Upload
luiz-felipe-nobre-fragoso
View
220
Download
6
Embed Size (px)
Citation preview
TERRITORIALIZAÇÃO
Ana Cristina dos Santos 23 de Setembro de 2013
A Estratégia Saúde da Família – ESF – apresenta-se, no momento, como o elementocentral da Política de Nacional de Atenção Básica (Portaria 2488/2011).Incorpora e reafirma os princípios básicos do SUS universalização, integralidade, equidade, descentralização e participação da comunidade - e se alicerça sobre três grandes pilares: a família, o território e a responsabilização, além de ser respaldado pelo trabalho em equipe multiprofissional.
O Indivíduo
"A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios — sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento — que balizam a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela".
-Émile Durkheim; Fonte: Revista Nova Escola, 166, out03
"A menor minoria na Terra é o indivíduo.". Ayn Rand
"A única coisa de que tenho certeza é da singularidade do indivíduo." Albert Einstein
TEMOS UM QUADRO COMPARATIVO DO ANTIGO E NOVO PARADIGMA E COMO ELES SE TRADUZEM EM CONCEITOS, SISTEMAS DE VALORES, ATITUDES E COMPORTAMENTO EFETIVO DO PROFISSIONAL DE SAÚDE. (ADAPTADO DE WEIL, 2000)
PARADIGMA MECANICISTA
Visão separada e especializada de partes do corpo humano.
Separação corpo-mente.Corpo visto como sistema independente do meio ambiente.
Perturbações psicossomáticas percebidas como imaginárias e pouco reais.
PARADIGMA DA INTEGRALIDADE
Corpo visto como um organismo vivo cujos sistemas são interligados e interdependentes.Integração e interação corpo-mente.Interação constante e integração do sistema psicobiofisico individual com os sistemas sociais, físicos e vitais externos.Perturbações psicossomáticas vistas como produto da interação corpo-mente-ambiente
Separatividade profissional de saúde-paciente, sendo o profissional responsável pela cura.
Paciente visto como objeto de diagnóstico e tratamento, e como um mecanismo a consertar.
Interação profissional de saúde-paciente, vista como processo de troca profunda e afetiva, e a cura como fruto desta cooperação.
Consciência plena da importância da energia do afeto na relação profissional de saúde-paciente, além da eficiência do diagnóstico e do tratamento
Doença vista como tendo causa específica.
Saúde vista como ausência de doença.
Normalidade vista sob o critério estatístico.
Na hora da morte afastamento do profissional de saúde.
Doença vista como resultado de uma desarmonia global, além das causas específicas.
Saúde vista como estado de harmonia com a natureza interior e exterior (território).
Normalidade vista como estado de bem-estar, alegria de viver, e consciência plena.
Acompanhamento e preparo da pessoa para o momento.
Predomínio do médico, geralmente o especialista.
A medicina considerada como um ramo independente da ciência.
O profissional de saúde percebido como um intelectual, com habilidades e conhecimentos técnicos.
Trabalho de equipe interdisciplinar.
A medicina como dependendo de informações de todos os ramos da ciência, da filosofia, da arte e da tradição.
O profissional de saúde concebido como uma pessoa, que busca o desenvolvimento harmonioso da razão e da intuição, da sensação e do sentimento, da inteligência e da sabedoria, das qualidades da mente e do coração.
É certo que qualquer indivíduo necessita de vínculos, de ser reconhecido como um ser que, ao mesmo tempo que possui sua individualidade, faz parte de um coletivo. FARIA, J. H. de (Org.), 2007.
O Indivíduo e a Família
A família é um sistema capaz de diferenciar-se, crescer, adaptar-se. Cada indivíduo que compõe a família é único, tem características próprias, o que num processo de troca propicia crescimento e adaptação.
Cada um interage com uma parte de si, e, esta interação pode semear algo novo. Ao identificar a sua necessidade real a família poderá se permitir contatar com a própria criatividade e encontrar uma forma mais saudável de crescer, se transformando.
'A Família'-1925 Tarsila do Amaral 1886-1973
O Indivíduo e a Família
Família é, antes de tudo, um corpo social em que prevalece a rede de relações e de interações, que possui crenças manifestadas em um espaço cultural e onde a saúde deve ser entendida no contexto das relações entre seus membros, visto a influência da saúde do indivíduo no grupo familiar e vice-versa.
