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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Relatório de Avaliação de Programa Programa Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas Relator  Auditor Linc oln Magalhães da Roch a Brasília, Brasil, 2005

Teste Mun Has

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  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO

    Relatrio de Avaliao de Programa

    Programa Assistncia a Vtimase Testemunhas Ameaadas

    Relator

    Auditor Lincoln Magalhes da Rocha

    Braslia, Brasil, 2005

  • Copyright 2005, Tribunal de Contas da UnioImpresso no Brasil / Printed in Brazil

    www.tcu.gov.br

    Para leitura completa do Relatrio, do Voto e do Acrdo n 600/2005-TCU - Plenrio, acesse a pgina do TCU na Internetno seguinte endereo:

    www.tcu.gov.br/avalicaodeprogramasdegoverno

    Brasil. Tribunal de Contas da Unio.Relatrio de avaliao de programa : Programa Assistncia a Vtimas

    e Testemunhas Ameaadas / Tribunal de Contas da Unio ; RelatorAuditor Lincoln Magalhes da Rocha. Braslia: TCU, Secretaria deFiscalizao e Avaliao de Programas de Governo, 2005.

    92p.

    1. Vtima, proteo. 2. Testemunha, proteo. 3. Programa degoverno, avaliao. I. Programa Assistncia Vtimas e TestemunhasAmeaadas (Brasil). II. Ttulo.

    Catalogao na fonte: Biblioteca Ministro Ruben Rosa

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO

    MinistrosAdylson Motta, Presidente

    Walton Alencar Rodrigues, Vice-Presidente

    Marcos Vinicios Vilaa

    Valmir Campelo

    Guilherme Palmeira

    Ubiratan Aguiar

    Benjamin Zymler

    AuditoresLincoln Magalhes da Rocha

    Augusto Sherman Cavalcanti

    Marcos Bemquerer Costa

    Ministrio PblicoLucas Rocha Furtado, Procurador-Geral

    Paulo Soares Bugarin, Subprocurador-Geral

    Maria Alzira Ferreira, Subprocuradora-Geral

    Marinus Eduardo de Vries Marsico, Procurador

    Cristina Machado da Costa e Silva, Procuradora

    Jlio Marcelo de Oliveira, Procurador

    Srgio Ricardo C. Carib, Procurador

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 5

    APRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAPRESENTAOAOAOAOAO

    Esta srie de publicaes editada pelo Tribunal de Contas da Unio visa divulgar aosrgos governamentais, parlamentares e sociedade civil o inteiro teor dos relatrios, Vo-tos e Acrdos referentes a avaliaes de programas governamentais realizadas pelo TCU,com o intuito de verificar o desempenho da gesto pblica em reas estratgicas dogoverno e em programas relevantes para a sociedade.

    O Tribunal tem se esforado no sentido de conferir maior transparncia aos atos pra-ticados pelos gestores pblicos, no apenas em termos de sua conformidade com a normalegal, mas tambm no que diz respeito ao alcance dos resultados produzidos por suasaes.

    Para isso, o TCU realiza auditorias de natureza operacional, da qual a avaliao deprogramas uma modalidade, que se constitui na coleta e anlise sistemticas de infor-maes sobre caractersticas, processos e impactos de programa, atividade ou organiza-o, com base em critrios fundamentados, com o objetivo de subsidiar os mecanismos deresponsabilizao por desempenho e contribuir para aperfeioar o desempenho da aode governo.

    Com a publicao dos resultados alcanados nessas fiscalizaes, o Tribunal buscatornar dados e informaes sobre os programas avaliados mais acessveis sociedade. iniciativa que favorece e estimula a participao efetiva do cidado brasileiro na garan-tia da correta e regular aplicao dos recursos pblicos.

    Este nmero traz a avaliao realizada no Programa Assistncia a Vtimas e Testemu-nhas Ameaadas, de responsabilidade da Secretaria Especial de Direitos Humanos, oVoto de Sua Excelncia, o Auditor Lincoln Magalhes da Rocha, e o Acrdo do Plen-rio do TCU, proferido em Sesso de 18/05/2005.

    Adylson MottaMinistro-Presidente

  • Agradecimentos daAgradecimentos daAgradecimentos daAgradecimentos daAgradecimentos daEquipe de AuditoriaEquipe de AuditoriaEquipe de AuditoriaEquipe de AuditoriaEquipe de Auditoria

    O sucesso das auditorias de natureza operacional est relacionado parceria que se estabelece entre aequipe de auditoria e os dirigentes e tcnicos do programa auditado. H que se ressaltar que a equipe foi muitobem recebida pelos gestores da Coordenao-Geral de Proteo a Testemunhas, tendo contado com a cordia-lidade e colaborao desse rgo para o desenvolvimento das tcnicas de diagnstico, bem como com a presta-o de informaes e apresentao de documentos necessrios ao desenvolvimento dos trabalhos. Cabe agrade-cer, tambm, a colaborao prestada pelos membros dos Conselhos Deliberativos e integrantes das ONG eequipes tcnicas responsveis pelo programa nos Estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Par, Pernambuco,Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e So Paulo.

  • SUMRIO

    Resumo; 11

    1. Introduo; 15

    Antecedentes; 15

    Identificao do objeto de auditoria; 16

    Objetivos e escopo da auditoria; 16

    Estratgia metodolgica; 16

    2.Viso geral; 19

    Objetivos; 19

    Responsveis; 19

    Histrico; 19

    Legislao; 20

    Beneficirios; 21

    Principais produtos; 22

    Indicadores de desempenho; 22

    Metas; 23

    Aspectos oramentrios; 23

    Forma de Implementao; 24

    Sistemas de controle; 28

    3. Desempenho das aes de proteo; 31

    Procedimentos de segurana; 31

    Divulgao do programa; 35

    Sistematizao dos repasses financeiros; 37

    Priorizao dos processos com testemunhas do programa; 37

    4. Mecanismos de superviso e de controle; 41

    Atuao do nvel central; 41

    Sistemtica de monitoramento; 44

    Peculiaridade da prestao de contas; 46

    5. Eficcia das aes para a reinsero social dos beneficirios; 49

    Articulao com outras polticas e programas de governo; 49

    Sigilo dos beneficirios no acesso a programas e polticas pblicas; 50

    Experincia profissional aps a mudana de identidade; 51

    Acesso a moradia aps o desligamento do programa;52

    6. Monitoramento e indicadores de desempenho; 55

    7. Anlise dos comentrios dos gestores; 59

    8. Concluso; 61

  • 9. Proposta de encaminhamento; 65

    Apndices; 71

    Disque Direitos Humanos; 71

    Lista de siglas; 74

    Glossrio; 75

    Lista de Ilustraes; 76

    Lista de Tabelas; 76

    Referncias; 76

    VOTO; 79

    ACRDO; 87

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa10

  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 11

    RESUMORESUMORESUMORESUMORESUMO

    1. O Programa de Assistncia a Vti-mas e Testemunhas Ameaadas, con-forme disposto no art. 1 da Lei n.9.807/99, tem como objetivo prote-ger pessoas que estejam coagidas ouexpostas a grave ameaa em razo decolaborarem com a investigao ouprocesso criminal. Como poltica p-blica, espera-se que este seja mais uminstrumento de combate impunida-de e de enfrentamento do problemada criminalidade presente no cotidi-ano da sociedade brasileira.

    2. O programa foi avaliado por meiode trs questes de auditoria refe-rentes ao desempenho do programana proteo a testemunhas, atua-o dos mecanismos de supervisoe controle, e reinsero social dosbeneficirios.

    3. As informaes necessrias foramobtidas a partir de pesquisa docu-mental, especialmente dos relatriosde acompanhamento e de moni-toramento do programa, e a pesquisavia e-mail com equipes tcnicas ecoordenadores de ONG executorasem cinco estados (CE, GO, MA, MSe SC). Tambm foram realizadas vi-sitas de estudo a oito estados brasi-leiros (AM, BA, MG, PA, PE, RJ, RSe SP), permitindo a realizao deentrevistas semi-estruturadas comcoordenadores das ONG executoras,integrantes da equipe tcnica, repre-sentantes do Ministrio Pblico, Se-cretaria Estadual e Judicirio no Con-

    selho Deliberativo e Presidentes deComisses de Direitos Humanos dasAssemblias Legislativas. A principallimitao ao desenvolvimento dostrabalhos de auditoria foi a necessi-dade de resguardar o sigilo dos da-dos operacionais, especialmente emrelao aos beneficirios.

    4. Os trabalhos indicaram que os pro-cedimentos de segurana do progra-ma necessitam ser aprimorados emalguns aspectos, especialmente na re-lao com as foras policiais. Por suavez, a divulgao no vem sendo fei-ta de forma sistemtica e contnua,dificultando o acesso de novosbeneficirios. As secretarias estadu-ais no tm feito os repasses de re-cursos financeiros para as ONG deforma regular, enquanto que o PoderJudicirio dos estados no prioriza osprocessos criminais que contm tes-temunhas protegidas pelo programa.

    5. Os programas estaduais tm se ressen-tido de deficincias na atuao daCGPT e do GAJOP como instnciasresponsveis pela superviso e apoioao desempenho adequado das aesde proteo a testemunhas amea-adas. Ao mesmo tempo, os principaisinstrumentos de monitoramento dasatividades do programa carecem dealgumas caractersticas para subsidi-ar seu aprimoramento. Tambm noh uma sistemtica de prestaes dascontas do programa que permita veri-ficar a efetiva aplicao dos recursos

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    pblicos e preservar o sigilo necess-rio das informaes.

    6. As atividades oferecidas para areinsero social dos beneficirios tmsido prejudicadas pela precariedadeda articulao com rgos e progra-mas de governo, feita geralmente deforma pessoal. Outra dificuldade dizrespeito identificao dos bene-ficirios, uma vez que matrcula emescolas ou atendimento em hospitaispblicos podem comprometer sua se-gurana. Tambm preciso criarprocedimentos que facilitem a auto-nomia dos beneficirios aps seu des-ligamento do programa, como a com-provao de experincia profissionalnos casos de mudana de identidade,possibilidade de doao de bens m-veis usados e acesso a moradia.

    7. Identificaram-se boas prticas quepodem contribuir para o melhor de-sempenho do programa, a saber: im-plantao de clula de seguranavinculada ao programa (Rio Grandedo Sul); proteo pela Delegacia deProteo s Pessoas no perodo de tri-agem (So Paulo); divulgao do pro-grama para novos juizes do Tribunalde Justia durante o treinamento naEscola Judicial (Minas Gerais) e pormeio de palestra do representante doPoder Judicirio no ConselhoDeliberativo (Rio Grande do Sul);indicao de juiz para acompanha-mento de todos os processos com tes-temunhas do PROVITA (So Pau-lo); recomendao de tramitaoprioritria dos processos com teste-munhas do programa no Tribunal deJustia, facilitada pela identificaocom uso de fita adesiva colorida (RioGrande do Sul); criao de comis-so para estudo e discusso de solu-

    es para os problemas do programa(So Paulo); normatizao do car-ter sigiloso das prestaes de contas(TCE/SP); criao de conselho fis-cal para anlise da prestao de con-tas (So Paulo); atuao de membrodo Condel como curador para verifi-car benefcios recebidos quando dodesligamento (Rio de Janeiro); pro-posio de convnios para formalizara interao com secretarias estadu-ais (Bahia e Rio Grande do Sul).

    8. Com o intuito de contribuir para amelhoria do desempenho do Progra-ma Assistncia a Vtimas e Testemu-nhas Ameaadas, foram propostas re-comendaes Secretaria Especial dosDireitos Humanos da Presidncia daRepblica, entre as quais destacam-se: discutir com a SENASP a inclu-so de aspectos do programa comocritrios para recebimento dos recur-sos do Fundo Nacional de SeguranaPblica pelos estados; reforar a es-trutura da Coordenao Geral de Pro-teo a Testemunhas; promover arti-culaes com os Ministrios das Ci-dades e da Reforma Agrria.

