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Engenharia Automotiva
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GUILHERME CANUTO DA SILVA
MODELO DE REFERNCIA PARA O PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO AUTOMOTIVO E DIRETRIZES
PARA SELEO DE PROTTIPOS VIRTUAIS E FSICOS
So Paulo
2013
II
GUILHERME CANUTO DA SILVA
MODELO DE REFERNCIA PARA O PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO AUTOMOTIVO E DIRETRIZES
PARA SELEO DE PROTTIPOS VIRTUAIS E FSICOS
Tese apresentada Escola Politcnica
da Universidade de So Paulo para
obteno do ttulo de Doutor em
Engenharia
rea de concentrao:
Engenharia Mecnica
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Carlos Kaminski
So Paulo
2013
III
Este exemplar foi revisado e corrigido em relao verso original, sob
responsabilidade nica do autor e com a anuncia de seu orientador.
So Paulo, de outubro de 2013.
Assinatura do autor ____________________________
Assinatura do orientador _______________________
FICHA CATALOGRFICA
Silva, Guilherme Canuto da
Modelo de referncia para o processo de desenvolvimento do produto automotivo e diretrizes para seleo de prottipos virtuais e fsicos / G.C. da Silva. -- verso corr. -- So Paulo, 2013.
255 p.
Tese (Doutorado) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo. Departamento de Engenharia Mecnica.
1.Desenvolvimento de produtos 2.Engenharia automotiva 3.Projeto automotivo 4.Prottipos I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia Mecnica II.t.
IV
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer meu orientador Prof. Dr. Paulo Carlos Kaminski pela dedicao e
contribuies irrestritas para realizao desta tese.
Ao Prof. Dr. Marcos de Sales Guerra Tsuzuki, ao Prof. Dr. Eduardo de Senzi Zancul,
e ao Prof. Dr. Daniel Capaldo Amaral, pelas contribuies fornecidas para aprimorar
o texto desta tese.
Ao Prof. Dr.-Ing. Reiner Anderl, por permitir a realizao de parte desta pesquisa no
departamento de Datenverarbeitung in der Konstruktion (Dik), da Technische Universitt
Darmstadt na Alemanha.
Ao Prof. Dr.-Ing. Klaus Schtzer, a sua esposa Darlene, ao amigo Joselito Henriques e
a sua esposa Raquel, por todo o suporte e auxilio prestados durante minha estadia na
Alemanha.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq) pela
bolsa de doutorado.
Ao Deutscher Akademischer Austausch Dienst (DAAD), por fornecer parte do subsdio
necessrio para minha estadia na Alemanha.
Aos professores integrantes, e aos colaboradores do Centro de Engenharia
Automotiva da Escola Politcnica da Universidade de So Paulo (CEA), pelo suporte
e apoio para a realizao das pesquisas de campo.
Aos alunos de iniciao cientfica, pelo auxilio no desenvolvimento de tpicos
especficos desta tese.
A minha esposa Ktia pela ajuda, pacincia e apoio incondicionais.
Aos meus pais, familiares e amigos, que direta ou indiretamente contriburam para a
realizao desta tese.
V
In der Mitte von Schwierigkeiten liegen die Mglichkeiten. Albert Einstein.
VI
RESUMO
O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) formado por um conjunto de
atividades organizadas e interativas com o propsito de se planejar, desenvolver e
fabricar um produto que seja tcnico e economicamente vivel, alm de ser atrativo e
atender, quando possvel, todas as expectativas dos usurios. Para que tais
atividades sejam realizadas e concludas faz-se o uso de ferramentas de auxlio ao
PDP. Entre estas ferramentas esto os prottipos virtuais e os prottipos fsicos. A
utilizao de prottipos virtuais e fsicos no PDP traz maturidade ao projeto, reduz
as incertezas, e auxilia na conservao do fluxo de informao durante todo projeto,
desenvolvimento, implementao e operao da unidade fabril. Desta forma
diferentes prottipos so utilizados para diferentes necessidades, de modo que o
desenvolvimento do produto seja concludo e, em paralelo, se inicie o projeto do
processo de fabricao. Esta tese apresenta o desenvolvimento de um modelo de
referncia especfico para o processo de desenvolvimento do produto automotivo,
denominado de PDP-Automotivo. A partir deste modelo de referncia, um conjunto
de diretrizes para a seleo de prottipos virtuais e fsicos proposto. O
PDP-Automotivo foi validado por meio de uma pesquisa de campo envolvendo
profissionais pertencentes montadoras, autopeas e empresas de projeto
automotivo. As diretrizes tambm foram analisadas e validadas por profissionais
atuantes no setor automotivo.
Palavras-chave: modelo de referncia. PDP-Automotivo. Prottipo virtual. Prottipo
fsico. Diretrizes. Montadoras.
VII
ABSTRACT
The product development process (PDP) consists of a set of organized and interactive
activities aiming to plan, develop and manufacture a technically and economically
feasible product. Moreover, this product is intended to be attractive and, when
possible, meet all users expectations. PDP-aiding tools, such as virtual prototypes
and physical prototypes, are used in order to perform and complete these activities.
The use of virtual prototypes and physical prototypes in PDP brings maturity to the
design, reduces uncertainties and helps to maintain the information flow during the
design, development, implementation and operation of the manufacturing unit.
Therefore, different prototypes are used to meet distinct needs allowing the
achievement of the products development process simultaneously to the start of the
manufacturing process design. This doctoral study presents the development of a
reference model specific for the automotive product development process, named
Automotive PDP. A set of guidelines for the selection of virtual and physical
prototypes is proposed from this reference model. Automotive PDP was validated by
a field research involving professional members from automakers, auto parts and
automotive design companies. The guidelines were also analyzed and validated by
professional individuals from the automotive sector.
Keywords: reference model. Automotive PDP. Virtual prototype. Physical prototype.
Guidelines. Automakers.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Esquematizao do conceito ............................................................................. 06
Figura 1.2 Associao das nomenclaturas sistemas; tcnicas/tecnologias;
software/programas e mquinas para prottipos virtuais ............................................... 08
Figura 1.3 Associao das nomenclaturas sistemas; tcnicas/tecnologias;
software/programas e mquinas para prottipos fsicos ................................................. 09
Figura 1.4 Estruturao da tese ........................................................................................... 17
Figura 2.1 Modelo geral de desenvolvimento de um projeto ......................................... 19
Figura 2.2 Diretrizes para o projeto e o desenvolvimento de produtos e sistemas ..... 21
Figura 2.3 Cronograma de planejamento da qualidade do produto ........................... 22
Figura 2.4 Exemplo de espiral de projeto......................................................................... 24
Figura 2.5 Os quatro domnios de acordo com o conceito de projeto axiomtico ..... 25
Figura 2.6 Viso geral do modelo de referncia do PDP ............................................... 26
Figura 2.7 O processo de desenvolvimento de produtos .............................................. 26
Figura 2.8 Representao de gates tcnicos e gerenciais no PDP .................................. 27
Figura 2.9 Viso geral do PDP da montadora asitica ................................................... 30
Figura 2.10 Organograma bsico da montadora asitica ................................................ 32
Figura 2.11 PDP da montadora europeia ........................................................................... 33
Figura 2.12 Digital mock-up automotivo ............................................................................. 35
Figura 2.13 Organograma bsico da montadora europeia .............................................. 38
Figura 2.14 PDP da montadora americana ........................................................................ 39
Figura 2.15 Organograma bsico da montadora americana ........................................... 44
IX
Figura 3.1 Sistemas computacionais no PDP ................................................................... 55
Figura 3.2 Subdiviso para os sistemas CAD .................................................................. 56
Figura 3.3 Visualizao de um modelo em fio de arame: A) estruturas para
acondicionar a matria prima. B) bancadas de trabalho. C) trabalhadores .................. 57
Figura 3.4 Visualizao de um modelo de superfcies ..................................................... 57
Figura 3.5 Visualizao de um modelo slido .................................................................. 58
Figura 3.6 Processo de formulao, anlise e soluo de problemas de engenharia . 59
Figura 3.7 Exemplos de malha estruturada (a) e no estruturada (b) ......................... 61
Figura 3.8 Relao entre ns e coordenadas nos modelos fsico e lgico .................... 62
Figura 3.9 Abordagem do mtodo das diferenas finitas .............................................. 64
Figura 3.10 Abordagem do mtodo dos elementos finitos .............................................. 66
Figura 3.11 Exemplos de elementos utilizados em (a) uma, (b) duas e (c) trs
dimenses ............................................................................................................................... 66
Figura 3.12 Viso holstica do sistema FD ......................................................................... 70
Figura 3.13 Princpio de funcionamento do sistema composto de RV .......................... 73
Figura 3.14 Visualizao do exterior do modelo virtual de um automvel ................. 74
Figura 4.1 Princpio da tcnica/tecnologia SLA ............................................................... 81
Figura 4.2 Princpio da tcnica/tecnologia LOM ............................................................. 82
Figura 4.3 Princpio da tcnica/tecnologia SLS ................................................................ 83
Figura 4.4 Princpio da tcnica/tecnologia FDM .............................................................. 84
Figura 4.5 Princpio da tcnica/tecnologia 3DP ............................................................. 85
X
Figura 4.6 (A) Modelo padro em SLA. (B) Colocao do modelo padro no
recipiente, e deposio do silicone. (C). Cura do silicone. (D) Remoo do modelo
padro e concluso do molde em silicone ......................................................................... 88
Figura 4.7 Princpios da 3D KelTool.............................................................................. 89
Figura 4.8 Princpios da DirectAIM: (A) insertos slidos; (B) caixa e (C) caixa com
aletas ........................................................................................................................................ 90
Figura 4.9 Princpios do sistema de arrefecimento do molde na DirectTool (A)
arrefecimento convencional. (B) sistema do tipo internal conformal cooling channels ... 91
Figura 4.10 Princpios da Sand Casting. (A) Modelo 1 em CAD. (B) Modelo 2 em
CAD. (C) Molde em areia do modelo 1. (D) Molde do modelo 2 em areia................... 92
