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São Paulo/ Brasil Orientador: Prof. Dr. Emilio Moran Co - orientador : Prof. Dr. Eduardo Brondizio TERRITORIALIDADES RIBEIRINHAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA: OS IMPACTOS DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE NAS RESERVAS EXTRATIVISTAS DA TERRA DO MEIO Dra. Maíra Borges Fainguelernt

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São Paulo/ Brasil

Orientador: Prof. Dr. Emilio Moran

Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Brondizio

TERRITORIALIDADES RIBEIRINHAS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA:

OS IMPACTOS DA USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE NAS RESERVAS EXTRATIVISTAS DA TERRA DO MEIO

Dra. Maíra Borges Fainguelernt

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1 – Quem são os ribeirinhos das RESEXs da Terra do Meio?

2 - Como é a visão dos ribeirinhos das três RESEXs da Terra do

Meio dos impactos de Belo Monte?

3 - Quais contradições são evidenciadas a partir da análiseda visão de impactos dos ribeirinhos da RESEX do Iriri?

QUESTÕES CENTRAIS

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Bacia hidrográfica do XinguAmazônia brasileira – estado do Pará

Fo

nte

: IS

A,

2013.

ÁREA DE ESTUDO

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“NÓS FOMOS ESQUECIDOS”

RESEX DO IRIRI

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• Recorte espacial

• Articulação com atores locais chave

• Autorização do SISBio

• 90 entrevistas semiestruturadas com ribeirinhos

• 15 reuniões/entrevistas com stakeholders

I: Altamira

RESEXs da Terra do Meio

2016

• 40 entrevistas semiestruturadas com ribeirinhos

• Acompanhamentos de eventos locais (ex.: PDRS-Xingu)

• 12 reuniões/entrevistas com stakeholders

II: Altamira

RESEX do Iriri

2017

• Acompanhamento de reuniões do assessor das associações das RESEXs

• Realização de 5 reuniões/ entrevistas com representantes do MPF, IBAMA e ICMBio

• Participação em evento do ISA: Xingu +

III: Brasília

2017

PESQUISA DE CAMPO

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Bernard, 2006Minayo, 2000 Krueger, 1994 Morgan, 1998 Glaser & Strauss, 1967

DADOS E ANÁLISE DE DADOS

Dados primários:

residência na área de estudo; entrevistas semiestruturadas com ribeirinhos, informantes-chave e stakeholders; freelisting; mapeamento de parentesco; observação participante; diário de campo; métodos etnográficos; snowball; grupo focal

Dados Secundários:

revisão bibliográfica; levantamento e leitura de documentos de órgãos públicos ambientais, das associações de moradores das RESEXs e das ONGs

Preparação e Análise de dados:

Análise de dados etnográficos: transcrição e leitura das entrevistas

Analise textual: software Atlas ti (procedimentos de codificação, identificação de temas e subtemas

Elaboração de mapas: GPS, software Arc GIS e Q-GIS

Owen, 2001

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ARCABOUÇO TEÓRICO

Antropologia Geografia

TERRITORIALIDADE

Subáreas:

ecologia humana,

ecologia cultural

e ecologia política

Aspectos materiais e simbólicos

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ARCABOUÇO TEÓRICO

Ganharam visibilidade no final de 1988;

Descendentes de imigrantesnordestinos/ seringueiros;

Povos e comunidades tradicionais;

Modos específicos de adaptação ecológica;

Combinam práticas de agricultura com extrativistas e caça;

Peixe é a principal fonte de proteína.

Harris (1998); Wagley (1985); Galvão, Moran (1974),

Parker (1985); Nugent (2006); Chibnik (1994), Little (1953), Netting (1993); Balee (2009);

Pace (1997); Harris (2009); Brondizio (2008); Adams (2006); Almeida (2004);

O´Dwyer (1998)

Quem é o ribeirinho?

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SOBREPOSIÇÃO ENTRE CATEGORIAS

1

Categorias espaciais

3

Categorias ambientais

2

Categorias socioculturais

Área de influência da

UHE: ADA; AID, AII; AAR

UCs de

Proteção

Integral

&

UCs

Conservação

de Uso

Sustentável

Populações

Ribeirinhas

&

Populações

Indígenas

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CATEGORIAS ESPACIAIS

O diagrama foi elaborado a partir do EIA-Rima de Belo Monte

Bacia hidrográfica

do Xingu

RESEXs

da Terra do Meio

Quem foi considerado atigido por Belo Monte?

Cidade de

Altamira

Volta Grande do

Xingu

UHE Belo Monte

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CATEGORIAS SOCIOCULTURAIS

Categoria de “Povos e Comunidades Tradicionais”;

Estigma sociocultural; “o romântico bom selvagem”

Populações Indígenas: FUNAI, cultura exótica,

direitos originários (constituição), despertam mais interesse em pesquisa acadêmica;

Populações Ribeirinhas: ICMBio, categoria mais recente e considerada menos atraente

O território significa identidade, entendida como produto de

interações recíprocas, de territorialidades, no âmbito das

relações que acontecem entre a sociedade e a natureza

(SAQUET, p.71, 2007).

