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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS MEDICINA VETERINÁRIA EMILY MOREIRA LEAL RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM MEDICINA VETERINÁRIA: INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL CURITIBA 2011

TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

MEDICINA VETERINÁRIA

EMILY MOREIRA LEAL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM

MEDICINA VETERINÁRIA:

INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

CURITIBA

2011

Page 2: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

EMILY MOREIRA LEAL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM MEDICINA

VETERINÁRIA:

INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Relatório de estágio curricular supervisionado

apresentado à disciplina de Estágio em

Medicina Veterinária, como requisito à

conclusão do curso de Medicina Veterinária da

Universidade Federal do Paraná.

Supervisor: LUIZ AUGUSTO MARTINS

GASPARETTO

Orientador: Profº CARLOS ROBERTO CONTI

NAUMANN

CURITIBA

2011

Page 3: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

RESUMO

Neste relatório são descritas as atividades realizadas junto ao Serviço de Inspeção Federal Local, durante o período de estágio curricular obrigatório, realizado entre 11/07/2011 a 30/09/2011, na indústria de alimentos Juliatto e Foggiatto CIA LTDA. As atividades relacionam-se diretamente com o setor de controle de qualidade da empresa inspecionada. Portanto, basicamente, o SIF local controla o setor de controle de qualidade da empresa, visando a produção de alimentos inócuos, que garantam a segurança alimentar dos consumidores. Neste documento, são descritos os fluxogramas de diversos produtos da empresa como os frescais, cozidos e defumados, salgados, temperados, bem como, há a descrição de cada etapa do processo de fabricação dos alimentos.

Palavras-chave: ALIMENTO, ATIVIDADES, ESTÁGIO, QUALIDADE.

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LISTA DE ILUTRAÇÕES

FIGURA 1 – Cortes técnicos de um suíno...................................................................36

FIGURA 2 – Injeção Múltipla.......................................................................................39

FIGURA 3 – Reação de cor em carnes curadas.........................................................42

FIGURA 4 – Mudanças químicas da mioglobina durante as reações de

cura.............................................................................................................................43

Page 5: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

ATP Adenosina Trifosfato

BPF Boas Práticas de Fabricação

DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal

EUA Estados Unidos da América

HTST High Temperature and Short Time

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

POP Procedimentos Operacionais Padronizados

PCC Ponto Crítico de Controle

PCF Programa de Controle de Formulações

PPHO Procedimentos Padrões de Higiene Operacional

PSO Procedimento Sanitário Operacional

SIF Serviço de Inspeção Federal

UE União Européia

UHT Ultra High Temperature

Page 6: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO .......................................................................... 9

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO .......................................................... 9

3 PROGRAMAS DE AUTOCONTROLE EM ESTABELECIMENTOS

ALIMENTÍCIOS ......................................................................................................... 10

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS JUNTO AO PLANO DO

SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL LOCAL ......................................................... 17

4.1 MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS ............................... 17

4.2 VESTIÁRIOS, SANITÁRIOS E BARREIRAS SANITÁRIAS ................................ 19

4.3 ILUMINAÇÃO ...................................................................................................... 19

4.4 VENTILAÇÃO ...................................................................................................... 20

4.5 ÁGUA DE ABASTECIMENTO ............................................................................. 21

4.6 ÁGUAS RESIDUAIS............................................................................................ 22

4.7 CONTROLE DE PRAGAS ................................................................................... 22

4.8 HIGIENE, HÁBITOS HIGIÊNICOS E SAÚDE DOS FUNCIONÁRIOS ................ 23

4.9 LIMPEZA E SANITIZAÇÃO PROGRAMA PADRÃO DE HIGIENE

OPERACIONAL ........................................................................................................ 24

4.10 PROCEDIMENTOS SANITÁRIOS OPERACIONAIS ........................................ 25

4.11 CONTROLE DE RECEBIMENTO DE INGREDIENTES E MATERIAL DE

EMBALAGEM ............................................................................................................ 26

4.12 CONTROLE DE TEMPERATURA..................................................................... 27

4.13 CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO DE INSTRUMENTOS DE CONTROLE DE

PROCESSO .............................................................................................................. 28

4.14 VERIFICAÇÃO DO PROGRAMA DE APPCC ................................................... 29

4.15 TESTES MICROBIOLÓGICOS – TESTES MICROBIOLÓGICOS PARA

ATENDIMENTO ESPECÍFICOS ............................................................................... 30

4.16 EMBASAMENTO PARA CERTIFICAÇÃO ........................................................ 31

4.17 CONTROLE DE FORMULAÇÕES .................................................................... 31

4.18 BEM ESTAR ANIMAL ....................................................................................... 32

5 PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS CÁRNEOS 33

5.1 RECEPÇÃO ........................................................................................................ 33

Page 7: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

5.2 PROCESSAMENTO DA CARNE ........................................................................ 37

5.3 NITRATOS E NITRITOS ..................................................................................... 41

5.4 MASSAGEAMENTO OU TOMBAMENTO .......................................................... 44

5.5 COZIMENTO DOS ALIMENTOS......................................................................... 44

5.6 DEFUMAÇÃO ..................................................................................................... 48

5.7 TINGIMENTO ...................................................................................................... 50

5.8 CHUVEIRO POR ASPERSÃO PARA RESFRIAMENTO .................................... 50

5.9 TRITURADOR ..................................................................................................... 51

5.10 MOEDOR .......................................................................................................... 51

5.11 MISTURA .......................................................................................................... 52

5.12 CUTTER ............................................................................................................ 52

5.13 MOINHO EMULSIFICADOR ............................................................................. 53

5.14 EMBUTIMENTO ................................................................................................ 56

5.15 EMBALAGEM .................................................................................................... 57

5.16 REFRIGERAÇÃO .............................................................................................. 57

5.17 EXPEDIÇÃO ..................................................................................................... 58

6 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS .............................. 59

6.1 SALGADOS ......................................................................................................... 59

6.1.1 Máscara salgada de suíno ............................................................................... 59

6.1.2 Pele salgada de suíno ...................................................................................... 59

6.1.3 Pé salgado de suíno ......................................................................................... 60

6.1.4 Rabo salgado de suíno ..................................................................................... 61

6.1.5 Pernil Salgado de Suíno ................................................................................... 61

6.1.6 Lombo Salgado ................................................................................................ 62

6.1.7 Carne salgada de bovino .................................................................................. 62

6.1.8 Jerked Beef ...................................................................................................... 63

6.2 DEFUMADOS ..................................................................................................... 64

6.2.1 Joelho defumado de suíno ............................................................................... 65

6.2.2 Lagarto defumado de bovino ............................................................................ 65

6.2.3 Granito defumado de bovino ............................................................................ 66

6.2.4 Lombo cozido e defumado ............................................................................... 67

6.2.5 Costela defumada de suíno .............................................................................. 68

6.3 LINGUIÇAS CURADAS ....................................................................................... 69

6.3.1 Lingüiça tipo calabresa ..................................................................................... 69

Page 8: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

6.3.2 Linguiça mini-calabresa .................................................................................... 70

6.3.3 Linguiça paio .................................................................................................... 71

6.3.4 Linguiça tipo portuguesa .................................................................................. 72

6.3.5 Linguiça de carne suína cozida e defumada .................................................... 73

6.3.6 Linguiça mista defumada .................................................................................. 74

6.4 TEMPERADOS ................................................................................................... 75

6.4.1 Pernil temperado de suíno sem osso ............................................................... 75

6.4.2 Costela temperada de Suíno ............................................................................ 76

6.4.3 Paleta temperada suíno ................................................................................... 76

6.4.4 Picanha temperada de suíno ............................................................................ 77

6.4.5 Sobrepaleta temperada de suíno ..................................................................... 78

6.4.6 Presunto tenro semi-osso ................................................................................. 78

6.4.7 Paleta tender .................................................................................................... 79

6.5 SALSICHÕES ..................................................................................................... 80

6.5.1 Salsichão .......................................................................................................... 80

6.5.2 Salsichão (plástico) .......................................................................................... 81

6.5.3 Salsichão (rosa)................................................................................................ 82

6.5.4 Salsichão (reto) ................................................................................................ 83

6.5.5 Salsichão Curvo ............................................................................................... 84

6.6 MORTADELAS .................................................................................................... 85

6.6.1 Mortadela tipo Bolonha ..................................................................................... 85

6.6.2 Mortadela (embalagem de celofane) ................................................................ 86

6.6.3 Mortadela em formato tubular .......................................................................... 87

6.7 LINGUIÇAS FRESCAIS ...................................................................................... 89

6.7.1 Lingüiça de Carne Suína TC ............................................................................ 89

6.7.2 Lingüiça Toscana ............................................................................................. 90

6.8 OUTROS PRODUTOS ........................................................................................ 91

6.8.1 Salame Milano .................................................................................................. 91

6.8.2 Linguiça colonial ............................................................................................... 92

6.8.3 Apresuntado ..................................................................................................... 92

6.8.4 Morcela ............................................................................................................. 93

6.8.5 Salsicha Viena .................................................................................................. 94

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 96

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 97

Page 9: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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1 INTRODUÇÃO

No competitivo mercado de produtos alimentícios, a qualidade dos produtos

deixou de ser uma vantagem competitiva e se tornou requisito fundamental para a

comercialização dos produtos.

Garantir a produção de produtos inócuos, que não causem dano algum ao

consumidor é de extrema importância para uma indústria de alimentos. Para que

estes produtos assegurem qualidade e segurança do ponto-de-vista microbiológico,

físico e químico, diversos fatores deverão ser controlados desde a produção da

matéria-prima até a mesa do consumidor.

Dentro de uma fábrica de alimentos existem vários programas que visam à

obtenção de qualidade final do produto, deste modo, deve-se controlar de forma

estratégica cada etapa do processo de fabricação com a finalidade de obter

produtos inócuos do ponto de vista físico, químico e microbiológico.

O estágio curricular obrigatório foi realizado na indústria Juliatto e Foggiatto

Cia LTDA, localizada na rua Dr. Murici, 1501, CEP: 83015-290, Bairro Costeira, São

José dos Pinhais, Paraná, CNPJ: 80.189.178/0001-61. O estágio foi realizado

durante o período de 11/07/2011 à 30/09/2011 em horário comercial de 7:30 às

11:30 e 13:00 às 17:00, totalizando 400 horas de estágio curricular.

A empresa Juliatto e Foggiatto Cia LTDA destaca-se por sua produção de

alimentos embutidos cozidos e defumados, fermentados, frescais, produtos salgados

e temperados.

Page 10: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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2 OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO

Verificar todos os procedimentos de autocontrole, realizado pelo Serviço de

Inspeção Federal junto à empresa fiscalizada Juliatto e Foggiatto Cia LTDA.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO

Empregar os ensinamentos técnicos e científicos recebidos na disciplina de

Inspeção de produtos de origem animal em uma indústria alimentícia.

Acompanhar todo o processo de produção de alimentos cárneos desde

recebimento das matéria-prima, ingredientes e embalagem até expedição do

produto final ao mercado consumidor.

Verificar a eficiência de todos os procedimentos dos programas de

autocontrole da empresa (Boas práticas de fabricação, Procedimentos padrões

de higiene operacional, Análise de perigos e pontos críticos de controle,

Procedimentos sanitário operacional e Procedimento operacional padrão) e plano

de inspeção do SIF local perante a qualidade final do produto.

Page 11: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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3 PROGRAMAS DE AUTOCONTROLE EM ESTABELECIMENTOS

ALIMENTÍCIOS

Todo o processo que envolve a produção de alimentos (cortes de carnes,

embutidos, enlatados), de uma forma geral, é visualizado como um macroprocesso.

Esse macroprocesso é constituído por vários processos, sob o ponto de vista da

inocuidade do produto. O macroprocesso é composto basicamente por quatro

grandes categorias: matéria-prima, instalações e equipamentos, pessoal e

metodologia de produção. Todas estas categorias afetam direta ou indiretamente, na

qualidade higiênico-sanitária do produto final. Nesse contexto, a inspeção oficial

realiza avaliação criteriosa, contínua e sistemática durante as verificações de rotina,

tendo como objetivo conferir a implantação e manutenção de Programas de

Autocontrole de determinado estabelecimento (BRASIL, 2005).

Analisando, detalhadamente, as quatro categorias do macroprocesso, é

possível extrair os Programas de Autocontrole que são submetidos à verificação.

São estes:

Manutenção das instalações

Manutenção dos equipamentos

Vestiários, sanitários e barreiras sanitárias

Iluminação

Ventilação

Água de abastecimento

Águas residuais

Controle de pragas

Higiene, hábitos higiênicos e saúde dos funcionários

Limpeza e sanitização programa padrão de higiene operacional

Procedimentos sanitários operacionais

Controle de recebimento de ingredientes e material de embalagem

Controle de recebimento de matéria prima

Controle de temperatura

Calibração e aferição de instrumentos de controle de processo

Page 12: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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Verificação do programa de APPCC

Testes microbiológicos – testes microbiológicos para atendimento específicos

Embasamento para certificação

Controle de formulações

Bem estar animal

Para o adequado funcionamento de uma indústria alimentícia, alguns

programas devem ser implantados, dentre estes, destaca-se o programa de BPF

(Boas Práticas de Fabricação) que se caracteriza por apresentar recomendações

sobre práticas de higiene para a manipulação de alimentos com o objetivo de

produzir produtos seguros. Por meio de regulamentos técnicos, as normas,

princípios e regras que compõem este programa, quando adotados, garantem a

qualidade sanitária e a conformidade dos produtos produzidos (PESSOA, 2006).

Este programa discorre a favor do correto manuseio do alimento desde a

matéria-prima até o produto final. Tendo como seu principal objetivo garantir a

integridade do alimento e o bem-estar do consumidor.

O programa abrange diversos requisitos fundamentais para a produção de um

alimento. Estas boas práticas envolvem desde como deverão ser as instalações da

indústria, princípios de higiene pessoal e limpeza do ambiente de produção até a

descrição dos processos envolvidos na fabricação de cada produto.

De acordo com a legislação brasileira, é obrigatória, por todas as indústrias

alimentícias, a adesão a este programa. O Ministério da Agricultura e

Abastecimento por meio da Portaria 368/97, estabelece o "Regulamento Técnico

sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para

Estabelecimentos Produtores de Alimentos" (PESSOA, 2006).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde), em 15 de

setembro de 2004, publicou a RDC nº. 216. Esta resolução tem por finalidade

estabelecer procedimentos de Boas Práticas para serviços de alimentação,

garantindo assim a qualidade do produto acabado do ponto de vista higiênico-

sanitário. Encontra-se nesta resolução o “Regulamento Técnico de Boas Práticas

para Serviços de Alimentação”.

Page 13: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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As duas legislações possuem a diferença quanto aos estabelecimentos de

aplicação, porém o objetivo é o mesmo, ou seja, assegurar ao consumidor a

inocuidade dos alimentos fabricados (PESSOA, 2006).

Este programa divide-se em seis elementos, sendo estes: fábrica e

imediações, pessoal, limpeza e sanitização, equipamentos e utensílios, processos e

controles, armazenamento e distribuição.

Outro programa importante a ser instaurado na indústria alimentícia é o

sistema APPCC. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por meio da

Portaria nº 46 de fevereiro de 1998, estabeleceu o programa de Análise de Perigos e

Pontos Críticos de Controle – APPCC, a fim de ser inserido nas indústrias de

produtos de origem animal, sob supervisão do Serviço de Inspeção Federal – SIF. A

empresa deve, portanto, se adequar as condições impostas pelo mercado nacional e

pelo padrão internacional em relação ao modelo sanitário e de qualidade

previamente estabelecidos. Portanto, simplificadamente, o programa APPCC é um

instrumento que identifica, previne, elimina e controla perigos químicos, físicos e

microbiológicos que possam colocar a saúde do consumidor em risco, empregando-

se a todas as linhas de produção (PESSOA, 2006).

De acordo com Santiago (1972), a APPCC é constituído basicamente de sete

princípios, sendo estes:

Detecção do perigo;

Identificação do ponto crítico;

Estabelecimento do limite crítico;

Monitorização;

Ações corretivas;

Procedimentos de verificação;

Registros de resultados.

Este programa não é caracterizado por ser um tipo de inspeção, porém

aborda de forma sistemática os riscos por meio da identificação e controle destes. O

APPCC focaliza-se nos fatores que interferem na inocuidade do alimento, com a

finalidade de alcançar e manter os níveis de sanidade e qualidade.

Page 14: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

13

Este programa torna-se eficaz mediante a associação de todos os demais

programas existentes, pois estes possibilitam condições operacionais e ambientais

básicas, de modo com que sejam produzidos alimentos seguro (TORRANO, 1991).

Os Perigos abordados são denominados como possíveis causas que

produzam danos inadmissíveis ao produto que será consumido, refletindo em perda

da qualidade e integridade econômica dos produtos.

A presença de contaminantes biológicos, químicos ou físicos na matéria-

prima ou em produtos inacabados ou acabados; o desenvolvimento e multiplicação

de microrganismos patogênicos e produção de substâncias químicas em produtos

acabados ou semi-acabados, na linha de produção ou ambiente e a contaminação

ou recontaminação de produtos semi-acabados ou acabados por microrganismos,

substâncias químicas ou materiais estranhos são todos inaceitáveis e são

classificados como perigo de acordo com este programa.

Denomina-se o risco como a possibilidade de ocorrer o perigo à saúde

pública, interferindo assim na qualidade e/ou integridade econômica do alimento.

Pode-se analisar este risco, por meio de avaliações dos processos que constituem a

produção de determinado alimento, passando pelo recebimento da matéria-prima

até a expedição para o varejo. Nesta análise, busca-se quantificar a probabilidade

destes perigos ocorrerem, aliando a análise o modo com que o produto é consumido

(PESSOA, 2006).

É classificado como Ponto de Controle, qualquer etapa, procedimento de

fabricação ou ponto, onde seja possível o controle de perigos. O Ponto Crítico de

Controle (PCC) é determinada etapa, operação ou ponto, onde as medidas de

prevenção são colocadas em prática sobre um ou mais fatores, a fim de evitar,

minimizar a níveis toleráveis ou excluir estes perigos para a saúde, a queda da

qualidade e a fraude econômica (PESSOA, 2006).

Para obter a eficiência no controle do ponto crítico, são estabelecidos um

padrão ou valor, que não pode ser ultrapassado. Qualquer deslize ao não

cumprimento deste limite crítico, caracteriza-se como desvio. Mediante este desvio,

empregam-se determinadas ações corretivas. Para que este programa funcione

adequadamente devem ser realizado monitoramento de todos estes pontos críticos

de controle, por meio de medições devidamente registradas.

As medidas preventivas são compostas por todos os procedimentos ou

fatores empregados durante as etapas ou processos de produção, visando sempre a

Page 15: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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qualidade do produto final. A empresa, por meio de testes e outros métodos, verifica

a efetividade do programa sobre a qualidade obtida do produto final.

As BPF são consideradas como base para o estabelecimento do APPCC

dentro de uma indústria alimentícia (BRASIL, 1997). O PPHO (Procedimentos

Padrões de Higiene Operacional) surgiu a partir do programa de Boas Práticas de

Fabricação, ou seja, parte destas BPF foi transferida para constituir este novo

programa. Portanto, os PPHO são determinados itens da BPF que, devido a grande

importância dentro do controle efetivo de perigos, implantou-se sobre estes medidas

de monitoramento, possibilitando a produção de registros durante as verificações.

De um modo geral, neste programa são estabelecidas normas e

procedimentos para serem introduzidas e monitoradas, assegurando a higiene das

instalações, equipamentos e utensílios antes, durante e após o processamento da

carne (FIGUEIREDO, 2001).

De acordo com Figueiredo (2001), o PPHO é constituído por estes

programas:

Qualidade da água

Higiene de superfície de produto

Prevenção de contaminação cruzada

Higiene pessoal

Proteção contra contaminação do produto

Identificação e estocagem de produtos tóxicos

Saúde dos manipuladores

Controle integrado de pragas.

O acompanhamento das condições de higiene operacional são observados

mediante análises laboratoriais, tendo os seus dados devidamente registrados. Os

desvios verificados deverão ser registrados e submetidos a ações corretivas (SENAI,

2000).

Este programa responsabiliza-se basicamente pela manutenção geral da

indústria, como o uso de substâncias para limpeza e sanitização de utensílios

equipamentos e instalações, condicionamento de materiais tóxicos, controle de

pragas, higiene das superfícies de contato com os alimentos preparados,

Page 16: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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armazenamento e manuseio adequado de equipamentos e retirada de lixo e

resíduos (FIGUEIREDO, 2001).

Através da Circular Nº 245/96 DCI/DIPOA o PPHO foi estabelecido, sendo

definido em duas partes principais: procedimentos pré-operacionais e procedimentos

operacionais.

Muitas vezes, algumas observações classificadas como parte do PPHO,

podem ser registradas como Procedimento Sanitário Operacional. O PSO é outro

programa que normatiza como se devem realizar as operações industriais em todas

as áreas de manipulação de alimentos.

Dentro do PPHO, verificam-se os procedimentos operacionais, com o

objetivo de promover a limpeza e sanitização dos utensílios e equipamentos que

fazem parte do processo de fabricação do alimento. Estas atividades são

programadas pelo estabelecimento e realizadas nos intervalos do turno de trabalho,

em horários pré-fixados. Quando estas intervenções são executadas durante os

procedimentos, como a troca de facas durante a esfola e desossa e a esterilização

das facas, estas verificações passam a pertencer ao Procedimento Sanitário

Operacional.

Todos os estabelecimentos produtores de alimentos deverão disponibilizar a

todos os trabalhadores envolvidos e autoridades sanitárias o Manual de Boas

Práticas e de Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), segundo a RDC nº

216/Anvisa (BRASIL, 2004). Todas as instruções seqüenciais da fabricação de um

alimento, também como a freqüência de execução, devem estar descritas no POP

do produto. Além de relatar nome e função dos funcionários participantes deste

processo.

O POP necessita de aprovação e assinatura do responsável do

estabelecimento. Devendo permanecer em registro, por no mínimo 30 (trinta) dias a

partir da data de fabricação do produto (BRASIL, 2004).

Dentro de uma indústria alimentícia, algumas atividades como a higienização

de instalações, equipamentos e móveis, controle integrado de vetores e pragas

urbanas, higienização do reservatório de água, higiene e saúde dos manipuladores,

exigem a descrição detalhada de como realizar tal procedimento.

A seguir, estão estabelecidos os itens que deverão conter na descrição do

POP no interior de uma indústria alimentícia.

Page 17: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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POP para higienização de instalações, equipamentos e móveis:

Natureza da superfície que passará por higienização

Método de higienização selecionado

Princípio ativo utilizado e concentração deste

Tempo de contato dos agentes químicos e ou físicos utilizados para

higienização

Temperatura alcançada durante higienização

POP para controle integrado de vetores e pragas urbanas:

Medidas preventivas e corretivas com o objetivo de impedir atração, abrigo,

acesso e/ou proliferação de vetores e pragas urbanas.

Especificar o controle químico quando utilizado

Em caso de empresa especializada contratada deverá apresentar

comprovante de execução de serviço, apresentando as informações

estabelecidas em legislação sanitária específica.

POP para higienização do reservatório de água:

Descrever as mesmas informações em relação à higienização de instalações.

Quando o procedimento for realizado por empresa terceirizada, deverá

apresentar certidão de execução do serviço.

POP para higiene e saúde dos manipuladores:

Descrição das etapas, freqüência e princípios ativos utilizados em lavagem e

anti-sepsia das mãos dos funcionários

Ações tomadas mediante manipuladores, que possuam lesão como cortes

nas mãos, sintomas de doenças ou desconfiança a respeito de problema de

saúde que comprometa a qualidade higiênico-sanitária dos alimentos.

Detalhar especificamente os exames laboratoriais que serão realizados nos

funcionários e sua periodicidade de execução.

Descrever programa de capacitação em higiene aos manipuladores, a carga

horária, conteúdo programático e freqüência de ocorrência, arquivar os

registros com nome dos funcionários participantes.

Page 18: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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Todos estes programas (BPF, PPHO, APPCC, PSO e POP) quando

combinados, promovem a segurança alimentar, garantindo a inocuidade do produto

e qualidade exigidas pelo mercado consumidor.

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS JUNTO AO PLANO DO

SERVIÇO DE INSPEÇÃO FEDERAL LOCAL

Durante o período de estágio (11/07/2011 a 30/09/2011), de acordo com o

Plano do SIF local foram realizadas diariamente as seguintes atividades:

verificações “in loco” dos itens Manutenção (instalações e equipamentos),

Iluminação, Ventilação, Barreiras Sanitárias, Águas Residuais, Hábitos Higiênicos e

Higiene Pessoal e Barreiras e dispositivos de Controle de Pragas. Dentre todas as

unidades de inspeção existentes na indústria, todos os dias foram sorteados 10%

das Áreas de Inspeção definidas pelo Plano de Inspeção do PPHO do SIF local. As

áreas que não pertenciam ao PPHO, como almoxarifado, deveriam constar no Plano

de Inspeção, com o objetivo de serem inclusos no sorteio para posterior verificação

(BRASIL, 2005).

4.1 MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

De acordo com a circular nº 175 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (2005), todos os dias foi realizado uma verificação diária “in loco”, a

partir do sorteio de 10% das áreas de inspeção. A indústria dispõe de um programa

de manutenção do estabelecimento, com o objetivo de manter toda a indústria em

perfeito funcionamento, preservando as características originais das instalações e

equipamentos, tanto no que se refere à estrutura, como ao acabamento e à

funcionalidade.

O programa de manutenção estabelece os procedimentos de monitoramento

que possam identificar situações emergenciais que exigem ações imediatas.

Page 19: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

18

Aos procedimentos de inspeção das instalações e equipamentos pode-se

atrelar também, a avaliação da higiene ambiental de alguns setores, desde que não

estejam contemplados em outros programas como o PPHO.

Deste modo, todos os dias durante o estágio, foram observados,

criteriosamente, se o forro ou teto, paredes e piso eram de material durável,

impermeável e de fácil higienização e se havia alguma necessidade de reparação ou

manutenção. Além de observar se havia presença de sujidades, formação de

condensação, se portas, janelas, encontram-se devidamente vedadas. Se a água

escoava corretamente, a fim de que estes fatores não interferissem na qualidade do

produto produzido. Sempre observando se os setores envolvidos na manipulação de

matérias-primas como o setor de recepção, desossa, preparo de massas ou setores

com produtos acabados como o setor de embalagem primária, em diferentes

estágios de produção estejam isolados com o objetivo de prevenir ou reduzir

contaminações adicionais.

Todos os equipamentos foram observados em sua projeção e construção,

de modo a facilitar a limpeza e não causar alguma alteração do produto durante o

processamento, manipulação e estocagem. Também se observou as instalações

onde são colocados os equipamentos, permitindo a Inspeção avaliar as condições

sanitárias, havendo a necessidade de reparação ou não, se as superfícies em

contato com os produtos poderiam em algum momento comprometer a inocuidade,

como por exemplo, roscas de moedores de carne, que liberam limalhas de ferro.

Se os equipamentos com o tempo e desgaste poderiam comprometer a

eficiência da limpeza, condições do acabamento e até mesmo em decorrência ao

uso de lubrificantes, para que estes não possam transferir resíduos e odores aos

produtos.

Na indústria, as verificações da manutenção de instalações e equipamentos

que não estão diretamente em contato com o produto é realizada a cada 15 dias.

Diariamente, é realizada a manutenção corretiva dos equipamentos e instalações

que entram em contato direto com os alimentos, através das Unidades de Inspeção.

A partir desta verificações, costumeiramente, foi elaborado um documento mensal,

comparando os achados da verificação diária.

Page 20: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

19

4.2 VESTIÁRIOS, SANITÁRIOS E BARREIRAS SANITÁRIAS

Ainda conforme a circular nº 175 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (2005), foi observado durante o período de estágio, se os vestiários,

sanitários e barreiras sanitárias situam-se em contato com os setores de produção

dos alimentos, sendo que na empresa verificada estes não estão em contato direto

com a produção de alimentos, foram projetados e construídos afastados dos setores

de fabricação. Além de verificar se estes encontram em número adequado para a

necessidade local dos funcionários, havendo na empresa dois sanitários masculinos

e femininos somente para os manipuladores da fábrica, além dos sanitários

destinados aos demais funcionários do setor administrativo. Verificam-se também se

os vestiários, sanitários e barreiras sanitárias funcionam de modo com que haja

manutenção das condições higiênico-sanitárias, sendo observadas no local, a

higienização destes estabelecimentos todos os dias.

Observam-se na empresa inspecionada a presença de barreiras sanitárias

compostas por água límpida e sabão liquido, a fim de realizar eficiente higiene

pessoal. Os uniformes são lavados diariamente na referida empresa e todos os dias

os funcionários trocam os uniformes sujos por uniformes limpos. As barreiras, filtros

ou bloqueios sanitários apresentam-se à entrada dos setores, obrigando os

manipuladores a realizarem a higiene prévia das mãos e antebraços. Nestas

barreiras sanitárias encontram-se: pias, torneiras e lava-botas, em número suficiente

de acordo com a quantidade de operários que adentram ao setor de industrialização

dos alimentos.

A verificação é realizada diariamente por parte do SIF local e do setor de

controle de qualidade da empresa. Visando, o correto funcionamento das barreiras

sanitárias, organização e a higiene ambiental. A partir destas observações, um

documento é elaborado mensalmente, comparando os achados de cada verificação

diária.

4.3 ILUMINAÇÃO

Page 21: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

20

O SIF local com o objetivo de avaliar a iluminação observa se a esta possui

intensidade suficiente para os diferentes setores dentro da indústria, se a

distribuição e disposição das luminárias propiciam manutenção uniforme da

luminosidade, se existem protetores das luminárias.

Deve-se atentar para a qualidade e intensidade da iluminação nos pontos de

inspeção oficial de matérias-primas e reinspeção de produtos a fim de permitir a

visualização de eventuais contaminações presentes. Atendendo os requisitos de

luminosidade nos diferentes setores, foram encontrados na referida empresa

durante o período de estágio, no mínimo 110 lux nos setores de refrigeração e

estocagem de alimentos e em outras áreas ou salas durante os períodos de limpeza,

observou-se no mínimo 220 lux em salas de manipulação, no mínimo 540 lux nos

pontos de inspeção oficial e em locais onde os cuidados com segurança são

indispensáveis, como na manipulação de facas, moedores e serras.

A verificação “in loco” da iluminação foi realizada durante o estágio uma vez

por semana nas áreas de inspeção, reinspeção e pontos críticos de controle. Para

fins de manutenção a verificação é realizada com frequência quinzenal. Um

documento é elaborado mensalmente, comparando os achados da verificação diária.

Essas informações referentes à iluminação apresentam-se na circular nº 175 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2005).

4.4 VENTILAÇÃO

O SIF local em sua verificação rotineira realizou durante o período de

estágio, a análise da ventilação ao longo da indústria, para que esta se mantenha

adequada, a fim de não ocorrer a condensação nos corredores e em departamentos

em que há o processamento e a manipulação de alimentos. Outro fator que interfere

na condensação e que deve ser controlado diariamente é a temperatura no

ambiente, assim como vedar aberturas existentes. O objetivo da inspeção local é

garantir se caso haja condensação, esta não altere o produto ou crie condições

sanitárias inadequadas. Quando necessário, algumas medidas são tomadas a fim de

controlar essa condensação através da limpeza e sanitização das superfícies onde

esta se forma. Por várias vezes ao longo do processamento dos alimentos na

indústria, setores como o da recepção de matéria-prima e setor de cozimento

Page 22: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

21

haviam a formação de condensação no teto, sendo necessário retirar todos os

alimentos do local para proceder com algumas medidas, como passar o rodo no teto

do setor para retirar a condensação, evitando contaminação do produto processado.

As situações em que provocam alterações nos produtos são passíveis de ação fiscal

como formas de condensação de forro e paredes em áreas de processamento que

não passaram regularmente por sanitização de acordo com o PPHO, ou quando a

condensação se encontra no forro de câmaras de resfriamento de carcaças, ou

quando em setor sem prévia higienização, a condensação chega a gotejar sobre o

produto exposto. No setor de expedição e/ou estocagem, a condensação de parede

e forro que por acaso goteja sobre as caixas de carne desossada, danificando a

embalagem, também é inadequada (BRASIL, 2005).

A verificação no local destes setores em que pode ocorrer a condensação e

a formação de neve/gelo ocorre diariamente. Uma vez por mês, é elaborado um

documento, comparando os achados da verificação diária.

4.5 ÁGUA DE ABASTECIMENTO

O SIF local avaliou as condições gerais das caixas d’água da indústria, estas

eram higienizadas e sanitizadas a cada 6 meses por empresa tercerizada, que ao

final do processo emitia um certificado, garantindo a ação realizada. Verificou-se,

também, a rede de alimentação e distribuição de água, na planta e “in loco”,

identificando os pontos de coleta e bloqueio das linhas de distribuição. Além de

haver verificado os registros do tratamento da água, avaliou os resultados de análise

laboratorial de controle de rotina e de inspeção, encontrando valores dentro do

padrão previsto à análise.

Diariamente, verificou-se a mensuração do pH e cloro livre em pontos da

rede de distribuição no interior do estabelecimento, no mínimo uma vez por turno de

trabalho em 10% dos pontos de coleta de água das áreas de inspeção. Durante uma

vez por mês a verificação “in loco” focalizou o sistema de captação, tratamento,

reservatórios e a rede de distribuição. Elaborando, mensalmente, um documento

comparando os achados da verificação diária (BRASIL, 2005).

Page 23: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

22

4.6 ÁGUAS RESIDUAIS

As águas residuais devem ser recolhidas e direcionadas à central de

tratamento com tubulação própria, identificada a fim de evitar cruzamentos de fluxo

ou contaminação da água de abastecimento. O sistema de recolhimento deve

disponibilizar ralos sifonados, a tubulação interna deve possuir dimensões

suficientes para conduzir ao local de destino.

Durante o período de estágio na indústria, a inspeção observou se o sistema

de recolhimento de águas residuais era capaz de drenar todo o volume produzido,

se este volume não entra em contato com água de abastecimento, equipamentos e

utensílios, provocando a contaminação dos alimentos processados.

Além de ter verificado as instalações, com o objetivo de facilitar o

recolhimento das águas residuais e se há algum dispositivo que evite eventuais

refluxos de águas residuais que contaminem a rede de abastecimento. A verificação

“in loco” foi realizada diariamente, sendo produzido um documento mensalmente,

comparando os achados da verificação diária (BRASIL, 2005).

4.7 CONTROLE DE PRAGAS

O controle integrado de pragas visa dois objetivos dentro de uma indústria,

estes se baseiam em evitar um ambiente favorável à proliferação de insetos e

roedores e evitar o ingresso de novas pragas no ambiente.

Realiza-se a inspeção baseada nestes dois objetivos, portanto durante o

período de estágio, verificou-se o ambiente externo da indústria, analisando se o

estabelecimento apresentava condições favoráveis ao abrigo ou proliferação de

pragas, se durante a inspeção interna do estabelecimento havia possível

identificação de sinais que demonstrassem a presença de pragas. Uma vez por mês

realizou-se a revisão de todas as armadilhas luminosas, verificando se estas eram

trocadas regularmente, se as iscas internas e externas do estabelecimento também

estavam em situação apropriada de uso, além de haver observado se as barreiras

Page 24: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

23

como tela, portas, janelas e aberturas em geral apresentam-se em condições

apropriadas de uso. O setor de controle de qualidade verificava e trocava

semanalmente as iscas externas e quinzenalmente realizava as trocas da cola das

armadilhas luminosas.

A verificação deste elemento era realizada “in loco” e diariamente. As áreas

externas foram inspecionadas mensalmente. Durante a verificação, 10% das

armadilhas são revisadas, produzindo com base nestes resultados um documento

mensal, comparando os achados da verificação diária (BRASIL, 2005).

4.8 HIGIENE, HÁBITOS HIGIÊNICOS E SAÚDE DOS FUNCIONÁRIOS

Ainda de acordo com a circular nº 175 do Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento (2005), o plano de inspeção do SIF local observou em sua

inspeção diária durante o período de estágio, se os funcionários que atuam direta ou

indiretamente com matérias-primas ou em quaisquer etapas do processo de

fabricação, realizam práticas higiênicas que previnam a alteração de produtos. Se

cada operário, durante a entrada em cada setor, possui o hábito sistemático de lavar

e desinfetar as mãos e antebraços. Criteriosamente, esta atitude foi observada em

todos os manipuladores da indústria. Estes funcionários, ao serem contratados,

antes de entrarem no serviço, passam por uma capacitação, onde é explicada a

necessidade de higiene, em uma indústria de alimentos como: manter as unhas

sempre aparadas e sem esmalte, não adentrar a fábrica com brincos, anéis,

pulseira, carteira, celular, objetos de cunho especial, que possam ser fonte de

contaminação para o alimento em processo de fabricação. Além de ter observado

se os funcionários que lidam com produtos de alta carga bacteriana não participam

da manipulação de carnes e derivados. As condições de limpeza também foram

observadas, nos uniformes e acessórios utilizados pelos funcionários, que

realizavam atividades em setores com “carne in natura”. Se estes passam por

trocas, quando necessárias, se estão identificados e usados somente em atividades

e áreas restritas. Na empresa inspecionada, dependendo do setor os uniformes são

identificados por cor branca (funcionários que trabalham no interior da fábrica) e azul

(funcionários que realizam a higiene local), em setores em que a temperatura é

Page 25: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

24

menor, existem jaquetas, luvas e botas exclusivas para desempenhar tal atividade.

Foram observados, durante o estágio, os setores de cozimento e congelamento,

verificando sempre se eram realizados todos os procedimentos de higiene

necessários para ingresso no setor.

É necessário, certificar se os funcionários do estabelecimento possuem

atestado de saúde com uma data recente, para trabalharem na produção de

alimentos. Para isto, realiza-se nesta empresa exame admissional com realização de

exame coproparasitológico a fim de diagnosticar a presença de Salmonella spp,

além de realizar exames periódicos que atestem a sanidade pessoal dos

manipuladores.

Quando, mediante a presença de doenças infecciosas, lesões abertas,

purulentas, portadores inaparentes ou assintomáticos de agentes de toxinfecções

alimentares, os trabalhadores são afastados temporariamente das atividades que

mantenham contato com matérias-primas ou produtos cárneos. A verificação “in

loco” é realizada diariamente, observando os hábitos higiênicos e higiene pessoal

dos funcionários. Mensalmente, são revisados os documentos referentes aos

exames médicos e condição de saúde dos funcionários.

