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TEXTO COMPLEMENTAR S/ MÚSICA ROMÂNTICA ROMANTISMO MUSICAL Lembrar de Música Romântica (MR) remete o pensamento para momentos do mundo vivido de todos nós. Relacionar MR com temas de filmes e novelas também é muito comum, principalmente para ativar a nossa memória. Porém, a música da qual nos referimos inclui um conjunto de obras, produzidas no final do século XVIII, que carregam a marca da renovação pela qual passou a literatura e as artes plásticas, fundada na busca da subjetividade e liberdade de composição, não permitidas no Classicismo. Foi no meio do turbilhão de mudanças do mundo moderno que surgiu o movimento de oposição aos princípios clássicos: o Romantismo. Durante algum tempo o Classicismo foi o estilo de referência para os grandes compositores. Porém, uma inquietude pairava no ar, forçando a criação de temas novos e a quebra com o formalismo Clássico. Como muitos compositores eram envolvidos com a literatura e bem relacionados com as artes plásticas, o desenvolvimento do Romantismo foi inevitável. Ele surgiu na Alemanha, mas é na França que o movimento vai adquirir maior repercussão. Filósofos franceses, maravilhados com o progresso industrial e político inglês, se uniram a uma burguesia que aspirava a um liberalismo econômico e, consequentemente, a tomada do poder, concretizada pela Revolução Francesa que depôs a dinastia Bourbon, considerada um “entrave” para o desenvolvimento do Estado Francês. A autonomia política, tão desejada pela elite francesa, também influenciou a liberdade de expressão no mundo das artes, possibilitada pelo predomínio do sentimento sobre a razão. Essas idéias se contrapõem às tradições clássicas, provocando rivalidades entre clássicos e românticos. Como a forma clássica de composição era inacessível para a grande maioria, as circunstâncias da época exigiam uma linguagem musical mais simples e emocionante para um público burguês, numeroso, diversificado e relativamente pouco preparado do século XIX. A música de salão, feita para o deleite da corte, acabou conquistando espaço nas casas de concertos e o gosto popular. A expressão subjetiva e individual predominou entre os compositores que aderiram ao Romantismo, valorizando-se a tendência descritiva, surgida nos Poemas Sinfônicos, de Liszt e Berlioz. Os ideais românticos, oriundos da literatura e das artes plásticas, eram ingredientes fundamentais do estilo Romântico. Assim, não demorou muito para que os compositores trouxessem o Romantismo para a música, despertando o potencial subjetivo da época. Beethoven e Shubert trouxeram para a música essa visão de mundo e de amor expressos na literatura. Assim, a forma sonata e seus gêneros passaram a ser os grandes vilões para uma nova geração de músicos que começava a surgir (primeiros Românticos). Nem todos os compositores da época aderiram homogeneamente ao Romantismo.

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TEXTO COMPLEMENTAR S/ MÚSICA ROMÂNTICA

ROMANTISMO MUSICAL

Lembrar de Música Romântica (MR) remete o pensamento para

momentos do mundo vivido de todos nós. Relacionar MR com temas de filmes

e novelas também é muito comum, principalmente para ativar a nossa

memória. Porém, a música da qual nos referimos inclui um conjunto de obras,

produzidas no final do século XVIII, que carregam a marca da renovação pela

qual passou a literatura e as artes plásticas, fundada na busca da

subjetividade e liberdade de composição, não permitidas no Classicismo.

Foi no meio do turbilhão de mudanças do mundo moderno que

surgiu o movimento de oposição aos princípios clássicos: o Romantismo.

Durante algum tempo o Classicismo foi o estilo de referência para os grandes

compositores. Porém, uma inquietude pairava no ar, forçando a criação de

temas novos e a quebra com o formalismo Clássico. Como muitos

compositores eram envolvidos com a literatura e bem relacionados com as

artes plásticas, o desenvolvimento do Romantismo foi inevitável. Ele surgiu na

Alemanha, mas é na França que o movimento vai adquirir maior repercussão.

Filósofos franceses, maravilhados com o progresso industrial e político inglês,

se uniram a uma burguesia que aspirava a um liberalismo econômico e,

consequentemente, a tomada do poder, concretizada pela Revolução Francesa

que depôs a dinastia Bourbon, considerada um “entrave” para o

desenvolvimento do Estado Francês. A autonomia política, tão desejada pela

elite francesa, também influenciou a liberdade de expressão no mundo das

artes, possibilitada pelo predomínio do sentimento sobre a razão. Essas idéias

se contrapõem às tradições clássicas, provocando rivalidades entre clássicos e

românticos.

Como a forma clássica de composição era inacessível para a grande

maioria, as circunstâncias da época exigiam uma linguagem musical mais

simples e emocionante para um público burguês, numeroso, diversificado e

relativamente pouco preparado do século XIX. A música de salão, feita para o

deleite da corte, acabou conquistando espaço nas casas de concertos e o gosto

popular. A expressão subjetiva e individual predominou entre os compositores

que aderiram ao Romantismo, valorizando-se a tendência descritiva, surgida

nos Poemas Sinfônicos, de Liszt e Berlioz.

Os ideais românticos, oriundos da literatura e das artes plásticas,

eram ingredientes fundamentais do estilo Romântico. Assim, não demorou

muito para que os compositores trouxessem o Romantismo para a música,

despertando o potencial subjetivo da época. Beethoven e Shubert trouxeram

para a música essa visão de mundo e de amor expressos na literatura. Assim,

a forma sonata e seus gêneros passaram a ser os grandes vilões para uma

nova geração de músicos que começava a surgir (primeiros Românticos). Nem

todos os compositores da época aderiram homogeneamente ao Romantismo.

