Upload
vucong
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
TERRITÓRIO DA CIDADANIA CANTUQUIRIGUAÇU/PR: A INTERVENÇÃO
DO ESTADO COM AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA
OBJETIVANDO O DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL.
Grupo de Pesquisa: Grupo 10. Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional
Resumo
O presente artigo refere-se a pesquisa sobre a intervenção do Estado, por meio do Programa
Território da Cidadania, em análise o Território do Cantuquiriguaçu/Pr. O objetivo geral
consiste em analisar as ações das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do Território
da Cidadania Cantuquiriguaçu/Pr. Na intenção de alcançar resposta a questão geral da
pesquisa, os objetivo específicos se estruturaram em: a) Identificar as ações das políticas
públicas no Território da Cidadania Cantuquiriguaçu/Pr; b) Selecionar as ações nos projetos
realizados no Território da Cidadania de Cantuquiriguaçu/Pr; c) Analisar os resultados ex-
post-factos das ações no Território de Cantuquiriguaçu/Pr. Quanto à metodologia, a pesquisa
caracteriza-se como natureza aplicada e quanto aos objetivos exploratória e descritiva. Para a
abordagem do problema, caracteriza-se como qualitativa e quantitativa e, quanto aos
procedimentos é bibliográfica, documental e ex-post-factos das ações no território. O universo
da pesquisa são os cento e vinte Territórios da Cidadania e a amostra é o Território
Cantuquiriguaçu/Pr. Quanto aos instrumentos, foram realizadas entrevistas com os membros
do CONDETEC – (Conselho de Desenvolvimento do Território Cantuquiriguaçu) e
servidores públicos vinculados às prefeituras da região, bem como utilizadas informações
estatísticas, quantitativas, sistematizadas a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), nos censos de 2000 e 2010, Atlas de Desenvolvimento Humano (2013),
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA), bem como dados econômicos e financeiros coletados junto às prefeituras da região.
A pesquisa analisou os investimentos realizados pelo Programa Território da Cidadania no
Cantuquiriguaçu/PR e, obteve, como resultados, a constatação da importância da intervenção
do Estado, por meio das ações do Programa Território da Cidadania, que contribuiu para o
desenvolvimento da região. O volume de recursos aplicado foi significativo e os projetos, em
sua maioria, cumprem com a função social a que foram programados.
Palavras-chave: Território, Território da Cidadania, Políticas Públicas, Desenvolvimento,
Desenvolvimento Regional.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
TERRITORY OF CITIZENSHIP CANTUQUIRIGUAÇU/PR: STATE
INTERVENTION WITH ACTIONS OF VOLUNTARY TRANSFER AIMING to
TERRITORIAL DEVELOPMENT.
Abstract
The present article refers to a research about the intervention of the State in the territory of
Cantuquiriguaçu/Pr, through a citizenship program. The general objective is to analyze the
development of the public policies actions in the Territory of Citizenship in
Cantuquiriguaçu/PR. The specific goals are: a) Identify the public policy actions in the
Territory of Citizenship in Cantuquiriguaçu/PR; b) Select the actions of the accomplished
projects in the Territory of Citizenship in Cantuquiriguaçu/PR; c) Analyze the results ex-post-
factos of the actions in the Territory of Cantaquiriguaçu/Pr. Accordance the methodology, this
research is characterized as applied, explanatory and descriptive. On the problem approach is
characterized as qualitative and quantitative; on the procedures is bibliographic, documental
and ex-post-factos. The universe of the research isomer hundred and twenty Citizenship
Territories, and the sample is the Territory of Cantuquiriaçu/Pr. There were conducted
interviews with CONDETEC (Conselho de Desenvolvimento do Território Cantuquiriguaçu) members and public servants linked to prefectures of the region, as well as statistic
information, quantitative and systematized data from the Brazilian Institute of geography and
statistics (IBGE), in 2000 and 2010 Censuses, Atlas of human development (2013), Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Ministry of Social
development and fight against hunger (MDS), Ministry of Agrarian Development (MDA), as
well as economic and financial data collected from the prefectures of the region. The research
has analyzed the investments made by the program Territory of the Citizenship in
Cantuquiriguaçu/PR. and has obtained, as a result, the importance of the State intervention,
through the actions of the program Territory of Citizenship, which has contributed to the
development of the region. The volume of applied resources was significant and the projects,
in their majority, fulfill the functions they were crated for
Key-words: Territory, Territory of Citizenship, Public Policy, Development, Regional
Development
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
1. Introdução
O Estado tem a responsabilidade de programar políticas públicas para prover
condições de redução da pobreza e das desigualdades sociais existentes. Com o objetivo de
promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania, foi
lançado em 2008, pelo governo federal, o Programa Território da Cidadania – TC. A partir do
diagnóstico do baixo Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, de algumas regiões
brasileiras, foram elaborados Planos de Desenvolvimento Regionais que deram origem ao
Programa. Segundo o Portal da Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
(2011), os Territórios da Cidadania:
(...) tem como objetivos promover o desenvolvimento econômico e universalizar
programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento
territorial sustentável. A participação social e a integração de ações entre Governo
Federal, estados e municípios são fundamentais para a construção dessa estratégia
(MDA, 2011).
São, portanto, regiões formadas por um conjunto de municípios com a mesma
característica econômica e ambiental, identidade e coesão social, cultural e geográfica. No
Brasil, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrícola, em 2010 foram
definidos 120 territórios da cidadania, onde vivem 37,4 milhões de brasileiros(as),
abrangendo 32% da superfície nacional. Nesses territórios encontra-se 42% da demanda
social do MDA, constituída por agricultores (as) familiares, assentados(as) pela reforma
agrária, trabalhadores(as) rurais que buscam acesso à terra, além de outros segmentos de
populações tradicionais que habitam os espaços rurais.