4.9 LIMPEZA E SANITIZAÇÃO PROGRAMA PADRÃO DE HIGIENE

OPERACIONAL

O SIF local verificou, durante o período de estágio na indústria, todos os

procedimentos pré-operacionais, existentes no PPHO, como os procedimentos de

higiene e sanitização de equipamentos como injetora, cutter, tanques de cozimento,

estufas, embutideira, moinho emulsificador, entre outros, e instalações como a

limpeza do piso, parede e teto, sempre verificando se estes eram realizados antes

do início das operações, se foi encontrado e identificado algum resíduo de produtos

ou equipamentos contaminados na indústria, se todos os procedimentos do PPHO

são aplicados no estabelecimento. Antes do início das operações, sem exceção,

todos os equipamentos foram encontrados sempre em estado perfeito de

higienização, utilizando para cada equipamento, um sanitizante específico adequado

para a superfície dos utensílios, além de ter observado, por parte do setor de

Page 26: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

25

controle de qualidade, o monitoramento diário dos procedimentos existentes no

PPHO.

O SIF verificou se a indústria avalia por algum meio o PPHO, se este

programa tem sido eficiente na prevenção de contaminação direta dos produtos, se

o estabelecimento realiza alguns testes nas superfícies, a fim de avaliar se o PPHO

é efetivo. Em casos de contaminação direta ou alteração, foi observado na indústria

inspecionada o descarte dos produtos, ingredientes ou matéria-prima. Reavaliando o

plano do estabelecimento, com objetivo de melhorá-lo.

O SIF, em suas ações desenvolvidas na indústria, verificou se o controle de

qualidade do estabelecimento produzia registros das ações do plano bem como se

observou se as condições higiênico-sanitárias encontradas correspondiam aos

registros datados e assinados, encontrando informações sempre fiéis as ocorridas

na empresa.

A inspeção “in loco” foi realizada diariamente conforme a Circular 176/2005

CGPE/DIPOA, avaliando-se visualmente 10% das unidades de inspeção sorteadas,

além de haver verificado os registros das unidades sorteadas, em todos os turnos de

trabalho. Foi elaborado um documento por mês, comparando com os achados das

verificações diárias (BRASIL, 2005).

4.10 PROCEDIMENTOS SANITÁRIOS OPERACIONAIS

Nesta verificação o SIF local avaliou, durante o período de realização do

estágio, a limpeza e utilização dos equipamentos, utensílios e instrumentos de

trabalho durante as operações nos variados setores da indústria, observando cada

etapa do processo, identificando falhas e/ou imperfeições operacionais que

comprometem as condições higiênico-sanitárias do produto. Acompanhou o

processo de sanitização de todas as facas utilizadas na desossa, sendo estas

trocadas a cada 2 horas de uso, seguindo para posterior higienização. O meio onde

as matérias-primas, ingredientes, equipamentos e embalagem estão acondicionados

foi analisado, sempre encontrando na indústria, condições perfeitas de

armazenamento, estando estes sobre estrados plásticos, impedindo o contato com o

chão. Tendo por objetivo, identificar fatores de risco que comprometam as condições

Page 27: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

26

higiênico-sanitárias da produção. Atentando-se a aspectos como as condições da

matéria-prima a respeito de origem animal e vegetal, sanidade, rastreabilidade,

temperatura de recebimento de matéria-prima quando resfriada (0ºC a +7ºC),

congelada (-19ºC), temperatura de armazenamento de produtos embutidos frescais

(0ºC a +4ºC), cozidos e defumados (0ºC a +8ºC), salgados (+22ºC em local seco e

fresco), temperados (-12ºC), além de outros fatores como tempo e temperatura de

maturação e pH que depende do embutido fermentado, por exemplo, copa

permanece na câmara de maturação entre 40 a 60 dias, salame milano (45 dias),

salame italiano (35 dias), salame hamburguês (60 dias), além de analisar todo o

fluxo contínuo da produção.

Esta análise “in loco” foi realizada diariamente, no mínimo, uma vez em cada

turno de trabalho, observando 20% das operações industriais que apresentam riscos

sanitários em cada setor. Um documento foi elaborado mensalmente, comparando

com os achados da verificação diária (BRASIL, 2005).

4.11 CONTROLE DE RECEBIMENTO DE INGREDIENTES E MATERIAL DE

EMBALAGEM

A circular nº 175 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(2005), afirma que o SIF local durante a inspeção deve observar se a recepção e

armazenagem de matérias-primas, embalagens e ingredientes estão conformes com

os padrões e parâmetros de inocuidade e qualidade dos mesmos.

Portanto, durante o período de estágio, as matérias-primas, embalagens e

ingredientes foram controlados, a respeito da sua inocuidade e qualidade e

devidamente registrados em boletim. Além de ter sido realizada a verificação dos

parâmetros mensurados e se estes atendiam aos requisitos mínimos estabelecidos

para os produtos, preservando a saúde do consumidor e a qualidade final do

alimento.

Certificou-se compatibilidade entre os resultados da inspeção com os do

estabelecimento, verificando perfeita identificação das matérias-primas e produtos

recebidos.

Page 28: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

27

Foi observado, nos veículos que transportavam as matérias-primas e

produtos, bom estado de conservação, com os produtos sempre ordenados em seu

interior. Em veículos que transportavam matéria-prima com temperatura controlada

foi observado a presença de registros que permitiam o controle de temperatura

durante o transporte, não havendo aberturas que permitam a entrada de pragas e

sujeira.

Além disso, verificou-se a autorização para uso das embalagens,

observando sempre embalagens íntegras para uso. Analisou-se a embalagem de

produtos destinados a mercados específicos, observando, sempre presentes, as

identificações necessárias na caixa.

A reinspeção foi realizada em 10% das entradas de matéria-prima,

comparando os registros correspondentes, observando as condições higiênico-

sanitárias, limites críticos em relação a temperatura, condições de embalagem,

identificação e rotulagem. A cada 15 dias, foi realizada a verificação das condições

de armazenamento das matérias-primas, ingredientes e em embalagem,

encontrando-as em bom estado de armazenamento. Foi elaborado um documento

mensal, comparando com os achados da verificação diária (BRASIL, 2005).

4.12 CONTROLE DE TEMPERATURA

A fim de estabelecer um controle de temperaturas na indústria, o plano de

inspeção do SIF local deverá atentar se todas as temperaturas de referência para o

controle dos processos de fabricação estão fundamentadas em bases técnico-

científicas e dentro dos regulamentos existentes (BRASIL, 2005). Portanto, durante

o período de estágio, certificou-se que o estabelecimento efetuava todas as

mensurações de temperaturas necessárias, controlando efetivamente a fabricação

em cada etapa, havendo frequência e número previamente estabelecido para as

mensurações. Rotineiramente, as temperaturas de todos os setores e câmaras

eram, no mínimo, verificadas “in loco” duas vezes por turno e registrados nos

documentos de controle da indústria, o SIF realizava verificação do controle de

temperatura, no mínimo uma vez por turno de trabalho.

Page 29: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

28

Verificou-se a aferição e calibração de todos os instrumentos e dispositivos

de controle de temperaturas e os registros destas operações.

O setor de controle de qualidade da empresa inspecionada, realizava a

aferição de temperatura dos setores, câmaras e inclusive matéria-prima e produtos

acabados, continuamente, havendo a produção de registros contínuos, com o

controle progressivo da temperatura, verificando compatibilidade entre os registros

do SIF e os registros encontrados no estabelecimento. Quando mediante não

conformidade, a indústria adotava medidas corretivas preventivas, como paralização

da produção até a temperatura interna do setor diminuísse.

A inspeção no local das temperaturas que fazem parte dos Pontos críticos

de controle foi registrada durante a inspeção do Programa APPCC. Para outras

situações a temperatura dos ambientes controlados foi verificada diariamente. Um

documento foi elaborado mensalmente, comparando os achados da verificação

diária (BRASIL, 2005).

4.13 CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO DE INSTRUMENTOS DE CONTROLE DE

PROCESSO

Durante o período de estágio, o SIF local inspecionou o programa de

aferição e calibração dos instrumentos de controle dos processos da indústria, além

de verificar se este funcionava adequadamente. Mensalmente, durante o período de

estágio, os agentes de inspeção adentravam a fábrica somente para inspecionar os

termômetros, medidores de pH. Realizando o seguinte procedimento com os

termômetros manuais: em um recipiente repleto com água, o termômetro da

indústria era verificado, a fim de que a temperatura observada fosse a mesma

aferida pelo termômetro do SIF local. Obtendo o mesmo resultado nos dois

termômetros, ficava comprovado que a indústria realizou calibração dos

termômetros. Os termômetros digitais eram verificados, observando o valor expresso

no termômetro de mercúrio, resultados diferentes, demonstravam a necessidade de

calibração dos termômetros digitais.

Observou-se o registro de todas as aferições e calibrações realizadas

regularmente pelo estabelecimento, estando sempre disponíveis ao SIF para

Page 30: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

29

posterior análise. Além de verificar se dentro do Programa APPCC existia um tópico

sobre a revisão dos registros de aferição e calibração, observando se a calibração é

realizada em instituições especializadas. Semanalmente, o SIF realizou inspeção no

local, atentando para as condições dos instrumentos utilizados no processo de

fabricação. Um documento foi elaborado mensalmente, comparando os achados da

verificação quinzenal (BRASIL, 2005).

4.14 VERIFICAÇÃO DO PROGRAMA DE APPCC

Cabe ao SIF avaliar se o Programa APPCC encontra-se atendendo as

exigências da legislação. Observou-se, durante o período de estágio, quando

mediante alguma modificação nos processos de fabricação, a verificação por parte

da indústria de todo o Programa APPCC, analisando todos os registros de

monitoramento dos PCCs. Quando alguns desvios eram observados, verificava-se

se o estabelecimento aplicava algumas medidas corretivas, como por exemplo:

carcaça resfriada com temperatura acima de +7ºC, ou carcaça contaminada com

material gástrico ou fecal, esta não era recebida, sendo enviada novamente ao

abatedouro que a enviou, ou era descartada a parte afetada, sendo utilizada

somente a parte não atingida, procedendo a carne para uso em produtos cozidos,

não destinado ao consumo in natura.

Os limites críticos de temperatura estabelecidos pela indústria foram

verificados quanto a competência, mediante as ações desenvolvidas, analisando-os

diretamente, mediante mensuração do limite crítico do PCC. Avaliou-se, portanto, os

resultados obtidos, relacionando-os com os padrões de inocuidade. A inspeção dos

pontos críticos de controle foi realizada “in loco” diariamente, participando desta

inspeção no mínimo, 10% dos PCCs do estabelecimento, durante todos os turnos de

trabalho, em horários alternados e prefixados. Um documento foi elaborado

mensalmente, comparando os achados da verificação diária abordando todo o

programa (BRASIL, 2005).

Page 31: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

30

4.15 TESTES MICROBIOLÓGICOS – TESTES MICROBIOLÓGICOS PARA

ATENDIMENTO ESPECÍFICOS

De acordo com os EUA deve-se realizar diariamente testes microbiológicos

para E. coli e e Salmonella sp., o teste da Salmonella sp. deverá ser executado pelo

SIF, na freqüência de 1 amostra para cada 300 carcaças ou fração. A UE exigem

alguns indicadores como Contagem Total de Mesófilos e Enterobacteriaceae,

realizando o exame de 5 -10 amostras por semana por seis semanas consecutivas.

Se o estabelecimento exporta para a UE e EUA, ambos os exames deverão ser

realizados (testes para E.coli e Samonella, crescidos da prova para Contagem Total

de Microrganismos Mesófilos) (BRASIL, 2008). Como o estabelecimento observado

não exporta produtos para EUA e EU, estes testes não são realizados diariamente

na indústria, são realizados mediante exigência do MAPA, em datas previamente

estipuladas, analisando determinados agentes microbiológicos e parâmetros físico-

químicos em produtos escolhidos pelo MAPA. Sendo, sempre, encaminhado pela

indústria o produto inteiro e embalado para seguir com posterior análise.

Os produtos cárneos como Carne Cozida e Congelada e de Beef Jerky ,

quando exportados aos EUA devem passar pelo controle de Listeria spp. O

Programa Sentinela para Listeria spp, deve permanecer atrelado ao programa

APPCC e PPHO. O Programa contempla, semanalmente, em cada linha de

produção, a pesquisa de Listeria spp, em 3 pontos das superfícies da área em que

os produtos são depositados após o tratamento térmico e antes da embalagem.

Outras duas amostras são obtidas a partir de superfícies que entram em contado

direto com os produtos. A inspeção local deve encaminhar a rede de laboratórios

oficiais ou credenciados, uma amostra mensal de Carne Cozida e Congelada para

pesquisa de Listeria spp. e Salmonella spp. e uma amostra a cada 2 (dois) meses

em se tratando de Beef Jerky (BRASIL, 2008).

Nos testes que envolvem a Contagem Total de Mesófilos e

Enterobacteriaceae, existem limites pré-estabelecidos, independentes da técnica de

obtenção das amostras. Os resultados das análises são analisados pelos

supervisores, contendo informações da amostra, como: data da colheita, início do

exame, término do exame, data de produção, temperatura de incubação, sendo

posteriormente registrados.

Page 32: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

31

A verificação no local segue a freqüência e os procedimentos estabelecidos pelo

país importador. A verificação documental foi realizada mensalmente durante o

período de estágio.

4.16 EMBASAMENTO PARA CERTIFICAÇÃO

Ainda de acordo com a circular nº 003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (2008), cada país possui determinadas exigências contidas no

certificado sanitário. O médico veterinário Oficial antes de emitir este certificado deve

ler este documento e conferir os documentos que o respaldam a emitir este

documento. Se necessário, a Inspeção Federal local deve exigir garantias

adicionais. Durante o período de estágio, observou-se por parte da empresa a

exigência de somente receber matéria-prima, ingredientes e embalagens, mediante

guia atestando a qualidade do produto recebido, além de sempre ser emitido guia

para os estabelecimentos os quais eram destinados os produtos acabados.

Produtos destinados ao EUA, durante a certificação, a Inspeção Federal exige

o relatório de pré-embarque assegurando que os requisitos exigidos pelos EUA

foram cumpridos.

Diariamente, foi realizada a verificação “in loco” contemplando 100% das

cargas embarcadas. No momento da certificação, foi anexada cópia do documento

de embarque desenvolvido pela empresa, contendo dados de interesse para o

serviço oficial e servindo de documento de monitoramento para a verificação oficial.

A verificação documental é realizada pelas Supervisões e Auditorias da

DICS/DIPOA, visando revisar os registros da indústria e da Inspeção Federal,

observando eventuais divergências entre os setores.

4.17 CONTROLE DE FORMULAÇÕES

A indústria possui Programa de Controle de Formulações - PCF, atendendo a

legislação vigente, contemplando os registros, medidas preventivas e corretivas,

Page 33: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

32

com o objetivo de evitar produtos elaborados em desacordo com formulação

aprovada, além de constar no programa, o monitoramento laboratorial para os

parâmetros estabelecidos pela legislação. Para tanto, durante o estágio, foi

acompanhado o processo de produção de determinados produtos, anotando e

conferindo a quantidade de matéria-prima e ingredientes que é utilizada em

determinada linha de produção e se esta está conforme a quantidade aprovada pelo

DIPOA, além de observar se o produto é produzido de acordo com o memorial

descritivo aprovado pelo DIPOA, corrigindo o memorial caso algum ingrediente não

seja mais utilizado. Além de enviar, determinados produtos estabelecidos pelo

MAPA previamente, a análise laboratorial a fim de medir parâmetros físico-químicos

como de nitrito e nitrato de sódio e microbiológicos como contagem de Salmonella

spp entre outros microorganismos, para posterior análise por parte do SIF local e

registro dessas informações.

Importante certificar se a empresa está fabricando produtos em desacordo

com os padrões estabelecidos oficialmente (BRASIL, 2008).

A inspeção “in loco” foi realizada semanalmente, observando no mínimo um

produto, verificando todos os produtos elaborados pela empresa. A inspeção do

produto foi realizada mediante sorteio prévio, verificando, mensalmente, os registros

de controle de formulação.

4.18 BEM ESTAR ANIMAL

Este elemento de inspeção não foi abordado nesta empresa, visto que a

indústria somente recebe carcaça e não animal pronto para abate.

Page 34: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

33

5 PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FABRICAÇÃO DOS PRODUTOS CÁRNEOS

5.1 RECEPÇÃO

Na recepção desta indústria alimentícia, as matérias-primas recebidas pela

empresa são: carne resfriada de suíno e bovino com osso - Meia carcaça, carne

congelada de suíno com osso (costela), carne congelada de suíno sem-osso-

barriga com pele, Carne resfriada de bovino com osso – Ponta de Agulha, miúdo

congelado de suíno – rabo, Carne congelada de bovino sem osso- Cupim, Carne

congelada bovina sem osso- recortes, Miúdos resfriado de bovino (Rúmen-bucho,

fígado, mocotó, coração e língua), Carne Mecanicamente separada e congelada de

ave e carne industrial bovina (congelado).

Nesta etapa os agentes de inspeção verificam os itens controle de

recebimento de matéria prima e controle de temperatura dos programas de

autocontrole de uma indústria de alimentos.

Durante o recebimento da carcaça, ainda na recepção, deverá ser realizada

a aferição da temperatura da carcaça. Mede-se a temperatura por meio de um

termômetro devidamente inserido na altura do pernil. De acordo com o PSO, este

termômetro deverá estar previamente higienizado, passando por posterior

higienização a cada nova aferição. O limite crítico para controle de temperatura

estabelecido pela empresa, aceita para carcaças resfriadas, entre 0ºC e 7°C e -19°C

para a matéria-prima congelada. O termômetro utilizado deverá ser higienizado

adequadamente a cada carcaça em que houve este procedimento, a fim do

termômetro não constituir fonte de contaminação cruzada de uma carcaça a outra.

Esta aferição ocorre por amostragem, em três tomadas: nas primeiras carcaças no

início do descarregamento, no meio da carga no interior do veículo e nas últimas

carcaças descarregadas que estão localizadas no final do veículo. A temperatura da

carcaça em seu recebimento é de extrema importância para a qualidade da carne,

seja esta consumida in natura ou quando é utilizada como matéria-prima em algum

produto cárneo industrializado.

Sabe-se que o crescimento microbiano é composto por quatro fases, todas

dependentes da temperatura e da disponibilidade de condições favoráveis como

Page 35: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

34

oxigênio e nutrientes. A primeira fase chama-se de Fase lag em que há uma

adaptação do metabolismo dos microorganismos ao novo ambiente. Nesta fase o

metabolismo microbiano procura sintetizar enzimas necessárias ao crescimento

mediante as novas condições ambientais encontradas. O número de indivíduos não

aumenta nesta fase (TORTORA et al., 2000).

A segunda fase é denominada de Fase Exponencial, caracterizada por um

crescimento da população em ordem exponencial a cada geração. Em um sistema

fechado, este crescimento não se mantém. Esta taxa de crescimento não pode ser

mantida indefinidamente em um sistema fechado, pois após determinado período, o

ambiente torna-se desfavorável pela diminuição de nutrientes essenciais ao

desenvolvimento, acúmulo de metabólitos tóxicos e espaço limitado. Quanto menor

a disponibilidade de nutrientes, os microorganismos diminuem sua capacidade em

produzir ATP, reduzindo assim sua taxa de crescimento.

A fase estacionária caracteriza por apresentar seu crescimento reduzido

significativamente devido às limitações do meio. A microbiota continua seu processo

de metabolismo e divisão, porém, uma fração dos microorganismos existentes torna-

se inviável, fazendo com que a taxa de divisão celular seja muito próxima da taxa de

morte celular, mantendo constante o número de microorganismos no meio. A última

fase, chamada de fase de declínio, é denominada desta forma, pois a microbiota

torna-se incapaz de divisão, ocorrendo maior taxa de morte celular que a taxa de

divisão e o número de microorganismos viáveis cai exponencialmente até a extinção

desta população (TORTORA et al., 2000).

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA) no regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem

animal – riispoa, as carcaças deverão ser reinspecionadas pela unidade de inspeção

local (formada por um médico veterinário, um agente de inspeção e o auxiliar de

inspeção Art. 102 do RIISPOA). A embalagem da matéria-prima recebida, também

será inspecionada, verificando se ocorreu algum dano neste, como por exemplo,

embalagem plástica rasgada, durante ou anteriormente ao transporte, que possa

interferir na qualidade do produto recebido. As condições higiênicas do veículo

também são analisadas por parte do SIF, tanto quanto o estado geral do veículo em

que a matéria-prima foi transportada. Todas estas informações são registradas e

documentadas no Guia de recebimento de terceiros pelo SIF local.

Page 36: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

35

Além disso, são observadas as condições higiênicas em que a carcaça foi

encontrada. Carcaças em que o toalete após evisceração não foi realizado

adequadamente, são deslocadas e não seguem à câmara de recepção. As ações

tomadas podem incluir a devolução da carcaça ao frigorífico que realizou o abate

deste animal ou condenação da carcaça por esta estar inapta até para uso como

matéria-prima na fabricação de alimentos cozidos.

As carcaças que estão resfriadas são pesadas inicialmente e direcionadas

para câmara de resfriamento, onde são submetidas a uma temperatura de 0°C. A

câmara se mantém a esta temperatura, desde que a porta se mantenha sempre

fechada, após acondicionamento de todas as carcaças. A porta só é aberta

mediante ação no local, como quando as carcaças são retiradas para posterior

desossa, ou quando esta câmara será higienizada, nesta ocasião não permanece

nenhuma matéria-prima no local. Nesta câmara, deverão somente ser armazenadas

as carcaças que, seguirão posteriormente a desossa. Não se deve observar a

presença de pallets de madeira no interior de câmaras de resfriamento, todos os

produtos que se encontram no interior de câmaras devem estar dependurados no

caso das carcaças ou em caixas plásticas identificadas pela coloração conforme

origem do produto. Nesta empresa as caixas plásticas brancas referem-se a matéria-

prima ainda em processo de fabricação, podendo ser encontrado determinados

cortes de suíno e bovino, alguns tipos de emulsão, massa pronta de embutidos,

produtos que sofrerão posterior embalagem. As caixas laranjadas deverão

acondicionar em seu interior produtos prontos a espera de embalagem plástica,

produtos que já receberam embalagem ou produtos que são comercializados sem

embalagem plástica, somente etiquetados. As caixas vermelhas recebem produtos

que serão descartados, produtos que caíram ao chão, produtos com defeitos de

fabricação. Todas estas caixas deverão encontrar-se sempre sobre estrados

plásticos, nunca em contato direto com o chão. Em uma indústria de alimentos se

faz necessário a existência de câmaras para alimentos em diversos estado de

fabricação como câmara de massas, câmara para produtos cozidos, câmara para

matéria-prima resfriada, congelada. Ou seja, produto cru não deve permanecer em

contato com produto que já passou por alguma etapa de fabricação de modo que

haja a máxima precaução a fim de evitar a contaminação cruzada entre os produtos.

De todos os setores observados na fábrica, o setor de recebimento

apresenta tamanha complexidade, pela grande quantidade de matéria-prima que a

Page 37: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

36

fábrica recebe, sendo necessária a capacitação de funcionários, objetivando a

produção de alimentos com qualidade.

Os produtos que chegam congelados (CMS, carne industrial, barriga com

pele, recortes) serão deslocados para diferentes câmaras dependendo do fim.

Produtos que necessitam ser utilizados descongelados serão encaminhados para a

câmara de reversão e submetidos a uma temperatura de 2°C. Esta câmara deverá

dispor de espaço suficiente para atender a demanda de produção da indústria.

Respeitando sempre, o período de descongelamento, no interior da câmara de

reversão, dos produtos que chegam congelados na recepção.

Produtos acabados resfriados em que são comercializados congelados são

conduzidos ao túnel de congelamento e submetido a uma temperatura de -30°C,

depois será encaminhado à câmara de estocagem I onde permanece sob

temperatura em torno de -19°C com o objetivo de manter o estado físico do produto

congelado.

As carcaças seguirão determinado POP durante a desossa. Geralmente,

estas quando resfriadas são retiradas da câmara de recepção e deslocadas para o

Setor de desossa após 24 horas na câmara de recepção. Estas carcaças

apresentam temperatura variável, na maioria, observa-se temperatura entre -1ºC a

2ºC. O setor de desossa deverá permanecer com temperatura de no máximo 10°C

(padrão adotado pela empresa). Na desossa, inicialmente o suíno será dividido em

duas partes iniciais, dianteiro e traseiro, sendo cada funcionário deste setor

responsável por determinado cortes técnico, a fim de reduzir ao máximo uma

possível contaminação cruzada existente de uma peça a outra.

Os cortes técnicos realizados encontram-se na figura abaixo.

Figura 1 – Cortes técnicos de um suíno

Page 38: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

37

Dependendo da demanda, após a desossa parte da produção se desloca

para o consumo de carne in natura resfriada, sendo então encaminhado para a

expedição (+2ºC) ou varejo, devidamente embalado e etiquetado. Outra parte vai

para a produção de embutidos, frescais, produtos cozidos e defumados. Realiza-se

a troca das facas a cada duas horas de serviço, por facas que passaram por

processo de imersão em esterilizadores a +82ºC por 20 segundos, como PSO para

as facas utilizadas durante o procedimento da desossa.

Além da desossa de suínos, a empresa recebe meia-carcaça bovina, que é

desossada no mesmo setor, porém em equipamentos e máquinas diferentes. São

desossados e obtidos os cortes técnicos, depois podem ser encaminhados tanto

para expedição ou para o varejo. A desossa bovina possui câmara de resfriamento

própria (Câmara de cortes) para armazenamento da carne in natura a uma

temperatura de 0ºC. As facas utilizadas na desossa bovina segue o mesmo PSO da

desossa suína.

5.2 PROCESSAMENTO DA CARNE

O processamento da carne originou-se há muitos anos, data-se desde os

tempos pré-históricos. O primeiro tipo de carne processada pode ter sido a

dessecada pelo sol e bem depois foi utilizada a dessecação pelo fogo lento de

madeira para originar um produto seco e defumado.

Sabe-se que desde os tempos de Homero em 850 a.C., a salga e a

defumação da carne já realizada. Estes produtos cárneos eram processados com o

objetivo de conservá-los para o consumo em períodos posteriores.

O termo que se refere ao ato de conservar algum produto por meio da

adição de sal, compostos fixadores de cor (nitrato e/ou nitrito) açúcar, antioxidantes,

estabilizantes e umectantes é chamado de cura de carnes. Portanto a cura de

carnes, além da conservar o produto por um período mais longo de tempo, também

se observa melhora das propriedades sensoriais como sabor e aroma agradáveis e

coloração vermelha ou rósea atraente (ROÇA, 2000).

Page 39: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

38

São utilizados diversos métodos para a aplicação dos ingredientes da cura

em cada produto. Todos estes métodos têm um objetivo comum que é uma

distribuição uniforme dos ingredientes sobre o produto. Quando esta distribuição dos

ingredientes ocorre de forma inadequada, pode ocasionar falha na produção da cor

no produto final, ficando este com uma coloração pobre, bem diferente da desejada.

Além de possibilitar a deterioração das áreas em que a mistura de cura não

alcançou o produto.

Todo o processo de cura da carne depende de diversos fatores. O tempo de

ação da cura nas peças de carne varia de acordo com a velocidade de difusão dos

ingredientes de cura pelos tecidos. A velocidade com que os ingredientes de cura se

distribuem pelo produto depende dos métodos de aplicação dos mesmos, do

tamanho e calibre das peças de carne, da quantidade de cobertura de gordura e da

temperatura da matéria-prima e ingredientes (ROÇA, 2000).

Muitas alterações, na prática da cura, têm sido introduzidas pela indústria fim

de obter produtos de qualidade com uniformidade e cada vez mais econômicos,

além de reduzir os riscos dos produtos curados e diminuir a incidência de alterações

bacterianas da carne durante a cura e o processamento.

Ainda de acordo com Roça (2000), a técnica de cura direta ocorre nos

produtos de salsicharia da empresa observada, os ingredientes de cura são

incorporados durante o processo de mistura, após o triturador e/ou moedor. São

adicionados em forma seca (em pó) ou como solução concentrada (mix de

ingredientes) e são distribuídos uniformemente por todo produto durante o preparo

da massa na misturadeira. Em determinados produtos como os embutidos frescais,

há um intervalo em que a massa descansa por 2 minutos, entre a primeira mistura

dos ingredientes e a segunda parte a ser adicionada. Nos demais produtos de

salsicharia, não há este intervalo de descanso, todos os ingredientes são

adicionados de uma vez.

A cura à seco é o método mais antigo e se caracteriza pela aplicação dos

agentes de cura na forma seca sobre a superfície da carne. É um processo lento e

este processo é observado em certos produtos da empresa como o Pé, Máscara,

rabo salgado de Suíno e a Carne salgada de suíno.

Existe ainda outro processo cujo nome é cura por imersão em salmoura,

onde as peças são submersas em uma solução formada pelos componentes de cura

Page 40: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

39

dissolvidos previamente em água. Este método de cura também é lento e necessita

muito tempo para a salmoura se difundir por todo produto.

Em peças cujo tamanho e calibre são muito grandes como é o caso do pernil

e paleta, tanto a cura a seco como a cura por imersão em salmoura, podem

submeter o produto ao risco de produzir alterações bacterianas antes da penetração

eficaz dos agentes de cura. Por isso estes métodos são utilizados isoladamente em

produtos que constituem autênticas especialidades.

Outro método também muito eficaz é a cura por injeção de salmoura. Este

método permite a penetração dos agentes de cura de uma forma muito mais rápida

e com distribuição mais uniforme quando são injetados diretamente nos tecidos. Na

empresa observada é utilizado o método de injeção múltipla, empregado para curar

bacon, costela temperada suína, pernil, entre outros. O processo consiste em injetar

de maneira simultânea, automática e uniforme em múltiplos pontos da peça, através

de uma série de agulhas com numerosos orifícios regulares na sua longitude. A

salmoura é previamente preparada em tanque específico e calculada a partir da

quantidade de produto a ser injetado. Dependendo do produto a ser produzido, este

pode passar até duas vezes pela injetora como é o caso da costela temperada suína

da referida empresa (ROÇA, 2000).

Figura 2 – Injeção Múltipla

Existem ainda outros métodos em que envolve a injeção arterial, seguida por

série de aplicações intramusculares. A solução de cura injetada pode ser realizada

Page 41: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

40

através da seringa quando a produção é em pequena escala ou por meio de

injetores de pressão.

Quando é utilizado mais de um processo para realizar a cura da carne, é

chamado de processo combinado. O pernil, por exemplo, pode ser curada utilizando-

se vários métodos como a salmoura via arterial, seguido de injeção intramuscular e

por fim serem submersos em salmoura ou salga por cobertura. Em produtos curados

pelo método a seco, a espessura de gordura limita ou modifica a velocidade de

penetração dos agentes de cura, porém, este problema poderá ser evitado, desde

que as peças sejam curadas por meio de processo combinado (ROÇA, 2000).

A Sala de cura deverá permanecer com temperatura controlada de +2ºC a

+4ºC, pois nesta temperatura há um retardo no crescimento da maioria das bactérias

até que se complete a penetração do sal no interior do produto. Além disso, nesta

temperatura permite-se o crescimento das bactérias redutoras de nitrato essenciais

para a reação da cura quando se utiliza o nitrato de sódio. Em temperaturas abaixo

de +2ºC as reações de cura são retardadas e em temperaturas superiores a +4ºC

favorecem o crescimento bacteriano indesejável que são responsáveis por

alterações.

Muitos componentes são utilizados para realizar a cura de carnes, entre os

sais mais adicionados encontra-se o sal comum (cloreto de sódio), um destes

ingredientes de maior importância nas misturas. O sal comum em uma concentração

suficiente inibe o crescimento microbiano, pois reduz a atividade de água, pelo

aumento da pressão osmótica do meio do alimento.

Dependendo da concentração da solução de sal, o microorganismo poderá

não tolerar, podendo a solução ser tóxica ao microorganismo. O crescimento

bacteriano, de algumas cepas, pode ser inibido em concentrações baixas de 2%,

porém algumas bactérias, leveduras e fungos, que possuem a capacidade de

crescer mesmo em concentrações salinas elevadas, incluindo até o ponto de

saturação. Esses microorganismos são classificados como halotolerantes, sendo

muitas espécies de micrococos e Bacillus (ROÇA, 2000).

Alguns microorganismos (halófilos), só conseguem crescer em ambiente

cuja concentração de sal é extremamente elevada e morrem rapidamente quando

submetidos a um meio com taxa inferior a 10% de cloreto de sódio. O efeito do sal

na carne em baixas concentrações produz o aspecto de uma carne mais inchada,

Page 42: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

41

pois esta é capaz de reter mais água. Enquanto que o cloreto de sódio em altas

concentrações, faz com que as proteínas se precipitem, retendo menos água.

Existe um limite para o teor de cloreto de sódio para os consumidores, este

se dá entre 3 a 4% de sal no produto. Apesar de todos os produtos curados

conterem sal, sabe-se que concentrações entre 2-3% atuam principalmente como

agente aromatizante, não exercendo, portanto ação conservadora.

Em carnes frescas que serão submetidas ao congelamento o sal deverá ser

evitado, pois este irá atuar como pró-oxidante, provocando o ranço oxidativo e uma

cor marrom característica da produção do composto químico metamioglobina que é

indesejável ao produto.

5.3 NITRATOS E NITRITOS

O nitrato de sódio ou potássio e nitrito de sódio ou potássio são comumente

empregados na cura com o objetivo de obter a cor característica da carne curada,

além de possuir poder bacteriostático em meio ácido. Por mais que o nitrato seja

amplamente utilizado nas misturas de carnes, ainda não está totalmente esclarecido

o seu papel na cura e na conservação (ROÇA, 2000).

O nitrato serve como fonte de nitrito, que permite que a carne mantenha um

nível de nitrito eficaz para a sua conservação. O problema encontrado, deve-se ao

fato, de ser necessário um alto número de bactérias para reduzirem o nitrato a nitrito

a uma quantidade significativa, que pode ser prejudicial aos produtos cárneos

curados, e dificilmente sabe-se da quantidade formada de nitrito durante o processo

de cura. Diversos grupos de bactérias toleram o nitrito em níveis diferentes. Existem

diversas explicações das propriedades bacteriostáticas do nitrito.

Nas fórmulas de cura, o nitrito de potássio é bem menos utilizado que o

nitrito de sódio. O nitrito de sódio é um sal de ácido relativamente fraco e de uma

base forte. Caracteriza-se por ser uma substância cristalina, muito solúvel em água e

de cor amarela pálida. O nitrito em soluções aquosas é ligeiramente alcalino e

mantém também cor amarelo pálido.

O íon nitrito possui grande reatividade e está presente em diversas reações

químicas dos sistemas biológicos.

Page 43: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

42

A reação de Van Slyke é clássica e demonstra a liberação do nitrogênio

quando o ácido nitroso reage com os alfa-aminoácidos para formar o alfa-

hidroácidos correspondentes.

RCHNH2COOH + HNO2 → RCHOHCOOH + N2 + H2O

Como conseqüência desta reação, o nitrito adicionado pode desaparecer

durante a cura de carnes. O nitrito pode desaparecer mais rapidamente, quando há

a presença de vinagre ou outros ácidos, via reação de Van Slyke.

Segundo Roça (2000), as reações mais importantes são do óxido nítrico

(NO), que deriva do ácido nitroso, com os pigmentos hemo da carne. As reações

químicas mais importantes desde a conversão de nitrato de sódio a nitrito de sódio

até a formação de óxido nítrico pode ser esquematizado da seguinte maneira:

Figura 3 – Reação de cor em carnes curadas

Algumas substâncias redutoras como os ascorbatos e isoascorbatos, quando

adicionados na mistura de cura, aceleram a formação de óxido nítrico. O óxido

nítrico é o principal produto de transformação do nitrito durante a reação de cura.

A pigmentação da carne durante a reação de cura, na presença do nitrito e

de outros subprodutos da reação deste composto, depende de inúmeros fatores que

influenciam causando alterações. São estes: fatores intrínsecos desmembrado em

Page 44: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

43

pH, potencial de óxido-redução e atividade enzimática e fatores extrínsecos como

os aditivos, acidificação e aquecimento.

O nitrito atua como um agente oxidante da mioglobina, esta por sua vez é a

principal proteína que confere pigmentação no momento da reação de cura.

Portanto, a reação inicial se dá quando na presença do nitrito, há a conversão da

mioglobina e oximioglobina em metamioglobina.

O óxido nítrico ao entrar em contato com a metamioglobina origina a

nitrosometamioglobina, esta poderá durante uma reação de redução formar a

nitrosomioglobina (pigmento que caracteriza a carne curada sem ação do calor). A

carne curada ao final de toda reação, quando submetida ao cozimento, deve

apresentar um pigmento final denominado de nitrosohemocromo (caracterizado pela

coloração rósea) (ROÇA, 2000).

Page 45: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

44

Figura 4: Mudanças químicas da mioglobina durante as reações de cura (PRICE & SCHWEIGERT, 1994).

5.4 MASSAGEAMENTO OU TOMBAMENTO

De acordo com o processo de fabricação de um produto, após a matéria-

prima sair da injetora, poderá seguir diretamente à Sala de Tumbleamento. Nesta

sala, a matéria-prima após cura será massageada ou tombada em tanques ou

tambores rotativos (“tumblers”) por tempo suficiente para que ocorra uma melhor

penetração com distribuição uniforme da salmoura, maior uniformidade da cor,

liberação das proteínas miofibrilares com aumento da capacidade de retenção de

água e redução da perda de peso por aquecimento. Neste processo a carne sofre

repetidos golpes entre as peças e contra as paredes do equipamento. Geralmente

realizada com a carne a uma temperatura de +6ºC a +8°C. A sala de Tumbleamento

deverá manter temperatura aproximada de +4°C, variações acima desse valor

interferem na qualidade do produto, pois favorecem o crescimento microbiano.

Manter a temperatura da sala com no máximo +4ºC é um desafio para a indústria

alimentícia, devendo sempre manter a sala de tumbleamento com a porta fechada,

de modo com que o frio da sala não seja disperso, nem o ar quente de outro setor

adentre a esta sala. O processo de massageamento varia conforme o produto, pode

passar de 40 minutos (Bacon, Pernil temperado de suíno sem osso, Picanha e

Sobrepaleta temperada de suíno) a 10 horas (Joelho defumado de suíno, Lagarto e

Granito defumado de bovino) nesta empresa (PACHECO, 2006).