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Dois grupos então se formaram: o conservador, que procurava aproveitar as

formas clássicas e adaptá-las ao individualismo romântico; e o progressista,

que procurava criar novos gêneros mais livres. Félix Mendelssohn liderou a

primeira corrente, e Hector Berlioz defendia a segunda.

O romantismo trouxe grande mudança para a vida profissional dos

músicos, seus instrumentos e a própria criação musical, que viveu uma época

de grande esplendor. Com a formação de um público urbano burguês,

pagante, freqüentador de teatros -- os novos locais de espetáculo --, os

compositores deixaram de trabalhar para a igreja e os príncipes tornaram-se

autônomos, na busca de maior independência em seu trabalho. Foram

inventados novos instrumentos e a orquestra incorporou o flautim, o corne-

inglês, o contrafagote e vários instrumentos de percussão. A criação de novos

elementos formais, as transformações harmônicas e os novos timbres

permitiram a expressão cada vez mais elaborada das emoções, das nuanças

sutis às mais extremadas paixões.

O grande gênio romântico foi Beethoven, iniciador de uma tradição

sinfônica grandiosa, que utilizava seqüências harmônicas inusitadas, de

grande impacto aos ouvidos do público da época, habituado à previsível e

equilibrada harmonia clássica. Berlioz criou a sugestiva sinfonia programática,

em que uma idéia extramusical, ligada à ação dramática, conduz a

composição. A instrumentação é utilizada para criar uma ambientação sonora

que pode incluir motivos musicais que representam fatos ou personagens e até

mesmo imitam certos ruídos. Também na música o romantismo significou a

afirmação da individualidade do artista. Isso se evidencia nas inúmeras obras

para um só intérprete, como as compostas por Chopin, Liszt e Schumann para

piano solo.

Durante o Romantismo, a canção foi enriquecida, as harmonias se

tornaram mais plenas, favorecendo principalmente o crescimento do Lied

(canção em alemão) para piano e canto, cujo expoente foi Shubert.

A ópera recebeu um impulso especial com o conceito de

Gesamtkunstwerke, a obra de arte total do alemão Richard Wagner, que tirou

as vozes do permanente primeiro plano e fez com que se inserissem na textura

instrumental. Realizou assim o que chamou de melodia infinita: o recitativo

passa à ária por meio de modulações e as cadências só se completam no final

do ato. O italiano Giuseppe Verdi manteve a tradição italiana de argumentos

dramáticos e nacionalistas, em que a arte vocal sobrepuja a orquestração.

Verdi levou o drama romântico a níveis extraordinários de imaginação

melódica, força expressiva e domínio técnico.

A afirmação do subjetivismo romântico ensejou a formação de

escolas nacionais. Na Hungria, Ferenc Erkel, autor do hino nacional, buscou

no folclore os temas para suas óperas. Franz Liszt, compositor de obras

pianísticas, inovou com a sonata de tema único, em substituição ao

"desenvolvimento" clássico, e com o poema sinfônico. O russo Mikhail Glinka

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redescobriu cantos e ritmos populares e reintroduziu um antigo sistema

composicional, o modalismo próprio da música sacra eslava de seus

ancestrais.

A ópera foi reformada pelo compositor Wagner que a transformou em uma

obra de arte completa, constituída de:

Assunto Texto dramático Orquestração Voz humana

Dentro desta nova concepção de ópera outros elementos

tiveram sua importância, tais como: cenários, figurinos, caracterização,

iluminação e direção para os atores. Desta forma, a ópera romântica

enfraquece a hegemonia da ópera italiana na Europa. Os grandes

compositores de óperas românticas foram os italianos Verdi, Rossini e o

alemão Wagner, além do brasileiro Carlos Gomes.

As orquestras foram ampliadas, incluindo os metais, o flautim, o

clarone, o corne inglês, o contra fagote e diversificada a percussão.

Fagote

Flautim

Os melhoramentos sofridos pelo piano, no decorrer do tempo,

contribuíram para que a sonoridade do instrumento ficasse mais rica,

aumentando suas possibilidades de volume e tonalidades. A paixão pelo

instrumento gerou belas composições de solos, com o uso de todo o teclado e

ampliações de suas tessituras. A grandiosidade dos concertos românticos

desafiava a técnica dos “virtuoses” (músico de concerto, dotado de técnica

apurada) e o solo ficava cada vez mais difícil. Os mais importantes

compositores para piano foram: Shubert, Mendelssohn, Chopin, Shumann,

Liszt e Brahms.

Cresce então, nesse período, a composição para valsas, mazurias,

polonaise, o romance, o prelúdio, a balada etc.

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Sob a influência da literatura, contar histórias passou a fazer parte

das composições do Romantismo que descreviam com sons situações extra-

musicais. Nascia a música programática e os compositores progressistas

apostaram nesse estilo como forma de sobrepor a sonata. Seu maior

representante neste gênero foi Franz Liszt. Nessa época, muitas peças para

piano foram programáticas, porém foi na orquestra que essa forma se

consolidou.