    9. Por sua vez, Coordenao-Geral deProteo a Testemunhas foi propos-to, dentre outras recomendaes: es-tabelecer, em conjunto com a CISET/PR, procedimentos especficos paraa prestao de contas do programa;instituir ouvidoria disposio dosbeneficirios; definir uma polticainstitucional de divulgao; identi-ficar as necessidades de treinamen-to das equipes tcnicas e promovercursos de capacitao para seu aten-dimento; estabelecer rede de comu-nicao entre os programas esta-duais; rever a sistemtica demonitoramento.

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 13

    10. Espera-se que a adoo das medidas propostas contribua para a obteno dos se-guintes benefcios: fortalecimento na segurana dos operadores do programa e dosbeneficirios; aumento dos nveis de atendimento do programa, consolidao dasua imagem como poltica pblica de combate impunidade no pas; regularizaodo fluxo financeiro para as entidades executoras; aumento da transparncia naaplicao dos recursos pblicos; aumento da celeridade dos processos criminaisenvolvendo testemunhas protegidas; fortalecimento da capacidade de atuao daCGPT; aprimoramento da capacitao dos tcnicos do programa; disseminao econsolidao das experincias estaduais; aprimoramento dos mecanismos de moni-toramento do programa; aumento da efetividade das aes de reinsero social;maior facilidade de acesso ao mercado de trabalho dos beneficirios que tiveramsua identidade alterada; e melhoria das condies de desligamento das testemu-nhas do programa.

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  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 15

    1. INTRODUO

    ANTECEDENTES

    1.1. O Ministrio Pblico junto ao TCUofereceu Representao com vistasa que esta Corte de Contas determi-ne a realizao de auditoria de na-tureza operacional acerca do cum-primento, pelo Estado, de seu deverconstitucional de defesa dos direi-tos humanos referentes vida, in-tegridade fsica e liberdade no exer-ccio de atividades voltadas ao com-bate ao crime.

    1.2. Por meio do Acrdo n. 229/2004-TCU-Plenrio, foi determinada arealizao de levantamento de au-ditoria destinado a avaliar a viabi-lidade da execuo de auditoriaoperacional acerca do cumprimen-to, pelo Estado, de seu dever consti-tucional de defesa dos direitos hu-manos. O levantamento de audito-ria foi efetuado em cumprimento aoAcrdo e props a realizao de trsauditorias, sendo que uma delas en-globaria os Programas Direitos Hu-manos, Direitos de Todos e Assistn-cia a Vtimas e TestemunhasAmeaadas. As auditorias propostasforam includas no plano de Fiscali-zao para o segundo semestre de2004, aprovado pelo Acrdo n.856/2004-TCU-Plenrio.

    1.3. No caso do Programa Direitos Hu-manos, Direitos de Todos, conside-rou-se que a ao Disque DireitosHumanos (4906) seria aquela me-

    lhor alinhada com o escopo da Re-presentao. Todavia, exames preli-minares revelaram que esta ao estsendo objeto de extensa refor-mulao, implicando a descon-tinuidade das atividades anteriores.Como o incio do novo formato deoperao est previsto apenas paradezembro de 2004, no se afigura vi-vel realizar avaliao no presentemomento.

    1.4. Dessa forma, entende-se ser maisoportuno realizar auditoria de natu-reza operacional restrita ao Progra-ma Assistncia a Vtimas e Testemu-nhas Ameaadas, cabendo aoDisque Direitos Humanos do Progra-ma Direitos Humanos, Direitos deTodos uma anlise de carter descri-tivo, buscando realar seus aspectosmais significativos relativos ao temado cumprimento do dever estatal dedefesa dos direitos humanos (Apn-dice I).

    1.5. A auditoria est sendo desenvolvidano mbito do Projeto de Aperfeioa-mento do Controle Externo com focona Reduo da Desigualdade Social CERDS, que visa contribuir para amelhoria do desempenho das insti-tuies governamentais brasileiras,assim como para a melhor utilizaodos recursos pblicos por meio daimplementao de recomendaesdecorrentes de auditoria de nature-za operacional conduzidas pelo Tri-bunal de Contas da Unio.

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa16

    IDENTIFICAO DO OBJETODE AUDITORIA

    1.6. O Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas, identificado noPPA 2004/7 sob o nmero 0670, gerenciado pela Secretaria Especial dos DireitosHumanos SEDH, da Presidncia da Repblica. Seu objetivo garantir proteoespecial a testemunhas e a vtimas sobreviventes de crimes. A auditoria concen-trou-se especificamente nas aes de proteo a testemunhas ameaadas.

    OBJETIVOS E ESCOPODA AUDITORIA

    1.7. Durante a etapa de planejamento, foi constatado que a concentrao de atribui-es na sociedade civil poderia estar comprometendo o alcance dos resultadosesperados pelo programa. Esse ponto foi ressaltado pela considerao de que asexperincias internacionais mais significativas de proteo a testemunhasameaadas tm sua execuo fortemente baseada no aparato estatal (GAJOP, 1998).

    1.8. A verificao desse aspecto foi dividida em trs questes de auditoria. A primeirapreocupou-se em examinar que aspectos da implementao do programa comopoltica de combate impunidade podem comprometer o seu desempenho. A se-gunda analisou se a atuao dos mecanismos de superviso e controle favorece oalcance dos objetivos do programa. A ltima verificou se as atividades realizadaspara promover a reinsero social dos beneficirios esto sendo desenvolvidas deforma eficaz.

    ESTRATGIA METODOLGICA

    1.9. O programa est atualmente implantado em dezessete estados. Na anlise das ques-tes de auditoria, alm da pesquisa documental, foi utilizada a pesquisa via e-mailcom equipes tcnicas e coordenadores de ONG executoras em cinco estados (CE,GO, MA, MS e SC).

    1.10. Outra estratgia empregada foi a visita de estudo a oito estados brasileiros (AM,BA, MG, PA, PE, RJ, RS e SP). Nas visitas, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com Coordenadores das ONG executoras, integrantes da equipe tc-nica, representantes do Ministrio Pblico, Secretaria Estadual e Judicirio noConselho Deliberativo e Presidentes de Comisses de Direitos Humanos das As-semblias Legislativas. Na seleo dos estados visitados, foram consideradas as ex-perincias mais consolidadas, bem como a existncia de formatos operacionais di-ferenciados, casos de AM e RS.

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 17

    1.11. A principal limitao ao desenvolvimento dos trabalhos de auditoria foi a necessi-dade de resguardar o sigilo dos dados operacionais, especialmente em relao aosbeneficirios. Assim, no foi realizado levantamento sistemtico de informaesjunto s pessoas atendidas pelo programa, somente entrevistas com trs testemu-nhas selecionadas pelas entidades executoras de RJ e SP.

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  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 19

    2. VISO GERAL2. VISO GERAL2. VISO GERAL2. VISO GERAL2. VISO GERAL

    OBJETIVOS

    2.1. O Programa de Assistncia a Vti-mas e Testemunhas Ameaadas, con-forme disposto no art. 1 da Lei n.9.807/99, tem como objetivo prote-ger pessoas que estejam coagidas ouexpostas a grave ameaa em razo decolaborarem com a investigao ouprocesso criminal. Como poltica p-blica, espera-se que este seja mais uminstrumento de combate impunida-de e de enfrentamento do problemada criminalidade presente no cotidi-ano da sociedade brasileira.

    2.2. O Decreto n. 3.518/00, ao regula-mentar o programa, prev uma sriede medidas a serem adotadas, visan-do garantir a integridade fsica e psi-colgica das pessoas que devem co-operar com o sistema de justia, va-lorizando a segurana e o bem-estardos beneficirios. Pretende-se tam-bm, alm da proteo vida, pro-mover a reinsero social dosbeneficirios em novas comunidades,de forma sigilosa e contando com aparticipao de entidades da socie-dade civil na formao de uma redesolidria de proteo.

    RESPONSVEIS

    2.3. A Secretaria Especial dos DireitosHumanos da Presidncia da Rep-blica, por meio da Coordenao-Ge-ral de Proteo a Testemunhas, orgo responsvel por implementar,manter e aprimorar o Programa. A

    execuo das atividades descentra-lizada por meio da assinatura de con-vnios com as Secretarias Estaduais,na maioria das vezes aquelas respon-sveis pela rea de direitos humanos.Estas, por sua vez, firmam parceriascom ONG que atuam na rea de di-reitos humanos e que sero as res-ponsveis diretas pelo acolhimentodos beneficirios do Programa.

    HISTRICO

    2.4. As primeiras iniciativas visando aproteo de testemunhas ameaadasremontam apresentao de proje-tos de lei no Congresso. Como exem-plo, projeto apresentado em 1994impunha ao Governo Federal a cen-tralizao dos programas de proteo,excluindo os estados, tendo comobase o modelo italiano. Este projetono prosperou em face do seu altocusto financeiro e material. Em 1995,o Deputado Humberto Costa apre-sentou projeto sucinto, objetivandoa proteo apenas de testemunhas(MIGUEL; PEQUENO, 2000).

    2.5. A implantao de servios especfi-cos para o atendimento de vtimas etestemunhas ameaadas recebeu re-foro no Programa Nacional de Di-reitos Humanos (1996). O captuloque trata da Luta contra a impuni-dade estabeleceu a meta de apoiara criao nos estados de programasde proteo a vtimas e testemunhasde crimes, expostas a grave e atualperigo em virtude de colaborao ou

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa20

    declaraes prestadas em investiga-o ou processo penal.

    2.6. Essa proposta materializou-se em1998 com a assinatura de convnioentre a ento Secretaria de Estadodos Direitos Humanos do Ministrioda Justia (SEDH/MJ) e o Governode Pernambuco. O ajuste objetivavaapoiar iniciativa indita que avan-ava naquele estado sob a coorde-nao da organizao no-governa-mental Gabinete de Assessoria Jur-dica a Organizaes Populares(GAJOP): o PROVITA.

    2.7. Os resultados alcanados por essainiciativa levaram a SEDH/MJ a ado-tar o PROVITA como modelo a serdisseminado para outros estados. Jem 1998, Bahia e Esprito Santo fir-maram convnio para a implantaode programas locais. O marco deinstitucionalizao do programa ocor-reu com a promulgao da Lei n.9.807/99, que criou, no mbito daSEDH/MJ, o Programa Federal deAssistncia a Vtimas e a Testemu-nhas Ameaadas (Pereira, 2001).Alm disso, a lei tambm estabele-ceu normas para a organizao emanuteno de programas especiaisde proteo a vtimas e testemunhasameaadas e disps sobre a proteodo ru colaborador e sobre a previ-so da delao premiada.

    2.8. Atualmente, existem 16 unidades dafederao que executam o Programa:Acre, Amazonas, Bahia, Cear, Dis-trito Federal, Esprito Santo, Gois,Maranho, Minas Gerais, Mato Gros-so do Sul, Par, Pernambuco, Rio deJaneiro, Rio Grande do Sul, So Pau-lo e Santa Catarina. O Estado do

    Paran tambm firmou convnio re-centemente para executar o Progra-ma localmente, mas ainda se encon-tra em fase de implantao.

    2.9. O Programa hoje um importanteinstrumento de combate impunida-de no Brasil, dado o grande peso daprova testemunhal em processos cri-minais (BARBOSA, 2001). Nessesentido, podem ser citadas a investi-gao e a instruo criminal de di-versos processos relacionados atu-ao da organizao criminosa quese dedicava ao narcotrfico interna-cional e nacional e a extermnio depessoas, a qual era liderada pelo ex-Deputado Federal HildebrandoPascoal. A instituio do programafoi essencial para a elucidao do casoe para a instruo penal, e, em umcurto perodo de tempo proporcionouo encarceramento e manuteno napriso de quase cinqenta membrosdaquela organizao criminosa e deseu lder, sendo todos condenados emprimeira instncia.

