, incluindo a construção do túnel do Canal, a entrada em serviço do TGV e a abertura das fronteiras internas da UE o que trouxe alterações à região e suscitou um debate sobre a ideia de constituir uma metrópole. Paralelamente, a crise que afectava as indústrias tradicionais, nomeadamente os têxteis, deu um maior impulso à criação de uma nova visão para a região. A região é importante para a Europa como corredor de ligação entre o Reino Unido e a Europa continental, o que pode beneficiar consideravelmente a região do ponto de vista económico.

Mapa ( ¼ página)

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Principais objectivos e actividades O principal objectivo era promover a evolução de uma estrutura de tomada de decisões para o desenvolvimento e a gestão da metrópole europeia transfronteiriça. Realizaram-se workshops transfronteiriças sobre temas comuns previamente acordados. Além disso, foi constituído um comité de direcção política e técnica com representantes de cada um dos parceiros. As estruturas da COPIT existentes e as tradições de tomada de decisões dos cinco parceiros foram incorporadas no planeamento conjunto, a fim de obter uma rede de consulta e tomada de decisões a vários níveis. O objectivo final era fomentar e alcançar a integração em várias áreas críticas, ultrapassando assim os problemas de duplicação e de concorrência desnecessária, e criando cooperação. Cada tema identificado foi sujeito a consultas, estudos e debates antes de serem reunidos numa visão e estratégia globais, incluindo acções sujeitas a acordos contratuais entre os parceiros. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos O projecto fez evoluir para um novo nível uma estrutura consultiva já existente, criada no início da década de 90. Elevou a consulta e a partilha de informações para um nível em que se pôde iniciar um processo de tomada de decisões em comum e onde se podiam assumir compromissos. O desenvolvimento de uma estrutura para lidar com as numerosas facetas identificadas no projecto de forma pormenorizada e formular, simultaneamente, uma estratégia regional num contexto que permitisse obter o apoio político de cada uma das regiões era um grande desafio. O projecto envolveu uma análise das estruturas susceptíveis de suportar uma cooperação permanente formal. A legislação nacional, especialmente em França, não estava em condições de dar apoio a estes objectivos. O projecto também procurou obter um apoio técnico de alto nível, convidando especialistas para fornecer consultoria nas workshops e reuniões do comité.

As organizações privadas e públicas, as câmaras do comércio e indústria e as universidades também foram consultadas através de um comité consultivo, nas workshops técnicas ou em conferências e debates. Produtos O projecto trabalhou fundamentalmente no desenvolvimento de uma visão global ou documento estratégico, sob a forma de uma carta assinada pelos parceiros. O objectivo deste documento era fornecer uma visão futura para o território e descrever de que modo isso podia ser alcançado, com base nos principais temas identificados. O documento destinava-se a identificar os projectos a contratar pelos parceiros. Os estudos e recomendações produzidos por especialistas contratados ou pelas várias workshops especializadas proporcionaram a base para este processo. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA Foi proposto que a cooperação continue após a conclusão do programa TERRA, que é encarado como um passo em frente no sentido de uma cooperação mais estreita. Um estudo das estruturas institucionais existentes na zona sugeriu várias opções para uma cooperação permanente. A integração paulatina de técnicos e políticos de todas as regiões criou um processo muito dinâmico de criação de uma região metropolitana conjunta funcional. Foram empreendidos os primeiros estudos sobre uma identificação futura comum da população e iniciaram-se debates sérios sobre o nome dessa metrópole futura, com a participação activa de responsáveis políticos. Prevê-se que a cooperação irá continuar através de acções conjuntas no âmbito da INTERREG. Está também prevista a criação de uma estrutura urbana transfronteiriça legalmente consolidada, seguindo o exemplo das experiências SaarLorLux ou Rijn-Schelde-Delta. Este aspecto conhecerá um maior desenvolvimento no quadro da INTERREG 2C. Avaliação O projecto foi organizado e gerido de forma profissional. As complexidades da consulta e da tomada de decisões, bem como a obtenção de apoio político, foram os desafios mais importantes. Fizeram-se progressos substanciais no sentido de uma visão conjunta para o território. Uma cooperação mais estreita em termos jurídicos está dependente da aceitação global destas estruturas que envolvem a

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França e os seus sete países vizinhos. Um outro problema poderá ser a discrepância entre a autonomia regional das regiões belgas e a necessidade de o Governo francês encontrar um homólogo para a celebração dos futuros tratados de cooperação transfronteiriça. Contacto Coordenador do projecto Nome Jef Van Staeyen Organização Agence de développment et d’urbanisme de Lille Métropole Endereço 2 Place du Concert

F 59043 Lille cedex França

Tel + 33 320633365 Fax. + 33 32063399 E-mail [email protected]

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Acrónimo do projecto: VEV -

Vias Navegáveis Vivas – Canais Históricos

Resumo Este projecto privilegiou a inovação na sua tentativa de dar continuidade a um sistema transnacional de canais históricos europeus, territorialmente não conexos. Os seus principais objectivos eram criar condições para promover os canais da Europa como um sistema de turismo sustentável, preservar os recursos históricos destas estruturas hidráulicas europeias específicas, que, na verdade, são monumentos históricos, e evitar uma duplicação desnecessária em matéria de investigação e desenvolvimento dos canais nestas zonas.

O projecto reuniu um grupo internacional de parceiros para cooperar na realização de estudos, na recolha e preservação de informações e na partilha de experiências, tendo em vista o planeamento do desenvolvimento das vias navegáveis interiores históricas, nomeadamente: o Canal des Deux Mers (França), os canais da Caledónia e de Lowland (Escócia), o Canal du Centre (Hainaut-Bélgica), os canais de Adda, Paderno e Martesana (Lombardia-Itália), - o canal de Göta (Östergötland e Västra Götaland, Suécia). Outro aspecto importante do projecto foi a constituição de uma rede permanente de monitorização e promoção dos canais históricos, bem como a elaboração de uma metodologia para o desenvolvimento dos canais, potencialmente transferível para outros sistemas, nomeadamente os da Europa Oriental.

Informação técnica Orçamento total 3 546 035 euros Contribuição do FEDER 1 500 000 euros Período de execução 37 meses

Parceria internacional Coordenador: Région Midi Pyrénées, Toulouse (F): autoridade regional com responsabilidade delegada para o planeamento regional. Région Aquitaine (F): autoridade regional com responsabilidade delegada para as questões relativas ao planeamento regional. Région Languedoc-Roussillon (F): autoridade regional com planeamento regional delegado. Région de Wallonie (B): autoridade regional responsável pelo ordenamento do território, bem como pela gestão das infra-estruturas de transportes da região, incluindo as vias navegáveis. Highland Council (RU): autoridade de planeamento. Province Östergötlands Läns e Skaraborgs Län (S): autoridades locais. Região da Lombardia (I): autoridade regional responsável pelo ordenamento do território, especialmente nas questões relativas ao ambiente e à paisagem. Em relação a três dos sistemas de canais da parceria, os parceiros institucionais, regionais ou locais trabalhavam em parceria com a organização técnica directamente responsável pelos canais correspondentes: Voies Navigables de France, para os parceiros franceses, a British Waterways, para os parceiros escoceses, e a empresa do canal de Göta, para os parceiros suecos. Na Bélgica e na Itália, a autoridade regional também desempenha funções de organismo gestor das vias navegáveis. Nestes casos, o projecto começou com base no apoio das

organizações locais envolvidas na animação do património: respectivamente, a Compagnie du Canal du Centre e o Comitato per il restauro delle chiuse dell'Adda. Na Bélgica, este papel de acompanhamento foi transferido, no decurso do programa, para o Centre d'Animation en Langues, uma opção tomada em conformidade com a nova estratégia de desenvolvimento aperfeiçoada pelos parceiros valões, com total apoio dos restantes parceiros, que dependia dos contributos dados por uma estrutura especializada em acções e projectos transnacionais. Os parceiros consideraram que o projecto era uma oportunidade para formalizar a cooperação informal já existente em relação a várias questões, no âmbito de vários comités e associações, incluindo, em alguns casos, a Inland Waterways International. Os parceiros franceses colaboraram na elaboração de uma proposta de inclusão do Canal du Midi, parte do Canal des deux Mers, na lista do património mundial da UNESCO, e o projecto proporcionou uma continuação adequada a esta candidatura bem sucedida. O estabelecimento desta cooperação foi totalmente da iniciativa dos parceiros e incluiu alguns dos canais historicamente mais importantes da Europa. Foi constituída uma parceria menos formal em torno dos parceiros que participaram inicialmente no processo de elaboração da candidatura do projecto ao financiamento do programa TERRA. Estes parceiros incluíam as autoridades directamente relacionadas com a gestão dos canais e as universidades com várias especialidades relacionadas com o projecto. O projecto foi em grande parte dirigido por administradores e técnicos com diferentes níveis de apoio político, consoante os parceiros. Contudo, os políticos também estiveram activamente envolvidos, não só na concepção dos projectos, mas também na sua monitorização e acompanhamento, bem como no processo de reflexão sobre os instrumentos de ordenamento do território.

