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SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL - SEDAS GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO TEXTO 2 – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE O que é o SINASE? Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei”. (Lei 12.594/2012, Art. 1°, § 1º) Inicialmente aprovado pelo CONANDA (Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente) através da Resolução nº 119 em 11/12/2006 e sancionado através da LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012, o SINASE reúne princípios, regras e critérios para a execução de medidas socioeducativas e programas de atendimento aos adolescentes de 12 a 18 anos, e excepcionalmente jovens até 21 anos de idade, a quem se atribui a prática do ato infracional, desde o momento da apuração até a execução das Medidas Socioeducativas, organizadas conforme quadro abaixo.

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GERÊNCIA DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO

TEXTO 2 – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo -

SINASE

O que é o SINASE?

“Entende-se por Sinase o conjunto ordenado

de princípios, regras e critérios que envolvem

a execução de medidas socioeducativas,

incluindo-se nele, por adesão, os sistemas

estaduais, distrital e municipais, bem como

todos os planos, políticas e programas

específicos de atendimento a adolescente em

conflito com a lei”. (Lei 12.594/2012, Art. 1°, §

1º)

Inicialmente aprovado pelo CONANDA (Conselho Nacional de Defesa dos Direitos

da Criança e do Adolescente) através da Resolução nº 119 em 11/12/2006 e

sancionado através da LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012, o SINASE reúne

princípios, regras e critérios para a execução de medidas socioeducativas e

programas de atendimento aos adolescentes de 12 a 18 anos, e excepcionalmente

jovens até 21 anos de idade, a quem se atribui a prática do ato infracional, desde o

momento da apuração até a execução das Medidas Socioeducativas, organizadas

conforme quadro abaixo.

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Medida Socioeducativa Necessidade de

Programa Especial

Responsável pela execução

Advertência NÃO Próprio Juiz

Obrigação de Reparar o Dano NÃO Próprio Juiz

Prestação de Serviços à Comunidade SIM Município

Liberdade Assistida SIM Município

Inserção em Regime de Semi-

liberdade SIM Estado

Internação em Estabelecimento

Educacional SIM Estado

Fonte: Guia Socioeducativo

O SINASE é, portanto, uma política pública para implementação do atendimento das

medidas socioeducativas. Sua concepção acompanhou a construção das normativas

que pretendem dar materialidade aos direitos das crianças e dos adolescentes no

Brasil - Constituição Federal e Estatuto da Criança e do Adolescente, e no mundo -

Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, Sistema Global e Sistema

Interamericano dos Direitos Humanos: Regras Mínimas das Nações Unidas para

Administração da Justiça Juvenil – Regras de Beijing – Regras Mínimas das Nações

Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade.

O que propõe o SINASE?

1 • Evitar ou limitar a discricionariedade na aplicação das Medidas

Socioeducativas

2 • Priorizar as medidas em meio aberto em detrimento das restritivas e

privativas de liberdade

3 • Reverter a tendência crescente de internação dos adolescentes

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O SINASE veio para fortalecer o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) na

medida em que determina, de forma objetiva, os parâmetros (norma, padrão) que

devem ser seguidos por todas as instituições ou profissionais que atuam nesta área

objetivando, primordialmente, o desenvolvimento de uma ação socioeducativa

sustentada nos princípios dos direitos humanos. Para Fábio Silvestre, sua

formulação foi necessária por se constatar que “nada havia mudado no sistema

socioeducativo, ainda sob a égide do extinto Código de Menores (lei de 1979,

revogada pelo ECA, em 1990)”.

Ancorado na premissa dos direitos humanos, o SINASE reafirma a diretriz do

Estatuto sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa e prioriza as

medidas em meio aberto (Prestação de Serviço à Comunidade-PSC e Liberdade

Assistida) em detrimento das restritivas de liberdade (Semiliberdade e Internação em

estabelecimento educacional).

