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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CEP CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA TESTE DE JARROS COM EFLUENTE DE UMA EMPRESA DE PRODUTO DE LIMPEZA ANDERSON LUIS ROSA Lajeado, novembro de 2015.

teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

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Page 1: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CEP

CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA

TESTE DE JARROS COM EFLUENTE DE UMA EMPRESA DE PRODUTO DE LIMPEZA

ANDERSON LUIS ROSA

Lajeado, novembro de 2015.

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CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL - CEP

CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA

TESTE DE JARROS COM EFLUENTE DE UMA EMPRESA DE PRODUTO DE LIMPEZA

ANDERSON LUIS ROSA

Documento apresentado na disciplina de

Estágio, do Curso Técnico em Química, como

exigência para a obtenção do título de Técnico

em Química.

Orientador: Prof. Ms. Cátia Viviane Gonçalves

Lajeado, novembro de 2015.

Page 3: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

AGRADECIMENTOS

De forma especial agradeço:

A Instituição UNIVATES na figura de todos os professores que me

ajudaram e ensinaram tanto e com tamanha dedicação de forma que palavra

não podem fazer jus ao sentimento de carinho despertado.

Em especial a minha orientadora hoje e sempre Prof.ª Cátia Viviane

Gonçalves. Deixa-me uma lição de perseverança, compreensão, admiração e

amizade que levo pelo resto de minha vida.

Acima de tudo agradeço a minha família na figura de minha mãe e irmã

que me apoiaram e lutaram para que tivesse uma oportunidade de adquirir

conhecimento para obter um futuro melhor. Ao meu pai que jamais será

esquecido.

Page 4: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho de conclusão foi elaborado sob forma de artigo

científico, com a pretensão de ser uma primeira versão do trabalho a ser

apresentado para a Revista Estudo e Debate, publicação do Centro

Universitário UNIVATES.

Após o texto inicial (primeira versão do trabalho a ser submetido no

futuro), disponibilizou-se dois apêndices: I) licença de instalação da empresa

onde foi desenvolvido o estágio e II) instruções de submissão aos autores,

disponível em http://www.univates.br/revistas/index.php/estudoedebate.

Dentro do sistema de classificação de periódicos, anais, jornais e

revistas denominado de Qualis/CAPES, a referida revista é classificada como

B4 para a área interdisciplinar.

Page 5: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

TESTE DE JARROS COM EFLUENTE DE UMA EMPRESA DE PRODUTO DE LIMPEZA

Anderson Luís Rosa1 Resumo: Diante da crescente produção industrial de produtos químicos para limpeza e do

consequente aumento do consumo, torna-se necessário alternativas para o tratamento do efluente gerado no processo produtivo. O presente estudo tem a finalidade testar diferentes produtos - de uma mesma linha de produtos comerciais – vendidos para tratamento de efluente gerado em empresas de produtos de limpeza. Para os testes foi utilizado o equipamento jar test com diferentes produtos. De forma geral, conclui-se que a empresa, em um primeiro momento, gastaria menos para tratar internamente o efluente da mesma. Podendo o efluente tratado ser utilizado para lavagem de pisos e jardins, e o seu lodo encaminhado a fertirrigação ou utilizado como componente em empresa de adubos

Palavras-chave: Resíduo líquido industrial, polímero aniônico, jar test.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas verificou-se um acelerado processo de

urbanização, aliado ao consumo crescente de produtos menos duráveis, o que

provocou sensível aumento de volume e diversificação dos resíduos sólidos e

líquidos gerados e sua distribuição espacial. Desse modo, o encargo de

gerenciar os resíduos tornou-se uma tarefa que demanda ações diferenciadas

e articuladas, as quais devem ser incluídas entre as prioridades dos órgãos

públicos (BRAGA, 2005).

Além disso, a imagem das empresas causadoras de danos ambientais

por vazamento de produtos químicos foi afetada negativamente. Frente a esse

quadro, empresas com maior potencial poluidor passaram a desenvolver e

implementar instrumentos de gestão ambiental corporativa para a melhoria do

fluxo de informação, interno e externo, além de propiciar a redução de risco de

acidentes (SHREVE & BRINK, 1997).