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Os parceiros entendiam este agrupamento como uma ligação através da Europa que permitiria a optimização das sinergias do sistema de canais. Os parceiros também consideravam que cada um dos outros parceiros contribuía para um reforço da parceria, beneficiando todos os outros parceiros. Consideraram, por exemplo, que a British Waterways era muito competente na gestão economicamente eficiente do sistema de canais e na promoção do envolvimento da comunidade local. Previa-se que esta seria a primeira fase de uma cooperação formal permanente. O contexto territorial Os canais de todas as regiões envolvidas têm sido importantes para o desenvolvimento histórico da região, em termos de transportes locais, nacionais ou transnacionais. Com o advento do caminho-de-ferro e depois do transporte rodoviário, todos os canais viram a sua importância diminuída e, embora alguns deles tenham continuado a ser utilizados até ao presente, as normas de operação dos canais alteraram-se, bem como a dimensão normal das embarcações. Todos os canais do projecto, mesmo nos casos em que ainda se fazem alguns transportes, estão a passar por uma mudança gradual quanto à função e ao objectivo. Os canais têm estruturas de engenharia interessantes, consideradas importantes para a arqueologia industrial, e também representam um património com importância ambiental e cultural, de valor considerável para o turismo, o lazer e a educação. Estes elementos são frequentemente de manutenção ou restauração muito onerosas. Por exemplo, um dos canais da região da Lombardia, na Itália, inclui componentes concebidos por Leonardo da Vinci, mas parte dele já não é visível, pois vem sendo tapado ao longo dos anos. Todos os canais estão ligados a ecossistemas evoluídos, sendo em parte um elemento do património natural, bem como do património cultural. Vários canais já têm uma função turística importante, incluindo o Canal des Deux Mers, onde a gestão da utilização turística e o impacto do tráfego sobre as margens constitui uma questão fundamental. Os canais continuam a ser um elemento paisagístico importante nas respectivas regiões. As fieiras históricas de árvores ao longo do Canal des Deux Mers encontram-se, em alguns troços, bem preservadas. A consolidação das margens mediante técnicas tradicionais é um aspecto importante dos estudos e do intercâmbio de informações no âmbito do projecto. Os canais são vistos por todas as regiões como factores potencialmente importantes do desenvolvimento económico, sendo encarados por vários parceiros como um possível centro de actividade económica. No caso da British Waterways, há já algum tempo que os canais são objecto de projectos de desenvolvimento comercial. Resta ainda saber se os canais históricos serão ou não importantes para as decisões de localização da indústria, à medida que evoluem numa nova direcção

económica, uma área de investigação que assume uma particular importância para a empresa do canal de Göta. Os parceiros suecos também estão a examinar as opções de propriedade dos canais históricos e o possível envolvimento do sector privado a par, ou mesmo em substituição, do Governo central. Mapa ( _ página) Principais objectivos e actividades O principal objectivo do projecto era “capitalizar o intercâmbio de conhecimentos”. Para isso, cada um dos parceiros designou várias acções que seriam empreendidas por outros parceiros, ou que teriam potencial interesse para acções futuras. Estas acções incluíam estudos das margens dos canais e a formulação de recomendações para a estabilização e gestão das margens, a modelização e a aplicação de instrumentos de vigilância da utilização dos canais, o desenvolvimento de programas de formação do pessoal e estudos sobre o impacto económico dos canais. As reuniões do comité de direcção foram planeadas de modo a que cada região fosse visitada e que cada uma ficasse responsável pela execução de um programa de visitas de campo. Foram organizadas três grandes conferências, abertas a uma ampla audiência internacional. Um segundo objectivo era construir um sistema de informação dedicado e um sistema de arquivos para as vias navegáveis históricas. O parceiro francês liderou esta parte do projecto, tendo iniciado o trabalho de arquivo e identificado um edifício adequado para a localização de um centro de recursos. Outros parceiros trocaram informações relacionados com a gestão dos seus próprios recursos. Um terceiro objectivo era criar e manter uma rede permanente de monitorização e avaliação dos canais históricos. A participação no projecto era encarada como um importante avanço no estabelecimento de um processo de cooperação permanente. O desenvolvimento e o intercâmbio de informações sobre os processos de monitorização foi iniciado como parte integrante do projecto. Estabeleceram-se

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ligações entre as universidades e os serviços de gestão dos canais, que têm sido tradicionalmente responsáveis pela monitorização dos mesmos. O intercâmbio tem especial importância no caso do projecto belga de formação transnacional do pessoal das vias navegáveis que trabalha no terreno, isto é, em contacto com a população que utiliza os recursos. O projecto também envolveu a criação de um centro internacional dos canais históricos em Toulouse, França, que exigiu a contribuição e a colaboração de todos os parceiros TERRA/VEV. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos O principal aspecto inovador do projecto foi a reunião de parceiros efectivamente responsáveis por sistemas territoriais europeus que não se encontram geograficamente ligados, mas que têm semelhanças típicas em cada uma das regiões. Este aspecto também foi alargado ao envolvimento dos parceiros locais no planeamento e gestão efectivas do seu próprio canal. A cooperação entre os parceiros do projecto, provenientes de diferentes regiões europeias, mostrou que o sistema de canais históricos podia ser desenvolvido com alguma uniformidade, sendo as ligações "virtuais" tão importantes, neste caso, como as ligações físicas asseguradas, no sentido mais lato, pela infra-estrutura em si mesma. Foi também demonstrado que os canais podiam ser promovidos como um sistema para fins turísticos, adequado a outras regiões da Europa e fora dela. A British Waterways (RU) comprometeu-se a envolver activamente a comunidade ao longo do canal e a fazer uma recolha da história oral com ele relacionada, que seria depois posta à disposição da comunidade local, a fim de promover o turismo, mas também, juntamente com outras acções comunitárias, para chamar a atenção das comunidades locais para o canal. A British Waterways também consagrou grande atenção à integração cuidadosa da arquitectura moderna e das estruturas de acesso modernas com o património histórico do canal. A Ostergötland, a Västra Götaland (S) e a British Waterways também realizaram inquéritos aos visitantes, a fim de determinarem as razões que levam as pessoas a visitar os canais e quais são as suas expectativas relativamente aos mesmos. Esta será uma base útil para a tomada de decisões de ordenamento, no futuro, nomeadamente quanto à questão de como atrair os turistas de forma sustentável. Os parceiros franceses, para além das várias acções definidas no âmbito do projecto, dedicaram um esforço crescente à mobilização dos pequenos municípios ao longo do canal, de acordo com o "leitmotiv" de reconhecer o canal como um recurso importante. Produtos

Entre os produtos do projecto inclui-se a criação do Centro Internacional dos Canais Históricos em Toulouse, França. Também se previa, em ligação com isto, a recolha de material de arquivo e a criação de uma rede de arquivos europeus. A universidade de Linköping irá desenvolver um sistema permanente de observação e avaliação dos canais históricos, em colaboração com as autoridades encarregadas dos respectivos sistemas. Realizaram-se três conferências internacionais no decurso do projecto. O projecto forneceu uma variedade de instrumentos para a melhoria do aspecto estético do canal, a integração do turismo, a informação e a navegabilidade, bem como para a restauração dos recursos históricos. Foi elaborado material interpretativo a utilizar pelos visitantes. A região da Valónia desenvolveu uma apresentação visual tridimensional que interpreta a utilização das comportas históricas. A região dos Midi Pyrénées preparou campanhas de sensibilização para “a limpeza do canal”. Alguns programas de formação e um manual de formação dos recursos humanos para as diferentes funções, em evolução, do sistema de canais são igualmente um produto do projecto. De um modo geral, os responsáveis pelas acções específicas foram frequentemente capazes de encontrar as respostas para as suas perguntas no âmbito da própria rede. Serão divulgados estudos e relatórios sobre a monitorização da utilização dos canais pelos visitantes, a análise das oportunidades e impactos económicos dos canais e a gestão das suas margens. O projecto também difundirá uma metodologia potencialmente transferível para o desenvolvimento das vias navegáveis históricas. Prevê-se que os países da Europa Oriental sejam clientes potenciais para este produto. Imagem 2 O futuro depois do Programa TERRA O Centro Internacional para as Vias Navegáveis Históricas e o Arquivo Europeu foram concebidos como um centro para a cooperação permanente e a partilha de informações.

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O projecto serviu de catalisador para que alguns dos parceiros examinassem a possibilidade de realizar novas acções de desenvolvimento dos respectivos canais como um recurso económico regional. Os parceiros debateram o futuro envolvimento no novo programa INTERREG II. Avaliação Este projecto é essencialmente constituído por várias acções individuais, realizadas nas diferentes regiões pelos parceiros respectivos, acompanhadas pela partilha de experiências e a transferência de informações. Uma minoria de projectos são especificamente transnacionais quanto à sua execução. A primeira fase do projecto não foi realizada nas condições ideais, devido ao longo período de desenvolvimento de comunicações electrónicas eficazes e a problemas linguísticos manifestos. Contudo, devido a uma crescente sensibilização para os objectivos comuns e ao elevado valor acrescentado proporcionado a todos os parceiros envolvidos pela aprendizagem com a experiência uns dos outros, o projecto encontrou o seu ritmo e desenvolveu produtos sustentáveis. As workshops internacionais, bem preparadas e com grande participação, e as reuniões de grande qualidade e bem concebidas dos comités de direcção e de trabalho, regularmente realizadas com a participação de responsáveis políticos, tornaram-se a força unificadora do projecto. Este também foi apoiado por uma assistência externa técnica e administrativa bem organizada e pela nomeação de um especialista externo profundamente dedicado à execução bem sucedida do projecto e com as capacidades linguísticas necessárias. Contacto Coordenador do Projecto Nome Phillippe Benabarre Organização Conseil Région Midi Pyrénées Endereço 22, Bd du Maréchal Juin F – 31406 Toulouse Cedex 4 França

Tel + 33 561335216 Fax. + 33 561335179 E-mail [email protected]

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Acrónimo do Projecto LORE -

Rede de Observatórios de Ordenamento Local e Regional

Resumo O objectivo do projecto LORE era criar uma estrutura sob a forma de um Observatório de Ordenamento Local. Esta estrutura devia prestar assistência às respectivas autoridades, esclarecendo-as sobre o que estava a acontecer nos seus territórios, sobretudo através do fornecimento da “base de conhecimentos” necessária para conferir coerência a todo o processo de ordenamento local. O projecto considerou o ordenamento como um processo de cooperação social, com uma abordagem ascendente. No ordenamento do território, especialmente em zonas sensíveis como as que participaram no projecto, era necessária uma abordagem integrada. Para que o ordenamento se tornasse eficaz, considerou-se que era necessário um mecanismo (sob a forma de uma estrutura permanente - Observatório) para catalisar e iniciar um processo de aprendizagem a nível local, melhorando assim a coerência do ordenamento, e tornar o ordenamento mais participativo e orientado para as necessidades locais. Informação técnica Orçamento total 2 074 389 euros Contribuição do FEDER 1 140 914 euros Período de execução 31 meses Parceria internacional Coordenador: Autoridade Provincial de Ikaria, Prefeitura de Samos, Grécia. Parceiros: Conselho provincial da 4ª Área da Prefeitura de Iraklion (Messara), Grécia. Conselho provincial da 1ª Área da Prefeitura de Magnesia (Pelion Oriental), Grécia. Município de Alcamo, Sicília, Itália. Município de Ragusa, Sicília, Itália. A estrutura inicial da parceria era constituída por organismos das autoridades locais de todas as regiões. No decurso do projecto, verificaram-se alterações importantes em alguns parceiros, especialmente nas regiões gregas. Algumas alterações foram planeadas tendo em vista uma execução mais flexível e eficiente, recorrendo-se a empresas de desenvolvimento para gerir o projecto. Outras alterações foram resultado da introdução de nova legislação e das eleições locais realizadas na Grécia em Outubro de 1998. A principal unidade de tomada de decisões era o Comité de Direcção, constituído por um representante de cada parceiro, a Unidade de Coordenação Central de Atenas e a Unidade de Coordenação Regional de Palermo. Embora os representantes políticos dos parceiros tomassem decisões no Comité de Direcção, estas eram baseadas nas informações fornecidas pelos peritos técnicos. Estes últimos formavam o Comité de Gestão Técnica. A nível local, cada parceiro nomeou um gestor técnico local e um gestor financeiro local. A nível central, a Unidade Central de Coordenação (UCC) de Atenas era a Unidade Executiva do Comité de Direcção para a gestão de carácter geral. A Unidade de Coordenação Regional (UCR) de Palermo prestou apoio técnico, operacional e científico, aos dois parceiros italianos e colaborou com a UCC de Atenas.

Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial O projecto foi classificado na categoria das zonas ameaçadas de erosão. Os cinco parceiros tinham em comum uma característica geográfica, a da encosta mediterrânica, os terrenos acidentados característicos que se estendem «da costa até à zona montanhosa». A encosta mediterrânica é encarada como uma entidade, como uma característica que não permite desenvolvimentos segmentados ou sectoriais do território, exigindo abordagens e resultados de desenvolvimento integrados. As regiões participantes tinham uma posição territorial sujeita à presença e, muitas vezes, à sombra de uma entidade dominante. A província de Ikaria era a parte mais débil da Prefeitura de Samos. Pelion vivia na sombra da capital do Prefeitura (Volos). Messara era a parte sul, remota e pouco desenvolvida, da Prefeitura de Iraklion e o oposto da parte norte desenvolvida em torno da capital (Iraklion); Alcamo experimentava os efeitos secundários do desenvolvimento de Palermo e Trapani. Ragusa era afectada pelo isolamento da área, à margem da região mais desenvolvida. Mapa ( ¼ página)

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Principais objectivos e actividades Promover um conceito de ordenamento integrador, através de acções-piloto, nas zonas “vulneráveis” dos cinco parceiros. Os parceiros, como entidades geográficas integrais que exigem uma abordagem de desenvolvimento integrada na totalidade da zona marítima mediterrânica. Em especial, todos os parceiros criticavam qualquer abordagem costeira, “horizontal” que não integrasse as zonas montanhosas e semi-montanhosas. Estabelecer Observatórios do Ordenamento Local nas cinco regiões, como uma mecanismo para melhorar a coerência do ordenamento. As zonas pululavam de exemplos de iniciativas de ordenamento mal coordenadas ou mesmo em conflito. O projecto LORE propôs a criação de observatórios locais para contrariar esta fragmentação e incoerência. O objectivo do observatório era fornecer a base de conhecimentos e os instrumentos de monitorização/avaliação necessários para a sustentabilidade dos seus territórios. Criar uma rede de observatórios como um remédio para o isolamento e como um mecanismo de aprendizagem. Os aspectos comuns e as diferenças entre as regiões foram considerados como uma base para o aprofundamento da compreensão dos mecanismos que actuam nesses ambientes “vulneráveis”. O intercâmbio de experiências e a transferência de saber-fazer eram essenciais para alargar os horizontes de cada um dos parceiros, incorporar a dimensão europeia e obter um valor acrescentado. Extrair conclusões das observações a nível local, para ajudar a formular orientações para as autoridades locais/regionais/nacionais e para a UE. A comparação das experiências de execução do projecto entre os cinco parceiros proporcionou informações valiosas sobre a variedade de problemas de sustentabilidade que as diferentes partes das regiões marítimas mediterrânicas têm de enfrentar e sobre as condições necessárias para o funcionamento de um observatório local. Imagem 1

Um processo inovador: desenvolvimento de uma parceria local e do envolvimento dos cidadãos As características comuns e o entendimento comum dos parceiros quanto ao desenvolvimento sustentável no contexto mediterrânico, foram considerados como uma base sólida para o estabelecimento de uma rede mutuamente benéfica, destinada a observar a mudança das condições locais e a evolução das percepções locais. Além disso, todos compreenderam que a entrada num tal projecto envolvia um processo de aprendizagem contínua: este era o objectivo mais essencial e o elemento inovador do projecto. Os cinco parceiros enfrentaram uma dificuldade especial, quer como entidades recém-criadas que necessitavam de compreender e tentar implementar as suas novas competências de ordenamento, quer por se verem forçados, devido à ineficiência geral, a tomarem eles próprios as iniciativas. Reconheceram que não tinham o “saber-fazer” necessário para lidar com as suas regiões tão vulneráveis. Daí o seu grande desejo por que fossem efectuados estudos, para entenderem melhor a situação e a forma de incorporarem as sociedades locais no ordenamento. Sentiam a necessidade de seguir uma abordagem não tecnocrática no envolvimento dos interesses locais e da dinâmica social no ordenamento. O próprio ordenamento foi entendido como um programa a longo prazo e como um produto de um consenso local de um acordo territorial local. Os estudos inovadores e as aplicações-piloto eram uma necessidade por todos sentida, tendo em vista inverter as vulnerabilidades e provar que uma política de desenvolvimento local sustentável é na verdade possível. Estes estudos e aplicações-piloto tinham dois objectivos, nas cinco regiões: desenvolver meios genuínos para abordar os problemas e criar formas inovadoras de resolver os problemas locais. Produtos Coordenação e apoio à acção comum principal: o desenvolvimento e funcionamento dos observatórios. O desenvolvimento do conceito de observatório LORE, em constante interacção com a experiência real dos observatórios locais. O desenvolvimento de uma infra-estrutura técnica de comunicações.

A coordenação das acções de divulgação realizadas a nível local, bem como a divulgação mais geral dos instrumentos e eventos, a nível de todo o projecto. A principal acção concreta comum dos parceiros LORE foi a criação de observatórios locais que deverão contribuir a longo prazo para a construção gradual de uma nova prática de ordenamento a nível local. Os observatórios deverão evoluir e dar lugar a um mecanismo de coordenação e monitorização do desenvolvimento territorial, nas mãos das autoridades locais e de outros actores locais. As acções locais constituíram o centro da abordagem ascendente do projecto LORE e a razão de ser da rede

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de observatórios. Entre elas, incluíam-se: estudos, experiências-piloto ou iniciativas de desenvolvimento e planos de desenvolvimento coerentes, baseados na integração das experiências-piloto. Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do programa TERRA A estrutura de gestão estabelecida e a comunicação entre parceiros foram indicações claras de que o projecto era sustentável no futuro. Todos os parceiros manifestaram a sua vontade de apoiar e expandir a rede. Isto dependerá de dois factores principais: do êxito do próprio projecto LORE; da disponibilidade de fundos adicionais, quer dos organismos locais, quer de grupos de utilizadores, ou ainda da União Europeia. Se os observatórios locais provarem ter uma utilidade especial no seu contexto local, a necessidade da rede de observatórios ficará patente. Avaliação O projecto LORE foi uma experiência de aprendizagem extraordinária para todos os parceiros, bem como para os peritos técnicos. A falta de infra-estruturas tecnológica e o grau de experiência muito limitado tornou a fase inicial muito complicada. A

maioria dos parceiros mostrou-se algo cautelosa relativamente aos termos e condições da sua cooperação. A nomeação de pessoal técnico e de gestão adequado, tanto a nível local como a nível central, foi outra questão importante. O projecto sofreu vários atrasos, principalmente causados pela confusão quanto às funções e responsabilidades precisas dos peritos envolvidos na coordenação e a relação destes peritos com os parceiros. A apresentação de planos de trabalho por parte de todos os parceiros e a elaboração de um Plano de Trabalho Estratégico revisto para o projecto LORE no seu conjunto ajudou a restaurar a confiança de todos e criou condições para progredir. A pronta aplicação das decisões do Comité de Direcção por parte do coordenador do projecto foi outro desenvolvimento positivo. Em conclusão, o projecto LORE adquiriu um tal ímpeto que as suas perspectivas parecem ser muito promissoras.

Contacto Coordenador de projecto Nome: Elias Yanniris Th.MavrogeorSIG Organização: Central Co-ordination Unit Endereço 108 Zoodochou PiSIG Str Neapoli GR 11473 Athens Greece Tel: + 30 1 3306740 Fax: + 30 1 8219855 e-mails [email protected] [email protected]

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Acrónimo do Projecto: EUROGISE -

Sistemas SIG nos procedimentos de ordenamento do território

Resumo O projecto EUROGISE pretendia identificar e desenvolver os meios que possibilitassem a utilização da tecnologia SIG na assistência ao ordenamento do território numa perspectiva europeia. Baseou-se no papel que o SIG está já reconhecidamente a desempenhar nas administrações públicas, no armazenamento, recuperação, análise e publicação de informações. Contudo, os diferentes sistemas SIG foram desenvolvidos para fins específicos e, por isso, as informações não podem ser partilhadas de forma eficiente entre eles. O projecto propôs-se integrar estes sistemas e bases de dados, bem como reforçar o papel deste instrumento para efeitos de ordenamento do território. Foi aprovado ao abrigo do programa TERRA para ser desenvolvido em três anos, até finais de 2000.