5.5 COZIMENTO DOS ALIMENTOS

A ação do calor para conservar alimentos visa minimizar a carga microbiana

presente no alimento e desnaturar determinadas enzimas. As características do

alimento como termossensibilidade e suscetibilidade à deterioração, além da

estabilidade a ser alcançada no produto final, determinam o método de tratamento

térmico a ser utilizado. O tratamento térmico, cujo objetivo é eliminar

Page 46: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

45

microorganismos deteriorantes e patogênicos, deve ser constituído por duas

ferramentas. São estas: tempo de ação do calor e temperatura necessária a se

atingir durante o procedimento (AZEREDO, 2004).

Diferentes métodos de tratamento por calor são utilizados, entre estes

encontram a pasteurização e esterilização.

É denominado pasteurizado todo produto submetido à ação do calor, com

temperatura apta para a destruição da grande maioria dos organismos existentes,

havendo resistência de alguns a este procedimento. A ação do calor provoca além

da destruição da maioria dos organismos, um retardamento e redução no

desenvolvimento da microbiota resistente.

O alvo principal a ser alcançado pelo processo de pasteurização é a

destruição de microorganismos patogênicos existentes no alimento. Invariavelmente

um segundo objetivo é alcançado a partir do momento em que se atinge o primeiro,

ou seja, a vida de prateleira do alimento torna-se maior, devido a redução das taxas

metabólica dos microorganismos e enzimáticas. Devido a presença de organismos

vivos hábeis para crescimento nos alimentos pasteurizados, vários métodos

combinam entre si junto à pasteurização, com a finalidade de aumentar o tempo de

conservação do produto. Para tanto, observam-se diversos produtos pasteurizados

sendo armazenados sob refrigeração (POTTER; HOTCHKISS, 1995).

A pasteurização pode ser classificada em três tipos. Na pasteurização lenta,

os alimentos são submetidos a temperaturas menores com intervalo maior de tempo.

A temperatura padrão utilizada é de +65˚C por um período de trinta minutos. A

pasteurização rápida caracteriza-se por ser o inverso da lenta, nela demandam-se

temperaturas elevadas durante curtos intervalos de tempo. Este tipo de

pasteurização é muito utilizado pela indústria leiteira, em leites do tipo A, B e C. Esta

pasteurização tem por denominação a sigla HTST (High Temperature and Short

Time), alta temperatura e curto tempo. Sendo aplicado sobre o produto a

temperatura de 75˚C por aproximadamente 15 a 20 segundos. A pasteurização

muito rápida, ou UHT (Ultra High Temperature) ou longa vida, qualifica-se por

sujeitar o alimento a altas temperaturas entre 130˚C a 150˚C, por três a cinco

segundos de duração.

A esterilização em alimentos não é caracterizada pela produção de um

alimento totalmente estéril, pois a temperatura que torna o produto isento de

Page 47: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

46

microorganismos, produz um alimento deficiente em características nutricionais e

sensoriais.

Este processo térmico inativa todos os microorganismos patogênicos e

deterioradores que possuem a capacidade de se desenvolver em condições normais

de armazenamento. Podem estar presentes determinado número de esporos

bacterianos termorresistentes, porém estes não se reproduzem no alimento.

Alimentos submetidos a este procedimento apresentam vida de prateleira de pelo

menos dois anos. Quando ocorre a deterioração destes produtos, após períodos

prolongados de armazenamento, em geral, é devido a modificações não

microbiológicas. (POTTER; HOTCKISS, 1995),

Submeter o produto, a temperaturas mais elevadas durante período de

menor exposição ao calor, é uma alternativa para reduzir os danos sensoriais e

nutricionais, sem comprometer a segurança microbiológica do produto.

Os produtos embutidos são levados para cozimento em estufas com

aquecimento a vapor d’água, onde, dependendo de cada produto, permanecem

por determinado tempo, passando por vários estágios com aumento gradual de

temperatura, até que esta atinja 72ºC no ponto mais frio da massa dos

produtos.

O procedimento de cozimento, dentro da empresa fiscalizada, é

realizado sob duas formas. A primeira forma se dá no interior da estufa a vapor.

Este equipamento possui medidores de temperatura que informam a

temperatura alcançada no interior do produto e no interior do equipamento.

Podendo saber exatamente, o momento em que não há mais necessidade do

alimento permanecer no interior do equipamento, pois o processo de cozimento

já foi concluído. São exemplos de produtos que passam pela estufa, para

processo de cozimento: Salsicha, Salsichão, Linguiça tipo calabresa, Bacon,

Costela, Papada e Lombo defumado de suíno. Dependendo do produto este

poderá permanecer no interior da estufa por até 15 horas como é o caso do

presunto tenro semi-osso.

Alguns produtos não são cozidos na estufa, estes passam por processo

de cozimento em tanques com água quente a 80ºC, permanecendo por tempo

determinado para cada produto. O presunto e apresuntado são alguns dos

produtos desta empresa que passam pelo tanque para cozimento. Geralmente

Page 48: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

47

este processo envolve cerca de 4 a 5 horas, até que a temperatura interna do

produto atinja entre 70ºC a 72ºC.

A seguir, estão dispostos tempo e temperatura necessários para cada

produto industrializado que passa pelo processo de cozimento. Todo o processo

é intercalado por etapas com aumento gradual de temperatura.

Presunto/Apresuntado Etapa do Processo Temperatura Tempo

Primeira

60ºC 1 hora Segunda

65ºC 1 hora

Terceira

70ºC 1 hora Quarta

75ºC 1 hora

Quinta

80ºC Até atingir a temperatura interna de 72ºC

Salsichão Etapa do Processo Temperatura Tempo

Primeira 60ºC 30 minutos Segunda 70ºC 30 minutos

Terceira 85ºC Até atingir a temperatura interna de 78ºC

Tempo de cozimento: Aproximadamente 1 hora e 30 minutos

Mortadela Tubular Grande Etapa do Processo Temperatura Tempo

Primeira 60ºC 2 horas Segunda 65ºC 2 horas

Terceira 70ºC 2 horas Quarta 80ºC Até atingir a temperatura interna de 73ºC

Paleta Defumada/ Pernil Defumado/Lagarto/ Lombo Defumado Tradicional/Lombo Defumado / Tender Bolinha/ Joelho Defumado/Cracóvia Etapa do Processo Temperatura Tempo

Primeira 60ºC 2 horas Segunda 70ºC 2 horas

Terceira 80ºC 2 horas Quarta 90ºC Até atingir 73-74ºC

obs: A quarta etapa do processo do joelho deverá atingir a temperatura de 80ºC.

Page 49: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

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MORTADELA EMBALAGEM NYLON GRANDE/ PEQUENA Etapa do processo Temperatura Tempo

Primeira 60°C 1 hora Segunda 70°C 1 hora

Terceira 85°C Até 78°C interno

MORTADELA BOLONHA/ MORTADELA FORMATO TUBULAR PEQUENA/ MORTADELA EMBALAGEM CELOFANE GRANDE/PEQUENA Etapa do processo Temperatura Tempo

Primeira 60°C 2 horas Segunda 70° 2 horas

Terceira 85°C Até 73°C interno

5.6 DEFUMAÇÃO

A defumação é uma técnica antiga, realizada com o objetivo de

preservar a carne, produzir um flavor característico e pela aparência produzida

no produto (ROÇA, 2000).

Diversos fatores fazem com que a carne defumada esteja menos sujeita

à contaminação, pois há desidratação superficial, privando os microrganismos

de umidade essencial para seu desenvolvimento. Além de alguns compostos

fenólicos e formaldeídos formados que possuem propriedades bacteriostáticas e

de proteção contra oxidação de gordura.

Como resultado da defumação, ocorre coloração e deposição de

pigmentos característicos à carne, alterando também a textura da carne,

resultante do efeito de secagem da fumaça. O acúmulo excessivo de alcatrão é

indesejável e forma-se a partir da reação dos compostos da fumaça com as

proteínas da carne.

Alguns compostos ao reagirem com a carne formam compostos

flavorizantes, estes muitas vezes são interferidos por fatores ambientais como a

temperatura e tempo de processo de defumação.

Page 50: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

49

A combinação de ácidos orgânicos, fenóis e compostos de carbonilo

determinam o “flavor” característico, pungente e aromático. O processo de

defumação é caracterizado por duas fases distintas: a fase de deposição de

partículas e a fase de vapor com alta porcentagem de deposição total de

fumaça. O aroma e o sabor característicos são ambos produtos da fase de

vapor (ROÇA, 2000).

A composição da fumaça depende do tipo de madeira utilizada,

temperatura alcançada durante o processo, circulação de ar e variações de

condições de produção de fumaça.

Nas temperaturas entre 315ºC e 350ºC tem-se um balanço desejável

dos componentes da fumaça, podendo a composição e os compostos no ar

mudar completamente após o depósito e reação com a carne.

A produção de fumaça natural é produzida por queima de serragem,

sendo a serragem úmida e verde a preferida, em virtude de densidade e

composição da fumaça.

A deposição da fumaça pode ocorrer de variadas formas. Nas câmaras

de defumação, naturalmente a fumaça flui do fundo para o teto, limitando a

defumação. A defumação pode ser influenciada por fatores atmosféricos como a

alta umidade ou corrente de ar. Por meio de circulação forçada, tem-se mais

rápida a deposição da fumaça, podendo controlar a temperatura e umidade na

câmara.

Atualmente, existe a fumaça líquida que apresenta inúmeras vantagens

em relação a defumação tradicional, são estas: aplicação uniforme, intensidade

do flavor controlada, conveniência, pode ser utilizado somente os constituintes

desejáveis da fumaça, o flavor não se limita somente à superfície da carne,

menor investimento no equipamento da fumaça, menor tempo de defumação,

menor quantidade de produtos perdidos na atmosfera, demanda menor de

trabalho. Parte dos produtos defumados desta empresa, como bacon, paleta,

papada, costela defumada de suíno entre outros, são imersos em fumaça

líquida e defumados no interior da estufa ao longo do tempo de cozimento para

cada produto específico (ROÇA, 2000).

A produção desta fumaça pode ser a partir do condensamento do vapor

da fumaça da madeira em líquido contendo os flavorizantes ou por processo,

Page 51: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

50

cujo vapor é passado por um filtro de água, extraindo os flavorizantes de

fumaça.

A fumaça líquida poderá ser aplicada por pulverização ou imersão.

Quanto mais tempo, a fumaça líquida permanecer em contato com o produto

maior será a intensidade da defumação. Outros meios de aplicação da fumaça

incluem a adição durante a solução de cura, nos ingredientes codimentares,

com o objetivo de dispersar o flavor através do produto (ROÇA, 2000).

5.7 TINGIMENTO

Esta operação também é específica para alguns produtos industrializados,

tendo como objetivo melhorar a coloração, tornando o produto visualmente mais

agradável ao consumidor. Produtos embutidos como salsichão e a salsicha “Viena”,

são imersos em tanques específicos em uma solução de água a 80°C com corante

específico a base de urucum (pH mínimo 11). O corante de Urucum é um corante

hidrossolúvel, obtido pelo tratamento do pigmento extraído a partir da semente de

urucum (BIXA ORELLANA, L.) em solução álcali-aquosa. Do urucum são fabricados

os corantes naturais mais difundidos na indústria de alimentos.

Em seguida, o produto será imerso em uma solução ácida (ácido lático 85%)

para fixação de sua cor vermelha característica. Este ácido lático é produzido a partir

da fermentação do açúcar da cana e além de fixar o corante, inibe o

desenvolvimento de diversos microrganismos.

5.8 CHUVEIRO POR ASPERSÃO PARA RESFRIAMENTO

Após o cozimento na estufa alguns produtos necessitam passar por

resfriamento antes de serem embalados. Os produtos cozidos podem ser resfriados

de duas maneiras: acondicionados em varas poderão permanecer abaixo do

chuveiro de aspersão por 25 minutos, ou poderá ser resfriado em temperatura

ambiente. Seguindo para a câmara de resfriamento de produtos cozidos com

Page 52: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

51

temperatura padrão de 4ºC. Este resfriamento faz-se necessário, pois para receber a

embalagem a vácuo, o produto não pode apresentar temperatura elevada. Altas

temperaturas prejudicam a ação do vácuo, durante o recebimento da embalagem

plástica.

Alguns produtos como a salsicha passam pelo chuveiro de aspersão e em

seguida serão conduzidos novamente por um tanque com água gelada a fim de

sofrer maior resfriamento. Após este procedimento a salsicha passará por uma

máquina denominada de depiladora, em que é retirada a tripa artificial. Depiladas, as

salsichas serão encaminhadas através de esteiras para o chiller, no interior deste

equipamento, é produzida uma solução de corante de urucum mais ácido lático. As

salsichas ficam imersas nesta solução, até saírem completamente coradas, sendo

encaminhadas novamente por esteiras para o Setor de Embalagem Primária. Este

Setor deverá ser mantido com temperatura inferior a 12ºC, e os produtos a serem

embalados em temperatura inferior a 7ºC (padrão adotado pela empresa).

5.9 TRITURADOR

Durante o recebimento de matérias-primas, determinados produtos como

carne industrial bovina e CMS de aves chegam congelados (-18ºC). Após

descongelamento na câmara de reversão (2ºC), estes produtos, em formato de

blocos, necessitam ser quebrados para ser utilizado. Esta atividade é realizada no

triturador.

5.10 MOEDOR

A matéria-prima após ter sido triturada, poderá ou não passar pelo processo

de moagem da carne. A carne resfriada poderá ser deslocada diretamente ao

moedor. Este equipamento é constituído por discos de moagem, com diversos

diâmetros dependendo do tamanho que se deseja produzir a carne moída. Após

este processo, a carne moída é repassada para posterior pesagem e identificação

do lote para prosseguir com o processo de fabricação.

Page 53: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

52

5.11 MISTURA

A seguir a carne moída e/ou triturada, bem como os demais ingredientes do

lote do produto, serão adicionados em um equipamento denominado misturadeira,

onde permanece por tempo suficiente para que ocorra a completa mistura e

incorporação de todos os ingredientes (aditivos e conservantes) da formulação. Em

determinados produtos, como os frescais (linguiça toscana, linguiça de pernil suíno e

linguiça de carne suína), o tempero será adicionado em duas etapas. Na primeira

etapa, parte dos ingredientes é adicionada, e misturada por cerca de dois minutos,

ocorrendo um intervalo de descanso da massa de 1 minuto. Em seguida, será

misturada a segunda fração dos ingredientes, sendo misturado por mais dois

minutos. Em produtos cozidos como o salsichão, salsicha, linguiça tipo calabresa, os

ingredientes são adicionados na misturadeira de uma vez só e ficam em contato

com a massa, até esta apresentar-se homogênea, processo que envolve

aproximadamente dois minutos.

5.12 CUTTER

O cutter é um equipamento tradicionalmente muito usado. Possui um

conjunto de 3 a 12 facas curvadas e rotativas, em posição vertical, atua em alta

velocidade (acima de 3000 rpm) sob a superfície de uma bacia curvada, a qual gira

em baixa velocidade, no plano horizontal. O cutter desta empresa apresenta 9 facas.

Várias formas de facas são disponíveis dependendo do tamanho e do modelo do

equipamento. Alguns cuidados e habilidades são necessários na afiação, montagem

e manutenção destas facas. As temperaturas ideais de processamento são

aproximadamente - 2ºC na fase inicial e 12ºC na fase final. Temperaturas mais frias

podem causar danos às facas. A massa cárnea poderá ser mais ou menos refinada,

dependendo do tempo de residência e da velocidade das facas, a qual varia entre os

Page 54: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

53

equipamentos e do tipo ou da qualidade do produto desejado. Boa parte dos cutters

fabricados atualmente são dotados de carregadores, controle de temperatura e de

velocidade, sistema de vácuo, dosagem automática de água e outras facilidades. Na

empresa observada, o cutter existente tem capacidade para 200kg de massa. O

cutter é utilizado para a fabricação da chamada “massa fina”, passando por este

processo os produtos Salame tipo Hamburguês, Salame tipo Milano, Salsichão,

Mortadela. (SHIMOKOMAKI et al., 2006).

5.13 MOINHO EMULSIFICADOR

Define-se emulsão como uma suspensão coloidal de dois líquidos não-

solúveis entre si, entretanto, por meio de um agente emulsificante, estes 2 líquidos

mantém-se em harmonia um no outro. Existem dois tipos de emulsões: a emulsão

óleo em água (o/a) e a água em óleo(a/o). Estas são constituídas pela fase dispersa

e a fase contínua. A fase dispersa compõe-se por partículas de formato de gotículas

e a fase contínua se caracteriza por ser o local onde estas partículas estão

dispersas. (SHIMOKOMAKI et al., 2006)

As emulsões cárneas são classificadas como emulsão óleo em água em que

a fase dispersa é o óleo ou gordura e a contínua é o meio aquoso. Porém, como em

uma emulsão o/a verdadeira, as partículas de gordura possuem 0,1 e 5,0µ, a

emulsão cárnea não é considerada como tal, visto que o tamanho das partículas da

fase dispersa está entre 10 a 50 µ, não correspondendo ao padrão estabelecido.

Portanto, a emulsão cárnea é qualificada como uma suspensão coloidal complexa,

não totalmente homogênea. Encontram-se partículas de gordura, fibras musculares,

aditivos e farináceos na fase dispersa e na fase contínua há a presença de água,

sal, proteínas hidrossolúveis e outros componentes solúveis.

Faz-se necessário a presença de um agente emulsificante para esta ser

formada. A proteína por apresentar em sua composição química porção hidrofílica

(polar) e outra hidrofóbica (apolar), age entre os dois componentes unindo a gordura

e a água. A porção polar da proteína interage com a água e a porção apolar interage

com a gordura. (SHIMOKOMAKI et al., 2006)

Page 55: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

54

A ação da proteína diminui a tensão interfacial entre a gordura e a água,

unindo-as. Sendo assim, a gordura não é liberada, não nem ocorre a coalescência

desta.

Na indústria, são utilizados diversos equipamentos a fim de produzir as

emulsões, destacam-se o cutter e os emulsificadores contínuos. Estas máquinas

agem promovendo a cominutação e mistura das carnes e outros componentes que

foram adicionados como gorduras, água, sal e outros. Este processo promove a

uniformidade do produto em relação ao tamanho das partículas e a distribuição dos

ingredientes.

O processo de emulsificação é complexo, no início as fibras musculares do

músculo da carne se rompem, liberando as proteínas actina e miosina existentes.

Estas proteínas encontram-se insolúveis (estado sol), porém ao ser acrescentado à

mistura o sal, água e alguns aditivos, as proteínas tornam-se solúveis e

intumescidas, formando uma matriz viscosa (estado gel), pois absorvem a água.

Neste estado, os resíduos de aminoácidos livres agem como emulsificantes,

formando ligações químicas hidrofílicas e hidrofóbicas. (SHIMOKOMAKI et al., 2006)

A qualidade de um produto cárneo que passa pelo processo de

emulsificação depende da estabilidade final da massa e textura final adquirida. A

estabilidade está relacionada diretamente a habilidade em reter água e gordura. Os

produtos cárneos são capazes de ligar vários componentes, formando um produto

coeso, de textura firme ao fatiamento e mastigação. Diversas forças físicas e

energias de ligação são importantes à estabilidade e integridade da emulsão, antes

e após o tratamento térmico. Quando a gordura não se separa durante o processo

de cozimento, tem-se uma emulsão estável.

As principais proteínas presentes na carne, que se tornam solúveis são de

origem do sarcoplasma e das miofibrilas (actina, miosina e/ou actomiosina). Estas

proteínas são extremamente eficientes como agentes estabilizantes, tornando-se

solúveis somente na presença de sal. A miosina é a principal proteína de atuação

sobre a emulsão, as proteínas sarcoplamáticas ajudam a formar a matriz protéica

gelificada, auxiliando as miofibrilares, contribuindo para o aumento da liga da

miosina.

A estabilidade da emulsão depende também dos ingredientes não cárneos

acrescentados à massa. Por isso, é grande o uso de diversas fontes protéicas não-

cárnea na fabricação de produtos emulsionados. Estes aditivos funcionam

Page 56: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

55

melhorando a estabilidade, qualidade nutricional e minimizando os gastos com a

produção.

Entre os estabilizantes não cárneos mais utilizados, tem-se a proteína de

soja, por ser de boa aplicação, baixo custo e disponível no mercado. Outros

ingredientes não protéicos como os carboidratos (amidos e hidrocolóides) são

acrescentados a fim de auxiliar nas emulsões cárneas, visto que, os carboidratos ao

entrar em contato com as proteínas cárneas e/ou não-cárneas, reforçam a

cimentação do gel da matrix, melhorando a estabilização da massa.

Diversos fatores influenciam na estabilidade da massa de um embutido

como o tipo e condições do equipamento que realiza a emulsão, temperatura

atingida durante este processo, tempo de emulsificação, tipo e tamanho de

partículas de gordura, pH, quantidade e momento de utilização do sal, tipo e

porcentagem das proteínas, viscosidade da massa, formação da matriz gelificada.

(SHIMOKOMAKI et al., 2006)

A temperatura é fator determinante sobre a estabilidade da emulsão.

Durante a formação da “massa fina” no cutter ou no moinho emulsificador, esta

temperatura aumenta devido à fricção. São nesses pontos de fricção que a fusão

entre a gordura e proteína ocorre. A temperatura ideal do processo de emulsificação

é em torno de 7ºC, pois as proteínas são solubilizadas, aumentando a viscosidade, o

que confere fluidez a massa. Quando a temperatura atingida está acima do

recomendado, diversos defeitos são instalados, sendo somente detectados após,

devido ao cozimento. Entre esses defeitos pode-se encontrar a saída da gordura e

coalescência desta, tendendo a flutuar a superfície por ser menos densa, perda de

textura desejada e até mesmo a perda do lote.

A temperatura máxima ideal, durante a emulsão, depende do ponto de fusão

das gorduras e do equipamento usado. A temperatura de fusão da gordura de frango

é entre 10-12ºC, 15-18ºC para gordura suína e 21-22ºC para bovina. Os moinhos

emulsionadores de alta velocidade quando usados alcançam estas temperaturas

sem ocasionar defeitos na estabilidade da massa. No cutter de baixa velocidade

mantém-se as temperaturas mais baixas. (SHIMOKOMAKI et al., 2006)

Com o objetivo de se controlar o aumento na temperatura, adiciona-se à

massa gelo durante o refinamento. O gelo é mais eficiente que a água, pois o calor

latente que o gelo absorve para se fundir é maior que a água.

Page 57: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

56

O aumento da temperatura da emulsão é caracterizado por determinados

defeitos na massa, devido à desnaturação em excesso de proteínas solúveis e

consequente queda da viscosidade. Jones e Mandigo (1982) apresentaram uma

teoria explicando como o aumento de temperatura no cutter interfere na instabilidade

da massa. O atrito produzido pelas facas do cutter provoca um aquecimento, que

desnatura as proteínas do filme protéico interfacial (FPI). Em temperatura

controlada, este filme é apresenta minúsculos poros, que são como válvulas de

escape de pressão, passando por eles as gotículas menores de gordura, quando a

temperatura está elevada. Um aumento ainda maior dessa temperatura, durante o

processo, causa maior desnaturação protéica, aumentando a espessura deste filme

que passa a envolver a gotícula de gordura, não liberando a pressão interna. Em

decorrência, pelo menor número de poros, eleva-se a pressão interna, a membrana

interfacial é rompida, havendo quebra da emulsão e coalescência da gordura. Estes

poros são de extrema importância à emulsão, pois é por meio deles que a gordura

escapa sob pressão controlada, durante o cozimento da massa, com temperatura

final de 68 - 74ºC. Evitando assim a saída da gordura pelo rompimento do filme

protéico. (SHIMOKOMAKI et al., 2006)

5.14 EMBUTIMENTO

A massa pronta, após período de descanso no interior da câmara de massas

(+4ºC), onde se iniciam as reações de cura, será transferida para o setor de

embutimento (+12ºC). A massa será embutida em tripas próprias aos tipos de

linguiças formuladas ou outros produtos em que é necessário este procedimento. A

tripa utilizada pode ser natural de suíno, bovino, carneiro ou artificial de celulose,

com calibres específicos para cada produto. No caso de tripa natural, ocorre uma

preparação prévia, na qual as tripas são lavadas, para remoção de sal e hidratação;

em seguida, elas são colocadas em tubos, operação chamada de corrugação, de

acordo com o calibre necessário para o embutimento do produto.

Na empresa em questão são realizadas duas maneiras de embutimento. A

massa pode ser adicionada na tripa, cabendo aos funcionários deste setor amarrar

com barbantes, determinando o tamanho da salsicha, linguiça, salsichão, mortadela.

Page 58: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

57

Para outros produtos é calculada a quantidade de massa que irá a cada salsicha,

linguiça e a própria máquina já realiza o processo de divisão destas. A máquina de

embutimento calcula a quantidade de salsichas por tripa, a quantidade de massa por

salsicha, além de registrar o calibre da tripa que é utilizada.

5.15 EMBALAGEM

Uma vez terminado o processo de fabricação, as linguiças frescais e as

cozidas/defumadas seguem para o Setor de embalagem primária, que pode ser

específica para cada tipo de produto. Poderá receber embalagem plástica a vácuo,

de uma forma geral e em seguida, embalagem secundária de papelão. O ambiente

em que é realizado a embalagem deverá permanecer com temperatura de no

máximo +12ºC.

5.16 REFRIGERAÇÃO

Após a embalagem primária, os produtos são acondicionados em câmaras

frias (câmara de produtos acabados I, II e III), em condição de temperatura

controlada. A câmara de produtos acabados I possui temperatura até +2ºC (padrão

adotado pela empresa) e acondiciona diversos produtos de diferentes origens. A

câmara de produtos acabados II (+4ºC) armazena produtos cozidos como o

salsichão. A câmara de produtos acabados III (+2ºC) armazena produtos como

linguiças frescais. Estes produtos ficam em estoque, aguardando expedição para o

mercado consumidor.

Outros produtos acabados como os congelados ficam estocados, na câmara

de estocagem a -18ºC. Na referida empresa existem duas câmaras de estocagem (I

e II), a câmara de estocagem I servem para armazenar os produtos congelados, que

ainda serão utilizados como carne mecanicamente separada (CMS), carne industrial

bovina. Geralmente nesta câmara ficam armazenadas as matérias-primas para a

produção de embutidos. A câmara de estocagem II também armazena produtos

Page 59: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

58

congelados, porém são os produtos já acabados e que serão comercializados

congelados, como as linguiças frescais congeladas.

5.17 EXPEDIÇÃO

À medida que são realizados os pedidos de encomendas, os produtos serão

encaminhados à câmara de expedição. Esta câmara deve-se manter a temperatura

controlada de +2°C.

Page 60: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

59

6 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PRODUTOS CÁRNEOS

6.1 SALGADOS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação dos produtos salgados

no estabelecimento inspecionado.

6.1.1 Máscara salgada de suíno

Matéria-prima: máscara de suíno

Ingredientes: sal grosso

As cabeças chegam resfriadas com temperatura entre 0ºC a +7ºC, sendo

encaminhada a câmara de recepção (0ºC), seguindo para o Setor de desossa

climatizado a +10ºC. Em seguida a máscara será queimada pelo chamuscador,

depois vai passar pelo processo de clareamento em que é utilizado o peróxido de

oxigênio por 5 minutos. Depois a máscara será recoberta por sal grosso no processo

de salga seca e permanecerá na câmara de salga por 15 dias, a uma temperatura

de +4ºC. Em seguida vai para o Setor de embalagem primária e secundária

climatizados a +10ºC, a fim de receber a embalagem plástica a vácuo e

encaixotamento, posteriormente será deslocada a câmara de produtos acabados

(+2ºC) e expedição com temperatura controlada de +2°C. Este produto deverá ser

mantido em local seco e fresco com temperatura até +22ºC, tendo 60 dias de

validade a partir da data de fabricação.

6.1.2 Pele salgada de suíno

Matéria-prima: pele de suíno

Page 61: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

60

Ingredientes: sal grosso

As carcaças resfriadas chegam com temperatura entre 0ºC a +7ºC, sendo

encaminhadas à câmara de recepção (0ºC), seguindo para desossa realizada em

Setor climatizado a +10ºC. A partir da desossa, obtém-se a pele suína que foi

retirada nos demais cortes suínos. A seguir a pele passa por processo de

branqueamento com peróxido de hidrogênio por 5 minutos. Depois de branqueada, a

pele passa por processo de salga seca, a pele será recoberta por sal grosso, na

câmara de salga (+4ºC) por 15 dias, a uma temperatura de +4ºC. Em seguida

recebe embalagem plástica a vácuo, passando por posterior encaixotamento em

setor climatizado a +10ºC. Seguindo para câmara de produtos acabados (+2ºC) e

expedição com temperatura controlada de +2°C. Este produto deverá ser mantido

em local seco e fresco com temperatura até +22ºC, tendo 60 dias de validade a

partir da data de fabricação.

6.1.3 Pé salgado de suíno

Matéria-prima: pé suíno

Ingredientes: sal grosso

O pé chega congelado a -19ºC e segue para descongelamento na câmara

de reversão (+2ºC), depois de descongelado o pé vai para a serra-fita para ser

serrado ao meio, entre os dois dígitos. A seguir o pé passa por processo de

branqueamento com peróxido de hidrogênio por 5 minutos. Depois de branqueada, o

pé passa por processo de salga seca, o pé será recoberto por sal grosso em na

câmara de salga (+4ºC), por 15 dias. Depois deste processo, o pé salgado será

deslocado ao setor de embalagem primária (+10ºC), onde recebe embalagem

plástica a vácuo. Após acondicionamento em caixas de papelão, este produto irá

para a câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição com temperatura

controlada de +2°C. Este produto deverá ser mantido em local seco e fresco com

temperatura até +22ºC, tendo 60 dias de validade a partir da data de fabricação.

Page 62: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

61

6.1.4 Rabo salgado de suíno

Matéria-prima: rabo suíno

Ingredientes: sal grosso

O rabo chega congelado a -19ºC e segue para descongelamento na câmara

de reversão (+2ºC), depois de descongelado, este passará por processo de

branqueamento em solução de peróxido de hidrogênio por 5 minutos. Depois de

branqueado, o rabo passa por processo de salga seca, em que o rabo será

recoberto por sal grosso, na câmara de salga (+4ºC) por 15 dias. Depois do

processo o rabo salgado será deslocado ao setor de embalagem primária (+10ºC) a

fim de receber embalagem plástica a vácuo e embalagem secundária

(encaixotamento), seguindo para câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição

com temperatura controlada de +2°C. Este produto deverá ser mantido em local

seco e fresco com temperatura até +22ºC, tendo 60 dias de validade a partir da data

de fabricação.

6.1.5 Pernil Salgado de Suíno

Matéria-prima: pernil salgado sem osso

Ingredientes: sal, nitrito e nitrato

Após chegar a carcaça resfriada na recepção com temperatura entre 0ºC a

+7ºC, esta irá para a câmara de resfriamento com temperatura controlada de 0ºC. A

carcaça sai da câmara de resfriamento com a temperatura entre 0ºC e +2ºC e segue

para o setor de desossa (+10ºC), tendo-se o corte de pernil, este irá para a sala de

tumbleamento com temperatura controlada de +4ºC. No tumbler são adicionados sal

e conservantes em processo denominado de salga seca, permanecendo por

aproximadamente 40 minutos e depois segue para a câmara de salga com

temperatura de +4ºC e permanece neste local por 6 dias, e depois o produto será

Page 63: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

62

conduzido ao setor de embalagem primária, onde receberá embalagem plástica a

vácuo, posteriormente são acondicionados em caixas devidamente identificadas e

lacradas, sendo levados a câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC).

Este produto deverá ser mantido em local seco e fresco com temperatura limite de

+22ºC, tendo como prazo de validade 60 dias a partir da data de fabricação.

6.1.6 Lombo Salgado

Matéria-prima: lombo suíno

Ingredientes: sal, nitrito e nitrato.

Após recepção de carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC, esta

é deslocada até a câmara de resfriamento (0ºC), para então ser deslocado ao setor

de desossa climatizado a +10ºC, obtendo-se o corte técnico do lombo. Este será

levado para tombamento no tumbler onde são acrescentados os demais

ingredientes em processo denominado de salga seca. Depois será deslocado para a

câmara de salga (+4ºC) permanecendo neste local por 6 dias, retira-se então o

excesso de sal e será conduzido ao setor de embalagem primária (+10ºC) para

receber embalagem plástica a vácuo, com posterior encaixotamento. Por fim será

deslocado até a câmara de produtos acabados (+2ºC) sendo encaminhado então

para a expedição (+2ºC). Este produto deverá ser conservado em local seco e fresco

até +22ºC, tendo seu prazo de validade de 60 dias (2 meses) a partir da data de

fabricação.

6.1.7 Carne salgada de bovino

Matéria-prima: carne bovina sem osso- acém

Ingredientes: sal

Page 64: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

63

Na recepção chegam às carcaças resfriadas com temperatura entre 0ºC e

+7ºC e vão para câmara de resfriamento (0ºC), seguindo para o setor de desossa

climatizado à temperatura de +10ºC, onde serão as carnes são desossadas e

manteadas. Em seguida passa pela injetora onde ocorre a salga úmida. A salga

úmida é um processo em que ocorre a adição de salmoura (água e ingredientes),

como sal, condimentos e aditivos tais como conservantes conhecidos como sais de

cura (nitratos e nitritos), antioxidantes, estabilizantes e umectantes. A salmoura é

injetada por meio da injetora distribuindo a salmoura sobre o produto.

Nesta salmoura somente será acrescentado água e uma parcela do

ingrediente (sal) na quantidade de 200L de água e 50kg de sal para cada 1000Kg de

carne. Após sair deste equipamento, a carne salgada ficará descansando, até

começar o processo de secagem da carne a fim de diminuir a atividade de água do

produto. Este processo, além de inibir o crescimento de bactérias, preserva o

produto de ações prejudiciais induzidas pelo excesso de umidade.

A próxima etapa será a salga seca onde a carne é misturada no tumbler

com sal grosso (5% de sal), permanecendo neste equipamento por

aproximadamente 1 hora. Na etapa seguinte, as mantas de carne serão estendidas

sobre caixas plásticas brancas recoberto com uma camada de sal. Cada camada de

manta é intercalada com uma de sal grosso (cerca de 5mm). A carne salgada

permanece na câmara de salga por 96 horas (4 dias) a uma temperatura de +4ºC,

neste espaço de tempo as pilhas são invertidas, a cada 24 horas. Depois segue para

a estufa onde fica por 7 horas a uma temperatura de +35°C somente para secagem,

saindo da estufa, permanece em temperatura ambiente até ser prensado e receber

embalagem plástica a vácuo no setor de embalagem primária (+10ºC), embalagem

secundária (encaixotamento), câmara de produtos acabados (+2ºC) e posterior

expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido em local seco e fresco com

temperatura limite de +22ºC, tendo como prazo de validade 90 dias a partir da data

de fabricação.

6.1.8 Jerked Beef

Matéria-prima: dianteiro bovino

Page 65: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

64

Ingredientes: nitrito e nitrato de sódio

Os dianteiros do bovino são recebidos resfriados com temperatura entre 0ºC

e +7ºC, em seguida são deslocados a câmara de resfriamento bovina (0ºC). Após

resfriamento dos dianteiros bovinos, estes serão levados ao setor de desossa,

climatizado à temperatura de +10ºC, onde ocorre a desossa dos mesmos, retirando-

se os ossos, tendões, cartilagens e o excesso de gordura, e formando-se mantas de

carne com 3 a 5 cm de espessura. Em seguida, prepara-se a salmoura agitando-se

a água, o sal, o nitrito e o nitrato de sódio. Seguidamente, as mantas de carne

sofrem uma injeção de aproximadamente 10% de salmoura, e passam pela salga

seca onde a carne é misturada no tumbler com sal grosso (15% de sal), durante 15

minutos. Posteriormente as mantas de carne seguem para a câmara de salga onde

são dispostos sobre plataformas, e recobertas com sal grosso, e colocadas umas

sobre as outras formando-se pilhas, assim permanecendo durante 24 horas. Após

este período as pilhas são invertidas, repetindo-se este processo durante 5 dias.

Seguidamente o produto é lavado para retirada do excesso de sal, e as mantas de

carne são dispostas em carros gaiolas, e seguem para secagem em estufas a

temperatura de +50ºC durante aproximadamente 4 horas. Após o resfriamento do

produto segue então para prensa onde o mesmo é prensado. Seguidamente o

produto vai para o setor de embalagem (+10ºC), onde são acondicionados

individualmente à vácuo em caixas de papelão e seguem para a câmara de produtos

acabados (+2ºC), lá permanecendo até seguir para Setor de expedição (+2ºC). Este

produto deverá ser mantido em local seco e fresco com temperatura limite de +22ºC,

tendo como prazo de validade 90 dias a partir da data de fabricação.

6.2 DEFUMADOS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação dos produtos

defumados no estabelecimento inspecionado.

Page 66: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

65

6.2.1 Joelho defumado de suíno

Matéria-prima: joelho de suíno e água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, condimento Califórnia, glicose, polifosfato de

sódio, proteína isolada de soja, glutamato monossódico, carragena, eritorbato de

sódio, nitrito e nitrato de sódio.

Na recepção chegam às carcaças resfriadas com temperatura entre 0ºC e

+7ºC, em seguida vão para câmara de resfriamento (0ºC), seguindo para o setor de

desossa climatizado a +10ºC. Na desossa tem-se então o corte do joelho, este

joelho segue para a injetora onde serão acrescentados os ingredientes em processo

de salmoura por injeção. A injetora permanece no setor de embutimento em

ambiente climatizado a uma temperatura máxima de +12ºC. Depois da injetora, o

joelho passa pelo tumbler para tombamento da carne por 10 horas, após este

processo, o joelho será envolto em rede de malha (estoquinete), para posterior

imersão em fumaça líquida, passando em média por 8 horas na estufa para

cozimento. O joelho cozido e defumado vai para pelo chuveiro de aspersão por 25

minutos com água gelada para resfriar o produto. O produto será deslocado ao setor

de embalagem primária climatizado a +10ºC, onde será retirado a estoquinete,

depois receberá embalagem plástica a vácuo, embalagem secundária (rede),

câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). Este produto deverá ser

mantido em local seco e fresco com temperatura até +22ºC, tendo 120 dias de

validade a partir da data de fabricação.

6.2.2 Lagarto defumado de bovino

Matéria-prima: carne de bovino sem osso-lagarto e água.

Ingredientes: lactato de sódio, sal, condimento Califórnia, glicose, polifosfato de

sódio, proteína isoladada de soja, glutamato monossódico, carragena, eritorbato de

sódio, nitrito e nitrato de sódio, condimento massa líquida.