O setor químico foi o pioneiro na elaboração de diretrizes para a gestão

ambiental corporativa. A Canadian Chemical Producers Association (CCPA)

lançou, em 1984, um documento denominado Statement of Responsible Care

and Guiding Principles, contendo princípios específicos para a gestão

1 aluno do Curso Técnico de Química - [email protected]

Page 6: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

responsável do processo de produção em todo o ciclo de vida do produto,

dando ênfase à proteção da saúde humana e do meio ambiente e à segurança

industrial e do produto (BORDIN, 2005).

O documento, além de detalhar as iniciativas que as empresas precisam

tomar para atender aos princípios do Responsible Care, destaca a necessidade

de comprometimento de todos os envolvidos na produção, na distribuição e no

recebimento dos produtos das respectivas empresas, assim como da troca

permanente de informações com a comunidade vizinha (BORDIN, 2005).

Segundo Bordin (2005) a adoção desses princípios em vários outros

países, como Estados Unidos (EUA), Inglaterra e Brasil, contribuiu para

resgatar uma imagem mais positiva da indústria química perante a opinião

pública.

O Instituto Brasileiro de Estatísticas, no Atlas do Saneamento do IBGE

de 2011, contata que no Brasil apenas 29% dos municípios contam com uma

rede de coleta e tratamento adequados de esgotos sanitários. Em termos

populacionais, quase 90% da população não dispõe de tratamento adequado a

seus efluentes (IBGE, 2011).

No caso de efluentes industriais, a dificuldade de uso de estações é

maior. Cada tipo de indústria utiliza matérias-primas diversas e produz resíduos

químicos e fisicamente diferentes, os quais necessitam de tipos específicos de

tratamento (KRIEBEL, 2012).

Dessa forma, a escolha do melhor método ou da melhor tecnologia para

tratamento dos efluentes é um processo que demanda muito estudo (BORDIN,

2005).

O efluente final tratado pode ser despejado em cursos de águas

naturais, depende de sua classificação, que é dada pela Resolução CONAMA

no 357/05 que aborda a classificação dos corpos d’água e estabelece as

condições e padrões de lançamento. Além dessa Resolução Federal, existe

ainda, no Estado do Rio Grande do Sul, a Resolução CONSEMA no 128/2006

que estabelece padrões de emissão de efluentes industriais e domésticos.

De modo geral, indústrias de produtos de limpeza geram um efluente

com características biodegradáveis, sendo de fácil tratamento através de

processos biológicos (KRIEBEL, 2012).

Page 7: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

Na realidade brasileira, o reaproveitamento dos efluentes (resíduos

líquidos) é visto basicamente como uma atividade privada. Como tal, a sua

execução está habitualmente associada à ideia de “empresa”, com o propósito

claro de gerar lucro para os seus executores (LEME, 2010).

Após todos esses processos, o efluente líquido tratado adquire uma

qualidade que torna possível o seu descarte nos corpos hídricos, segundo a

legislação CONAMA 357/05. Uma vez que o setor industrial é um importante

usuário de água, muitas empresas já estão reutilizando a água reciclada em

seus processos, o que diminui os custos referentes à captação, seja da rede de

abastecimento, seja da natureza – o que vem se tornando uma prática quase

inexistente (LEME, 2010).

Segundo Leme (2010) o uso da água reciclada pode ocorrer na irrigação

paisagística de parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de

autoestradas, campus universitários, cinturões verdes, gramados residenciais.

Irrigação de campos para cultivos de forrageiras, plantas fibrosas e de grãos,

plantas alimentícias, viveiros de plantas ornamentais, proteção contra geadas.

Os usos industriais mais comuns são: refrigeração, alimentação de

caldeiras, água de processamento, uso em banheiros (descargas), lavagem de

chão. Além da irrigação paisagística, combate ao fogo, sistemas de ar

condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e pontos de ônibus, etc

(SANTOS, 2011).

O tratamento dos efluentes parece ser a solução definitiva para o

combate à poluição, mas ele resulta em outro produto: o lodo, que pode conter,

além de grande concentração de matéria orgânica, organismos patogênicos,

metais pesados e outras substâncias perigosas (COSTA et al., 2012).

É de extrema importância que ele receba tratamento (desinfecção e

purificação) antes de sua utilização e/ou destinação final (COSTA et al., 2012).

O destino mais comum dos lodos de tratamento de efluentes é o seu descarte

em aterros privados.