A Orquestra

O âmbito da matéria musical foi muito alargado com os

compositores românticos. As melodias, sejam ternas ou apaixonadas, tomam-

se mais líricas, semelhantes a canções, com modulações mais rápidas e

ousadas. As harmonias também se tornam mais ricas e profundas no plano

emocional, com maior emprego de dissonâncias, introduzindo notas

cromáticas estanhas às tonalidades.

A orquestra cresceu enormemente, não só em tamanho, como

também abrangência. A seção dos mentais, logo completada com a adição da

tuba, ganhou maior importância com a invenção dos sistemas de válvulas, que

veio dar maior flexibilidade e alcance aos instrumentos. Os compositores agora

escreviam, algumas vazes, para instrumento de madeira em grupos de três ou

mesmo de quatro, adicionando o flautim, clarone (a clarineta abaixo), o corne

inglês e o contrafagote. Os instrumentos de percussão ficaram mais variados,

com novos matizes sonoros, e foi necessário aumentar a seção de cordas, para

se manter em equilíbrio entre as quatro seções.

Os compositores românticos deleitaram-se em explorar toda essa

grande variedade de volume e alturas sonoras a riqueza das harmonias e

novas possibilidades de combinar e contrastar timbres. Sua música oferece

um belo sortimento de tipos de composição - desde peças para um ou poucos

executantes, como canções, obras para pianos e música de câmara (trios,

quartetos, etc.) até empreendimentos espetaculares, envolvendo grande

número de participantes, como as óperas de Wagner ou as imensas obras

orquestrais de Berlioz, Mahler e Richard Strauss.

Música para Piano

No século XIX, o piano passou por diversos melhoramentos. O

número de notas foi aumentado, os martelos, antes cobertos por couro, passarão a ser revestidos de feltro, e o cepo, que era de madeira, passou a ser de metal, com maior resistência, por tanto, á tensão exercida pelas cordas, agora mais longas e grassas. Tudo isso veio contribui para que a sonoridade do instrumento ficasse mais rica e cheia, aumentando suas possibilidades em termos de registro, volume e tonalidade. Os compositores românticos começaram a explorar toda a extensão do teclado, escrevendo tessituras ricas e variadas que muito dependiam do emprego do pedal direito.

Quase todos compuseram músicas para piano, mas o mais

importantes foram Schubert, Mendelssohn, Chopin, Schumann, Liszt e

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Brahms. Embora meio as obras dos românticos se encontrem sonatas, a

preferência em geral era por peças isoladas e não muito extensas. Havia

grande variedade delas, incluindo danças como a valsa, a mazurca e

apolonaise, e peças de “caráter”, como impromptu (“improviso”), o romance, a

canção sem palavras, o prelúdio, o noturno, a balada, o intermezzo

(“interlúdio”) e a rapsódia. Muitas peças apresentavam duas partes de caráter

constrastante, freqüentemente planejadas na forma ternária (aba). Outro tipo

de composição foi o étude ou estudo, cujo objetivo era o aprimoramento

técnico do instrumentista. Com efeito, durante essa época, houve grande

avanço nesse sentido, favorecendo a figura do “virtuose” - músico dotado de

extraordinária técnica.Os expoentes máximos nesse campo foram violinista

paganine e o pianista - compositor Liszt. Embora Liszt tenha sido escrito

muitas obras de caráter poético e reflexivo, tornou se conhecido

principalmente por suas peças de grande brilhantismo, que escutava perante

platéias a um tempo assombradas e deliciadas.

Mas o compositor que mostrou maior compreensão do caráter e das

possibilidades do piano foi Frédéric Chopin.Ele tinha o dom especial de

compor melodias de grande inspiração, que normalmente harmonizava de

uma maneira incomum típica do estilo de Chopin, por exemplo, é uma melodia

expressiva cantada pouco acima de um acompanhamento muito sóbrio, com o

uso cuidadoso do pedal direto. Entretanto, embora a música de Chopin possa

ser sonhadora e poética, como em seus noturnos, pode também torna-se

dramática e feérica, como nas polonaises e em muitos outros estudos.

Gêneros Musicais

Música Programática

Os estreitos laços ligando a música e à literatura, durante o

romantismo, levaram os compositores a terem um vivo interesse pela música

programática – a música que “conta uma história” ou, de certo modo, é

descrita, evocando imagens na mente do ouvinte. (A música destituída dessa

intenção, composta para ser apreciada unicamente pelo que é, tem o nome de

música absoluta).

Muitas peças para piano desse período são programáticas, mas foi

nas obras orquestrais que os compositores exprimiram essas idéias com maior

precisão. Há três tipos principais de música programática:

Sinfonia de programa – referindo-se a sua sexta Sinfonia, por ele mesmo denominada Pastoral, Beethoven explicou que ela era “mais expressão de sentimento do que programática”, apesar de ser visivelmente pictórica nos cantos de pássaros que fecham o movimento lento, na alegria pastoril entrevista no Scherzo e na tempestade que se arma no quarto movimento. Berlioz, entretanto, em sua Sinfonia Fantástica, foi mais direto. Ele próprio forneceu um “programa” detalhado da obra, que, tal como a Pastoral de Beethoven, é em cinco movimentos, em lugar dos quatro usuais. Descrição da obra de Berlioz:

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1. Desvaneios, paixões 2. Um baile 3. Cena campestre 4. Marcha do cadafalso 5. Sonho de uma noite de sabá 6.