    2.10. Segundo relatrios gerenciais, foigarantida a integridade fsica de maisde 1.200 pessoas desde o incio doprograma em 1998, o que contribuiupara a elucidao de mais de 400 cri-mes de alto poder ofensivo e reper-cusso oficial. Ao mesmo tempo, noh registro de nenhuma morte debeneficirios por atentado, tendoocorridos dois casos de suicdio e umde morte natural (cirrose heptica).

    LEGISLAO

    2.11. A Lei n. 9.807, de 13 de julho de1999, estabelece normas para a or-ganizao e a manuteno de pro-

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 21

    gramas de proteo a vtimas e tes-temunhas ameaadas. O referidodiploma legal descreve toda a par-te operacional, desde a competn-cia entre os entes estatais, passan-do pela formao e atribuies doConselho Deliberativo, direitos dapessoa protegida, at a previso dacriao do Programa Federal deAssistncia a Vtimas e a Testemu-nhas Ameaadas, que visa assegu-rar a execuo do programa nosestados em que ainda no estejainstalado. Este programa tambmatende aos casos de competncia daJustia Federal.

    2.12. O Programa federal est regulamen-tado pelo Decreto n. 3.518, de 20de junho de 2000, que tambm dis-pe sobre o Servio de Proteo aoDepoente Especial SPDE, cujaexecuo cabe ao Departamento dePolcia Federal. O SPDE visa dar pro-teo ao ru detido ou preso que tes-temunhe em inqurito ou processojudicial e a pessoa que, no admiti-da ou excluda do Programa, corrarisco pessoal e colabore na produ-o de prova. Alm disso, o SPDEtambm tem a atribuio de conce-der pouso provisrio, quando ne-cessria proteo em carteremergencial, e escolta, em situaesem que a proteo policial ostensi-va necessria.

    2.13. Cada estado que possui um progra-ma de Proteo a Testemunhas ins-talado tem uma legislao especficaque dispe sobre o referido Progra-ma. Como exemplo, podemos citar aLei Estadual n. 13.784, de 03 de ja-neiro de 2001, de Gois, e a Lei Es-tadual n. 7.977, de dezembro de2001, da Bahia.

    2.14. Cabe mencionar que a SecretariaEspecial dos Direitos Humanos SEDH, rgo executor do ProgramaFederal de Assistncia Vtimas e aTestemunhas Ameaadas, passou aintegrar a estrutura da Presidnciada Repblica com o Decreto n.4.671, de 10 de abril de 2003.

    BENEFICIRIOS

    2.15. O pblico alvo do Programa incluias vtimas e as testemunhas de cri-mes, estando o conceito de vtimasbaseado na Declarao dos Princpi-os Bsicos da Justia para as Vtimasde Delitos e de Abuso de Poder. AResoluo da Assemblia Geral daONU n. 40/34, de novembro de1985, inclui como vtima, quandoapropriado, os familiares ou pessoasdependentes que tenham relaoimediata com a vtima e as pessoasque tenham sofrido danos ao inter-vir para dar assistncia vtima emperigo ou para prevenir a aodanificadora.

    2.16. Para o ingresso dos beneficirios noPrograma, a Lei n. 9.807/99 prevcertos requisitos, tais como: iminen-te situao de risco, decorrente dacolaborao prestada a procedimen-to criminal, ou seja, deve estar ca-racterizada a relao de causalida-de, entre a situao de risco e a co-laborao prestada (art. 1, caput).Assim, no esto includas as pesso-as sob ameaa ou coao motivadaspor quaisquer outros fatores. O inte-ressado deve, ainda, possuir persona-lidade e conduta compatveis com asrestries de comportamento a eleinerentes (art. 2, 2), sob pena depor em risco as demais pessoas prote-gidas, as equipes tcnicas e a redede proteo como um todo.

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa22

    2.17. A deciso de ingresso s tomadaaps a realizao de procedimento detriagem conduzido por uma equipeinterdisciplinar e os protegidos podemser excludos quando reiterarem con-duta incompatvel (art. 10, II, b),por vontade prpria ou ainda quan-do cessarem os motivos queensejaram a proteo. Exige-se, ain-da, que no haja limitaes liber-dade, estando, pois excludos os con-denados que estejam cumprindopena e os indiciados ou acusados sobpriso cautelar em qualquer de suasmodalidades (art. 2, 2). Por fim,registre-se que o ingresso e a perma-nncia no Programa s ocorrem comanuncia do protegido, expressa emtermo de compromisso assinado nomomento da incluso. (art. 2, 3).

    PRINCIPAIS PRODUTOS

    2.18. Entre os principais produtos do Progra-ma, podemos citar a garantia da inte-gridade fsica e psicolgica de teste-munhas e vtimas de violncia, a dimi-nuio da impunidade pelo cometi-mento de crimes e/ou delitos, bem comoa diminuio nos ndices de violaoaos direitos humanos do cidado.

    2.19. Alm disso, o Programa proporciona oacesso de beneficirios a servios soci-ais, tais como educao, sade,capacitao e, muitas vezes, colocaono mercado de trabalho. Com isso, bus-ca-se promover a reinsero social daspessoas atendidas, por meio da cons-truo de projeto de vida em um novolocal de moradia. Deve ser destacadoque diversos membros de equipes tc-nicas consideram que o Programa pos-sibilita, na verdade, uma oportunida-de de insero social, j que muitos dos

    beneficirios tinham dificuldades deacesso a polticas e programas sociaisantes de seu ingresso.

    INDICADORES DE DESEMPENHO

    2.20. O Programa Assistncia a Vtimas eTestemunhas Ameaadas possui ape-nas um indicador de desempenho noPPA 2004/2007 para avaliao, qualseja: Taxa de Atendimento de Pes-soas com Necessidade de Proteo.A frmula de clculo a relaopercentual entre a quantidade deadmisses no Programa e a quanti-dade de solicitaes apresentadaspara anlise de incluso. Esse indi-cador visa a acompanhar a capaci-dade de atendimento e incluso debeneficirios frente s demandas deproteo apresentadas via pedido deadmisso.

    2.21. De acordo com relatrio de avalia-o gerencial, o valor do indicadorsempre esteve em 100% desde a cri-ao do Programa, j que todos ospedidos de admisso que se enqua-dram nos critrios legais so deferi-dos (BRASIL, 2002). Este fato reve-la a falta de variabilidade no ndicee, consequentemente, sua baixa uti-lidade. O prprio relatrio sugere areformulao do indicador, alm depropor o acrscimo de outro que afe-risse quantos processos criminais fo-ram solucionados com o auxlio detestemunhas protegidas.

    2.22. Nesse sentido, o captulo seis desterelatrio apresenta um conjunto deindicadores de desempenho, destina-dos a aprimorar o acompanhamentooperacional do Programa.

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 23

    Ao Ano Lei + Crditos ( a )

    Execuo Financeira

    ( b )

    Execuo Oramentria

    ( c )

    % Execuo Oramentria

    ( c / a ) 2002 NA NA NA NA

    2003 NA NA NA NA 0724

    2004 8.000.000 6.098.776 6.098.776 76,23%

    2002 NA NA NA NA

    2003 NA NA NA NA 0881

    2004 3.596.901 687.475 687.475 19,11%

    2002 1.291.900 733.736 714.304 55,29%

    6244(*) 2003 1.040.000 200.000 200.000 19,23%

    2004 100.000 100.000 100.000 100%

    2002 800.000 913.544 800.000 100%

    2003 1.800.000 1.720.870 1.720.870 95,60% 1781

    2004 NA NA NA NA

    2002 1.200.000 1.169.205 1.169.205 97,43%

    2003 1.500.000 1.077.980 1.077.980 71,87% 1787

    2004 NA NA NA NA

    2002 540.000 372.058 86.243 15,97%

    2003 800.000 0 0 0% 2831

    2004 178.680 960 960 0,54%

    2002 5.952.401 5.956.704 5.876.305 98,72%

    2003 9.290.000 7.951.440 7.951.440 85,59% 4278

    2004 NA NA NA NA

    METAS

    2.23. O Sistema Nacional de Assistncia a Vtimas e a Testemunhas Ameaadas possui capa-cidade de atendimento simultneo para 830 pessoas, entre testemunhas, vtimas e seusfamiliares ou dependentes. Atualmente, tm-se cerca de 536 beneficirios atendidos.

    ASPECTOS ORAMENTRIOS

    2.24. Na vigncia do PPA 2000/2003, existiam as seguintes aes executadas pelo pro-grama, em ordem crescente de numerao:1717 Capacitao e Formao de Agentes Operadores dos Servios de Assistn-cia a Vtimas e a Testemunhas Ameaadas;1781 Implantao de Centros de Apoio a Vtimas de Crimes;1787 Implantao de Servios de Proteo a Testemunhas e Pessoas sob GraveAmeaa;2831 Transporte, Custdia e Proteo a Testemunhas e Pessoas sob Grave Ameaa;4278 Servios de Proteo, Assistncia e Apoio a Testemunhas Ameaadas eVtimas de Crimes.

    2.25. J para o PPA 2004/2007 esto previstas as seguintes aes:0724 Apoio a Servios de Assistncia e Proteo a Testemunhas Ameaadas;0881 Apoio a Servios de Assistncia a Vtimas de Crimes;2831 - Transporte, Custdia e Proteo a Testemunhas e Pessoas sob Grave Ameaa;6244 - Capacitao e Formao de Agentes Operadores dos Servios de Assistn-cia a Vtimas e a Testemunhas Ameaadas.

    2.26. A Tabela 1 contem os dados oramentrios e financeiros das aes do programa.

    Tabela 1 Execuo financeirae oramentria no perodo

    2002 a 2004, em R$Fonte: Execuo Oramentria

    Cmara dos Deputados, SIAFI/STN,elaborado pela Consultoria de

    Oramento/CD e Prodasen,atualizado at novembro de 2004.

    Lei +crditos = crdito inicial(LOA) + suplementaes -anulaes + transfernciasrecebidas transferncias

    concedidas;Execuo financeira no exerccio =

    valor liquidado no exerccio (X) -restos a pagar inscritos no

    exerccio (X) + restos a pagar doexerccio (X-1) pagos no exerccio

    (X). No contempla restos a pagaranteriores a 2000, uma vez que a

    estrutura oramentria eradiferente;

    Os valores referem-se ExecuoOramentria Efetiva = valor

    liquidado no exerccio (X) - restos apagar cancelados no exerccio

    (X+1);(*) A ao 1717 do PPA 2000/

    2003 corresponde ao 6244 doPPA 2004/2007.

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa24

    UF Recursos

    Federais

    Recursos

    Estaduais

    Total % Estadual/

    Total

    AC 554.535 110.907 665.442 16,7

    AM 278.620 30.000 308.620 9,7

    BA 779.475 77.947 857.422 9,1

    CE 222.620 222.620 445.240 50,0

    DF 251.120 --- 251.120

    ES 444.120 88.824 532.944 16,7

    GO 444.120 51.111 495.231 10,3

    MA 326.820 264.037 590.857 44,7

    MG 449.620 88.824 538.444 16,5

    MS 399.620 39.962 439.582 9,1

    PA 553.620 150.000 703.620 21,3

    PE 578.220 150.000 728.220 20,6

    PR 220.000 55.000 275.000 20,0

    RJ 736.385 -- 736.385

    RS 431.120 86.224(*) 517.344 16,7

    SC 278.620 185.750 464.370 40,0

    SP 569.620 200.000(*) 769.620 26,0

    Total 7.518.255 1.801.206 9.319.461 19,3

    2.27. Conforme se verifica, a maior partedos recursos referentes ao Programaadvm das aes 0724 e 0881 (PPA2004/2007), que correspondiam ao 4278 no PPA anterior e que soos servios especficos de Proteo,Assistncia e Apoio a TestemunhasAmeaadas e Vtimas de Crimes.Observa-se, tambm, que os recur-sos destinados capacitao e forma-o de agentes operadores dos servi-os de assistncia (aes 1717 e 6244nos PPAs 2000/2003 e 2004/2007 res-pectivamente) diminuram sensivel-mente, correspondendo a menos de10% dos recursos previstos nos doisanos anteriores. Porm, a sua execu-o oramentria e financeira atin-giu 100% em 2004.

