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CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA 1. Breve história do surgimento da psicologia A psicologia possui um longo passado, mas uma curta historia. Como ciência a psicologia é nova, apesar dela existir desde o surgimento do homem. No ocidente desde os tempos de Platão e Aristóteles, as pessoas se questionavam sobre o comportamento humano e os processos mentais. Os conhecimentos estudados pela psicologia eram antigamente explicados pela Filosofia, a mãe de todas as ciências, mas a ampliação e diversificação desses conhecimentos fizeram com que a filosofia se subdivide em vários ramos científicos. Nesse processo verificou-se a emancipação progressiva de varias ciências destacando-se a psicologia na segunda metade do século XIX. A história da psicologia pode ser dividida em três fases principais: o seu surgimento como uma ciência da mente, as décadas do Behaviorismo e a revolução cognitiva. Etimologicamente, a palavra Psicologia deriva do Grego, psyche (alma) e lógos (palavra, razão, discurso acerca de). Numa tradução directa podemos definir a psicologia como o estudo da alma. O conceito sofreu evolução no decorrer dos tempos devidas várias contribuições dos estudiosos: de ciências da 1

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INTRODUAO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA

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CAPTULO I INTRODUO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA1. Breve histria do surgimento da psicologia

A psicologia possui um longo passado, mas uma curta historia.

Como cincia a psicologia nova, apesar dela existir desde o surgimento do homem. No ocidente desde os tempos de Plato e Aristteles, as pessoas se questionavam sobre o comportamento humano e os processos mentais. Os conhecimentos estudados pela psicologia eram antigamente explicados pela Filosofia, a me de todas as cincias, mas a ampliao e diversificao desses conhecimentos fizeram com que a filosofia se subdivide em vrios ramos cientficos. Nesse processo verificou-se a emancipao progressiva de varias cincias destacando-se a psicologia na segunda metade do sculo XIX.A histria da psicologia pode ser dividida em trs fases principais: o seu surgimento como uma cincia da mente, as dcadas do Behaviorismo e a revoluo cognitiva.

Etimologicamente, a palavra Psicologia deriva do Grego, psyche (alma) e lgos (palavra, razo, discurso acerca de). Numa traduo directa podemos definir a psicologia como o estudo da alma.

O conceito sofreu evoluo no decorrer dos tempos devidas vrias contribuies dos estudiosos: de cincias da alma a cincia da adivinhao; de cincias dos processos mentais para o que hoje o sentido mais lato.

No sentido mais lato, a palavra psicologia designa actualmente o estudo cientfico do comportamento e dos processos mentais ou seja, o estudo cientfico dos fenmenos psquicos.Podemos ainda definir numa perspectiva diferente a psicologia como o estudo das sensaes, percepes, emoes, pensamentos e aces do homem.Algumas pessoas poderiam pensar que os psiclogos esto interessados apenas em comportamentos anormais. Na verdade, eles esto interessados em todos os aspectos do pensamento e do comportamento

Na mitologia Grega, psyche a personificao da alma humana numa jovem extremamente bela.2. Desenvolvimento inicial da Psicologia

O ser humano apareceu na terra h mais de 100.000 anos atrs e desde ento tem-se estado a tentar compreender-se a si prprio. Devido ao factor compreender-se a si prprio, surgiram escola ou sistemas na etapa inicial da psicologia, j reconhecida como cincia, que contriburam sumariamente nos estudos dos fenmenos psquicos.

A psicologia conquistou o estatuto de cincia em 1879, porque foi neste ano que Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratrio de psicologia experimental do mundo, na cidade de Leipzig na Alemanha. Aos olhos do pblico, um laboratrio identificava um ramo de investigao como cincia.O desenvolvimento da psicologia fio impulsionado pelas seguintes escolas:2.1. Estruturalismo

Posio desenvolvida por Wilhelm Wundt (1832 - 1920), medico por formao foi professor na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e posteriormente por Eduard Titchener (1867 - 1927). A ambio de Wundt era estabelecer uma identidade independente psicologia. Com este objectivo em mente deixou Heidelberg e foi para a Universidade ctedra de Filosofia de Leipzig na Alemanha. Quatro anos mais tarde em 1879, Wundt fundou o primeiro laboratrio de psicologia experimental do mundo, conferindo assim psicologia o estatuto de cincia plena.