Brasil: um país de privação

Comumente se afirma que os juízes têm aplicado o Estatuto de “cabeça para baixo”

por priorizarem a aplicação das medidas mais severas (internação e semiliberdade),

em detrimento daquelas em meio aberto (Prestação de Serviços à Comunidade e

Liberdade Assistida), portanto, mais brandas do ponto de vista da privação da

liberdade e da institucionalização dos adolescentes e jovens, recurso que deve ser

utilizado apenas excepcionalmente e por breve período, visto os malefícios

decorrentes do encarceramento e afastamento do convívio familiar e comunitário. Os

dados abaixo comprovam esta afirmação:

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Taxa de Crescimento da Restrição e Privação de Liberdade / Relação 2009 e 2010

Es

tad

o

Internação Internação

Provisória Semiliberdade Total

2009 2010 TAXA 2009 2010 TAXA 2009 2010 TAXA 2009 2010 TAXA

NO

RT

E

AC 229 122 -46,72% 56 42 -25% 22 27 22,73% 307 191 -37,79%

AM 65 33 -49,23% 18 25 38,89% 11 9 -18,18% 94 67 -28,72%

PA 131 161 22,90% 77 94 22,08% 40 34 -15% 248 289 16,53%

TO 51 80 56,86% 9 20 122,22% 22 23 4,55% 82 123 50%

NO

RD

ES

TE

PB 223 151 -32,29% 16 49 206,25% 8 12 50% 247 212 -14,17%

MA 46 43 -6,52% 37 46 24,32% 19 17 -10,53% 102 106 3,92%

BA 188 278 47,87% 114 123 7,89% 7 64 814,29% 309 465 50,49%

PE 1002 1023 2,10% 330 264 -20% 139 169 21,58% 1471 1456 1,02%

CE

NT

RO

OE

ST

E

DF 383 500 30,55% 143 173 20,98% 73 81 10,96% 599 754 25,88%

GO 147 159 8,16% 108 169 -36,11% 9 11 22,22% 264 239 -9,47%

MT 187 143 -23,53% 46 72 56,52% 0 0 0% 233 215 -7,73%

MS 149 164 10,07% 46 27 -41,30% 10 2 -80% 205 193 -5,85%

SU

DE

ST

E ES 324 279 -13,89% 108 166 53,70% 11 14 27,27% 443 459 3,61%

MG 764 652 -14,66% 222 284 27,93% 154 105 -31,82 1140 1041 -8,68%

RJ 303 344 13,53% 182 259 42,31% 148 230 55,41% 633 833 31,60%

SP 4769 5107 7,09% 957 1168 22,05% 500 539 7,80% 6226 6814 9,44%

SU

L

PR 701 778 10,89% 201 253 25,87% 66 52 -21,21% 968 1083 11,88%

SC 164 168 2,44% 223 193 -13.45% 111 73 -34,23% 498 434 -12,85%

RS 847 669 -21,02% 120 106 -11,67% 42 85 102,38% 1009 860 -14,77%

total 10.673 10.854 3.013 3.533 1.392 1.547 15.078 15.834

Fonte: Levantamento Nacional do Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei - Secretaria Especial de Direitos Humanos-SEDH/2010

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Os princípios e diretrizes do SINASE

Para reverter essa tendência o SINASE destaque que a prioridade deve ser na

aplicação daquelas medidas em meio aberto, ou seja, que não retirem o adolescente

do convívio familiar e comunitário.

Este é apenas um dos dezesseis princípios que constituem o SINASE:

1 Respeito aos direitos humanos.

2 Responsabilidade solidária da Família, Sociedade e Estado.

3 Adolescente como pessoa em situação peculiar de desenvolvimento, sujeito de

direitos e responsabilidades.

4 Prioridade absoluta.

5 Legalidade.

6 Respeito ao devido processo legal.

7 Excepcionalidade, brevidade e respeito à condição peculiar de pessoa em

desenvolvimento.

8 Incolumidade, integridade física e segurança.

9

Respeito à capacidade do adolescente de cumprir a medida; às circunstâncias;

à gravidade da infração e às necessidades pedagógicas do adolescente na

escolha da medida, com preferência pelas que visem ao fortalecimento dos

vínculos familiares e comunitários.