    Tabela 2 - Participao derecursos federais e estaduais noprograma - 2003FONTE: CGPT(*) No inclui recursos alocadosdiretamente no programa, comosalrios de servidores pblicose despesas com equipamentos einstalaes fsicas.

    2.28. Importante ressaltar que o programade Assistncia a Vtimas e Testemu-nhas Ameaadas era classificadocomo prioritrio na Lei de DiretrizesOramentrias at o exerccio de2004, tendo perdido esse carter para2005.

    2.29 interessante tambm mostrar a par-ticipao de recursos federais e esta-duais no Programa, tomando o anode 2003 como base (Tabela 2).

    FORMA DE IMPLEMENTAO

    2.30. A Lei n. 9.807/99, regulamentadapelo Decreto n. 3.518/00, atribui le-gitimidade para apresentar solicita-o de ingresso no Programa ao pr-

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 25

    prio interessado, ao Ministrio Pbli-co, ao delegado de polcia respons-vel pelo inqurito, ao juiz e demaisautoridades pblicas e instituiesprivadas que atuam na defesa dosdireitos humanos. A apresentao dopedido de ingresso deve ser feita aorgo executor, que o remeter ava-liao do Conselho Deliberativo, ins-trudo da manifestao do Minist-rio Pblico e dos pareceres jurdico epsicossocial. Enquanto se desenvol-ve esse procedimento de triagem, edependendo da gravidade do caso, orgo executor pode requerer aosrgos de segurana pblica que se-jam providenciadas medidas cau-telares para garantir provisoriamen-te a segurana dos interessados.

    2.31. O Sistema possibilita a permuta debeneficirios entre as diversas redesde proteo, providenciando o des-locamento da pessoa ameaada paraum outro estado, sendo que o sigilodo seu novo paradeiro usado comoexpediente garantidor da sua segu-rana e integridade.

    2.32. A Rede Solidria de Proteo o con-junto de associaes civis, entidades edemais organizaes no-governamen-tais que se dispem voluntariamente areceber os admitidos no programa, pro-porcionando-lhes moradia e oportuni-dades de insero social em local di-verso de sua residncia habitual. Ela composta de pessoas fsicas e jurdicas

    que atuam junto aos programas comoprestadores de servio (mdicos, den-tistas, psiclogos, etc.), protetores (vi-zinhos solidrios) e colaboradores.

    2.33. Todos os beneficirios do Programapermanecem disposio da Justia,das Comisses Parlamentares de In-qurito, da polcia e demais autorida-des para que, sempre que solicitados,compaream pessoalmente para pres-tar depoimentos nos procedimentoscriminais em que figuram como vti-mas ou testemunhas. Esses trasladose deslocamentos so sempre realiza-dos sob escolta policial e, conforme asexigncias de cada caso, so utiliza-das tcnicas para o despiste e disfarceda pessoa em situao de risco.

    2.34. Para a execuo do Programa, so fir-mados convnios entre o GovernoFederal e os Governos Estaduais,bem como o Distrito Federal, sendodepois firmado novo convnio entreos Estados e Distrito Federal com asONG selecionadas para a execuodo Programa em nvel local.

    2.35. So essas ONG as responsveis pelaexecuo do Programa, contratandoa equipe tcnica que ir acompanharos beneficirios, composta esta por, nomnimo, um psiclogo, um assistentesocial e um advogado. A exceo seencontra no Rio Grande do Sul, ondea execuo do Programa feita peloprprio estado.

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa26

    2.36. Nos estados onde o Programa no seencontra instalado, os beneficiriosso acolhidos pelo Programa Federal,sendo que a Lei n. 9.807/99 atribui SEDH o papel de rgo executor.Na prtica, a execuo do ProgramaFederal efetiva-se por meio de umaparceria da Secretaria, por meio daCoordenao-Geral de Proteo aTestemunhas, e o GAJOP. Coor-denao compete a recepo da so-licitao de proteo e a adoo dasmedidas necessrias para a instruodo pedido luz das exigncias da Lein. 9.807/99. As medidas de triagem,traslado e insero dos beneficiriosna rede solidria de proteo com-petem ao GAJOP, sendo que o Con-selho Deliberativo Federal respon-svel pela deciso de incluso.

    2.37. Uma vez aprovado o ingresso, a vti-ma ou testemunha encaminhadapara a rede solidria de proteo, sen-do retirada de seu local de origem einserida numa nova moradia, poden-do passar antes por um local de pousoprovisrio, conforme as particularida-des de cada situao. A escolha dolocal e do protetor deve ser feita ten-do em conta as caractersticas soci-ais, culturais e psicolgicas da teste-munha e de seus familiares, com vis-tas a facilitar a adaptao nova vida.

    2.38. A equipe tcnica responsvel peloacompanhamento psicossocial dosbeneficirios, que realizado pormeio de visitas peridicas e pelo aten-dimento de demandas emergenciais.

    2.39. Para garantir a qualidade de vida dosbeneficirios que no possuam ren-da, o Programa procura disponibilizar,de modo geral, os seguintes benef-cios: moradia devidamente mobilia-da, pagamento das despesas referen-tes aos servios de gua e luz, alimen-tao, vesturio, material escolar,medicamentos, servios mdicos/odontolgicos, educao, cursosprofissionalizantes, acompanhamen-to psicolgico, social e jurdico. So,ainda, fornecidos recursos financei-ros no valor de um salrio mnimo, attulo de complementao de cestabsica, para a aquisio de alimen-tos perecveis, bem como bolsa de tra-balho no valor de um salrio mnimopara cada adulto e de meio salriomnimo para adolescentes que desen-volvam atividade laborativa sem ven-cimentos, como treinamento ou es-tgio profissionalizante.

    2.40. Cuidados especiais so dispensadosno acompanhamento psicolgico esocial. No momento de ingresso dosbeneficirios e seus familiares, os tc-nicos, em conjunto com a famlia,devem realizar diversas atividades,entre elas: adequar os itens da cestabsica aos hbitos alimentares e cul-turais; realizar um planejamento dooramento familiar; facilitar, por meiode intervenes tcnicas, os vncu-los entre o beneficirio e o protetor;informar sobre os equipamentos co-munitrios que podero ser utiliza-dos de forma segura; apoiar a inser-o em entidades religiosas; adotar

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 27

    providncias para garantir o ingressode crianas e adolescentes na redepblica de educao, acompanhan-do ainda a adaptao e desempenhoescolar; providenciar o ingresso eacompanhar o desempenho em cur-sos e treinamentos em estgiosprofissionalizantes.

    2.41. O acompanhamento psicolgico bus-ca garantir a minimizao dos poss-veis efeitos traumticos da experin-cia de violncia vivenciada, alm depromover a tranqilidade e equilbrioemocional garantidor de um teste-munho qualificado, com credi-bilidade e fora suficiente para in-fluir na deciso de um processo. Ainterveno psicolgica visa possibi-litar a adeso s normas de seguran-a, minimizar a dor das perdas sofri-das, zelar pela sade mental eintegrao familiar. Objetiva, ainda,manter os vnculos com familiaresque no ingressaram no Programa,viabilizando a comunicao segurapor intermdio de cartas, filmagensem vdeos e telefonemas.

    2.42. Caso seja detectada alguma necessi-dade especial, sero os beneficiriosencaminhados a psicoterapia ou atratamento especializado, como, porexemplo, para usurios de drogas,servios habitualmente oferecidospela rede voluntria de prestadoresde servios.

    2.43. Ao advogado caber o acompanha-mento jurdico do caso, buscando

    agilizar, junto s autoridades compe-tentes, os trmites necessrios suasoluo; informando s vtimas e tes-temunhas todas as etapas dos proce-dimentos criminais a elas referentese acompanhando-as para prestar de-poimentos sempre que solicitada pe-las autoridades competentes.

    2.44. Enfim, a equipe tcnica, em conjun-to com o protetor, apoia e fornece osmeios disponveis para que osbeneficirios formulem e implemen-tem projetos de vida autnomos e in-dependentes, que iro garantir a suaqualidade de vida quando deixaremo Programa por qualquer das razesindicadas no artigo 10 da Lei n.9.807/99 (solicitao do prprio in-teressado; por deciso do conselhodeliberativo, em conseqncia decessao dos motivos que ensejarama proteo ou conduta incompatveldo protegido).

    2.45. Ressalte-se que os beneficirios po-dero, a qualquer momento, se des-ligar do Programa, devidamente ins-trudos pelos tcnicos sobre as con-seqncias de sua deciso e aps as-sinatura de termo de excluso, quan-do recebero os meios necessriospara se deslocarem para o seu localde origem.

    2.46. Finalmente, havendo violaes snormas de segurana ou quaisqueroutras transgresses s normas deconduta previstas pelo Programa, aequipe tcnica dever encaminhar

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa28

    ao Conselho Deliberativo, por inter-mdio da Coordenao, um parecerque dever subsidi-lo na decisosobre que providncias tomar (adver-tncia formal ou excluso).

    2.47. Ao longo de todo o processo, em severificando a impossibilidade deatendimento do caso pelo Programa,ele dever ser encaminhado aos r-gos de segurana pblica (Serviode Proteo ao Depoente Especial daPolcia Federal ou rgos estaduais)para a adoo das medidas julgadascabveis. Cumulativamente, a Coor-denao oficiar ao demandantequanto aos procedimentos e encami-nhamentos pertinentes ao seu caso.

    SISTEMAS DE CONTROLE

    2.48. Atualmente, a SEDH dispe de doissistemas informatizados que auxili-am no acompanhamento do Progra-ma: o Sistema da Secretaria Especi-al dos Direitos Humanos SISEDHe o Sistema de Acompanhamento Fi-nanceiro. O SISEDH um sistemautilizado pela SEDH para acompa-nhar todos os convnios firmadospela Secretaria com terceiros, con-tendo dados como incio/trmino devigncia, nome do conve-nente,valor repassado.

    2.49. O Sistema de Acompanhamento Fi-nanceiro um sistema informatizadoque est instalado nos programas es-taduais e que tem como finalidadeprincipal a emisso de relatrios con-tendo dados financeiros do progra-ma. Todas as despesas realizadas pelaequipe tcnica tm que serregistradas no sistema, o qual ali-mentado pelo seu coordenador.Quando necessrio, o Conselho

    Deliberativo solicita informaes re-lativas execuo fsico-financeira ONG executora.

    2.50. H tambm um terceiro sistemainformatizado, ainda em elaboraopela Coordenao Geral deTecnologia e Informao do Minist-rio da Justia CGTI/MJ. Este siste-ma ser implantado em todos os pro-gramas de proteo a testemunhas econter informaes mais especficassobre o usurio do programa (nome,CPF), dados da rede solidria e localde proteo (contendo os locais deproteo disponveis para abrigar atestemunha no momento da consul-ta). H ainda a opo de emisso derelatrio para atender eventuais pe-didos do Conselho Deliberativo ou daSecretaria de Segurana Pblica. Es-tes podero fazer o pedido diretamente equipe tcnica.