Para os estruturalistas, a psicologia era o estudo dos relatos introspectivos de adultos humanos normais, sujeitos treinados (os prprios psiclogos) que faziam relatrios descritivos de como reagiam aos estmulos.Wundt e seus seguidores estudaram a experincia imediata com especial importncia para a ateno selectiva (processo pelo qual determinamos o que vamos prestar ateno em determinado momento). Suponha-se que estes relatrios permitiam aos psiclogos interpretar a estrutura da mente e como ela funcionava.

Como sistema, o Estruturalismo foi muito limitado todavia, fizeram contribuies importantes para o desenvolvimento inicial da psicologia:

a) Testando o mtodo da introspeco que falhou em decorrncia da discordncia quanto a propriedade dos estmulos;

b) Estabelecendo a psicologia como um esforo cientifico e salientando a metodologia cientifica apropriada;

c) Proporcionando um ponto de partida que foi investigado por muitos dos sistemas psicolgicos posteriores.

O maior produto de wundt foi os seus alunos que levaram conhecimentos para outras Universidades e pases como, por exemplo: Stanley Hal que fundou o primeiro laboratrio de psicologia Americano na Universidade John Hopkins.2.2. Funcionalismo

Este movimento representado por William James (1842 - 1910), Americano que foi dos primeiros a desafiar o estruturalismo. Os funcionalistas interpretavam-se pelos propsitos do comportamento e no pela estrutura da mente. O funcionalismo investigou a adaptao ou ajustamento do sujeito a diferentes ambientes onde defendiam que para haver adaptao necessrio associar-se experincias e no separa-las.Entre os mais ilustres seguidores funcionalistas esto John Dewey (1859 1952) e James Cattel (1860 - 1944) todos Americanos.

Denominavam-se funcionalistas por se interessarem mais no que a mente faz nas suas funes de que no que a mente . Os funcionalistas estabeleceram como objecto da psicologia, a interaco continua entre o organismo e o seu ambiente que permite a adaptao do homem.No incio dos anos 1900 diversos psiclogos da universidade de Chicago (inclusive John Dewey o famoso filosofo e educador) foram fortemente influenciados pela viso de James e compartilhavam as seguintes opinies:

a) Os psiclogos deveriam estudar o funcionamento dos processos mentais e muitos outros assuntos inclusive o comportamento das crianas e dos animais simples, a anormalidade e as diferenas individuais entre as pessoas.b) Deveriam utilizar introspeco informal, a auto observao e auto relato.

2.3. Behaviorismo

Teve como fundador John Watson (1878 - 1958) americano doutorado na Universidade de Chicago no campo da psicologia animal, fez da psicologia uma cincia respeitvel como as cincias fsicas.Watson afirmava que no se podia ver nem definir a conscincia, assim como no se pode observar a alma. E se no possvel observar determinada coisa, ela no pode ser objecto de estudo cientfico. Para ele, a existncia de vida mental superstio. Segundo ele, os psiclogos deveriam estudar o comportamento observvel e adoptar mtodos objectivos.O behaviorismo dominou a psicologia norte-americana durante trinta anos. Os primeiros behavioristas aceitavam as seguintes teses:a) Os psiclogos deveriam estudar os eventos ambientais (estmulos) e o comportamento observvel (respostas);b) A experincia uma influncia mais importante no comportamento, nas aptides e nos traos do que a hereditariedade;c) A introspeco deve ser abandonada em benefcio de mtodos objectivos (ou seja, experimentao, observao e testes);d) Os psiclogos devem tambm empreender tarefas prticas, tais como aconselhamento de pais, legisladores, educadores e homens de negcios;e) O comportamento de animais inferiores deve ser investigado (juntamente com o comportamento humano), pois os organismos simples so mais fceis de estudar e compreender do que os complexos.

O behaviorismo dominou a psicologia acadmica dos E.U.A. at os anos 60, baseou-se nos trabalhos do pesquisador Ivan Petrovic Pavlov e definiram a psicologia como o estudo do comportamento observvel, mensurvel e nada mais.Os maiores seguidores de John Watson foram Skinner e Mary Cover Jones.