CICLO VITAL INDIVIDUAL E FAMILIAR
Dentro do ciclo de vida podemos reconhecer as seguintes etapas:
- constituição do casal;- nascimento e infância;- filhos em idade escolar;- adolescência;- saída dos filhos da casa dos pais;- casamento;- etapa madura;- velhice;- morte.
A Família Hoje
• família nuclear: pai/mãe e filhos
* famílias monoparentais: onde os parentes moram juntos (avós/tios/primos), ou os filhos casam e continuam morando com os pais.
cimitan.blogspot.com
* famílias reconstituídas: casais se separam e constituem novas ) * famílias (meus/teus/nossos);
www.abratgls.com.br
* famílias unipessoais: uma única pessoa considera que não tem família.
O CUIDADO
Palavra vinda
do latim
“cura”
O CUIDADO“O cuidado somente surge quando a existência de alguém tem importância para mim; passo então a dedicar-me a ele, disponho-me a participar de seu destino, de suas buscas, de seus sofrimentos e de seus sucessos, enfim, de sua vida.” Boff (1999)
.
O cuidado confere uma tonalidade diferente ao trabalho; a relação passa de sujeito-objeto para sujeito-sujeito. A relação não é de domínio sobre, mas de convivência, não é de pura intervenção mas de interação.
O CUIDADO“cuidar implica ter intimidade, senti-las dentro, acolhê-las, respeitá-las, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é
entrar em sintonia com, afinar-se com ele”...
...No lugar da agressividade, há a convivência amorosa. Em vez da dominação, há a companhia afetuosa, ao lado
e junto com o outro.”
COMO CUIDAR DO OUTRO SEM CUIDARMOS DE NÓS MESMOS????
O INDIVÍDUO E A COMUNIDADE
“Nenhum animal ou planta vive sozinho ou é auto suficiente”
• Vivemos em comunidade, com outros membros da própria espécie e outras espécies de animais e plantas.
A tentativa de ficar sozinho é inútil, sem sucesso na história de vida” SIMPSON, 1982.
O INDIVÍDUO E A COMUNIDADE
COMUNIDADE
Considera-se uma área limitada de moradia identificada como tal pelas pessoas que aí vivem quanto à residência comum e interesse comunitário.
O ambiente onde se vive muito mais que apenas um espaço delimitado, na verdade é “onde se constroem as relações intra e extra familiares e onde se desenvolve a luta pela melhoria das condições de vida.
COMUNIDADE
Uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e, portanto da necessidade de intervenções de maior impacto e significado social.
Ações nesse espaço representam desafios para romper os muros das unidades de saúde e enraizar para o meio onde as pessoas vivem, trabalham e se relacionam. ”(MS,1997).
O INDIVÍDUO E A INTERDISCIPLINARIDADE
Abordagem ao indivíduo ampliada e profunda com inclusão de profissionais de outras áreas. O agir interdisciplinar, torna-se uma prática valiosa para o profissional/equipe de saúde.
Aprofunda o saber específico e amplia seu nível de consciência a respeito de fatos por meio da contribuição dos diferentes saberes de outros colegas.
Para a população, que carece de um atendimento mais global e integral das suas necessidades esse agir e de extrema importância.
O INDIVÍDUO E A INTERDISCIPLINARIDADE
“Desenvolver a interdisciplinaridade é, antes de tudo, aprender a conviver e aceitar as diferenças, percebendo na heterogeneidade de olhares a riqueza
do objeto de estudo.”
Gomes (1997)
TERRITÓRIO Espaço onde vivem grupos
sociais definidos, suas relações e
condições de subsistência, de
trabalho, de renda, de habitação,
de acesso à educação e o seu
saber preexistente, sua interação
com o meio ambiente, sua
cultura e concepções acerca da
saúde e da doença, sua
estruturação familiar.
TERRITÓRIO Local em que se dá o processo de vida da comunidade,
a interação de distintos atores sociais com qualificações sociais, econômicas, culturais, políticas, epidemiológicas e históricas distintas.
a distribuição de sua população; a cultura e origem da população; tipo de trabalho e bens que produzem; os recursos naturais disponíveis e os alimentos que
produzem e consomem; como constroem suas casas; as principais doenças que afetam a população; os meios de comunicação e de transporte que utilizam
IMPORTÂNCIA DA TERRITORIALIZAÇÃO demarcar áreas territoriais de uma
determinada equipe de saúde; orientar métodos para o planejamento e
exercício da vigilância à saúde; conhecer a distribuição da população; conhecer os agrupamentos sociais; traçar o perfil epidemiológico; conceituar e delimitar as micro áreas
dos ACS; diagnosticar os problemas de saúde.