O lançamento de lodos em estado líquido em solo argiloso ocasiona um

aumento das concentrações de metais potencialmente tóxicos. Dependendo

das características do lodo descartado, pode ser um ótimo fertilizante orgânico,

usado diretamente ou após processo de desidratação. Se for usado deste

Page 8: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

modo, poupa o ambiente, reduz custos de produção no campo e amplia a

produtividade das lavouras (COSTA et al., 2012).

A reciclagem da matéria orgânica e dos nutrientes é o principal ganho

para o meio ambiente, que ainda pode reduzir o uso de adubos químicos

(COSTA et al., 2012).

No caso da poluição da água por resíduos industriais o fator implicante é

a degradação por processos naturais. Sua composição geralmente inclui

substâncias químicas tóxicas, como metais pesados (chumbo, cobre etc.),

pesticidas, que acima dos níveis de concentração podem trazer sérios riscos

tanto para a humanidade, como para o meio ambiente, visto que a

contaminação pode se estender também aos solos (SHREVE, 2007).

Segundo Shreve (2007) toda essa poluição gerada é eliminada

diretamente em cursos d’água, em canais subterrâneos ou a céu aberto, para

então, chegar a córregos, causando grandes problemas ambientais e

epidemiológicos. A recuperação dos prejuízos causados pelo descarte

inadequado de efluentes gera despesas muito maiores do que o tratamento o

qual nos últimos anos, tornou-se indispensável.

A qualidade da água é importante tanto para se comprovar uma

determinada atividade poluidora, quanto para estabelecer meios para seu uso.

Pode ser avaliada através de diversos parâmetros, os quais traduzem suas

principais características físicas, químicas e biológicas (SHREVE, 2007).

Dentre as características físicas, são analisados parâmetros de cor,

turbidez e odor. Características químicas são dadas através da dureza,

corrosividade, alcalinidade, entre outras. E, por fim, as biológicas são aplicadas

à presença de microrganismos patogênicos, algas e bactérias (BRAGA, 2007).

Infelizmente, em virtude da alta taxa de poluição causada por atividades

industriais, está cada vez mais difícil encontrar água potável que possa ser

ingerida diretamente sem tratamento prévio. Desta forma, tanto a coleta quanto

o tratamento dos efluentes são de extrema importância para garantir a

preservação dos recursos hídricos e a saúde da população (NOVAIS, 2012).

Dentre as alternativas que podem minimizar esse problema, além da

diminuição do uso de água, está a possibilidade de realização de tratamento

dos efluentes de forma que possam ser reutilizados no processo. Assim, forma

Page 9: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

uma espécie de ciclo fechado, no qual a água é utilizada, passa por tratamento

e volta a ser reutilizada, sucessivamente (MACÊDO, 2007).

Diante do exposto, o presente estudo buscou uma alternativa para o

tratamento de efluente da empresa Girando Sol - que há 25 anos produz

amaciante, amaciante concentrado, desinfetante, detergente, lava roupas,

alvejante, alvejante sem cloro, ceras e limpador perfumado. Atualmente, a

empresa Girando Sol utiliza os serviços de uma empresa terceirizada (externa)

de coleta e tratamento de efluentes líquidos industriais.

2 ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO

Várias são as alternativas para realizar o gerenciamento dos resíduos

sólidos e líquidos, como, por exemplo, por meio da reciclagem. A reciclagem é

o processo de reaproveitamento de resíduos sólidos, é considerado o melhor

método de destinação do lixo, em relação ao meio ambiente, uma vez que

diminui a quantidade de resíduos enviados a aterros sanitários, e reduz a

necessidade de extração de matéria-prima diretamente da natureza (SANTOS,

2011).

É indiscutível a importância da reciclagem de resíduos sólidos e líquidos,

estando entre as alternativas mais viáveis para o tratamento correto desses

resíduos, trata-se do reaproveitamento de materiais beneficiados como

matéria-prima para um novo produto (SANTOS, 2011).

Segundo o mesmo autor Santos (2011), a demanda ambiental é

crescente e cada vez mais as empresas são cobradas para que aliem

desenvolvimento e preservação ambiental. Porém, as usinas de reciclagem

também causam impacto ambiental, especialmente pelos resíduos gerados.