A abertura de concerto – “Abertura”, evidentemente, é o nome de longa data empregado para designar a peça orquestral tocada no início de uma ópera. No entanto, a abertura de concerto do século XIX nada tinha a ver com a ópera; era uma obra para a orquestra, de sentido descritivo em um só movimento (em geral de forma de sonata), e se destinava simplesmente a ser peça de concerto.

O poema sinfônico – O poema sinfônico foi criado por Liszt. Tal como a abertura de concerto, é uma obra para orquestra em um só movimento e também de sentido descritivo, mas geralmente mais longa e de construção mais livre. A concepção de Liszt era de que, em um poema sinfônico, a música tiraria sua forma do padrão das idéias ou eventos que engendraram. Para trazer unidade à música, contudo, ele usou o que chamava de transformação temática. Essa expressão pomposa significa a penas que um tema básico é recorrente por toda a peça, mais em contínua transformação, de caráter e de espírito, de modo a corresponder a cada situação (recurso parecido, de fato, com a idée fixe de berlioz).

Música incidental (ou de cena) - A expressão música incidental ou de cena refere-se à música especialmente composta para ser ouvida em certos momentos de representação de alguma peça. Ou seja, para criar determinada atmosfera no começo de um ato ou de uma cena, para entreter a platéia durante a troca de cenários e até mesmo para fazer fundo sonoro no decorrer do espetáculo. Uma vez que muitas peças dessa categoria são intencionalmente descritivas, também podem ser classificadas como música programática.

Suíte - Tornou-se comum o compositor reunir diversas peças de música incidental de sua autoria e delas fazer uma suíte para ser executada como obra de concerto. Como exemplos temos Sonho de uma Noite de Verão, de Mendelssohn, escrita para a peça de Shakespeare; L´Arlésienne, a música de Bizet para a obra teatral de Daudet, e Peer Gynt, a peça de Ibsen para a qual Grieg fez a música. Outro tipo de suíte era aquela constituída com músicas selecionadas de balé – por exemplo, O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida e a Quebra-Nozes, todas de Tchaikovsky.

O Lied Alemão

Durante o período romântico, ouve um rico florescimento da

canção, especialmente do Lied alemão, para voz solo e piano (o plural é Lieder-

“canções”).

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Há dois principais tipos de Lied. No primeiro, chamado estrófico, a

mesma música é repedida basicamente em cada verso do poema. No segundo

tipo, que os alemães chamam durchkomponiert (inteiramente composta), há

uma música diferente para cada verso. Numa composição desse tipo, o autor,

naturalmente, tem mais facilidade de adaptar o canto às mudanças que se vão

processando no caráter e no teor dramático dos versos, e de espelhar isso,

com certos detalhes, no piano. Um importante aspecto da maioria dos Lieder é

que o acompanhamento de piano não se contenta em ser mero “suporte” do

canto. Ao contrário, voz e piano dividem igualmente na responsabilidade da

música.

O primeiro grande compositor de lieder foi Schubert, que, durante

seu curto tempo de vida, compôs mais de 600 canções, abordando todas as

possíveis emoções e estados de alma. Dentre seus Lieder mais conhecidos

estão o fortemente dramático Erlkonig, que escreveu aos 18 anos, An die

musilk (Em louvor da música), die forelle (A Truta), Na Sylvia (para Sylvia) e

Standchen (Serenata). Outros importantes compositores de Lieder foram

Schumann, Brahms e já mais tarde, HugoWolf e Richard Strauss.

Ocasionalmente, compositor fazia o arranjo musical de uma série de

poemas ligados por uma idéia comum, às vezes chegando a esboçar alguma

história.

Uma seqüência de canções ligada dessa forma é chamada de “ciclo”.

Winterrise (A Viagem de Inverno), de Schubert, e Frauenliebe unt Leben (Amor

e vida de uma mulher), de Schumann, são dois magníficos exemplos de ciclos.

Concerto

Durante o romantismo, o concerto passou por diversas mudanças,

tanto no caráter como na concepção. No primeiro movimento, em vez da

“dupla exposição” encontrada nos concertos clássicos, havia apenas uma –

geralmente, com o solista entrando logo de início para, em seguida,

compartilhar os temas com a orquestra. A cadência passou a ser escrita pelo

próprio compositor, em vez de ficar à mercê da capacidade de improvisação do

solista. E era mais provável que fosse colocada antes, e não depois, da seção

de recapitulação.

Embora a maioria dos concertos ainda fosse escrita em três

movimentos, alguns compositores procuram novas idéias. Mendelssohn, em

seu concerto para Violino, escreveu passagens de ligação unificando os três

movimentos; Liszt concebeu o seu Segundo Concerto ara Piano em um só

movimento, valendo-se da técnica por ele chamada de “transformação

temática”; e Brahms compôs seu segundo Concerto para Piano em quatro

movimentos, introduzindo um Scherzo antes do terceiro, de andamento lento.

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O concerto romântico usava grandes orquestras; e os compositores,

agora sob o desafio da habilidade técnica dos virtuoses, tornavam as partes de

solo cada vez mais difíceis. Tanto o Primeiro Concerto para Piano como o

Concerto para Violino de Tchaikovsky foram, por exemplo, inicialmente

considerados inexeqüíveis, tamanha era a dificuldade técnica de sua

execução.

A educada competição entre solo e orquestra, que existira nos

concertos clássicos, agora se transformava em um emocionante e dramático

duelo entre duas forças aparentemente desiguais: um único solista contra

toda a massa e o poder de uma grande orquestra. Entretanto, graças ao

virtuosismo dos intérpretes e ao talento dos compositores, a parte de solo

sempre emerge da batalha coberta de magníficas glórias!