Figura 4.11 Princpios da usinagem CNC ......................................................................... 95
Figura 4.12 Prottipo fsico de um objeto genrico fabricado em HSM. (A) geometria
3D. (B) prottipo fsico concludo ........................................................................................ 96
Figura 4.13 Princpio da Vacuum Bagging. (A) molde construdo em CNC. (B) material
de fabricao do prottipo e molde em invlucro. (C) ps-cura do prottipo. (D)
prottipo concludo ............................................................................................................... 97
Figura 5.1 Representao mnemnica do PDP-Automotivo ....................................... 102
Figura 6.1 Procedimento para utilizao das diretrizes ................................................ 141
XI
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Tipos de prottipos e suas aplicaes ........................................................... 04
Tabela 2.1 Distribuio da produo de autoveculos por continentes ...................... 28
Tabela 2.2 Comparativo entre o referencial terico e os trs exemplos de PDP
automotivos ............................................................................................................................ 45
Tabela 2.3 Comparativo entre o referencial terico e os trs exemplos de PDP
automotivos para as estruturas dos modelos de PDP ...................................................... 47
Tabela 2.4 Comparativo entre o referencial terico e os trs exemplos de PDP
automotivos para as fases do PDP ...................................................................................... 48
Tabela 2.5 Comparativo entre o referencial terico e os trs exemplos de PDP
automotivos para as atividades do PDP ............................................................................ 49
Tabela 2.6 Comparativo entre o referencial terico e os trs exemplos de PDP
automotivos para as estruturas organizacionais bsicas do PDP .................................. 50
Tabela 3.1 Vantagens (V) e desvantagens (D) entre as malhas estruturada e no
estruturada.............................................................................................................................. 62
Tabela 3.2 Algumas caractersticas dos mtodos das diferenas finitas, dos volumes
finitos e dos elementos finitos .............................................................................................. 68
Tabela 3.3 Abordagem da literatura para Fbrica Digital (FD) .................................... 71
Tabela 3.4 Exemplos de software CAD/CAE e seus respectivos mtodos numricos
.................................................................................................................................................. 75
Tabela 4.1 Sntese das principais tcnicas/tecnologias de prototipagem
rpida (PR) .............................................................................................................................. 86
Tabela 4.2 Sntese das principais tcnicas/tecnologias de ferramental rpido (FR) .. 94
XII
Tabela 4.3 Sntese das principais tcnicas/tecnologias de remoo de material
(RM) ......................................................................................................................................... 99
Tabela 5.1 Principais atividades da macrofase da estratgia do produto ................ 104
Tabela 5.2 Principais atividades da macrofase de desenvolvimento do produto e do
processo ................................................................................................................................. 110
Tabela 5.3 Principais atividades da macrofase de produo e melhoria contnua
................................................................................................................................................ 113
Tabela 5.4 Distribuio dos respondentes de acordo os subgrupos .......................... 117
Tabela 5.5 Distribuio dos respondentes de acordo com a ocupao profissional 118
Tabela 5.6 Questionrios vlidos e questionrios no vlidos .................................... 118
Tabela 5.7 Atividades no diretamente presentes em empresas de autopeas ........ 120
Tabela 5.8 Viso global da organizao e distribuio das respostas, para a atividade
(Ia) contida na fase 1: estudo de mercado (EDM) ........................................................... 122
Tabela 5.9 Viso das respostas, para a atividade (Ia) contida na fase 1: estudo de
mercado (EDM) .................................................................................................................... 122
Tabela 5.10 Distribuio da dos resultados para a atividade (Ia) da fase1: estudo
de mercado (EDM) .............................................................................................................. 123
Tabela 5.11 Resultados globais obtidos para o PDP-Automotivo ............................... 124
Tabela 5.12 Resultados globais das macrofases e marcos tcnico e gerencial do
PDP-Automotivo ................................................................................................................. 125
Tabela 5.13 Resultados globais das fases contidas na macrofase da estratgia do
produto. ................................................................................................................................. 126
XIII
Tabela 5.14 Resultados globais das fases contidas na macrofase de desenvolvimento
do produto e do processo ................................................................................................... 127
Tabela 5.15 Resultados globais das fases contidas na macrofase de produo e
melhoria contnua ................................................................................................................ 128
Tabela 5.16 Atividades com mdias gerais menor que 4,0 .......................................... 129
Tabela 5.17 Atividades complementares para a macrofase da estratgia do
produto .................................................................................................................................. 130
Tabela 5.18 Atividades vlidas para incorporao no PDP-Automotivo ................... 131
Tabela 5.19 Atividades complementares para a macrofase de desenvolvimento do
produto e do processo ......................................................................................................... 132
Tabela 5.20 Atividades vlidas para incorporao no PDP-Automotivo ................... 132
Tabela 5.21 Atividades complementares para a macrofase de produo e melhoria
contnua ................................................................................................................................. 132
Tabela 5.22 Atividades no vlidas para incorporao no PDP-Automotivo ........... 133
Tabela 5.23 Incorporao das atividades complementares conforme a macrofase e a
fase do PDP-Automotivo .................................................................................................... 134
Tabela 5.24 Incorporao das atividades complementares conforme a macrofase e a
fase do PDP-Automotivo .................................................................................................... 134
Tabela 6.1 Sistemas e tcnicas/tecnologias possveis de serem utilizadas para criao
de prottipos virtuais .......................................................................................................... 138
Tabela 6.2 Sistemas e tcnicas/tecnologias possveis de serem utilizadas para
fabricao de prottipos fsicos ......................................................................................... 140
Tabela 6.3 Distribuio das amostras de acordo com os subgrupos ........................... 143
XIV
Tabela 6.4 Distribuio das amostras de acordo o cargo .............................................. 143
Tabela 6.5 Distribuio dos resultados para as questes 1, 2, 3, 4 e 5 ......................... 144
Tabela 6.6 Comentrios, crticas e/ou sugestes sobre o procedimento .................... 145
XV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
0S 0 Serie
3D Three Dimensional
APQP Advanced Product Quality Planning
CAD Computer Aided Design
CAE Computer Aided Engineering
CAM Computer Aided Manufacturing
CDP Conceito do Processo
CLG Conceito Logstico
CNC Computer Numeric Control
CSP Conceito do Sistema de Produo
DAR Dimensionamento e Alocao de Recursos
DDC Desenvolvimento do Conceito
DDE Desenvolvimento do Estilo
DDM Desenvolvimento dos Mdulos
DDS Descontinuidade da Srie
DE/LH1 Designentscheidung/Lastenheft 1
DIC Direct Investiment Casting
DKM Datenkontrollmodell
DKM/LH2 Datenkontrollmodell/Lastenheft 2
DMU Digital Mock-up
EDM Estudo do mercado
EDP Estabilidade do Processo
EDS Estabilidade da Srie
EOP End of Production
FDM Fused Deposition Modelling
FR Ferramental Rpido
HSM High-speed Machining
IFE Infraestrutura
IIC Indirect Investment Casting
XVI
IJP Inkjet Printing
IJP-3D Inkjet Printing-Three Dimensional
IPS Incio da Produo Seriada
LDP Lanamento do Produto
LF Launchfreigabe
LH2 Lastenheft 2
MDF Mtodo das Diferenas Finitas
MDM Monitoramento do Mercado
ME Markteinfhrung
MEF Mtodo dos Elementos Finitos
MFA Modelagem por Fio de Arame
MR Market Review
MSO Modelagem por Slidos
MSU Modelagem por Superfcies
MVF Mtodo dos Volumes Finitos
NPA No Paramtrico
PAR Paramtrico
PCO Prottipo Conceito
PD Projektdefinition
PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos
PDT Product Development Team
PE Projektentscheidung
PF Prottipo Fsico
PFI Prottipo Final
PFU Prottipo Funcional
PGE Prottipo Geomtrico
POP Posicionamento do Produto
POS Positionierung
PP Physical Prototyping
PPF Projeto do Processo de Fabricao
PPP Planejamento e Preparao da Produo
XVII
PPS Produktplanungsstart
PR Prototipagem Rpida
PRP Projeto do Produto
PSP Pr-srie de Produo
PTE Prottipo Tcnico
PV Prottipo Virtual
PVS Produktionsversuchsserie
RAR Redimensionamento e Alocao de Recursos
RP Rapid Prototyping
RT Rapid Tooling
RTC Reduo dos Tempos de Ciclo
RVT Reviso Tcnica
SBP Statusbericht Produktplanung
SL Stereolithography
SLS Selective Laser Sintering
SOP Start of Production
SP Strategische Projektvorbereitung
TAP Tecnologia e Automao do Processo
TDI Testes das Instalaes
TVF Testes e Validao Final
UP Unidade de Produo
V1PT Virtuellen 1. Prototypen
VDA Verband der Automobilindustrie
VDI Verein Deutscher Ingenieure
VP Virtual Prototyping
XVIII
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUO ..................................................................................................................... 1
1.1 Prottipos virtuais e fsicos no PDP ............................................................................ 2
1.1.1 Caracterizao e padronizao das nomenclaturas: ferramentas; sistemas;
tcnicas/tecnologias; softwares/programas e mquinas............................................. 4
1.1.2 Prottipo virtual (PV) e seus sistemas; tcnicas/tecnologias;
softwares/programas e mquinas .................................................................................... 7
1.1.3 Prottipo fsico (PF) e seus sistemas; tcnicas/tecnologias; softwares/
programas e mquinas .................................................................................................... 8
1.2 O problema de pesquisa ............................................................................................... 9