Informação técnica Orçamento total 3 912 600 euros Contribuição do FEDER 1 853 800 euros Período de execução 42 meses

Parceria internacional Coordenador: Equipa do SIG de Fort-Valley (RU): Organismo misto que prestava serviços SIG a três autoridades vizinhas: os municípios de Stirling, Falkirk e Clackmannanshire. Parceiros: Câmara Municipal de Tampere (F): autoridade municipal mista financiada por 35 municípios obrigatoriamente participantes. Município de Stavroupolis (G): um dos 13 municípios da província de Salónica, Município de Liverpool (RU): a autoridade unitária que assegura toda a gama de serviços locais desde a educação ao ordenamento, Governo regional de Limburg (N), West Ireland European Liason-NASC (Ir): um consórcio de autoridades locais e organismos públicos (municípios de Cork, Donegal Galway, Kerry e Mayo, Câmara Municipal de Galway, Údarás na Gaeltachta (autoridade de desenvolvimento regional para a região de língua irlandesa) e University College de Galway. Os antecedentes da aplicação do SIG variavam grandemente de uns parceiros para outros. O coordenador - equipe de SIG de Fort Valley - já tinha uma experiência substancial no desenvolvimento de um sistema de informação geográfica colectivo; Limburg foi uma das primeiras autoridades locais dos Países Baixos a utilizar a tecnologia SIG, a partir de 1987; Liverpool também estava bastante evoluída na utilização do SIG na investigação, nos serviços de informação, no apoio à tomada de decisões, no planeamento e na avaliação; a Câmara Municipal de Tampere já tinha uma experiência significativa de utilização do SIG no planeamento das utilizações do solo e na análise estrutural, sendo oficialmente responsável pelo ordenamento físico e regional; os parceiros do NASC contribuíram com uma experiência considerável em matéria de ordenamento do território e, juntamente com o município de Stavroupolis, foram os dois parceiros que tentaram aplicar o SIG no âmbito do projecto.

Os parceiros uniram-se através de diferentes contactos prévios e estavam cientes das dificuldades que uma rede tão ampla envolvia. Acordaram num conjunto de protocolos bem definidos para assegurar uma gestão eficaz da proposta de projecto. Características territoriais da região envolvida ou O contexto territorial O projecto foi apresentado e finalmente classificado na categoria das zonas rurais. De facto, quatro dos seis parceiros pertencem a zonas ou regiões rurais com dificuldades de acesso ou de comunicação. No entanto, a parceria incluiu desde o início duas cidades muito densamente povoadas: Liverpool e Stavroupolis. Estas duas cidades foram consideradas como uma vantagem na tentativa de abordar as relações entre as zonas urbanas e rurais. Além disso, muitos parceiros partilhavam características ambientais específicas, tais como serem zonas costeiras, com recursos naturais e culturais em perigo ou afectados pela erosão e o risco de incêndios. Em suma, a diversidade dos parceiros era um aspecto valioso, indo desde pequenas autarquias locais com uma população de 40 000 habitantes até autoridades de ordenamento regional ao serviço de mais de 1,1 milhões de habitantes. Mapa ( ¼ página)

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Principais objectivos e actividades Adoptar uma abordagem integrada de ordenamento do território através do envolvimento de todos os departamentos no processo de ordenamento. Deviam ser usados sistemas de informação geográfica para desenvolver “pontos de acesso únicos à informação” a preços acessíveis, a fim de facilitar a tomada de decisões. Desenvolver a utilização da tecnologia SIG como instrumento de assistência à gestão estratégica e colectiva. A abordagem integrada multi-sectorial deveria ajudar a reforçar a coesão económica e social, e encorajar o desenvolvimento sustentável. Demonstrar os benefícios positivos e mensuráveis obtidos por todos os parceiros ao longo da duração do projecto, tanto em termos de uma melhor prestação de serviços como de gestão da informação. Conceber novos elos de comunicação e reforçar os existentes entre os parceiros no projecto. Isso deveria resultar na adopção de abordagens de ordenamento semelhantes. Em conformidade com estes objectivos, o projecto foi estruturado em seis grandes temas comuns, cada um deles liderado por um parceiro, de acordo com as suas competências e interesses, embora todos eles participassem. Imagem 1 Incluir o gráfico com as acções. Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos Um aspecto inovador do projecto era a estrutura e a coordenação do programa de trabalho. Embora, no início, existissem produtos e acções específicos de cada parceiro, a equipa definiu posteriormente seis temas de investigação e produtos comuns. O relatório estratégico apresentado em 1998 foi uma prova sólida desses progressos e uma referência para os projectos futuros. O projecto desenvolveu uma verdadeira parceria, em que a maioria dos parceiros manteve

contactos estreitos e frequentes e produziu resultados comuns. O relatório estratégico EUROGISE apontou os seguintes benefícios do projecto e do processo, no seu conjunto: • A incorporação de informações provenientes de

muitos sectores num modelo/instrumento integrado de ordenamento do território

• Ganhos de eficiência e eficácia na prestação dos serviços

• Melhorias qualitativas e quantitativas da informação

• Um processo de tomada de decisões melhor e mais bem informado

• Elos de comunicação transnacionais mais fortes na parceria e com a Comissão Europeia

• Aquisição de competências SIG e de ordenamento do território e utilização optimizada da tecnologia SIG

• Utilização da tecnologia SIG como um instrumento de planeamento que apoia o ordenamento do território local e regional, em associação com outros organismos e organizações locais.

O projecto EUROGISE ocupou-se principalmente das questões técnicas SIG, desde a gestão dos dados à implementação do sistema numa organização. O entendimento e o consenso sobre estas questões foi o seu contributo frutuoso para o programa TERRA. Produtos A perícia do grupo do projecto em matéria de SIG foi reconhecida pelos outros grupos, tendo sido estabelecidos muitos contactos informais com outros grupos TERRA, o que contribuiu para o objectivo de transferabilidade do programa. Os parceiros NASC e Limburg organizaram duas workshops internacionais, para além da participação do projecto em todos os eventos do programa TERRA. Mais especificamente, o projecto tentou produzir, para além das aplicações de cada parceiro, um conjunto de relatórios. Estes deveriam assentar nas experiências trocadas e na investigação no âmbito do projecto, procurando ser plenamente transferíveis para outros projectos. Em suma, e para cada tema comum, os principais relatórios previstos eram os seguintes: 1. Gestão de Dados SIG: Relatório sobre a

Estratégia de Divulgação, que deveria incluir um documento “Guia de melhores práticas”

2. Meta-dados: “Guia de melhores práticas” sobre a introdução e a utilização de meta-dados

3. SIG “Desktop”: Projecto de um SIG para computadores de escritório para efeitos de ordenamento do território.

4. Monitorização dos Fundos Estruturais: “Guia de melhores práticas” sobre os métodos de monitorização dos Fundos Estruturais baseados no SIG.

5. Iniciativas multi-sectoriais de ordenamento do território: Relatório sobre a estratégia de divulgação, relativo à distribuição do guia de melhores práticas.

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6. Introdução do SIG numa organização: “Guia de Melhores Práticas” sobre a introdução do SIG numa organização.

Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do programa TERRA As acções estavam tão bem enraizadas em cada zona, que permitiram pensar que seriam apoiadas posteriormente. De facto, todos os parceiros EUROGISE realizaram as suas próprias intervenções de acordo com o mandato político. Além disso, as acções temáticas comuns criaram mais expectativas e maiores benefícios. A rede EUROGISE pareceu ter alcançado um estatuto consolidado e os parceiros, tanto global como individualmente, pretendem continuar o trabalho conjunto em futuros projectos europeus. Avaliação

A competência técnica dos parceiros e gestão forte e eficaz tornaram o projecto EUROGISE uma referência fundamental na definição de linhas de orientação para o futuro. Este facto foi especialmente notável na medida em que, ao longo do desenvolvimento do programa, se reconheceu que o SIG era cada vez mais crucial para o ordenamento do território. Embora a diversidade inicialmente existente entre os parceiros não fosse totalmente ultrapassada e se constatassem diferentes velocidades e progressos no seio da rede, todos eles funcionaram como uma verdadeira rede e forneceram produtos comuns. Em contrapartida, o trabalho do EUROGISE em matéria de SIG permaneceu principalmente na fase técnica e, por isso, o envolvimento local e político desempenhou um papel menor do que noutros projectos mais orientados para o desenvolvimento.

Contacto Coordenador de projecto Nome Gavin Keith Organização Fort Valley SIG Endereço Viewforth, Stirling FK8 2ET Scotland, UK Tel. + 44 1786 442785 Fax + 44 1786 443023 e-mail : [email protected] Website: http://www.EUROGISE.org/

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Acrónimo do Projecto: DIAS -

Acções de ordenamento do território para a gestão e o desenvolvimento do património natural e cultural das zonas montanhosas do centro e sul de Creta.

Resumo O projecto DIAS ocupou-se de acções de ordenamento do território com principal destaque para a protecção, a gestão e a promoção do ambiente natural e do património cultural de zonas com características e problemas comuns. Deste modo, o projecto propôs estratégias de desenvolvimento para certas zonas montanhosas e costeiras mediterrânicas, com grandes valores ambientais e culturais sujeitos a um risco elevado devido às pressões humanas. Informação técnica Orçamento total 3 600 000 euros Contribuição do FEDER 1 980 000 euros Período de execução 36 meses

Parceria internacional Coordenador: Autoridade Regional de Creta, ROC, (GR): administração regional de Creta; Parceiros: Câmara Municipal de Callosa d’en Sarrià (E): a autoridade urbana unitária, Município de Siracusa (I): autoridade urbana unitária. Entre as outras autoridades e organizações locais participantes do lado de Creta incluíam-se 16 municípios, a Universidade de Creta (UC), o Instituto de Biologia Marinha de Creta (IMBC), a Organização para o Desenvolvimento da Creta Oriental (OANAK), o Centro do Desenvolvimento do Mylopotamos Montanhoso (AKOMM) e a Organização para o Desenvolvimento de Setia (OAS). A rede DIAS passou por um processo complexo antes de ser constituída. A Região de Creta formou inicialmente a rede com o município de Siracusa como observador. A rede actual foi constituída depois de a Comissão ter sugerido à rede inicial que aceitasse o município de Callosa d’en Sarrià e da integração do parceiro de Siracusa como membro efectivo. As semelhanças entre os três parceiros ajudaram-nos a familiarizar-se com o projecto e facilitaram a descoberta de estruturas comuns para avançar com o trabalho. Contudo, as origens da rede colocaram vários problemas aos parceiros, tendo sido necessária compreensão da sua parte para conseguirem atravessar alguns períodos conturbados e superar uma repartição do orçamento desequilibrada entre os três parceiros. Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial O projecto foi apresentado na categoria das zonas montanhosas com património natural e cultural

ameaçado, tendo sido finalmente classificada, depois de aprovada, na categoria das zonas rurais. Além da sua diversidade administrativa, as três zonas, localizadas na bacia do Mediterrâneo, possuem muitas semelhanças, inclusive geográficas e naturais, e muitos aspectos sociais, históricos e culturais comuns devido aos estreitos laços mantidos no passado . Além disso, foram identificados muitos pontos fracos comuns, tais como a perda de população (principalmente na Grécia), um impacto humano descontrolado que afecta a utilização dos solos, a falta de protecção do ambiente e a baixa qualidade dos serviços turísticos, entre outras. Apesar destas parecenças, as três zonas eram muito diferentes quanto à dimensão e à competência política. A zona de Creta inclui o sul e centro da ilha, numa superfície de 1 800 km2, 16 organizações autárquicas e 64 319 habitantes. Os outros dois parceiros correspondem a municípios únicos, o de Callosa d’en Sarria, com 36 km2 e 6 327 habitantes, e a Região Municipal de Siracusa, com 750 km2 e 125 500 habitantes. Mapa ( ¼ página)