A maior parte das vezes, o violino ou o piano era o instrumento

escolhido para fazer a parte de solo nos concertos, embora Schumann, Dvorák

e Elgar tenham composto belos concertos para violoncelo.

Drama Musical de Wagner Por suas realizações e pela influência que exerceu sobre outros

compositores, Wagner representa a força musical mais poderosa que surgiu depois de Beethoven. Praticamente toda a sua obra é constituída de óperas, em sua maioria baseada em lendas germânicas, ou pelo menos nórdicas, com libreto escrito por ele próprio. Suas óperas mais conhecidas são Navio Fantasma, Lohengrin, Tristão e Isolda, Os Mestres Cantores de Nuremberg – e quatro óperas (O Ouro do Reno, A Valquíria, siegfried e Crepúsculo dos Deuses) que constituem o gigantesco ciclo o anel dos nibelungos escrito para ser levado à cena durante quatro noites seguidas.

Em vês do termo ópera, Wagner preferiu chama suas obras de tramas musicais. Seu objetivo, segundo ele próprio explicou, era promover a perfeita função de todas as artes cênicas – o canto, a representação, os costumes e o cenário, a iluminação e os efeitos de cena. E a orquestra, contudo, que mais contribui para o resultado final.

Wagner era mestre na orquestração, criando novas combinações de

timbres e tessituras ricamente variadas. Sua orquestra é geralmente enorme: uma grande seção de cordas, a das madeiras dispostas em trios e uma potente seção metais-ás vezes, com oito trompas, quatro trompetes, quatro trombones e pelo menos cinco tubas. A percussão também desempenhava importante papel. Uma orquestra tão grande assim, naturalmente, podia traze determinados tipos de problemas aos cantores. Quando Wagner planejou o teatro que foi especialmente construído para a representação de suas óperas, em Bayreuth, fez com que a orquestra fosse colocada a baixo do palco, de modo que os cantores pudessem projetar suas vozes diretamente para a platéia.

As óperas de Wagner são muitas extensas, algumas com quatro ou cinco horas de duração. Em vês de estruturá-las em “números’’ distintos (com recitativos, ária, coros, etc. (ele da continuidade á música e a o drama valendo-se de tudo que se chama de “melodia ininterrupta’’, ou seja, tecendo a musica continuamente do principio ao fim de cada ato. Dentro da tessitura se encontraram os temas, variados não muito longos, comumente chamados

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Leitmotiv (em alemão, motivos condutores), cada qual expressando determinado tipos de emoção de caráter, ou talvez algum objeto (o ouro uma espada, um anel), ou algum lugar o rio Reno ou avalia, morada dos Deuses. Durante o cursor da opera continuamente desenvolve os motivos, mudando-os ou transformando-os, de acordo com situação do momento (processo que tem mito a ver com a idée fixe de Berlioz ou a transformação temática de Liszt).

No exemplo que damos aqui (tirado de uma das óperas que compõe

o ciclo o Anel dos nibelungos), A mostra o leitmotiv representando o herói,

Siegfried; B, como ele aparece depois de muitas transformações, na marcha

fúnebre tocada após sua morte.

Ocasionalmente, Wagner introduzem leitmotiv nas partes vocais,

mas o mais comum e eles estarem entre tecidos nas partes orquestrais, para

poderem contribuir com algum comentário sobre o drama ou mesmo trazer

alguma informação sobre o estado de espírito dos personagens revelando –lhes

os pensamentos.

Nacionalismo no século XIX Apresentou destaque mais ou menos até a metade do século XIX,

toda a música fora praticamente dominada pelas influências germânicas. Foi quando compositores de outros países, particularmente da Rússia, da Boêmia (futura província da Tchecoslováquia) e da Noruega, começaram a sentir necessidade de se libertar dessas influências e descobrir um estilo musical que lhes fosse próprio. Isso deu origem a uma forma de romantismo chamado nacionalismo.

Um compositor é considerado "nacionalista" quando visa deliberadamente expressar, em sua música, fortes sentimentos por seu país, ou quando, de certo modo, nela imprime um caráter distintivo através do qual sua nacionalidade se torna facilmente identificável. Os principais meios por ele utilizados para atingir tais objetivos são o uso de melodias e ritmos do folclore de seu país e o emprego de cenas tiradas do dia-a-dia, das lendas e histórias de sua terra, como base para obras como óperas e poemas sinfônicos.

Rússia

O primeiro compositor russo a trazer o elemento nacionalista para a

música foi Glinka, na ópera Uma Vida pelo Czar (1836). Sua liderança foi

tomada, na década de 1860, pelo "Grupo dos Cinco" ou "O Grupo Poderoso":

Balakirev, Borodin, Cui, Mussorgsky e Rimsky-Kotsakov. Seu objetivo era

compor em um estilo que fosse de caráter genuinamente russo. Trabalhavam

juntos, freqüentemente se ajudando no acabamento e orquestração das peças.

Dentre suas obras mais conhecidas, as que mostram mais fortemente o

espírito nacionalista russo são o poema sinfônico Rússia, de Balakirev; a

ópera Príncipe Igor, de Borodin (que inclui as Danças Polovitsianas, com seus

tons bárbaros e exuberantes); a ópera Boris Codunov e o poema sinfônico Uma

Noite no Monte Cálvo, de Mussorgsky; e as óperas A Domela de Neve e o Galo

de Ouro, juntamente com a suíte sinfônica Sheherazade, todas de Rimsky-

Korsakov.