Page 67: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

66

Na recepção chegam às carcaças resfriadas do bovino com temperatura

entre 0ºC e +7ºC, estas carcaças serão acondicionadas na câmara de resfriamento

de cortes bovinos, seguindo para o setor de desossa com ambiente climatizado à

+10ºC. Na desossa tem-se então o corte técnico lagarto, que será deslocado à

injetora onde os ingredientes serão acrescentados em processo denominado

salmoura por injeção. A injetora permanece no setor de embutimento em ambiente

climatizado a uma temperatura máxima de +12ºC. Depois da injetora, o lagarto

passa pelo tumbler para tombamento da carne por 10 horas, acabado este

processo, o joelho será envolto em embalagem de estoquinete, para posterior

imersão em fumaça líquida, passando em média por 8 horas na estufa para

cozimento. O lagarto cozido e defumado passa pelo chuveiro de aspersão por 25

minutos com água gelada para resfriar o produto, sendo então deslocado para o

setor de embalagem primária climatizado a 10ºC onde será retirado a estoquinete,

recebendo embalagem plástica a vácuo, embalagem secundária (rede), câmara de

produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido

resfriado com temperatura entre 0ºC e +10ºC, tendo 120 dias de validade a partir da

data de fabricação.

6.2.3 Granito defumado de bovino

Matéria-prima: peito bovino sem osso e água.

Ingredientes: lactato de sódio, sal, condimento Califórnia, glicose, polifosfato de

sódio, proteína isolada de soja, glutamato monossódico, carragena, eritorbato de

sódio, nitrito e nitrato de sódio, condimento massa líquida.

Na recepção chegam às carcaças resfriadas do bovino com temperatura

entre 0ºC e +7ºC que irão para a câmara de resfriamento de cortes bovinos

climatizada à 0ºC, seguindo para o setor de desossa com temperatura de +10ºC. Na

desossa tem-se então o corte técnico lagarto, que será deslocado à injetora onde os

ingredientes serão acrescentados em processo denominado de salmoura por

injeção. A injetora permanece no setor de embutimento em ambiente climatizado a

uma temperatura máxima de +12ºC. Depois da injetora, o granito passa pelo tumbler

Page 68: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

67

para tombamento da carne por 10 horas, depois deste processo, o granito será

envolto em embalagem de estoquinete, para posterior imersão em fumaça líquida,

depois passa em média por 8 horas na estufa para cozimento. O granito cozido e

defumado passa pelo chuveiro de aspersão por 25 minutos com água gelada para

resfriar o produto. Seguindo para o setor de embalagem primária climatizado a

+10ºC, onde será retirado a estoquinete, depois será embalado com plástico a

vácuo, embalagem secundária (rede), câmara de produtos acabados (+2ºC) e

expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido resfriado com temperatura entre

0ºC e +10ºC, tendo 120 dias de validade a partir da data de fabricação.

6.2.4 Lombo cozido e defumado

Matéria-prima: lombo suíno e Água

Ingredientes: lactato, proteína isolada de soja, condimento califórnia, carragena,

polifosfato de sódio, glicose, sal, condimento carne suína, eritorbato de sódio,

condimento fumaça líquida, nitrito e nitrato.

Na recepção chegam às carcaças resfriadas com temperatura entre 0ºC e

+7ºC, seguindo para câmara de resfriamento (0ºC), sendo deslocado ao setor da

desossa (+10ºC). Obtendo-se o corte técnico do lombo, este será encaminhado ao

equipamento injetora onde será injetado a salmoura (água e ingredientes), em

seguida irá para a sala de tumbleamento, neste equipamento permanecerá por 10

horas a +4ºC. No setor de embutimento (+12ºC), o lombo será embutido em tripa

artificial de celulose. Depois serão acondicionados em varas para posterior

cozimento em estufa, permanecendo por 5 horas e 50 minutos até atingir a

temperatura interna do produto de +74ºC. Depois será lavado para retirada de

fuligem, posteriormente encaminhado a câmara de produtos acabados para resfriar

a +4ºC. Com o produto resfriado, será encaminhado para o setor de embalagem

primária (+10ºC) onde se retira a tripa, recebendo embalagem plástica a vácuo, em

seguida embalagem secundária (encaixotamento). Com o produto pronto, este

deverá permanecer em câmara de produtos acabados (+2ºC), aguardando

expedição (+2ºC). Este produto deverá ser conservado resfriado em temperatura de

Page 69: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

68

0ºC a +10ºC, com prazo de validade de 90 dias (3 meses) a partir da data de

fabricação.

6.2.5 Costela defumada de suíno

Matéria-prima: costela de suíno e água

Ingredientes: sal, glicose, carragena, polifosfato de sódio, eritorbato de sódio,

condimento fumaça líquida e nitrito.

A carcaça chega resfriada com temperatura entre 0ºC a +7ºC e segue para a

câmara de resfriamento (0ºC), ou poderá chegar o corte de costela congelada (-

19ºC), este então passa pela câmara de reversão (+2ºC) onde permanece por 24

horas. A carcaça resfriada sai da câmara de recepção com temperatura entre 0ºC a

+2ºC, passa pelo setor de desossa (+10ºC) e tem-se então o corte da costela.

Depois da costela descongelada (0ºC a +2ºC) ou a carcaça ter passado pela

desossa, a costela vai para amarrar e segue para a injetora onde é passada 2 vezes

neste equipamento para acrescentar a salmoura (água e ingredientes), processo

denominado de salga úmida. Seguindo para a sala do tumbler (+4ºC), o produto

permanece por 40 minutos neste equipamento, posteriormente ocorre imersão da

costela em fumaça líquida, para entrar na estufa onde permanece por 5 horas e 50

minutos até atingir a temperatura de +74ºC. Após o cozimento, é necessário

determinado período para resfriamento da costela, para que ocorra perfeita ação do

vácuo sobre a embalagem plástica. Depois de passar pelo setor de embalagem

primária (+10ºC), será encaixotada e segue para câmara de produtos acabados

(+2ºC) e posterior expedição (+2ºC). Este produto deverá ser conservado em local

seco e fresco até +22ºC, tendo seu prazo de validade de 60 dias (2 meses) a partir

da data de fabricação.

Page 70: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

69

6.3 LINGUIÇAS CURADAS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação das lingüiças curadas

no estabelecimento inspecionado.

6.3.1 Lingüiça tipo calabresa

Matéria-prima: recortes de carne Suína, CMS e água

Ingredientes: sal, proteína solúvel de soja, condimento lingüiça calabresa, alho,

glutamato, tripolifosfato de sódio, hexametafosfato de sódio, pirofosfato ácido de

sódio, pimenta vermelha, eritorbato de sódio, carragena, coentro, nitrito e nitrato de

sódio, corante carmim cochinilha.

O retalho de suíno é produzido a partir de uma carcaça que chegou resfriada

com temperatura entre 0ºC e +7ºC e após desossa, em setor climatizado a +10ºC,

obtendo-se retalhos, ou poderá chegar a partir de carne congelada (-19º), que após

descongelamento em câmara de reversão (+2ºC), estará apto a ser utilizado. Este

retalho de suíno será encaminhado ao setor de preparo de massas (+10ºC),

passando, inicialmente, pelo moedor, e vai para o carrinho para ser pesado. A CMS

chega à área de recepção congelada (-19ºC) e após descongelamento na câmara

de reversão (+2ºC), vai para o triturador e em seguida para o moedor e posterior

misturadeira para ser encaminhado ao emulsificado. Após este processo também

será acondicionada em carrinhos de inox onde será pesado. Os 2 carrinhos

contendo a emulsão de CMS e o retalho moído vão para a misturadeira onde é

acrescentado os demais ingredientes em processo denominado de cura direta,

depois segue para a câmara de massas (+4ºC) e setor de embutimento (+12ºC).

Para esta linguiça são utilizadas as tripas naturais de suíno, depois são

acondicionadas em varas e serão levadas para imersão em fumaça líquida e depois

para cozimento na estufa por 3 horas e 13 minutos até atingir a temperatura interna

de +78°C. Ocorre então um pré-resfriamento que se dá no chuveiro de aspersão,

Page 71: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

70

permanecendo neste local por 25 minutos e depois segue para resfriar na câmara de

produtos cozidos (+4ºC). Ao preparar para embalagem, as lingüiças serão cortadas

e deslocadas para o setor de embalagem primária (+10ºC) a fim de receber a

embalagem plástica a vácuo, posteriormente embalagem secundária

(encaixotamento), por fim vai para a câmara de produtos acabados (+2ºC) e setor de

expedição (+2ºC). A linguiça calabresa deverá ser conservada em temperatura entre

0ºC a +8ºC, com validade de 60 dias (2 meses).

6.3.2 Linguiça mini-calabresa

Matéria-prima: recortes de carne suína e CMS

Ingredientes: sal, lactato, proteína isolada de soja, condimento linguiça calabresa,

glicose, glutamato monossódico, tripolifosfato de sódio, hexametafosfato de sódio,

eritorbato de sódio, pirofosfato de sódio, carragena, condimento fumaça líquida,

nitrito e nitrato de sódio, corante carmim de cochonilla.

O recorte de carne suína é produzido a partir de uma carcaça que chegou

resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC. Após desossa, realizada em ambiente

climatizado à +10ºC, obtém-se os retalhos. Poderá também chegar a partir de carne

congelada (-19ºC), que após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC) ficará

apto para ser utilizado. A CMS chega à área de recepção congelada (-19ºC) e após

descongelamento na câmara de reversão, vai para o Setor de preparo de massas

climatizado à +10ºC. Neste setor a CMS segue pelo triturador e depois para o cutter,

nesta etapa é adicionada ao cutter a papada que foi obtida a partir da desossa de

carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC. Após este processo também

será adicionada a esta emulsão, o recorte de carne suína e os demais ingredientes,

processo denominado cura direta. Depois da mistura, a massa pronta seguirá para a

câmara de massas (+4ºC) e setor de embutimento (+12ºC). Para esta linguiça é

utilizada a tripa artificial, depois são acondicionadas em varas e serão levadas para

imersão em fumaça líquida e depois para cozimento na estufa por 1 hora até atingir

a temperatura interna de +78°C. Ocorre então resfriamento na câmara de produtos

cozidos (+4ºC). Ao preparar para embalagem, as lingüiças serão cortadas e

Page 72: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

71

deslocadas para o Setor de embalagem primária, climatizado a +10ºC, a fim de

receber embalagem a plástica a vácuo, posteriormente serão acondicionadas em

caixas identificadas. Por fim vai para a câmara de produtos acabados (+2ºC) e

expedição (+2ºC). A linguiça mini-calabresa deverá ser conservada em temperatura

entre 0 a +8ºC, com validade de 60 dias (2 meses).

6.3.3 Linguiça paio

Matéria-prima: recortes de carne suína, CMS e água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, proteína solúvel de soja, condimento de paio,

glicose, alho em pasta, tripolifosfato de sódio, glutamato monossódico, pimenta

vermelha, hexametafosfato de sódio, eritorbato de sódio, pirofosfato de sódio,

carragena, nitrito e nitrato de sódio.

O recorte de carne suína é produzido a partir de uma carcaça resfriada com

temperatura entre 0º e +7ºC e após desossa em ambiente climatizado a +10ºC. Os

retalhos são obtidos deste modo, ou poderá chegar a partir de carne congelada (-

19ºC), que após descongelamento (+2ºC) em câmara de reversão ficará apto para

ser utilizado. Este retalho de suíno irá para o setor de preparo de massas

climatizado a +10ºC. Primeiro o retalho passará pelo moedor e vai para o carrinho

para ser pesado. A CMS chega à área de recepção congelada (-19ºC) e após

descongelamento na câmara de reversão (+2ºC), vai para o triturador e em seguida

para o moedor, onde será acondicionado na misturadeira para passar pelo

emulsificador, após este processo também será acondicionada em carrinhos de inox

onde será pesado. Os 2 carrinhos contendo a emulsão de CMS e o retalho suíno

moído vão para a misturadeira onde é acrescentado os ingredientes e água, em

processo denominado cura direta. Depois da mistura, a massa pronta seguirá para a

câmara de massas (+4ºC) e setor de embutimento (+12ºC). Para esta linguiça são

utilizadas as tripas naturais de suíno, depois são acondicionadas em varas e serão

levadas para imersão em fumaça líquida e depois para cozimento na estufa por 4

horas até atingir a temperatura interna de +78°C. Ocorre então um pré-resfriamento

que se dá no chuveiro de aspersão permanecendo neste local por 25 minutos e

Page 73: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

72

depois segue para resfriar na câmara de produtos cozidos (+4ºC). Ao preparar para

embalagem, as lingüiças serão cortadas e deslocadas para o setor de embalagem

primária climatizado à +10ºC a fim de receber embalagem plástica a vácuo,

posteriormente embalagem secundária (encaixotamento), por fim vai para a câmara

de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). A linguiça paio deverá ser

conservada em temperatura entre 0ºC a +8ºC, com validade de 60 dias (2 meses).

6.3.4 Linguiça tipo portuguesa

Matéria-prima: recortes de carne suína, CMS e água.

Ingredientes: sal, proteína solúvel de soja, condimento para linguiça mix portuguesa

2, alho em pó, glutamato monossódico, tripolifosfato de sódio, hexametafosfato de

sódio, pimenta vermelha, pirofosfato de sódio, eritorbato de sódio, carragena, nitrito

e nitrato de sódio, corante carmim de cochonilha.

Os recortes de carne suína são obtidos a partir de uma carcaça que chegou

resfriada com temperatura entre 0º e +7ºC e após desossa em ambiente climatizado

a +10ºC. Os retalhos suíno são obtidos dessa forma ou poderá chegar a partir de

carne congelada (-19ºC), que após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC)

estará apto a ser utilizado. A matéria-prima será então deslocada para o setor de

preparo de massas climatizado à +10ºC. Inicialmente o retalho suíno passará pelo

moedor, e vai para o carrinho para ser pesado. A CMS chega à área de recepção

congelada (-19ºC) e após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC), vai para

o triturador e depois para o emulsificador, após este processo também será

acondicionada em carrinhos de inox onde será pesado. Os dois carrinhos contendo

a CMS e o retalho vão para a misturadeira onde é acrescentado os ingredientes e

água, em processo denominado cura direta. Depois da mistura, a massa pronta

seguirá para a câmara de massas (+4ºC) e setor de embutimento climatizado a

+12ºC. Para esta linguiça são utilizadas as tripas naturais de bovino, depois são

acondicionadas em varas e serão levadas para imersão em fumaça líquida e depois

para cozimento na estufa por 4 horas até atingir a temperatura interna de +78°C.

Ocorre então um pré-resfriamento que se dá no chuveiro de aspersão

Page 74: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

73

permanecendo neste local por 25 minutos e depois segue para resfriar na câmara de

produtos cozidos (+4ºC). Ao preparar para embalagem, as linguiças serão cortadas

e deslocadas ao Setor de embalagem primária (+10ºC), após receber embalagem

plástica a vácuo são encaixotadas e lacradas, por fim irão à câmara de produtos

acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). A linguiça portuguesa deverá ser conservada

em temperatura entre 0ºC a +8ºC, com validade de 60 dias (2 meses).

6.3.5 Linguiça de carne suína cozida e defumada

Matéria-prima: recortes de carne suína (Max. 30% de gordura) e água.

Ingredientes: sal, proteína isolada de soja, glicose, alho em pasta e pimenta

vermelha, tripolifosfato de sódio, coentro, glutamato monossódico, hexametafosfato

de sódio, eritorbato de sódio, pirofosfato de sódio, carragena, nitrito e nitrato de

sódio.

Os recortes de carne suína magro e gordo são obtidos a partir de uma

carcaça que chegou resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC e foi submetida a

desossa em setor climatizado à +10ºC. Tendo-se os recortes, estes são

encaminhados ao setor de preparo de massas com temperatura ambiente de +10ºC.

O recorte de carne suína vai para o moedor e seguem para a misturadeira onde

serão acrescentados a água e os demais ingredientes em processo denominado de

salga úmida. A massa pronta segue para câmara de massas (+4ºC) a fim de

aguardar o embutimento. O setor de embutimento é climatizado e possui

temperatura no máximo de +12ºC. Para esta linguiça são utilizadas as tripas naturais

de bovino depois são acondicionadas em varas e serão levadas para imersão em

fumaça líquida e depois para cozimento na estufa por 4 horas até atingir a

temperatura interna de +78°C. Depois de cozidas segue para resfriamento na

câmara de produtos cozidos (+4ºC). No setor de embalagem primária climatizado a

+10ºC, as linguiças recebem embalagem à vácuo, em seguida são imersas em água

quente para posterior encolhimento do plástico. Em seguida após devidamente

etiquetadas, irá para a câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). A

Page 75: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

74

linguiça suína cozida e defumada deverá ser conservada em local seco e fresco com

temperatura até +22ºC, com validade de 60 dias (2 meses).

6.3.6 Linguiça mista defumada

Matéria-prima: carne bovina, CMS e água.

Ingredientes: sal, alho em pó, pimenta preta, tripolifosfato de sódio, hexametafosfato

de sódio, coentro, pirofosfato de sódio, fumaça bacon líquida, eritorbato de sódio,

nitrito e nitrato de sódio, corante carmim de cochonilha.

A carne chegará à recepção congelada como é o caso de carne industrial de

bovino com temperatura a -19ºC. No setor de preparo de massas com temperatura

ambiente de +10ºC, a carne industrial bovina vai para o triturador. A CMS chega à

área de recepção congelada a -19ºC e após descongelamento na câmara de

reversão (+2ºC), vai para o triturador e em seguida para o moedor, depois deste,

segue para a misturadeira e emulsificadora, para formar a emulsão de CMS. A carne

industrial irá então para o moedor. A carne bovina moída mais a emulsão de CMS

serão levadas à misturadeira onde será acrescentado a estes os demais

ingredientes e água gelada, processo denominado de cura direta. A emulsificadora

possui controle de temperatura que mede a temperatura da massa ao entrar no

equipamento e depois quando vai para a câmara de massas (+4ºC). Seguindo para

o setor de embutimento climatizado à +12ºC no máximo, onde é utilizado a tripa

natural de bovino para a linguiça mista grossa e a tripa artificial para a mista fina, e

depois estas serão suspensas em varas e vai para a estufa onde a linguiça mista

grossa permanece por 4 horas na estufa e a mista fina permanece por 2 horas e 30

minutos. Após o cozimento, a linguiça mista seguirá para a câmara de resfriamento

de produtos acabados (+2ºC), indo então para o Setor de embalagem primária

(+10ºC) a fim de receber embalagem plástica a vácuo e embalagem secundária

(encaixotamento) e por fim expedição (+2ºC). A linguiça mista deverá ser

conservada em local seco e fresco com temperatura até +20ºC, com validade de 60

dias (2 meses).

Page 76: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

75

6.4 TEMPERADOS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação dos produtos

temperados no estabelecimento inspecionado.

6.4.1 Pernil temperado de suíno sem osso

Matéria-prima: pernil de suíno sem osso e água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, proteína isolada de soja, tripolifosfato de sódio,

glicose, condimento carne suína, salsa desidratada, eritorbato de sódio, nitrito e

nitrato de sódio.

Após a carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC chegar à

recepção e ir para a câmara de resfriamento (0ºC), passa pelo setor de desossa

(+10ºC), onde se tem o corte técnico do pernil. No setor de embutimento com

temperatura de no máximo +12ºC, segue à injetora para processo denominado

salmoura por injeção, onde serão acrescentados os temperos e água, depois vai

para o tumbler onde permanece por 40 minutos a uma temperatura de +4ºC. Depois

do tumbler, é levado para o setor de embalagem primária (+10ºC) onde é adicionada

salsa desidratada, sendo então embalada a vácuo, depois passa por embalagem

secundária (encaixotamento), passando então por túnel de congelamento a -30ºC,

depois vai para câmara de estocagem (-18ºC) e por fim expedição (+2ºC). Este

produto deverá ser mantido congelado a -12ºC, tendo 365 dias (1 ano) de validade a

partir da data de fabricação.

Page 77: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

76

6.4.2 Costela temperada de Suíno

Matéria-prima: costela de suíno e água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, proteína isolada de soja, tripolifosfato de soja,

glicose, condimento carne suína, salsa desidratada, eritorbato de sódio, nitrito e

nitrato.

Na recepção chega à carne congelada (-19ºC) que será imediatamente

conduzida à câmara de reversão climatizada a +2ºC, ou a carcaça resfriada com

temperatura entre 0ºC a +7ºC chega à recepção, seguindo para a câmara de

resfriamento (0ºC) e depois vai para setor da desossa (+10ºC). Após a desossa, tem

se o corte da costela e passa para o processo de salga úmida, onde a salmoura

(água e ingredientes) será acrescentada através da injetora, depois segue para a

sala de tumbleamento (+4ºC). No tumbler o produto permanece por 40 minutos em

tombamento, seguindo então para o Setor de embalagem primária (10ºC) onde é

adicionado salsa desidratada e recebe embalagem plástica a vácuo, passando pelo

túnel de congelamento (-30ºC) e posteriormente será acondicionada em caixas

devidamente identificadas, sendo levadas ao armazenamento na câmara de

estocagem de produtos acabados (-19ºC) e por fim expedição. Este produto possui

validade de 365 dias (1 ano), e deverá ser conservado em temperatura de produto

congelado a -12ºC.

6.4.3 Paleta temperada suíno

Matéria-prima: Paleta Suína sem osso e água

Ingredientes: sal, proteína isolada de soja, tripolifosfato de sódio, glicose,

condimento carne suína, salsa desidratada, eritorbato de sódio, nitrito e nitrato de

sódio.

Após a carcaça chegar à recepção com temperatura entre 0ºC e +7ºC e ser

deslocado à câmara de resfriamento (0ºC), a carcaça passará pelo setor de desossa

Page 78: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

77

com temperatura controlada a +10ºC, onde se obtém o corte técnico da paleta. Este

seguirá para a injetora onde serão acrescentados a salmoura (água e ingredientes)

em processo denominado de salga úmida. Seguindo, posteriormente, a sala de

tumbleamento depois vai para o tumbler onde permanece por 1 hora com

temperatura controlada de +4ºC. Depois deste processo, é deslocado ao setor de

embalagem primária (+10ºC) onde é adicionado salsa desidratada, recebendo

embalagem plástica a vácuo. Depois passa por embalagem secundária

(encaixotamento), passando então por túnel de congelamento a -30ºC, seguindo

para armazenagem em câmara de estocagem (-18ºC) e por fim setor de expedição

(+2ºC). Este produto deverá ser mantido congelado a -12ºC, tendo 365 dias (1 ano)

de validade a partir da data de fabricação.

6.4.4 Picanha temperada de suíno

Matéria-prima: picanha de suíno e água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, proteína isolada de soja, tripolifosfato de sódio,

glicose, condimento carne suína, salsa desidratada, eritorbato de sódio, nitrito e

nitrato de sódio.

Após a carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC chegar à

recepção e ir para a câmara de resfriamento (0ºC), passa pelo setor de desossa

(+10ºC), onde se tem o corte técnico da picanha. No setor de embutimento com

temperatura de no máximo +12ºC, segue para à injetora para processo denominado

salmoura por injeção, onde serão acrescentados os temperos e água, depois vai

para o tumbler onde permanece por 40 minutos a uma temperatura de +4ºC. Depois

do tumbler, é levado para o setor de embalagem primária (+10ºC) onde é adicionado

salsa desidratada e vai para embalar à vácuo, depois passa por embalagem

secundária (encaixotamento), passando então por túnel de congelamento a -30ºC,

depois será armazenado na câmara de estocagem (-18ºC) e por fim expedição

(+2ºC). Este produto deverá ser mantido congelado a -12ºC, tendo 365 dias (1 ano)

de validade a partir da data de fabricação.

Page 79: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

78

6.4.5 Sobrepaleta temperada de suíno

Matéria-prima: sobrepaleta de suíno, água

Ingredientes: lactato de sódio, sal, proteína isolada de soja, tripolifosfato de sódio,

glicose, condimento carne suína, salsa desidratada, eritorbato de sódio, nitrito e

nitrato de sódio.

Após a carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC chegar à

recepção e ir para a câmara de resfriamento (0ºC), esta carcaça se dirige ao setor

de desossa (+10ºC), obtendo-se o corte técnico da sobrepaleta. No setor de

embutimento com temperatura ambiente de no máximo +12ºC, segue para a injetora

onde serão acrescentados os temperos e a água em processo denominado

salmoura por injeção, depois vai para o tumbler onde permanece por 40 minutos a

uma temperatura de +4ºC. Depois do tumbler, é levado para o setor de embalagem

primária (+10ºC) onde é adicionado salsa desidratada, recebendo posterior

embalagem plástica a vácuo, depois passa por embalagem secundária

(encaixotamento), passando então por túnel de congelamento a -30ºC, depois vai

para câmara de estocagem (-18ºC) e por fim expedição (+2ºC). Este produto deverá

ser mantido congelado a -12ºC, tendo 365 dias (1 ano) de validade a partir da data

de fabricação.

6.4.6 Presunto tenro semi-osso

Matéria-prima: pernil suíno semi-osso e água.

Ingredientes: lactato de sódio, sal, condimento califórnia, glicose, polifosfato de

sódio, proteína isolada de soja, glutamato monossódico, carragena, eritorbato de

sódio, nitrito e nitrato de sódio.

Na recepção chega carcaça resfriada de suíno com temperatura entre 0ºC e

+7ºC e vai para câmara de resfriamento (0ºC), seguindo para o setor de desossa

Page 80: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

79

climatizado a +10ºC. Na desossa tem-se então o corte do pernil, este pernil segue

para o setor de embutimento (com temperatura de no máximo +12ºC) onde se

localiza a máquina injetora. Na injetora, serão acrescentados os ingredientes e água

em um processo denominado de salmoura por injeção. Depois da injetora, o pernil

passa pelo tumbler para tombamento da carne por 40 minutos a uma temperatura de

+4ºC. Depois deste processo, alguns cortes são feitos no pernil e a carne retirada

passará pelo moedor, para preencher o pernil em seu interior. Após preenchido, o

pernil será envolto em malha de algodão (estoquinete), para posterior imersão em

fumaça líquida, depois passa em média por 15 horas na estufa para cozimento.

Depois de resfriado em câmara de produtos cozidos (+4ºC), o pernil tenro semi-osso

irá para o setor de embalagem primária (+10ºC) onde será retirado a estoquinete e

depois receberá a embalagem plástica à vácuo, embalagem secundária (rede

plástica), câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). Este produto

deverá ser mantido resfriado em temperatura entre 0ºC e +8ºC, tendo 120 dias de

validade a partir da data de fabricação.

6.4.7 Paleta tender

Matéria-prima: paleta de suíno com osso e água.

Ingredientes: lactato de sódio, sal, condimento Califórnia, glicose, polifosfato de

sódio, proteína isolada de soja, glutamato monossódico, carragena, eritorbato de

sódio, nitrito e nitrato de sódio.

Na recepção chega carcaça resfriada de suíno com temperatura entre 0ºC e

+7ºC e vai para câmara de resfriamento (0ºC), seguindo para o setor de desossa

climatizado a +10ºC. Na desossa tem-se então o corte da paleta, esta paleta segue

para o setor de embutimento (com temperatura de no máximo +12ºC) onde se

localiza a máquina injetora. Na injetora, serão acrescentados os ingredientes e água

em um processo denominado de salmoura por injeção. Depois da injetora, a paleta

passa pelo tumbler para tombamento da carne por 40 minutos a uma temperatura de

+4ºC, depois deste processo, a paleta será envolta em embalagem de estoquinete,

para posterior imersão em fumaça líquida, depois passa em média por 8 horas na

Page 81: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

80

estufa para cozimento, a paleta cozida e defumada para pelo chuveiro de aspersão

por 25 minutos com água gelada para resfriar o produto, que irá para o setor de

embalagem primária (+10ºC) onde será retirado a estoquinete, depois será

embalado a vácuo, embalagem secundária (rede plástica), câmara de produtos

acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido resfriado em

temperatura entre 0ºC e +8ºC, tendo 120 dias de validade a partir da data de

fabricação.

6.5 SALSICHÕES

A seguir, serão explicados os processos de fabricação das salsichas e

salsichões no estabelecimento inspecionado.

6.5.1 Salsichão

Matéria-prima: CMS, recortes de carne bovina, toucinho, pele e água.

Ingredientes: proteína vegetal solúvel, sal, amido de mandioca, condimento

mortadela, alho em pó, glutamato monossódico, tripolifosfato de sódio, pimenta

vermelha, carragena, pirofosfato de sódio, hexametafosfato de sódio, pimenta preta,

corante carmim de cochonilha, eritorbato de sódio, nitrito e nitrato de sódio.

A carne chegará à recepção congelada a -19ºC, como é o caso de carne

industrial de bovino. A carne industrial bovina e a carne mecanicamente separada de

aves depois de descongeladas na câmara de reversão (+2ºC) vão para o setor de

preparo de massas, climatizado a +10ºC. A carne industrial e a CMS irão ao

triturador em separado, um por vez. Estas duas carnes a CMS e a bovina vão para o

moedor, em seguida para a misturadeira onde será acrescentado a estes produtos

os demais ingredientes, água e emulsão de pele em processo denominado de cura

direta, feito isso, a mistura irá para a emulsificadora. A emulsificadora possui

controle de temperatura que mede a temperatura da massa ao entrar no

Page 82: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

81

equipamento e depois quando vai para a câmara de massas. O toucinho por sua

vez, será passado pelo moedor, e adicionado na massa depois que esta saiu da

emulsificadora. Passa então para a câmara de massa com temperatura de +4ºC. A

câmara de massa possui a função de diminuir e/ou manter a temperatura da massa.

Depois segue para o setor de embutimento, climatizado à temperatura de no

máximo +12ºC, para este produto é utilizado a tripa natural bovina. Depois serão

suspensos em varas e vai para a estufa onde fica por 3 horas e 13 minutos. Depois

passa pelo tingimento em tanque com temperatura de +80ºC com corante de

urucum (pH 11) e segue para o tanque com fixador de corante (ácido lático a 85%).

O salsichão seguirá para a câmara de resfriamento de produtos acabados (+4ºC),

indo então para o setor de embalagem primária (+10ºC) para posterior etiquetagem

seguindo para expedição (+2ºC). Pode ser embalado em embalagem plástica a

vácuo e etiquetado, seguindo para embalagem secundária, câmara de produtos

acabados (+2ºC) e por fim expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido

resfriado em temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo 60 dias de validade a partir da

data de fabricação.

6.5.2 Salsichão (plástico)

Matéria-prima: CMS, carne bovina, toucinho, pele e água.

Ingredientes: sal, amido de mandioca, proteína solúvel de soja, condimento de

salsicha Viena, alho em pó, glutamato monossódico, tripolifosfato de sódio, pimenta

vermelha, hexametafosfato de sódio, carragena, pirofosfato de sódio, eritorbato de

sódio, nitrito de sódio, nitrato de sódio, corante carmim de cochonilha.

A carne bovina utilizada poderá chegar à recepção congelada a -19ºC, como

é o caso de carne industrial de bovino ou a partir da desossa de uma carcaça

resfriada com temperatura entre 0ºC e 7ºC, poderá ser obtido retalho de carne

bovina resfriado. A carne suína também pode chegar resfriada com temperatura

entre 0ºC e +7ºC e depois da desossa realizada a uma temperatura de +10ºC,

poderão ser utilizados os recortes. Primeiro, a matéria-prima vai ao setor de preparo

de massas climatizado à temperatura ambiente de +10ºC. Depois a carne industrial

Page 83: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

82

irá ao triturador e em seguida a carne suína também passa pelo triturador. Essas

duas carnes são levadas até o moedor. Depois de moídas, serão deslocadas até a

misturadeira onde será acrescentado a estes produtos emulsão de pele, demais

ingredientes e água. Este processo de acrescentar os ingredientes e água é

denominado de cura direta. A pele é obtida a partir da desossa de uma carcaça

resfriada de suíno que passa pelo moedor e depois emulsificadora, estando pronta

para ser adicionada na massa. Feito isso, tudo vai para a emulsificadora. Em

seguida a massa vai para a câmara de massas (+4ºC) onde permanece à espera do

embutimento. O setor de embutimento é climatizado a uma temperatura de no

máximo +12ºC. O salsichão será embutido em embalagem plástica resistente ao

calor da estufa. O cozimento do salsichão compreende cerca de 1 hora e 30 minutos

até atingir a temperatura interna de +78ºC. Será deslocado para câmara de produtos

acabados em que ficará submetido à temperatura de +4ºC até posterior expedição

(+2ºC). Este produto deverá ser mantido resfriado em temperatura entre 0ºC e

+10ºC, tendo 60 dias de validade a partir da data de fabricação.

6.5.3 Salsichão (rosa)

Matéria-prima: CMS, recortes de carne suína e pele.

Ingredientes: glicose, sal, amido de mandioca, proteína isolada de soja, lactato de

sódio, glutamato monossódico, pimenta preta, tripolifosfato de sódio, cebola em pó,

páprica, hexametafosfato de sódio, pirofosfato de sódio, eritorbato de sódio, nitrito e

nitrato de sódio, corante carmim de cochonilha.

Os recortes de carne suína são obtidos a partir de uma carcaça que chegou

resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC e foi submetida a desossa em setor

climatizado à +10ºC. A CMS chega à área de recepção congelada a -19ºC e após

descongelamento na câmara de reversão (+2ºC) vai para o triturador e em seguida

para o moedor, depois deste, segue para a misturadeira e emulsificadora, para

formar a emulsão de CMS. O setor de preparo de massas se mantém climatizado à

temperatura ambiente de +10ºC. Após o retalho suíno passar pelo moedor, este será

acondicionado juntamente com a emulsão de CMS na misturadeira onde será

Page 84: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

83

acrescentado a estes produtos emulsão de pele, demais ingredientes. Este processo

de acrescentar os ingredientes é denominado de cura direta. A pele é obtida a partir

da desossa de uma carcaça resfriada de suíno que passa pelo moedor e depois

emulsificadora, estando pronta para ser adicionada na massa. Feito isso, tudo vai

para a emulsificadora. Em seguida a massa vai para a câmara de massas (+4ºC)

onde permanece à espera do embutimento. O setor de embutimento é climatizado a

uma temperatura de no máximo +12ºC. O salsichão será embutido em embalagem

plástica resistente ao calor da estufa. O cozimento do salsichão compreende cerca

de 1 hora e 30 minutos até atingir a temperatura interna de +78ºC. Será deslocado

para câmara de produtos acabados em que ficará submetido à temperatura de +4ºC

até posterior expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido resfriado em

temperatura entre 0ºC e +10ºC, tendo 60 dias de validade a partir da data de

fabricação.

6.5.4 Salsichão (reto)

Matéria-prima: CMS, carne bovina, pele e água.

Ingredientes: proteína solúvel de soja, amido, sal, lactato de soja, glicose, alho em

pó, condimento mortadela, glutamato monossódico, cebola em pó, tripolifosfato de

sódio, carragena, hexametafosfato de sódio, pimenta vermelha, pimenta preta,

pirofosfato ácido de sódio, eritorbato de sódio , nitrito e nitrato de sódio, corante

natural carmim de cochonilla e urucum.

A carne bovina utilizada poderá chegar à recepção congelada a -19ºC, como

é o caso de carne industrial de bovino que após descongelamento na câmara de

reversão (+2ºC) fica apto para ser utilizada no setor de preparo de massas. Ou a

carne bovina poderá ser obtida a partir da desossa de uma carcaça resfriada com

temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo-se o retalho bovino. A CMS chega à área de

recepção congelada a -19ºC e após descongelamento na câmara de reversão

(+2ºC) vai para o triturador e em seguida para o moedor, depois deste, segue para a

misturadeira e emulsificadora, para formar a emulsão de CMS. O setor de preparo

de massas se mantém climatizado à temperatura ambiente de +10ºC. Após a carne

Page 85: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

84

bovina passar pelo triturador e moedor, este será acondicionado juntamente com a

emulsão de CMS na misturadeira onde será acrescentado a estes produtos emulsão

de pele, demais ingredientes e água. Este processo de acrescentar os ingredientes

e água é denominado de cura direta. A pele é obtida a partir da desossa de uma

carcaça resfriada de suíno que passa pelo moedor e depois emulsificadora, estando

pronta para ser adicionada na massa. Feito isso, tudo vai para a emulsificadora. Em

seguida a massa vai para a câmara de massas (+4ºC) onde permanece à espera do

embutimento. O setor de embutimento é climatizado a uma temperatura de no

máximo +12ºC. O salsichão reto será embutido em embalagem plástica,

devidamente identificada, resistente ao calor da estufa. O cozimento do salsichão

reto compreende cerca de 3 horas e 13 minutos até atingir a temperatura interna de

+78ºC. Será deslocado para câmara de produtos acabados em que ficará submetido

à temperatura de +4ºC, até posterior expedição (+2ºC). Este produto deverá ser

mantido resfriado em temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo 60 dias de validade a

partir da data de fabricação.

6.5.5 Salsichão Curvo

Matéria-prima: Carne industrial, CMS (de Frango), Retalho Bovino.

Ingredientes: fécula, eritorbato de sódio, polifosfato de sódio, pimenta vermelha,

proteína de soja.

A carne chegará à recepção congelada (-19ºC) como é o caso de carne

industrial de bovino e CMS congelada e serão mantidas na câmara de reversão

(+2ºC). Os recortes de carne bovina são obtidos a partir da carcaça resfriada com

temperatura entre 0ºC e +7ºC, onde depois de obtidos os cortes técnicos na

desossa, têm-se os recortes. Primeiro, a carne industrial bovina no setor de preparo

de massas (+10ºC) vai para o triturador, enquanto isso a carne congelada de suíno

ou carne resfriada de suíno vai para o moedor. Estas duas carnes a suína e a bovina

irão para a misturadeira onde será acrescentado a estes produtos a água e os

demais ingredientes em processo denominado de cura direta, toda a mistura seguirá

à emulsificadora. A emulsificadora possui controle de temperatura que mede a

Page 86: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

85

temperatura da massa ao entrar no equipamento e depois quando é concluído o

processo. Aguardando embutimento na câmara de massas (+4ºC). O Salsichão será

embutido em tripa natural de bovino, e suspenso em varas, seguindo para a estufa

onde permanece por 3 horas e 15 minutos. Passando, posteriormente, por

tingimento em tanque com solução de corante de urucum (pH 11) a +80ºC e segue

para outro tanque com solução fixadora de corante (ácido lático a 85%). O salsichão

seguirá para a câmara de resfriamento de produtos acabados (+4ºC), sendo

embalado a vácuo, acondicionado em caixas e deslocados a câmara de produtos

acabados (+2ºC), por fim expedição (+2ºC). Este produto deverá ser conservado

resfriado com temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo seu prazo de validade de 60 dias

(2 meses) a partir da data de fabricação.