Conhecer, controlar, minimizar ou solucionar os problemas, com uma população definida, para:
- definir as prioridades;- conhecer as necessidades de serviços;- facilitar a avaliação dos serviços prestados;- definir e buscar os recursos necessários;- conhecer a distribuição da população local;- permitir o planejamento ascendente.
TERRITÓRIO - ÁREA DE ABRANGÊNCIARepresenta o espaço-população adstrita,
que estabelece vínculo e relação com uma Unidade de Saúde, permitindo a melhor relação e fluxo população-serviço e possui uma população definida. Área de responsabilidade da equipe de saúde de determinada unidade para o exercício da vigilância à saúde.
É conjunto de microáreas cobertas por uma equipe de saúde da família responsável pelo atendimento de até 4000 pessoas.
TERRITÓRIO - MICROÁREA
Define-se micro área: a área de menor extensão territorial onde é possível afirmar que a população tem condições de vida homogêneas. Seria uma subdivisão do território-área, permitindo e objetivando contínua análise epidemiológica com identificação e enfrentamento continuado dos problemas de saúde.
TERRITÓRIO - MICROÁREA DE RISCO
Local onde estão reunidas várias condições adversas à saúde e ao meio ambiente, caracterizando más condições de vida de seus habitantes.
É muito importante identificar as microáreas de risco. São as áreas que possuem fatores de riscos e/ou barreiras geográficas ou culturais (tudo aquilo que dificulta ou impede a chegada das equipes e o contato da comunidade com o serviço de saúde), ou ainda áreas com indicadores de saúde muito ruins.
A identificação dessas áreas, pessoas ou famílias que precisam de atenção especial é fundamental para que sejam programadas ações específicas e atividades de acompanhamento permanente àquela comunidade.
TERRITÓRIO – MORADIA/DOMICÍLIO
Constitui o espaço de menor agregação social, familiar ou de grupos de indivíduos, permitindo aprofundar o conhecimento epidemiológico e o desenvolvimento de ações de saúde.
Designa o “local de moradia estruturalmente separado e independente, constituído por um ou mais cômodos”.
A separação fica caracterizada quando o local de moradia é limitado por paredes (muros ou cercas, entre outros) e coberto por um teto que permita que seus moradores se isolem e cujos residentes arcam com parte ou todas as suas despesas de alimentação ou moradia.
Considera-se independente o local de moradia que tem acesso direto e que permite a entrada e a saída de seus moradores sem a passagem por local de moradia de outras pessoas.
REFERÊNCIAS ALMEIDA, E. S, et al, Distritos Sanitários: Concepção e Organização,
Revista Saúde & Cidadania. Instituto para o Desenvolvimento da Saúde – IDS, Fundação Itaú Social, São Paulo, 2002.
BASTOS, A.C.S. e TRAD, L.A.B. A Família enquanto contexto de desenvolvimento humano: Implicação para a Investigação em Saúde, Ciência & Saúde Coletiva III (1), 1998.
BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Portaria nº 2488 de 21 de Outubro de 2011. Brasília, 2011.
FARIA, José Henrique de; SCHMITT, Elaine C. Indivíduo, Vínculo e Subjetividade. In: FARIA, José Henrique de. (Org.). Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas, 2007. Capítulo 1.
GOMES, D.C.R. (org.) Equipe de Saúde: O Desafio da Integração. Uberlândia. Edufu.1997.
MENDES, R., DONATO, A.F. Território: espaço social de construção de identidades e de políticas. Sanare – Revista Sobralense de Políticas Públicas, Sobral, v.4, n.1, 2003.
UNGLERT, Carmen V. S., Territorialização em saúde: a conquista do espaço local enquanto prática do planejamento ascendente. Tese livre docência. Faculdade de Saúde Pública. São Paulo: USP, 1995.
WEIL, P. A mudança de sentido e o sentido da mudança. Rio de Janeiro. Rosa dos Tempos. 2000.