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Boêmia

Na Boêmia, Smetana foi atingido pela febre nacionalista,

manifestada sobretudo em sua ópera A Noiva Vendida, inspirada na vida

campestre tcheca, e nos seis poemas sinfônicos intitulados Má Trlast [Meu

País], baseados em cenas e lendas da Tchecoslováquia, bem como em sua

história. Vltava (O Moldavia), o segundo poema, dá o trajeto do rio que passa

pela cidade de Praga, desde as suas nascentes. Dvorák foi outro que escreveu

poemas sinfônicos baseados em lendas tchecas (freqüentemente macabras)

tais como O Espírito das Águas e A Roca de Ouro. Em suas pitorescas Danças

Eslavas, ele se vale dos ritmos de danças tchecos, como a polca e a furiant,

mas compondo melodias originais.

Noruega

O compositor norueguês Grieg teve sua educação musical na

Alemanha, mas, de volta a seu país, decidiu-se por uma música baseada em

elementos do folclore da Noruega que estão nitidamente expressos em suas

Danças Norueguesas. Em suas canções e na obra para piano intitulada Peças

Líricas.

O espírito nacionalista se estendeu a outros países, particularmente

à Espanha, onde Albeníz, Granados e de Falla absorveram em suas

composições os elementos característicos das danças e cantos espanhóis. Mas

o estilo exuberante do folclore espanhol não deixou de fascinar compositores

de outras terras, como se vê na ópera "espanhola" Carmen, do francês Bizet, e

no Capricho Espanhol, com soberba orquestração, do russo Rimsky-Korsakov.

A Música Coral no século XIX As mais importantes realizações dos compositores românticos no

campo da música coral estão na forma do oratório e do réquiem (missa

fúnebre). Dentre os mais belos oratórios se incluem o Elias, de Mendelssohn,

composto nos moldes de Haendel; L’Enfance du Christ (A Infância de Cristo),

de Berlioz; e The Dream of Gerontius (O Sonho de Gerôncio), de Elgar, que, em

certa vez de se basear em algum texto bíblico, constitui o arranjo de um

poema religioso.

Certas missas réquiem são importantíssimas e algumas parecem

mais apropriadas para serem levadas em uma casa de concerto do que uma

igreja O réquiem de Berlioz, por exemplo, exige uma imensa orquestra com

oito pares de tímpanos e quatro grupos extra de metais, posicionados nos

quatros cantos do coro e da orquestra. O réquiem de Verdi, embora de estilo

dramático (por vezes teatral), é sincero em seu sentimento religioso. Em nítido

contraste com essas duas obras está o calmo e sereno réquiem do compositor

francês Fauré.

ROMÂNTISMO TARDIO

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Alguns compositores trouxeram a tradição romântica até o século

XX; destes, Gustav Mahler e Richard Strauss talvez tenham sido os mais

importantes. Ambos são conhecidos por seus belos Lieder. Strauss, também

por suas óperas e poemas sinfônicos, e Mahler, por suas sinfonias, quase

todas com uma hora ou mais de duração.

Esses dois compositores quase sempre necessitam de forças

gigantescas para a execução de suas obras. O longo poema sinfônico de

Strauss “Assim Falou Zaratustra (1896) requer três flautas e flautim, três

obóes e um contrafagote; seis trompas, quatro trompetes, três trombones e

duas tubas; tímpanos, bombo, triângulo, címbalo e glockenspiel, um sino

baixo em mi; duas harpas, órgão e mais a seção de cordas.

Mahler, em algumas de suas sinfonias, inclui solo vocal e coro,

seguindo e exemplo de Beethoven na Nona Sinfonia (Coral). A Oitava (1906) de

Mahler é chamada sinfonia dos Mil, pois, para ter uma execução ideal,

precisaria de no mínimo mil músicos. Foi uma época que muitos compositores

já estavam reagindo contra o romantismo tardio – considerado um estilo

excessivo e ultrapassado – e lutando para abrir novos caminhos.

PRINCIPAIS COMPOSITORES ROMÂNTICOS

COMPOSIT

ORES

HISTÓRICO OBRAS

Ludwing

Van

Beethoven

(1770-

1827)

Pianista notável, de estilo excêntrico, alargou os limites da sinfonia, da sonata e do concerto, nasceu em Bonn (Alemanha), mas passou maior parte de sua vida em Viena e preanuciou o Romantismo;

Rompeu gradativamente com as normas clássicas de compor;

Criou de acordo com seus impulsos e inspirações;

Influenciou todas as fases do Romantismo, chegando ao Pós – Romantismo com a ousadia de seus últimos Quartetos.

Nove Sinfonias, destacando-

se:

A Heróica (3ª);

Do Destino (5ª)

Pastoral (6ª)

Sinfonia Coral (9ª) Sonatas para piano:

Sonata ao Luar;

Passionata;

Patética;

Da Tempestade;

Do Adeus.

Oratório:

Cristo no Monte das Oliveiras.

Bailado:

As Criaturas de Prometeu.

Mili

Alexéievict

Balakirev

(1837-

Compositor, pianista russo. Apesar de sua produção ter sido escassa, abriu caminho ao uso dos temas tradicionais.

Sinfonias, poemas sinfônicos, canções e a Fantasia Oriental Islamey.