1.3 Justificativa da pesquisa .............................................................................................. 10
1.4 Objetivo ......................................................................................................................... 12
1.5 Classificao da pesquisa ............................................................................................ 13
1.5.1 Classificao da pesquisa de acordo com a rea de conhecimento ............... 13
1.5.2 Classificao da pesquisa de acordo com a finalidade .................................... 13
1.5.3 Classificao da pesquisa de acordo com o nvel de explicao .................... 13
1.5.4 Classificao da pesquisa de acordo com os mtodos adotados .................... 14
XIX
1.6 Estrutura da tese .......................................................................................................... 15
2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP) ................................ 18
2.1 Referencial terico ........................................................................................................ 18
2.2 Estudo de caso .............................................................................................................. 28
2.2.1 O processo de desenvolvimento de produtos de uma montadora asitica .. 29
2.2.2 O processo de desenvolvimento de produtos de uma montadora europeia 33
2.2.3 O processo de desenvolvimento de produtos de uma montadora americana
........................................................................................................................................... 39
2.3 Comparativo entre o referencial terico e o estudo de caso .................................. 44
2.4 Consolidao do captulo ........................................................................................ 51
3 PROTTIPO VIRTUAL ..................................................................................................... 53
3.1 Referencial terico ........................................................................................................ 53
3.1.1 Sistemas de projeto auxiliado por computador (CAD) ................................... 55
3.1.2 Sistemas de engenharia auxiliada por computador (CAE) ............................. 58
3.1.3 Sistemas compostos .............................................................................................. 69
3.2 Consolidao do captulo............................................................................................ 76
4 PROTTIPO FSICO .......................................................................................................... 78
4.1 Prototipagem rpida (PR) ........................................................................................... 79
4.1.1 Estereolitografia (SLA) ......................................................................................... 80
4.1.2 Manufatura laminar de objetos (LOM) .............................................................. 82
XX
4.1.3 Sinterizao seletiva a laser (SLS) ....................................................................... 83
4.1.4 Modelagem por fuso e deposio (FDM) ........................................................ 83
4.1.5 Impresso tridimensional (3DP) ......................................................................... 84
4.1.6 Sntese das tcnicas/tecnologias de PR.............................................................. 85
4.2 Ferramental Rpido (FR) ............................................................................................ 87
4.2.1 Tcnicas/tecnologias de FR baseadas em SLA ................................................. 87
4.2.2 Tcnicas/tecnologias de FR baseadas em LOM ............................................... 90
4.2.3 Tcnicas/tecnologias de FR baseadas em SLS .................................................. 91
4.2.4 Tcnicas/tecnologias de FR baseadas em FDM ................................................ 92
4.2.5 Tcnicas/tecnologias de FR baseadas em 3DP ................................................. 92
4.2.6 Sntese das tcnicas/tecnologias de FR .............................................................. 93
4.3 Remoo de material (RM) ......................................................................................... 95
4.3.1 Usinagem de alta velocidade (HSM) .................................................................. 96
4.3.2 Vacuum Bagging ..................................................................................................... 96
4.3.3 Sntese das tcnicas/tecnologias de RM ............................................................ 97
4.4 Consolidao do captulo.......................................................................................... 100
5 MODELO DE REFERNCIA PARA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO
PRODUTO AUTOMOTIVO............................................................................................... 101
5.1 Proposio do modelo de referncia (PDP-Automotivo) .................................... 101
5.2 Validao do modelo de referncia (PDP-Automotivo) ...................................... 114
XXI
5.2.1 Definio dos objetivos ....................................................................................... 115
5.2.2 Instrumento de coleta de dados ........................................................................ 115
5.2.3 Seleo das amostras ........................................................................................... 116
5.2.4 Coleta dos dados ................................................................................................. 117
5.2.5 Organizao dos dados coletados ..................................................................... 118
5.3 Apresentao e discusso dos resultados ............................................................... 124
5.3.1 Concluso dos resultados ................................................................................... 133
5.4 Concluso do captulo ............................................................................................... 134
6 DIRETRIZES PARA A SELEO DE PROTTIPOS VIRTUAIS E FSICOS .......... 136
6.1 Desenvolvimento das diretrizes .............................................................................. 136
6.2 Procedimento para utilizao das diretrizes .......................................................... 141
6.3 Validao das diretrizes ............................................................................................ 142
6.3.1 Desenvolvimento do questionrio .................................................................... 142
6.3.2 Seleo das amostras ........................................................................................... 142
6.3.3 Coleta das informaes ....................................................................................... 143
6.3.4 Anlise e discusso dos resultados ................................................................... 143
6.4 Consolidao do captulo.......................................................................................... 146
7 CONCLUSO ................................................................................................................... 147
7.1 Trabalhos futuros ....................................................................................................... 150
XXII
REFERNCIAS ..................................................................................................................... 152
APNDICE A Teses de doutorado sobre o PDP defendidas entre os anos de 2001 e
2010 ........................................................................................................................................ 167
APNDICE B Exemplos de software CAD/CAE e seus respectivos mtodos
numricos .............................................................................................................................. 172
APNDICE C Estrutura organizacional proposta para o PDP-Automotivo .............. 177
APNDICE D Modelo de questionrio utilizado na pesquisa ..................................... 186
APNDICE E Distribuio dos respondentes e das notas para todas as atividades do
questionrio .......................................................................................................................... 201
APNDICE F Identificao da necessidade de uso de prottipos de acordo com a
atividade do PDP-Automotivo .......................................................................................... 210
APNDICE G Modelo de questionrio utilizado na pesquisa de validao das
diretrizes ............................................................................................................................... 222
1
1 INTRODUO
O processo de desenvolvimento de produtos (PDP) consiste em um conjunto de
atividades em que se busca, a partir das necessidades do mercado e considerando as
possibilidades, restries tecnolgicas e as estratgias competitivas da empresa,
chegar s especificaes de projeto de um produto e de seu processo de produo,
para que a manufatura seja capaz de fabric-lo (ROZENFELD et al., 2006).
O PDP tambm pode ser definido como um conjunto de atividades interligadas, em
partes simultneas, com resultados mensurveis e sequenciais (marcos), envolvendo
quase todos os departamentos da empresa ou organizao, com o objetivo de
transformar as necessidades do mercado, explcitas ou implcitas, em produtos e ou
servios economicamente viveis (KAMINSKI, 2000).
Em um primeiro nvel, as empresas transformam a matria prima e outras entradas
em processos organizados, baseados em uma diviso laboral, em produtos e servios
que podem ser vendidos no mercado (PRIES; SCHWEER, 2004).
Em sntese, o processo de desenvolvimento de produtos se inicia com uma macrofase
de planejamento estratgico, onde os objetivos e metas do produto ou conjunto de
produtos so definidos. Uma vez definido o conjunto de produtos, se tem a formao
do portflio de projetos da organizao, do qual determinados projetos podem, ou
no se tornar produtos a serem desenvolvidos.
Com a determinao do produto a ser desenvolvido, se tem a macrofase do
desenvolvimento do produto e dos demais meios necessrios para a sua fabricao.
Atividades auxiliares ao desenvolvimento do produto, como dimensionamento e
treinamento de colaboradores, definio de fornecedores e planejamento do fluxo
logstico tambm ocorrem nesta macrofase.
Antes que a macrofase de desenvolvimento seja concluda, inicia-se a macrofase de
lanamento do produto no mercado. Nesta macrofase ocorrem os testes de produo,
a produo em escala e o lanamento do produto no mercado.
2
As redes de distribuio so abastecidas com o produto e faz-se a circulao do
produto no mercado, dependendo das caractersticas e ou objetivos e metas da
organizao.
Com o encerramento do tempo determinado para a comercializao do produto, se
inicia a descontinuao do produto, e a execuo dos planejamentos necessrios para
a retirada do produto do mercado.
1.1 Prottipos virtuais e fsicos no PDP
O uso de prottipos1 virtuais e fsicos no processo de desenvolvimento de produtos
(PDP) se faz necessrio, pois trs maturidade ao projeto, reduz as incertezas e auxilia
na conservao do fluxo de informao do produto durante todo o desenvolvimento.