No Paraná, são quatro Territórios da Cidadania: Cantuquiriguaçu; Norte Pioneiro;
Paraná Centro e Vale do Ribeira. Ao todo, os quatro Territórios somam 92 municípios
paranaenses. Em especial, o Território da Cidadania no Cantuquiriguaçu, localizado na
mesorregião centro-sul do Estado do Paraná é composto pelos Municípios: Campo Bonito,
Candói, Cantagalo, Catanduvas, Diamante do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão,
Goioxim, Guaraniaçu, Ibema, Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão,
Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu, Reserva do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, Três Barras do
Paraná e Virmond. Visando atender essa diversidade encontrada no Cantuquiriguaçu, diversas
ações de desenvolvimento foram implementadas no Território. Tomando por base o exposto,
o presente artigo apresenta a seguinte questão-problema: Como ocorreram as ações das
políticas publicas do desenvolvimento do território da cidadania no Cantuquiriguaçu/Pr?
Com relação à justificativa, o artigo classifica-se sob duas relevâncias: a relevância
teórica e a pratica. Sob o aspecto da relevância teórica, justifica-se por identificar o impacto
da universalização de programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de
desenvolvimento territorial sustentável e integrado entre governos federal, estadual e
municipal. Quanto à relevância prática, justifica-se por verificar se as ações desenvolvidas
pelo Programa Território da Cidadania contribuíram para a diminuição dos índices de pobreza
da população, o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida das
populações envolvidas. A pesquisa integra os conhecimentos teóricos e sua aplicação prática
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
dentro do Programa Territórios da Cidadania, justificando a importância do conhecimento
sobre o programa, o território escolhido para a pesquisa, nesse caso o Cantuquiriguaçu/Pr, e o
conhecimento sobre as mudanças ocorridas nesse território com a implantação do programa.
2 Território, conceitos e discussões.
Atualmente muito se tem discutido na academia em relação ao conceito de território
bem como quanto a diferenciação conceitual existente entre espaço e território. Santos
(2007,p.14), ao conceituar território, assevera:
Território não é apenas o conjunto dos sistemas naturais e de sistemas de coisas
superpostas; o território tem que ser entendido como território usado, não o território
em si. O território usado é o chão mais a identidade. A identidade é o sentimento de
pertencer àquilo que nos pertence. O território é o fundamento do trabalho; o lugar da
residência, das trocas materiais e espirituais e do exercício da vida.
Desta forma território na visão de sistema, vai além da ocupação, mais de tudo o que é material e
imaterial, da realidade até o simbolismo cultural e espiritual do que ele representa.
Segundo Saquet (2004), território é:
(...) produzido espaço-temporalmente pelas relações de poder engendradas por um
determinado grupo social. Dessa forma pode ser temporário ou permanente e se
efetiva em diferentes escalas, portanto não apenas naquela convencionalmente
conhecida como o “território nacional” sob gestão do Estado- Nação.
Raffestin (1993) apud Flores (2006, p.04) considera que o conceito de espaço é
relacionado ao patrimônio natural existente numa região definida. Por outro lado, no conceito
de territórios e incorporaria a apropriação do espaço pela ação social de diferentes atores. Em
outras palavras, o conceito de território incorpora o jogo de poder entre os atores que atuam
num espaço. Como resultado desse jogo de poder, se define uma identidade relacionada a
limites geográficos, ou ao espaço determinado. O território surge, portanto, como resultado de
uma ação social que, de forma concreta e abstrata, se apropria de um espaço (tanto física
como simbolicamente), por isso denominado um processo de construção social.
Para Coca (2013) “grande parte dos trabalhos apresenta uma leitura deste conceito que
não leva em consideração a conflitualidade e a diversidade, tendência também observada nas
políticas públicas”.
Partindo desses espaços temporalmente definidos, surge uma nova configuração
territorial denominada de Territórios da Cidadania cujo objetivo, de acordo com o Ministério
do Desenvolvimento Agrário, é promover o desenvolvimento econômico e universalizar
programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial
sustentável. A participação social e a integração de ações entre Governo Federal, estados e
municípios são fundamentais para a construção dessa estratégia.
O conceito de território presente na política de crédito do MDA vem atrelado à
perspectiva da promoção do desenvolvimento em áreas ou regiões estagnadas
economicamente e deprimidas socialmente. Nesse contexto, a escala territorial assume um
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
papel crescente enquanto unidade de planejamento e intervenção. Vale esclarecer que a
organização de municípios em torno de um projeto não é novidade no Brasil, sendo que as
associações de municípios e os consórcios municipais de saúde são exemplos dessas
iniciativas.
Segundo IPARDES (2007, p. 05), a partir do ano de 2000, foi introduzida a escala
territorial nas políticas públicas pelo Ministério da Integração Nacional e pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), vinculando inclusive a sua política de credito rural, por
meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), à
organização territorial, ação respaldada inclusive com a criação da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial (SDT), o que legitimou e estimulou a organização de municípios
em territórios.
Nesse sentido, com relação ao Estado do Paraná, o IPARDES (2007, p.05) elaborou
diagnósticos socioeconômicos territoriais com o objetivo de subsidiar as ações do Projeto de
Inclusão Social e Desenvolvimento Rural Sustentável e subsidiar o planejamento das ações
dos Fóruns e/ou Conselhos de Desenvolvimento Territorial.
Espaços geográficos relativamente homogêneos do ponto de vista físico-ambiental
foram identificados bem como as áreas mais vulneráveis do Estado que, prioritariamente,
devem ser alvo da intervenção do estado, por meio da implementação de políticas publicas.
Somente a partir disso é que o Território Cantuquiriguaçu é constituído como espaço,
como unidade territorial.
3 Programa Território da Cidadania
O Território da Cidadania é um programa lançado em 2008 pelo governo federal, com a
intenção de propiciar crescimento econômico e desenvolvimento social e territorial, por meio
da ação de integrada de políticas públicas.