    2.51. O controle via prestao de contassegue as regras estabelecidas na IN/STN n. 01/97, que disciplina a ce-lebrao de convnios de naturezafinanceira cujo objeto seja a execu-o de projetos ou realizao de even-tos. A peculiaridade est no fato deas notas fiscais e recibos no seremanexados prestao de contas, jque elas poderiam identificar o usu-rio e sua respectiva localizao. Ocoordenador administrativo da equi-pe tcnica elabora a prestao decontas e a envia entidade gestora(ONG). Esta a encaminha para aSecretaria convenente que, por suavez, a remete SEDH. Em muitosestados, o Conselho Deliberativotambm analisa a prestao de con-tas antes de seu envio SEDH, pro-cedimento incentivado por aquelaSecretaria.

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 29

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa30

  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 31

    3.1. Os procedimentos de segurana doPrograma necessitam ser aprimoradosem alguns aspectos, especialmente narelao com as foras policiais. Por suavez, a divulgao no vem sendo fei-ta de forma sistemtica e contnua,dificultando o acesso de novosbeneficirios. As secretarias estadu-ais no tm feito os repasses de recur-sos financeiros para as ONG de for-ma regular, enquanto que o PoderJudicirio dos estados no prioriza osprocessos criminais que contm tes-temunhas protegidas pelo Programa.

    PROCEDIMENTOS DE SEGURANA

    3.2. O Programa apresenta algumas difi-culdades no tocante aos seus proce-dimentos de segurana. Na maioriados estados, no h uma equipe depoliciais destacada especificamentepara a realizao dos servios de pro-teo e escolta. Ao mesmo tempo,no existe previso de proteo aoscasos de pessoas que no se adeqemaos critrios de incluso. Por sua vez,as equipes tcnicas no dispem dedocumentos que resguardem sua ver-

    3. DESEMPENHO DAS AES3. DESEMPENHO DAS AES3. DESEMPENHO DAS AES3. DESEMPENHO DAS AES3. DESEMPENHO DAS AESDE PROTEODE PROTEODE PROTEODE PROTEODE PROTEO

    Figura 1 Perfil dos acusadosFonte: Relatrios de acompanha-mento dos programas estaduais.

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa32

    dadeira identidade. Tais fatos podemcomprometer a integridade debeneficirios e profissionais envolvi-dos na operao do Programa.

    3.3. Com exceo dos estados do AM e doRS, os programas estaduais no dis-pem de equipe prpria de segurana.Para fornecer escolta a beneficirios etcnicos em seus deslocamentos paraprestar depoimentos, consultas mdi-cas, mudanas de endereo, ou mes-mo para proteo provisria at a in-cluso do caso na rede de proteo es-tadual, o Programa depende da desig-nao pontual de policiais pela secre-taria de segurana pblica.

    3.4. Quando se constata que 37% dosatuais acusados pertencem s foraspoliciais, foroso considerar-se apossibilidade de envolvimento noscrimes investigados de policiais de-signados para dar proteo a teste-munhas (Figura 1).

    3.5. A ttulo de exemplificao, na visitaao Estado de Minas Gerais foi rela-tado um caso no qual um dos polici-ais designados para acompanhar atestemunha at o local em que ocor-reria o depoimento justia lhe fezameaas, j que o processo tratavade crimes praticados por policiaismilitares.

    3.6. interessante contrastar essa situa-o com o que ocorre em dois esta-dos especficos. No RS, o PROTEGEconta com uma clula de seguranaformada por policiais especialmenteselecionados e treinados para a tare-fa de proteo a testemunhas. Estaclula tambm realiza trabalhos deinteligncia e contra-inteligncia, de

    modo a identificar a rea de influn-cia e recursos disponveis das orga-nizaes criminosas, o que facilita oplanejamento de medidas quemaximizem a segurana dos bene-ficirios. No estado do AM, o pro-grama conta com os policiais desta-cados para atuarem junto ao Minis-trio Pblico Estadual, que , ao mes-mo tempo, entidade convenente eexecutora.

    3.7. No Estado de So Paulo, por sua vez,as pessoas ficam sob a proteo doprprio programa ou da Delegacia deProteo s Pessoas no perodo entreo pedido de ingresso e a efetiva in-cluso no Programa, conhecido comotriagem.

    3.8. Os programas estaduais tambm seressentem da dificuldade de encami-nhamento de casos que no se en-caixam no perfil definido para o Pro-grama e no preenchem os pr-requi-sitos de admisso. Nessa situao,deveria haver proteo especial dasegurana pblica local para a pes-soa que, no admitida ou excludado Programa pelos mais variados mo-tivos (no preenchimento dos pr-requisitos, quebra de sigilo, compor-tamento inadequado no Programa),corra risco pessoal de vida e colabo-re na produo da prova.

    3.9. Todavia, para esses casos, existe ape-nas o Servio de Proteo ao Depo-ente Especial SPDE, operado peloDepartamento da Polcia Federal, oqual no tem condies de atendera toda a demanda. O Programa seressente da falta de implementaode SPDEs pelos governos estaduais,iniciativa justificada pelo seu dever

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 33

    de garantir a segurana pblica comoprev o art. 144 da Constituio Fe-deral. Com isso, os ConselhosDeliberativos acabam se sentido pres-sionados a aceitar e manter pessoasque no se enquadram nos critriosde atendimento, implicando em ris-cos de descumprimento das regras desegurana por parte destes bene-ficirios e ameaas sua integridadepessoal e dos demais envolvidos noPrograma.

    3.10. Da mesma forma, verificou-se que osmembros das equipes tcnicas nopossuem documento especfico queresguarde sua identidade pessoal.Como implicao, os tcnicos acabamse expondo quando necessitamacompanhar as testemunhas paraatendimento mdico, fruns, enca-minhamento para treinamentos, em-pregos, matrculas em escolas, j quetm que utilizar seus documentospessoais para se identificarem. Comisso, aumenta a probabilidade decomprometimento do sigilo das aesdo Programa.

    3.11. O reforo dos procedimentos de se-gurana do Programa depende, emboa medida, de um envolvimentomais qualificado dos estados. Em par-ticular, a mudana na forma de de-signao de policiais para a proteode beneficirios e tcnicos e a previ-so de proteo para os casos no ali-nhados com os critrios do Programadevem exigir um maior investimentodas secretarias de segurana pblicaestaduais, o que pode ser incentiva-do por meio de vinculaes aos re-passes do Fundo Nacional de Segu-rana Pblica - FNSP.

    3.12. O FNSP, institudo pela Lei n.10.201/01, tem o objetivo de apoiarprojetos na rea de segurana pbli-ca e de preveno violncia, en-quadrados nas diretrizes do plano desegurana pblica do Governo Fede-ral. At 2003, o Fundo transferiu re-cursos da ordem de R$ 931 milhesaos estados, conforme mostrado naTabela 3.

    3.13. O FNSP administrado por um Con-selho Gestor formado por represen-tantes dos Ministrios da Justia ePlanejamento, Casa Civil da Presi-dncia da Repblica, Gabinete deSegurana Institucional da Presidn-cia da Repblica e Procuradoria-Geral da Repblica. SecretariaNacional de Segurana Pblica SENASP, cabe fornecer o suporte tc-nico na anlise de projetos e nainstitucionalizao da poltica naci-onal de segurana pblica.

    3.14. De acordo com nota tcnica do De-partamento de Pesquisa, Anlise daInformao e Desenvolvimento dePessoal em Segurana Pblica daSENASP, a distribuio de recursosdo Fundo feita a partir de ndicesque determinam, baseados em crit-rios estatsticos quantitativos, quepercentual dos recursos do FNSPdeve ser direcionado para cada UF.Em 2004, os recursos do Fundo foramdistribudos com base em um ndicea partir da agregao de dez indica-dores diferentes, sendo cinco espe-cficos da rea de segurana pblicae cinco relativos a caracterizaourbana e populacional das unidadesda federao. Os indicadores so re-lativos a homicdios dolosos, outros

    Programa Banco de Alimentos 33

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa34

    UF 2001 2002 2003 TOTAL

    So Paulo 44.778.614 83.769.294 37.953.019 166.500.926

    Rio de Janeiro 27.277.743 27.710.000 30.023.530 85.011.273

    Minas Gerais 25.243.407 17.010.000 30.000.000 72.253.407

    Bahia 20.900.000 11.506.733 19.980.875 52.387.608

    Pernambuco 19.863.000 12.195.000 20.204.210 52.262.210

    Rio Grande do Sul 17.749.999 11.358.305 15.114.646 44.222.950

    Paran 20.035.000 10.981.838 11.474.200 42.491.038

    Gois 19.000.000 10.483.000 9.216.682 38.699.682

    Par 13.999.400 9.823.486 9.000.000 32.822.886

    Esprito Santo 15.000.000 8.383.464 8.338.192 31.721.657

    Amazonas 10.100.000 10.652.336 10.523.286 31.275.622

    Cear 15.000.000 7.930.000 8.314.783 31.244.783

    Santa Catarina 14.750.000 6.295.000 8.000.000 29.045.000

    Distrito Federal 16.320.754 3.350.000 7.176.000 26.846.754

    Mato Grosso 14.593.000 3.300.000 6.844.686 24.737.686

    Mato Grosso do Sul 13.000.000 3.635.000 7.251.672 23.886.672

    Maranho 9.000.000 3.100.000 5.726.676 17.826.676

    Paraba 9.000.000 2.480.000 5.500.000 16.980.000

    Alagoas 7.254.661 2.450.000 5.062.020 14.766.681

    Piau 7.060.000 2.362.999 5.051.500 14.474.499

    Tocantins 6.000.000 2.496.879 5.692.665 14.189.544

    Rio Grande do Norte 7.000.000 1.900.000 4.165.739 13.065.739

    Acre 7.483.786 1.380.000 3.955.650 12.819.436

    Rondnia 8.400.000 150.000 3.670.500 12.220.500

    Sergipe 5.999.998 700.000 3.869.954 10.569.952

    Roraima 6.199.999 400.000 3.840.485 10.440.484

    Amap 6.000.000 0 2.361.609 8.361.609

    TOTAL 387.011.362 255.805.336 288.314.581 931.125.272

    crimes letais e intencionais, outros crimes violentos, efetivo das polcias civil emilitar, delitos de transito, populao, rea, concentrao populacional em gran-des centros, produto interno bruto e ndice de desenvolvimento humano.

    3.15. A SENASP est atualmente estudando a reformulao da composio do ndice,de modo a melhor alinhar os repasses com as diretrizes do Plano Nacional de Segu-rana Pblica. Lembrando que as aes de proteo s testemunhas ameaadascompem captulo especfico do Plano, abre-se a possibilidade de incluir aspectosoperacionais do Programa como critrios para recebimento de recursos do FNSPpor parte das unidades da federao.

    3.16. Assim, oportuno recomendar SEDH que discuta com a SENASP a incluso dacriao de grupos de policiais especialmente selecionados e treinados para operar asegurana dos programas estaduais e a proteo dos casos que no se adequam shipteses de incluso como critrio para recebimento dos recursos do Fundo Naci-onal de Segurana Pblica. Adicionalmente, recomenda-se CGPT que discuta

    Tabela 3 - Repasses do FNSP para asUnidades da Federao, 2001-3, (R$)Fonte: SENASP.

    TCU - Relatrio de Avaliao de Programa34

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 35

    com as secretarias estaduaisconvenentes a adoo de procedi-mentos para o fornecimento de iden-tificao especial para os integran-tes da equipe tcnica, de forma aresguardar o sigilo de suas identida-des. Espera-se, com estas recomenda-es, que haja um fortalecimento nasegurana dos operadores do progra-ma e dos prprios beneficirios.

    DIVULGAO DO PROGRAMA

    3.17. Conforme relatado nas entrevistasrealizadas, a divulgao do Progra-ma no vem sendo feita de forma sis-temtica e contnua, o que tende aprejudicar o acesso de novosbeneficirios.