O gerenciamento correto dos resíduos sólidos e líquidos e os resultados

da reciclagem são expressivos em vários campos. No meio ambiente a

reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de resíduos; a produção de

novos materiais, como, por exemplo, o papel, que exigiria o corte de mais

árvores; as emissões de gases como metano e gás carbônico; as agressões ao

solo, ar e água; entre outros tantos fatores negativos (GUTERRES, 2005).

Page 10: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

No aspecto econômico a reciclagem contribui para uma utilização mais

racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são

passíveis de reaproveitamento (DI BERNARDO et al, 2012).

O problema dos efluentes nos remete a uma análise sobre o modo de

produção e os hábitos da população, constantemente incentivados para que o

sistema gire e se obtenha mais lucratividade (GUTTERES, 2005).

Diante disso, a gestão ambiental nas organizações tem ganhado

espaço, especialmente após a percepção que os ganhos podem aumentar,

diminuindo os custos de produção por meio de medidas como o reuso, reciclo e

a diminuição dos efluentes líquidos (GUTTERES, 2005).

Percebe-se que uma das alternativas de tratamento de efluentes

utilizada para empresas do ramo de limpeza é o uso do polímero. Segundo

Novais (2012), essa opção se deve por ser um material de baixo custo que

acelera o processo de decantação, tornando o tratamento mais eficaz.

Os polímeros são de grande importância em vários setores industriais,

por apresentarem compatibilidade com outros materiais, baixa densidade e

flexibilidade. Devido a essas propriedades, muitas vezes substitui matérias-

primas tradicionais, como os metais (MARINHO, 2005).

2.1 Polímeros

Os polímeros são compostos químicos resultantes de reações químicas

de polimerização. São formados por macromoléculas, ou seja, compostos

orgânicos ou inorgânicos de massa molar elevada e constituídos, em sua

maioria, por átomos não pesados, como o carbono, o nitrogênio e o silício.

Possuem várias unidades repetitivas ao longo da cadeia, denominadas “meros”

(MARINHO, 2005).

Podem ser naturais ou sintéticos, como exemplo de polímeros naturais

orgânicos cita-se látex e amido e como inorgânicos a sílica e o grafite.

Exemplos de polímeros sintéticos orgânicos tem-se o polietileno e como

inorgânicos o poli (cloreto de fosfonitrila). Podendo ser divididos ainda de

acordo com suas cargas: quando positiva é chamado de catiônico, e negativa,

por aniônico (BAIRD, 2002).

Page 11: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

Os polímeros sintéticos (polieletrólitos, constituídos de poliacrilamida)

continuam sendo os mais utilizados para o tratamento de efluentes. Eles

promovem a coagulação ou floculação das partículas em suspensão

transformando-as em partículas maiores posteriormente removidas por

decantação, flotação ou filtração. São lineares e solúveis em água e sua carga

elétrica pode ser negativa (aniônica), positiva (catiônica) ou não iônica. Sendo

aniônico, ele atrairá as cargas positivas como é o caso de sais e hidróxidos

metálicos. Sendo catiônico se ligará a cargas negativas como o silicone ou

substâncias orgânicas. Os não-iônicos não apresentam carga (DI BERNARDO,

2012).

Os polímeros aniônicos são polieletrólitos com massas molares típicas

entre 12-15 mg.mol-1 (mais de 150.000 monômeros de acrilamida por

molécula), comercialmente disponíveis na forma sólida (granular) necessitando

de intensa agitação durante a dissolução em concentrações recomendadas

entre 0,25 e 1,0% (p/v) para uma dissolução satisfatória, sendo eficientes em

dosagens muito baixas (GUTTERRES et al., 2005).

Estes polímeros em geral são efetivos dentro de uma ampla faixa de pH,

cujas características aniônicas permitem a neutralização de cargas positivas

presentes na superfície das partículas suspensas em meio aquoso. Além disso,

por efeitos de adsorção e formação de pontes intermoleculares de partículas

em suspensão, é possível formar flocos maiores que serão mais facilmente

separados do meio (BAIRD, 2002).

Cabe ressaltar que o tipo de polímero a ser utilizado depende das

características do efluente e de resultados de testes de bancada (por exemplo:

teste de jarros ou jar test) para avaliação da dosagem a ser utilizada (BAIRD,

2002).