Inicialmente, segundo dados do MDA (2013), foram criados sessenta territórios
distribuídos por todo pais. No ano de 2010 outros territórios foram implantados chegando ao
montante de 120 territórios rurais. Dentre os fatores determinantes para que uma região seja
incluída nos Programa Territórios estão baixo IDH, territórios com maior concentração de
beneficiários do Programa Bolsa Família; concentração de agricultura familiar e
assentamentos da reforma agrária; maior concentração de populações quilombolas e indígenas
e territórios com maior número de municípios com baixo dinamismo econômico (MDA,
2012).
Estruturado a partir de duas linhas de ações - de apoio à atividade produtiva e outra de
acesso a direitos e fortalecimento institucional, o PTC reúne um conjunto de políticas públicas
essenciais para assegurar a condição básica de cidadania às populações do meio rural e
proporcionar sua participação na gestão social do desenvolvimento. (MDA, 2011).
No que tange as Políticas Públicas, segundo Guareschi et al (2004, p.180) é “o
conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
compromisso público que visa dar conta de determinada problemática, em diversas áreas.
Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço
público”. Assim, o Programa de Territórios da Cidadania – enquanto conjunto de políticas
públicas – é uma proposta do Governo Federal, somando esforços para estabelecer
prioridades de ações voltadas para regiões e sub-regiões definidas pelo critério de falta de
investimentos públicos e privados, ou até mesmo devido a investimentos insuficientes.
(MDA, 2011).
Em 2010, o Programa atingiu, com programas e ações, 37,4 milhões de brasileiros
(as), abrangendo 32% da superfície nacional. Nesses territórios encontra-se 42% da demanda
social do MDA, constituída por agricultores (as) familiares, assentados (as) pela reforma
agrária, trabalhadores (as) rurais que buscam acesso à terra, além de outros segmentos de
populações tradicionais que habitam os espaços rurais. Fazem parte do rol de ações do
Programa Território da Cidadania 135 ações nas áreas econômica, social e de infraestrutura.
São exemplos de ações: apoio às atividades produtivas agrícolas e pecuárias, à
comercialização dos produtos agropecuário, à produção de biodiesel e à regularização
fundiária (MDA, 2012).
4 O Território da Cidadania Cantuquiriguaçu-PR
No Estado do Paraná foram implementados 04 Territórios da Cidadania, sendo o
Território Cantuquiriguaçu foco deste artigo, e segundo IPARDES (2007,p.08) o Território
Cantuquiriguaçu localiza-se no Terceiro Planalto Paranaense e abrange uma área de 13.947,73
km², correspondendo a cerca de 7% do território estadual e a 17,4% da área do Projeto. Essa
região faz divisa, ao norte e noroeste, com o território Paraná Centro; a oeste, como território
Cascavel; ao sul, com o Grande Sudoeste; a sudeste com o território União da Vitória; e a
leste, faz divisa com o território Centro-Sul.
O Território Cantuquiriguaçu está localizado nas mesorregiões Centro-Sul Paranaense
e Oeste Paranaense e é composto pelos municípios de Campo Bonito, Candói, Cantagalo,
Catanduvas, Diamante do Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guaraniaçu,
Ibema, Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do
Iguaçu, Reserva do Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Virmond. Esse
conjunto de municípios reúne, segundo dados do IBGE (2010), 232.519 pessoas,
representando 2,3% da população estadual e 12,5% da população da área do projeto. N figura
nº 1 uma representação da localização do território.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Figura 1 - Território Cantuquiriguaçu - PR
Fonte: IPARDES (2007, p. 08)
Historicamente, o Território Cantuquiriguaçu começou a receber essa denominação
em 1984, quando os prefeitos dos Municípios de Laranjeiras do Sul e Palmital, Valmir Gomes
da Rocha Loures e João Ceccura, respectivamente, fundaram a Associação dos Municípios da
Cantuquiriguaçu, sendo João Ceccura nomeado o primeiro presidente. O nome do território
foi escolhido em virtude dos municípios associados se localizarem nos vales dos rios Cantu,
Piquiri e Iguaçu (CANTUQUIRIGUAÇU, 2003). Com a existência destes rios o território
possui sete usinas hidrelétricas, entre as quais Salto Santiago, Salto Osório e Governador Ney
Braga. Segundo COCA (2013), “o Território Cantuquiriguaçu possui como uma de suas
principais características o protagonismo dos movimentos socioterriais nas tomadas de
decisões sobre as políticas de desenvolvimento adotadas no território”. A diversidade de
atores sociais é uma das características mais marcantes do território, entre os quais podemos
citar: camponeses com terra e sem-terra, indígenas, atingidos por barragens e outros. Nesse
território há a maior concentração indígena do Paraná, com 2.397 habitantes, vivendo em uma
área de 18.862 hectares. Essa reserva indígena recebe o nome de Reserva Indígena Rio das
Cobras (Decreto 290/91), formada por remanescentes de dois povos, Guarani, Mbya e
Kaigang. A população total do Território é de 232.519 habitantes, destes 125.060 moram em
áreas urbanas e 107.459 em áreas rurais, como mostra o Censo 2010 (IBGE 2010). Portanto, o
Cantuquiriguaçu é um território de características rurais, sendo que de todos os municípios
que o compõem o que possui maior população é Laranjeiras do Sul, com pouco mais de 30
mil habitantes e o que possui menor número de habitantes. No Território Cantuquiriguaçu
existem ainda três comunidades quilombolas, localizadas no município de Candói:
Despraiado, Vila Tomé e Cavernoso.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
5 Indicadores Sociais Do Território Cantuquiriguaçu - PR
Um indicador é um parâmetro cujo objetivo é medir a diferença entre a situação que se
espera atingir e a situação atual. Ou seja, sua função é indicar se o que está sendo feito está ou
não dentro da meta desejada. Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que
contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões e, quando analisados
em conjunto, devem refletir a realidade dentro de um contexto. Vários autores conceituam
indicadores. Ferreira, Cassiolato e Gonzales (2009) asseveram:
O indicador é uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de
significado particular e utilizada para organizar e captar as informações
relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso
metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto
observado.