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1910)

Hector

Berlioz

(1803 –

1869)

Compositor francês cujas obras pitorescas e ilustrativas ultrapassaram os padrões musicais de seu tempo e formam a base da técnica orquestral moderna.

Um tratado de orquestração;

Sinfonia fantástica;

A arte de um chefe de orquestra;

Romeu e Julieta;

.Danação de Fausto.

Georges

Bizet

(1838 –

1875)

Compositor francês. Teve em Carmem sua grande obra, suas primeira óperas possuem árias e conjuntos de grande interesse e beleza.

Ópera Carmem.

Alexander

Borodin

(1833 –

1887)

Compositor russo. Deixou incompleta a ópera “O Príncipe Igor”. Entre as suas obras contam-se duas sinfonias, dois quartetos e muitas canções.

Príncipe Igor (ópera inacabada);

Nas estepes da Ásia Central (poema sinfônico).

Johann

Brahms

(1833 –

1897)

Compositor alemão que cedo revelou seu talento de pianista, durante algum tempo ganhou a vida tocando em tavernas e salões de baile. Compôs o mais belo Réquiem do período romântico.

Sinfonias

Duas aberturas (Acadêmica e Trágica);

Um Réquiem Alemão;

Missa em si;

Missa Solemnis;

Além de baladas, rapsódias, 16 valsas e 21 danças Húngaras para piano.

Fréderic

Chopin

(1810 –

1940)

Compositor e pianista polonês, passou a maior parte de sua vida lecionando e tocando em serões aristocráticos e dando concertos públicos ocasionais;

Grande inovador no campo da harmonia.

Polonaises e Marzurias (danças polonesas);

Dois concertos para piano (em mi e fá menores).

Antonin

Dvorák

(1841 –

O mais versátil compositor dos grandes compositores tchecos do século XIX. Seus dons como melodista e sua orquestração perfeita são únicos e pessoais.

Nove sinfonias, entre elas: N ovo Mundo.

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1904)

Midhail

Ivánovitc

Glinka

(1804 –

1857)

Conhecido como o "pai da música russa";

Demonstrou sua origem baseando suas óperas em temas nacionais.

Óperas:

A vida pelo Czar;

Russlan e Ludmila;

Kamarinskaia (fantasia);

Taras Bulba (sinfonia inacabada);

Noite de Verão (poema sinfônico)

Wilhen

Richard

Wagner

(1813-

1883)

Compositor, regente de orquestra e escritor;

Reformador da ópera, criando o drama musical.

Óperas:

O Anel de Nibelungo; Tetralogia:

O Ouro do Reno, As Valquírias, Sigfried e o Crepúsculo dos Deuses.

Edvard

Grieg

(1843 –

1907)

Primeiro compositor norueguês a alcançar reputação mundial.

Danças Norueguesas;

Suítes PeerGynt.

Franz Liszt

(1811 –

1886)

Maestro, compositor húngaro e o mais famoso pianista de seu tempo. Suas inovações técnicas e harmônicas exerceram grande influência sobre os românticos do século XIX, incluindo Wagner e César Franck. Teve papel decisivo na formação na moderna técnica de

regência;

Criou nova forma de composição, os poemas sinfônicos, e inaugurou os recitais.

Óperas:

Lohengrin, Tannhaeuser;

Navio negreiro;

Sinfonias, concertos para piano, rapsódias húngaras e oratórios.

Félix

Mendelssoh

n,

(1809 –

1847)

Compositor alemão, combinou sua imaginação poética com a pureza de estilo clássico.

A gruta de Fingal;

Sonhos de uma noite de verão (todos concertos para violino);

Sinfonias: A Italiana e Escocesa;

Composições para piano, sonatas para violinos, préludios.

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Óperas, Fantasias, Música vocal e 74 canções, entre elas poemas.

sobre Goethe.

Nicolai

Rimski-

Korsakov,

(1844 –

1908)

Um dos mais destacados e influentes

compositores nacionalistas russos, que se dedicou à musica depois de uma breve carreira na Marinha.

A Grande Páscoa Russa;

Capricho Espanhol e o poema Shesherazade.

Óperas:

Sadko. Suítes:

Czar Saltan e O Galo de Ouro.

Franz

Schubert

(1797 –

1828)

Compositor austríaco, filho de um mestre-escola, durante muitos anos lecionou na escola do pai;

Foi o inventor da "harmonia romântica" e do Lied, canção solo com acompanhamento em que o pano comenta e ilustra as palavras e os estados de espírito;

Compôs lieders sobre a poesia de Goethe, Schiller e Shakespeare, além de sinfonias, músicas de câmara, óperas e sonatas.

600 Lieder, alguns estão

reunidos em ciclos como:

A bela Moleira e A Viagem de Inverno e a famosa Ave Maria;

A sinfonia Trágica, A Grande e A Inacabada;

Quartetos de cordas: A morte e a Donzela e a Truta.

Robert

Schumann

(1810 –

1956)

Pianista e compositor alemão. Era um romântico muitas vezes inspirado por idéias extra-musicais, no entanto foi muito influenciado por Bach, particularmente nas obras para teclas. Grande compositor de lieder;

Principal representante do Romantismo alemão;

Compôs sinfonias, peças para piano e

câmara.

Amor de Poeta, Ciclo Lírico e Vida de Mulher (todos lieders);

3ª Sinfonia (Renano);

4ª Sinfonia;

Além de peças para piano e estudos musicais como Carnaval.