    3.18. O acesso ao Programa depende desolicitao de ingresso do prprio in-teressado, ou do Ministrio Pblico,delegado de polcia responsvel peloinqurito, juiz e demais autoridadespblicas e instituies privadas queatuam na defesa dos direitos huma-nos. Para que a possibilidade de aces-so seja maximizada, fundamental odesenvolvimento de aes sistemti-cas de divulgao, em particularaquelas direcionadas para as pessoase entidades mencionadas acima.

    3.19. Todavia, observou-se, nas visitas deestudo aos programas estaduais, quea maioria das entidades executoras norealiza aes de divulgao de formasistemtica. H pouca disseminaode informaes direcionada para ascamadas menos favorecidas da popu-

    lao, as quais representam a quasetotalidade dos beneficirios atendidos.

    3.20. Por sua vez, a divulgao nas insti-tuies que interagem com o Progra-ma feita principalmente pelos seusrepresentantes no Conselho De-liberativo. Porm, estas aes no sofruto de uma orientao centraliza-da, dependendo basicamente da ini-ciativa pessoal dos representantes.Isso acarreta graus bastante desiguaisde divulgao, o que tende a reper-cutir nos nveis de atendimento dosprogramas estaduais.

    3.21. A ausncia de uma polticainstitucional de divulgao a prin-cipal causa para os fatos relatados.No h uma definio de aes es-peradas dos programas estaduais paraa disseminao de informaes sobreo tema da proteo a testemunhasameaadas, tanto para seu pblico-alvo presumvel dentro da populaode baixa renda, quanto nas institui-es parceiras.

    3.22. Ao mesmo tempo, um nmero signi-ficativo de entidades executorasmencionou que a falta de divulga-o decorre do fato de j se ter atin-gido o limite de atendimento debeneficirios. Contudo, tal alegaono condiz com os dados apresenta-dos pela CGPT sobre os nveis deatendimento dos programas estadu-ais. Conforme a Tabela 4, a taxa to-tal de atendimento das metas do Pro-grama est em 69,6%, com alguns es-tados registrando percentuais abai-xo de 50%, como nos casos de AM,ES, PE e SC.

    Programa Banco de Alimentos 35

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa36

    UF Casos Estaduais Programa

    Federal

    Total Metas %

    atendimento AC 26 9 35 30 116,7

    AM 15 15 35 42,9

    BA 53 5 58 70 82,9

    CE 16 12 28 45 62,2

    DF 20 20 35 57,1

    ES 6 15 21 50 42,0

    GO (*) 30 0,0

    MA 20 6 26 30 86,7

    MG 29 3 32 45 71,1

    MS 32 7 39 60 65,0

    PA 39 3 42 45 93,3

    PE 41 41 100 41,0

    PR(**) - - - 30 0,0

    RJ 30 12 42 80 52,5

    RS 67 67 45 148,9

    SC 4 3 7 45 15,6

    SP 63 63 55 114,5

    Total 461 75 536 830 69,6

    3.23. A falta de uma poltica institucionalde divulgao tambm sentidapela direo central. Nota tcnicada CGPT relata que alguns bene-ficirios excludos do Programa (porreiteradas quebras de normas de se-gurana ou por trmino dos motivosque ensejaram a incluso) ou aindainteressados que no foram inclu-dos por deliberao do Conselhovm a pblico com denncias im-procedentes, provocando, em mui-tos casos, descredibilizao do Pro-grama junto sociedade, alm decolocar em risco todos os agentes darede de proteo. (...) Por questesticas e legais, a SEDH se v impe-dida de se defender da maneiraadequada.

    3.24. Mesmo reconhecendo a dificuldade dese lidar com fatos como esses, deve serconsiderado que seu impacto pode seramenizado aumentando a divulgao

    das caractersticas gerais das aes deproteo a testemunhas ameaadas edefinindo procedimentos que permitamapurar as denncias e comunicar osresultados, sem comprometer a segu-rana do Programa.

    3.25. Uma boa prtica foi observada no Es-tado de Minas Gerais: os juzes recm-ingressos no Tribunal de Justia rece-bem, durante o treinamento na Esco-la Judicial, informaes a respeito doPrograma. Tambm no Rio Grande doSul, os novos juizes participam de pa-lestra proferida pelo representante noConselho Deliberativo.

    3.26. Dessa forma, recomenda-se CGPTque defina uma poltica institucionalde divulgao, inclusive com suges-tes de prticas para disseminao deinformaes, previso para troca deexperincias entre os estados e defi-nio de estratgia de tratamento dedenncias. Espera-se com essa reco-

    Tabela 4 Atendimento e metas dosprogramas estaduais - 2004

    Fonte: CGPT e relatrios deacompanhamento mais recentes dosprogramas estaduais(*) Em transio de entidadeexecutora, sem informao sobrenmero de beneficirios atendidos(**) Ainda no constituiu equipetcnicaGO e PR no tiveram suas metascontabilizadas no clculo do % deatendimento total

    TCU - Relatrio de Avaliao de Programa36

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 37

    mendao contribuir para o aumen-to dos nveis de atendimento do pro-grama, consolidando sua imagemcomo poltica pblica de combate impunidade no pas.

    SISTEMATIZAO DOS REPASSESFINANCEIROS

    3.27. As secretarias estaduais no man-tm um repasse regular de recur-sos financeiros para as ONG. Estefato compromete o funcionamentodo Programa e desestimula osgestores das entidades executorasestaduais.

    3.28. Os responsveis pelas ONG e osmembros dos Conselhos Deliberativosestaduais elegeram como uma dasmaiores dificuldades para execuodo Programa a irregularidade do re-passe dos recursos. Os entrevistadosinformaram que algumas secretariasestaduais recebem os recursos fede-rais em parcela nica, mas parcelame retardam os repasses para as enti-dades executoras. Com isso, muitasdelas tm que realocar recursos pr-prios na entressafra - perodo deescassez dos recursos pblicos o quedepende da sade financeira da en-tidade e pode comprometer suas de-mais aes e mesmo a manuteno ecusteio das atividades de proteo atestemunhas ameaadas.

    3.29. A falta e regularidade do fluxo finan-ceiro para as entidades executorasdecorre da no valorizao do Pro-grama como poltica pblica efetivade combate impunidade por partedos estados. Este descomprome-timento fragiliza a execuo dasaes de proteo a testemunhas

    ameaadas e dificulta a permann-cia das entidades executoras no Pro-grama, j que representa um nusadicional para as ONG.

    3.30. Esse problema persiste mesmo apesardos esforos da CGPT. A Coordena-o-Geral informou que so freqen-tes as gestes junto s secretarias es-taduais convenentes visando a regu-larizao do fluxo financeiro para asentidades executoras, mas nem sem-pre com resultados satisfatrios. Porsua vez, medidas mais extremas, comoa possibilidade de cancelar o conv-nio e passar execuo direta, soindesejveis porque representam umretrocesso na institucionalizao dosistema de proteo a testemunhasameaadas no pas.

    3.31. Assim, prope-se SEDH que dis-cuta com a SENASP a incluso daregularidade dos repasses financeirospara as entidades executoras do Pro-grama como critrio para recebimen-to dos recursos do Fundo Nacionalde Segurana Pblica por parte dosestados. Como efeito, espera-se quea medida aumente a estabilidade fi-nanceira do Programa, fortalecendoa execuo das aes de proteo atestemunhas ameaadas e consolidea importncia do Programa no mbi-to das polticas pblicas de seguran-a pblica como instrumento de com-bate impunidade.

    PRIORIZAO DOS PROCESSOSCOM TESTEMUNHASDO PROGRAMA

    3.32. Os processos criminais que contmtestemunhas dos programas estadu-ais no so priorizados pelo Poder Ju-

    Programa Banco de Alimentos 37

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa38

    dicirio dos estados. Isto desestimula o ingresso e a participao dos beneficiriosno programa e compromete o combate impunidade.

    3.33. Os representantes das ONG e dos Conselhos Deliberativos estaduais apontaramcomo uma das maiores dificuldades do Programa a morosidade dos processos crimi-nais. Para estes, o Poder Judicirio no trata o Programa de Proteo a Testemu-nhas como prioritrio.

    3.34. Esta percepo reforada pela opinio das equipes tcnicas. Conforme a Figura 2,a demora na concluso dos processos foi a dificuldade mais citada, juntamentecom a saudade da famlia e a dificuldade de adaptao s regras do Programa porparte dos beneficirios.

    3.35. Nota tcnica da CGPT menciona casos em que, aps o ingresso, os respectivosprocessos judiciais ficaram paralisados, permanecendo a testemunha at quatroanos e meio sem que fosse convocada para oitiva em nenhum procedimento formal.A morosidade desestimula o possvel ingresso de testemunhas em potencial, frustraos beneficirios e tende a sobrecarregar as entidades executoras, j que prolonga otempo de permanncia das testemunhas no Programa.

    3.36. Segundo o entendimento de especialistas consultados, os processos criminais comtestemunhas protegidas no so priorizados porque a matria no est regulamen-tada no ordenamento jurdico. Para que os juizes responsveis pelos casos tivessemsuporte legal para priorizar tais processos, seria preciso que o Cdigo de ProcessoPenal contivesse dispositivo especfico.

    3.37. No obstante, alguns estados visitados adotaram boas prticas para agilizao dosprocessos com testemunhas do Programa. A Corregedoria do Tribunal de Justiade SP, por meio de procedimentos internos, indica um juiz que se responsabilizapelo acompanhamento de todos os processos com testemunhas do Programa paulista.

    Figura 2 - Principais dificuldades parapermanncia do beneficirioFonte: Questionrios aplicados sequipes tcnicas(*) Estria de vida fictcia, criada pararesguardar a identidade do beneficirio

    TCU - Relatrio de Avaliao de Programa38

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 39

    3.38. Outras boas prticas observadas so as aes desenvolvidas pelo Tribunal de Justi-a do RS. A Corregedoria-Geral da Justia recomendou aos magistrados, por in-termdio de ofcio-circular, a tramitao prioritria dos processos que constemtestemunhas ou vtimas sob a proteo do PROTEGE. A Consolidao NormativaJudicial, em seu 3 do art. 686, estabelece que os processos em que haja testemu-nhas sob proteo devero ser identificados por uso de fita adesiva colorida queenvolva a parte frontal e posterior da autuao e por meio da aposio de carimbocom a identificao do Programa.

    3.39. Para que os processos criminais que contenham testemunhas e vtimas protegi-das sejam priorizados, recomenda-se SEDH que envie Projeto de Lei ao Con-gresso Nacional inserindo no Cdigo de Processo Penal dispositivo que priorize aceleridade dos processos que tenham testemunhas e vtimas em programas pbli-cos de proteo.

    3.40. Espera-se que a implementao dessa recomendao possa conferir maior celeridadeaos processos criminais envolvendo testemunhas protegidas, possibilitando um au-mento da credibilidade e efetividade do Programa como instrumento de combate impunidade

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa40

  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 41

    4.1. Observou-se que os programas esta-duais tm se ressentido de deficin-cias na atuao da CGPT e doGAJOP como instncias responsveispela superviso e apoio ao desempe-nho adequado das aes de prote-o a testemunhas ameaadas. Aomesmo tempo, os principais instru-mentos de monitoramento das ativi-dades do Programa carecem de al-gumas caractersticas para subsidiarseu aprimoramento. Tambm no huma sistemtica de prestaes dascontas do Programa que permita ve-rificar a efetiva aplicao dos recur-sos pblicos e preservar o sigilo ne-cessrio das informaes.