Segundo Rua (2004), os indicadores são medidas que expressam ou quantificam um
insumo, um resultado, uma característica ou o desempenho de um processo, serviço, produto
ou organização. Para o IBGE (2005), os indicadores são ferramentas constituídas de variáveis
que, associadas a partir de diferentes configurações, expressam significados mais amplos
sobre os fenômenos a que se referem. Cabe salientar que, segundo Jannuzzi (2003) apud
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (2010), o registro de um determinado
cadastro administrativo ou uma estatística produzida por uma instituição especializada não é
necessariamente um indicador de desempenho; portanto, uma importante distinção precisa ser
feita entre: a) Estatísticas Públicas: representam ocorrências ou eventos da realidade social,
são produzidas e disseminadas pelas instituições que compõem o Sistema Estatístico Nacional
e servem de insumos para a construção de indicadores; b) Indicadores de Desempenho de
Programas: dentro de uma finalidade programática, permitem uma análise contextualizada e
comparativa dos registros e estatísticas, no tempo e no espaço; c) Sistema de Indicadores:
constitui um conjunto de indicadores que se referem a um determinado tema ou finalidade
programática. São exemplos o sistema de indicadores do mercado de trabalho e o sistema de
indicadores urbanos (Nações Unidas). Os Indicadores Sociais podem ser classificados
segundo as diversas aplicações a que se destinam. A classificação mais comum é a divisão
dos indicadores segundo a área temática da realidade social a que se referem. Há, assim, os
indicadores de saúde, os indicadores educacionais, os indicadores de mercado de trabalho, os
indicadores demográficos, indicadores habitacionais, os indicadores de segurança pública e
justiça, os indicadores de infraestrutura urbana, os indicadores de renda e desigualdade. Há
classificações temáticas ainda mais agregadas, usadas na denominação dos Sistemas de
Indicadores Sociais, como os Indicadores Socioeconômicos, de Condições de Vida, de
Qualidade de Vida, Desenvolvimento Humano ou Indicadores Ambientais (NAÇÕES
UNIDAS, 1988, apud JANNUZZI, 2002). O conceito de desenvolvimento humano nasceu
definido como um processo de ampliação das escolhas das pessoas para que elas tenham
capacidades e oportunidades para serem aquilo que desejam ser (PNUD, 2014).O Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH é um índice de caráter universal utilizado para se medir o
desenvolvimento humano de países ou regiões. Ele é calculado desde 1990 para todos os
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
países do mundo. A aplicação dessa metodologia na escala municipal recebe o nome de IDH-
M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) (PNUD, 2014). A concepção conceitual
do IDH era de que o índice fosse uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano.
Mesmo tendo outra perspectiva, o IDH não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e
não é a representação de uma vida de qualidade das pessoas, nem indica de fato como as
pessoas estão vivendo, em que lugar e sob quais condições. Não indica, portanto, democracia,
participação, igualdade, sustentabilidade. O IDH sintetiza a compreensão do tema de
desenvolvimento humano, desigualdade social, amplia e fomenta o debate. O IDH é formado
por três pilares: saúde, educação e renda. A mensuração de cada um deles é feita tomando por
base: Saúde - é a medida pela expectativa de vida; Educação - pela média de anos de
educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por
pessoas a partir de 25 anos, e pela expectativa de anos de escolaridade para crianças em idade
de iniciar a vida escolar que é o número total de anos de escolaridade que uma criança pode
receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade
permanecerem os mesmos durante a vida da criança; e a renda é medida pela Renda Nacional
Bruta (RNB) per capita expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar,
tendo o ano de 2005 como ano de referência (PNUD, 2014). O IDH-M tem por objetivo
representar a complexidade de um município em termos do desenvolvimento humano que ele
apresenta. Para tanto, são considerados três componentes que são encarados como essenciais
para a vida das pessoas, quais sejam: educação, longevidade e renda, sendo que esses
componentes são caracterizados por um conjunto de indicadores (PNUD, 2014). Na tabela nº
1 os valores comparativos do IDHM do Brasil, Estado do Paraná e Território Cantuquiriguaçu
para os períodos de 2000 e 2010.