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Principais objectivos e actividades Estes envolviam: - Incentivo a que as partes apoiassem o desenvolvimento de uma nova percepção do ordenamento do território, no quadro das políticas da Comunidade Europeia. - Redução da degradação, a garantia de conservação e a prevenção de catástrofes futuras em zonas naturais e locais históricos em perigo. - aquisição de experiência na utilização do SIG em matéria de ordenamento do território, protecção do ambiente e dos locais de interesse cultural. - desenvolvimento de novas estratégias de gestão para a promoção do turismo ecológico e cultural. - contribuição para o equilíbrio das desigualdades entre as diversas zonas da União Europeia e o reforço da coesão europeia. - sensibilização do público, informação e envolvimento dos responsáveis políticos, divulgação dos resultados e documentação da transferabilidade dos resultados do projecto TERRA-DIAS. Em conformidade com estes objectivos, o projecto organizou as diferentes acções em cinco Planos Estratégicos: Plano Estratégico I: Observatório DIAS Territorial e

Ambiental (Coordenado por Creta) Plano Estratégico II: Protecção e Promoção

Simultâneas do Património Natural Mediterrânico nos países da União Europeia (Coordenado por Callosa)

Plano Estratégico III: Reabilitação de monumentos e povoados tradicionais (Coordenado por Creta)

Plano Estratégico IV: Turismo Eco-Cultural (Coordenado por Siracusa)

Plano Estratégico V: Promoção, sensibilização do público e divulgação do projecto TERRA-DIAS (coordenado por Creta).

Imagem 1 Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos O programa constituiu, para os parceiros envolvidos no projecto, um apoio relevante na execução das suas próprias políticas. Umas vezes, porque tinham uma experiência limitada em matéria de cooperação internacional e acesso directo aos programas europeus, outras vezes porque dispunham de recursos limitados para abordar de forma adequada as questões de ordenamento do território, tendo em conta as necessidades e a sensibilidade do espaço afectado. Nesta perspectiva, a organização destas três áreas e

administrações públicas diferentes constituiu um êxito em si mesma. O objectivo de um plano director para a criação do Grupo de Interesses Económicos Europeu DIAS (GIEE) foi um exemplo deste empenhamento em cooperar a nível internacional. Além disso, iniciou-se em todas as zonas uma evolução no sentido de processos mais participativos. Deste modo, houve um único plano estratégico dedicado às tarefas de divulgação e sensibilização. Estas acções assumiram, umas vezes, a forma de campanhas ambientais gerais visando aumentar a atenção dada ao ambiente. Outras foram mais longe, procurando facilitar o acesso às informações e tornar o processo de ordenamento do território mais transparente. A experiência existente, neste domínio, nos países do sul, era reduzida, pelo que não são de negligenciar os mais pequenos progressos na consecução deste objectivo. Produtos Os produtos do projecto DIAS estavam ligados a cada um dos planos estratégicos. No âmbito de cada um deles, os parceiros conceberam as suas próprias acções, envolvendo a criação de uma cartografia de base, equipamentos das tecnologias da informação para fazer face às tarefas de desenvolvimento do observatório de ordenamento do território, muitos estudos diferentes ou infra-estruturas específicas, como a remodelação de edifícios, o arranjo de espaços naturais. O desejo de alcançar resultados concretos fez com que concentrassem a suas intervenções num número de sítios limitado. Isto foi particularmente relevante no caso de Creta, devido à grande escala do território envolvido. As acções realizadas a nível individual deveriam terminar com um exercício global de comparação dos resultados e de formulação de recomendações para desenvolvimentos futuros. O Plano Estratégico IV visava obter, à partida, um único produto para as três regiões: a criação de um consórcio internacional para o desenvolvimento do turismo. Contudo, os diferentes graus dessa organização a nível local levaram à conclusão de que não era possível garantir o pleno desenvolvimento da organização internacional no espaço de tempo do projecto.

Imagem 2 Planos futuros ou o futuro depois do programa TERRA O projecto enfrentou algumas dificuldades de diversos tipos que o impediram de obter o ritmo necessário. Durante o período de execução, os três parceiros

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enfrentaram eleições políticas, que causaram alguns atrasos. Além disso, Creta passou por uma reorganização total da administração local. Devido a estas dificuldades e aos recursos limitados de municípios tão pequenos como Callosa, houve alguma incerteza relativamente ao financiamento futuro embora existisse vontade de continuar as acções actuais. Internacionalmente, os três parceiros declararam a sua vontade de continuar a colaborar futuramente em novos programas europeus, alargando inclusivamente a parceria de forma a torná-la uma verdadeira rede mediterrânica. Avaliação O projecto DIAS partilhou muitas das preocupações abordadas por outros projectos que abarcavam espaços europeus semelhantes. As zonas em apreço tinham falta de infra-estruturas tecnológicas, uma experiência limitada e recursos restritos para fazer face às necessidades sociais. Com estes constrangimentos no terreno, uma boa parte do orçamento do projecto teve de ser dedicado à criação desta base, que noutras zonas já existia. Estas dificuldades estavam frequentemente ligadas a outros constrangimentos de gestão, e o projecto também enfrentou problemas deste tipo.

O controlo político sobre o projecto foi mais forte, neste caso, do que noutros projecto de carácter mais técnicos. Embora isto revelasse um empenhamento político, no plano concreto levou a que qualquer decisão exigisse um tempo considerável, além de atrasar a criação de consensos. Tudo isto resultou em atrasos sucessivos e numa incapacidade de cumprir os prazos. Finalmente, para além das acções concretas, a principal realização deste tipo de projectos é o entendimento comum que obtêm depois deste primeiro esforço e as lições gerais que se extraem sobre a complexidade da organização política. Contacto Coordenador do projecto Nome: Dr. Kostas Strataridakis Organização: Regional Autority of Crete – TERRA Office Endereço: Roussou Hourdou & Zografou, 1, 5th floor P.O. BOX 1348 GR – 71201 Heraklion Grécia Tel. + 30 81 344 299 Fa x + 30 81 341 066 e-mail: [email protected]

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Acrónimo do Projecto: SRUNA -

Recursos naturais e ordenamento sustentável

Resumo O projecto teve como objecto o estudo e o desenvolvimento de recursos naturais recreativos actualmente ameaçados, no interior e na área metropolitana de Dublin, Irlanda, e na região de Skane, no Sul da Suécia. A área do projecto incluía as regiões de Dublin e Mid-East, na costa Leste da Irlanda, a região de Skane e a cidade de Malmo, na Suécia. Cada autoridade local irlandesa demonstrou um novo método de ordenamento, tendo em vista a sustentabilidade e a Agenda 21 Local. Os parceiros irlandeses também elaboraram um inventário dos recursos naturais, recorrendo para isso ao SIG e a indicadores de sustentabilidade. O parceiro transnacional do projecto é Skäne, na Suécia, que utilizou a mesma metodologia de gestão do ambiente numa zona de dunas de areia naturais e organizou círculos de estudo no seu país, como método de participação do público. O intercâmbio de experiências concentrou-se na aplicação da Agenda 21 Local em Skäne e na região de Dublin, e no intercâmbio de peritos em matéria de gestão dos recursos naturais entre as duas regiões.

Informação técnica Orçamento total 2 164 480 euros Contribuição do FEDER 1 190 464 euros Período de execução 40 meses Parceria internacional A Autoridade Regional de Dublin (IR) é a autoridade que coordena e gere o projecto. Tem poderes para rever os planos de desenvolvimento das autoridades de ordenamento que afectem a região, incluindo a gestão do ambiente, o ordenamento e o fornecimento de recursos recreativos. A Autoridade Regional de Dublin deve ter em conta a necessidade de coordenação entre toda a Área Metropolitana de Dublin e o interior, bem como as medidas para promover essa coordenação. O projecto SRUNA proporcionou a oportunidade de fazer essa coordenação relativamente a uma questão de importância regional estratégica. O parceiro transnacional do projecto é o Kommonforbundet Skäne, (SV). Este organismo consiste numa associação de voluntários das 33 autoridades locais da região de Skäne, no sul da Suécia. As autoridades locais da Suécia são responsáveis pelo ordenamento do seu território. A rede teve origem em contactos efectuados pela Autoridade Regional de Dublin, que elaborou a proposta inicial, convidando duas outras instituições europeias para participar no projecto como observadores: a Câmara Municipal do Porto (PO) e a Associação das Autoridades Locais de Skäne (SV). O primeiro organismo, depois de uma primeira resposta positiva, nunca se comprometeu com o projecto, deixando por conseguinte a parceria apenas com dois membros.