Um dos primeiros padrões de eficiência em teste de jarros, é a

clarificação, que tem por objetivo a remoção dos sólidos através de produtos

químicos e representa uma parte bastante delicada e importante do tratamento

de água, pois se for falha, pode-se ter problemas sérios nas operações

seguintes (MACÊDO, 2007).

Os ensaios realizados nos equipamentos de jar tests, reproduzem as

mesmas condições utilizadas durante o tratamento físico-químico em escala

Page 12: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

real. Para que isso ocorra, existem três fases fundamentais: a) agitação rápida

que favorece a dispersão dos produtos químicos adicionados, b) agitação lenta

que promove a agregação dos flocos formados e c) período de repouso em que

ocorre a sedimentação dos flocos e a clarificação do líquido tratado.

2.2 Coagulação

É o processo de aglutinação das partículas presentes na água formando

flocos que possam ser separados na fase de sedimentação e filtração (LEME,

2010).

As principais etapas do processo é a coagulação e a sedimentação.

Para a coagulação pode ser adicionado produtos químicos, os mais usados

são o sulfato de alumínio, sulfato férrico, sulfato ferroso, cloreto férrico,

aluminato de sódio e os polieletrólitos (SANTOS, 2011).

Há ainda os auxiliares na coagulação que são produtos alcalinos como o

óxido de cálcio, carbonato de sódio, hidróxido de sódio e polieletrólitos

(SANTOS FILHO, 1990).

2.3 Floculação

É neste processo que se adiciona os polieletrólitos. Eles irão promover o

crescimento dos flocos após a coagulação.

Para Novais (2011) o uso de polímeros trocadores de íons na etapa de

clarificação de efluente está se tornando cada vez mais comum com o objetivo

de reciclá-lo ou para disposição no meio ambiente, de acordo com a legislação

específica.

Page 13: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

Figura 1: Modelo esquemático dos processos de coagulação e floculação, com

a utilização de um polieletrólito.

Fonte: PASTOR et al., 2004

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Após a revisão de literatura sobre as principais formas de tratamento de

efluentes da indústria de produtos de limpeza, optou-se por realizar teste de

jarros in loco (na empresa) e em laboratório externo (Laboratório de

Biorreatores da Univates) com o uso de produtos encontrado no mercado

(Axchem Brasil).

Para a realização dos testes de jarros foram utilizados os seguintes

materiais: jar test, pHmetro, seringa volumétrica, auxiliar de coagulante AXFIX

AC sL, coagulante AXFIX AX 8557, coagulante AXFIX AX 6544, coagulante

AXFIX CIS e polímero aniônico AXFLOC AF 151M (0,2%).

Para o teste de jarros realizado na empresa, foi coletado uma única vez,

o efluente direto do tanque de armazenamento de efluente (5 L), realizada

medição de pH e separado três jarros de 1 L com o volume de 500 mL. Os

jarros foram identificados com números e receberam diferentes tratamentos:

1) Jarro 1 = pH AXFIX AC SL (regulador de pH) + AXFIX AX 8557

(coagulante) + polímero aniônico (0,2%)

2) Jarro 2 = pH AXFIX AC SL (regulador de pH) + AXFIX AX 6544

(coagulante) + polímero aniônico (0,2%)

Page 14: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

3) Jarro 3 = pH AXFIX AC SL (regulador de pH) + AXFIX CIS

(coagulante) + polímero aniônico (0,2%).

Foi corrigido o pH do efluente bruto e após colocados no equipamento

denominado de jar test com velocidade constante (100 rpm) por 60 segundos,

adicionado o coagulante em seguida mantida a velocidade constante (30 rpm)

por 5 minutos. Após a coagulação adicionou-se o polímero aniônico e em

seguida interrompeu-se a agitação.

Para fins de comprovação dos resultados obtidos no teste realizado na

empresa (in loco) o teste foi refeito, após 2 meses, no Laboratório de

Biorreatores da Univates, sendo que não houve alteração metodológica no que

se refere aos produtos utilizados. A alteração foi no equipamento jar test

(porém utilizada as mesmas velocidades) e nos jarros utilizados - os jarros

foram substituídos por béqueres de 2 L com uso de 1 L de efluente.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para o teste realizado na empresa, o efluente bruto foi coletado direto do

tanque de armazenamento, de 15.000 L de fibra de vidro localizado no tempo,

para os jarros. Para o teste realizado na Univates, foi utilizada bombona

plástica de 5 L para o transporte (Fig. 2).