2.4. Gestaltismo (Gestalt)(palavra Alem para forma, padro, estrutura ou todo)

um movimento de origem Alem e desenvolveu-se nos Estados Unidos, nasceu como oposio s outras correntes psicolgicas.

O mesmo tem como lder Wolfgang Kohler (1887 1964), Kurt Koffka (1886 1941) e Max Werteimer (1880 1943).Max Werteimer, psiclogo Alem deu vida ao movimento da Gestalt em 1912, segundo os historiadores, e publicou numa Universidade de Frankfurt um relatrio sobre estudos de movimento aparente, ou seja movimento percebido quando na realidade nada est acontecendo.Os Gestaltistas estavam interessados na percepo, mais particularmente em certos truques que a mente aplica em si mesma. Viam a percepo como um todo e no como partes. Por exemplo: quando olhamos uma rvore vemos uma rvore e, no uma srie de folhas e galhos isolados.Defendiam tal como os funcionalistas que a nossa mente trabalha em conjunto e no em partes.

O cinema a ilustrao mais comum deste fenmeno (desenhos animados) ou movimento aparente.

2.5. Psicanlise

Criado por Sigmund Freud (1856 1939) fundador do primeiro laboratrio de psicanlise, doutor em medicina, especializado no tratamento de problemas do sistema nervoso e em particular de transtornos neurticos. Nascido em Viena (ustria) de longe o mais conhecido e controverso pioneiro da psicologia.A teoria psicanaltica naturalmente uma teoria psicolgica cujo objectivo era de levar ajuda s pessoas em sofrimento. Na poca de Freud os mdicos no compreendiam os problemas neurticos nem sabiam como trata-los. Freud comeou a procurar uma terapia psicolgica apropriada; ele desenvolveu um novo mtodo (associao livre) onde encorajava os pacientes e motivava-os convidando-lhes a relatarem os seus sonhos.A teoria psicanaltica criou uma revoluo na concepo e tratamento dos problemas emocionais e provocou interesse entre os psiclogos pela movimentao do inconsciente, a personalidade, o comportamento anormal e desenvolvimento infantil. As ideias psicanalticas ainda se encontram muito vivas actualmente tanto em sua forma original como nas numerosas modificaes que sofreram.

Falando um pouco mais da associao livre, ele punha os pacientes a repousarem num div e eram encorajados a dizer o que lhes viesse mente, sendo tambm convidados a relatarem os seus sonhos.

Freud analisou todo material que aparecia procurando desejos, temores, conflitos, pensamentos e lembranas que se encontravam alm do conhecimento consciente do paciente. Ele dizia: quando me impus a tarefa de trazer a luz o que os seres humanos guardavam dentro de si no pelo poder compulsivo da hipnose, mas observando o que eles dizem e mostram, pensei que a tarefa era mais difcil do que realmente . Aquele que tem olhos e ouvidos pode convencer se que nenhum mortal pode guardar um segredo. Se os lbios estiverem silenciosos, ele fala com as pontas dos dedos e se atrai por todos os poros. Assim, a tarefa de tornar conscientes os mais escondidos recessos da mente so perfeitamente realizveis.

Freud e seus seguidores sustentavam as seguintes teses gerais:

a) Os psiclogos devem estudar as leis e as determinantes da personalidade normal e anormal e elaborar mtodos de tratamento para as desordens da personalidade;

b) Os motivos conscientes, as lembranas, os medos, os conflitos e as frustraes so aspectos importantes da personalidade,

c) A personalidade formada durante a primeira infncia. A explorao das lembranas dos primeiros cinco anos essencial ao tratamento;d) A forma mais apropriada de estudar a personalidade dentro do contexto de um relacionamento ntimo e prolongado entre o paciente e o terapeuta.