Para reforçar o carácter transnacional do projecto, Skäne adoptou um papel mais activo, realizando projectos-piloto e desenvolvendo uma rede conjunta da Agenda 21 entre Skane e a Irlanda. A organização do projecto era assegurada pelo Director Técnico e três comités diferentes (de direcção, de monitorização e dos grupos técnicos), com representantes não só das autoridades locais e regionais envolvidas no projecto, mas também de outras instituições encarregadas da avaliação interna do projecto. O Comité de Monitorização, com representantes de grupos de interesses muito diversos e dos outros comités do projecto SRUNA, acompanhou a execução do projecto. O programa de trabalho previa onze tarefas. A Autoridade Regional de Dublin, como líder do projecto, assumiu as tarefas de gestão e divulgação. A Câmara Municipal do Sul de Dublin geriu o trabalho relativo aos recursos naturais recreativos. A associação de municípios de Dublin assegurou a coordenação dos projectos-piloto, com a assistência da Câmara Municipal de Dun Laoghaire Rathdown. Esta foi uma demonstração de um novo método de ordenamento local, que aborda as questões económicas, ambientais e de sustentabilidade social num processo de participação ascendente, com os actores locais. O projecto apresentou um enquadramento muito bom para a integração das questões ambientais e de desenvolvimento sustentável como um elemento crucial para o desenvolvimento das regiões. A implementação e utilização adequada dos resultados do projecto para melhorar a utilização sustentável dos recursos naturais das zonas em causa produziu vantagens competitivas sociais e económicas.

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Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial A região de Dublin e de Mid-East (DMER) é uma região urbana com um rico património natural e cultural, que constitui um importante recurso para a população e para o sector turístico. A zona DMER é a principal zona de crescimento da Irlanda. O aumento da população nesta zona criou dificuldades sem precedentes, particularmente em termos de pressão sobre os recursos naturais recreativos, principalmente nas zonas costeiras próximas. Os recursos naturais de valor recreativo estão disseminados por toda a zona DMER, sendo muitos destes recursos também significativos em termos do seu valor económico e ecológico. Os principais recursos naturais de valor recreativo, para efeitos deste projecto, encontram-se classificados em três tipos: zonas costeiras, paisagens pitorescas e cursos de água. A zona sueca abrangida pelo projecto é a mais densamente povoada do país, com quase 3 milhões de habitantes. A região de Skäne está a realizar um processo de aplicação da Agenda 21 Local estreitamente relacionado com a grave pressão que o seu património natural irá sofrer (principalmente no litoral) devido à nova ponte de Oresund, que está a ser construída entre Copenhaga e Malmo. Essa ponte irá aumentar significativamente o número de visitantes e turistas que acorrem à região, constituindo um elemento crucial para o desenvolvimento económico da zona, mas expondo igualmente os recursos ambientais da região de Skane a uma grave ameaça. Mapa ( ¼ página) Principais objectivos e actividades O principal objectivo do projecto era adquirir conhecimentos sobre o ordenamento, tendo em vista a sustentabilidade local, através da realização de uma série de projectos-piloto, que analisam a recreação sustentável nas zonas de recursos naturais situadas

nas proximidades de regiões urbanas de grandes dimensões e em crescimento. O projecto SRUNA pretendia demonstrar os métodos de integração do ordenamento do território e da sustentabilidade aos níveis local e regional. Isto foi feito através de uma abordagem específica dos aspectos ambientais, económicos e de equidade social da sustentabilidade, num processo de participação ascendente, com os actores locais. Na Irlanda, oito projectos-piloto realizados pelas associações de municípios e a Junta Irlandesa das Florestas formularam estratégias de utilização recreativa sustentável para oito tipos diferentes de recursos naturais, nas zonas do interior próximas da cidade de Dublin. Na Suécia, também foram executados dois projectos-piloto. O primeiro analisou a participação do público no desenvolvimento de um sistema de gestão do ambiente destinado a uma indústria turística local. O segundo projecto-piloto analisou a utilização de círculos de estudo como método de participação do público no desenvolvimento de um plano de gestão para um novo parque nacional. O projecto visava demonstrar os benefícios de um ordenamento que tenha em conta o ambiente como instrumento crucial para o desenvolvimento económico sustentável da região (desenvolvimento dos Recursos Naturais Recreativos). Emergiram deste projecto algumas boas práticas de cooperação local, podendo os seus resultados ser transferíveis para outras regiões irlandesas. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolver a parceria local e o envolvimento dos cidadãos O projecto SRUNA abordou diversas questões relativas à sustentabilidade, incluindo a participação ascendente no ordenamento local, a incorporação da sustentabilidade social e económica no ordenamento local e a utilização de indicadores de sustentabilidade significativos para a comunidade. O processo aplicado pelo projecto SRUNA baseava-se no Capítulo 23 da Agenda 21 da Cimeira da Terra (CNUAD) de 1992 e nos princípios de sustentabilidade apresentados no Relatório Brundtland e no 5º Programa de Acção em matéria de Ambiente. A aplicação deste processo envolveu directamente a maioria dos actores das zonas abrangidas pelos projectos-piloto e constituiu uma nova experiência para as autoridades públicas, bem como para os cidadãos envolvidos, que nunca tinham interagido desta forma. O interesse suscitado por este exercício permitiu apresentar os resultados em vários seminários e workshops realizados em Dublin e Skäne, com uma ampla participação e assistência de

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todos os níveis da sociedade (desde as instituições a nível nacional, até às organizações de todos os tipos e aos cidadãos). Um importante valor acrescentado do projecto foi o amplo envolvimento do público no processo de aplicação da Agenda 21 (comunidades locais, actores sociais, organizações, ONG, autoridades locais e regionais, utilizadores dos recursos naturais, etc.). As comunidades foram convidadas a partilhar as responsabilidades em matéria de sustentabilidade com as autoridades municipais e regionais. Isto levou à promoção da integração das políticas verticais e horizontais de ordenamento do território. Produtos Entre os resultados e produtos, figuram um inventário sobre os recursos naturais recreativos, alguns estudos e uma análise do novo método de ordenamento local favorável à sustentabilidade utilizado nos projectos-piloto na Irlanda e na Suécia. Também foram produzidas orientações sobre as melhores práticas e métodos de planeamento da sustentabilidade a nível local. Houve um importante intercâmbio de experiências de elevado valor entre as regiões em causa. Também foi publicado um relatório sobre a Utilidade dos Indicadores de Sustentabilidade para o Ordenamento do Território Regional e Local, tendo sido analisada a adequabilidade dos indicadores de sustentabilidade para uma mais ampla aplicação. Um outro relatório publicado debruçava-se sobre as necessidades recreativas dos grupos excluídos nas grandes áreas metropolitanas. Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do programa TERRA Os resultados do projecto SRUNA, os seus produtos e metodologia, são transferíveis para outras regiões irlandesas. O projecto SRUNA está a procurar alargar o seu âmbito geográfico de aplicação e transferir a sua metodologia e experiência para outras regiões da Irlanda. O projecto produziu uma série de relatórios exemplares contendo orientações de boas práticas para um ordenamento sustentável do território e a utilização de indicadores para os recursos naturais da Europa. A experiência sueca da Agenda 21 foi extremamente valiosa para o projecto. Foi constituída uma rede de funcionários da Agenda 21 que trabalham nas autoridades locais e regionais irlandesas e suecas para continuar a partilhar experiências sobre as questões de sustentabilidade ambiental e os métodos de participação.

A experiência obtida ao longo do processo de dois anos foi muito positiva, pelo que a parceria com Skäne irá continuar provavelmente e a rede poderá ser alargada a novos membros que queiram aplicar a sua metodologia inovadora. Avaliação O impacto do projecto nas comunidades envolvidas foi muito positivo no tocante ao aspecto da inclusão social e aos processos de participação da comunidade, que têm tido lugar desde o Verão de 1998. As comunidades foram preparadas para participar e partilhar as responsabilidades pela gestão sustentável dos recursos naturais e culturais. Uma das principais experiências do projecto diz respeito ao facto de ser necessário um longo espaço de tempo para este tipo de projecto participativo e inovador. Os funcionários e as comunidades necessitam de compreender os processos envolvidos e de serem guiados nas abordagens de participação ascendente, mesmo que o pessoal da autoridade local se tenha mostrado muito entusiástico a respeito do projecto. É muito difícil fixar prazos para os progressos em processos com a participação do público. Cada projecto-piloto tem um processo de participação diferente, com problemas, comunidades, histórias, pessoal e estilos das autoridades locais diferentes. Houve uma importante aprendizagem a respeito da natureza e das técnicas da participação ascendente. Os projectos-piloto aumentaram a sensibilização para as questões da sustentabilidade nas comunidades locais e noutros grupos de actores sociais. A participação dos socialmente excluídos nos projectos-piloto constituiu uma experiência de aprendizagem importante. É evidentemente necessário identificar os diversos grupos de excluídos, devendo os processos de participação ser concebidos de forma a adaptar-se às suas características. Os concursos de arte e outros projectos levados a cabo nas escolas conseguiram despertar o interesse das crianças das escolas primárias e seus pais. Os grupos de parceria social mostraram-se dispostos para participar nos processos. O projecto SRUNA começou a extrair ensinamentos e melhores práticas dos projectos a partir de Janeiro de 2000 e os projectos-piloto continuarão a produzir estratégias recreativas sustentáveis. Uma das principais lições é a de que, para o verdadeiro poder ser devolvido aos actores locais, não é possível impor um prazo ao processo, a partir do exterior. Contacto Coordenador do Projecto Nome Organização Endereço

Frank O´Gallachoir Dublin Regional Authority 7 North Great George´s Street Dublin 2, Ireland

Tel. Fax. E-mail Website

+353 1 8788900 +351 1 8788971 [email protected] http://www.dra.ie/sruna

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Acrónimo do Projecto:

TERRA INCOGNITA -

A integração da herança cultural na estratégia de ordenamento do território

Resumo O objectivo geral do projecto era desenvolver uma metodologia geral de carácter demonstrativo, a fim de estabelecer um modelo de ordenamento do território que integre a gestão do património arquitectónico e permita a sua conservação mediante uma estratégia de desenvolvimento sustentável. O projecto desenvolveu uma nova metodologia de conservação e gestão dos recursos culturais baseada no conceito de “Território-Museu”. O projecto baseou-se numa estratégia de análise e planeamento de acções referentes à utilização sustentável do património cultural e à gestão e promoção económica do território, de acções de informação sobre o território como museu, de interpretação do património cultural, de desenvolvimento de infra-estruturas básicas para as zonas em causa e de medidas de conservação dos recursos culturais.