A utilizao de prottipos no PDP ocorre desde o incio do desenvolvimento do
produto, at o lanamento do produto no mercado. Diferentes prottipos so
utilizados para diferentes necessidades, de modo que o projeto e o desenvolvimento
do produto (PRP) sejam concludos e, em paralelo, se inicie o projeto do processo de
fabricao do produto (APQP, 1997, p.6).
Os prottipos tambm so utilizados no projeto do processo de fabricao (PPF), seja
para a simulao de um processo, ou para o desenvolvimento de meios auxiliares
para a produo do produto. Com o PPF finalizado, as instalaes fsicas so
realizadas e a produo do produto iniciada. Uma vez que o produto est em
fabricao ocorre sua insero no mercado e a sua venda aos consumidores.
Mesmo com a fabricao do produto mudanas no processo produtivo e no prprio
produto so realizadas, auxiliadas pelo uso de prottipos construdos em instalaes
definitivas. Estas mudanas podem ocorrer para reduzir custos, adicionar novas
caractersticas ao produto, melhorar a qualidade e a confiabilidade, ou para unificar
componentes existentes em diferentes modelos produzidos na mesma organizao
(CANDIDO; KAMINSKI, 2008).
1 Primeiro tipo ou exemplar; modelo (FERREIRA, 2004).
3
Os prottipos podem ser virtuais ou fsicos, dependendo da necessidade e da
aplicao.
Quanto aplicao os prottipos podem ser caracterizados como: prottipo
conceitual; prottipo geomtrico; prottipo funcional; prottipo tcnico e prottipo
final (VDI 3404, 2009).
Os prottipos conceituais (PCO) so a primeira idealizao do conceito do produto
e/ou da fabricao.
Os prottipos geomtricos (PGE) so aplicados na avaliao do tamanho, na forma e
ainda na avaliao das sensaes provocadas pelo tato com o produto e/ou com a
fabricao.
Os prottipos funcionais (PFU) incorporam as funes definidas do produto e/ou
da fabricao. Algumas ou todas as funes podem ser testadas. A forma geomtrica
pode ser diferente do produto e/ou da fabricao final.
Os prottipos tcnicos (PTE) no diferem significativamente do produto e/ou da
fabricao final. Contudo, a tcnica/tecnologia utilizada para se criar ou fabricar o
produto/componente e/ou da fabricao/dispositivo pode variar, quando
comparada com a utilizada na fabricao final.
Os prottipos finais (PFI) so utilizados para um propsito determinado, por
exemplo na fabricao de pequenos lotes de produtos. O PFI essencialmente um
prottipo fsico. Em determinados casos, pode ainda ser comercializado.
A tabela 1.1 mostra uma sntese dos diferentes prottipos descritos e suas aplicaes.
4
Tabela 1.1 Prottipos e suas aplicaes.
(VDI 3404, 2009 adaptado pelo autor).
Para a criao de prottipos virtuais e para a fabricao de prottipos fsicos,
diferentes sistemas, tcnicas/tecnologias so utilizadas. Entretanto, para melhor
compreenso desta afirmao, uma caracterizao e padronizao das nomenclaturas
utilizadas nesta tese se fazem necessrio.
1.1.1 Caracterizao e padronizao das nomenclaturas: ferramentas; sistemas;
tcnicas/tecnologias; softwares/programas e mquinas
Os trabalhos publicados sobre CAD/CAE, que incluem artigos, livros e demais obras
sobre o tema, apresentam uma caracterizao no padronizada do que seja
CAD/CAE.
Blach; Landauer; Rsch e Simon (1998) caracterizam CAD como sendo um sistema. A
VDI 4426 (2004) caracteriza CAD como um termo genrico para vrias atividades que
utilizam processamento eletrnico de dados, para projetar e construir, de forma
direta ou indireta. Barbieri; Bruno; Caruso e Muzzupappa (2008) caracterizam
CAD/CAE como sendo ferramentas de projeto. Noor (2011) caracteriza CAD/CAE,
entre outros, como sendo tecnologias auxiliadas por computador (CAx). Outros
trabalhos com diferentes caracterizaes sobre o tema CAD/CAE ainda podem ser
citados.
Com o objetivo de padronizar as nomenclaturas utilizadas nesta tese, uma
organizao e padronizao das nomenclaturas ferramenta; sistema; tcnica;
tecnologia; software e mquina proposta.
prottipo aplicao
conceitual Avaliao do conceito do produto e/ou da fabricao.
geomtrico Avaliao da geometria do produto e/ou da fabricao.
funcional Avaliao de funes do produto e/ou da fabricao.
tcnico Teste piloto do produto/componente e/ou da fabricao/dispositivo.
final Pequenos lotes*.
* Apenas para prottipos fsicos.
5
A proposio est fundamentada no significado da palavra, conforme o dicionrio
brasileiro Ferreira (2004), e na argumentao do autor.
Ferramenta: 2.Utenslio(s) duma arte ou ofcio.
Sistema: 1.Conjunto de elementos, entre os quais haja alguma relao.
2.Disposio das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si,
e que formam estrutura organizada.
Tcnica: 1.O conjunto de processos duma arte ou cincia.
Tecnologia: Conjunto de conhecimentos, esp. princpios cientficos, que se
aplicam a um determinado ramo de atividade.
Software: 1.Em um sistema computacional, o conjunto dos componentes
informacionais, que no faz parte do equipamento fsico e inclui os
programas e os dados a eles associados. 2.Qualquer programa ou conjunto
de programas de computador.
Programa: 5.Inform. Sequncia completa de instrues a serem executadas
por computador. 7.Tec. Conjunto previamente definido de instrues a
serem executadas por uma mquina capaz de interpret-las. 8. Programa de
computador.
Mquina: 1.Aparelho para comunicar movimento, ou para aproveitar, pr
em ao ou transformar, energia ou agente natural. (FERREIRA, 2004).
Para o autor desta tese, ferramenta o utenslio, ou o objeto criado, com o propsito
de auxiliar o processo de desenvolvimento do produto.
Sistema um conjunto de elementos independentes, com finalidades distintas, mas
que se relacionam para atender objetivos comuns e necessrios para o funcionamento
do sistema.
Tcnica so o conjunto de mtodos, processos e conhecimentos.
6
Tecnologia a forma de utilizar a tcnica, ou o conjunto de mtodos, processos e
conhecimentos, para a realizao dos objetivos necessrios para o funcionamento do
sistema.
Software o programa ou conjunto de programas de computador utilizado para
transformar a tcnica/tecnologia em uma linguagem computacional, ou uma lista de
instrues, que possa ser interpretada e executada pelo computador. por meio do
software que a interface entre o homem e o computador (mquina) realizada. Tem
como entradas os requisitos do usurio, e como sadas resultados analisveis e
interpretveis.
Programa uma sequncia completa de instrues, constitudas por uma linguagem
especfica, executadas por um software contido num computador.
Mquina o meio ou equipamento utilizado (por exemplo, o computador), que
combina e transforma os sistemas; tcnicas/tecnologias; software/ programas e a
energia, no produto final desejado.
A figura 1.1 mostra uma esquematizao para as nomenclaturas propostas.
Figura 1.1 Esquematizao do conceito.
Os prottipos virtuais e fsicos so utilizados no auxlio ao processo de
desenvolvimento de produtos (PDP). No caso do PDP-Automotivo esta afirmao
tambm pertinente. Portanto, nesta tese, ambos os prottipos, virtual e fsico, sero
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
mq
uin
a
energia
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
software/programa
mq
uin
a
energia
7
considerados como ferramentas, pois so utenslios de um ofcio, ou objetos de uma
profisso, que neste caso a engenharia, para auxiliar o PDP-Automotivo.
As sees 1.1.2 e 1.1.3 mostram uma aproximao para associao e aplicao das
nomenclaturas propostas para o prottipo virtual (PV) e para o prottipo fsico (PF).
1.1.2 Prottipo virtual (PV) e seus sistemas; tcnicas/tecnologias;
softwares/programas e mquinas
Os prottipos virtuais (PV) so criados em sistemas, por intermdio dos quais
geometrias tridimensionais (3D), cores e texturas de superfcie so geradas, de forma
a integrar o ser humano a um ambiente virtual criado por computador
(ZORRIASSATINE, et al., 2003; BERNARD, 2005; CECIL; KANCHANAPIBOON,
2007).
No caso do PV, sistema so os sistemas computacionais utilizados para a criao do
PV, por exemplo: sistemas de projeto auxiliado por computador (CAD) e os sistemas
de engenharia auxiliada por computador (CAE).
A tcnica/tecnologia so as tcnicas/tecnologias utilizadas na modelagem e
simulao do PV, por exemplo: modelagem por fio de arame (wireframe modelling);
modelagem por superfcies (surface modelling); modelagem por slidos (solid
modelling) (LEE, 1999; VDI 4426, 2004); mtodo dos elementos finitos (MEF), mtodo
dos volumes finitos (MVF) e o mtodo das diferenas finitas (MDF); (BATHE, 1996;
PEIR; SHERWIN, 2005; SCHFER, 2006; CZICHOS; SAITO; SMITH, 2006; TALER;
DUDA, 2006).
Software o programa ou conjunto de programas utilizados para transformar a
tcnica/tecnologia, em uma linguagem computacional, por exemplo: software
CAD/CAE.