10 Incompletude institucional

11 Garantia de atendimento especializado para adolescentes com deficiência

12 Municipalização do atendimento

13 Descentralização político administrativa

O SINASE estabelece, ainda, que as entidades de atendimento e/ou programas que

executam a internação provisória e as medidas socioeducativas de prestação de

serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação deverão

orientar e fundamentar a prática pedagógica nas seguintes diretrizes:

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PARÂMETROS DA AÇÃO SOCIOEDUCATIVA - SINASE

Diretrizes pedagógicas do atendimento

1. Prevalência da ação socioeducativa sobre os aspectos meramente sancionatórios 2. Projeto político-pedagógico como ordenador de ação e gestão do atendimento socioeducativo 3. Participação dos adolescentes na construção, no monitoramento e na avaliação das ações socioeducativas. 4. Respeito à singularidade do adolescente, presença educativa e exemplaridade como condições necessárias na ação socioeducativa. 5. Diretividade no processo socioeducativo 6. Disciplina como meio para a realização da ação socioeducativa 7. Exigência e compreensão enquanto elementos primordiais de reconhecimento e respeito ao adolescente durante o atendimento socioeducativo 8. Respeito às aptidões do adolescente quando submetido à prestação de serviços à comunidade 9. Dinâmica institucional garantindo a horizontalidade na socialização das informações e dos saberes entre equipe multiprofissional 10. Organização espacial e funcional das entidades de atendimento socioeducativo como sinônimo de condições de vida e de possibilidades de desenvolvimento pessoal e social para o adolescente 11. Diversidade étnico-racial, de gênero e sexual norteadora da prática pedagógica. 12. Família e comunidade participando ativamente da experiência socioeducativa 13. Formação continuada dos atores sociais

Dimensões básicas do atendimento

(Para uma prática pedagógica sólida, sustentável e garantida, o atendimento deve estruturar-se basicamente nesses quesitos)

1. Espaço físico, infraestrutura e capacidade. 2. Desenvolvimento social e pessoal do adolescente 3. Direitos humanos 4. Acompanhamento técnico 5. Recursos humanos 6. Alianças estratégicas

Parâmetros do atendimento

(Estruturados em seis eixos estratégicos. Cada eixo prevê ações comuns a todos os programas que

executam as medidas socioeducativas e as

especificidades de cada uma delas)

1. Suporte institucional e pedagógico 2. Diversidade étnico-racial e de gênero 3. Cultura, esporte e lazer. 4. Saúde 5. Escola 6. Profissionalização/trabalho/previdência 7. Família e comunidade 8. Segurança

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Cada um desses princípios, diretrizes e parâmetros deve estar claramente descrito

na PROPOSTA POLÍTCO PEDAGÓGICA (PPP) das entidades ou programas que

executam o atendimento socioeducativo. Esta é uma ferramenta importante para

organização do trabalho e para assegurar o comprometimento de todos com novas

práticas, vez sua construção pressupõe a participação de toda comunidade

socioeducativa.

O projeto pedagógico deve ser claro e escrito em consonância com os princípios e

parâmetros do SINASE e deverá conter minimamente:

Público-alvo Regimento interno

Capacidade Regulamento disciplinar

Fundamentos teórico-metodológicos Reuniões de equipe

Recursos humanos e financeiros Monitoramento e avaliação

Detalhamento da rotina Estudos de caso

Organograma Elaboração e acompanhamento do

Plano Individual de Atendimento

Fluxograma

E não são apenas os profissionais das instituições ou programas de atendimento

que devem se comprometer com a PPP. Considerando o princípio da incompletude

institucional, os diversos sistemas (SUAS, SUS, entre outros) que compõe o

Sistema de Garantia de Direitos (SGD) devem manter interface com o SINASE

ampliando, assim, as condições para a realização dos direitos, vez que os

adolescentes devem ser compreendidos a partir de todas as dimensões que os

constituem. A ação socioeducativa deve, portanto, respeitar as fases de

desenvolvimento integral do adolescente levando em consideração suas

potencialidades, sua subjetividade, suas capacidades e suas limitações, garantindo

a particularização no seu acompanhamento.

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O Plano individual de Atendimento

“O desafio é não omitir ou mitificar (um gozo

perverso de muitos adultos) a prática do ato

infracional e, ao mesmo tempo, não olhar o

adolescente pela ótica do delito que o

estigmatiza e torna impossível compreendê-

lo” (Maria de Lourdes Trassi Teixeira).