6.6 MORTADELAS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação das mortadelas no

estabelecimento inspecionado.

6.6.1 Mortadela tipo Bolonha

Matéria-prima: carne suína, carne bovina, CMS (de aves), toucinho, pele e água.

Ingredientes: amido de mandioca, glicose, sal, proteína isolada de soja, lactato de

sódio, condimento de mortadela, alho em pasta, glutamato monossódico,

tripolifosfato de sódio, pimenta branca em grãos, eritorbato de sódio,

hexametafosfato de sódio, pirofosfato de sódio, pimenta branca, extrato pirolenhoso,

nitrito e nitrato de sódio, corante carmim de cochonilla.

A carne bovina utilizada poderá chegar à recepção congelada a -19ºC, como

é o caso de carne industrial de bovino que após descongelamento na câmara de

reversão (+2ºC) fica apto para ser utilizada no setor de preparo de massas. Ou a

carne bovina poderá ser obtida a partir da desossa de uma carcaça resfriada com

Page 87: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

86

temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo-se o retalho bovino. Os recortes de carne suína

são obtidos a partir de uma carcaça que chegou resfriada com temperatura entre

0ºC e +7ºC e foi submetida a desossa em setor climatizado à +10ºC. A CMS chega à

área de recepção congelada a -19ºC e após descongelamento na câmara de

reversão (+2ºC) vai para o triturador e em seguida para o moedor, juntamente com a

carne bovina e a carne suína. Depois destes passarem pelo moedor, são

direcionados a misturadeira e é adicionado a emulsão de pele, os demais

ingredientes e água. O processo em que são adicionados os ingredientes e água à

massa é denominado de cura direta. A emulsão de pele é formada a partir da pele

obtida da desossa de uma carcaça resfriada de suíno que passa pelo moedor e

depois emulsificadora, estando pronta para ser adicionada na massa. O setor de

preparo de massas se mantém climatizado à temperatura ambiente de +10ºC.

Realizada a mistura, a massa vai para a emulsificadora. O toucinho será adicionado

por último. Depois de ser obtido o toucinho na desossa, este passa inicialmente pelo

moedor com o disco de 16 mm, e será acrescentado na massa por último na

misturadeira. Em seguida vai para a câmara de massa (+4ºC) e depois vai para o

setor de embutimento climatizado a +12ºC no máximo. A mortadela tipo Bolonha

será embutida em tripa artificial (plástico), esta por sua vez vai para o Setor de

cozimento e passa pela estufa em um processo que dura cerca de 6 horas, até a

temperatura interna do produto apresentar +73ºC. Após cozimento a mortadela tipo

Bolonha passa por resfriamento em temperatura ambiente e segue para o setor de

embalagem primária (+10ºC) onde são acrescentadas uma rede plástica e etiqueta.

Em seguida vai para a câmara de produtos acabados (+2ºC) e expedição (+2ºC).

Deverá ser mantida em local fresco com temperatura de até +22ºC.

6.6.2 Mortadela (embalagem de celofane)

Matéria-prima: CMS (de aves), Carne suína, carne bovina, toucinho, pele e água.

Ingredientes: amido de mandioca, glicose, sal, proteína isolada de soja, lactato de

soja, condimento mortadela, alho em pó, tripolifosfato de sódio, pimenta vermelha,

glutamato monossódico, eritorbato de sódio, hexametafosfato de sódio, pirofosfato

ácido de sódio, nitrito e nitrato de sódio, corante natural carmim de cochonilha.

Page 88: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

87

O retalho magro do suíno é produzido a partir de uma carcaça que chegou

resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC, após desossa em setor climatizado a

+10ºC obtém-se os retalhos, ou poderá chegar a partir de carne congelada (-19ºC),

que após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC) ficará apto para ser

utilizado. A carne bovina utilizada poderá chegar à recepção congelada a -19ºC,

como é o caso de carne industrial de bovino que após descongelamento na câmara

de reversão (+2ºC) fica apto para ser utilizada no setor de preparo de massas. Ou a

carne bovina poderá ser obtida a partir da desossa de uma carcaça resfriada com

temperatura entre 0ºC e +7ºC, tendo-se o retalho bovino. Estas matérias-primas

serão conduzidas ao Setor de preparo de massas com temperatura controlada de no

máximo +10ºC. O retalho magro suíno passa inicialmente pelo moedor e vai para o

carrinho para ser pesado. A CMS chega à área de recepção congelada (-19ºC) e

após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC), vai para o triturador e em

seguida para o moedor. A carne bovina também passa pelo moedor. A pele vai para

o moedor e em seguida para o emulsificador para formar a emulsão de pele. Os 3

carrinhos contendo a CMS, carne bovina e o retalho suíno vão para a misturadeira

onde é acrescentado os ingredientes e a emulsão de pele, depois disso passa para

o emulsificador. Este processo em que são adicionados os ingredientes e a água à

massa, é denominado de cura direta. Em seguida, a massa volta novamente para a

misturadeira. O toucinho é preparado no moedor com disco de 16mm e

acrescentado por último na mistura. A massa segue para a câmara de massas

(+4ºC) e setor de embutimento com temperatura controlada de no máximo +12ºC. A

mortadela será embutida em papel celofane com etiquetagem e registro adequados,

em seguida vai para a estufa onde ocorrerá o cozimento por 6 horas até a estufa

atingir a temperatura de +85ºC e a temperatura interna do produto atingir +73ºC.

Após o cozimento, a mortadela será deslocada à câmara de produtos acabados

(+4ºC), aguardando expedição (+2ºC). Deverá ser mantida resfriada em temperatura

de 0ºC a 10ºC, com validade de 45 dias.

6.6.3 Mortadela em formato tubular

Page 89: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

88

Matéria-prima: CMS (de aves), carne suína, carne bovina, toucinho, pele e água.

Ingredientes: sal, glicose, amido de mandioca, proteína isolada de soja, lactato,

condimento mortadela, alho em pó, glutamato monossódico, tripolifosfato de sódio,

pimenta preta, hexametafosfato de sódio, eritorbato de sódio, pirofosfato de sódio,

condimento fumaça líquida, nitrito e nitrato de sódio, corante natural carmim

cochonilla.

A carne suína é obtida a partir de uma carcaça que chegou resfriada com

temperatura entre 0ºC e +7ºC e após desossa em ambiente com temperatura

controlada de +10ºC, obtém-se os retalhos. Poderá também chegar a partir de carne

suína congelada (-19ºC), que após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC)

ficará apto para ser utilizado. Este retalho de suíno será passado pelo moedor, e vai

para o carrinho para ser pesado. A CMS chega à área de recepção congelada (-

19ºC) e após descongelamento na câmara de reversão (+2ºC), vai para o triturador e

em seguida para o moedor. A carne bovina utilizada poderá chegar à recepção

congelada a -19ºC, como é o caso de carne industrial de bovino que após

descongelamento na câmara de reversão (+2ºC) fica apto para ser utilizada no setor

de preparo de massas climatizado a temperatura de +10ºC. Ou a carne bovina

poderá ser obtida a partir da desossa de uma carcaça resfriada com temperatura

entre 0ºC e +7ºC, tendo-se o retalho bovino. A carne bovina também passa pelo

triturador seguindo para o moedor. A pele vai para o moedor e em seguida para o

emulsificador para formar a emulsão de pele. Os três carrinhos contendo a CMS,

carne bovina e o retalho suíno vão para a misturadeira onde é acrescentado os

ingredientes, água e a emulsão de pele, depois disso passa para o emulsificador. O

processo em que é acrescentado água e ingredientes à massa é denominado cura

direta. Em seguida, a massa volta novamente à misturadeira a fim de ser

acrescentado o toucinho. O toucinho é preparado no moedor com disco de 16 mm e

acrescentado por último na mistura. A massa segue para a câmara de massas

(+4ºC) e setor de embutimento com temperatura controlada de no máximo +12ºC.

Na embutideira, a massa é transportada para uma embalagem plástica, resistente

ao calor da estufa, amarrada em barbantes e acondicionada em varas. Na estufa, o

cozimento dura em torno de 6 horas, até a temperatura interna do produto alcançar

+73ºC, ou quando a temperatura da estufa estiver a +85ºC. Após o cozimento, a

mortadela será deslocada à câmara de produtos acabados (+4ºC), aguardando

Page 90: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

89

expedição (+2ºC). Deverá ser mantida resfriada em temperatura de 0ºC a 10ºC, com

validade de 60 dias.

6.7 LINGUIÇAS FRESCAIS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação das linguiças frescais

na indústria Juliatto.

6.7.1 Lingüiça de Carne Suína TC

Matéria-prima: recortes de carne suína, água

Ingredientes: sal, glicose, regulador de acidez, alho em pó, cebola em pó, citrato de

sódio, glutamato de sódio, pimenta preta, açúcar, ácido ascórbico, maltodextrina,

salsa desidratada, ácido cítrico, cebola, nitrito de sódio.

A carcaça resfriada chega a recepção com temperatura entre 0ºC e +7ºC,

sendo encaminhada diretamente a câmara de resfriamento (0ºC), depois seguirá ao

setor de desossa (+10ºC), obtendo-se os recortes de carne suína, levando-os ao

setor de preparo de massas climatizado a +10ºC. Inicialmente, os recortes serão

encaminhados ao moedor e em seguida para a misturadeira, onde são

acrescentados a água e os demais ingredientes, em processo denominado de cura

direta. Permanecendo neste equipamento em torno 5 minutos, entre 2 fases. Ocorre,

portanto, a fase inicial em que são adicionados a primeira fração dos temperos,

agindo na massa por 2 minutos, após descanso de 1 minuto, inicia-se a fase 2 em

que são adicionados a segunda parte dos ingredientes, sendo misturados por mais

dois minutos. Completo o processo segue para a câmara de massas (+4ºC), depois

setor de embutimento (+12ºC), em que são embutidas as linguiças em tripa natural

de carneiro, seguindo para o setor de embalagem primária (+10ºC), depois túnel de

congelamento (-30ºC), embalagem secundária (encaixotamento) deslocando-as a

câmara de produtos acabados (+2ºC), até posterior expedição (+2ºC). Este produto

Page 91: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

90

deverá ser mantido resfriado de 0ºC a +4ºC, com validade de 30 dias (1 mês), a

partir da data de fabricação do produto.

6.7.2 Lingüiça Toscana

Matéria-prima: recortes de carne suína e água.

Ingredientes: sal, dextrina, regulador de acidez, condimento de lingüiça toscana,

difosfato de sódio, alho em pó, cebola em pó, citrato de sódio, ácido ascórbico,

açúcar, ácido cítrico, glutamato, pimenta preta, nitrito de sódio, noz moscada em pó

e corante carmim.

A carcaça resfriada com temperatura de recebimento entre 0ºC e +7ºC, após

passar pela desossa, obtêm-se os retalhos. Estes retalhos passam primeiro pelo

moedor com disco de 10 mm e posteriormente pelo misturador onde serão

adicionados a água e os demais ingredientes em duas fases em um processo

denominado de cura direta. Durante a primeira mistura, se adiciona a matéria-prima

junto com os demais ingredientes, misturando por 2 minutos, depois ocorre um

descanso da massa por 1 minuto, e novamente mistura uma fração final de

ingredientes a massa, misturando por mais 2 minutos, passa então para a câmara

de massa com temperatura de +4ºC, permanecendo nesta câmara por tempo

suficiente para início das reações químicas de cura. A câmara de massa possui a

função de diminuir e/ou manter a temperatura da massa. Dependendo da matéria-

prima utilizada no preparo de massas, estas podem apresentar temperatura negativa

(Ex: Salame Italiano, Milano), ou positiva, porém sempre inferior a +4ºC. Depois

segue para o setor de embutimento, climatizado à temperatura de +12ºC, a

embutideira utiliza a tripa natural de suíno, passando para setor de embalagem

primária (+10ºC), túnel de congelamento (-30ºC), embalagem secundária

(encaixotamento) e posteriormente setor de expedição (+2ºC). Este produto deverá

ser conservado resfriada com temperatura controlada de 0ºC a +4ºC, com validade

de 30 dias. Podendo ser conservado congelado em temperatura de até -7ºC, tendo

validade de 180 dias.

Page 92: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

91

6.8 OUTROS PRODUTOS

A seguir, serão explicados os processos de fabricação de produtos que não

se encaixavam nas classificações anteriores.

6.8.1 Salame Milano

Matéria-prima: pernil suíno sem osso e toucinho

Ingredientes: sal, vinho tinto, dextrina, glicose, alho em pó, glutamato, coentro,

eritorbato de sódio, pimenta jamaica, pimenta branca, noz moscada, cultura cárnica,

nitrito e nitrato de sódio.

Após a carcaça chegar resfriada com temperatura entre 0ºC e +7ºC e ser

conduzida a câmara de resfriamento (0ºC), será encaminhada ao Setor de desossa

climatizado a +10ºC, tendo-se então o corte técnico do pernil e toucinho. Estes

cortes serão levados ao túnel de congelamento a -30ºC para congelamento, ao

passar por este processo, será conduzido ao Setor de preparo de massas (+10ºC),

passando pelo triturador o pernil e o toucinho. Ambos são pesados, sendo

encaminhados ao cutter, onde será acrescentado os demais ingredientes, em

processo denominado de cura direta, por aproximadamente 2 minutos e então segue

para o embutimento, sendo utilizadas tripa artificial de celulose, depois ocorre a pré-

secagem que dura em torno de 3 dias em câmara com temperatura controlada de

+22ºC, seguindo para a câmara de maturação permanecendo neste local por 35 dias

com controle de temperatura entre +16ºC e +18ºC e umidade entre 70% e 85%.

Após os 45 dias de maturação, o salame será lavado para retirada dos fungos e

bolores produzidos durante o período de maturação, posteriormente será depilado,

seguindo para o setor de embalagem primária (+10ºC) para receber embalagem

plástica identificada. Após encaixotamento, será encaminhado a câmara de produtos

acabados (+2ºC), esperando expedição final com temperatura controlada de +2ºC.

Page 93: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

92

Este produto deverá ser conservado em local seco e fresco até 22º, com prazo de

validade de 120 dias.

6.8.2 Linguiça colonial

Matéria-prima: recortes de carne suína e toucinho

Ingredientes: sal, glicose, alho em pó, pimenta vermelha, eritorbato de sódio,

coentro, pimenta preta, nitrito e nitrato de sódio.

Após a carcaça chegar à recepção com temperatura entre 0ºC e +7ºC, será

conduzida a câmara de resfriamento (0ºC), esta passa pelo setor de desossa com

temperatura controlada de +10ºC onde são obtidos os recortes e o toucinho

necessário para a produção da linguiça. Estes recortes são enviados ao setor de

preparo de massas (+10ºC), onde passará inicialmente pelo moedor, seguindo para

misturadeira onde permanece neste equipamento em torno de 4 minutos, a fim de

acrescentar os demais ingredientes em processo denominado cura direta.

Preparada a massa, esta vai para a câmara de massas a +4ºC, seguindo

para o setor de embutimento (+12ºC) para ser embutido em tripa artificial de

celulose. Em seguida se faz a secagem em temperatura ambiente de +22ºC,

podendo ser comercializada frescal devidamente etiquetada, seguindo posterior

expedição, ou vai para a câmara de maturação, permanecendo neste local por 10

dias com temperatura entre +16ºC e +18ºC e umidade entre 70% e 85%. Após o

período de maturação, a linguiça colonial será lavada para retirar os fungos

produzidos durante o processo de maturação. Sendo encaminhado, posteriormente,

ao setor de embalagem primária (10ºC) para etiquetagem, seguindo para expedição

(2ºC). Este produto deverá ser conservado em local seco e fresco até 22ºC,

possuindo validade de 60 dias (2 meses) a partir da data de fabricação.

6.8.3 Apresuntado

Page 94: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

93

Matéria-prima: pernil suíno sem osso e água

Ingredientes: proteína isolada de soja, fécula, sal, condimento califórnia, carragena,

polifosfato de sódio, eritorbato de sódio, nitrito, nitrato de sódio, corante carmim.

A carcaça chega à recepção resfriada com temperatura entre 0ºC e 7ºC,

seguindo para a câmara de resfriamento (0ºC), após 24 horas segue para o Setor de

desossa climatizado a 10ºC, onde será retirado o corte técnico do pernil. Do pernil é

retirado o osso e cortam-se em pedaços menores a peça inteira, estes cortes

menores serão encaminhados para a injetora a fim de acrescentar a salmoura (água

e ingredientes) em processo denominado de salga úmida, sendo encaminhado a

Sala de tumbleamento. No tumbler, o pernil ficará neste equipamento por 8 horas à

4°C. Em seguida, irá ao setor de preparo de massas (+10ºC) onde passará pelo

moedor, e misturadeira onde será acrescentado a fécula. Na misturadeira, o produto

permanece neste equipamento por aproximadamente 20 minutos. Segue para o

setor de embutimento (+12ºC), coloca-se então a embalagem primária sendo esta

um saco plástico, e vai para uma forma metálica, para ser levado aos tanques de

cozimento a +74°C, depois o produto é resfriado em tanque até 4°C. Resfriado, o

apresuntado será desenformado e disposto em caixa, sendo armazenado em

câmara de produtos acabados (+2ºC) e posterior setor de expedição (+2ºC). Deverá

ser mantido resfriado em temperatura de 0ºC a +10ºC, com validade de 60 dias (2

meses) a partir da data de fabricação do produto.

6.8.4 Morcela

Matéria-prima: pele suína, carne suína, coração suíno, estômago suíno e rim suíno.

Ingredientes: sal, pimenta vermelha, tripolifosfato de sódio, hexametafosfato de

sódio, pirofosfato de sódio, salsa desidratada e cebola verde.

Na recepção chegam os miúdos congelados (-19ºC), estes passam pelo

cozimento inicial com duração de 3 horas nos tanques de cozimento com água a

80ºC, para depois ser levado para o setor de preparo de massas (+10ºC). A pele e

carne suína são obtidos a partir da carcaça resfriada com temperatura entre 0ºC e

Page 95: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

94

+7ºC, que passou pela desossa, sendo submetidos ao cozimento de 3 horas no

mesmo tanque. Quando a matéria-prima chega ao setor de preparo de massas

(+10ºC), vai primeiro ao moedor, seguindo para a misturadeira onde são

acrescentados os demais ingredientes em processo denominado de salga direta,

permanecendo por 1 hora neste equipamento, posteriormente, a massa de morcela

irá ao setor de embutimento (+12ºC). A morcela deverá ser embalada quente para

que a fração gordurosa do produto não coagule em temperatura baixa (caso fosse

resfriada a massa) e mude a conformação do produto. Sendo então embutida em

tripa natural de bovino, com posterior resfriamento a +4°C, seguindo para o setor de

embalagem primária (+10ºC) a fim de receber embalagem plástica a vácuo. Os

produtos são encaixotados e deslocados a câmara de produtos acabados (+2ºC) e

por fim expedição (+2ºC). Este produto deverá ser mantido resfriado em temperatura

de 0ºC a 7ºC, com prazo de validade de 60 dias (2 meses) a partir da data de

fabricação.

6.8.5 Salsicha Viena

Matéria-prima: carne suína, carne bovina (industrial) e gelo.

Ingredientes: lactato de sódio, amido de mandioca, sal, condimento salsicha,

tripolifosfato de sódio, cebola em pó, glutamato, pimenta vermelha moída,

hexametafosfato de sódio, pirofosfato ácido de sódio, páprica, eritorbato de sódio,

nitrito e nitrato de sódio.

A carne chegará a recepção congelada (-19ºC) como é o caso de carne

industrial de bovino e carne suína congelada, que após descongelamento em

câmara de reversão (+2ºC) estará pronto para ser utilizado como matéria-prima.

Porém, a carne suína também pode chegar resfriada com temperatura entre 0ºC e

+7ºC e depois da desossa em ambiente climatizado a +10ºC formam-se os retalhos

como resultado deste procedimento. No setor de preparo de massas com

temperatura controlada de +10ºC, a carne industrial bovina irá para o triturador,

enquanto a carne congelada de suíno ou carne resfriada de suíno vai para o

moedor. Estas duas carnes a suína e a bovina irão então para a misturadeira onde

Page 96: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

95

será acrescentado a estes produtos os demais ingredientes e água gelada em

processo denominado de cura direta, feito isso, tudo vai para a emulsificadora. A

emulsificadora possui controle de temperatura que mede a temperatura da massa ao

entrar no equipamento e depois quando vai para a câmara de massas (+4ºC).

Seguindo para o Setor de embutimento (+12ºC), as salsichas serão embutidas em

tripas natural de carneiro, e depois estas serão suspensas em varas e serão

deslocadas para a estufa onde fica por 1hora e 12 minutos. Depois passa pelo

tingimento em tanque com temperatura de +80ºC com solução de corante de

urucum (pH 11) e segue para o tanque com solução fixadora de corante (ácido lático

a 85%). Em seguida são encaminhadas ao chuveiro de aspersão para resfriamento

permanecendo neste local por aproximadamente 25 minutos. Após o chuveiro, a

salsicha seguirá para a câmara de resfriamento de produtos acabados (+4ºC),

posteriormente irá ao setor de embalagem primária (+10ºC) a fim de receber

embalagem plástica a vácuo e depois embalagem secundária (encaixotamento).

Devidamente encaixotadas e etiquetadas, são deslocados a câmara de produtos

acabados (+2ºC) e por fim setor de expedição (+2ºC). Este produto deverá ser

conservado resfriado com temperatura de 0ºC a 8ºC, tendo seu prazo de validade de

60 dias (2 meses) a partir da data de fabricação.

Page 97: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

96

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de estágio realizado na Fábrica de Conservas Juliatto &

Foggiatto Cia LTDA, pode-se observar em sua totalidade, a dimensão que envolve o

processo de fabricação de alimentos. Notou-se a importância de cada programa de

autocontrole em prol da qualidade final do produto.

Toda etapa de fabricação de determinada linha de produtos demanda

intensa tecnologia, porém, este artifício não é o único responsável por agregar aos

produtos qualidade do ponto-de-vista microbiológico, para tanto é de suma

importância investir em treinamento e capacitação dos manipuladores, para que se

alcance a qualidade necessária, além de produzir conforme a capacidade de

produção da indústria, a fim de não perder em qualidade.

Diversos fatores interferem na inocuidade de um produto gerado. Estes

compreendem desde a recepção como a qualidade da matéria-prima e ingredientes

que adentram a determinado estabelecimento como até a realização de programas

efetivos de controle que minimizem os riscos de contaminação e deterioração de um

produto durante sua produção e armazenagem.

Portanto, em toda indústria produtora de alimentos, faz se necessário a

implantação e desenvolvimento dos programas de BPF, APPCC, PPHO, PSO e

POP em associação com as ações de fiscalização do Sistema de Inspeção Federal.

Todos estes programas de autocontrole, quando unidos, promovem a fabricação de

produtos de excelente qualidade, garantindo ao consumidor a segurança e

satisfação dos consumidores ao adquirir estes alimentos.

Page 98: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

97

REFERÊNCIAS

AZEREDO, Henriette Monteiro Cordeiro de. Fundamentos de estabilidade de alimentos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2004. 195 p. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Circular nº 175, de 16

de maio de 2005. Procedimentos de Verificação dos Programas de

Autocontrole.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Circular nº 003/DICS/CGI/DIPOA, de 18 de maio de 2008. Suínos – novas freqüencias para a verificação oficial dos elementos de inspeção e modelos padronizados de planilhas para verificação no local e documental.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº. 368, de 07 de setembro de 1997. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos elaboradores/Industrializadores de Alimentos.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC nº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.

Elementos de apoio para o Sistema APPCC. 2. ed. Brasília, SENAI/DN, 2000. 361 p. (Série Qualidade e Segurança Alimentar). Projeto Indústria. Convênio CNI/SENAI/SEBRAE. FELLOWS, P.J. Food processing technology: principles and pratice. New York:

Ellis Horwood, 1988. 505 p. FIGUEIREDO, R. M. Guia Prático para evitar doenças veiculadas por alimentos – Como não comer fungos, bactérias e outros bichos que fazem mal. São Paulo: Microbiotécnica, 2001. PACHECO, J. W; YAMANAKA, H. T. Guia técnico ambiental de abates (bovino e suíno. São Paulo : CETESB, 2006. 98p.

PESSOA, A.M.K. Procedimentos operacionais higiênico-sanitários em Estabelecimentos alimentícios. Brasilia, 2006. 109f. Dissertação (Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal). Universidade Castelo Branco, Brasilia, 2006. POTTER, N.N.; HOTCHIKISS, J.H. Food Science. 5.ed. New York: Chapman & Hall, 1995. 608 p. PRICE, J. F.; SCHWEIGERT, B. S. Ciencia de la Carne y de los Productos Carnicos. 2. ed., Zaragoza: Acribia, 1994. 581 p.

Page 99: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

98

ROÇA, R.O. Tecnologia da carne e produtos derivados. Botucatu: Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, 2000. 202p. SANTIAGO, O. Controle microbiológico de qualidade. Revista Inst. Cândido Tostes, 1972. SHIMOKOMAKI, M. OLIVO, TERRA, N. FRANCO. Atualidades em Ciência e Tecnologia de Carnes. São Paulo: Varela, 2006. TORTORA, G.J. et al. Microbiologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 827p. TORRANO, A. D. M. Perspectiva para uma moderna política de vigilância sanitária de alimentos no Brasil. Higiene Alimentar. São Paulo, 1991.

Page 100: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

MEDICINA VETERINÁRIA

EMILY MOREIRA LEAL

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: “CARATERÍSTICAS DO PROCESSO DE

INDUSTRIALIZAÇÃO DE CÁRNEOS EM FÁBRICA DE CONSERVAS

COM ÊNFASE EM COPA”

CURITIBA

2011

Page 101: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

EMILY MOREIRA LEAL

CARATERÍSTICAS DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE CÁRNEOS EM

FÁBRICADE CONSERVAS COM ÊNFASE EM COPA

TCC apresentado como requisito parcial à conclusão do curso de Medicina Veterinária, setor Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Profº CARLOS ROBERTO CONTI NAUMANN

CURITIBA

2011

Page 102: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

TERMO DE APROVAÇÃO

EMILY MOREIRA LEAL

CARATERÍSTICAS DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE CARNEOS EM

FÁBRICA DE CONSERVAS COM ÊNFASE EM COPA

Trabalho aprovado como requisito parcial para conclusão do curso de Medicina

Veterinária, setor de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Paraná, pela

seguinte banca examinadora:

____________________________________

Prof. Carlos Roberto Conti Naumann

Orientador – Departamento de Medicina Veterinária, UFPR

___________________________________

Prof. Msc. Marcia Oliveira Lopes

Departamento de Saúde Comunitária,UFPR

___________________________________

Prof. Dr. Walfrido Kuhl Svoboda

Departamento de Saúde Comunitária,UFPR

Curitiba, 21 de novembro 2011.

Page 103: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

RESUMO

A carne e seus derivados possuem tempo de vida-de-prateleira curta, devido,

principalmente, aos fatores intrínsecos e extrínsecos que tornam o alimento suscetível ao crescimento e desenvolvimento de microorganismos deteriorantes e/ou patogênicos.

Com o objetivo de aumentar o período de conservação dos alimentos de origem animal, diversas tecnologias foram empregadas ao longo dos anos, constituindo uma série de obstáculos que impedem a deterioração e/ou a transmissão de doenças por meio dos alimentos, garantindo a segurança e inocuidade do alimento.

A intensa tecnologia, utilizada em cada etapa do processo de fabricação de diversos produtos cárneos, permitiu aos embutidos fermentados a conservação em temperatura ambiente, sendo desnecessária a refrigeração a fins conservativos. Entre estes processos destacam-se a salga, a defumação e a fermentação.

A copa é classificada como um produto cárneo embutido fermentado, havendo ao longo de todo o processo de fabricação uma sequência de etapas, que combinadas produzem um alimento de sabor, aroma e coloração típicos de um produto maturado. Assegurando ao consumidor, um produto de extrema praticidade, por apresentar-se pronto ao consumo, além da qualidade garantida de um alimento industrializado, dentro dos parâmetros microbiológicos.

Palavras-chave: ALIMENTO, CONSERVAÇÃO, COPA, MICROORGANISMOS,

TECNOLOGIA.

Page 104: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

ABSTRACT

The meat and meat products have lifetime shelf-short, mainly due to intrinsic

and extrinsic factors that make food susceptible to the growth and development of spoilage microorganisms and / or pathogens.

In order to increase the shelf life of foods of animal origin, various technologies have been employed over the years, providing a series of obstacles that prevent deterioration and / or disease transmission through food, ensuring security and safety of food.

The intense technology used in each step of the manufacturing process of various meat products, fermented sausages allowed conservation at room temperature, rendering unnecessary the conservative cooling purposes. These processes stand out salting, smoking and fermentation.

The canopy is classified as a fermented sausage meat product, having throughout the manufacturing process a sequence of steps, which combine to produce a food flavor, aroma and color typical of a mature product. Ensuring to the consumer, a product of extreme practicality by presenting himself ready for consumption, in addition to a guaranteed quality of processed foods, within the microbiological parameters.

Keywords: CANOPY, CONSERVATION, FOOD, MICROORGANISMS,

TECHNOLOGY.

Page 105: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

LISTA DE ILUTRAÇÕES

FIGURA 1 – Reação de cor em carnes curadas........................................................39

FIGURA 2 – Mudanças quimicas da mioglobina durante as reações de cura...........40

TABELA 1 – Principais produtos da fumaça..............................................................50

TABELA 2 - Componentes das culturas starter para a fermentação cárnea.............58

Page 106: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS ................................................................... 10

2.1 FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS QUE INTERFEREM NO

CRESCIMENTO MICROBIANO DOS ALIMENTOS ................................................. 10

2.1.1 Fatores Intrínsecos ........................................................................................... 10

2.1.1.1 Atividade de água (Aw) ................................................................................. 10

2.1.1.2 Acidez (pH) .................................................................................................... 11

2.1.1.3 Potencial de oxi-redução (Eh) ....................................................................... 13

2.1.1.4 Composição química ..................................................................................... 14

2.1.1.5 Fatores antimicrobianos naturais................................................................... 15

2.1.2 Fatores Extrínsecos.......................................................................................... 16

2.1.2.1Temperatura ambiental .................................................................................. 16

2.1.2.2 Umidade relativa do ambiente ....................................................................... 18

2.1.2.3 Composição gasosa do ambiente ................................................................. 18

2.2 MICROBIOTA PATÓGENA EM ALIMENTOS ..................................................... 18

2.2.1 Staphylococcus spp.......................................................................................... 20

2.2.2 Coliformes Totais.............................................................................................. 23

2.2.3 Coliformes Termotolerantes ............................................................................. 23

2.2.4 Salmonella spp ................................................................................................. 24

2.2.5 Enterococcus spp ............................................................................................. 26

3 ALIMENTOS CÁRNEOS FERMENTADOS ........................................................... 28

4 DEFINIÇÃO DA COPA .......................................................................................... 30

4.1 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA COPA ......................................................... 31

5 PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FABRICAÇÃO DE UM PRODUTO CÁRNEO

FERMENTADO ......................................................................................................... 35

5.1 SALGA ................................................................................................................ 35

5.1.1 Nitrato e nitrito .................................................................................................. 36

5.1.2 Açúcares .......................................................................................................... 43

5.1.3 Condimentos .................................................................................................... 45

5.1.4 Glutamato monossódico ................................................................................... 45

5.1.5 Eritorbato de sódio ........................................................................................... 48

Page 107: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

6 DEFUMAÇÃO ........................................................................................................ 50

7 FERMENTAÇÃO.................................................................................................... 54

7.1 MATURAÇÃO OU FERMENTAÇÃO ................................................................... 55

8 SECAGEM ............................................................................................................. 63

9 DETERMINAÇÃO DE FLAVOR ............................................................................ 64

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 70

11 REFERÊNCIAS.....................................................................................................71

Page 108: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

8

1 INTRODUÇÃO

A população, ao longo dos anos e de uma forma geral, vem demonstrando

grande interesse em conhecer de que é feito o alimento que consomem. Como são

fabricados, quais são os processos e etapas que envolvem a produção de

determinado produto alimentício, quais ingredientes são adicionados à matéria-

prima, qual o efeito destes ingredientes sobre o produto e sobre a saúde de quem os

ingere, são algumas das perguntas que refletem o perfil do consumidor atual.

Ao mesmo tempo, a sociedade passou a se comportar de forma mais ativa no

mercado, exigindo produtos de melhor qualidade, que apresentem inocuidade, livres

de contaminação microbiológica, química e física. Esta fração do mercado, também

demonstrou a necessidade em consumir produtos que não demandam grande

manipulação, produtos de extrema praticidade, que além de promover o bem estar

de quem os consome, se adequam a rotina diária da população.

De acordo com essa demanda da sociedade, as empresas alimentícias

investem em treinamentos de pessoal, equipamentos e programas de controle de

qualidade, com o objetivo de promover alimentos seguros, respeitando as

legislações presentes e retornando de forma positiva à exigência do mercado interno

e externo.

A carne é um alimento de alto valor social, comercial e nutricional. Por

diversos fatores presentes em sua composição química, a carne e alimentos

derivados são extremamente suscetíveis à contaminação microbiológica, podendo

rapidamente passar por processo de deterioração e até mesmo servir como meio de

propagação de doenças, as chamadas DTA’s (doenças transmitidas por alimentos).

Com o objetivo de preservação da carne, que possui vida-de-prateleira bem

limitada, evitando a deterioração e/ou contaminação desta, alguns procedimentos

como a salga, secagem e fermentação foram desenvolvidos (VIOTT et al., 2006).

A demanda por produtos que foram submetidos a estes processos de

fabricação aumentou, principalmente por estes estarem prontos ao consumo. Os

produtos cárneos embutidos podem ser comercializados em sua forma inteira ou

fatiados. Quando submetidos à ação de fatiamento, poderão apresentar segurança

Page 109: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

9

comprometida, devido a maior manipulação por parte do funcionário, ao contato com

o próprio fatiador e a maior superfície de contato do alimento com o oxigênio.

Visando todo o macroprocesso que envolve a produção de um produto

alimentício, entre processo de produção, treinamento de pessoal, fornecimento de

matéria-prima e ingredientes, manutenção de equipamentos e instalações, as

indústrias deverão estar preparadas a fim de fabricar um produto de qualidade que

não represente risco a saúde do consumidor.

Page 110: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

10

2 MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS

2.1 FATORES INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS QUE INTERFEREM NO CRESCIMENTO MICROBIANO DOS ALIMENTOS

Existem diversos fatores que afetam o metabolismo e por consequência o

desenvolvimento microbiano. Estes fatores interferem diretamente na habilidade de

sobrevivência ou capacidade de multiplicação dos microrganismos presentes no

alimento. Entre esses fatores, destacam-se os que se relacionam com as

características do alimento, sendo denominados de fatores intrínsecos. Há também

os fatores extrínsecos que se relacionam com o ambiente onde o alimento se

encontra (FRANCO, 1996; LANDGRAF, 2003).

2.1.1 Fatores Intrínsecos

Considera-se como fatores intrínsecos a atividade de água (Aw), a acidez

(pH), o potencial de oxi-redução (Eh), a composição química, a presença de fatores

antimicrobianos naturais e as interações entre os microrganismos existentes nos

alimentos (FRANCO, 1996; LANDGRAF, 2003).

2.1.1.1 Atividade de água (Aw)

O crescimento dos microorganismos depende da quantidade de água nos

alimentos. A água atua para este crescimento servindo como solvente de nutrientes,

permitindo o transporte e disponibilizando estes nutrientes no citoplasma. Diversas

reações energéticas e reações de síntese microbiana só ocorrem na presença de

determinados substratos. Estes substratos (aminoácidos, açúcares e ácidos graxos)

Page 111: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

11

são disponibilizados a partir das reações hidrolíticas, sendo a água, o agente

químico responsável por estas reações (BOURGEOIS et al., 1994).

Porém, para que o crescimento microbiano ocorra, a água, presente no

alimento, deve estar na forma disponível. Quando ligada por alguma força física a

determinadas macromoléculas, a água não está livre para ser aproveitada pelos

microorganismos como solvente, nem como reagente químico nas reações de

hidrólise (FRANCO e LANDGRAF, 2003).

A atividade da água é definida, matematicamente, como a razão entre a

pressão parcial de vapor de água contida no alimento (P) e a pressão parcial da

água pura (Po), a uma dada temperatura: Aa =P/Po. Através desse parâmetro,

pode-se medir a disponibilidade de água presente no alimento (FRANCO e

LANDGRAF, 2003).

A água pura possui Aw de 1,00, neste valor os microorganismos não se

multiplicam, pois o desenvolvimento microbiano ocorre em valores ligeiramente

abaixo de 1,00. Para tanto, existe um valor mínimo, máximo e ótimo de atividade de

água, para a multiplicação destes. Os bolores apresentam menor exigência de Aw

para desenvolvimento, geralmente se multiplicam em valore mínimo de 0,8, porém

foi observado que bolores xerofílicos conseguem se desenvolver em valores de 0,6

de Aw. As leveduras necessitam no mínimo 0,85 de Aw, as leveduras osmofílicas

são menos exigentes, havendo crescimento com 0,6 a 0,7 de Aw. As bactérias

necessitam de uma maior quantidade de água no alimento, no mínimo 0,9 de Aw

para bactérias gram-positivas e 0,93 para gram-negativas. Contudo, há exceções,

Staphylococcus aureus, cresce em ambientes com 0,85 de Aw e bactérias

halofílicas, suportam valores de 0,75 (FRANCO e LANDGRAF, 2003 e RAY, 1996).

Produtos como frutas, verduras, carnes, leite e pescados, em sua grande

maioria frescos, apresentam Aw acima de 0,95. Sendo todos passíveis de

crescimento microbiano.

2.1.1.2 Acidez (pH)

O pH indica a concentração de íons hidrogênio no sistema, é expresso como

-log [H+], o logaritmo negativo da concentração de íons hidrogênio ou prótons. Pode

Page 112: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

12

variar entre 0 a 14, com 7 sendo o pH neutro. O pH está inversamente relacionado

com a acidez, portanto, um sistema que apresenta elevada acidez possui baixo pH e

vice-versa (RAY, 1996).

O pH pode interferir no crescimento dos microorganismos em três situações

(BOURGEOIS et al., 1994):

Em pH ácido, determinados íons, como o de magnésio formam complexos

insolúveis, já em meio básico, íons de zinco, cálcio e ferro formam estes complexos.

Portanto, certos nutrientes tornam-se disponíveis ou não no meio de cultivo

dependendo de alterações do equilíbrio iônico.