Pior Ilitch

Tchaikovis

ky

(1840 –

1893)

Compositor russo, escreveu grandes

obras em todos os gêneros musicais;

Sua obra exprime sua natureza apaixonada e melancólica;

Traz em sua obra elementos nacionalistas, contos e lendas do seu país.

Seis sinfonias e dez óperas, concertos para violino e inúmeros bailados, como:

Lago dos Cisnes;

Suíte Quebra-Nozes;

Romeu e Julieta.

As óperas:

Eugen Onegin e Pique Dame.

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As sinfonias:

Sonhos de Inverno, Pequena Rússia, Polonesa e a sinfonia Patética.

Carl Maria

Von Weber

(1786-

1826)

Criador da ópera romântica e o verdadeiro fundador da ópera alemã;

Rompeu com os temas da mitologia clássica;

Criou o leitmotiv (identificação musical dos sentimentos dos personagens);

Influenciou Wagner.

Óperas:

Franco Atirador;

Oberon.

Gioacchino

Antonio

Rossini

(1848-

1873)

Compositor de óperas bufas;

Dedicou-se também ao teatro.

Óperas:

Barbeiro de Sevilha;

Guilherme Tell;

Moisés e Otelo

Giusepp

Fortunino

Francesco

Verdi

(1813-

1901)

Considerado um dos maiores compositores dramáticos do século XIX;

Criou obras em torno dos sentimentos humanos;

Compositor nacionalista conservou o estilo italiano de compor.

Óperas:

Rigoleto;

La Traviata;

Baile de Máscaras e Aída.

Giacomo

Puccini

(1858-

1924)

Procurou representar as pequenas tragédias da gente modesta da vida do dia-a-dia, o que na ópera se chama de verismo.

Óperas:

Madame Butterfley;

La Bohéme;

Tosca;

Turandot.

Bodrich

Smetana

(1824-

1884)

Manifestou a febre nacionalista inspirado na vida campestre tcheca.

Óperas:

A Noiva Vendida. Poemas Sinfônicos:

Ma Vlast (Meu País)

COMPOSITORES BRASILEIROS

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COMPOSITOR HISTÓRICO OBRAS

Antônio Carlos

Gomes

(1836 – 1896)

Compositor paulista, estudou música no Conservatório Nacional de Música, cujo diretor era o compositor

Francisco Manuel da Silva.

Apresentou sua primeira obra (noite

do Castelo) em 1861. O sucesso da

estréia foi tão grande que D. Pedro II,

presente ao espetáculo, condecorou o compositor no próprio teatro com a

ordem da Rosa. Dois anos depois o

sucesso se repetiria com a ópera

Joana de Flanderes, considerada

superior à primeira;

Em 1864, com uma bolsa de estudos concedida pelo imperador, viaja para

a Itália. Ali completou em três anos

um curso que normalmente levaria

quatro anos formando-se Maestro

Compositor;

Buscava criar uma ópera estritamente brasileira, Carlos Gomes escolheu o romance O Guarani, de

José de Alencar. Estreou em 19 de

Maio de 1870 no teatro Scala de

Milão. O sucesso foi enorme. Os mais

exigentes críticos compararam-no aos

grandes compositores europeus da época como Rossini e Verdi.

Lançada no Rio de Janeiro ainda em

1870 a obra alcançara o mesmo

sucesso.

Óperas:

A Noite no Castelo e Joana de Flanderes;

O Guarani, sua mais famosa ópera;

Salvador de Rosas;

Fosca;

Maria Tudor;

Condor;

Colombo (oratório);

O Escravo.

ROMÂNTISMO NO BRASIL

À época do romantismo europeu, o Brasil mantinha estruturas de

latifúndio, escravismo, economia de exportação e uma monarquia

conservadora, remanescentes do puro colonialismo: condições socioculturais

muito diferentes das encontradas nos países da vanguarda romântica

européia. A partir de 1808, a permanência da corte portuguesa no Brasil

transformou cultural e economicamente a vida da colônia, com a implantação

da imprensa e do ensino universitário. O subseqüente processo de

independência, em 1822, ativou ainda mais a efervescência intelectual e

nacionalista já instalada.

Ao lado da literatura, a música brasileira expressou as principais

características do movimento romântico mundial, ligadas sobretudo ao

nacionalismo e à afirmação da identidade cultural.

Carlos Gomes foi o principal compositor romântico do país. Suas obras,

que denotam forte influência da música italiana, então dominante,

apresentam traços tipicamente brasileiros. A maior parte dos músicos da

época buscou a valorização de elementos nacionalistas, embora a formação do

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compositor erudito no Brasil dependesse ainda completamente das escolas

européias. Isso muitas vezes resultou apenas em abordar temas folclóricos

nativos numa linguagem musical francesa ou alemã.

Na virada do século, o nacionalismo iniciado com o movimento romântico

expressou-se mais fortemente na obra de Alberto Nepomuceno e Antônio

Francisco Braga e, já em pleno século XX, configurou-se como a mais

importante e autônoma tendência estética da história da música erudita no

país. Destacaram-se compositores como Henrique Oswald, Leopoldo Miguez,

Francisco Mignone e, sobretudo Heitor Villa-Lobos, internacionalmente

reconhecido.

“Cada música deve ter um timbre de

voz, uma cara. Se posso mexer no

som da guitarra, por que não no som

da voz?”

Carlinhos Brown