A mquina o meio ou equipamento utilizado, que combina e transforma os
sistemas; tcnicas/tecnologias; software/programas e a energia, no produto final
desejado, neste caso particular, no prottipo virtual.
8
A figura 1.2 mostra uma associao das nomenclaturas esquematizadas na figura 1.1,
para os sistemas; tcnicas/tecnologias; programas/software e mquinas, utilizados na
criao de um prottipo virtual.
Figura 1.2 Associao das nomenclaturas sistemas; tcnicas/tecnologias; software/programas e
mquinas para prottipos virtuais.
Demais sistemas, que fazem o uso combinado de sistemas CAD/CAE, podem ser
considerados como sistemas compostos, por exemplo: Fbrica Digital (FD) e
Realidade Virtual (RV).
1.1.3 Prottipo fsico (PF) e seus sistemas; tcnicas/tecnologias; softwares/
programas e mquinas
Os prottipos fsicos (PF) so fabricados em sistemas, nos quais produtos so gerados
para diversos propsitos, como: anlise ergonmica, esttica, montagem, testes
funcionais, entre outras aplicaes (ZORRIASSATINE, et al., 2003).
No caso do PF, sistema so os sistemas de prototipagem utilizados na fabricao do
PF, por exemplo: sistemas de prototipagem rpida (PR), sistemas de ferramental
rpido (FR) e sistemas de remoo de material (RM).
A tcnica/tecnologia so as tcnicas/tecnologias de prototipagem utilizadas na
fabricao do PF, por exemplo: estereolitografia (SLA); modelagem por fuso e
deposio (FDM); sinterizao seletiva a laser (SLS); impresso 3D (3D printer);
remoo de material (RM); Vacuum Bagging (KAI; JACOB; MEI, 1997; PHAM;
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
mq
uina
energia
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
software/programa
mq
uina
energia
prottipo virtual (PV)
CAD/CAE
wireframe; surface; solidMDF; MVF; MEF
software CAD/CAE
com
puta
dor
9
GAULT, 1998; UPCRAFT; FLETCHER, 2003; SILVA; KAMINSKI, 2007; SILVA;
KAMINSKI, 2010; SILVA, 2008; VDI 3404, 2009).
Software so os programas utilizados para transformar as tcnicas/tecnologias
advindas do PV, em uma linguagem compatvel com o software/programa de
prototipagem, por exemplo: software de prototipagem rpida.
A mquina o meio ou equipamento utilizado, que combina e transforma os
sistemas; tcnicas/tecnologias; software/programas e a energia, no produto final
desejado, neste caso particular, no prottipo fsico.
A figura 1.3 mostra uma associao das nomenclaturas esquematizadas na figura 1.1,
para os sistemas; tcnicas/tecnologias; programas/software e mquinas, utilizados na
criao de um prottipo fsico.
Figura 1.3 Associao das nomenclaturas sistemas; tcnicas/tecnologias; software/programas e
mquinas para prottipos fsicos.
1.2 O problema de pesquisa
De acordo com Gil (2010) a maneira mais fcil e direta de formular um problema
por meio da formulao de perguntas. Posto esta afirmao, o problema de pesquisa
desta tese est formulado de acordo com cinco questes.
Questo 1: por que se faz necessrio desenvolver um modelo de referncia especfico para o
processo de desenvolvimento do produto automotivo?
Questo 2: quais so os instantes no PDP em que h a necessidade de se utilizar prottipos?
energia
prottipo fsico (PF)
PR/FR/RM
SL; SLS; FDM; 3D Printerusinagem; fresagem;
torneamento
software CAM/PR
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
mq
uina
ferramenta
sistema
tcnica/tecnologia
software/programa
mq
uina
com
puta
dor
energia
10
Questo 3: como definir quais so os prottipos (PV ou PF) que podem ser utilizados?
Questo 4: como selecionar qual ou quais so os sistemas adequados para a criao, ou para a
fabricao destes prottipos?
Questo 5: como definir quais so as tcnicas/tecnologias, que podem ser utilizadas para a
criao, ou para a fabricao destes prottipos?
1.3 Justificativa da pesquisa
O aprimoramento do processo de desenvolvimento de produtos j est consolidado
como uma forma estratgica das organizaes manterem sua competitividade e
buscar diferentes maneiras de continuar desenvolvendo e lanando produtos
atrativos no mercado local e global.
Um aspecto identificado por Clark e Fujimoto (1991), Clark e Wheelright (1993),
Clausing (1994), Ulrich e Eppinger (2004) est relacionado importncia da
integrao entre as atividades do PDP, como por exemplo, as atividades de projeto
do produto (PRP) e projeto do processo de fabricao (PPF).
Embora a questo da integrao entre as atividades do PRP do PPF seja conhecida e
difundida entre os conhecedores do PDP, lacunas entre a integrao destas
atividades ainda permanecem. Estas lacunas existem seja por problemas culturais
internos das organizaes ou pela falta de interao entre os profissionais atuantes
nas diferentes fases e atividades do PDP. Isto faz com que determinadas informaes
no sejam utilizadas durante o PDP, influenciando no tempo e no custo de
desenvolvimento do produto (SILVA; KAMINSKI, 2012).
Outra dificuldade a existncia de uma viso parcial dos profissionais sobre o PDP.
Os profissionais de engenharia, principalmente das grandes organizaes, tendem a
pensar no PDP como um conjunto de atividades especficas onde se tem como
atividade fundamental apenas clculos, desenhos, testes e validaes, entre outras
11
atividades de engenharia. Falta a estes profissionais um conhecimento holstico2 do
PDP, ou seja, da construo de uma imagem nica e integrada do processo de
desenvolvimento de produtos (ROZENFELD, 1997; ROZENFELD, AMARAL; 2010).
Isto mostra a necessidade de se conhecer todo o processo de desenvolvimento de
produtos.
Quanto a necessidade de se desenvolver um modelo de referncia para o setor
automotivo, identificou-se que at o presente momento (2013) no se tem disponvel
na literatura um modelo de referncia especfico, fundamentado em um referencial
terico, sistematizado e organizado de forma cientfica.
Embora o APQP (1997) possa ser considerado um modelo de referncia relacionado
ao setor automotivo, seu enfoque est em estratgias de qualidade e planos de
controle nos diferentes instantes do desenvolvimento do produto e do processo, alm
do atendimento das expectativas dos clientes. No se trata, portanto, de um modelo
especfico para o desenvolvimento das atividades pertinentes ao projeto do
automvel e ao projeto dos processos de fabricao do mesmo.
Outra abordagem sobre este tema pode ser encontrada no livro Automotive
development processes: processes for successful customer oriented vehicle development. Trata-
se de uma literatura sobre o processo de desenvolvimento automotivo, entretanto,
como relata o autor [...]trata-se mais de um relato pessoal do que um manual para o
desenvolvimento de veculos (WEBER, 2009). O autor complementa descrevendo que
[...] comparado com outras publicaes sobre desenvolvimento automotivo, a
abordagem (approach) seguida neste livro reflete mais o ponto de vista dos
consumidores do que dos engenheiros [...] (WEBER, 2009).
Demais pesquisas sobre diferentes modelos de processo de desenvolvimento de
produtos mostram que tais modelos possuem abordagens genricas, e no
especficas, sobre o desenvolvimento do produto automotivo (SHAFARI;
WOLFENSTETTER; WOLF; KRCMAR, 2010).
2 De acordo com Ferreira (2004), a palavra holstico significa: que d preferncia ao todo ou a um sistema completo, e no anlise, separao das respectivas partes componentes.
12
Quanto a proposio de um conjunto de diretrizes para a seleo de prottipos
virtuais e fsicos; esta se fundamenta na necessidade de se utilizar ambos os
prottipos, virtuais e fsicos, no processo de desenvolvimento do produto
automotivo.
Ramos (2010) apud Franco (2010), argumenta que a realizao de ensaios veiculares
do tipo crash test necessria apenas para validar as simulaes realizadas de forma
virtual, e que entre os anos de 1975 e 2010, a quantidade de testes fsicos (crash test)
realizados por uma determinada montadora de automveis atingiu a marca de 2.000
testes. No mesmo perodo, a quantidade de testes virtuais ultrapassou a marca de
8.000 testes (RAMOS, 2010 apud FRANCO, 2010).
Por outro lado Morassi (2010) apud Braga (2010) assegura que [...] o trabalho virtual
no basta para os responsveis pelo projeto do automvel tomarem deciso. Segundo
este, quatro modelos fsicos so preparados e alterados de acordo com a evoluo do
projeto. Dos quatro modelos preparados, dois so selecionados para dar origem a
modelos construdos em escala 1:1.
Diante das argumentaes apresentadas por Braga (2010) e Franco (2010), conclui-se
que mesmo que o incremento dos testes virtuais possa ter reduzido a quantidade dos
testes fsicos, ambos os prottipos, virtuais e fsicos, so importantes e necessrios
para o processo de desenvolvimento do produto automotivo.
A partir desta realidade espera-se que as diretrizes aqui propostas possam auxiliar
estes profissionais no desenvolvimento de suas atividades.