O pH também interfere na permeabilidade da membrana, pois em meio

ácido, os íons hidrogênio [H+] saturam as permeases catiônicas, limitando ou

anulando o transporte de cátions indispensáveis, já em meio alcalino, os íons

hidroxila [OH-] saturam a membrana, o que impede a transferência de ânions.

Todas as enzimas que catalisam reações do metabolismo microbiano

possuem um pH ótimo de atividade e qualquer alteração neste pH, interfere

reduzindo a atividade desta enzima, consequentemente, reduz o crescimento

microbiano.

Observa-se que em pH próximo da neutralidade (6,5 e 7,5), a maioria dos

microorganismos mantém suas funções vitais normais. Porém, alguns

microorganismos tem seu desenvolvimento favorecido em baixos valores de pH,

como as bactérias lácticas. Bolores e leveduras apresentam grande tolerância ao

pH. Em baixos valores de pH é observado maior crescimento de bolores em relação

as leveduras. Sendo as leveduras mais tolerantes a baixos valores de pH. As

bactérias patogênicas são extremamente exigentes em termos de pH dentre todas

as bactérias existentes (FRANCO e LANDGRAF, 2003).

Os alimentos, em relação ao pH, podem ser subdivididos em três grupos.

Alimento que apresentam pH superior a 4,5, são classificados como alimentos de

baixa acidez. Alimentos cujo pH, permanece entre 4,0 e 4,5, são considerados

ácidos e alimentos com pH inferior a 4,0 são alimentos muito ácidos. Esta

classificação baseia-se no mais baixo valor de pH necessário a multiplicação e

produção de toxina do Clostridium botulinum (4,5) e no pH mínimo para o

desenvolvimento e multiplicação da grande parte das bactérias existentes (4,0).

Portanto, estão sujeitos a maior multiplicação microbiana, por espécies deteriorantes

e/ou patogênicas, os alimentos de baixa acidez (pH >4,5). Em alimentos ácidos (pH

Page 113: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

13

entre 4,0 e 4,5), os microorganismos que suportam este valor de pH crescem, como

são observados as leveduras, bolores e poucas espécies de bactérias, como as

láticas e algumas espécies de Bacillus. Poucos microorganismos resistem ao pH

abaixo de 4,0, em alimentos muito ácidos, de forma quase que restrita, os bolores e

leveduras ainda se desenvolvem neste ambiente (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

2.1.1.3 Potencial de oxi-redução (Eh)

Define-se o potencial de oxi-redução como sendo a facilidade do substrato

em ganhar ou perder elétrons nos processos de oxidação e redução, ou seja, a

facilidade de troca de elétrons entre os compostos químicos. Ao ganhar elétrons, o

elemento está em sua forma reduzida, ao perder elétron, passa a ser oxidado. Ao

ser transferido, de um composto a outro, determinada quantidade de elétrons

durante uma reação química, é estabelecido uma diferença de potencial entre

ambos os compostos. Esta diferença de potencial pode ser mensurada, em

instrumentos apropriados e expressa em volts (V) ou em milivolts (mV). Um

composto oxidado possui Eh positivo, e quanto mais negativo seu potencial, mais

reduzido é este composto (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

Meios que contenham substâncias fortemente hidrogenadas, radicais -SH,

açúcares redutores e outros compostos, como ácido ascórbico e tocoferóis, serão

meios redutores (BOURGEOIS et al, 1994). Quando o oxigênio se encontra livre na

atmosfera, atuando sobre a superfície de carnes ou no interior de vegetais, poderá

atuar como um receptor de elétrons, resultando em um produto com Eh positivo

(RAY, 1996; BOURGEOIS et al, 1994).

O potencial de oxi-redução dos alimentos influencia diretamente sobre o

crescimento dos microorganismos e reações metabólicas específicas que geram

energia. Diversas reações importantes, indispensáveis ao metabolismo dos

microorganismos necessitam do potencial de oxi-redução (Eh) atuando sobre o

equilíbrio (sentido) destas reações. Reações de oxidação são beneficiadas por um

Eh fortemente positivo. O oposto ocorre, favorecendo a redução ou inibindo a

oxidação quando a reação for submetida a um Eh negativo (RAY, 1996;

BOURGEOIS et al, 1994).

Page 114: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

14

O valor de Eh do meio é influenciado pelo oxigênio presente. Além disso, o

oxigênio atua como receptor final dos elétrons, na respiração aeróbica por alguns

microorganismos (BOURGEOIS et al., 1994).

Existem três grupos que classificam os microorganismos, conforme a

necessidade de oxigênio para seu metabolismo e/ou toxidade ao mesmo. Nesta

classificação, existe uma faixa de Eh na qual os microorganismos são capazes de se

desenvolver.

A grande maioria dos bolores, leveduras oxidativas e muitas bactérias

necessitam Eh entre +500 e +300 mV, são denominados de microorganismos

aeróbios, causando, principalmente, a deterioração dos alimentos, além de algumas

bactérias patogênicas como Bacillus cereus pertencerem a este grupo.

As enterobactérias são consideradas microorganismos aeróbios facultativos,

pois se desenvolvem em presença ou não de oxigênio, sendo necessário entre +300

e -100 mV de potencial de oxi-redução.

As bactérias patogênicas, sendo a mais importante Clostridium, e algumas

bactérias deteriorantes são classificadas como microorganismos anaeróbios estritos,

pois para seu desenvolvimento necessita-se entre +100 e -250mV de Eh

(BOURGEOIS et al, 1994; RAY, 1996; FRANCO; LANDGRAF,2003).

A composição química do alimento, os processos de fabricação e as

condições de armazenamento influenciam no potencial de oxi-redução nos alimentos

(RAY, 1996). Alimentos de origem vegetal, geralmente apresentam valores de Eh

entre +400 e +300mV, podendo sofrer ação de microorganismos deteriorantes como

as bactérias aeróbias e bolores. Alimentos de origem animal como grandes pedaços

de carne possuem Eh em torno de -200mV, na carne moída, esse valor poderá subir

até +200mV. O leite apresenta Eh entre +100mV e +200mV, os queijos dependendo

das condições enfrentadas durante o processamento podem apresentar valores de

Eh variáveis entre -20 e -200mV (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

2.1.1.4 Composição química

A composição química dos alimentos é de extrema importância para que

ocorra a multiplicação microbiana, devem estar disponíveis água, fonte de energia e

de nitrogênio, vitaminas e sais minerais (FRANCO; LANDGRAF, 2003)

Page 115: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

15

Os microorganismos são capazes de utilizar diversas fontes de energia e

sintetizar variados compostos. Alguns açúcares complexos como o amido e a

celulose, são desdobrados formando açúcares simples. Outros substratos como os

álcoois e aminoácidos também participam como fonte de energia aos

microorganismos. Um grupo bem reduzido de microorganismos presentes no

alimento também se utiliza de lipídeos, a fim de fornecer energia.

Os aminoácidos são as principais fontes de nitrogênio utilizadas pelos

microorganismos, porém outros compostos podem ser utilizados por comportarem o

elemento nitrogênio em sua composição. As vitaminas possuem papel

extremamente importante para o desenvolvimento dos microorganismos, pois

diversas coenzimas envolvidas nas reações metabólicas poderão ser originadas a

partir de reações de transformação das vitaminas. Entre as mais importantes

destacam-se as vitaminas do complexo B, biotina e o ácido pantotênico. As reações

enzimáticas, em sua grande maioria, necessitam de pequena quantidade de

minerais, porém indispensáveis para que o desenvolvimento microbiano seja

realizado. Os minerais mais utilizados são o sódio, o potássio, o cálcio e o

magnésio, porém outros, como ferro, cobre, manganês, molibdênio, zinco, cobalto,

fósforo e enxofre também participam de reações importantes.

Os microorganismos mais exigentes, em relação aos nutrientes, são as

bactérias, seguindo das leveduras e mofos. Todos esses nutrientes estão presentes,

de uma forma geral, nos alimentos, e a composição química de cada nutriente nos

alimentos exerce uma seleção sobre a flora microbiana que se desenvolverá no

alimento (RAY, 1996; BOURGEOIS et al., 1994).

2.1.1.5 Fatores antimicrobianos naturais

Algumas substâncias estão presentes no alimento de forma natural, estas

possuem determinada habilidade que impedem ou retardam o crescimento

microbiano, conferindo ao alimento estabilidade frente à ataques de

microorganismos (FRANCO; LANDGRAF, 2003). Diversas substâncias

antimicrobianas são encontradas no leite, são estas: imunoglobulina, macrófagos e

linfócitos. Outra substância encontrada no leite com ação antimicrobiana é a

Page 116: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

16

lactoferrina, pois impede a multiplicação de microorganismos, devido a retirada de

íons ferro deste alimento. A lizosima, concomitantemente, apresenta controle sobre

o desenvolvimento microbiano no leite (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

Merecem destaque outros fatores antimicrobianos naturais encontrados que

funcionam como barreira mecânica contra a penetração de microorganismos. São

estes: as cascas presentes em certos alimentos como nozes, frutas, ovos, a pele

dos animais e a película envolvente das sementes (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

Utilizados como recurso tecnológico com o objetivo em estender a vida útil

dos alimentos, os conservadores, acrescentados propositalmente aos alimentos

também desenvolvem papel antimicrobiano importante, além dos compostos

antimicrobianos naturais anteriormente citados (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

2.1.2 Fatores Extrínsecos

Entre os fatores extrínsecos mais importantes estão umidade relativa,

temperatura ambiental e composição química da atmosfera como o oxigênio e a luz

que envolve o alimento (FRANCO, 1996; LANDGRAF, 2003).

2.1.2.1Temperatura ambiental

Dentre os fatores extrínsecos, o mais importante fator ambiental que

interfere na multiplicação de microorganismos é a temperatura (FRANCO;

LANDGRAF, 2003).

O estado físico da água em determinado meio resulta da ação da

temperatura, portanto, é a temperatura a responsável por maior ou menor

disponibilidade de água para o desenvolvimento dos microorganismos. Em

processos como o congelamento e ebulição, há uma diminuição da fração líquida no

meio, permitindo alterações celulares (BOURGEOIS et al.,1994).

As reações químicas e bioquímicas em que existe o auxílio de determinadas

enzimas, podem ter sua velocidade interferida pela temperatura, afetando a

Page 117: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

17

multiplicação microbiana. A cada 10°C de aumento na temperatura, a taxa das

reações enzimáticas dobra, dentro da faixa de reação. Do mesmo modo, quando

ocorre decréscimo de 10ºC na temperatura, as reações enzimáticas são reduzidas a

metade (BOURGEOIS et al., 1994; RAY, 1996).

De acordo com a temperatura ótima de multiplicação, os microrganismos

podem ser classificados em quatro grupos. Os microorganismos podem multiplicar-

se em uma faixa bastante ampla de temperatura (FRANCO; LANDGRAF, 2003):

Os microorganismos psicrófilos multiplicam-se entre 0°C a 20°C, porém a

temperatura ótima está entre 10°C e 15°C. Os microorganismos capazes de se

desenvolver entre 0ºC e 7ºC são denominados de psicrotróficos. Ambos conseguem

multiplicar-se bem em alimentos submetidos à refrigeração, sendo caracterizados

como os deteriorantes principais agentes de carnes, pescados, ovos e leite.

Os microorganismos mesófilos tem sua temperatura ótima de multiplicação

em torno de 25°C e 40°C, o mínimo suportável é entre 5°C e 25°C e máximo entre

40°C e 50°C. Pertence a este grupo, grande parte dos microorganismos de

importância alimentar, inclusive os patógenos de interesse.

Os termófilos apresentam temperatura de multiplicação ótima entre 45°C e

65°C, mínima entre 35°C e 45°C, e máxima entre 60°C e 90°C. Pertencem aos

gêneros Bacillus e Clostridium, a maioria das bactérias deste último grupo. São

extremamente importantes, pois estes gêneros incluem espécies deteriorantes e

patogênicas. Os fungos, diferente das bactérias, possuem a habilidade de

crescimento em faixa de temperatura mais ampla, sendo capazes de se

desenvolverem em alimentos submetidos à refrigeração. Já as leveduras,

apresentam comportamento mesófilo e psicrófilo, pois não se desenvolvem bem em

altas temperaturas (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

Durante o processo de fabricação de um alimento, estes podem ser

expostos a diferentes temperaturas, desde a produção até consumo. Alguns

processos envolvem altas temperaturas, de 60°C a 65°C, ou até mais de 100°C.

Durante o armazenamento, sob a ação de refrigeração, mantém-se o alimento a

5°C, quando congelado mantém a -20°C. Alimentos classificados como estáveis

podem ser mantidos em temperatura ambiente de 10°C e 35°C (RAY, 1996).

Page 118: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

18

2.1.2.2 Umidade relativa do ambiente

A atividade de água (Aw) de um alimento relaciona-se diretamente com a

umidade relativa do ambiente. Quando em equilíbrio, do alimento com a atmosfera,

a umidade relativa (UR) é igual a Aa × 100. Os alimentos, quando conservados em

ambientes de UR maior que sua Aw, tendem a absorver umidade do ambiente,

aumentando assim a sua atividade de água. O contrário também se observa,

quando alimentos em ambiente com umidade relativa menor que sua Aw, perderão

água para o ambiente, tendo sua aw reduzida. Estas modificações interferem na

habilidade de multiplicação dos microorganismos presentes, que conforme relatado

anteriormente, é determinado pela Aw final (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

2.1.2.3 Composição gasosa do ambiente

Os tipos de microorganismos que predominam nos alimentos também

dependem da composição gasosa do ambiente. Os microorganismos aeróbios têm

sua multiplicação favorecida na presença de oxigênio. Em ambiente anaeróbio

haverá predominância dos microorganismos anaeróbios, embora ocorra grande

variação na sensibilidade destes em relação ao oxigênio. A microbiota que vive ou

se desenvolve em determinado alimento, poderá sofrer influência da composição

gasosa quando modificada (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

2.2 MICROBIOTA PATÓGENA EM ALIMENTOS

As doenças veiculadas por alimentos vêm aumentado ao redor do mundo

tanto em número, quanto em extensão dos casos. Diversas são as causas para este

aumento, entre estas se destacam: o aumento da população mundial, e aumento da

produção de alimentos, a maior quantidade de pessoas imunocomprometidas na

população como idosos, crianças e doentes, a existência de agentes causadores de

Page 119: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

19

doenças por meio de alimentos, que necessitam baixa dose mínima infectante para

provocar a infecção, a descoberta de novos agentes infecciosos com capacidade de

se desenvolverem em meio com temperatura abaixo de 5ºC e pH abaixo de 5,0

(LEISTNER, 2001).

Estima-se que todos os anos, no mundo, cerca de 100 mil a 1 milhão de

pessoas passam por algum tipo de enfermidade relacionada a ingestão de alimentos

ou água contaminados. Sabe-se que este valor é subestimado, pois se presume que

somente 1 a 10% dos casos são registrados pelas autoridades oficias, devido a

grande perda de informações epidemiológicas (GERMANO, 2001).

Frequentemente, encontram-se associados a estas doenças diversos

produtos cárneos como presuntos, linguiças, salames e hambúrgueres (PEREIRA,

2007). Uma possível explicação para este fato seria a presença natural de diversos

agentes causadores de DTA’s (Doenças Trancmissíveis por Alimentos) na

microbiota dos animais que seguirão ao abate, contaminando assim as carcaças, ou

a presença destes microorganismos no ambiente, que por meio da contaminação do

manipulador, utensílios, equipamentos ou até mesmo a água utilizada poderá

contaminar o alimento em seu processo de fabricação (MATSUBARA, 2005).

Os produtos cárneos estarão suscetíveis à contaminação desde o

recebimento da matéria-prima até chegar ao consumidor (BROMBERG, 2007,

CARVALHO et al; 1998). As infecções e as intoxicações alimentares podem estar

atribuídas a práticas inaceitáveis de fabricação de alimentos, infraestrutura

inadequada de produção, fornecimento impróprio de matéria-prima, falta de

capacitação de funcionários em relação à manipulação dos alimentos a fim de

produzir um alimento de qualidade, entre outros fatores (BROMBERG, 2007).

O processo de fabricação de embutidos cárneos deverá observar alguns

aspectos para produzir um alimento de qualidade do ponto de vista sanitário, entre

estes estão: a qualidade sanitária da matéria-prima, durante toda produção, a

tecnologia empregada para transformar a carne em um produto industrializado e a

higiene do ambiente de produção (MARTINS, 2006; TERRA; 2008).

Deve-se atentar, principalmente, a participação do manipulador como sendo o

principal fator que interfere na qualidade dos alimentos, muitas vezes este atua

como o causador da contaminação alimentar, para isto medidas de controle se

aplicam diretamente sobre a higiene dos manipuladores durante o processo de

produção (CURI, 2006).

Page 120: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

20

Os produtos cárneos fermentados como o salame e a copa, por não

passarem por algum tipo de tratamento térmico prévio ao consumo (TILDEN

JUNIOR et al., 1996), devem ser produzidos com carne de alta qualidade, mantendo

os padrões de higiene durante todas as etapas de produção, sempre elevados, a fim

de garintir ao final do processo um produto de qualidade e segurança ao consumidor

(HOLLEY; LAMMERDING; TITTIGER, 1988; OLIVEIRA; MENDONÇA, 2004).

Os embutidos de uma forma geral, quando submetidos ao fatiamento,

realizado pelas indústrias de carne e/ou supermercados, podem sofrer danos

referente a este procedimento, interferindo em na qualidade do produto (MARCHESI

et al., 2006). Este processo apresenta um grande risco a segurança alimentar, pois

servem como meio de contaminação de microorganismos patógenos e/ou

deteriorantes: a lâmina do fatiador em contato direto com o produto (MUNIZ et al.,

2007), à maior manipulação por meio de funcionários e à maior superfície de contato

do alimento com o oxigênio (BRESSAN et al., 2007).

Produtos cárneos que passam pelo fatiamento estão mais propícios à

contaminação pelo ar, havendo maior retenção de umidade, aumentando a atividade

de água (Aw) permitindo ao alimento tornar-se mais adequado ao desenvolvimento

de microorganismos patogênicos e/ou deteriorantes. Todos estes fatores, somados

aos fatores intrínsecos dos alimentos, a deficiência no programa de Boas Práticas

de Fabricação, comprometem a segurança alimentar, diminui o tempo de

conservação do alimento, além de ser um risco ao consumidor, gerando a

insatisfação deste e acarretanado perdas econômicas por parte da indústria

alimentícia (FAI et al., 2007).

Encontram-se listados abaixo, alguns microorganismos patogênicos de maior

importância para a segurança alimentar.

2.2.1 Staphylococcus spp

As bactérias pertencentes a este gênero são Gram-positivas, imóveis, não

formam esporos e são caracterizadas por serem aeróbias facultativas, apresentando

metabolismo respiratório fermentativo (KLOOS; SCHLEIFER, 1986).

Page 121: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

21

Constam 35 espécies dentro deste gênero (BANNERMAN 2003 apud

PEREIRA, 2006) sendo que destas 18 espécies e subespécies são de interesse

alimentar (JAY., 2005).

Por muito tempo, S. aureus foi considerada a única espécie do gênero capaz

de produriz enterotoxinas e coagulase, sendo a espécie mais importante em relação

à segurança alimentar, estando comumente envolvida em casos de surtos

alimentares (CURI, 2006; FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY, 2005, PEREIRA, 2006;

SILVA; GANDRA, 2004). Porém, outras espécies, do mesmo gênero, não produtoras

de coagulase, foram identificadas como produtoras de enterotoxinas (JAY, 2005;

PEREIRA, 2006).

Existe um limite permitido a ser obedecido para a presença destes

microorganismos para produtos maturados, registrado na RDC nº 12 (BRASIL,

2001).

Em ambiente com 10% de cloreto de sódio, pode-se observar o crescimento

da maioria das espécies deste gênero (KLOOS; SCHLEIFER, 1986), algumas são

capazes de sobreviver em concentrações de até 20% de sal (FRANCO;

LANDGRAF, 2005; JAY, 2005). Apresentam tolerância ao nitrito, podendo ser

encontradas em alimentos curados, quando as demais condições do meio

apresentam-se favoráveis (PARDI et al., 2001).

O S. aureus alcança ótimo crescimento em temperaturas entre 30 e 37ºC,

porém podem ser observado crescimento entre 7°C e 47,8ºC. As enterotoxinas são

produzidas entre 10 e 46ºC, entretanto, a temperatura ótima para esta produção

ocorre entre 40 e 45ºC. O pH ótimo para desenvolvimento é entre 6,0 e 7,0, mas é

possível multiplicação na faixa entre 4,0 e 9,8 de pH. A atividade de água mínima

necessária para o metabolismo destes microorganismos é de 0,86, embora possam

se desenvolver em valores abaixo de 0,83, em condições ideais (FRANCO;

LANDGRAF, 2005; JAY, 2005).

A produção de toxinas depende de diversos fatores como a temperatura, pH,

atividade de água, natureza do alimento, quantidade de inóculo, e características da

espécie (PARDI et al., 2001). Pode estar presente no alimento, em condições ideais

entre 4 e 6 horas (FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY, 2005), em ambiente aeróbio a

produção destas toxinas ocorre mais rapidamente que em condições

anaeróbias(JAY, 2005).

Page 122: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

22

A intoxicação por Staphylococcus só ocorre quando a toxina encontra-se pré-

formada no alimento (LANCETTE; BENNETT, 2001). Para a enterotoxina ser

produzida em quantidade detectável em 200g de embutido seco, são necessários

contaminação acima de 105 células/ g durante a produção e acima de 2x 106 em

produto pronto ao consumo (NISKANEN; NURMI, 1976).

As enterotoxinas resistem a temperaturas elevadas (FRANCO; LANDGRAF,

2005; JAY, 2005; PARDI et al., 2001; SILVA; GANDRA, 2004), fator extremamente

importante, por a maioria dos produtos processados passam por algum tipo de

tratamento térmico, o que não inativa a toxina quando presente no alimento

(FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Em condições favoráveis, o processamento de alimentos ao eliminar outros

microorganismos, permite a este gênero seu desenvolvimento sem obstáculos,

produzindo rapidamente a toxina (PARDI et al., 2001).

Em alimentos processados, podem ser fontes de contaminação: o homem, os

animais, o ambiente. A contaminação poderá ocorrer após o tratamento térmico na

indústria ou em ambiente domiciliar, devido a manipulação e/ou refrigeração

inadequada. A produção da enterotoxina é favorecida, quando o alimento se

encontra em ambiente com temperatura adequada para o desenvolvimento do

Staphylococcus aureus. Quando o alimento é submetido a elevadas temperaturas

capazes de eliminar o S. aureus, e a sua presença é detectada posteriormente

pode-se afirmar que a contaminação ocorreu pela pele, boca, fossas nasais e mãos

dos manipuladores. Sanitização deficiente e controle de temperatura inadequado

durante o processo de fabricação de um alimento podem resultar em números

elevados de S. aureus (LANCETTE; BENNETT, 2001).

Algumas medidas podem ser tomadas a fim de prevenir o desenvolvimento

destes microorganismos nos alimentos. Entre estas, destacam-se: higiene rigorosa

durante todo o processo de fabricação do alimento na indústria e domicílio, manter o

alimento devidamente refrigerado antes do consumo, realizar tratamento térmico

com temperatura acima de 60ºC, evitar a manipulação por funcionários que

apresentem diarréia ou infecções respiratórias, realizar adequado controle de

moscas e vetores, capacitação de funcionários em relação à higiene pessoal (JAY,

2005; PARDI, 2001).

Page 123: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

23

2.2.2 Coliformes Totais

Os coliformes são bactérias Gram-negativas, não formadoras de esporos,

aeróbias ou anaeróbias facultativas, fermentadoras de lactose (KORNACKI;

JOHNSON, 2001). Podem se desenvolver em temperaturas entre -2ºC e 50ºC,

porém a 5ºC este crescimento é muito lento. Crescem em faixa de pH de 4,4 a 9,0 e

mesmo na presença de sais biliares, os quais inibem o desenvolvimento de

bactérias gram-positivas (JAY, 2005). Basicamente este grupo é formado por

bactérias dos gêneros: Enterobacter, Escherichia, Citrobacter e Klebsiella (FRANCO;

LANDGRAF, 2005; JAY, 2005). Somente a Escherichia coli possui habitat primário

no trato intestinal humano e em animais de sangue quente (FENG; WEAGANT;

GRANT, 2002; FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY, 2005), os demais podem ser

encontrado nas fezes, porém encontram-se também no ambiente como vegetais e

terra. Portanto a detecção de coliformes totais em um determinado alimento não

indica a presença de fezes, nem a presença de enteropatógenos (FRANCO;

LANDGRAF, 2005).

2.2.3 Coliformes Termotolerantes

Pertencem a este grupo os coliformes totais que fermentam a lactose e

produzem ácido e gás em 48 horas a uma temperatura de 44,5-45,5ºC. Este grupo é

formado basicamente por bactérias entéricas como a E. coli e Klebisiella spp (FENG;

WEAGANT; GRANT, 2002).

A E. coli é um bastonete Gram-negativo, não esporulado, anaeróbio

facultativo, podendo fermentar a glicose e a lactose, produzindo ácidos e gases

(BRENNER, 1984).

A E. coli é o único indicador confiável de uma contaminação fecal recente, indicando

condições inadequadas de higiene, durante o processamento dos alimentos, pois

seu habitat de crescimento é reconhecidamente fecal (SILVA, 2002; FENG;

WEAGANT; GRANT, 2002).

Page 124: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

24

Manipulação inadequada, higiene deficiente durante processo de produção,

equipamentos não sanitizados, ou contaminação pós-produção são as causas de

elevada contagem de E. coli em um alimento (TILDEN JUNIOR et al., 1996).

Pessoas imunodeprimidas são alvos de infecção por E. coli, visto que a

maioria das estirpes são microorganismos oportunistas, não patogênicos, porém

algumas cepas são capazes de causar infecção em hospedeiros saudáveis,

causando problemas gastritestinais (FENG; WEAGANT; GRANT, 2002).

Em temperaturas acima de 60ºC em poucos segundos, a E. coli é destruída,

porém esta apresenta resistência durante longo período de tempo em temperaturas

de refrigeração (GERMANO; GERMANO, 2001).

São classificadas em seis grupos, as linhagens patogênicas de E. coli. Sendo

estes: E. coli enteropatogênica clássica (EPEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E.

coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enterro-hemorrágica (EHEC), E. coli

enteroagregativa (EAggEC) e E. coli difusamente aderente (DAEC). A cepa mais

virulenta, que produz a forma enterohemorrágica de infecção é a E. coli H7:157.

Esta bactéria, quando em alimentos, promove surtos de colite hemorrágica. O

agravamento da doença depende das características da cepa envolvida como

patogenicida e virulência, além de fatores intrínsecos do indivíduo como estado

imune e idade (GERMANO; GERMANO, 2001).

2.2.4 Salmonella spp

A Salmonella é uma bactéria Gram-negativa, caracterizada por reduzir o

nitrato a nitrito. São anaeróbias facultativas e apresentam metabolismo respiratório e

fermentativo (BRENNER, 1984). Este gênero é composto por duas espécies:

entérica e bongori. Estas por sua vez, apresentam cerca de 2324 sorovares (JAY,

2005), todos de importância a saúde pública em animais e humanos (ANDREWS et

al., 2001).

Este gênero pode se desenvolver de maneira ideal na faixa de 35-37ºC de

temperatura, entretanto, observa-se o crescimento destas bactérias em meio, com

temperatura mínima e máxima de até 5ºC e 47ºC, respectivamente (FRANCO;

LANDGRAF, 2005). Concentrações de 9% de sal não são toleradas por estes

Page 125: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

25

microorganismos, o nitrito tem papel inibidor sobre o crescimento destes, quando

presente no meio. O pH ótimo para multiplicação é neutro (7,0), valores acima de 9,0

ou abaixo de 4,0, destroem estas bactérias (FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY,

2005). A atividade de água deverá ser acima de 0,94, quando em pH neutro. Neste

valor de Aw e pH, a Salmonella spp torna-se inibida (JAY, 2005), embora seja

encontrada por mais de um ano em alimentos com baixo índice de Aw, como a

gelatina em pó e a pimenta (GERMANO; GERMANO, 2001).

Este gênero é classificado mediante a composição dos antígenos presentes

na superfície podendo ser somáticos (O), capsulares (Vi) ou flagelares (H)

(FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY, 2005).

A infecção ocorre mediante a ingestão de uma determinada carga bacteriana

presente no alimento (JAY, 2005), podendo a doença se agravar dependendo de

alguns fatores como a cepa envolvida, dose infectante, virulência da bactéria, a

idade e estado de saúde do hospedeiro (TRABULSI; TOLEDO, 1998; PARDI et al.,

2001). As doenças, quando causadas por bactérias do gênero Salmonella spp,

podem ser subdivididas em 3 grupos. A febre tifóide causada pela Salmonella tiphy,

as doenças entéricas ocasionadas pela Salmonella paratyphi (A, B e C) e as

salmoneloses ou enterocolites provenientes dos demais microorganismos deste

gênero (FRANCO; LANDGRAF, 2005; TRABULSI; TOLEDO, 1998).

Estes microorganismos são encontrados em abundância no trato intestinal

dos animais, principalmente de aves e suínos (reservatório natural), porém o gênero

Salmonella spp é encontrado amplamente na natureza (FRANCO; LANDGRAF,

2005; JAY, 2005). Os alimentos mais contaminados por estas bactérias são os ovos,

carne (de frango, suína e bovina) e alimentos cárneos processados (CDC, 2006;

FRANCO; LANDGRAF, 2005; JAY, 2005). Alimentos provenientes de leite cru, ou

inadequadamente pasteurizado, geralmente apresentam contaminação por

salmonelose (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Cerca de 5% dos infectados, após a cura, desenvolvem papel de portador

assintomático, disseminando o agente. Embora a Salmonella spp seja rapidamente

eliminada do trato gastrointestinal (JAY, 2005). Este gênero poderá acometer em

número, desde um indivíduo a milhares de pessoas, caracterizando um surto

(FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Algumas medidas diminuem a resistência destas cepas. Entre entas medidas

estão: pasteurização do leite, higiene durante o abate, tratamento de efluentes e

Page 126: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

26

dejetos de origem animal, Boas Práticas de Fabricação durante a manipulação dos

alimentos, como tempo e temperatura necessários para cocção e conservação dos

alimentos e prescrição adequada de antimicrobianos ao homem e aos animais

(GERMANO, GERMANO, 2001). O tratamento térmico (calor) possui grande

eficiência sobre a destruição desta bactéria. A presença de sacarose, por exemplo,

permite duplicar a resistência da Salmonella typhimurium, quando submetido ao

cozimento (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

2.2.5 Enterococcus spp

São bactérias Gram-positivas, anaeróbias facultativas, produzem fermentação

como resultado de seu metabolismo (HOLT et al., 1994). De interesse para a

microbiologia de alimentos, as bactérias mais encontradas são a Enterococcus

faecalis e Enterococcus faecium (HARTMAN; DEIBEL; SIEVERDING, 2001; JAY,

2005). Podem sobreviver a tratamentos térmicos como a tradicional pasteurização.

Estes microorganismos demonstram certa resistência ao calor (HARTMAN; DEIBEL;

Enterococcus spp SIEVERDING, 2001).

Suportam concentrações de até 6,5% de cloreto de sódio. Para ótimo

desenvolvimento dos Enterococcus spp é necessário pH de 9,6 . Observa-se

crescimento em ampla faixa de temperatura (10ºC – 40ºC), porém a temperatura

ideal de desenvolvimento é de 37ºC (HOLT et al., 1994), no entanto, algumas

espécies de E. faecalis e E. faecium podem crescer a 50ºC (JAY, 2005).

O gênero Enterococcus spp encontra-se no trato intestinal de diversas

espécies animais, porém em menor número e especificidade, que os coliformes

termotolerantes. Por estar em número elevado em diversos ambientes, o uso deste

gênero Enterococcus spp como parâmetro de qualidade sanitária nos alimentos,

possui certas restrições, pois embora esteja presente nas fezes de muitos animais,

os não pertencem somente ao trato intestinal. São microorganismos de difícil

isolamento e não possuem estreita relação com os patógenos alimentares

intestinais. Sob condições adversas, como dessecamento, congelamento e cura, os

enterococcus apresentam sobrevida maior que os coliformes termotolerantes

(GIRAFFA, 2002; HARTMAN; DEIBEL; SIEVERDING, 2001; JAY, 2005).

Page 127: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

27

A presença de enteroccocus spp nos alimentos indica deficiência de higiene

durante a produção de alimentos ou exposição do alimento a condições que

permitam a multiplicação deste microorganismo, embora não se possa afirmar,

exclusivamente, a presença de contaminação por fezes (FRANCO; LANDGRAF,

2005).

Page 128: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

28

3 ALIMENTOS CÁRNEOS FERMENTADOS

Os produtos cárneos fermentados, curados e maturados não passam por

processo de cozimento durante sua produção e, por esta razão, faz-se necessário a

presença de obstáculos que impeçam o crescimento e multiplicação de bactérias

patogênicas de importância para a saúde humana. Esses obstáculos, que impedem

o desenvolvimento dessas bactérias, podem ser representados por parâmetros

físico-químicos anteriormente descritos, como o pH, a Aw (atividade de água), e

parâmetros microbiológicos, como a cultura pura adicionada, entre outros

(LEISTNER & GORRIS, 1994).

A copa é caracterizada como um produto curado, maturado e dessecado,

em relação ao comércio, deverá apresentar certo padrão físico-químico de qualidade

com valor máximo de 0,90 de aw e 40% de umidade, de acordo com o regulamento

técnico de qualidade e identidade para produtos cárneos (BRASIL, 2000).

A maioria dos produtos cárneos fermentados apresentam pH menor que 5,

não necessitando de refrigeração, sendo portanto armazenados à temperatura

ambiente, pois há estabilidade (SABATAKOU et al., 2001). As bactérias

caracterizadas como patogênicas, que possuem a capacidade de desencadear

algum desequilíbrio no organismo, provocando doença, em sua grande maioria

desenvolvem-se bem em valores maiores de aw, entre 0,99 a 0,98 (CARRASCOSA

& CORNEJO, 1989), porém valores abaixo de 0,93 de aw servem de impedimento

ao desenvolvimento da maioria das bactérias pertencentes à família

Enterobacteriaceae (MARÍN et al., 1996). Contribuem também para a estabilidade

de um produto cárneo curado fermentado, curados e maturados, a quantidade de

umidade que o produto apresenta, a concentração dos íons cloretos e nitritos,

durante todo o processo de fabricação e armazenamento (TERRA et al., 2004). Para

exercerem ação antioxidante, a quantidade de nitrito no produto deverá permanecer

entre 20 e 50ppm, níveis entre 80 e 150ppm passam a apresentar função

conservante em produtos cárneos (LÜCKE, 2000; ZANARDI et al., 2004).

A família Microccocaceae é representada por bactérias envolvidas no

processo de formação de sabor, aroma e cor, de diversos produtos cárneos

fermentados, entre estas bactérias merece destaque o Staphylococcus xylosus

(GARCÍA et al., 1995), pois além desta função, por meio de mecanismo competitivo,

Page 129: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

29

inibe o crescimento e multiplicação de determinadas bactérias patogênicas (PINTO,

1996).

De forma geral, os embutidos cárneos fermentados passam por processos

quem envolvem duas etapas: uma rápida fermentação inicial com posterior

desidratação parcial, podendo ser embutidos em envoltórios naturais ou artificiais,

defumados ou não. A refrigeração para esse tipo de produto é dispensada devida a

grande estabilidade adquirida ao longo dos processos, se comparados com os

demais produtos cárneos. Esses produtos são fruto da agregação de fatores que

atuam impedindo o crescimento microbiano indesejável (FROSI, 2002).

A fermentação microbiana produz determinados ácidos que conferem sabor

forte e picante, característico dos embutidos cárneos fermentados (PRICE;

SCHWEIGERT, 1994).

Page 130: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

30

4 DEFINIÇÃO DA COPA

Entende-se por Copa, o produto cárneo industrializado, obtido a partir do

corte íntegro de uma carcaça suína, denominado de nuca ou sobrepaleta,

adicionado de ingredientes, maturado, dessecado, defumado ou não (BRASIL,

2000).

A composição e requisitos encontrados em BRASIL (2000) inerentes à

produção da Copa estão listados abaixo:

Ingredientes Obrigatórios: Carne de Suíno (nuca ou sobrepaleta), sal,

nitrito e/ou nitrato de sódio e/ou potássio.

Ingredientes Opcionais: Açúcares, condimentos, aromas, especiarias e

aditivos intencionais.

Coadjuvantes de Tecnologia: Cultivos Iniciadores (starters)

Características Sensoriais: Textura, coloração, sabor e odor

característico.

Cor: De tonalidade avermelhada, com gordura esbranquiçada

entremeada, podendo apresentar pontos de condimentos visíveis ao corte.

Para ser industrializado, o produto deverá seguir determinado padrão para

as características físico-químicas: Atividade de água Aw (máximo de 0,90); Umidade

(máximo de 40 %); Gordura (máximo de 35 %); Proteína (mínimo de 20 %).

Abaixo, aparecem listados alguns fatores essenciais de qualidade para a

copa:

Tempo de maturação/dessecação: Depende do processo tecnológico

empregado.

Acondicionamento: O produto deverá ser embalado com materiais

adequados para as condições de armazenamento e que lhe confiram uma

proteção apropriada.

Aditivos e Coadjuvantes de Tecnologia/Elaboração: De acordo com a

legislação vigente, não é permitido a adição de fosfatos.

Page 131: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

31

Contaminantes: os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem

estar presentes em quantidades superiores aos limites estabelecidos pelo

regulamento vigente.

A RDC de nº12 (BRASIL, 2001) da ANVISA, com a finalidade de melhorar a

qualidade sanitária de produtos destinados ao consumidor, estabeleceu

determinados padrões microbiológicos a serem obedecidos. A copa é qualificada

como carne maturada, para este alimento seguem os seguintes parâmetros:

Coliformes termotolerantes a 45ºC - tolerância para amostra significativa:

103 /g

Staphylococcus spp coagulase positiva - tolerância para amostra

significativa: 5X 103 /g

Salmonella spp - tolerância para amostra significativa: ausência/25g de

amostra

4.1 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA COPA

A copa é produzida a partir de uma carcaça suína resfriada, devidamente

inspecionada, tendo a sua temperatura variando entre 0ºC a +7ºC, que foi submetida

posteriormente a uma câmara de resfriamento (0ºC) para realizar a desossa. A

desossa de uma carcaça suína deverá ser conduzida em local próprio para tal

atividade. Este local deverá ser climatizado com temperatura a +10ºC, devendo

proceder além do corte da sobrepaleta suína, os demais cortes técnicos tradicionais.