    ATUAO DO NVEL CENTRAL

    4.2. Os programas estaduais tm se res-sentido de deficincias na atuaoda CGPT e do GAJOP como instn-cias responsveis pela superviso eapoio ao desempenho adequado doPrograma nos estados. Muitos entre-vistados declararam haver insuficin-cia nos treinamentos oferecidos e nasistemtica de troca de experinci-as. Um outro ponto levantado foi adificuldade do nvel central em re-forar a equipe tcnica nos estadosem situaes emergenciais. A ocor-rncia destes fatores compromete oaprimoramento do Programa, poden-do at fragilizar sua execuo emcasos mais extremos.

    4.3. O GAJOP responsvel pela sele-o e treinamento inicial de novosintegrantes das equipes tcnicas, porfora de convnio firmado com aSEDH. Alm dessa capacitao, tam-

    bm so realizados treinamentos porocasio dos monitoramentos, os quaiscostumam ocorrer anualmente. H,ainda, encontros anuais em que sodebatidos temas gerais de interessedo Programa.

    4.4. A periodicidade desses eventos foimaior no incio do Programa. Os tc-nicos com mais de trs anos de expe-rincia informaram que eram reali-zados dois monitoramentos e duascapacitaes por ano. Estas tratavamde assuntos especficos (seminriosinternacionais e workshops com es-pecialistas).

    4.5. Os relatos indicaram que a sistem-tica atual de treinamento no temsido suficiente para atender s ne-cessidades dos programas estaduais.Embora 90% dos tcnicos entrevis-tados tenham recebido treinamentopara iniciar os trabalhos no Progra-ma, 47% informaram que no foi bas-tante para o desenvolvimento de suasatividades. Por sua vez, a maioria(80%) dos coordenadores tcnicosdas ONG considera que o treinamen-to insuficiente, havendo necessi-dade de maior aprofundamento dostemas discutidos.

    4.6. interessante ressaltar que os pro-fissionais mais antigos tendem a ex-pressar maior insatisfao, sugerindoque o treinamento oferecido no temdado conta de aspectos mais comple-xos do Programa. Alguns desses as-pectos referem-se a procedimentos desegurana, como direo defensiva eofensiva e tcnicas de evaso.

    4. MECANISMOS DE SUPERVISO4. MECANISMOS DE SUPERVISO4. MECANISMOS DE SUPERVISO4. MECANISMOS DE SUPERVISO4. MECANISMOS DE SUPERVISOE DE CONTROLEE DE CONTROLEE DE CONTROLEE DE CONTROLEE DE CONTROLE

    Programa Banco de Alimentos 41

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa42

    4.7. Os motivos apontados foram a curtadurao dos cursos, sua superficiali-dade e a falta de treinamento emtemas especficos. Os treinamentosficam prejudicados pela agendasobrecarregada dos monitoramentos.Um outro aspecto destacado foi aausncia de capacitao especialpara a equipe de apoio naoperacionalizao das tarefas de pro-teo s testemunhas.

    4.8. Os profissionais registraram, ainda,no haver mecanismos que permitama troca sistemtica de experinciasentre os programas estaduais. Noexistem grupos de estudo acerca dequestes polmicas advindas da pr-tica de cada um dos programas esta-duais, cujas solues poderiam sersistematizadas e repassadas s equi-pes. Assim, possvel que dificulda-des enfrentadas em certo estado jtenham sido resolvidas por outraequipe. Os tcnicos do Amazonas,por exemplo, recorreram a entidadesexternas ao Programa para viabilizaro carter reservado dos nmeros detelefones celulares, sem ter recebidoqualquer orientao acerca do assun-to do nvel central.

    4..9. Um outro problema levantado foi adificuldade do nvel central em atu-ar emergencialmente nos estados. Apesquisa de campo evidenciou casosem que se passam meses at que oGAJOP possa selecionar profissionaispara compor a equipe tcnica. NoEstado do Amazonas, por ocasio davisita de auditoria, aguardava-se hdois meses a seleo de um psiclogopara completar o grupo de profissio-nais. No Estado de Gois, houve tro-ca da entidade gestora em novem-

    bro de 2002 e de toda a equipe emjaneiro do ano seguinte. At acontratao de nova equipe, ocorri-da em fevereiro de 2003, o Programapassou por um perodo de instabili-dade, sem profissionais para o desen-volvimento das atividades de prote-o e de apoio aos beneficirios.

    4.10. Esta situao especialmente grave,tendo-se em conta que execuodireta do Programa deve ser realiza-da por uma equipe tcnicainterdisciplinar, formada por assisten-tes sociais, psiclogos e advogados,que promovem o acompanhamentojurdico e assistncia social e psico-lgica s pessoas protegidas. Atuamde forma complementar e insu-bstituvel, de forma a garantir umtestemunho qualificado, imprescin-dvel para desvendar os crimes e re-duzir a impunidade no pas. Alm doauxlio justia, trabalha-se para queos beneficirios possam se recuperardos traumas sofridos, e inserir-se nasociedade.

    4.11. A equipe mnima deve ser compostacom trs tcnicos, um de cada espe-cialidade. De acordo com a estrutu-ra do programa estadual, essa com-posio pode variar. No Rio Grandede Sul e em So Paulo h, tambm,um operador de rede que tem comofuno bsica articular a rede soli-dria de proteo. Equipes desfal-cadas colocam em risco a execuodo Programa e a segurana dosbeneficirios.

    4.12. A principal causa para essas ocorrn-cias encontra-se na carncia de re-cursos humanos da CoordenaoGeral de Proteo a Vtimas e Tes-

    TCU - Relatrio de Avaliao de Programa42

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 43

    temunhas/SEDH para uma atuaomais efetiva no Programa. A CGPT,responsvel por sua gerncia, devefiscalizar, avaliar e monitorar a exe-cuo dos convnios; organizar asatividades nacionais de capacitao;fazer o acompanhamento jurdico doscasos do Programa Federal, alm deintermediar os contatos dessesbeneficirios com seus familiares; ar-ticular poltica institucional com ou-tros rgos governamentais; eintermediar, com rgos federais eestaduais de segurana, a concessoemergencial de segurana e a mon-tagem de estratgias de traslado dastestemunhas.

    4.13. Entretanto, para o desempenho desuas funes, a Coordenao dispede 15 servidores, sendo oito de nvelmdio e quatro em atividades deapoio. No h pessoal disponvel paradesenvolver temas especficos como,por exemplo, anlise dos dados pro-venientes dos relatrios de acompa-nhamento e monitoramento e elabo-rao de parcerias com outros rgospblicos. Em entrevista com a Coor-denadora, foi registrado que h difi-culdade em atrair pessoal qualifica-do ante a falta de cargos com a re-munerao compatvel com a com-plexidade do trabalho, o que provo-ca grande rotatividade de pessoal.

    4.14. Para suprir essa deficincia, a SEDH,celebrou convnio com o GAJOP,atribuindo-lhe papel preponderanteno monitoramento do Programa e nasuperviso dos trabalhos das equipestcnicas estaduais, alm da sua se-leo e capacitao. Por meio desseconvnio, a entidade tambm atuana triagem, no acompanhamento em

    juzo e nos traslados dos casos aten-didos pelo Programa Federal, assimcomo, na formao da rede nacionalde proteo. As atividades incluemintermediar as permutas entre os es-tados, propor estratgias de seguran-a, acompanhar, em carter excep-cional, as testemunhas, guardar do-cumentos sigilosos, criar, alimentar eanalisar banco de dados.

    4.15. Em que pese os convnios celebra-dos, observou-se que a CGPT temtido dificuldades em suprir as neces-sidades das equipes tcnicas. Em vis-ta dessa situao, os Programas ficamsem suporte do nvel central para oapoio ao desenvolvimento do Progra-ma em situaes emergenciais, porvezes funcionando de forma precriapor algum tempo.

    4.16. Como boa prtica, observou-se queo programa de So Paulo formou umacomisso com tcnicos da equipe queestudam e discutem solues para osproblemas do dia-a-dia. Entretanto,tal medida s possvel em progra-mas mais estruturados e com ummaior nmero de profissionais.

    4.17. Neste contexto, recomenda-se SEDH que reforce a estrutura da Co-ordenao Geral de Proteo a Tes-temunhas, prevendo, inclusive, subs-tituies temporrias de profissionaisem estados que apresentem carnciade pessoal na equipe tcnica. Almdisso, oportuno recomendar CGPTque identifique as necessidades detreinamento das equipes tcnicas, pro-movendo cursos de capacitao parao seu atendimento. Por fim, prope-se Coordenao-Geral que estabe-lea rede de comunicao entre os

    Programa Banco de Alimentos 43

  • TCU - Relatrio de Avaliao de Programa44

    programas estaduais, utilizando-se,por exemplo, de meios eletrnicos edas salas de videoconferncia daInterlegis, observando, em todos oscasos, os procedimentos de seguran-a da informao.

    4.18. Espera-se que a implementao des-sas medidas contribua para fortale-cer a capacidade de atuao daCGPT e aprimorar a capacitao dostcnicos do Programa, assim comodisseminar e consolidar as experin-cias estaduais.

    SISTEMTICA DEMONITORAMENTO

    4.19. Os relatrios de acompanhamento emonitoramento no tm sido efica-zes como instrumentos para o apri-moramento das aes do Programa.Os documentos carecem de algumasdas caractersticas necessrias parasubsidiar os programas estaduais epermitir o tratamento de problemascomuns, a divulgao das solues eo compartilhamento de boas prticas.

    4.20. O objetivo do monitoramento pos-sibilitar ao gestor a identificao eanlise de problemas potenciais e dosucesso de um programa ou projeto.Ele fornece a base para a correo eaperfeioamento do desenho do pro-grama ou projeto, sua forma deimplementao e resultados. Ummonitoramento efetivo est associa-do ao levantamento de uma linha debase, que vai identificar o quadroinicial no mbito do programa ou pro-jeto, e o uso de indicadores de de-sempenho alimentados pela coletasistemtica de informaes, o que

    permite acompanhar a evoluo dasituao (UNDP, 1997).

    4.21. Uma parte importante domonitoramento refere-se aos seusrelatrios. Estes devem conter reco-mendaes prticas sobre como so-lucionar problemas e otimizar ganhosiniciais. Para isso, as recomendaesdevem ser formuladas de forma clarae especfica, incluindo a identifica-o dos responsveis pela suaimplementao, o cronograma emque se espera que isso v acontecer,recursos necessrios e estimativa dosimpactos esperados. fundamentaltambm que os relatrios acompa-nhem o estgio de implementao derecomendaes anteriores (ibidem).

    4.22. No caso do Programa de Assistnciaa Vtimas e Testemunhas Ame-aadas, so dois os principais instru-mentos de monitoramento. Os rela-trios de acompanhamento so ela-borados trimestralmente pelas equi-pes tcnicas de cada estado e con-tm informaes relativas aos aten-dimentos realizados, andamento ju-rdico dos processos, situaopsicossocial dos beneficirios, estadoda rede de proteo local einteraes institucionais do progra-ma, dentre outras. Estes relatrios sodirecionados para o ConselhoDeliberativo e para a CGPT.

    4.23. Por sua vez, os chamados relatriosde monitoramento so anuais (po-dendo ter uma freqncia superiorem situaes excepcionais) e desen-volvidos por equipe de monitorescomposta por tcnicos dos programasestaduais e coordenada pelo GAJOP.As visitas duram, em mdia, trs diase envolvem reunies com equipe tc-nica, Conselho Deliberativo e repre-

    TCU - Relatrio de Avaliao de Programa44

  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 45

    sentantes do Poder Pblico, bemcomo entrevista com um beneficirio.Aps seu trmino, os relatrios soencaminhados para os programas es-taduais e tambm para a CGPT.

    4.24. A partir de 2004, a CGPT iniciouprocesso de acompanhamento dasvisitas de monitoramento e buscoucompartilhar a coordenao com oGAJOP, assumindo a SEDH,gradativamente, a sua responsabili-dade pela execuo e coordenaodessa atividade.