O Plano Individual de Atendimento (PIA) é um instrumento metodológico que

engloba um conjunto de propostas de intervenção articuladas entre si, para um

sujeito individual ou coletivo (grupo de pessoas ou famílias), frente a situações

complexas.

Do ponto de vista teórico metodológico: É um instrumento pedagógico

fundamental para garantir a equidade no processo de cumprimento da

medida (SINASE)

Do ponto de vista Operacional: Constitui-se em uma importante ferramenta

no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente e na

conquista de metas e compromissos pactuados com os adolescentes e suas

famílias durante o cumprimento da medida (SINASE).

O objetivo do PIA é possibilitar a pactuação de metas com o adolescente e sua

família que possibilitem organizar o cumprimento da medida, oferecendo

perspectivas de futuro com rompimento da prática infracional.

Considerar as diversas subjetividades e singularidades que se apresentam no

atendimento significa combinar responsabilização e equidade, ou seja, oferecer

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tratamento individualizado e considerar as diferenças no sentido de alcançar a

igualdade de direitos para todos1.

Recursos Humanos – O desafio da formação

Consta no SINASE que a qualificação, a assistência técnica e a contribuição para a

qualificação é de responsabilidade compartilhada entre as três instâncias federativas

(Federal, Estadual e municipal – Ver quadro anexo).

Entretanto, ainda existe uma grande lacuna no processo de formação continuada

dos operadores do sistema socioeducativo, apesar das iniciativas desenvolvidas, em

particular, no Estado de Pernambuco.

Para cada programa de atendimento o SINASE determina uma equipe específica e

com qualificação adequada para garantia do atendimento individualizado e

especializado. Neste sentido, prevê a composição mínima do quadro de pessoal em

cada modalidade de atendimento socioeducativo:

Prestação de Serviços à Comunidade - PSC:

• 01 técnico para cada vinte adolescentes

• 01 Referência socioeducativo para cada grupo de até dez adolescentes e um

orientador socioeducativo para até dois adolescentes simultaneamente a fim de

garantir a individualização do atendimento que a medida pressupõe.

1 Capacitação para operadores do SINASE-UnB e SDH. Plano Individual de Atendimento. Autoras:

Andréa Fuchs, Maria de Lourdes Trassi Teixeira e Márcia Mezêncio

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Liberdade Assistida - LA:

1) Em se tratando da Liberdade Assistida Comunitária (LAC), cada técnico terá sob

seu acompanhamento e monitoramento o máximo de vinte orientadores

comunitários. Sendo que cada orientador comunitário acompanhará até dois

adolescentes simultaneamente;

2) Em se tratando Liberdade Assistida Institucional (LAI), cada técnico

acompanhará, simultaneamente, no máximo vinte adolescentes.

Semiliberdade:

Para atender até vinte adolescentes na medida socioeducativa de semiliberdade a

equipe mínima deve ser composta por:

• 01 coordenador técnico

• 01 assistente social

• 01 psicólogo

• 01 pedagogo

• 01 advogado (defesa técnica)

• 02 socioeducadores em cada jornada

• 01 coordenador administrativo e demais cargos nesta área, conforme a demanda

do atendimento.

• Deve-se considerar nos casos de haver mais de uma residência de atendimento

em pequenos grupos de até quinze adolescentes, poderá ser instituída uma

coordenação administrativa, uma coordenação técnica e um advogado para duas ou

três casas simultaneamente.

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Internação:

Para atender até quarenta adolescentes na medida socioeducativa de internação a

equipe mínima deve ser composta por:

• 01 diretor

• 01 coordenador técnico

• 02 assistentes sociais

• 02 psicólogos

• 01 pedagogo

• 01 advogado (defesa técnica)

• Demais profissionais necessários para o desenvolvimento de saúde, escolarização,

esporte, cultura, lazer, profissionalização e administração

• Socioeducadores.

Esta composição e a formação destes profissionais demandam recursos e

articulações entre os diferentes sistemas que atuam no atendimento socioeducativo,

a exemplo do SINASE e do Sistema único da Assistência Social-SUAS.

Iniciativas como a introdução do ensino a distância são bons exemplos não apenas

para qualificar as equipes, mas para impulsionar os gestores a avançar na

implementação adequada do SINASE.