Tabela 1 - Índice de Desenvolvimento Humano – IDHM – Cantuquiriguaçu – 2000 e 2010
IDHM (2000) IDHM (2010) Diferença
Brasil 0,612 0,727 0,115
Paraná 0,650 0,749 0,099
Cantuquiriguaçu 0,529 0,659 0,130
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
Na tabela 1 é possível verificar que o indicador IDHM apresentou melhoras no
período estudado para os três entes. Na esfera federal houve uma melhoria de 0,115 o que
representa 18,79%. Com relação ao Estado do Paraná, o IDHM, em média apresenta-se
superior ao federal. A diferença, no período estudado, foi de 0,099, representando 15,23%. No
Território Cantuquiriguaçu, o IDHM era, em 2000, de 0,529 passando para 0,659 em 2010,
representando aumento de 0,13 ou 24,57%. O indicador IDHM apresenta aumento
significativo quando comparados os períodos de 2000 e 2010. Tanto o indicador
representativo do Brasil, quanto do Estado do Paraná e do Território Cantuquiriguaçu
melhoraram para o período. Com relação à evolução de cada um dos Municípios que compõe
o Território Cantuquiriguaçu, pode-se observar:
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Tabela 2 - IDHM por Município do Cantuquiriguaçu – 2000 e 2010
Lugar
IDHM
(2000)
IDHM
(2010) Oscilação %AT
Campo Bonito 0,512 0,681 0,169 33,01%
Candói 0,509 0,635 0,126 24,75%
Cantagalo 0,516 0,635 0,119 23,06%
Catanduvas 0,569 0,678 0,109 19,16%
Diamante do Sul 0,488 0,608 0,12 24,59%
Espigão Alto do Iguaçu 0,529 0,636 0,107 20,23%
Foz do Jordão 0,516 0,645 0,129 25,00%
Goioxim 0,446 0,641 0,195 43,72%
Guaraniaçu 0,575 0,677 0,102 17,74%
Ibema 0,531 0,685 0,154 29,00%
Laranjeiras do Sul 0,598 0,706 0,108 18,06%
Marquinho 0,433 0,614 0,181 41,80%
Nova Laranjeiras 0,528 0,642 0,114 21,59%
Pinhão 0,526 0,654 0,128 24,33%
Porto Barreiro 0,544 0,688 0,144 26,47%
Quedas do Iguaçu 0,593 0,681 0,088 14,84%
Reserva do Iguaçu 0,554 0,648 0,094 16,97%
Rio Bonito do Iguaçu 0,466 0,629 0,163 34,98%
Três Barras do Paraná 0,568 0,681 0,113 19,89%
Virmond 0,572 0,722 0,15 26,22%
IDHM Médio Cantuquiriguaçu 0,529 0,659 0,130 24,57%
Paraná 0,650 0,749 0,099 15,23%
Brasil 0,612 0,727 0,115 18,79%
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
A Tabela 2 apresenta os valores do IDHM, para cada um dos Municípios do
Cantuquiriguaçu. É possível observar que todos os municípios apresentaram melhora
significativa no indicador. Ressaltem-se os Municípios de Goioxim e Marquinho que tiveram
melhorias de 43,72% e 41,80% respectivamente. Mas, apesar dessa melhora, nenhum deles
possui IDHM igual ou superior ao indicador do Brasil ou do Estado do Paraná.
Os municípios com indicadores mais altos são Virmond e Laranjeiras do Sul com
0,722 e 0,706, respectivamente. Apesar do Município de Marquinho apresentar uma das
maiores evoluções, em termos comparativos aos demais, ainda é um dos que possui menor
indicador médio: 0,614.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Gráfico 1 - Índice de Desenvolvimento Humano – IDHM – Cantuquiriguaçu – 2000 e 2010.
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
O Gráfico 1 mostra a evolução do indicador IDHM para os municípios. Percebe-se que
Virmond e Laranjeiras do Sul são os Municípios com indicadores mais altos e Diamante do
Sul e Marquinho os que possuem indicadores menores. Os indicadores de Educação,
Longevidade e Renda para cada um dos Municípios do Território do Cantuquiriguaçu,
comparativamente para 2000 e 2010. No gráfico abaixo os comparativos dos indicadores para
o período de 2000 e 2010.
Gráfico 2 - IDHM, IDHM Renda, IDHM Educação e IDHM Longevidade 2000 e 2010
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
É observável no Gráfico 2 os valores relativos ao indicador IDHM – Renda,
Longevidade e Educação, para os períodos de 2000 e 2010, do Brasil, Estado do Paraná e
Território Cantuquiriguaçu, respectivamente. Houve evolução nos indicadores, nas três
esferas analisadas e ressalte-se que, apesar do IDHM médio do Território Cantuquiriguaçu ser
inferior ao observado no Brasil e Estado do Paraná, apresenta-se superior nos itens
Longevidade e Educação. Mais especificamente quanto ao indicador IDHM Renda, para o
período de 2000 e 2010, percebe-se no gráfico abaixo a evolução em cada um dos Municípios
do Cantuquiriguaçu:
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Gráfico 3 - IDHM Renda - 2000 e 2010
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
A evolução do indicador IDHM Renda, no Gráfico 3, para os períodos de 2000 e 2010,
para cada um dos Municípios. Todos os vinte municípios do território apresentaram melhoria
no indicador. Os Municípios de Virmond, Laranjeiras do Sul e Guaraniaçu são os que mais se
aproximam dos valores do Paraná e Brasil. Com relação ao indicador IDHM Longevidade,
para os períodos de 2000 e 2010, a mesma tendência observada anteriormente, mantém-se,
conforme gráfico abaixo:
Gráfico 4 - IDHM Longevidade - 2000 e 2010
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
Com relação ao indicador IDHM Longevidade, todos os municípios do Território
apresentaram melhorias ficando bem próximos das médias do Estado do Paraná e Brasil.
Cantagalo e Diamante do Sul são os municípios que continuam com IDHM Longevidade
menor que as medias do estado do Paraná e Brasil em 2010, porém ressalte-se que a diferença
não é significativa. A seguir, comparativo do indicador IDHM Educação para os municípios
do Cantuquiriguaçu, em 2000 e 2010:
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Gráfico 5 - IDHM Educação - 2000 e 2010
Fonte: Atlas Brasil, (2014)
Todos os municípios do território apresentaram melhora significativa quando
comparados os levantamentos de 2000 e 2010. Destaque se dê para os municípios de Virmond
e Ibema que apresentam os melhores índices relativos.(0,628 e 0,615). Goioxim apresenta a
melhoria mais significativa – de 0,225 em 2000 para 0,547 em 2010. Em termos percentuais,
houve melhoria no indicador de 143%, aproximadamente. Diante do exposto, verifica-se que
há indícios de que as políticas publicas desenvolvidas no território, estão sendo efetivas e os
resultados podem ser mensurados por meio da investigação e comparação dos indicadores. Ou
seja, o Estado está intervindo positivamente nas condições de vida da população.