Informação técnica Orçamento total 2 705 823 euros Contribuição do FEDER 1 162 615 euros Período de execução 36 meses Parceria internacional A Câmara Municipal de Alghero (Sardenha, Itália) foi o parceiro que liderou o projecto e possui competências legais em matéria de ordenamento do território do território e de gestão dos sítios arqueológicos. Os parceiros do projecto eram outras quatro administrações públicas da Espanha: duas na região da Catalunha (o Consell comarcal del Garraf e a Câmara Municipal de Peralada) e dois na região de Aragão (Mancomunidad de las Altas Cinco Villas y Mancomunidad de Somontano de Barbastro). As duas últimas eram instituições intermunicipais e também são apoiadas por outros organismos locais (Centro de Desarrollo del Somontano e Cider Prepirineo, criados ao abrigo da iniciativa LEADER) . A “comarca” é uma entidade territorial e administrativa autónoma que detém, na Catalunha, competências, no mínimo, para as questões seguintes: ordenamento do território e ordenamento urbano, serviços sociais, cultura, desportos, educação, ambiente e saúde pública. As origens da rede recuam muito no tempo, uma vez que, historicamente, a cidade de Alghero esteve sob o domínio de Aragão e da Catalunha durante quatro séculos. Por conseguinte, os territórios partilham um passado comum e mesmo, em alguns casos, uma língua comum (em Alghero a língua local é um dialecto evoluído do Catalão). A Câmara Municipal de Peralada, que elaborou o projecto na

sua origem, tirou partido das ligações históricas com Alghero como uma via natural para desenvolver a parceria. Os parceiros da rede têm vindo a trabalhar sob a liderança de Alghero e o trabalho valioso do coordenador técnico. A organização interna dos parceiros do projecto baseou-se em dois grupos de trabalho: o Conselho de Monitorização Técnica e o Conselho de Coordenação da Rede. Os parceiros têm estado a trabalhar fluentemente e desenvolveram ligações profundas entre si, que asseguram a continuação da rede depois da conclusão do projecto. Características territoriais das regiões envolvidas ou O contexto territorial O território de Alghero está situado no Nordeste da ilha da Sardanha. Embora contenha alguns recursos turísticos e naturais muito interessantes, é afectado por um elevado nível de desemprego (26,5%). Entre os jovens, esta taxa aumenta para os 50%. Tendo em conta a população feminina, a taxa de desemprego é de 35%. A parte norte da ilha é afectada por uma crise económica profunda, depois de ter passado por uma mudança drástica da indústria petrolífera. Actualmente, as principais actividades económicas são o sector do turismo, a agricultura e a pecuária. O crescimento demográfico está estreitamente relacionado com o desenvolvimento do turismo e a construção de casas de férias na zona. Nos territórios da região de Aragão, o principal problema é a crescente perda de população nas pequenas aldeias das zonas montanhosas abrangidas. O desenvolvimento do turismo rural e as receitas provenientes da gestão dos recursos

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naturais e culturais constituem actualmente um factor crucial para o desenvolvimento económico desta zona. Na Catalunha, o principal problema dos territórios abrangidos pelo projecto é a sua situação no interior de uma zona costeira muito turística e a pressão exercida sobre os recursos culturais e naturais dessas zonas. Mapa ( ¼ página) Principais objectivos e actividades O projecto tinha um aspecto demonstrativo importante, devido ao seu carácter inovador. O conceito de território-museu constituiu uma nova abordagem ao ordenamento do território, baseada na interpretação do património cultural, visando: - Racionalizar os investimentos e melhorar a utilização dos recursos públicos - Desenvolver uma abordagem multi-sectorial global dos investimentos no território - Melhorar as novas formas de comercialização do território como um “produto” - Melhorar o nível de conservação dos recursos patrimoniais - Optimizar as normas de qualidade dos instrumentos utilizados na apresentação e interpretação do património cultural - Integração de todos os agentes públicos e privados implicados no processo. O conceito de território-museu revelou-se especialmente atractivo numa proposta que tentou: Disseminar o conceito de território-marca em diferentes mercados (lazer, turismo, cultura, alimentar, etc.), Optimizar o conjunto de produtos oferecidos na zona e fomentar um maior grau de competência dos agentes económicos do território, Estabelecer as prioridades do tipo de investimentos a fazer.

Para alcançar esses objectivos, o projecto promoveu como principais acções, nas regiões, actividades ligadas à comercialização do património cultural do território, à definição de itinerários culturais e naturais e à renovação e equipamento de edifícios históricos como centros de interpretação territorial. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos O projecto organizou eventos comuns sobre questões temáticas relacionadas com os objectivos do projecto. Os Fóruns realizados foram muito bem sucedidos na explicação do projecto aos cidadãos e no envolvimento dos agentes sociais no processo. As autoridades regionais dos territórios envolvidos deram o seu apoio ao projecto por diversas vezes durante os seminários e workshops. A par da abordagem temática adoptada pelo projecto, também é importante considerar os seus aspectos institucionais. A definição de estruturas e procedimentos apropriados foi uma condição essencial e vital para o êxito das estratégias de ordenamento no âmbito do projecto TERRA INCOGNITA. Uma vez que todos os parceiros são autarquias locais que detêm a maioria das competências nos domínios relevantes do projecto, a interdependência das políticas sectoriais foi tida em conta para integrar as metodologias de gestão sustentável dos recursos culturais no quadro político geral. Neste sentido, o projecto permitiu a conclusão de acordos entre instituições a diversos níveis, nas regiões em causa (por exemplo, em Aragão, o Centro de Desenvolvimento CIDER Prepirineo obteve da Igreja Católica a gestão do valioso património histórico e religioso existente na área). Este aspecto é muito importante, dado que os intervenientes no projecto asseguram que o programa TERRA desempenhou um papel essencial na celebração destes acordos de colaboração entre instituições que raramente colaboravam entre si. O projecto também conseguiu obter apoio institucional e financeiro dos governos regionais e outros organismos públicos e privados, o que constitui um sinal da qualidade do projecto. O aspecto mais notável do projecto foram a suas técnicas de divulgação, que se mostraram extremamente eficazes, tendo alcançado a maior divulgação possível para um projecto deste tipo (incluindo um programa especial sobre o projecto

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TERRA INCOGNITA num canal internacional de televisão). Produtos O projecto produziu os seus resultados logo no início de 1999. Os principais produtos foram a renovação e o equipamento dos edifícios históricos a utilizar como Centros de Interpretação Territorial. Os primeiros abriram em Aragão no início de 1999, e os seguintes, em Alghero e Peralada, tiveram um êxito espantoso que se traduziu no grande número de visitantes. O impacto dos Centros de Interpretação Territorial no desenvolvimento económico das zonas ultrapassou até as previsões e o impacto a longo prazo em termos de criação de postos de trabalho em alguns dos territórios da parceria (especialmente nas zonas despovoadas dos parceiros de Aragão) deverá ser extremamente importante. Os aspectos de demonstração e inovação do projecto também tiveram impacto nas políticas locais e regionais. As boas práticas e os resultados do projecto poderão ser utilizados como um quadro de referência para as intervenções públicas em diferentes domínios políticos. Imagem 2 Planos futuros ou O futuro depois do programa TERRA Os parceiros da rede avaliam de forma muito positiva a experiência adquirida com o trabalho comum e o intercâmbio de experiências e, por conseguinte, irão continuar a sua colaboração num futuro próximo. As práticas de divulgação utilizadas pelo projecto são, na verdade, exemplares e suscitaram um interesse crescente pelo projecto em todos os tipos de instituições públicas e privadas, bem como nos meios de comunicação social (jornais e televisão) de Espanha e da Itália. O carácter exemplar dos

projectos e a sua ampla divulgação suscitaram em muitas outras autoridades públicas de toda a Europa o interesse por participar na constituição de uma futura rede europeia de gestão sustentável do património cultural, aplicando a metodologia desenvolvida pelo projecto TERRA INCOGNITA. O projecto pretende agora alargar o seu domínio geográfico de aplicação e está a trabalhar na constituição de uma rede mais ampla para a gestão do património cultural da Europa num futuro próximo. Avaliação Os principais aspectos inovadores do projecto nos territórios em causa foram a busca de estratégias comuns entre administrações territoriais com problemas comuns (conservação do património cultural, desenvolvimento de novos domínios de criação de emprego, novas estratégias de ordenamento do território) e o desenvolvimento de uma nova metodologia de ordenamento dos recursos do património cultural, em torno dum conceito de “território-museu”. O projecto provou ser um êxito nos territórios envolvidos, permitindo uma nova abordagem à gestão do património cultural e introduzindo práticas de cooperação novas e importantes entre diferentes níveis institucionais e com todos os tipos de agentes sociais e organizações. O nível de entendimento e de integração entre os parceiros foi muito bom e isto constituiu, na verdade, um factor importante para o êxito da rede e para o seu desenvolvimento futuro.

Contacto Coordenador do projecto

Nome Organização Endereço

Manel Miró/ Salvatore Masia STOA/ Commune di Alghero Passeig de la Bonanova, 92 E-08017 Barcelona

Tel. Fax E-mail Website

+34 93 363 14 18 +34 93 419 91 12 [email protected] [email protected] http://www.terra-incognita.es/

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Acrónimo do Projecto:

GEOPLANTOUR -

Correcção das Disparidades de Desenvolvimento através do Ordenamento

Resumo O projecto pretendia tornar-se um modelo de desenvolvimento para territórios semelhantes que pretendam corrigir as desigualdades de desenvolvimento através do desenvolvimento sustentável. O projecto consistiu numa rede, subdividida em três sub-redes coordenadas pelos parceiros, de acordo com o saber-fazer de cada um deles. O objecto da rede era a utilização do solo e o ordenamento territorial baseados nas regras de desenvolvimento sustentável e nas tecnologias SIG e multimédia. Os campos de acção abrangidos, formando as sub-redes internas dos sistemas, eram os seguintes: turismo rural, produtos eco-agrícolas, utilização do solo e ordenamento do território.