Pense nisso:

Pernambuco é hoje o segundo Estado brasileiro que mais tem enviado adolescentes

para cumprimento de medidas socioeducativas privativas de liberdade. O que fazer

para reverter esta realidade e implantarmos o SINASE efetivamente?

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Apoiados nos altos índices de violência do Brasil e em uma mídia que reforça o mito

de periculosidade do adolescente existem hoje vários projetos em tramitação no

Congresso Nacional pedindo a redução da idade de imputabilidade penal, ou

seja, a idade em que o adolescente pode ser responsabilizado penalmente, hoje

fixada pelo ECA em 18 anos. Como você se coloca em meio a este debate? Você

acredita que reduzir a idade em que um adolescente pode ir para a cadeia e não

para cumprimento de medida socioeducativa, reduziria os índices de violência em

nosso país?

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ANEXO

COMPETÊNCIAS UNIÃO Formular e coordenar a execução da Política Nacional de Atendimento Socioeducativo

Elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, em parceria com os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios.

Prestar assistência técnica e suplementação financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios.

Instituir e manter o Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo, seu

funcionamento, entidades, programas.

Contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo

Estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento das unidades e programas de

atendimento.

Instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas de Atendimento Socioeducativo.

Financiar, com os demais entes federados, a execução de programas e serviços do Sinase.

Garantir a publicidade de informações sobre repasses de recursos.

ESTADOS Formular e coordenar a execução da Política Nacional de Atendimento Socioeducativo

Elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo em conformidade com o Plano Nacional

Criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas socioeducativas de

semiliberdade e internação.

Editar normas complementares para a organização e funcionamento do seu sistema de atendimento

e dos sistemas municipais.

Estabelecer com os Municípios formas de colaboração para o atendimento em meio aberto.

Prestar assessoria técnica e suplementação financeira aos Municípios.

Garantir o pleno funcionamento do plantão interinstitucional.

Garantir defesa técnica do adolescente a quem se atribua prática de ato infracional;

Cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo .

Cofinanciar, com os demais entes federados, a execução de programas e ações destinados ao

atendimento inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles

destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducativa privativa de liberdade.

MUNICÍPIOS Formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo.

Elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, em conformidade com o Plano Nacional

e o respectivo Plano Estadual.

Criar e manter programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas em meio

aberto.

Editar normas complementares para a organização e funcionamento dos programas do seu Sistema.

de Atendimento Socioeducativo

Cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer

regularmente os dados necessários ao povoamento e à atualização do Sistema

Cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federados, a execução de programas e ações de

atendimento inicial, bem como aqueles destinados a adolescente em medida em meio aberto.

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BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e

dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 16 de jul. 1990.

BRASIL, Leinº 12.594, de 18 de Janeiro de2012. Institui o Sistema Nacional de Atendimento

Socioeducativo (Sinase), Brasília, DF, 18/01/2012.

SPOSATO,Karyna Batista (Org). Guia Teórico e Prático de Medidas Socioeducativas. ILANUD - Instituto

Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delitoe Tratamento do Delinquente – Brasil.

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância, 2004.

WERNECK LORENZI, Gisella. Uma Breve História dos Direitos da Criança e do Adolescente no

Brasil. Portal Pró Menino,2007

Manual de Orientação para programas de atendimento ao adolescente privado de liberdade.

Ministério Público do Estado de Rondônia. Disponível no site: http://www.mp.ma.gov.br

Uma década de avanços para a criança e o adolescente. Revista Papel Social. Edição Especial, nº 57,

ano 13, 2000.

Para aprofundar conhecimentos acesse:

http://www.fesmp.com.br/upload/arquivos/2018300633.pdf#page=313A

http://www.mp.rs.gov.br/infancia/doutrina/id168.htm

http://www.i-

brasil.net/amf/services/autor2/mediafiles/1671355624LOPESDEOLIVEIRAado

lescenciacontemporaneidade.pdf

http://www.familia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=90

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Sites especializados

www.sedh.gov.br

www.andi.org.br

www.direitosdacrianca.org.br/

www.promenino.org.br

www.fia.rj.gov.br/

www.redeandibrasil.org.br

www.oit.org.br/

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