6 Procedimentos Metodológicos Da Pesquisa
Quanto à metodologia, caracteriza-se como aplicada, exploratória e descritiva. Quanto
à abordagem classifica-se como qualitativa e quantitativa. De acordo com Marion, Dias e
Traldi (2002, p.62) a pesquisa descritiva “[...] objetiva descrever as características de
determinado fenômeno ou população, correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis) sem, no
entanto, manipulá–los. Implica observação, registro e análise do objeto que esta sendo
estudado’’. Quanto à abordagem do problema, a pesquisa classifica-se em quantitativa que
para Teixeira (2007, p.136) é marcada pela quantificação dos eventos, a partir de análises
estatísticas, pois utiliza a descrição matemática como linguagem, ou seja, a linguagem
matemática é usada para descrever as causas de um fenômeno. Os dados coletados serão
tratados estatisticamente e representados por meio de tabelas, gráficos e ilustrações. Quanto
aos procedimentos a pesquisa pode ser caracteriza em bibliográfica, documental e ex-post-
factos. Foi realizado levantamento das ações previstas dentro do PTC, em seguida fez-se a
análise das ações realizadas e investigou-se a efetividade das mesmas. A população da
pesquisa é composta pelos Territórios da Cidadania que totalizam cento e vinte, tendo como
amostra o Território da Cidadania do Cantuquiriguaçu/Pr. A pesquisa investigou o processo
de definição de ações, a implementação e os resultados dessas ações, respondendo, dessa
forma, a pergunta de pesquisa. A identificação e analise das ações se deu por meio de acesso à
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
documentos fornecidos pelo CONDETEC, entrevistas e analise de dados disponíveis nos
portais de transparência da União, Estado do Paraná e dos Municípios integrantes do
Território. Complementarmente foram utilizadas informações estatísticas, quantitativas,
sistematizadas a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos
censos de 2000 e 2010, Atlas de Desenvolvimento Humano (2013), Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), bem como dados
econômicos e financeiros coletados junto às prefeituras da região. As ações, objeto de analise
nesta pesquisa, foram definidas por meio de amostra não probabilística intencional, por
conveniência e acessibilidade. Foram utilizadas informações estatísticas, quantitativas,
sistematizadas a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos
censos de 2000 e 2010, Atlas de Desenvolvimento Humano (2013), Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), bem como dados
econômicos e financeiros coletados junto às prefeituras da região. Os dados coletados foram
planificados e tratados utilizando-se estatistica descritiva. As análises e interpretações foram
feitas individualmente utilizando-se de tabelas comparativas que demonstraram a evolução
dos recursos transferidos bem como a representatividade destes em relação às receitas
orçamentárias dos municípios.
7 Apresentação, Análise e Interpretação dos Resultados
Na análise, do território, foram realizadas entrevistas com os membros do
CONDETEC, representantes de movimentos sociais e funcionários públicos municipais. A
primeira parte do questionário foi com relação à identificação do respondente. Verificou-se
com base na amostra, com relação ao gênero, todos os entrevistados são do sexo masculino e
cinco (5), ou seja, 71,43% aproximadamente possuem entre 21 a 40 anos e dois respondentes
(28,57%) possuem faixa etária entre 41 e 60 anos. Obteve-se resposta também quanto ao nível
de escolaridade dos entrevistados, sendo que 14,28% possuíam nível médio, 28,57% haviam
cursado o ensino superior e 57,14% concluíram algum curso de especialização. Com relação
ao questionamento: acompanhou a implementação do Programa Território da Cidadania e
definição das ações no Território da Cidadania do Cantuquiriguaçu/Pr, observa-se que
14,28% acompanharam a implantação do Programa, mas 85,71% não acompanharam
diretamente.
A justificativa é que houve alteração na composição do CONDETEC em função das
eleições municipais ocoridas em 2012. Na identificação das Ações foi realizada um bloco
com as perguntas relacionadas à identificação das ações e tratam da definição da
implementação e repasse financeiro para os Municípios.
Observou-se que, quando questionados a respeito do Município ser contemplado com
projetos do Programa Territórios da Cidadania, todos os respondentes afirmaram que, de uma
forma ou outra, sim com realão a importância das ações para o desenvolvimento do território.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Gráfico 6 – Quanto à Definição das Ações
Fonte: Dados da pesquisa, (2014)
As questões buscaram identificar como se deu o processo de implementação das ações
considerando a articulação entre os diversos órgãos públicos envolvidos, estratégias de
diversificação, Atuação dos Conselhos Municipais integrados, Respeito às decisões do
CONDETEC, superação de conflitos de interesse e participação de entidades públicas,
privadas, movimentos sociais e sociedade civil organizada.
Gráfico 7 - Quanto à Implementação das Ações
Fonte: Dados da pesquisa, (2014)
Verifica-se no Gráfico 7, a representação da percepção dos entrevistados com relação
à efetiva implementação das ações do Programa Território da Cidadania. As respostas ficaram
divididas entre as alternativas na questão Articulação entre municípios e esferas de poder,
onde 43% das respostas foram provavelmente não e 14% como definitivamente não,
totalizando 57% de respostas negativas.
Quanto às dificuldades encontradas na implementação das ações, adotou-se a seguinte
escala: 1 – Definitivamente Sim; 2 – Provavelmente Sim; 3 – Indeciso; 4 – Provavelmente
Não; e 5 – Definitivamente Não; e as questões foram relacionadas à Fraca mobilização da
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
sociedade civil, Individualismos, baixa participação da da sociedade civil organizada, atrasos
nos repasses financeiros, falta de identidade territorial
Gráfico 8 - Dificuldades na Implementação das Ações
Fonte: Dados da pesquisa, (2014)
No Gráfico 8, a identificação da percepção dos respondentes quanto às dificuldades na
implementação das açoes. Individulismos e atrasos nos repasses financeiros, ambos com 86%
de respostas afirmativas, foram apontadas como os maiores problemas enfrentados pelo
Programa Território da Cidadania.
Por outro lado, apesar das heterogeneidades e especificidades próprias do Território,
não há falta de identidade territorial, segundo os entrevistados.