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Informação técnica Orçamento total 1 946 525 euros Contribuição do FEDER 1 070 589 euros Período de execução 37 meses Parceria internacional O projecto consistiu numa parceria entre o município de Ducherow/Bugewitz (Vorpommern, Alemanha) e o município de Kolindros (antigo território do município de Kolindros, Grécia). A parceria trouxe aos dois parceiros vantagens dignas de nota, uma vez que tinham problemas semelhantes mas experiências diferentes nos diversos domínios de acção. Foi útil para Ducherow aprender com a forma como Kolindros gere os projectos de infra-estrutura e aplica determinados métodos na agricultura. Kolindros aprendeu com as aplicações do SIG, que estavam mais avançadas em Ducherow. No domínio do turismo, o intercâmbio de conhecimentos mostrou que problemas semelhantes nem sempre necessitam das mesmas soluções. O nível da integração entre os parceiros revelou-se excelente. Foi celebrado um contrato de parceria entre os dois presidentes das câmaras municipais em Abril de 1998. Os dois parceiros criaram comités científicos destinados a assegurar um apoio e vigilância contínuos da evolução do projecto. A avaliação dos resultados alcançados foi assegurada pelo comité científico e pela aplicação prática das acções no trabalho quotidiano. A consolidação dos conhecimentos foi apoiada pela publicação dos resultados, pondo-os à disposição de todos os actores locais e de outras partes interessadas, através de manuais, boletins informativos, mapas e apresentações. Características das regiões territoriais envolvidas ou O Contexto territorial

O município de Ducherow/Bugewitz é constituído por 11 comunidades/aldeias. O município conta com 5 612 habitantes. A área administrativa da Ostvorpommern tem 115 458 habitantes. O principal factor económico é a agricultura, desempenhando o turismo rural um papel pequeno mas crescente. Neste aspecto, o contraste com a região costeira é o mesmo que o existente no outro parceiro. O município de Kolindros está situado na zona montanhosa de Pieria. Em contraste com a orla costeira do município de Pieria, mostra taxas muito pequenas de exploração turística. Existem vários problemas com a produção agrícola, nomeadamente os crescentes custos de mão-de-obra, a pequena dimensão das explorações agrícolas médias, as dificuldades paisagísticas e o problema de 60% das culturas serem colhidas em apenas dois meses. Por estas razões, a produção de produtos agrícolas torna-se muito dispendiosa. Kolindros tem 7 214 habitantes, enquanto Pieria conta com 116 653. Mapa ( ¼ página) Principais objectivos e actividades O principal objectivo do projecto GEOPLANTOUR era a criação de carteiras de investimento em três sectores - turismo, produtos alimentares eco-agrícolas e utilização do solo/ordenamento do território - nos territórios participantes, num quadro de desenvolvimento sustentável, através dos seguintes meios:

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- Estudos sobre a variação económica e social, baseados na análise dos recursos naturais dos dois

territórios como elemento essencial potencial para o seu desenvolvimento económico - Determinação de um modelo de desenvolvimento que satisfaça as necessidades actuais sem pôr em

risco a satisfação das necessidades das futuras gerações das zonas de intervenção (princípio de sustentabilidade).

- Determinação de um modelo de desenvolvimento que institua as tecnologias SIG e multimédia para a maioria dos grupos de utilizadores nas sociedades locais e especialmente para os grupos de cidadãos que exigem participar no processo de desenvolvimento.

O principal aspecto da acção inovadora do projecto GEOPLANTOUR foi a sua abordagem integrada ao ordenamento do território, que constitui um exemplo de um instrumento de ordenamento minucioso, que pode ser utilizado pelos responsáveis pelo ordenamento a nível local e regional, pelos gestores turísticos, os próprios turistas, os agricultores e o público em geral. Esta abordagem é, na verdade, transferível para outras zonas com características semelhantes. Imagem 1 Um processo inovador: desenvolvimento da parceria local e do envolvimento dos cidadãos A natureza inovadora do projecto GEOPLANTOUR foi apresentada em diversas ocasiões, em boletins informativos, em CD-ROM e na Internet. As instituições, universidades, institutos de investigação privados e autoridades de ordenamento do território locais e regionais foram informadas sobre o projecto e cooperaram em certa medida. Durante a evolução do programa TERRA, tornou-se evidente para ambos os parceiros do projecto GEOPLANTUR que as actividades de intercâmbio de experiências deviam ser empreendidas de forma intensiva. Este tipo de actividades foi promovido não só entre os diversos parceiros dos projectos, mas também entre os próprios projectos. Os benefícios produzidos por estes intercâmbios tornam-se maiores à medida que a sua execução avança e os resultados positivos emergem. A participação na EUROPARCERIA, em Budapeste e Viena, e em especial nas conferências TERRA, em Nápoles e Pori, deu aos dois parceiros a possibilidade de se compararem com outros projectos, regiões e abordagens. A participação dos parceiros noutros fóruns diferentes (Agrotica, die Grüne Woche) também permitiu que o projecto se tornasse conhecido e tirasse partido de outras experiências. A metodologia aplicada pelo projecto na realização de workshops e seminários com a maioria dos grupos de interesses sectoriais, nas zonas envolvidas e entre os dois territórios, também se revelou uma experiência muito positiva e obteve uma ampla participação, tanto em Kolindros como em Ducherow. Produtos Partindo desta semelhança geral, os estudos realizados, o intercâmbios de experiências e as workshops chegaram à conclusão de que as condições existentes nos dois territórios eram, todavia, significativamente diferentes. Os parceiros aprenderam um com o outro através da comparação dessas pequenas diferenças. Além disso, os resultados finais das análises e acções efectuadas nos diferentes domínios serão úteis para outras regiões que se encontram numa situação de interioridade semelhante, nas proximidades de uma zona costeira turística. O projecto gerou um número bastante grande de produtos físicos, sob a forma de medidas infra-estruturais nos municípios envolvidos.

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Outro resultado importante foi a criação de três gabinetes inter-regionais, para o turismo, a agricultura e o ordenamento do território, em espaços públicos abertos no município de Kolindros. Em Ducherow, dois gabinetes de informações sobre o projecto e a região ajudaram os cidadãos e os actores locais a realizarem inquéritos básicos nos três domínios de acção. Estes gabinetes deverão continuar a trabalhar depois da conclusão do projecto. Imagem 2 Planos Futuros ou O futuro depois do programa TERRA

A experiência desta parceria no âmbito do programa TERRA foi muito interessante e frutuosa para os parceiros que, por isso, têm estado a envidar esforços no sentido de alargar a rede, para dar lugar a uma nova rede com dois outros municípios da Polónia e de Chipre (ambos países candidatos à adesão à União Europeia), que partilham problemas semelhantes. Este desenvolvimento da rede GEOPLANTOUR num futuro próximo implica um forte empenhamento na continuação do trabalho realizado durante estes dois últimos anos e uma importante colaboração com os futuros países da União Europeia, a partir do ano 2000. Avaliação Tornou-se evidente, desde o início, que os dois parceiros partilhavam algumas características e problemas semelhantes, fundamentalmente decorrentes de estarem ambos situados no interior de uma zona costeira turística muito desenvolvida. O projecto GEOPLANTOUR demonstra que uma parceria de trabalho entre regiões geograficamente diferentes, mas estruturalmente comparáveis, pode ser um êxito. A abordagem de intervenções combinadas nos domínios da agricultura e do turismo, no quadro do ordenamento do território, trouxe resultados positivos e pôs em evidência as possibilidades do ordenamento do território como sistema de planeamento integrador a nível local. A parceria inter-regional entre dois parceiros geográfica e culturalmente diferentes facultou às duas regiões experiências novas e dignas de apreço, que não teriam sido possíveis num projecto isolado, sem um parceiro ou um projecto transfronteiriço. Foi útil para encontrar novas ideias e soluções para os problemas locais, através da comparação de estruturas semelhantes em diferentes quadros culturais e económicos. O Projecto GEOPLANTOUR criou importantes possibilidades para o desenvolvimento futuro das duas regiões, que já se comprometeram a cooperar em projectos de seguimento, após a conclusão do programa TERRA.

Contacto Coordenador do Projecto Nome Organização Endereço

Marko Dorka Tourist Board Vorpommern Fischstrasse 11 D- 17489 Hansestadt Greifswald

Tel. Fax E-mails Websites

+ 49 38 34 89 10 + 49 38 34 89 15 55 [email protected] [email protected] http://www.kolindros.gr/geoplantour http://www.vorpommern.de/geoplantour

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ANEXO III REFERÊNCIAS DOS 4 GABINETES DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA TERRA

COORDENAÇÃO GERAL E ZONAS COSTEIRAS LYST, s.a. Consultants in Development and Technology

Chantal Stassinopoulou, Managing Director 75, Patission GR- 104 34 Athens Tel +30 (1) 68 55 679 Fax +30 (1) 68 55 697 E-mail [email protected]

Yannis Pyrgiotis, Urban Planner University of the Aegean 30, Voulgaroktonou st GR – 11472 Athens Tel + 301 64 55 550 Fax + 301 644 84 28 E-mail [email protected]

BACIAS HIDROGRÁFICAS Kuhbier + Fouquet, Rechtsanwälte

David Fouquet – Dr. Dörte Fouquet - Ann Allworth – Helge Reuter Avenue de la Fauconnerie 73 B-1170 Brussels Tel + 32.2.672 43 67 Fax + 32.2.672 70 16 E-mail: [email protected]

EROSÃO/DESERTIFICAÇÃO E ZONAS RURAIS DE ACESSO DIFÍCIL

Fundacio Bosch I Gimpera – Grup Avaluacio politiques - GAP Universitat Autónoma de Barcelona

Antoni Soy GAP. EUEE. University of Barcelona Diagonal, 696 E - 08034 BARCELONA Tel + 34 929 7222 91 Fax + 34 93756 07 54 E-mail [email protected]

Mar Isla Departament d'Economía Aplicada Edifici B Universitat Autónoma de Barcelona E – 08193 BELLATERRA (BARCELONA) Tel + 34 929 30 84 13 E-mail [email protected]

PATRIMÓNIO CULTURAL Consultores de Administraciones Pùblicas Grupo Analistas

José Maria Ezquiaga Amado Nervo,3, E - 28007 MADRID Tel +34 91 551 5112 Fax + 34 91 433 83 59 E-mail [email protected]

Irène Ruiz Rolle – Pedro Prada Vega Espanoleto, 19 E – 28010 MADRID Tel + 34 91 520 01 86 Fax + 34 91 520 01 20 E-mail [email protected]