Durante o curso dessa a associao o paciente relata pensamentos, sentimentos, lembranas, fantasias e sonhos (introspeco informal) enquanto o terapeuta analisa, interpreta o material e observa o comportamento do paciente.Comparao entre os cinco movimentos da psicologia no passadoNomeEstruturalismoFuncionalismoBehaviorismoGestaltismoPsicanlise

FundadorW. WundtWilliam JamesJohn WatsonMax WertheimerSigmund Freud

ObjectoProcessos elementares da conscinciaFuncionamento dos processos mentaisEstmulos e respostas observveis (comportamento)Experincia subjectiva humana (percepo, pensamento e resoluo de problemas)Inconsciente, personalidade normal e anormal, tratamento do comportamento anormal

ObjectivoConhecimentoConhecimento e aplicaoConhecimento e aplicaoConhecimentoServios, conhecimento

Mtodos de pesquisaIntrospeco analticaIntrospeco informal e mtodos objectivosMtodos objectivosIntrospeco informal e mtodos objectivosPara os pacientes: introspeco informal

p\ revelar exp. InconscienteTerapeuta: anlise lgica e observao

Populao estudadaObservadores treinadosSeres humanos adultos \ crianas e animaisPessoas e animaisPessoas e ocasionalmente chimpanzsPacientes (sobretudo adultos)

3. Outras vises contemporneas da psicologia

A cincia psicolgica continua a crescer e a mudar, por isso no pode ser colocada dentre de uma nica forma. Os psiclogos contemporneos discordam com alguns filsofos fundamentais e abordam a psicologia de modo claramente distinto. Das primeiras escolas surgidas, desapareceram o estruturalismo e o funcionalismo, o Behaviorismo, o Gestaltismo e a Psicanlise continuam a manter a sua influncia sobre a psicologia, mediante os trabalhos dos seguidores dos seus fundadores. Todavia, surgiram outras vises que tm influenciado bastante a psicologia nos nossos dias tais como, a viso cognitiva e a viso humanista. 3.1.Viso Cognitiva

Liderado por Jean Piaget, tem como objectivo investigar o funcionamento das actividades mentais (processos da percepo) soluo de problemas, memoria e como se aplicam na vida quotidiana. Essa viso assemelha-se muito com o funcionalismo.

Os psiclogos cognitivistas sustentam as seguintes teses:

a) Os cientistas do comportamento deviam estudar os processos mentais tais como pensamento, percepo, memoria, ateno, a soluo de problemas e linguagem;

b) Deveriam visar a aquisio de conhecimentos precisos e como os mesmos funcionam e como so aplicados na vida quotidiana.

c) Deveria ser usada a introspeco informal sobretudo para desenvolver intuies enquanto os mtodos objectivos eram preferidos para continuar essas impresses.

3. 2. Viso Humanista

Tem como objectivo pesquisar as questes significativas e utilizar os seus conhecimentos para servir os seres humanos.Tendo como lder Abraam Maslow.4. Objecto de estudo da psicologia

Para que uma cincia se constitua como tal, necessita de ter um objecto geral de estudo e mtodos de pesquisa. de facto o objecto que delimita o campo de estudo de uma dada cincia e lhe confere modo e validade. O objecto em psicologia no foi, obviamente sempre o mesmo, tendo variado ao longo dos tempos. Durante muitos sculos, a psicologia foi estudada por filsofos, s vindo a tornar-se cincia autnoma na 2 metade do sculo XIX. Filsofos estudaram, estados de esprito, a conscinciafaculdade da mente; santo Agostinho que viveu no sculo V da nossa era, relata nas suas confisses os estados da alma e conflitos por que passou ao longo da sua vida at sua converso.No sculo XVII, Descartes identifica razo da alma, explica as suas faculdades e escreve um tratado das paixes da alma. Empiristas anglo-saxes tais como John locke e David Hume, nos sculos XVII e XVIII explicaram o conhecimento com base na experincia sensorial, logo com base em dados subjectivos, sendo estes responsveis pela produo de ideias. George Berkeley, na primeira metade do sculo XVIII autor do idealismo subjectivo. A sua clebre frmula esse est percipi (ser percebido) manifesta tal subjectivismo. Pode assim dizer-se de um moo geral que a conscincia foi objecto de estudo em psicologia at ao sculo XIX e que muitas vezes foi utilizada a introspeco como mtodo de anlise, constituindo o que pode chamar-se uma psicologia clssica por oposio a uma psicologia cientfica.Hoje identifica-se como objecto de estudo da psicologia os fenmenos psquicos com suas leis e mecanismos que a regem.