Com relação a implementação das ações, no bloco 2, as perguntas foram relacionadas
às ações implementadas no Território Cantuquiriguaçu, segundo planilhas de prestação de
contas disponíveis no site do MDA (2013). Ressalte-se que muitos projetos não passaram pelo
CONDETEC, mas foram realizados diretamente com as prefeituras do território.
Conforme observado, no gráfico 9, as ações foram consideradas, em sua maioria, como
extremamente importantes e muito importante. Em três ações apareceram avaliações como
indiferentes: Organização Produtiva das Mulheres Trabalhadoras Rurais; ATER/Agricultores
Familiares; Apoio a Empreendimentos Cooperativos Associativos.
A escala utilizada foi: 1 - Extremamente Importante; 2 - Muito Importante; 3 –
Indiferente; 4 - Pouco Importante; 5 - Totalmente Sem Importância.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Gráfico 9 - Ações relativas a Organização Sustentável da Produção
Fonte: Dados da pesquisa, (2014)
No enfoque sobre a efetividade das ações implementadas sob dois aspectos: se os
recursos foram aplicados conforme o orçado e se o resultado social esperado foi atingido.
Com relação à implementação das ações planejadas, em sua totalidade, os respondentes
afirmam que a maioria das ações atingiu o objetivo proposto. Porém, alguns projetos ou não
foram implementados em sua totalidade, ou, depois de concluído o projeto, verificou-se sem
utilidade. É o caso da implantação da Indústria de óleo vegetal que não possui tecnologia
apropriada para o fim a que se destina. No grupo de ações “Apoio à gestão Territorial” foram
alocados, até 2010, valores de R$ 160.000,00 para Apoio ao Fortalecimento da Gestão Social
nos Territórios e R$ 80.000,00 para Formação de Agentes de Desenvolvimento, totalizando
R$ 240.000,00 que não foram utilizados. Os respondentes não possuem detalhamento desses
projetos especificamente. A justificativa é que os mesmos foram encaminhados diretamente
pelas Prefeituras Municipais e não passaram pelo CONDETC. Destaque se dê aos itens
“Fiscalização dos Conselhos e Sociedade Civil quanto à efetiva execução das ações”,
“Fiscalização dos Conselhos e Sociedade Civil quanto à aplicação dos recursos financeiros” e
“Parcerias com entes externos à região e esferas de poder”. Quanto aos dois primeiros que
tratam da fiscalização, por parte da sociedade civil, quanto à realização das ações, houve
unanimidade com relação à participação destas. Essa fiscalização ocorre por meio da
participação dos diversos movimentos sociais existentes na região, observatório social e
demais entidades de controle. Com relação às parcerias com entes externos à região e esferas
de poder, 43% dos respondentes consideram que não houve, 14% não tem certeza como essas
parcerias aconteceram e 43% afirmam que existiram.
No Gráfico 10 - verifica-se a representação das percepções dos respondentes em
relação à execução das ações:
Gráfico 10 - Execução das Ações Previstas
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Fonte: Dados da pesquisa, (2014)
Os resultados encontrados são positivos, em sua maioria. Os respondentes consideram
que houve aproveitamento dos recursos aplicados e que o objeto a que se destina, na maioria
dos projetos, foi atingido. Ressalte-se os itens “Geração de postos de trabalho e renda” e
“Fomento à agro industrialização na região” que, segundo os entrevistados, atingiram os
resultados propostos. Quando questionados se “O Programa Território da Cidadania
contribuiu para a Transformação da realidade local”, os respondentes foram unanimes em
afirmar que sim. Porém, a seguir, afirmam que poderia trazer mais beneficios se a burocracia
dos órgãos públicos não fosse grande e também se houvesse maior integração entre os
diversos órgãos públicos envolvidos.
8 CONCLUSÕES
O presente estudo apresenta, neste artigo, uma análise do Programa Território da
Cidadania e o poder de intervenção do Estado, por meio das ações desenvolvidas pelo
programa e das políticas já existente no Território da Cidadania de Cantuquiriguaçu/PR.
Nesse contexto, alguns fatores importantes que contribuem para a visualização dos resultados
foram levantados. Dentre eles, a participação dos movimentos socioterritoriais, as
desigualdades e heterogeneidades próprias do Território Cantuquiriguaçu. O Programa de
Territórios da Cidadania, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, tem como
objetivos promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de
cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. A
participação social e a integração de ações entre Governo Federal, estados e municípios são
fundamentais para a construção dessa estratégia e está presente em todo o território nacional.