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CATEGORIAS AMBIENTAIS

Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC

UC de Proteção Integral

- Estação Ecológica

- Reserva Biológica

- Parque Nacional, Estadual, Municipal

- Monumento Natural

- Refúgio da Vida Silvestre

UC de Uso Sustentável

- Área de Proteção Ambiental

- Área de Relevante Interesse Ecológico

- Floresta Nacional, Estadual e Municipal

- Reserva Extrativista

Reserva de Fauna

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Reserva Particular do Patrimônio Natural

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• Comunidades dispersas no

território;

• Históricas relações de parentesco, compadrio e vizinhança;

• O “beiradão” = (micro) “território

de referência”;

• O rio é a principal via de

locomoção;

• Comunicação via rádio;

• Complexo sistema de subsistência (agricultura, caça, pesca, atividades extrativistas);

• Sazonalidade;

• Vínculo estreito com as cidades próximas;

• Múltiplas escalas (inclusive cidades próximas);

• Não possuem energia elétrica;

• Ritmo mais lento marca o modo de vida.

“Evidentemente, como diz Euclides da Cunha, raro é o seringueiro que tem a sorte de se libertar”

(WAGLEY, p.106, 1958).

1 – QUEM SÃO OS RIBEIRINHOS DAS RESEXS

DA TERRA DO MEIO?

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TERRITORIALIDADES RIBEIRINHAS

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Dimensão Econômica

Dimensão Política

Dimensão Ecológica

Dimensão Cultural

Dimensão Social

2 - COMO É A VISÃO DOS RIBEIRINHOS DAS RESEXS

DOS IMPACTOS DE BELO MONTE?

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• Exclusão de direitos via atuação (ou

não) de stakeholders;

• Invasões de pescadores de fora das

RESEXs.

“Pescadores que não são da RESEX entram pra pescar aqui. Hoje

mesmo subiu essa lancha cheia de gelo. É voadeira, malhadeira,

tudo ali nos poços perto da Terra Indígena (Cachoeira Seca).”

“Não sei porque o ICMBIO e o ISA disseram que não seríamos impactados.”

Dimensão Política

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“O custo de roupa, comida e aluguel de casa aumentou

muito na cidade. Os hospitais do estado estão lotados.

Atualmente, pra ver minha família tenho que pagar 100

reais de táxi ida e volta mais 20 reais para olharem o barco.

Nunca mais vi meu irmão, já tem um ano.”

• Redução de venda do pescado das

RESEXs;

• Diminuição do poder de compra dos

ribeirinhos na cidade de Altamira;

• Aumento do preço das mercadorias

vendidas pelas cantinas e pelo regatão.

“Com a vinda da Norte Energia perdemos

concorrência também. Arroz farinha e peixe tão

chegando de fora. Tem supermercado vendendo

peixe barato que vem de fora e ninguém quer mais o

daqui.”

Dimensão Econômica

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• Comparação entre o reconhecimento de

direitos das populações indígenas e

ribeirinhos

“Os índios já têm aquele poder com a Funai que

corre atrás das coisas. Nós não temos também

cacique, ficamos esperando alguém do ICMBio

ou do ISA para ajudar.”

“O cacique Raoni desde sempre brigou contra a barragem e

nós não fizemos nada na época que deveríamos, não

sabíamos nem assinar o nome nem o que era uma associação

direito. Indígenas tinham quem brigasse por eles. Tem lei que

protege o ribeirinho, mas nós não sa- bemos disso, não tínhamos

o conhecimento para brigar e sermos reconhecidos no PBA.”

Dimensão Cultural

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• Alterações provocadas pela seca;

• Diminuição do estoque pesqueiro;

“O peixe também diminuiu. A mudança foi tão

grande que os peixes estão todos ovados e nessa

época não era para ter, pois já passou o tempo deles

se reproduzirem (é janeiro na cheia).”

“Eu pesco tucunaré e pescada para vender e sinto que o

peixe diminuiu nos últimos anos. Hoje temos que mariscar

(pescar) seis ou sete dias para conseguir a quantidade de

peixe que antes conseguíamos em apenas dois ou três.”

Dimensão Ecológica

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• Precariedade dos serviços públicos de

saúde;

• Ruptura de laços sociais e afetivos por

conta da remoção compulsória;

• Aumento da violência em Altamira.

“Os hospitais estão muito cheios na cidade e eu nunca tinha

visto uma seca assim tão grande. A Norte Energia trouxe mais

violência, fico até com medo de sair à noite na cidade. Muitos

pais aqui da RESEX ficam sofrendo por causa dos filhos que

podem “se perder” na cidade.”