1.4 Objetivo
Diante do problema de pesquisa apresentado e suas justificativas esta tese tem como
objetivos desenvolver um modelo de referncia especfico para o processo de
desenvolvimento do produto automotivo, denominado de PDP-Automotivo, e a
partir deste modelo de referncia propor um conjunto de diretrizes para a seleo de
prottipos virtuais e fsicos.
13
1.5 Classificao da pesquisa
As pesquisas podem ser classificadas de diferentes maneiras. Mas para que a
classificao seja coerente, necessrio definir previamente o critrio
adotado para classificao. Assim, possvel estabelecer mltiplos sistemas
de classificao e defini-las segundo a rea de conhecimento, a finalidade, o
nvel de explicao e os mtodos adotados (GIL, 2010, p.25-26).
1.5.1 Classificao da pesquisa de acordo com a rea de conhecimento
De acordo com a rea de conhecimento, o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq) classifica as pesquisas em sete grandes reas: 1.
Cincias Exatas e da Terra; 2 Cincias Biolgicas; 3. Engenharias; 4. Cincias da
Sade; 5. Cincias Agrrias; 6. Cincias Sociais Aplicadas; e 7. Cincias Humanas
(GIL, 2010).
Quanto a rea de conhecimento, o contedo desenvolvido nesta tese est contido na
grande rea 3. Engenharias.
1.5.2 Classificao da pesquisa de acordo com a finalidade
De acordo com a finalidade, a Adelaide University (2008) apud Gil (2010) define
quatro categorias de classificao: a pesquisa bsica pura; a pesquisa estratgica; a
pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental.
Quanto a finalidade, esta tese est classificada como pesquisa aplicada, pois se trata
da aquisio de certos conhecimentos, com o propsito de aplic-los em uma
situao especfica, neste caso particular, no processo de desenvolvimento do
produto automotivo.
1.5.3 Classificao da pesquisa de acordo com o nvel de explicao
Quanto ao nvel de explicao, Gil (2010) prope a classificao das pesquisas em:
pesquisas exploratrias; pesquisas descritivas e pesquisas explicativas.
14
Neste sistema de classificao, esta tese est classificada como exploratria. Devido a
familiaridade com o problema proposto, e com os diferentes tipos de levantamentos
de informaes utilizados (levantamento bibliogrfico; entrevistas com pessoas com
experincia prtica no assunto; anlise de exemplos existentes).
1.5.4 Classificao da pesquisa de acordo com os mtodos adotados
Quanto aos mtodos adotados as pesquisas podem ser delineadas em: 1. Pesquisa
bibliogrfica; 2. Pesquisa documental; 3. Pesquisa experimental; 4. Ensaio clnico; 5.
Estudo caso-controle; 6. Estudo de coorte; 7. Levantamento de campo; 8. Estudo de
caso; 9. Pesquisa etnogrfica; 10. Pesquisa fenomenolgica; 11. Teoria fundamentada
nas informaes; 12. Pesquisa-ao e 13. Pesquisa participante (GIL, 2010).
Ainda quanto aos levantamentos de campo (7), Miguel et al. (2010) classifica as
pesquisas como exploratria e confirmatria.
Com base nos mtodos adotados, esta tese est classificada em: pesquisa
bibliogrfica; pesquisa documental; levantamento de campo. Quanto ao
levantamento de campo, esta tese tambm est classificada como uma pesquisa do
tipo confirmatria.
Para resumir a classificao desta tese de acordo com os mltiplos sistemas de
classificao sugeridos por Gil (2010) e Miguel et al. (2010), esta tese pode ser descrita
como:
quanto a rea de conhecimento: 3. Engenharias;
quanto a finalidade: pesquisa aplicada;
quanto ao nvel de explicao: exploratria;
quanto aos mtodos adotados: pesquisa bibliogrfica; pesquisa documental e
pesquisa confirmatria.
15
1.6 Estrutura da tese
Esta tese est estruturada em sete captulos. No captulo um feita uma introduo
sobre o PDP e sobre PV e PF. A justificativa, o objetivo da pesquisa, a classificao da
pesquisa e a estruturao da tese tambm so apresentados.
No captulo dois um referencial terico sobre o PDP desenvolvido, organizado e
apresentado em ordem cronolgica. Um estudo de caso realizado para verificar o
PDP automotivo de trs mercados e culturas diferentes. Para isto trs montadoras
so selecionadas. Para organizao do referencial terico utiliza-se de pesquisa
bibliogrfica. Para organizao do estudo de caso utiliza-se de pesquisa documental,
pesquisa bibliogrfica, e entrevistas a profissionais especialistas do setor automotivo.
Nos captulos trs e quatro, um referencial terico sobre prottipo virtual (PV) e
prottipo fsico (PF) tambm apresentado. Para organizao destes referenciais
tericos, utiliza-se pesquisa bibliogrfica e pesquisa de campo.
A pesquisa bibliogrfica tem parte do seu levantamento realizado na Technische
Universitt Darmstadt, na Alemanha, no departamento de Datenverarbeitung in der
Konstruktion (Dik), financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico (CNPq) brasileiro, e pelo Deutscher Akademischer Austausch
Dienst (DAAD) alemo.
No captulo cinco se tm o desenvolvimento, a proposio e a validao do modelo
de referncia para o processo de desenvolvimento do produto automotivo,
denominado de PDP-Automotivo. Para o desenvolvimento do PDP-Automotivo,
utiliza-se como base o referencial terico desenvolvido no captulo dois. Para sua
validao, adota-se como mtodo o levantamento de campo do tipo confirmatrio.
No captulo seis se tem o desenvolvimento, a proposio e a validao do conjunto
de diretrizes para seleo de prottipos virtuais e fsicos. Para o desenvolvimento do
conjunto de diretrizes faz-se uso do PDP-Automotivo, e dos referenciais tericos
16
desenvolvidos nos captulos trs e quatro. Para validao do conjunto de diretrizes,
tambm se adota como mtodo o levantamento de campo do tipo confirmatrio.
No captulo sete se tem a concluso da tese e sugestes para trabalhos futuros.
A figura 1.4 ilustra a estruturao da tese.
17
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18
2 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS (PDP)
Este captulo apresenta um referencial terico sobre o processo de desenvolvimento
de produtos (PDP) com foco no setor metal mecnico. Um estudo de caso realizado
para verificar o PDP automotivo de trs mercados e culturas diferentes. Para isto trs
montadoras so selecionadas. Para organizao do referencial terico utiliza-se de
pesquisa bibliogrfica. Para organizao do estudo de caso utiliza-se de pesquisa
documental, pesquisa bibliogrfica, e entrevistas a profissionais especialistas do setor
automotivo.
O referencial terico est organizado em ordem cronolgica ascendente, abrangendo
principalmente a dcada de 1980 at a dcada de 2010. Est fundamentado em teses
de doutorado defendidas no Brasil, e em livros e peridicos cientficos que
descrevem o processo de desenvolvimento de produtos (PDP) na amplido do tema.
O critrio para seleo das teses de doutorado teve como base o peridico Product:
Management & Development do Instituto de Gesto de Desenvolvimento do Produto
(IGDP, 2009). Foram pesquisadas teses de doutorado orientadas por membros do
corpo editorial do peridico, que so pesquisadores de diferentes temas do processo
de desenvolvimento de produtos. O apndice A apresenta uma sntese sobre as teses
de doutorado pesquisadas.
A partir do referencial terico e do estudo de caso um comparativo realizado. O
captulo ento consolidado e finalizado com as consideraes pertinentes.
2.1 Referencial terico
De acordo com Asimow (1968) quando um determinado projeto iniciado e
desenvolvido, uma sequncia de eventos desdobra-se numa ordem cronolgica,
dando origem a um modelo, que quase sempre comum a todos os projetos. A
figura 2.1 mostra o modelo geral apresentado por Asimow (1968).
19
Figura 2.1 Modelo geral de desenvolvimento de um projeto (ASIMOW, 1968).
Nota-se que o modelo geral de Asimow (1968) composto por um conjunto de fases
sequenciais com incio na viabilidade de execuo do projeto, depois o seu
desenvolvimento, posteriormente o desenvolvimento dos recursos para a sua
produo, seu consumo e por fim, a sua retirada do mercado.
Em 1970, poucas empresas competiam com produtos em escala global. Em 1991,
estas empresas j somavam mais de 20 competidoras, das quais se destacavam
grandes marcas como a General Motors (GM) (CLARK; FUJIMOTO, 1991).
O desenvolvimento, a produo e o consumo esto integrados em um grande fluxo
de informaes que circula por todo o sistema de desenvolvimento. O fluxo deste
sistema representado por meio da seguinte sequncia: conceito do produto;
planejamento do produto; projeto do produto; projeto do processo; processo de
produo; estrutura do produto; funo do produto e a satisfao do consumidor
(CLARK; FUJIMOTO, 1991, p.23).
20
Clark e Wheelwright (1993, p.9) apresentam o PDP em fases denominadas de [...]
fases tpicas do desenvolvimento do produto [...]. Estas fases so: desenvolvimento
do conceito; planejamento do produto; produto/processo de engenharia; produo
piloto/produo para o mercado3.