O corte da sobrepaleta suína é constituído de massas musculares que estão

inseridas nas vértebras cervicais, desde a borda anterior da 1º costela, dorsal à

paleta. Este corte in natura é classificado como um dos cortes mais saborosos e

econômicos. Possui maior teor de gordura que outros cortes nobres suínos, isto se

reflete no seu sabor e maciez. A sobrepaleta é formada por diversos como o

trapézio, omotransverso, braquicefálico, rombóide, serrato ventral, esplênio, longo,

oblíquo da cabeça, multífido, cervical, semiespinhal cervical, intertransversos

cervicais, retos da cabeça, escaleno e longo do pescoço.

Page 132: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

32

Para a fabricação da copa é necessário reparar este corte técnico. O

responsável pela desossa deste corte, realiza a apara da carne, retirando a gordura,

tendões e nervos que porventura estejam aderidos à superfície dessa peça cárnea.

Além disso, o funcionário responsável pela desossa realiza o corte seguindo

determinado padrão para a uniformidade do lote do produto. A copa possui seu peso

padrão, podendo variar entre 1,0kg a 1,5kg.

A partir da desossa, a próxima etapa é denominada de salga ou cura.

Inicialmente são pesados todos os ingredientes que farão parte de um mix que será

adicionado à carne. Entre estes ingredientes estão:

Sal

Cura para salame (sal refinado e nitrito de sódio)

Glutamato Monossódico

Glicose

Alho em pó

Noz Moscada

Canela em pó

Cravo em pó

Pimenta branca

Eritorbato de sódio

Cada um destes ingredientes possui uma função durante o processo de

salga e demais processos posteriores, esta função será discutida mais adiante. O

cálculo de ingredientes, a ser utilizado para a salga, geralmente é realizado para

cada 100 kg de sobrepaleta in natura. Por último, acrescenta-se a todos os demais

ingredientes, a cultura pura denominada de cultura starter. Esta cultura está

disponível comercialmente na forma liofilizada e possui como veículo a lactose

(TERRA, 1998). A cultura utilizada para a fabricação de embutidos fermentados é

composta pelos microorganismos Staphylococcus carnosus. Esta cultura promove

uma acidificação relativamente rápida e desejada. A cultura é recomendada para a

produção de tipos tradicionais do Norte da Europa de fermentado, enchidos com

uma nota de sabor amargo. Cada pacote de 25 gramas desta cultura starter é

suficiente para a fermentação de 100 quilos de carne. Juntamente com os outros

Page 133: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

33

ingredientes a cultura pura será misturada e cada sobrepaleta será envolta e

recoberta por estes ingredientes. Este processo de salga deverá ser realizado em

ambiente com temperatura controlada com no máximo de 10ºC. Após todas as

sobrepaletas haverem sido temperadas, estas serão colocadas em caixas plásticas,

cobertas por plástico, a fim de eliminar a contaminação deste produto, para então

serem deslocadas para a câmara de salga com temperatura controlada de 4ºC. Na

câmara de salga as peças inteiras permanecerão neste local por cinco dias, para

posterior ressalga. Na ressalga, as peças são retiradas da câmara e dependendo da

empresa que produz o produto poderá ser salgada novamente ou não, com outros

condimentos.

Na empresa Juliatto e Foggiatto Cia LTDA, durante o processo de ressalga

não se adiciona novos ingredientes, pois a referida empresa prefere o sabor do

produto final com apenas os ingredientes acrescentados durante a salga. Alguns

testes foram realizados, por parte da empresa, que constatou que acrescentar

novos ingredientes durante a ressalga, promovia um sabor extremamente salgado,

não agradando o consumidor deste embutido. Portanto no processo de ressalga, só

são retiradas as peças de dentro das caixas e reviradas de modo com que a carne

seja novamente massageada e os ingredientes possam entrar em contato com toda

a peça. Sendo novamente recobertas por plástico e levadas à câmaras de salga,

aonde permanecem por mais cinco dias.

Com o término do período de ressalga, a sobrepaleta temperada é retirada

da câmara de salga, seguindo para processo de lavagem das peças. Nesta lavagem

realizada com água em temperatura ambiente, as peças são submersas a fim de

retirar os condimentos aderidos à superfície da carne. Após a lavagem, a

sobrepaleta curada será envolta inicialmente por tripa artificial de celulose, sendo

recoberta em todas as faces da sobrepaleta. Antigamente, a copa era recoberta pelo

peritônio, envoltório natural. O peritônio passava por uma lavagem, em tanques com

água a 20ºC, para retirada de sal e hidratação, além de ser adicionada uma solução

de ácido acético para matar os microorganismos presentes. Hoje a peça é embutida

em uma rede elástica, e amarrada com uma sequência de nós. Depois de serem

dispostas em varas, a sobrepaleta curada vai para o fumeiro tradicional. No fumeiro,

os carrinhos serão dispostos mantendo a distância padrão para adquirir

uniformidade na defumação. A temperatura no interior do fumeiro atinge entre 28ºC

Page 134: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

34

e 32ºC, permanecendo por no mínimo 20 horas, porém na referida empresa segue-

se o protocolo de 36 horas de defumação.

Terminada a defumação, o produto passará por um período de maturação,

em uma câmara com temperatura e umidade controlada. A temperatura poderá

variar entre 16ºC e 18ºC e a umidade relativa do ar ficará em torno 75% a 85%. O

sistema de ar é em circuito fechado, ou seja, só há renovação de ar no interior da

câmara, quando esta é aberta. A copa permanecerá nesta câmara por um período

de 40 a 60 dias. É neste período que a fermentação ocorre, havendo o

desenvolvimento de bactérias lácticas, fungos e bolores benéficos e necessários

para a formação do produto final característico. Qualquer contaminação na câmara

poderá por em risco o resultado esperado do produto, podendo interferir na

qualidade, reduzindo a segurança microbiológica, promovendo defeitos que

comprometam a inocuidade do produto e consequentemente a saúde do

consumidor.

Ao final da maturação, a copa será lavada com água morna (temperatura

aproximada de 50ºC), seguindo para o setor de embalagem primária, climatizado á

10ºC. Neste setor será retirado a rede elástica e a tripa artificial de celulose,

posteriormente a copa receberá embalagem plástica a vácuo, sendo então imersas

em água quente para encolhimento da embalagem plástica. A copa segue para

posterior etiquetagem e armazenagem em câmara de produtos acabados (2ºC) até

seguir para câmara de expedição (2ºC).

Page 135: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

35

5 PROCESSOS ENVOLVIDOS NA FABRICAÇÃO DE UM PRODUTO CÁRNEO

FERMENTADO

5.1 SALGA

Historicamente, o processo de cura pode ser conceituado como simples

adição de sal à carne com o objetivo de preservá-la. Com o passar dos anos,

diversas substâncias foram sendo acrescentadas. Para tanto, compreende-se a cura

em si como adição de sal (cloreto de sódio), nitrato e/ou nitrito e demais ingredientes

necessários a fim de proporcionar um sabor, aroma e coloração característicos ao

produto (CANHOS; DIAS, 1985).

Tradicionalmente, o cloreto de sódio é o principal agente de cura, este age

diminuindo a atividade de água do produto cárneo, consequentemente o meio se

torna inóspito para as bactérias manterem seu metabolismo, estas se desidratam,

além do íon cloro possuir ação tóxica sobre estas bactérias, atuando assim como

conservante. O sal em concentrações entre 2,5% a 3% possui ação flavorizante,

favorecendo ao sabor característico de um produto curado. Em produtos cárneos

fermentados como a copa, o sal adicionado na primeira etapa de processo de

fabricação do produto denominada de salga, é um dos primeiros obstáculos que

impede o crescimento de microrganismos indesejáveis na sobrepaleta suína. O sal

também possui ação sobre as proteínas miofibrilares da carne, estas na presença do

sal tornam-se solúveis, ocorrendo a difusão das mesmas. A solubilização e difusão

dessas proteínas promovem a formação de um gel que une as partículas de carne e

também une a carne com a gordura (CANHOS; DIAS, 1985; GARCIA; GAGLEAZZI;

SOBRAL, 2000; TYÖPPÖNEN et al., 2003).

Todos os processos disponíveis para a transformação e beneficiamento dos

produtos cárneos como a salga, cura e secagem da carne in natura são

considerados meios eficazes para o controle da multiplicação e crescimento

microbiano. A carne que passou por algum processo, como a carne curada, possui

uma microbiota bem diferente da carne dita fresca. Os sais de cura permitem a

criação de um microambiente na carne ou na massa carne a que auxilia certas

Page 136: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

36

bactérias gram positivas em seu crescimento, em contrapartida este microambiente

formado impede a multiplicação e crescimento da flora indesejável da carne fresca.

Esse beneficiamento de determinadas cepas bacterianas em detrimento de outras

bactérias deteriorantes e patogênicas, que ocorre durante a salga e o processo de

cura originou acidentalmente os produtos cárneos fermentados (BERAQUET, 2005).

Alguns metais em concentrações ínfimas como traços, podem ocasionar

uma diminuição na velocidade de solubilização das proteínas miofibrilares,

acelerando o processo de oxidação das gorduras. Em produtos que necessitam

passar pelo processo de salga a fim dos íons de sódio inibirem o metabolismo

bacteriano, caracterizando assim sua função bacteriostática, é recomendado uma

concentração mínima de 4,5% nos produtos cárneos (CICHOSKI; TERRA;

FREITAS, 2004).

Para entender melhor como o cloreto de sódio impede o crescimento

microbiano, parte-se do princípio que existe, em ambos os lados da membrana

celular da bactéria, a mesma quantidade de cloreto de sódio e água. O fluxo de água

é constante entre essa membrana celular por ambas as direções. Quando em

solução salina de 5%, a célula microbiana em seu interior possui maior concentração

de água que a existente no espaço extracelular (meio em que vive). Deste modo, a

difusão ocorre levando a bactéria a um processo de plasmólise, pois a água

intracelular se desloca para o meio externo da célula, acarretando assim na inibição

do crescimento microbiano e possível morte da célula bacteriana (CICHOSKI;

TERRA; FREITAS, 2004; TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

5.1.1 Nitrato e nitrito

Há milhares de anos, o homem consome carne salgada. Desde os tempos

romanos, observou-se que além da conservação que a adição do sal proporcionava

à carne, o produto salgado também apresentava uma coloração avermelhada

diferenciada da carne in natura. Acredita-se que os nitratos e sua função em

alimentos foi descoberta por acaso, através da presença desses compostos como

impureza no sal acrescentado à carne (PRICE; SCHWEIGERT, 1994).

Page 137: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

37

O nitrato e/ou nitrito possuem diversas funções nos alimentos cárneos

fermentados como o salame, a copa. São ingredientes obrigatórios no processo de

cura e quando acrescentados à matéria-prima tem por objetivo inicial a coloração

avermelhada característica da carne curada, através de inúmeras reações com a

mioglobina (proteína presente no músculo da carne). Além de conferir coloração, os

sais de cura, como são comumente conhecidos, inibem o crescimento de

determinados microorganismos patogênicos de grande importância para a saúde da

população como o Clostridium botulinum. Também auxiliam na formação do sabor e

aroma típico e protegem contra oxidação lipídica (CANHOS; DIAS, 1985;

TYÖPPÖNEN et al., 2003).

O processo pelo qual o nitrito realiza ação antimicrobiana sobre o

Clostridium botulinum pode ser explicado em estudos relatados por PRICE;

SCHWEIGERT (1994), a adição do nitrito à carne impede novas divisões posteriores

da célula vegetativa que é responsável pela produção da toxina botulínica, estas

células não formam, portanto, as colônias. Acreditava-se que o nitrito atuava inibindo

o processo de conversão de esporo em célula vegetativa.

Para a formação da coloração avermelhada característica de um produto

curado, a adição de 10 a 50 ppm de nitrito é suficiente, porém para impedir o

crescimento microbiano de microrganismos indesejáveis é necessário 150 a 200

ppm. Em embutidos curados fermentados como o salame, a copa, usa-se cerca de

125 ppm de nitrito no mínimo para controlar efetivamente a Salmonella (MONFORT,

2002).

No Japão, com o objetivo de assegurar a estabilidade dos embutidos

cárneos fermentados no período de armazenamento e também a fim de garantir a

segurança dos consumidores de acordo com os padrões que impedem o

desenvolvimento microbiano, no mínimo são acrescentados aos produtos 200 ppm

de nitrito de sódio e 3,3% de cloreto de sódio (SAMESHIMA et al., 1998;

ARIHARA;ITOH, 2000).

O nitrato não desempenha ação antioxidante, mas é extremamente

importante, pois serve como um reservatório de nitrito, quando há a redução do

nitrato à nitrito (TERRA; FRIES; TERRA, 2004). O nitrato é utilizado principalmente

na fabricação de embutidos fermentados que exigem um longo período de

maturação, a concentração varia em níveis de 200 a 600 mg/ kg, no entanto 600 mg/

kg é considerada uma quantidade excessiva em alimentos. Em produtos cujo

Page 138: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

38

período de maturação é longo e que há a necessidade de garantir a presença de

determinada concentração de nitrito até o final deste processo, recomenda-se utilizar

as culturas starter a fim de que promovam a redução do nitrato ao nitrito, quando

durante a cura for utilizado o nitrato (BERAQUET, 2005).

O nitrito atua como antioxidante, mesmo em presença do sal (NaCl). É

denominado como pró oxidante, pois o nitrito reage com o grupamento heme da

mioglobina presente no músculo. A mioglobina em sua composição química possui o

grupamento heme que contém o ferro. O ferro poderá se apresentar em duas

formas: a forma oxidada (Fe+3) se caracteriza por catalisar as reações de oxidação,

já a forma reduzida (Fe+2) não participa como catalizador da oxidação, para tanto o

nitrito mantém o íon ferro do grupamento heme da mioglobina em sua forma

reduzida (Fe+2) (PRÄNDL et al., 1994; LEMOS, 2005). Alguns compostos nitrosos

são formados, devido o nitrito funcionar como um quelante de metal. Estes

compostos possuem propriedades antioxidantes. O nitrito também promove a

conversão de proteínas heme em óxido nítrico estável (TERRA; FRIES; TERRA,

2004). O nitrito, além de agir sobre a mioglobina, atua estabilizando os lipídeos

existentes na membrana das células musculares, potencializando assim seu efeito

antioxidante sobre o produto cárneo (KRÖCKEL, 1995).

A pigmentação da carne durante a reação de cura, na presença do nitrito e

de outros subprodutos da reação deste composto, depende de inúmeros fatores que

influenciam causando alterações. São estes: fatores intrínsecos desmembrado em

pH, potencial de óxido-redução e atividade enzimática e fatores extrínsecos como

os aditivos, acidificação e aquecimento.

Em relação ao desenvolvimento da cor em produtos curados, são de

conhecimento geral diversas teorias, porém dois modelos de reação são

considerados. O primeiro modelo se baseia na ação das enzimas existentes na

carne e o segundo considera somente as reações químicas (Figura 1). Pela teoria,

baseada nas reações enzimáticas, tem se o composto nitrosomioglobina originado a

partir da ação do nitrito sobre as substâncias presentes na célula da carne. Portanto,

ao final desta etapa forma-se o pigmento nitrosomioglobina (PRÄNDL et al., 1994).

Para a formação da cor, em um produto curado, é necessário que ocorra a redução

do nitrato a nitrito, esta reação só ocorre se no meio houver a enzima nitrato

redutase produzida por bactérias presentes nas culturas starter. Estas bactérias são

representantes dos gêneros Micrococcuse Staphylococcus, pertencentes à família

Page 139: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

39

Micrococcaceae. Diversos fatores do meio influenciam na velocidade de redução do

nitrato a nitrito. O pH é um dos fatores que age diretamente na reação. Valores de

pH acima 6,2, tornam a reação bem lenta, porém valores abaixo de 5,6, acelera o

processo de redução do nitrato.

As bactérias produzem em sua membrana citoplasmática uma enzima

intracelular denominada de nitrato redutase. É por meio desta enzima que o nitrato é

reduzido a nitrito, mesmo em concentrações pequenas de oxigênio ou até mesmo

em condições anaeróbias (sem a presença de oxigênio). O nitrato serve como

aceptor de elétrons e as bactérias, através deste mecanismo, podem obter energia

para seu crescimento e multiplicação (JESSEN, 1995).

Figura 1 – Reação de cor em carnes curadas

O nitrito atua como um agente oxidante da mioglobina, esta por sua vez é a

principal proteína que confere pigmentação no momento da reação de cura.

Portanto, a reação inicial se dá quando na presença do nitrito, há a conversão da

mioglobina e oximioglobina em metamioglobina. (RIZVI, 1981; CONFORTH, 1994).

O óxido nítrico ao entrar em contato com a metamioglobina origina a

nitrosometamioglobina, esta poderá durante uma reação de redução formar

anitrosomioglobina (pigmento que caracteriza a carne curada sem ação do calor).

Esta redução pode ser observada de maneira natural na carne, sendo esta reação

mais lenta, ou quando da adição de redutores na mistura de cura (PRANDL et al.,

apud TERRA, 1998).

Page 140: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

40

A carne curada ao final de toda reação, quando em alimentos que são

submetidos ao cozimento, deve apresentar um pigmento final denominado de

nitrosohemocromo (caracterizado pela coloração rósea). Este composto é formado

pela desnaturação que ocorre da porção protéica da mioglobina, preservando a

estrutura hemo unida ao óxido nítrico. A nitrosomioglobina é formada antes do

pigmento final, quando ainda não houve a ação do calor, esta possui uma coloração

mais avermelhada, além desta cor ser menos estável que a cor do pigmento

desnaturado (nitrosohemocromo) produzido ao final da reação de cura. A coloração

do pigmento nitrosohemocromo é estável ao calor, porém em exposta à luz e

oxidações mantém-se instável (FOX; THOMPSON, 1963; FOX; ARCKERMAN,

1968; KOIZUMI; BROWN, 1971).

Page 141: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

41

Os produtos cárneos que passam por salga e desidratação necessitam no

início do processo a ação protetora do nitrito, pois os demais obstáculos que

impedem o desenvolvimento microbiano indesejável não estão estabelecidos

(CANHOS; DIAS, 1985; CICHOSKI; TERRA; FREITAS, 2004).

Em baixos níveis de pH o nitrito que possui pK de 3,29, existe na forma de

ácido nitroso não dissociado. Em valores de pH entre 4,5 e 5,5 a atividade

antibacteriana do ácido nitroso é máxima, estando o ácido nitroso em seu estado

máximo não dissociado. A adição de bactérias lácticas ao produto cárneo produz

uma fermentação, mediante a ação destas bactérias sobre os carboidratos. Esta

fermentação resulta na produção de ácidos orgânicos que reduz o pH do meio,

necessário para a conversão de nitrito em ácido nitroso (JAY, 1994).

Algumas bactérias como Clostridium necessitam em seu metabolismo uma

enzima de nome ferrodoxina, enzima ferro enxofre, não heme, que possui a função

de converter o piruvato em ATP. Esta enzima ferrodoxina torna-se carente em

condições de atuação do nitrito (JAY, 1994).

Quando o ácido nitroso for reduzido a óxido nítrico, este ocupa a sexta

posição da ligação com o átomo de ferro do anel heme da mioglobina e assim o

pigmento da carne passa para mioglobina nitrosa ou nitrosomioglobina, cuja

coloração se caracteriza por ser vermelho escura, típica dos produtos cárneos

curados crus. A nitrosomioglobina também atua efetivamente na inibição de outro

processo como a oxidação lipídica catalisada por íons ferro, cobre e cobalto, serve

basicamente como um repressor de radicais livres, dificultando a reação em cadeia

destes radicais (SILVA, 1997; TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

Com a finalidade de diminuir o tempo de cura dos produtos, adiciona-se

diretamente o nitrito, este reage rapidamente e assim há um controle mais efetivo

sobre a coloração do produto e até mesmo da quantidade de nitrito residual no

produto final (CANHOS; DIAS, 1985). O nitrito em quantidades excessivas promove

escurecimento do produto, podendo causar intoxicação ocasionando cianose. A

combinação de concentração elevada de nitrito em níveis baixos de pH pode gerar

uma coloração esverdeada ou escurecida à carne, denominada de “queima” pelo

nitrito (JAY, 1994; TERRA, 1998).

O nitrito residual presente nos alimentos cárneos fermentados, quando em

grande quantidade pode originar a produção de nitrosaminas, substâncias

cancerígenas, que se combina com aminas secundárias existentes na carne, após

Page 142: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

42

intensa proteólise que ocorre durante o processo de maturação do produto embutido

fermentado (CANHOS; DIAS, 1985).

A presença de nitrosaminas nos produtos cárneos fermentados não é

comum, graças à eficiência redutora do nitrito. As nitrosaminas se formam

intensamente, quando o produto é exposto a altas temperaturas antes do consumo.

Não sendo observada as nitrosaminas em produtos embutidos fermentados, pois

estes produtos não são expostos a altas temperaturas, inclusive tem o seu consumo

sem prévio aquecimento (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001). Com o objetivo

de evitar altas concentrações de nitrito residual nos produtos cárneos de origem

alemã, os embutidos crus só poderão ser comercializados após quatro semanas em

processo de maturação (PRÄNDL et al., 1994).

No processo de formação de cor na cura, quando o nitrito é adicionado em

quantidade suficiente e o pH encontra-se na faixa entre 5,4 a 6,0 (ideal 5,7), a

transformação da proteína da carne, a mioglobina, em nitrosomioglobina ocorre em

2/3 da quantidade total de mioglobina presente no músculo. Pode-se acrescentar em

algumas substâncias redutoras como ascorbatos que influenciam na reação,

aumentando a proporção de mioglobina participante da reação, e reduzindo

consequentemente a quantidade de nitrito necessária para este processo (PRÄNDL

et al., 1994).

No produto final, submetido a análises laboratoriais, só pode ser encontrado

cerca de 10% a 20% do nitrito que foi adicionado à carne em forma de nitrito

residual. Para a formação da nitrosomioglobina, que confere o pigmento final da

carne curada, aproximadamente 5% a 15% do nitrito são envolvidos neste processo.

Outra grande parte do nitrito liga-se à proteína não heme, de 1% a 10% são

reconvertidos a nitrato, de 5% a 15% reagem com grupos sulfidrílicos e de 1% a

15% são encontrados aderidos à fração lipídica e 1% a 5% apresenta-se na forma

gasosa (TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

A segurança microbiológica dos produtos cárneos fermentado como os

diversos salames e a copa, se baseia principalmente na ação do sal e do nitrito. O

sal diminui a atividade de água (aw) inicial, inibindo o crescimento de

microrganismos indesejáveis podendo ser estes microorganismos deteriorantes e/ou

patogênicos e favorecendo o desenvolvimento das culturas starter. O nitrito na forma

de ácido nitroso (HNO2) não dissociada possui a capacidade de atravessar a

barreira da parede celular bacteriana e interferir no metabolismo, causando diversos

Page 143: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

43

distúrbios na atividade enzimática e impedindo o crescimento das bactérias

indesejáveis (TYÖPPÖNEN et al., 2003).

Outros compostos que são adicionados à matéria-prima durante a salga

serão descritos abaixo.

5.1.2 Açúcares

Os açúcares são ingredientes praticamente utilizados na maioria dos

produtos cárneos em menor quantidade. Tem como objetivo garantir um sabor

melhor ao embutido e assim são caracterizados como agentes flavorizantes. Os sais

de cura (sal, nitrato e nitrito) ao serem adicionados à carne promovem um sabor

amargo, o açúcar serve exatamente para mascarar este sabor (CANHOS; DIAS,

1985). Além de serem fontes de energia, substrato para microorganismos existentes

na carne ou culturas adicionadas, produzirem determinados ácidos importantes na

produção dos embutidos fermentados. Algumas características decisivas do produto

cárneo fermentado como consistência, aroma, coloração e conservação dependem

do decréscimo que o pH alcançou durante a fermentação. Dessa forma, a utilização

de açúcares auxilia na obtenção de produtos com estabilidade e características

sensoriais desejáveis (CANHOS; DIAS, 1985; PRÄNDL et al., 1994).

A carne bovina e suína in natura possui teor de glicose da ordem de 4,5 e 7

μmol/ g, respectivamente, disponível para produzir ácido lático no produto cárneo

fermentado. Porém, esta quantidade oferecida como substrato na carne in natura

não é o suficiente, não gera uma queda significativa no pH deste produto. Sendo

necessário a adição de substâncias, como os carboidratos fermentescíveis a estas

carnes, a fim de conferir a acidez adequada dos embutidos cárneos fermentados

(BERAQUET, 2005).

Os açúcares influenciam sobre a coloração final do produto dependendo da

acidez gerada ao longo do processo. Pois em baixos níveis de pH (5,4 e 5,5), o

nitrito (sal de cura) reduz à óxido nítrico mais facilmente, originando por fim o

pigmento característico nitrosomioglobina de coloração vermelho escura. Os

açúcares redutores utilizados em produtos curados atuam estabilizando o ferro da

Page 144: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

44

mioglobina em sua forma ferrosa, influenciando também por este modo na coloração

do produto (PRÄNDL et al., 1994).

Nos produtos cárneos fermentados são utilizados monossacarídeos (glicose

e frutose) e dissacarídeos (sacarose, maltose e lactose), assim como hidrolisados de

amido. Os açúcares que possuem um baixo peso molecular são os mais requeridos,

pois os microorganismos metabolizam melhor e de forma mais rápida, porém cada

tipo de cultura cárnea adicionada utiliza determinados açúcares. Exemplificando o

fato dos monossacarídeos serem os mais fáceis de serem metabolizados, tem-se

que a glicose é aproveitada por todos os lactobacilos, enquanto que a sacarose é

passiva de fermentação por cerca de 80% das cepas utilizadas nas culturas e a

maltose por 29%. Porém, a maioria da flora dos embutidos crus não desdobra a

lactose, a utilização de açúcares que são menos fermentáveis produz um sabor final

do embutido levemente mais doce e menos ácido (PRÄNDL et al., 1994; MONFORT,

2002).

As bactérias lácticas que são utilizadas como culturas starter na elaboração

destes produtos cárneos fermentados produzem como seu único metabólito o ácido

láctico a partir da glicose e da lactose. Somente é recomendado o uso de lactose

quando a cultura starter possui a capacidade de desdobrá-la, pois muitas bactérias

lácticas não possuem esta habilidade. Estas bactérias láticas produzem ácido láctico

e ácido acético, a partir de pentoses como arabinose e xilose, na proporção de 10:1,

respectivamente (TYÖPPÖNEN et al., 2003).

A atividade antimicrobiana das bactérias lácticas da cultura starter depende

do teor de carboidratos adicionado à formulação dos embutidos fermentados.

Portanto, em produtos cárneos fermentados, para garantir o devido crescimento da

cultura láctica e a sua ação protetora sobre o produto, é recomendado adicionar no

mínimo de 0,75% de glicose em sua formulação (SAMESHIMA et al.,1998).

Em produtos cárneos fermentados que exigem pouco tempo de maturação,

a concentração dos açucares na formulação é menor, entre 0,5% a 0,7%.Quando se

necessita intensa queda no pH no início do processo de fermentação geralmente o

açúcar mais utilizado é a glicose por ser mais facilmente degradada. Em produtos

cujo processo envolve maturação lenta, pode-se utilizar entre 0,2% a 0,3% de

açúcares em sua formulação (PRÄNDL et al., 1994, TYÖPPÖNEN et al., 2003).

Page 145: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

45

5.1.3 Condimentos

Nos últimos anos, com o objetivo de melhorar o sabor e o aroma dos

embutidos de fermentação rápida, alguns preparados aromáticos são utilizados, pois

conferem sabor de fundo equilibrado com notas curadas, se assemelhando ao sabor

e aroma dos embutidos fermentados tradicionais. Os condimentos mais utilizados

são a pimenta branca e a pimenta preta e em menor quantidade a noz moscada e o

alho. (MONFORT, 2002).

Algumas especiarias como a pimenta vermelha, mostarda, noz moscada e

pimenta preta possuem em sua composição determinado teor de manganês que

estimulam a formação de ácido láctico pelas bactérias lácticas. Diversas reações

enzimáticas na célula microbiana necessitam da presença do manganês. O

manganês é utilizado pela microbiota láctica, sendo importante para a atividade da

enzima frutose 1,6 difosfato aldolase que influencia grandemente na glicólise

bacteriana (BERAQUET, 2005).

Algumas ervas aromáticas promovem ação antimicrobiana e antioxidante

como o alecrim, pimenta da Jamaica, cravo-da-índia e sálvia, também podem ser

utilizados como condimentos. Estes condimentos possuem determinada atividade

antioxidante devido à presença de compostos fenólicos em sua composição química

(TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

5.1.4 Glutamato monossódico

O ácido glutâmico (ou glutamato na sua forma ionizada) encontra-se na

forma natural em muitos alimentos e em organismos vivos, caracteriza-se por ser um

aminoácido não essencial. Este aminoácido pode estar presente nos alimentos na

forma ligada (componente das proteínas) e livre. Quando em forma livre, o glutamato

proporciona o quinto gosto básico Umami, que em japonês significa “delicioso”, por

ser detectado por receptores gustativos.

A descoberta e identificação do glutamato nos alimentos foi através do

químico japonês Kikunae Ikeda, este descobriu que algo comum existia entre o

Page 146: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

46

sabor de uma sopa japonesa a qual era utilizado a alga kombu e outros alimentos

como tomates, queijos e carnes em geral (NINOMIYA, 1998; YAMAGUCHI;

NINOMIYA, 2000).

Diversos estudos provaram que os alimentos cujos processos empreendiam

etapas de amadurecimento, fermentação, maturação e aquecimento, observou-se

que estes passavam por reações de hidrólise protéica produzindo grande

quantidade de glutamato livre, resultando assim em altos teores de Umami.

O glutamato é extremamente empregado na indústria alimentícia agindo

como realçador de sabor (JINAP; HAJEB, 2010). Sua forma comum mais utilizada é

através do glutamato monossódico (sigla em inglês: MSG – monosodium glutamate),

que é o sal sódico do aminoácido ácido glutâmico. O mesmo papel sensorial do

glutamato livre naturalmente nos alimentos é observado quando o MSG é

adicionado aos alimentos. A única diferença entre a molécula de ácido glutâmico e

de MSG é o sódio. Ao ser adicionado ao alimento, o MSG se dissocia, tornando-se

livre para conferir mais Umami com o objetivo de realçar e produzir harmonia entre o

sabor de caldos, sopas, molhos, embutidos cárneos, entre outros. O MSG é

produzido a partir da fermentação de açúcares provenientes da cana-de-açúcar e do

milho. Esta tecnologia é empregada até hoje, desde seu desenvolvimento no Japão

em 1956, tendo sido aprimorada ao longo dos anos (SANO, 2009).

O uso do MSG em alimentos não havia sido discutido em relação à

segurança aos consumidores até surgirem publicações que estabeleciam

determinada relação entre o consumo desta substância com determinados efeitos

adversos à saúde humana, conhecidos como “Complexo de Sintomas Relacionados

à Ingestão de Glutamato Monossódico” (conhecido como “Síndrome do Restaurante

Chinês”) e da “Obesidade Hipotalâmica” (KWOK, 1968; MONNO et al., 1995;

HERMANUNSSEN et al., 2006; HE et al., 2008). Mediante estas suspeitas, foram

desenvolvidos ao longo das décadas, diversos estudos em que o MSG foi avaliado

quanto a segurança de uso por diferentes Comitês Científicos e/ou Agências de

Regulamentação e centros de pesquisa em renomadas universidades.

O Comitê misto FAO/WHO de Peritos em Aditivos Alimentares (JECFA -

Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) em 1987, estabeleceu que o

MSG não apresenta risco à saúde do consumidor quando utilizado como aditivo

alimentar (FAO/WHO, 1988).

Page 147: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

47

Em 1958, nos Estados Unidos da América, o MSG foi classificado como

ingrediente Geralmente Reconhecido como Seguro (GRAS – Generally Recognized

as Safe), pela Agência Regulatória para Alimentos, Medicamentos e Cosméticos dos

Estados Unidos da América (USFDA – Food and Drug Administration).

Durante reavaliação, essa classificação foi mantida, através dos dados

disponíveis sobre MSG realizado em 1978 (FDA, 2006). O FDA, juntamente com a

Federação das Sociedades Americanas para Biologia Experimental (FASEB –

Federation of American Societies for Experimental Biology), em 1992, reuniu um

grupo de cientistas independentes com o objetivo de realizar uma revisão completa

sobre os dados científicos relacionados ao MSG, a fim de testar a sua segurança

(FASEB, 1995). Como aditivo em alimentos, o MSG foi considerado seguro quando

consumido, de acordo com esta pesquisa (FASEB, 1995).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil (ANVISA) toma por

base os estudos realizados pelo JECFA e FDA e não restringe a utilização do MSG

pela indústria alimentícia. Porém, recomenda-se aos fabricantes a porcentagem de

0,1% a 0,8 % no alimento pronto para consumo. Em excesso, o gosto Umami

compromete a aceitação sensorial dos alimentos em que foi adicionado

(BEYREUTHER et al., 2007; JINAP; HAJEB, 2010).

Diversas pesquisas científicas têm sido desenvolvidas, tendo como alvo o

MSG. Estas pesquisas englobam grandes áreas, relacionadas à tecnologia de

alimentos e saúde humana. Devido ao fato do MSG ser um composto amplamente

difundido indústria alimentícia, também desempenha muitas funções fisiológicas no

corpo humano. Os receptores específicos para o glutamato estão presentes na

língua, estômago e intestino (CHAUDHARI et al., 1996 e 2001;MARUYAMA et al.,

2006; NIIJIMA, 2000).

O glutamato entrando em contato com estes receptores, também

denominados de botões gustativos, passam a enviar sinais ao cérebro, que detecta

a sensação do gosto Umami. Por meio dos receptores presentes no trato

gastrointestinal, o MSG estimula uma variedade de atividades neste local. Em

estudo com cachorros, foi verificado que o MSG, precocemente, pode detectar a

presença de alimentos através de estímulos a fim de secretar suco gástrico e o

hormônio pepsinogênio (ZOLOTAREV et al., 2009).O MSG ao estimular a liberação

de mucoprotetor, reforça a defesa da mucosa gástrica, agindo contra a ação de

microorganismos, como o Helicobacter pylori (AKIBA et al., 2009). Em cães,

Page 148: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

48

verificou-se a ação do MSG sobre a motilidade intestinal, acelerando o

esvaziamento gástrico, favorecendo a digestão de alimentos protéicos (TOYOMASU

et al., 2010).

5.1.5 Eritorbato de sódio

O eritorbato de sódio, também denominado de ácido isoascórbico,

juntamente com o ácido ascórbico (vitamina C), e seus sais são muitos utilizados

com o objetivo de melhorar e reter a cor em produtos submetidos à reação de cura.

A adição de ascorbatos (ascorbato, ácido isoascórbico, eritorbato), melhora a

coloração dos produtos, tornando-a mais estável. Estes sais aceleram a cura através

de dois possíveis mecanismos: redução da metamioglobina em mioglobina e reação

com nitrito produzindo óxido nítrico (DRAUDT; DEADTHERAGE, 1956; REITH;

SZAKALY, 1967A; TELLEFSON et al., 1982; WESLEY et al., 1982; JUDGE et al.,

1989).

Como estes ácidos reduzem a metamioglobina à oximioglobina, o tempo

para a reação de cura torna-se menor. Quimicamente, em determinadas condições,

o nitrito e o ácidoascórbico ou eritorbato de sódio podem reagir entre si. É bem

provável, que sua principal ação seja um aumento significativo de produção de óxido

nítrico, sendo esta quantidade obtida a partir do ácido nitroso, superior a quantidade

normalmente atingida.

HNO2 + ácido ascórbico → NO + ácido dehidroascórbico + H2O

Quando são adicionados à massa que passará por processo de emulsão, o

tratamento térmico poderá ser realizado de imediato, adquirindo coloração de cura

uniforme por toda a massa. Se os ascorbatos não forem adicionados, as reações de

cura deverão acontecer em seu tempo real, sem ser acelerada.

A adição direta do ácido durante a cura não é recomendada, pois reações

prematuras com o HNO2 podem ocorrer, liberando NO (óxido nítrico) e

consequentemente com a perda desse óxido, o pH cai bruscamente devido a

presença do ácido, para tanto recomenda-se o uso do seu sal, o ascorbato ou

Page 149: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

49

isoascorbato. Em produtos cárneos embutidos, submetidos ao processo de emulsão,

o ácido poderá promover a “quebra da emulsão” do produto.

O eritorbato de sódio (isoascorbato de sódio) por ser um isômero do

ascorbato de sódio, tem o seu uso recomendado por ser mais econômico e realizar

a mesma função que o ascorbato de sódio.

Page 150: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

50

6 DEFUMAÇÃO

A defumação é uma técnica antiga e tradicionalmente são reconhecidas três

razões para se defumar a carne, são estas o efeito preservativo, a aparência gerada

e o flavor produzido. Abaixo na tabela são identificados alguns dos 250 compostos

químicos encontrados na fumaça (Tabela 1).

Tabela 1 – Principais produtos da fumaça

A carne defumada está menos sujeita à contaminação que a carne não

defumada, por uma combinação de fatores. Um destes fatores é a desidratação

superficial causada pela defumação, pois esta priva os microrganismos de umidade

essencial para o crescimento.

Os compostos fenólicos e formaldeído depositado como material resinoso na

carne, também possuem propriedades bacteriostáticas e os fenóis providenciam

também alguma proteção contra oxidação de gordura.

As técnicas modernas de processamento como chuveiro de água fria e

exposição de extensivas áreas não defumadas pelo fatiamento de produtos

previamente defumados decresce grandemente o efeito protetor da fumaça. Porém

os processos sanitários, refrigeração e embalagem a vácuo, fazem com que a

Page 151: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

51

defumação tenha menor importância com a finalidade de preservação (ROÇA,

2000).

A defumação também produz cor característica à carne, pois são os

pigmentos dos componentes da fumaça e a formação das resinas que contribuem

para a formação da coloração. A textura superficial também é alterada e resulta do

efeito de secagem da fumaça.

A coloração enegrecida (causada pelo excessivo acúmulo de substâncias de

alcatrão) durante a defumação não é a desejável, é produzida pela reação dos

compostos da fumaça com as proteínas da carne.

Alguns compostos da fumaça variam grandemente contribuindo para o

flavor. Porém alguns compostos podem reagir com a carne para formar ou outros

compostos flavorizantes. Para o desenvolvimento do flavor, alguns fatores

ambientais podem interferir tais como: temperatura e tempo.

O flavor característico e rico, pungente, aromático é resultado de uma

combinação de muitos constituintes individuais do flavor como ácidos orgânicos,

fenóis e compostos de carbonilo, e menos desejáveis como cetonas.