“A relação com a cidade sempre existiu, a maioria dos

moradores não tinha casa na cidade e sempre ficavam

hospedados nos parentes que viviam na beira de Altamira.

Hoje em dia essas pessoas estão nos bairros novos criados

pela Norte Energia. ”

Dimensão Social

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3 - QUAIS CONTRADIÇÕES SÃO EVIDENCIADAS A PARTIR

DA ANÁLISE DA VISÃO DOS RIBEIRINHOS

DA RESEX DO IRIRI?

I. Área de influência dos impactos da UHE

II. Plano Básico Ambiental de Componente Indígena

III. Plano de Compensação Ambiental

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CONTRADIÇÃO I:

ÁREA DE INFLUÊNCIA DOS IMPACTOS

• Relação campo-cidade

• A importância de Altamira para os

ribeirinhos das RESEXs

• Altamira está dentro da Área

Diretamente Afetada (ADA) pelos

impactos da UHE

• RESEXs estão na Área de

Abrangência Regional (ARR) dos

impactos de Belo Monte junto com

toda a bacia hidrográfica do rio

Xingu

“Existem muitas coisas para

fazer na cidade, pegar

pagamento do Bolsa Família,

comprar um remédio(…) Eu

vou pelo rio quando está cheio

e por Maribel quando está

vazando.”

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CONTRADIÇÃO II: PLANO BÁSICO AMBIENTAL

• Plano Básico Ambiental de

Componente Indígena (PBA -CI)

• TI Cachoeira Seca foi

considerada parte da Área de

Impacto Direto (AID) de Belo

Monte

Arara

“A Norte Energia só olhou para os

lados dos índios e do mesmo jeito a

usina atinge a gente, porque é tudo

perto, moramos na beiradinha do

mesmo rio e fomos esquecidos.”

TI Cachoeira Seca

Por que esta TI foi a única AP considerada atingida por Belo Monte na Terra do Meio?

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• UCs de Proteção Integral

são consideradas

prioritárias para alocar

recursos de CA

• UCs de uso sustentável

apenas poderiam ser

consideradas se forem

parte da Área Diretamente

Afetada (ADA) da UHE

CONTRADIÇÃO III:

PLANO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

As únicas UCs da Terra do Meio consideradas foram:

- ESEC da Terra do Meio

- PARNA da Serra do Pardo

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II PLANO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL FEDERAL

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CONSIDERAÇÕES FINAIS I

As RESEXs foram excluídas dos estudos de impactos e impossibilitadas de

serem reconhecidas na elaboração dos consequentes “benefícios”

distribuídos na Terra do Meio;

EIA-Rima de Belo Monte privilegiou aspectos físicos, concretos e abióticos

em detrimento de aspectos sociais e culturais;

Importantes dimensões da territorialidade são subdimensionadas em

estudos de impactos de grandes UHEs e políticas públicas vinculadas e

noções não formais de territorialidade se contrapõe às noções

formais/técnicas;

A UHE Belo Monte gerou novas desigualdades socioespaciais entre áreas

protegidas na área de estudo;

Existe uma notável desarticulação entre stakeholders no contexto de

política ambiental e energética;

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CONSIDERAÇÕES FINAIS II

A visão de ribeirinhos sobre os impactos de Belo Monte expõe

contradições significativas na governança ambiental na região

amazônica;

As medidas de mitigação e compensação ambiental de Belo Monte

reproduziram a invisibilidade ribeirinha e evidenciam hierarquias

socioculturais e de conservação que ainda orientam a política

ambiental brasileira;

RESEXs como territórios de contradição em contexto de impactos de

UHEs na Amazônia brasileira.

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Referências Bibliográficas

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FAINGUELERNT, M. B. Belo Monte: O Estado Democrático de Direito em Questão. Rio de Janeiro: Apicuri, 2013.

FERREIRA, L. C. et al. Conflitos Sociais em Áreas Protegidas no Brasil: Moradores, Instituições e ONGs no Vale do Ribeira e Litoral Sul, SP. Revista Idéias, v. 8, n. 2, 2001.

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MELLO-THÉRY, Neli A. de. Políticas Territoriais na Amazônia. São Paulo: Annablume, 2006.

MORAN, E. F. The Adaptive System of the Amazonian Caboclo”, In: WAGLEY, C. (ed.), Man in the Amazon, Gainsville,. A ecologia humana das populações da Amazônia, Rio de Janeiro: Vozes, 1974. p. 139-59.

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SAQUET, M. Territorialidade e identidade: um patrimônio para o desenvolvimento ter- ritorial. Caderno Prudentino de Geografia, v.1, n.31, 2009.

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Muito obrigada a todas/os!