Uma diretriz que apresenta uma metodologia, estratgias para ao, tarefas para
projeto e desenvolvimento de produtos e sistemas a VDI 2221 (1993). A
estruturao proposta nesta diretriz inclui as fases do desenvolvimento e vida do
produto (planejamento do produto, desenvolvimento e construo, fabricao,
montagem e testes, distribuio, consumo, utilizao, descarte e reciclagem do
produto); os sistemas de informao envolvidos (requisitos/objetivos) e os processos
de apoio ao desenvolvimento do produto (acompanhamento/monitoramento do
produto).
Outra caracterstica desta diretriz, est na transmisso dos requisitos/objetivos
advindos dos sistemas preliminar, de desenvolvimento, de produo, de operao e
de mudana para o fluxo do processo de desenvolvimento, de modo que os
resultados e as experincias sejam implementados no desenvolvimento de produtos
correntes, ou aproveitados no desenvolvimento de produtos futuros.
A figura 2.2 mostra a estruturao proposta do ciclo de desenvolvimento do
produto, sua utilizao e reciclagem, conforme VDI 2221 (1993).
3 Ramp-up, uma expresso do idioma ingls e aqui traduzida como produo para o mercado, deve ser entendida como o incremento sucessivo do volume de produo at que se tenham as quantidades estabelecidas pela organizao para o mercado de usurios consumidores.
21
Figura 2.2 Diretrizes para o projeto e o desenvolvimento de produtos e sistemas
(VDI 2221, 1993 adaptado pelo autor).
O sucesso de um produto tambm est condicionado ao atendimento das
expectativas dos usurios, alm de atender prazos e custos que representem valor.
Para isto, alm do processo de desenvolvimento do produto ser por si organizado,
deve ser tambm flexvel. Portanto, as equipes de qualidade envolvidas no
desenvolvimento do produto devem estar preparadas para modificar os planos de
qualidade e ento atender as expectativas dos usurios (APQP, 1997). A figura 2.3
mostra uma representao do cronograma de planejamento da qualidade do produto
que, de acordo com o APQP (1997), deve ser prioridade de trabalho aps a
Mercado/NecessidadeProblema
Potenciais Negcios/metas
Planejamento do produto /Tarefas
DesenvolvimentoConstruo
Fabricao/Montagem/Testes
Distribuio/Servios/Vendas
Uso/Consumo/Manuteno
UtilizaoTrmica
Reciclagem
acom
panh
amen
to /
mon
itor
amen
to d
o pr
odut
o
requ
isit
os /
obj
etiv
os
Descarte/Ambiente
Sistema preliminar
Sistema desenvolvimento
Sistema produo
Sistema introduo
Sistema operao
Sistema mudana
22
organizao e definio da equipe de planejamento da qualidade do produto. Uma
caracterstica desta representao a apresentao concomitante das fases do PDP.
Figura 2.3 Cronograma de planejamento da qualidade do produto (APQP, 1997).
A fase de planejamento tem como sadas (outputs) ou resultados da fase a definio
dos objetivos do projeto, o estabelecimento das metas de qualidade, a elaborao de
listas de materiais e um fluxograma preliminar do processo. Tem-se ainda a
elaborao de listas preliminares com as caractersticas do produto e do processo,
alm de um plano de garantia do produto.
A fase de projeto e desenvolvimento do produto tem como sadas a anlise do modo
e efeitos de falha de projeto, o projeto para manufatura e montagem, a verificao do
projeto, as anlises crticas de projeto e a construo de prottipos. Os desenhos de
engenharia incluindo os dados matemticos so elaborados, as especificaes de
engenharia e de material so feitas bem como as alteraes de desenhos e de
especificaes.
A fase de desenvolvimento do processo tem como sadas a definio dos padres de
embalagem, a anlise crtica do sistema de qualidade do produto e do processo, a
elaborao de um fluxograma do processo, o desenvolvimento do layout das
23
instalaes, a definio de uma matriz de caractersticas4 e a anlise do modo e
efeitos de falha do processo.
A fase de validao do produto e do processo tem como sadas a realizao da
produo piloto, a avaliao dos sistemas de medio, o estudo preliminar da
capacidade do processo, a aprovao de peas da produo e a realizao de testes
de validao da produo. Tem-se tambm a avaliao de meios auxiliares da
produo como, por exemplo, dispositivos de acondicionamento e transporte e
dispositivos interoperacionais. feita a descrio do plano de controle da produo e
a aprovao do planejamento da qualidade.
A fase de anlise da retroalimentao e ao corretiva tem como sadas a reduo de
variaes do processo por meio de tcnicas estatsticas como cartas de controle e
diagramas de medies. Procura-se adequar o produto ou servio com o objetivo de
satisfazer o usurio. Existe a entrega e a assistncia tcnica de planejamento da
qualidade, que mantm uma parceria entre fornecedor e usurio em relao
soluo de problemas, e processos de melhoria contnua.
Para Kaminski (2000) o desenvolvimento de um projeto no ocorre de forma linear, e
sim de forma interativa, no qual cada item depende de outros para que todo o
sistema funcione harmonicamente. Com isto, a imagem que pode representar de
forma adequada o processo de um projeto a de uma espiral. Nas primeiras voltas
os itens so definidos de forma bsica. Com a evoluo do projeto (demais voltas da
espiral) o projeto detalhado at convergir para sua concluso. A figura 2.4 mostra
um exemplo de espiral de projeto para o desenvolvimento de um automvel.
4 De acordo com o APQP (1997) [...] uma matriz de caractersticas uma tcnica analtica recomendada para mostrar a relao entre os parmetros do processo e as estaes de manufatura [...].
24
Figura 2.4 Exemplo de espiral de projeto (KAMINSKI, 2011).
Sob a perspectiva de que o desenvolvimento de produtos um processo deliberado
de negcios, envolvendo uma grande quantidade de decises, Krishnan e Ulrich
(2001) denominaram esta perspectiva como perspectiva de deciso ou decision
perspective. Por uma convenincia organizacional, estas decises foram classificadas
em quatro categorias: desenvolvimento do conceito, projeto da cadeia de
suprimentos, projeto do produto, incio da produo e lanamento. Para
fundamentar esta perspectiva de deciso foi realizada uma reviso da literatura, que
compreendeu o perodo de 1988 at 1998 (KRISHNAN; ULRICH, 2001).
Outra abordagem para o desenvolvimento de produtos a denominada de projeto
axiomtico. Nesta abordagem, o projeto estruturado em domnios, que compem o
mundo de projetos, denominados de: domnio dos consumidores, domnio
funcional, domnio fsico e domnio de processo (SUH, 2001). A figura 2.5 mostra
uma representao dos quatro domnios supracitados, com os vetores caractersticos
de cada domnio.
25
Figura 2.5 Os quatro domnios de acordo com o conceito de projeto axiomtico (SUH, 2001 adaptado
pelo autor).
A simbologia representada por colchetes { } na figura 2.5 representa os vetores de
cada domnio. O domnio dos consumidores {CO} caracterizado pelas necessidades,
ou atributos, que o consumidor procura em um determinado produto, processo,
sistema ou material. No domnio funcional {FU}, as necessidades dos consumidores
so especificadas em termos de requerimentos funcionais e restries. Para satisfazer
os requerimentos do domnio funcional, so concebidos parmetros de projeto ao
domnio fsico {FI}. Por fim, para se produzir o produto especificado em termos de
domnio fsico {FI}, desenvolve-se o processo, que caracterizado pelas variveis de
processo, no domnio de processo {PR} (SUH, 2001).
O processo de desenvolvimento de produtos descrito por Ulrich e Eppinger (2004)
pode ser entendido como uma sequncia de passos ou atividades que uma empresa
utiliza para conceber, projetar e comercializar um produto. Em complemento a isto
Ulrich e Eppinger (2004) afirmam que muitos destes passos ou atividades so mais
intelectuais e organizacionais do que fsicos.
No modelo de referncia de Rozenfeld et al. (2006) o PDP representado por trs
macrofases definidas como pr-desenvolvimento; desenvolvimento e ps-
desenvolvimento. Estas macrofases esto subdivididas nas fases de planejamento
estratgico dos produtos; planejamento do projeto; projeto informacional; projeto
conceitual; projeto detalhado; preparao para produo; lanamento do produto;
acompanhamento do produto/processo e a descontinuidade do produto. Cada uma
{CO} {FU} {FI} {PR}
26
destas fases formada por vrias atividades. A figura 2.6 mostra uma viso geral
deste modelo de referncia.
Figura 2.6 Viso geral do modelo de referncia do PDP (ROZENFELD et al., 2006).
O modelo de processo de desenvolvimento de produtos de Dieter e Schmidt (2009)
tambm est estruturado por meio de fases. Na fase zero se tem o planejamento que
deve ser feito antes da aprovao do projeto do produto. Na fase um se tem o
desenvolvimento do conceito do produto considerando os diferentes meios de
produo e cada subsistema a ser projetado. Na fase dois, as funes do produto so
examinadas, de acordo com a diviso do produto em vrios subsistemas. Na fase
trs, ocorre o detalhamento do projeto. Nesta fase, o projeto levado ao estado de
uma descrio completa de engenharia, de um produto testado e da capacidade
produtiva. Na fase quatro, o produto testado e adequado conforme os testes
realizados nas verses pr-fabricadas do produto. Na fase cinco, o processo de
manufatura do produto se inicia conforme curva de volume de produo, qualidade
e estabilidade do processo produtivo. A figura 2.7 mostra uma ilustrao deste
modelo.