Figura 2: Embalagem plástica utilizada no transporte de efluente bruto.

Fonte: o autor.

Page 15: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

Quando do teste in loco, ou seja, na empresa, o pH inicial do efluente

bruto foi de 5,44 e o aspecto visual do efluente bruto pode ser observado na

Figura 3.

Figura 3: Aspecto visual do efluente bruto.

Fonte: o autor.

Conforme especificações do fabricante do produto, o pH ideal para

adição de coagulante é entre 11-12.

Para tanto, no ensaio denominado de Jarro 1, adicionou-se 500 mL de

amostra de efluente bruto, em seguida foi adicionado o regulador de pH AXFIX

AC SL até obter-se um pH de 11,98 – a adição foi gradual e a quantidade final

de produto utilizada foi de 14 mL (ou seja, 28 mL/L). Após o ajuste inicial de

pH, adicionou-se - da mesma forma - até a quantidade de 14 mL do coagulante

AXFIX AX 8557 (ou seja, 28 mL/L). Devido a característica do produto houve

alteração de pH, de 11,98 foi para 8,12. A formação de flocos foi observada

após 5 minutos da adição do coagulante. O polímero aniônico só foi adicionado

após a observação visual da formação de flocos, a quantidade utilizada final foi

de 3,0 mL de polímero aniônico (0,2%) (ou seja, 6 mL/L). Após 3 minutos

interrompeu-se a agitação e observou-se que os flocos, inicialmente pequenos,

com a adição do polímero tornaram-se maiores facilitando a flotação, que

ocorreu em aproximadamente 3 minutos.

Page 16: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

No ensaio denominado de Jarro 2, adicionou-se 500 mL de amostra de

efluente bruto, com adição de 14 mL de regulador de pH AXFIX AC SL,

obtendo-se um pH de 11,95.

Dosou-se 14 mL do coagulante AXFIX AX 6544. Devido a característica

do produto, o pH baixou de 11,95 para 8,02. Com esse procedimento notou-se

a formação de pequenos flocos. Após 5 minutos adicionou-se o polímero.

Dosou-se 3,0 mL de polímero aniônico (0,2%). Após esse período,

interrompeu-se a agitação e observou-se que os flocos, inicialmente pequenos,

com a adição do polímero tornaram-se maiores facilitando a flotação que

ocorreu em aproximadamente 3 minutos.

Para realização do ensaio denominado de Jarro 3, adicionou-se 500 mL

de amostra de efluente bruto. O pH estava em 5,44, muito baixo para o

coagulante reagir. Adicionou-se o regulador de pH AXFIX AC SL pH o pH foi

para 12,0. Dosou-se 14 mL do coagulante AXFIX AX CIS. Devido a

característica desse produto, o pH baixou de 12,00 para 8,02. Com esse

procedimento notou-se a formação de pequenos flocos, momento ao qual

adicionou-se o polímero aniônico.

Dosou-se 3,0 mL de polímero aniônico (0,2%), sob agitação lenta. Após

esse período, interrompeu-se a agitação e observou-se que os flocos,

inicialmente pequenos, com a adição do polímero tornaram-se maiores

facilitando a flotação que ocorreu em aproximadamente 3 minutos. O efluente

acabou por flotar.

Os resultados visuais dos 3 ensaios (Jarro 1, 2 e 3) pode ser observado

na Figura 3.

Page 17: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

Figura 3: Resultado dos ensaios, na esquerda para a direita: Jarro 1, Jarro 2 e

Jarro3.

Fonte: o autor.

Dessa forma, pode-se observar que no ensaio denominado de Jarro 1,

onde foi utilizado AXFIX AX 8557 associado ao polímero aniônico, houve uma

flotação menor, o que contribuiu para que a amostra apresentasse parâmetros

de cor e turbidez maiores do que os dos outros experimentos. No ensaio

denominado de Jarro 2, no qual foi utilizado AXFIX AX 6544, houve pouca

melhora de resultado no que diz respeito aos parâmetros de cor e turbidez. No

Jarro 3, no qual foi utilizado AXFIX AX CIS, ocorreu um resultado satisfatório.