Fisicamente a defumação atua em duas fases: a fase de deposição de

partículas e a fase de vapor que representa uma alta porcentagem da deposição

total de fumaça. O aroma e o sabor característicos são amplos produtos da fase de

vapor.

A fumaça contém diversos componentes químicos, a sua composição

descende do tipo de madeira utilizada, temperatura desenvolvida, circulação de ar e

também variações nas condições de produção de fumaça.

Se a madeira utilizada para a defumação de carnes for dura, esta poderá

conter 20-30% de hemicelulose e 40-60% de celulose. Se a temperatura estiver

abaixo de 250ºC ocorre ligeira decomposição da madeira que liberam pequenas

quantidades de substâncias voláteis. Nas temperaturas entre 250 a 315ºC, a

hemicelulose e a lignina se decompõem rapidamente, resultando na produção da

fração pirolenhosa que contém ácido acético, metanol e muitos compostos orgânicos

(ROÇA, 2000).

Compostos fenólicos e alcatrão são produzidos da lignina à temperaturas

excedendo 315ºC. Por isso a temperatura em que há um balanço desejável dos

componentes da fumaça é entre 315 a 350ºC. A composição e os compostos no ar

podem mudar completamente após o depósito e reação com a carne.

Page 152: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

52

A produção de fumaça natural é produzida por fricção ou queima de

serragem. No sistema de fricção, um tronco de aproximadamente um metro de

comprimento e 15 cm de largura é mantido verticalmente, com a fricção de uma

placa na sua superfície a razão de 1700 rpm. Um sistema de pesos no topo da

madeira regula o grau de fricção e a densidade da fumaça produzida. O maior custo

da madeira em relação à serragem, o barulho da operação e a demanda para

manutenção mecânica é compensada pela conveniência, limpeza e facilidade de

mecanização (ROÇA, 2000)

A queima de serragem é bem popular. A serragem úmida e verde é a

preferida, por razões de densidade e composição da fumaça.

Baixa umidade (10-15%) cria uma maior temperatura de queima, 25 a 30%

de umidade estabelece uma temperatura menor e uma fumaça mais densa.

Aumentando o volume e a velocidade do ar aumenta o volume da fumaça. Em

determinadas circunstâncias, lascas de madeira dura substitui a serragem. A

deposição da fumaça poderá ocorrer de diversas maneiras. Quando a circulação é

realizada de forma natural, nas câmaras de defumação, a fumaça flui do fundo para

o teto, esta forma ainda limita a defumação, porém ainda permanece em uso. Alguns

fatores atmosféricos podem influenciar a eficiência da defumação sendo estas: alta

umidade ou de corrente de ar. Uma pobre corrente de ar causa distribuição desigual

da fumaça na câmara e varia o grau de deposição de fumaça na superfície da carne

(ROÇA, 2000).

Quando a circulação ocorre de forma forçada, a deposição da fumaça sobre

a carne é mais rápida e concomitantemente controlar a temperatura e umidade na

câmara torna-se possível.

A tecnologia atual permitiu a criação de flavorizantes de fumaça, ou a

chamada fumaça líquida. A fumaça líquida possui as seguintes vantagens: a

aplicação ocorre de forma uniforme, pode se controlar a intensidade do flavor, é

conveniente, a fumaça pode ser fracionada e somente os constituintes desejáveis

podem ser utilizados, a distribuição do flavor através da carne não é limitado à

superfície, o investimento utilizado no equipamento da fumaça é menor, o ciclo para

a defumação é reduzido a segundos, diminuição em quantidade de produtos

perdidos na atmosfera, e decréscimo do trabalho requerido.

A fumaça líquida pode ser produzida a partir do condensamento do vapor da

fumaça da madeira em líquido contendo os flavorizantes ou por outro processo em

Page 153: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

53

que o vapor é passado por um filtro de água que extrai os flavorizantes de fumaça.

Neste método a fumaça flui através da corrente de água e então são extraídos os

ácidos da fumaça. Mantendo-se a acidez baixa, a solubilidade e captação do

alcatrão e compostos amargos derivados do fenol serão baixas.

Existe a possibilidade de obter os flavorizantes de fumaça a partir da síntese

dos compostos desejáveis, este processo pode ser até mesmo mais econômico. A

partir deste método, ainda não foi obtido flavors aceitáveis, por isso, os mesmo são

identificados como imitação de flavorizantes de fumaça.

Pela utilização de fumaça líquida, sua força poderá ser controlada por

diluição em água, óleo ou vinagre. Como métodos de aplicação poderá ser utilizado

a pulverização ou imersão. O tempo de exposição da fumaça líquida sobre o produto

determinará a intensidade de defumação. A fumaça poderá ser adicionada na

solução de cura, nos ingredientes codimentares, a fim de dispersar o flavor através

do produto.

Page 154: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

54

7 FERMENTAÇÃO

Desde a Antiguidade, dos tempos de Homero em 850 a.C. , são utilizados

diversos processos como salga, defumação e fermentação, em produtos cárneos

cujo objetivo era a conservação para posterior consumo.

No início das primeiras civilizações, a salga era utilizada para esta finalidade

principal. Tradicionalmente, as peças eram salgadas completas ou em grandes

pedaços de carne, cortando-as em peças menores para ressalga e condimentação

desses pedaços recortados, após todo este processo, estes pedaços menores eram

embutidos em envoltórios flexíveis com a finalidade de tornar o processo de

conservação mais rápido (FROSI, 2002; BERAQUET, 2005).

A carne é um produto extremamente perecível com período de vida útil muito

curto, devido a grande quantidade de proteínas e alto teor de água, somente através

do emprego de técnicas de conservação a carne poderá ser preservada. A

fermentação é um dos métodos mais utilizados e efetivos para conservação da

carne, porém não se utiliza este método isoladamente. Geralmente uma gama de

processos é associada com o objetivo de preservação da carne, são estes:

fermentação, desidratação e salga.

Todas essas ferramentas tradicionais, para conservação, são utilizadas há

centenas de anos, antes mesmo da compreensão científica sobre qual a ação estas

técnicas agiriam sobre o tecido muscular (CAMPBELL-PLATT, 1995).

Todo o processo que envolve a fermentação cárnea é caracterizado como

dinâmico, pois ocorrem inúmeras alterações bioquímicas, biofísicas e

microbiológicas no interior do produto. Visando melhorar a qualidade dos produtos,

nos últimos anos tem-se estudado e monitorado esse processo empregado há

tantos anos para a conservação da carne (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001).

Por ser a fermentação uma das técnicas mais antigas utilizadas para

conservar os alimentos, a fermentação, no passado, era basicamente um resultado

multiplicação da microflora natural da carne e do ambiente de forma espontânea.

Porém, este processo agindo descontroladamente sobre o produto cárneo poderá

produzir produtos de qualidade inferior ou até mesmo oferecer insegurança

alimentar para o consumidor (ESSID et al., 2007).

Page 155: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

55

7.1 MATURAÇÃO OU FERMENTAÇÃO

O processo de maturação ou fermentação baseia-se em manter o produto

cárneo por determinado período de tempo em um ambiente com controle efetivo de

temperatura e umidade relativa do ar. É neste período em que algumas

características típicas de um produto fermentado são produzidas como

desenvolvimento do aroma, algumas alterações de textura, dessecamento,

endurecimento do produto e término das reações de cura (FORREST et al., 1979).

A fermentação é considerada, por muitos autores, a etapa do processo de

fabricação mais importante dos produtos embutidos fermentados como o salame e a

copa. Pois é nesta etapa que os processos bioquímicos, microbiológicos e físicos

ocorrem e promovem por consequência, a coloração final do produto,

desdobramento e transformação de proteínas, gorduras e hidratos de carbono

presentes no embutido. Os produtos embutidos crus maturados possuem odor e

sabor característicos devido aos produtos de degradação produzidos nesta etapa.

As características de um produto maturado como o flavor típico, levemente picante,

textura própria e conservação sem refrigeração, deve-se a queda do pH pela

produção de ácido láctico durante esse período no embutido (GARCIA; GAGLEAZZI;

SOBRAL, 2000).

A maturação empreende um processo que poderá ser rápido ou lento,

dependendo das substâncias adicionadas à matéria-prima. Em um processo rápido

utiliza-se diretamente o nitrito à carne. Substâncias como o ácido ascórbico e o

glucona-delta-lactona acidificam o meio, ocorrendo a cura da carne de modo

exclusivo por reações químicas. Essa acidez produzida por estes ingredientes faz

com que os níveis de pH se reduzam à 5,0 - 5,3, coincidindo com o ponto isoelétrico

das proteínas da carne, o que permite uma rápida liberação de água do produto,

reduzindo a atividade de água (Aw).

Além de conferir sabor tipicamente ácido aos produtos cárneos fermentados,

a acidificação desnatura as proteínas miofibrilares e sarcoplasmáticas,

transformando-as de estado SOL para estado GEL, que permite a este produto ser

Page 156: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

56

fatiado, sem que ocorra a desintegração das fatias (FERNÁNDEZ et al., 2000;

LISAZO; CHASCO; BERIAIN, 1999; TERRA, 1998; TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

Em alimentos como os salames e a copa, o processo utilizado é lento, inicia-

se pela ativação dos microrganismos starters ou iniciadores que promovem a

redução de nitrato em nitrito. O pH ótimo para essa transformação ocorre entre 5,6 a

6,0. Em níveis de pH de 5,4, a redução de nitrato à nitrito começa a não ocorrer

mais, o processo torna-se inativado. É importante ressaltar que todo o processo de

maturação deverá ser supervisionado e realizado em ambiente com temperatura

controlada entre 16ºC e 18ºC, pois temperaturas mais altas que a padrão podem

interferir a integridade das gorduras. O período necessário para a fabricação do

produto cárneo fermentado é maior no processo lento, porém a formação do sabor e

aroma produzidos pela cultura starter, adicionada durante a cura, são desejáveis e

caracterizam este tipo de produto (PARDI et al., 1996).

Na maturação ou fermentação de produtos como o salame e a copa, a

multiplicação e crescimento das culturas adicionadas à carne, acontece porque

essas bactérias fermentam o açúcar, produzindo como resultado desta reação o

ácido láctico. Este ácido, por sua vez, promove a redução do pH das proteínas

existentes na carne até seu ponto isoelétrico. Neste ponto isoelétrico, as proteínas

perdem parte da sua capacidade de se unir às moléculas de água. Devido a este

fenômeno, a secagem do produto torna-se mais efetiva, pois há maior perda de

água de dentro do produto (PRICE; SCHWEIGERT, 1994).

Além de favorecer a formação de odor e sabor característicos dos produtos

embutidos fermentados, a queda no pH da carne até o ponto isoelétrico das

proteínas contribui para a união e aumento da consistência no produto, o que

permite ao embutido a possibilidade de fatiamento por possuir uma estrutura sólida

(CORETTI, 1971). No início, os produtos curados e fermentados eram resultado da

ação de microorganismos que se encontravam na carne por determinada

contaminação. Estes microorganismos se utilizavam dos açúcares presentes na

formulação dos embutidos e produziam o ácido láctico, porém a qualidade destes

produtos não era uniforme, pois este aspecto depende do tipo de flora inoculada. A

fim de obter produtos fermentados de alta qualidade de diversas origens, em 1961,o

uso de culturas puras de microorganismos selecionados, se difundiu pelas indústrias

alimentícias (TERRA, 1998).

Page 157: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

57

Antes disso, os produtores de embutidos fermentados como o salame e

copa, observaram que quando uma porção de carne previamente fermentada era

adicionada à matéria-prima, esta melhorava em consistência e estabilidade.

Entretanto, esse processo não previa o tipo de microorganismo utilizado, nem o

número de bactérias presentes e a viabilidade destas no produto. Para tanto, foi

necessário cultivar somente os microrganismos desejáveis, em separado, para o

processo de fermentação. Depois de mantidas as propriedades da cultura estável,

estas são adicionadas aos produtos. As culturas starter ou cultivos iniciadores como

são denominadas, caracterizam-se por serem linhagens purificadas de

microrganismos, disponíveis comercialmente na forma liofilizada, tendo como veículo

a lactose (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001; TERRA, 1998). As culturas

devem ser armazenadas em freezer e tem uma vida útil de 14 dias sem refrigeração

e 6 meses quando congelado. Com a finalidade de promoverem reação metabólica

desejável na carne, as culturas starter podem ser definidas como um preparado de

microrganismos vivos (TYÖPPÖNEN et al., 2003).

Dependendo dos agentes utilizados durante a cura, é empregado

determinado tipo de cultura starter para a fabricação dos embutidos curados e

fermentados. Existem duas classes de microorganismos que compoem as culturas

starters. Somando as características produzidas por cada grupo, tem-se o produto

desejado final. O primeiro grupo é composto por bactérias acidificantes (lácticas) que

estabilizam o produto biologicamente, o segundo é formado por bactérias que

desempenham função flavorizante, reduzindo o nitrato a nitrito, quando presente

(BACUS, 1984; CARIONI et al., 2001; GRIS et al., 2002; MARCHESINI et al., 1992).

As culturas mais utilizadas em produtos fermentados são as bactérias dos

gêneros Lactobacillus e Pediococcus, além destas bactérias lácticas, participam

também das culturas, determinadas cepas não patogênicas de Staphylococcus e

Micrococcus. Algumas formulações comerciais são formadas a partir de

combinações de diversas bactérias (BACUS, 1984). As bactérias lácticas

apresentam desenvolvimento em faixa de temperatura entre 5ºC a 45ºC e em 4,0 a

4,5 de pH (CAPLICE; FITZGERALD, 1999).

Normalmente, ao se utilizar somente o nitrito durante o processo de cura, é

recomendado o uso de bactérias lácticas e estafilococos, no entanto, se for

acrescentado na cura o nitrato, o produto necessitará da ação de bactérias nitrato-

Page 158: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

58

redutoras. Fazem parte deste grupo, as bactérias do gênero Micrococcus,

integrantes da cultura starter (HUGAS; MONFORT, 1997).

Os microrganismos pertencentes à cultura starter deverão possuir em suas

características intrínsecas, a habilidade de crescer e se desenvolver vigorosamente

em concentrações de 6% de cloreto de sódio (NaCl) e de 100 mg/ kg de nitrito. Além

de não ser patogênico, nem produzir em seu metabolismo substâncias tóxicas que

possam causar dano a quem consome este produto. O crescimento dessa cultura

deve mediar entre as temperaturas de 20 a 43° C (PINTO; PONSANO;

HEINEMANN, 2001).

Abaixo, na Tabela estão descritos os microrganismos mais utilizados como

culturas starter para realizar o processo de fermentação dos salames em geral e da

copa.

Tabela 2 – Componentes das culturas starter para a fermentação cárnea

O objetivo de somente acrescentar a carne microorganismos desejáveis,

está em proporcionar ao produto final uma maior segurança microbiológica. Outros

benefícios são adquiridos com a adição dessa cultura pura, como a estabilidade por

meio da inibição do crescimento de microorganismos indesejáveis, é observada

melhora nas características sensoriais e por conferir efeitos benéficos à saúde

(LÜCKE, 2000).

Diversos benefícios são gerados pelo processo de fermentação da carne,

principalmente no que acarreta sobre a conservação deste alimento. O uso de

Page 159: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

59

bactérias lácticas que produzem ácido láctico, gerando intensa queda no pH, se

explica pelo benefício em impedir o desenvolvimento de microrganismos

indesejáveis como Staphylococcus aureus, Clostridium botulinum, Listeria

monocytogenes, entre outros (LISAZO; CHASCO; BERIAIN, 1999; SMITH;

PALUMBO, 1978; TERRA, 1998; TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

Utilizadas desde a década de 50, as bactérias lácticas são empregadas a fim

de proporcionar segurança microbiológica, promover a estabilidade, inibir o

crescimento de microrganismos indesejáveis, participar ativamente do sabor, da

coloração, da fatiabilidade e do aroma do produto cárneo fermentado (DABÉS, 2000;

LISAZO; CHASCO; BERIAIN, 1999; MONTEL, 1996; TERRA, 1998).

Outras bactérias do tipo cocos catalase positivas, dos gêneros

Staphylococccus e Kocuria, leveduras do gênero Debaryomyces e bolores

(Penicillium), também proporcionam características sensoriais desejáveis ao

produto. Já nos primeiros dias de fermentação, o pH da carne é reduzido a valores

próximos de 5,0. A ação das bactérias lácticas torna o alimento em um ambiente

protegido contra diversos microorganismos indesejáveis, como bactérias gram

negativas (LÜCKE, 2000; TYÖPPÖNEN et al., 2003). A segurança microbiológica

dos embutidos fermentados se baseia no baixo pH, além de proporcionar melhor

textura e coloração desejada (ERKKILÄ et al., 2001b). Produtos cárneos

fermentados quando adicionados de culturas puras alcançam ao final do processo

pH em torno de 4,0 a 4,5, sem a ação destes microorganismos, este valor

permanece em torno de 4,6 a 5,0 (CAPLICE; FITZGERALD, 1999).

O oxigênio incorporado em alimentos como o salame durante a preparação

da massa é consumido pelos microorganismos, adicionados à massa, já nos

primeiros dias de fermentação do salame. Deste modo, ocorre redução do potencial

de óxido-redução (Eh 100 a 200 mV), tornando o nitrito mais efetivo, a fim de

restringir o desenvolvimento de microorganismos deteriorantes como as bactérias

aeróbias (Pseudomonas).

Após esse período, o desenvolvimento das culturas starter promovem alto

teor de ácido láctico, necessário para baixar o pH. Algumas bactérias patogênicas

como Salmonella e Clostridium e outras bactérias deteriorantes como pseudomonas

e enterococos tem a sua homeostasia quebrada por este baixo pH. Em uma

solução, a forma dissociada e não dissociada dos ácidos fracos dependem do pH do

meio (pK do ácido láctico 3,86). Quanto menor o pH do meio maior é o efeito inibidor

Page 160: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

60

sobre os microrganismos, pois baixo nível de pH favorece a forma não dissociada do

ácido láctico, que possui a capacidade de permear a membrana celular microbiana.

Entretanto, a maioria dos produtos embutidos fermentados como o salame e a copa

possuem ao final do processo de fabricação pH de 4,8. Neste valor, apresenta-se na

forma não dissociada somente 10% do ácido láctico, o que resulta em moderado

efeito inibitório (TYÖPPÖNEN et al., 2003).

Algumas substâncias como os ascorbatos, compostos redutores adicionados

à carne e algumas enzimas endógenas da carne contribuem para diminuir o

potencial de óxido-redução do embutido nos primeiros dias de maturação. A redução

do potencial de óxido-redução promove o crescimento de microorganismos

microaerófilos como as bactérias lácticas. Estas bactérias tem seu crescimento

beneficiado pela adição do cloreto de sódio (NaCl), que inibe a microbiota

patogênica e deteriorante através da diminuição da competição microbiana por

nutrientes (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001).

Os principais causadores de ação deteriorante sobre a carne, usada para a

fabricação de embutidos fermentados, são os microorganismos gram negativos. O

sal é o principal componente que interfere no metabolismo desta microbiota,

diminuindo por consequência a atividade de água. O nitrito também é importante

para a conservação de um produto fermentado, pois inibe o desenvolvimento de

bactérias patogênicas como a Salmonella. Após o embutimento, ocorre inicialmente

grande consumo de oxigênio, o que produz um ambiente microaerófilo e anaeróbio.

Esta condição adquirida promove o desenvolvimento das bactérias lácticas, que

possuem a habilidade em produzir substâncias que conservam a carne. A

importância da sua adição à carne se deve ao fato de evitar a flora contaminante

natural da carne. Alguns fatores que objetivam a conservação, dos produtos

embutidos fermentados, deixam de ser tão importantes ao longo do processo. No

início, os ácidos orgânicos produzidos pelas culturas starter eram de extrema

importância para o processo, pois diminuíam o pH do produto. Porém, ao mesmo

tempo, o nitrito é reduzido gradativamente, provocando um aumento no potencial

redox, o que ocasiona perda da viabilidade das bactérias lácticas, sendo observado

um aumento do pH.

O fator mais importante que contribui para a conservação dos embutidos

crus curados é a atividade de água, pois este ao longo de todo processo de

maturação, impede a deterioração do produto (MONFORT, 2002). Determinada

Page 161: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

61

microflora como bactérias lácticas, bactérias micrococáceas, leveduras, bolores

sobrevivem em ambientes com atividade de água inferior a 0,86. Neste ambiente,

bactérias gram negativas e Clostridium não sobrevivem auxiliando no processo de

conservação do produto cárneo (CICHOSKI; TERRA; FREITAS, 2004).

Na produção de produtos cárneos fermentados, o maior obstáculo de efeito

que atua sobre o desenvolvimento microbiano é a diminuição da atividade de água.

Como resultado da queda do pH, há uma dificuldade em reter água no alimento, o

que promove a secagem do produto e gera valores menores que 0,90 de atividade

de água, observados no produto final (TYÖPPÖNEN et al., 2003).

As culturas starter (bactérias lácticas e microrganismos da família

Micrococcaceae) quando adicionadas ao produto cárneo fermentado conferem

inúmeras vantagens ao produto como: benefício à saúde pelos microrganismos

probióticos, aumento da estabilidade e segurança alimentar do produto, vida útil do

produto aumentada e diversidade em sabor, odor e cor (PAPAMANOLI et al., 2003).

Os lactobacilos e pediococos quando adicionados à carne, contribuem para

outros fatores como desidratação, coloração e determinação do sabor ácido típico

do produto maturado, além de impedir o desenvolvimento de microorganismos

patogênicos e/ou deteriorantes pela produção de ácido láctico e consequente queda

no pH (TERRA, 1998).

Os microorganismos micrococos e estafilococos servem para conferir

coloração, sabor e aroma. O sabor e aroma são obtidos através das enzimas

proteolíticas e lipolíticas que originam peptídeos, aminoácidos e ácidos graxos. Para

produzirem a coloração característica, estes microorganismos promovem a redução

do nitrato a nitrito, aumentando a proporção disponível de óxido nitroso que reagirá

com a mioglobina e por possuírem atividade catalase positiva destroem o peróxido

de hidrogênio que em grandes quantidades na carne poderá provocara presença de

uma coloração indesejada esverdeada. A família Micrococcaceae auxilia na

conservação do produto, pois consomem oxigênio, evitando assim o processo de a

rancificação prematura das gorduras existentes no produto cárneo fermentado

(PARDI et al., 1996; PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001).

Os produtos embutidos obtidos por meio do processo de fermentação

podem ser classificados em secos e semi-secos. Alguns fatores influenciam para a

classificação destes produtos como a formulação utilizada nas carnes, tipo da tripa

Page 162: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

62

artificial ou natural, tamanho das partículas, intensidade do sabor e tempo de

conservação que varia de acordo com o embutido fermentado (LÜCKE, 2000).

Nos produtos semi-secos denota-se sabor picante, sendo este sabor o

resultado da existência de ácidos orgânicos. Estes ácidos predominam em produtos

que chegam ao comércio com tempo de maturação inferior a duas semanas. A partir

dessas duas semanas o sabor do embutido modifica-se, pois os processos de

oxidação dos ácidos orgânicos iniciam e o sabor ácido característico é reduzido ao

longo do processo de maturação (LÜCKE, 2000).

Page 163: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

63

8 SECAGEM

O processo de secagem dos salames e da copa começa ainda durante a

fermentação, quando ocorre a redução do pH da carne a níveis inferiores a 5,3.

Nestes valores, as proteínas miofibrilares coagulam e liberam água por

consequência. A difusão da água do interior do produto para a sua superfície

depende de inúmeros fatores, um destes é o pH. O pH acima de 6,2 reduz a difusão

da água para a superfície do produto (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001;

CICHOSKI; TERRA; FREITAS,2004).

A secagem é importante, pois em um embutido cru maturado a perda da

umidade deverá ser lenta, de forma gradual. Os embutidos perdem cerca de 30% a

40% do seu peso inicial, quando concluído o processo de maturação.

O objetivo de uma secagem natural é evitar formação de rugosidade,

excessivo ressecamento da casca e desprendimento da tripa. Se este processo for

danificado, defeitos como crosta ressecada no produto podem impedir a saída de

água do interior do embutido. Este defeito pode ser observado quando a

consistência do embutido permanece "macia", podendo prejudicar a conservação do

produto, diminuindo a sua vida-de-prateleira, principalmente em produtos de maior

calibre, (PRICE; SCHWEIGERT, 1994; GARCIA; GAGLEAZZI; SOBRAL, 2000).

A câmara de secagem possui temperatura entre 10ºC a 17ºC com umidade

relativa do ar de 65% a 85% (PRICE; SCHWEIGERT, 1994). Em produtos como o

salame e copa é recomendada temperatura de 12ºC a 15ºC e umidade relativa de

70% para a dessecação (PARDI et al. 1996).

Page 164: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

64

9 DETERMINAÇÃO DE FLAVOR

No início do processo de maturação, começa uma etapa crucial para a

fabricação dos embutidos fermentados, há a formação da textura típica dos produtos

cárneos fermentados. O crescimento das bactérias lácticas deve-se a presença de

carboidratos na formulação do produto, com a fermentação, há produção de ácidos.

Quando na presença de ácidos, o pH do meio sofre uma queda até 5,3 a 5,5,

valores próximos do ponto isoelétrico da maioria das proteínas existentes na carne.

Nesta condição, a ligação da água junto às proteínas torna-se menor, devido a

redução da capacidade de ligação entre estas moléculas (PINTO; PONSANO;

HEINEMANN, 2001).

Em pH neutro, a molécula de água, possui polaridade, sendo carregadas

positiva e negativamente. Estas cargas elétricas ligam-se a diversos grupos reativos

das proteínas presentes na carne, sendo estas: proteínas miofibrilares, proteínas

sarcoplasmáticas e colágeno. Ao se atingir o ponto isoelétrico das proteínas cárneas

com a queda do pH, esses grupos reativos que unem as proteínas a água são

reduzidos em número, não havendo mais a disponibilidade destes para a ligação da

molécula de água com as proteínas. Além de ocorrer a igualdade em quantidade de

grupos reativos polarizados positiva e negativamente, refletindo em intensa repulsão

entre as moléculas de água e proteínas (SILVA, 1997). Com a ligação água-proteína

prejudicada, as proteínas aproximam-se uma das outras, promovendo a formação

de novas ligações, estabilizando a estrutura cárnea. Como resultado desse processo

denominado sinérese, o produto perde água e passa por determinado encolhimento.

Os ácidos produzidos pela fermentação influenciam tanto na agregação quanto na

estabilidade das proteínas, conferindo a estas uma estrutura firme. Paralelamente,

existe uma diferença entre dois parâmetros importantes que ocasiona uma segunda

desidratação ao produto. A diferença entre a atividade de água existente no produto

e a umidade relativa da câmara de maturação promove perda de água pelo

processo de evaporação. Com a evolução de processos como a fermentação e

secagem, as ligações entre as proteínas classificadas como instáveis são

substituídas por ligações de condensação que estabilizam as proteínas, além disso,

o sistema protéico anteriormente viscoso passa de seu estado “sol” para o estado

“gel” coloidal. Estas transformações são resultado da perda de água e desnaturação

Page 165: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

65

protéica. Existem ligações ramificadas que estabilizam toda essa estrutura, tornando

o produto mais elástico e passível de fatiamento (PINTO; PONSANO; HEINEMANN,

2001).

Basicamente, a ação dos microorganismos frente às matérias-primas, junto

a ação das proteínas cárneas sobre carboidratos, proteínas e lipídeos, combinado

com os demais condimentos que foram acrescentados durante a cura, confere

determinadas características sensoriais, produzindo um aroma peculiar dos

embutidos fermentados (ERKKILÄ et al., 2001b).

A degradação microbiana sobre a matéria-prima e as reações químicas

como a reação de Maillard, a degradação de Strecker, diversas hidrólises e

oxidações, produzem uma gama de compostos voláteis e não voláteis que juntos

promovem características de flavor tanto da carne in natura como em produtos

fermentados. Os lipídeos, proteínas e carboidratos existentes na carne ou

adicionados como ingredientes servem de substratos para estas reações, formando

a partir destes aminoácidos, compostos aromáticos, nucleotídeos, aldeídos e ácidos

graxos livres (PINTO; PONSANO; HEINEMANN, 2001).

O termo flavor é um conjunto de sensações de sabor e aroma, podendo ser

definido como sendo a total impressão percebida pelos sensores químicos ao

receber o produto na boca. Estas sensações incluem, a sensação de adstringência,

sensação metálica de sangue e sensação picante das pimentas adicionadas como

condimentos. Outros fatores como a textura, aparência e sons provocado pelo ato

de mastigar este alimento influenciam no flavor, porém em sua definição não estão

tradicionalmente vinculados (TERRA; FRIES; TERRA, 2004).

Estudos relatados por Pinto; Ponsano; Heinemann (2001) relataram sobre a

capacidade de determinadas culturas puras de Staphylococcus carnosus, S. xylosus

e S. warneri em produzir compostos aromáticos através do catabolismo de

aminoácidos como valina e leucina. Além disso, essas culturas em determinadas

condições de temperatura e pH do meio, chegam a produzir um leve aroma de

frutas, caracterizado quimicamente pelo composto etilbutirato. Os microorganismos

presentes na carne produzem certa enzimas lipolíticas, estas, por sua vez, também

são encontradas na carne propriamente dita. As enzimas lipolíticas realizam a

lipólise, que consiste na liberação de ácidos graxos durante o período de secagem e

maturação dos produtos cárneos fermentados. Essa liberação de ácidos graxos

exerce influência sobre o sabor dos produtos cárneos, podendo durante o processo

Page 166: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

66

de cozimento ser identificada. Quanto mais ácidos graxos livres estiverem presente

no produto, maior será a quantidade de compostos voláteis liberados durante o

cozimento. Nos embutidos crus, ocorre uma alteração da hidrólise. Esta alteração se

deve por determinadas enzimas esterases romperem as ligações ésteres dos

triglicerídeos. Estas enzimas agem diretamente, com o auxílio de uma molécula de

água, sobre os substratos insolúveis (mono, di e triglicerídeos) e são originadas do

microorganismo ou endógenas ao tecido adiposo, promovendo hidrólise da ligação

éster, tendo como resultado da reação um álcool e um ou mais ácidos carboxílicos

(CICHOSKI; TERRA, 2001).

Zanardi et al. (2004) relata que cerca de 70% da lipólise em um produto

cárneo fermentado é realizado pelas lipases de origem endógena. Além das lipases

musculares, presentes na carne, possuírem sua ação favorecida em baixos valores

de pH em produtos como o salame, a copa. As bactérias lipolíticas adicionadas

como cultura pura, da família Micrococacceae, tem ação principalmente sobre a

reação de redução de nitrato em nitrito, possuindo maior atividade em pH mais

elevado. As lipases endógenas são específicas aos triglicerídeos e as fosfolipases

agem sobre os fosfolipídeos da membrana celular do músculo, caracterizando assim

o processo de lipólise enzimática. Durante o processo de maturação em produtos

fermentados como o salame e a copa, a quantidade de ácidos graxos livres aumenta

significativamente, devido a quebra dos fosfolipídeos. Os principais ácidos graxos

livres insaturados são os ácidos linoléico, oléico e araquidônico.

As enzimas musculares endógenas, responsáveis pela lipólise são as

lipases mitocondriais e lisossômicas. São estas as enzimas: lipase ácida, fosfolipase

A1 e A2, lipase neutra, esterase neutra e esterase ácida. Os glicerídeos (mono, di e

triglicerídeos) são hidrolisados pela lipase ácida entre 4,5 a 5,5 de pH. A lipase ácida

mesmo em ambientes salgados com baixa atividade de água apresenta-se ativa. Por

isso, mesmo após o procedimento de salga e início de secagem de um produto

cárneo fermentado, possui ação favorecida. Em pH entre 7,0 a 7,5, a lipase neutra

mostra-se ativa. As fosfolipases A1 e A2 catalisam a hidrólise de 1-acil- e 2-acil

ésteres, respectivamente. Os ácidos graxos de cadeia curta de mono, di e

triacilgliceróis são hidrolisados pelas esterases ácida e neutra. A esterase ácida

possui sua ação ativada em substrato com baixo valor de atividade de água. A lipase

neutra e esterase neutra podem apresentar ação inibida mediante grande

quantidade de mioglobina no músculo (CICHOSKI; TERRA, 2001).

Page 167: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

67

Produtos cárneos fermentados, cujo período de maturação se estende,

possuem em seu interior plena ação das enzimas fosfolipases durante os primeiros

cinco meses, as lipases neste período mantêm quase intactos os triglicerídeos. As

esterases permanecem ativas durante todo o processo de maturação, porém com

ação limitada devido presença de pequena quantidade no produto de ácidos graxos

de cadeia curta. Devido a ação das enzimas fosfolipases, a quantidade de ácidos

graxos diminui ao final do décimo mês, pois estes compostos são extremamente

suscetíveis à oxidação. Havendo, portanto, inúmeras substâncias voláteis

produzidas e formação de precursores de aromas. As enzimas que realizam lipólise

são influenciadas por diversos fatores como temperatura da câmara de maturação, o

teor de sal no produto, o pH e o potencial redox do produto cárneo durante o

processamento, podendo ocasionar alterações sensoriais no produto final

(CICHOSKI; TERRA, 2001).

Quando ligados aos triglicerídeos ou fosfolípideos, os ácidos graxos

apresentam menor suscetibilidade à oxidação, que quando livres após ação das

lipases endógenas e fosfolipases, ficando comprovado este fato pelo menor teor de

ácidos graxos livres, observado ao final do período de maturação. Ao término de

todo processo de maturação, os ácidos graxos livres podem apresentar valores

entre 1% a 7% (ZANARDI et al.,2004). A carne suína apresenta uma maior lipólise

em relação à carne bovina, além de outros fatores interferirem na lipólise

aumentando-a, como o tamanho de partículas da matéria-prima e o grau de

cominuição em alimentos fermentados como o salame. Fatores como a idade do

animal ao ser abatido e genética interferem na qualidade final do produto cárneo,

pois exercem influência sobre o sistema enzimático do músculo (CICHOSKI;

TERRA, 2001; ZANARDI et al., 2004).

As atividades das enzimas endógenas lipase lipoproteína (básica), lipase

hormônio-sensível (neutra) e lipase monoacilglicerol (ácida) sobre o tecido adiposo

são descritas em diversos estudos. A lipase lipoproteína do tecido adiposo

desempenha atividade plena em pH 8,5, sendo específica para monoacilgliceróis

insaturados. Atuando em máxima atividade em pH 7,0, a lipase hormônio-sensível

hidrolisa a ligação éster dos triacilgliceróis, resultando em diacilgliceróis. A lipase

monoacilglicerol realiza hidrólise sobre os monoacigliceróis, não tendo específica por

determinada posição. Durante o período de salga, todas essas enzimas estão ativas,

Page 168: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

68

porém ao longo de todo o processo de maturação e secagem, somente a lipase

hormônio-sensível permanece em sua forma ativa (CICHOSKI; TERRA, 2001).

Pinto, Ponsano e Heinemann (2001) descrevem como o principal produto

resultante da oxidação dos lipídeos, o hexanal. Em carnes, em que o processo de

cura é realizado, o hexanal é encontrado em concentração de somente 0,03 mg/ kg.

Em carnes não curadas, foi encontrado concentrações de 13 mg/ kg.

Os compostos aromáticos e sápidos, originados a partir dos lipídeos, são

formados a partir da lipase produzida por determinadas bactérias da família

Micrococcaceae. Além destas, os lactobacilos também colaboram significativamente,

produzindo níveis suficientes de lipase. Dependendo da cultura bacteriana

adicionada, a lipólise em embutidos cárneos fermentados poderá variar entre 11% a

35%.

Alguns compostos formados a partir da oxidação dos ácidos graxos

insaturados podem ser úteis, pois contribuem para a formação do sabor e aroma do

produto cárneo fermentado, durante o período de maturação.

Em níveis elevados de oxidação, o produto poderá tornar-se rançoso,

permanecendo inapropriável ao consumo, podendo gerar compostos tóxicos que

prejudiquem a saúde. Diversas doenças crônico-degenerativas que afetam órgãos

como o fígado, os rins e o sistema cardiovascular, tem por principal responsável o

estresse oxidativo. Além do estresse oxidativo agir, induzindo o desenvolvimento de

tumores e arteriosclerose (ZANARDI et al., 2004; TERRA; FRIES; KUBOTA, 2005).

Deste modo, sabendo que são amplamente empregados, em embutidos

cárneos fermentados, os antioxidantes e oxidantes, é de extrema importância o

conhecimento das interações entre estes e o homem sobre a sua saúde.

O cloreto de sódio ao ser adicionado a cura apresenta atividade em prol da

oxidação. Em contrapartida, nitritos e nitratos estão diretamente relacionados às

reações de óxido-redução. Durante o processo de maturação do produto cárneo

fermentado, o aumento da concentração de cloreto de sódio e consequentemente a

queda da atividade de água favorecem a lipólise. O nitrito de sódio caracterizado

como antioxidante, age por meio da produção de óxido nítrico. Seus efeitos

controlam a rancidez e formação de aromas indesejáveis ao produto final. Além do

nitrito impedir a lipólise realizada pelos microrganismos contaminantes da carne.

Amplamente utilizados aos produtos cárneos e de ação antioxidante estão os

ascorbatos, especiarias e fosfatos. O nitrito possui ação antioxidante, pois atua

Page 169: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

69

como quelante sobre o ferro, do grupamento heme da mioglobina, quando liberado

em razão da moagem e mistura das matérias-primas. O ascorbato e determinados

condimentos acrescentados às matérias-primas impedem a oxidação pela ligação

com os radicais livres (ZANARDI et al., 2004).

Page 170: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

70

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista, os assuntos relatados ao longo deste trabalho, pode-se

concluir que, os processos de fabricação dos produtos cárneos industrializados são

de extrema importância, para o aumento do período de conservação destes

alimentos.

Como a maioria dos produtos de origem animal possui condições favoráveis

ao crescimento e desenvolvimento de microorganismos, diversos procedimentos

como a salga, defumação e fermentação constituem verdadeiros obstáculos que

impedem a deterioração dos alimentos e/ou a transmissão de doenças veiculadas

pelos alimentos.

A copa, valendo-se destas tecnologias empregadas em seu processo de

fabricação, permitiu a este alimento a conservação em temperatura ambiente.

Garantindo ao consumidor um produto de qualidade, no que tange os parâmetros

microbiológicos, além de produzir um alimento com características sensoriais como

odor, sabor e coloração típicos de um produto maturado.

Page 171: TESE Seguranca Alimentar Industria Embutidos

71

REFERÊNCIAS

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