Figura 2.7 O processo de desenvolvimento de produtos (Dieter; Schmidt, 2009).
27
A modelagem do PDP apresentada entre os anos de 1968 a 2009 por Asimow (1968);
Clark e Fujimoto (1991), Clark e Wheelright (1993), APQP (1997); Kaminski (2000);
Krishnan e Ulrich (2001), Ulrich e Eppinger (2004), Rozenfeld et al. (2006), Dieter e
Schmidt (2009) est estruturada em macrofases, fases e atividades. Os modelos
apresentados nas teses contidas no apndice A, que abrangem ainda o ano de 2010,
tambm apresentam, na sua maioria, esta mesma modelagem. Uma exceo a este
tipo de modelagem identificada no projeto axiomtico proposto por Suh (2001).
Cada macrofase, fase e atividade geram um conjunto de informaes. Em sntese este
conjunto de informaes o que caracteriza o final de uma fase e o incio da fase
seguinte, portanto, so como requisitos para a continuidade do processo de
desenvolvimento.
Uma sistemtica utilizada para avaliar, aprovar ou revisar este conjunto de
informaes denominada de reviso de fases ou gates no idioma ingls. Os gates
podem ser tcnicos e/ou gerenciais. Os gates tcnicos podem ocorrer durante todo o
PDP, enquanto que os gates gerenciais ocorrem em momentos especficos e
estratgicos do PDP. Os gates tcnicos devem tratar apenas de questes tcnicas, e
podem ser definidos no modelo de referncia especfico da organizao. Podem
ocorrer ainda ao final dos ciclos de detalhamento e otimizao, na fase de projeto
detalhado. J os gates gerenciais ocorrem no momento de avaliao das fases, e
devem considerar trs temas: o cumprimento da atividade planejada; a qualidade da
entrega (das informaes) e a gesto do portflio (ROZENFELD et al., 2006;
KERZNER, 2013). A figura 2.8 apresenta uma representao dos gates tcnicos e
gerenciais em um modelo genrico do processo de desenvolvimento de produtos.
Figura 2.8 Representao de gates tcnicos e gerenciais no PDP (SILVA; KAMINSKI, 2012).
LEGENDA gates gerenciais gates tcnicos
ESTRATGIA DO PRODUTO
PRODUO E MELHORIACONTNUA
nI IIn IV V VIIII
DESENVOLVIMENTO DO PRODUTOE DO PROCESSO
n n n n n n
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
ATIVIDADES
28
Durante mais de trs dcadas (1970 at 2010) o PDP evoluiu, influenciado pelo
mercado, que por sua vez foi e continuar sendo influenciado pelos usurios, alm
da influncia de concorrentes, que desenvolvem e produzem produtos
continuamente.
Alguns autores apresentam o PDP como um conjunto de fases sequenciais (Asimow,
1968; Clark e Fujimoto, 1991; Dieter e Schimidt, 2009), outros apresentam o PDP
como um conjunto de processos concomitantes (APQP, 1997; Rozenfeld et al., 2006)
ou mesmo por meio de uma espiral de projeto (Kaminski, 2000).
O fato que o PDP por si complexo, interativo, dinmico, adaptativo e evolutivo.
Depende de pessoas, de ideias, de sistemticas, de recursos tecnolgicos e fabris,
para manufaturar um produto que seja o mais compatvel possvel com as
necessidades dos usurios, alm de ser tcnico e economicamente vivel.
Preocupaes futuras, e pesquisas nos diferentes campos da engenharia sobre o
futuro da metodologia de projeto envolvendo reflexes e propostas sobre este tema,
so exemplos da preocupao contnua, em aprimorar os processos de
desenvolvimento de produtos (BIRKHOFER, 2011).
2.2 Estudo de caso
Para a seleo dos exemplos de PDP automotivos que compem o estudo de caso,
primeiro observou-se a produo global de autoveculos5, independente da
categoria6. A tabela 2.1 mostra a distribuio da produo de autoveculos por
continentes (ANFAVEA, 2012).
Tabela 2.1 Distribuio da produo de autoveculos por continentes.
5 Autoveculos so automveis, caminhes, nibus, comerciais leves e mquinas agrcolas automotrizes. 6 Categoria: refere-se aos diferentes tipos de autoveculos que so comercializados e que so agrupados de acordo com o seu tamanho, motorizao e pblico alvo.
Continentes Asia Europa Amrica frica Oceania
produo (%) 50,4 26,4 22,2 0,7 0,3
29
Ao analisar a tabela 2.1 possvel determinar os trs continentes com a maior
produo de autoveculos: a sia com 50,4%, em seguida a Europa com uma
produo de 26,4% e por fim a Amrica com 22,2% da produo. A Oceania e a
frica representam uma produo de 0,7% e 0,3% respectivamente.
Para o setor automotivo, os trs continentes com a maior produo representam trs
mercados ou culturas diferentes. Com o objetivo de verificar o PDP automotivo
destes trs mercados ou culturas, selecionou-se uma montadora representante de
cada continente sendo para a sia a Toyota; para a Europa a Volkswagen (VW) e
para a Amrica a General Motors (GM). Apenas no Brasil, no ano de 2011, estas trs
montadoras juntas produziram mais de 1.532.000 veculos, o que representa 44,95%
de toda a produo de veculos no Brasil (ANFAVEA, 2012).
As informaes utilizadas para a apresentao do estudo de caso so: levantamentos
bibliogrficos sobre o PDP asitico; levantamentos bibliogrficos e o conhecimento
do autor para o PDP europeu; levantamentos bibliogrficos, documentos e
entrevistas a engenheiros seniores para o PDP americano.
2.2.1 O processo de desenvolvimento de produtos de uma montadora asitica
O modelo apresentado, tambm denominado de sistema enxuto de desenvolvimento
de produtos (SEDP) est estruturado em trs partes denominadas de subsistemas: o
subsistema processo; o subsistema pessoal e o subsistema ferramentas e tecnologia.
Os trs subsistemas so constitudos por treze princpios. Sob o aspecto de fluxo do
desenvolvimento do produto, o PDP da montadora asitica segue basicamente o
seguinte processo evolutivo: definio do conceito do automvel; definio do estilo;
projeto do automvel em sistemas CAD; desenvolvimento e construo de
prottipos; interao contnua da engenharia de produo durante o processo de
desenvolvimento do automvel; construo de ferramentais; lanamento do produto;
acompanhamento da qualidade do produto, alm da constante preocupao com a
reduo de desperdcios (SHINGO, 1989; AMASAKA, 2002; AMASAKA, 2007;
30
MORGAN; LIKER, 2008; JAYARAM; DAS; NICOLAE, 2010; ). A figura 2.9 mostra
uma viso geral deste modelo.
Figura 2.9 Viso geral do PDP da montadora asitica (MORGAN; LIKER, 2008 adaptado pelo autor).
Os dois subsistemas, pessoal e ferramentas e tecnologia podem ser entendidos como
os recursos ou meios para o processo de desenvolvimento e esto implcitos na figura
2.9.
O subsistema processos contempla todas as sequncias de atividades exigidas desde
o conceito do automvel at a sua produo. Neste processo de engenharia se tem a
informao, a identificao das necessidades dos usurios, as caractersticas dos
produtos anteriores, informaes sobre produtos competitivos, conceitos de
engenharia e demais informaes necessrias. Estas informaes so transformadas
em uma engenharia completa de um produto para manufatura (MORGAN; LIKER,
2008).
As empresas japonesas se utilizam de diversas estratgias para coletar informaes.
Projetistas do produto recebem informaes dos engenheiros de produo a respeito
das capacidades do processo. Os representantes das diferentes funes do projeto e
da fabricao se renem com frequncia formalmente ou informalmente. Juntos
discutem o projeto em andamento e ajudam uns aos outros a resolver problemas
(LIKER; SOBEK II, 1996).
Conceito
Estilo
Projeto com CAD
Prottipo
Engenharia de produo
Ferramentaria
Desenvolvimento do processo
Lanamento
Construo de ferramentas
Conceito do design Tempo Comeo da Produo
Tempo sem valor agregado (desperdcio)
Tempo com valor agregado
Desenvolvimentode fornecedores
Qualidadedo produto
Suporte ao lanamentoSuporte mudana de engenharia
CAD
Escolha do tema do modelo de argila
Modelo de negcioMarketing
31
O subsistema processo formado pelos princpios um, dois, trs e quatro
respectivamente. O princpio um tem como objetivo estabelecer o valor definido pelo
usurio para separar o valor agregado do desperdcio. O princpio dois tem como
objetivo concentrar esforos no incio do processo de desenvolvimento de produtos
para explorar integralmente as alternativas disponveis. O princpio trs tem como
objetivo criar um nivelamento de fluxo do processo de desenvolvimento do produto.
O princpio quatro tem como objetivo utilizar uma padronizao rigorosa para
reduzir a variao e criar flexibilidade7 e resultados previsveis
(MORGAN; LIKER, 2008).
No subsistema pessoal se tem o recrutamento, a seleo e o treinamento de
engenheiros. Incluem-se tambm os estilos de liderana, os padres