4.1. Em que consiste os fenmenos psquicos do homem

Na nossa vida quotidiana os fenmenos psquicos produzem se varias vezes. Por exemplo ao ver se um avio cruzando os cus, ao recordar-se de actos agradveis, reflectir-se na tentativa de dar soluo a um fenmeno, etc.

Todos esses aspectos citados conformam os fenmenos psquicos portanto, a sensao, a percepo, memoria, pensamento, imaginao, ateno, emoo, sentimento, vontade, temperamento, carcter, necessidade, gosto, etc.O psiquismo conjunto de fenmenos psquicos plasmados nas propriedades do homem, cuja manifestao exterior processada atravs dos actos e actividades do prprio homem.

4.2. Funo dos fenmenos psquicos

- Orientam, direccionam e guiam os actos humanos;

- Intensificam e impulsionam os actos humanos;

- Regulam e rectificam os actos humanos, ajuda-nos a corrigir os erros regular os nossos actos a fim de fazer com que os mesmos sejam mais eficientes e teis. Exemplo: a explicao de uma lio durante a aula, quando o fizemos, a sensao, a ateno, a reflexo podem desempenhar papel de direco;

A vontade, as concepes e as ideias podem influir na direco e regulao dos actos humanos (sem imagens psquicas no haveria actos);

O amor a ptria, impele o soldado ao cumprimento dos seus deveres.

4.3. Classificao dos fenmenos psquicos

Fenmenos psquicos so actos conscientes ou inconscientes da vida psquica. Para facilitar as pesquisas os psiclogos dividiram os fenmenos psquicos em trs categorias: processos, estados e propriedades.

1) Os processos psquicos: so a fonte de toda a nossa vida mental, surgem como factores fundamentais de regulao das actividades do homem. Sem processos psquicos como sensao, percepo, pensamento, memoria, imaginao que conformam a vida intelectual do homem, isto , sem as actividades psquicas), no existiriam os estados psquicos e nem as propriedades psquicas.

2) Estados psquicos: so fenmenos psquicos que geralmente acompanham os processos psquicos servindo-lhes de base. Eles surgem e existem simultaneamente com os processos psquicos. Existem estados psquicos que acompanham o processo do conhecimento (como a ateno). O estado psquico exerce influncia sobre as actividades psquicas. Exemplo quanto maior for a ateno prestada (estado psquico) maior ser a escuta, e quanto mais concentrado estiver o pensamento, melhor resultar a reflexo.3) Propriedades psquicos: so fenmenos psquicos que geralmente se reflectem em determinadas actividades realizadas pelo homem permitem a diferenciao dum indivduo do outro. Conforme as propriedades psquicas do indivduo cada tendncia, o carcter, a aptido, temperamento, etc., ter as suas particularidades.5. A psicologia do senso comum

Todos ns usamos o que poderia ser chamado de psicologia do senso comum em nossa luta quotidiana. Observamos e tentamos explicar o nosso prprio comportamento e o dos outros. Tentamos predizer quem far o qu e quando. E muitas vezes sustentamos opinies sobre como adquirir controle sobre a vida. O tipo de psicologia do senso comum que se adquire informalmente leva a um corpo de conhecimento inexacto por diversas razes. O senso comum no proporciona directrizes sadias para a avaliao das questes complexas.Os princpios do senso comum tendem acumular-se ao acaso e fora do alcance da criticas. As pessoas avaliam sistematicamente suas crenas para identificar os princpios que parecem verdadeiros de modo geral e desprezar os outros. H de facto provas de que os seres humanos comuns, tendem a passar a vida buscando apoio para as crenas que j tm e no considerando, ou ignorando, os dados negativos.

A cincia proporciona directrizes lgicas para avaliar a evidncia e tcnicas bem racionadas para verificar seus princpios. Em consequncia, os psiclogos geralmente confiam no mtodo cientfico para adquirir as informaes sobre o comportamento e os processos mentais. Perseguem objectivos cientficos, tais como a descrio e a explicao precisa que conduzem ao acumulo de um corpo integrado e internamento coerente do conhecimento.6. Estrutura ou ramos da psicologia

A propsito do objecto de estudo da psicologia, convm sublinhar que actualmente esta cincia no estuda somente o comportamento. O desenvolvimento da sociedade e a sua complexidade cada vez maior, levam a uma rigorosa especializao da psicologia em varias disciplinas.