    4.25. Todavia, alguns problemas foramidentificados. Todos os presidentes ecoordenadores das ONG executorasentrevistados revelaram que existemaspectos que poderiam ser melhora-dos nos relatrios trimestrais. De for-ma geral, as crticas indicam que osdocumentos contm muitas informa-es que no variam no intervaloentre os relatrios, tornando-serepetitivas. H outros dados que noproporcionam informaes gerenciaise desestimulam a leitura. Ao mesmotempo, alguns integrantes de equi-pes tcnicas disseram no ter ne-nhum retorno quanto ao contedodos relatrios, no ficando claro paraque servem. Por fim, observa-se queno existe a produo de indicado-res de desempenho, o que poderia darum melhor direcionamento para orelatrio de acompanhamento.

    4.26. Quanto aos relatrios de moni-toramento, os representantes dasONG apontaram algumas deficin-cias. Os gestores criticaram ainexistncia de divulgao de boasprticas atravs dos relatrios demonitoramento. A direo do

    GAJOP revelou que no existem pro-cedimentos para registro das boasprticas adotadas e nem sistemticapara compartilhamento de experin-cias entre os programas estaduais.

    4.27. Por outro lado, constatou-se que asrecomendaes apresentadas nos re-latrios so pouco objetivas, no ha-vendo uma definio clara de medi-das a serem adotadas, estimativas deprazo, recursos necessrios, etc. Almdisso, os relatrios no fazem registrodo grau de implementao das reco-mendaes anteriores.

    4.28. Outro ponto levantado foi a demorano recebimento dos relatrios pelosprogramas estaduais. Em muitas ve-zes os relatrios so repassados comatraso, havendo a necessidade dacobrana destes por intermdio dosrepresentantes das ONG. Comoexemplo, houve o relato de envio dodocumento na vspera da visita domonitoramento seguinte, o que pre-judica o aproveitamento das informa-es levantadas.

    4.29. Por sua vez, os membros dos Conse-lhos Deliberativos estaduais entrevis-tados declararam no fazer uso dosrelatrios de monitoramento. Almda intempestividade, o desconheci-mento dos objetivos do documentoprejudicam seu uso pela instnciadecisria superior do programa noestado.

    4.30. Outro aspecto mencionado a repe-tio de temas que comprometem aincluso de novos, deixando de tra-tar temas especficos com mais pro-fundidade. A freqncia dosmonitoramentos realizados por estado

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    e o curto tempo de permanncia daequipe de monitores em campo com-prometem o aprofundamento dos tra-balhos e a qualidade dos resultados.

    4.31. Os aspectos apontados anteriormen-te indicam que as ferramentas em-pregadas no monitoramento do pro-grama apresentam deficincias quecomprometem seu uso. Assim, paraque os programas estaduais possamter disposio informaesgerenciais que subsidiem seu aperfei-oamento, recomenda-se que aCGPT reveja a sistemtica dos rela-trios de acompanhamento emonitoramento visando torn-los ins-trumentos efetivos de divulgao deboas prticas e correo de falhas eproblemas. Espera-se que a imple-mentao dessa recomendao con-tribua para o aprimoramento dosmecanismos de monitoramento doPrograma, com reflexos positivos noseu desempenho.

    PECULIARIDADE DA PRESTAODE CONTAS

    4.32. Devido necessidade de sigilo dasinformaes para garantir a seguran-a dos beneficirios e dos tcnicos,as prestaes de contas so apresen-tadas aos rgos convenentes e CGPT por meio de planilhas com in-dicao dos custos, mas sem os do-cumentos comprobatrios das despe-sas. Assim, verifica-se que a sistem-tica no oferece garantia da efetivaaplicao dos recursos pblicos.

    4.33. Os representantes das entidadesconvenentes entrevistados, em suamaioria, afirmaram que assinam asprestaes de contas porque confiam

    nas ONG, mas no h como confir-mar se as despesas foram efetivamenterealizadas. Os membros dos Conse-lhos, por sua vez, informaram que nopossuem mecanismos para verificar seos benefcios so efetivamente ofe-recidos. No entanto, so unnimes emafirmar que as informaes e os do-cumentos no podem ser divulgadossob pena de colocar em risco a segu-rana dos beneficirios, das pessoasque trabalham no programa e dosprprios conselheiros.

    4.34. Registre-se que o programa consi-derado bem sucedido, vez que, desdesua criao, nenhuma vtima ou teste-munha sob proteo foi atingida. Umadas causas desse xito justamente acompartimentalizao de dados, commanuteno sob sigilo de informaescomo local de moradia e atividadesdesenvolvidas. Todavia, essa sistem-tica fragiliza a prestao de contas dasatividades do Programa.

    4.35. Tal problema decorre da falta de re-gulamentao prpria estabelecendoprocedimentos para a prestao decontas de acordo com as peculiari-dades do Programa. Assim, so se-guidas as regras gerais da IN/STN n.01/97, no permitindo que se confir-me a correta aplicao dos recursospblicos.

    4.36. Embora os recursos aplicados nos pro-gramas estaduais no sejam rubricaoramentria de carter reservado,no h dvida de que o tratamentosigiloso sua aplicao absoluta-mente indispensvel ao sucesso dasaes do Programa. Assim, por se tra-tar de recursos pblicos, necessriose faz que se estabeleam procedi-

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  • Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 47

    mentos especficos, a exemplo dos recursos da Agncia Brasileira de Inteligncia/ABIN, cuja aplicao prpria foi disciplinada pelas Portarias n. 302 SSI/CMPR,de 23/12/97 e n. 36 DAG/CMPR, de 07/07/99.

    4.37. Alm disso, alguns conselheiros afirmaram que seria interessante que se estabele-cesse mecanismos de acesso do beneficirio a uma instncia annima, a quempoderiam ser encaminhadas reclamaes acerca do tratamento recebido. Essas in-formaes seriam teis para a triangulao de dados registrados nas prestaes decontas.

    4.38. Dentre as boas prticas identificadas, observou-se que alguns estados j desenvol-veram mecanismos especiais para anlise dessas contas. O TCE/SP disciplinou ocarter sigiloso das prestaes de contas, prevendo a manuteno dos documentoscom a ONG, mas possibilitando a sua anlise pelos auditores. O CONDEL/SPcriou o Conselho Fiscal responsvel pela anlise das prestaes de contas. Nosprocessos de excluso, cabe a um dos membros do CONDEL/RJ atuar como curador.Nessa ocasio, ele procura confirmar os benefcios recebidos.

    4.39. A fim de dar maior transparncia aplicao dos recursos pblicos, recomenda-se CGPT estabelecer, em conjunto com a CISET/PR, procedimentos especficospara prestao de contas que garantam transparncia na aplicao dos recursos,mantendo sob sigilo as informaes necessrias segurana do programa, a exem-plo da metodologia existente para aplicao de recursos oramentrios de carterreservado da ABIN. Tambm prope-se CGPT instituir ouvidoria disposiodos beneficirios para apresentao de denncias, reclamaes e sugestes, o quepoderia ser feito por meio de telefone do tipo 0800.

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  • Avaliao do TCU sobre o Programa Assistncia a Vtimas e Testemunhas Ameaadas 49

    5.1. As atividades oferecidas para areinsero social dos beneficiriostm sido prejudicadas pela precarie-dade da articulao com rgos eprogramas de governo, feita geral-mente de forma pessoal. Uma outradificuldade diz respeito identifica-o dos beneficirios, uma vez quematrcula em escolas ou atendimen-to em hospitais pblicos podem com-prometer sua segurana. Tambm preciso criar procedimentos que fa-cilitem a autonomia dos beneficiriosaps seu desligamento do programa,como a comprovao de experinciaprofissional nos casos de mudana deidentidade, possibilidade de doaode bens mveis usados e acesso amoradia.

    ARTICULAO COM OUTRASPOLTICAS E PROGRAMAS DEGOVERNO

    5.2. Ante as entrevistas realizadas e osquestionrios enviados, foi observa-da a inexistncia de articulaoinstitucional entre os programas e assecretarias estaduais para prestaode servios de sade, educao, etc.Esses servios so geralmente presta-dos a partir de contatos pessoais.Alm disso, tambm no existe apriorizao dos beneficirios paraacesso a programas de moradia, finan-ciamentos, assentamento rural, en-tre outros.

    5.3. A reinsero social das pessoas pro-tegidas pelo Programa de Proteo aTestemunhas depende da sua possi-bilidade de acesso a polticas e pro-gramas sociais, os quais fornecem ascondies para que os beneficiriosconstruam seus projetos de vida apso desligamento. Entretanto, observa-se que este acesso no garantidode forma institucional nos estados,sendo fruto de articulaes pessoaisdas entidades gestoras ou membrosda equipe tcnica com secretriosestaduais, diretores de escolas ou depostos de sade. O inconvenientereside no caso de haver mudana dosocupantes desses cargos, quando hgrande risco de perda de todo o tra-balho j feito, sendo necessrio o es-tabelecimento de novos contatos earticulaes com a pessoa que assu-miu o posto.

    5.4. As principais causas para esse fato soa falta de visibilidade do Programacomo poltica pblica em nvel esta-dual e as iniciativas ainda incipientesda CGPT para estabelecer parceriascom ministrios responsveis por ati-vidades afins, como, por exemplo, oMinistrio das Cidades ou do Desen-volvimento Agrrio para fins de mo-radia e concesso de lotes rurais, etambm os Ministrios da Educaoe da Sade.

    5. EFICCIA DAS AES P5. EFICCIA DAS AES P5. EFICCIA DAS AES P5. EFICCIA DAS AES P5. EFICCIA DAS AES PARAARAARAARAARAA REINSERO SOCIAL DOSA REINSERO SOCIAL DOSA REINSERO SOCIAL DOSA REINSERO SOCIAL DOSA REINSERO SOCIAL DOS

    BENEFICIRIOSBENEFICIRIOSBENEFICIRIOSBENEFICIRIOSBENEFICIRIOS

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    5.5. Essa situao afeta negativamente oprocesso de reinsero social, como,por exemplo, dificuldades para aaquisio de imveis ou obteno definanciamentos, atendimentos desade, educao e capacitao pro-fissional dos beneficirios, entre ou-tros. Nota tcnica da CGPT tambmmenciona o nus financeiro para oPrograma, na medida em que a ofer-ta de servios sociais tem que ser bus-cada no setor privado, com recursosdos convnios.

    5.6. de se ressaltar que alguns dos esta-dos visitados j esto trabalhando nosentido de assinar convnios com assecretarias estaduais, de modo a ha-ver maior interao com o Programade Proteo a Vtimas e Testemu-nhas, e de forma institucionalizada,como o caso da Bahia e do RioGrande do Sul.

    5.7. Com base no exposto, deve ser reco-mendado CGPT que inclua, no con-vnio assinado entre a Unio e os es-tados, clusula prevendo o estabele-cimento de parcerias institucionais doprograma com as secretarias respon-sveis pelas atividades implicadas noprocesso de reinsero social dosbeneficirios. Tambm oportuno pro-por SEDH que desenvolva parceri-as com outros ministrios para facili-tar o acesso dos beneficirios a polti-cas e programas federais de moradia,educao, sade, assentamentos ru-rais, entre outros.

    5.8. Como benefcios no caso da imple-mentao das recomendaes, pode-mos citar uma maior efetividade dareinsero social, bem como maior

    facilidade de acesso por parte dosbeneficirios aos servios de educa-o, sade e capacitao, dentreoutros.

    SIGILO DOS BENEFICIRIOS NOACESSO A PROGRAMAS E POLTI-CAS PBLICAS

    5.9. As equipes tcnicas entrevistadasrelataram que o uso da identidadereal dos beneficirios no acesso a pro-gramas e polticas pblicas proble-mtico, na medida em que o atendi-mento na rede pblica de sade,matrcula em escolas, cursos decapacitao nas entidades do siste-ma S, entre outro