Com o objetivo de confirmar os resultados, realizou-se teste de

comprovação no Laboratório de Biorreatores da Univates, após 2 meses do

primeiro ensaio na empresa. O motivo da necessidade de confirmação dos

resultados obtidos foi motivado pela linha de produção da empresa ser

dinâmica e heterogênea ao longo do período de enchimento do tanque de

armazenamento.

Page 18: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

A repetição do teste acabou se mostrando muito importante pois os

resultados obtidos nos teste in loco (na empresa) não se repetiram no

laboratório.

Inicialmente já se pode comprovar que a aparência visual do efluente

bruto não era a mesma, e quando realizada a medição de pH esse se mostrou

diferente também 9,1. Para obtenção do pH na faixa ótima do coagulante 11-

12, foi adicionou-se 9 mL AXFIX AC SL (regulador de pH) para obtenção do pH

12,03. Após o ajuste do pH inicial foi adicionado coagulante até obtenção de

pH 8, porém mesmo nesse pH, não foi observado formação de flocos (Fig. 4)

como no teste realizado na empresa.

Figura 4: Resultado do teste realizado na Univates.

Fonte: o autor.

Devido à quantidade insuficiente de coagulante não foi possível a

realização de mais testes de jarros.

Atualmente o destino final do efluente bruto que chega ao tanque de

armazenamento 15.000 L, é o seu envio, por caminhões tanque de 12.000 L,

para tratamento terceirizado (externo) em estação de tratamento de efluentes,

ao custo de R$ 149,00/m3. O valor do frete é R$ 800,00 – lembrando que a

Page 19: teste de jarros com efluente de uma empresa de produto de limpeza

empresa transportadora possui Licença de Operação para transporte de

efluentes perigosos (Classe I).

Caso a empresa opte por realizar o tratamento na própria empresa com

uso de produtos, e utilizando-se o melhor resultados obtido no jar test realizado

in loco (ou seja, no Jarro 3), obtem-se os dados apresentados na Tabela 1.

Considerando-se a adição de todos os produtos, têm-se um custo de R$

161,74 por metro cúbico (1.000 L) de efluente bruto.

Tabela 1 – Cálculo de custo do tratamento por m³ de efluente bruto.

Produto

Preço do quilograma do

produto (set/2015) - sem frete

gramas de produto por litro de efluente

bruto

Custo com produto por

m3 de efluente bruto

Axfix AC SL R$ 2,98 33,6 g R$ 100,12

Axfix CIS R$ 1,95 31,36 g R$ 61,15

Polímero aniônico (0,2 %)

(Axfloc AF 151M) R$ 16,85 0,028 g R$ 0,47

Os custos para envio e tratamento externo do volume de 12 m3 –

capacidade total do tanque é de R$ 1.788,00. Se considerarmos os valores

apresentados na Tabela 1, e o volume total do tanque de armazenamento (12

m3), obtem-se o custo de R$ 1.940,88 apenas em produtos, desconsiderando-

se o frete, tempo de funcionário, responsabilidade técnica, energia elétrica e

monitoramento do corpo hídrico receptor do efluente tratado.

6 CONCLUSÃO

Conclui-se que os resultados obtidos na primeira realização dos testes

foram bastante significativos, pois permitem a visualização da eficácia dos

testes sobre as amostras tratadas quando comparadas ao efluente bruto.

Porém o teste realizado na UNIVATES não apresentou um resultado

satisfatório, o que gerou pesquisa interna na empresa para avaliação do motivo

do diferente pH observado. Um possível motivo, seja a heterogeneidade da

característica do efluente oriundo da linha produtiva – por exemplo pode-se

citar a situação de derramamento de produto (resíduo líquido) com danificação

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de caixas de papelão ou fardos de filme plástico (resíduo sólido). Outro ponto

gerador de efluente eventual é a volta de veículos de entrega com retorno de

produto avariado.

De forma geral, conclui-se que a empresa, em um primeiro momento,

gastaria mais para tratar internamente o efluente da mesma com os químicos

fornecidos pela empresa Axchem Brasil.

7 REFERÊNCIAS BAIRD, C. Química Ambiental. São Paulo: Bookman Companhia Editora, 2002. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2009.

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APÊNDICES

I) licença de instalação da empresa onde foi desenvolvido o estágio e

II) instruções de submissão aos autores, disponível em

http://www.univates.br/revistas/index.php/estudoedebate.