No Brasil foram implantados 120 territórios sendo 04 no Estado do Paraná:
Cantuquiriguaçu; Norte Pioneiro; Paraná Centro e Vale do Ribeira. Ao todo, os quatro
Territórios somam 92 cidades paranaenses. O Território da Cidadania, no Cantuquiriguaçu, é
composto por 20 municípios: Campo Bonito, Candói, Cantagalo, Catanduvas, Diamante do
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Sul, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guaraniaçu, Ibema, Laranjeiras do
Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu, Reserva do
Iguaçu, Rio Bonito do Iguaçu, Três Barras do Paraná e Virmond. Algumas ações ocorreram
de forma integrada e em consonância com a proposta do Território da Cidadania e do
Conselho do Território Cantuquiriguaçu – CONDETEP como, por exemplo, os recursos
federais advindos por meio do PRONAF. Outros recursos, na forma de transferências diretas,
dependem exclusivamente de ações isoladas das prefeituras municipais como, por exemplo,
as transferências do Programa Bolsa Família. A pesquisa investigou o processo de definição
de ações, a implementação e os resultados dessas ações, respondendo, dessa forma, a pergunta
de pesquisa. O Território Cantuquiriguaçu apresentou melhorias no período: regularização de
assentamentos, Centros de Educação - CEAGRO e Casas Familiares e Projetos de Assistência
Técnica como PRONAT e PROINFO. Todavia, ressalte-se que o CONDETEC, por ser um
conselho com representantes dos diversos movimentos sociais, por entidades governamentais
e não governamentais voltadas ao desenvolvimento sustentável, não foi valorizado como
deveria dada a sua importância e representatividade, pois os recursos destinados por meio do
conselho foram insignificantes, bem como a capacidade de geri-los.Ressalte-se também que o
CONDETEC caracteriza-se como um espaço de debate e de efetividade para o
desenvolvimento do Território, proporcionando reflexões contínuas sobre os avanços e
necessidades existentes no Território Cantuquiriguaçu. A pesquisa apresentou a seguinte
hipótese: Se a política pública do território da cidadania ocorreu no território Cantuquiriguaçu
então se entende que as ações contribuíram para o desenvolvimento territorial, que foi
confirmada. Há indícios que permitem a confirmação da hipótese. Isso se dá por meio da
verificação dos indicadores que apresentaram melhora significativa no período estudado, em
todo o Território Cantuquiriguaçu. A diminuição dos índices de pobreza da população, o
desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas são
aspectos que ratificam a confirmação da hipótese. O objetivo geral da pesquisa foi analisar as
ações das políticas publicas do desenvolvimento do território da cidadania Cantuquiriguaçu/Pr
e pode-se afirmar que foi atingido. A identificação e analise das ações se deu por meio de
acesso à documentos fornecidos pelo CONDETEC, entrevistas e analise de dados disponíveis
nos portais de transparência da União, Estado do Paraná e dos Municípios integrantes do
Território. Complementarmente foram utilizadas informações estatísticas, quantitativas,
sistematizadas a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos
censos de 2000 e 2010, Atlas de Desenvolvimento Humano (2013), Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), bem como dados
econômicos e financeiros coletados junto às prefeituras da região. Pode-se concluir que o
Programa Território da Cidadania trouxe resultados significativos para o Cantuquiriguaçu.
Seja por meio da implementação efetiva de projetos que contribuíram para a melhoria da
qualidade de vida da população, seja por meio de do debate amplo que foi desenvolvido, por
meio do CONDETEC, e que gerou analises sobre as necessidades prementes do território.
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
REFERÊNCIAS
ATLAS do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/consulta/ >. Acesso
em: 08 de maio de 2014.
BRASIL Ministério da Agricultura. Política Agrícola. Disponível em: http://www.
agricultura.gov.br/politica-agricola. Acesso em 08 fev 2013.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2000. –
Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. Disponível
em: http://migre.me/joadw Acesso em: 08 de abril de 2014
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo Demográfico 2010. –
Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível
em<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
sinopse_preliminar/Censo2010sinopse.pdf>. Acesso em: 05 de maio de 2014.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Relatório de Execução – Plano
de Execução 2010. Territórios da Cidadania, 2010.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Territórios da Cidadania 2010.
Disponível em: <http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/one-
community>. Acesso em: 23 jan. 2014.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS). Programa
Bolsa Família, 2014
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Povos e comunidades tradicionais. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/desenvolvimento-rural/terras-ind%C3%ADgenas,-povos-e-
comunidades-tradicionais. Acesso em 08 fev 2013.
Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e
Investimentos Estratégicos - SPI. Indicadores de programas: Guia Metodológico. Brasília:
MP, 2010
CANTUQUIRIGUAÇU, Associação dos Municípios da Cantuquiriguaçu. Plano diretor
para o desenvolvimento dos municípios da Cantuquiriguaçu. Laranjeiras do Sul-PR, 2003.
COCA, Estevan Leopoldo de Freitas. Assentamentos Rurais: Territórios do Território
Cantuquiriguaçu, Estado Do Paraná.
FERREIRA, HELDER; CASSIOLATO, MARTHA; GONZALEZ, ROBERTO. Uma Experiência de
Desenvolvimento Metodológico para Avaliação de Programas: o modelo lógico do Programa
Segundo Tempo, Brasília: Ipea, 2009 (Texto para Discussão n. 1369).
João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
FLORES, Murilo. A identidade cultural do território como base de estratégias de
desenvolvimento –uma visão do estado da arte. São Paulo: Atlas, 2006
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/ . Acesso em 05 de maio de 2014
IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Diagnostico
socioeconômico do Território Cantuquiriguaçu: 1a fase caracterização global. Curitiba:
IPARDES, 2007.
IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Curitiba:
Cadernos Municipais. Curitiba: IPARDES, 2010. IPARDES, Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social. Curitiba: Cadernos Municipais. Curitiba: IPARDES,
2012.IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Curitiba:
Cadernos Municipais. Curitiba: IPARDES, 2013.
JANNUZZI, P. de M. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, medidas e aplicações. 3. ed.
Campinas: Alínea; Campinas: PUC, 2004.
MARION, J.C.; DIAS, R.; TRALDI, M. C.Monografia para os cursos de administração,
contabilidade e economia. São Paulo: Atlas. 2002
MEDEIROS, M. BRITTO, T. SOARES, F. Programas focalizados de transferências de
renda no Brasil: contribuições para o debate. Texto para Discussão nº 1283. Brasília: IPEA,
2007
PORTAL DA CIDADANIA. Territórios da cidadania. Disponível em: http://www.ter
ritorios da cidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/one-community. Acesso em 02 fev
2013.
RAFFESTIN, Claude. Por uma Geografia do Poder. São Paulo:Ática S.A., 1993.
RUA, M. G. Desmistificando o problema: uma rápida introdução ao estudo dos indicadores, Mimeo,
Escola Nacional de Administração Pública, Brasília, Brasil 2004.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência
universal. São Paulo: Record, 2000
SAQUET, Marcos Aurélio. Território e desenvolvimento: diferentes abordagens. Francisco Beltrão:
UNIOESTE, 2004.