A psicologia hoje representa um sistema constantemente ramificado de disciplinas cientficas que se encontram em diversas fases de formao e que esto ligados a varias esferas da vida pratica.

Entre os diversos ramos da psicologia, destacamos:

Psicologia clnica

Psicologia militar1 Actividades concretas Psicologia pedaggica

Psicologia jurdica

Psicologia do trabalho

Psicologia das idades Psicologia especial2 Desenvolvimento psquico Psicologia comparada

Psicologia social

3 Relao homem sociedade Psicologia das religies Psicologia das massas7. Relao da psicologia com outras cincias

A psicologia no a nica cincia que estuda o homem, outras cincias compartilham com ela o mesmo objecto de estudo. A diferena entre elas baseia-se na orientao de cada um, embora na realidade se apresentem como complementares. Entre as demais cincias com que a psicologia tem relao destacamos as cincia naturais, sociais e exactas.Filosofia: a psicologia esteve durante muitos anos ligada a ela. Sua relao resume-se na explicao da essncia dos fenmenos psquicos.

Pedagogia: sua relao explica-se pela influncia da educao sobre o desenvolvimento psquico, a formao da personalidade.

Fsica: fornece os instrumentos de medio de alguns processos psicolgicos.

Sociologia: estuda a conduta humana perspectiva dos grupos ou colectividades. As descobertas desta cincia so importantes para a psicologia porque o homem como ser social faz parte de diversos grupos.Antropologia: interessa-se pelas formas culturais dos povos primitivos. Os dados antropolgicos so importantes na medida em que do ao psiclogo a conscincia da relatividade cultural dos valores, motivos, aspiraes, etc dos indivduos.

Historia: permite-nos conhecer o desenvolvimento do homem atravs do tempo e compreender a partir dessa evoluo as caractersticas actuais e as realidades sociais influentes no comportamento do indivduo.

Matemtica estatstica: essas duas cincias ajudam a elaborar ou a fazer a quantificao dos fenmenos psquicos.

Biologia: informa, por exemplo, sobre a constituio e estrutura do organismo humano, os processos de maturao dos diferentes rgos, etc. Esses conhecimentos so fundamentais para a psicologia porque o desenvolvimento psquico depende da maturao ou crescimento do sistema nervoso.

Gentica: fornece dados sobre os processos hereditrios e esses processos constituem uma das bases importantes do comportamento.

Fisiologia: estuda o funcionamento do organismo. O comportamento do indivduo uma reaco ou resposta a uma determinada situao ou estimulao. A actuao da uma estimulao sobre um rgo sensorial depende do funcionamento e disposio do organismo.

CAPTULO II: MTODOS DE PESQUISA EM PSICOLOGICA

Todas as cincias exigem provas baseadas na realizao de cuidadosas observaes e experincias. A fim de recolher dados sistematicamente, com objectividade os psiclogos utilizam diversos mtodos de pesquisa entre eles a observao natural, a experimentao, o estudo de caso, os levantamentos (testes, entrevistas, questionrios), os estudos correlacionais, etc.

Mtodo Cientfico: o que utilizamos no decurso de uma determinada actividade para alcanar um fim previsto, ou seja o modo, a via ou a maneira que adoptamos para conseguir um fim de acordo ao qual organizamos a actividade.

Mtodos psicolgicos: Experimentao Fundamentais

Observao Mtodos

Inqurito Auxiliares

Entrevista

Outros mtodos

Comparativo Testes Clnico Estatstico Biogrfico Correlacional

1. Mtodo de observaoOs psiclogos utilizam este mtodo para estudar o comportamento animal ou humano no seu prprio contexto. Nele o examinador observa atentamente o examinado na sua actividade ou conduta (gestos, palavras) e todas as manifestaes tais como: trabalho, estudo, jogo, sua relao com os outros etc.

A observao tem duas formas principais: observao externa ou objectiva e a observao interna ou subjectiva (auto observao).

A auto observao ou introspeco a observao dos prprios processos psquicos internos pelo sujeito que os experimenta.A observao externa participante quando o observador est presente no grupo a ser observado.

A Observao externa ser no participante (oculta) quando o observador no est dentro do grupo a ser observado. Os observados no se apercebem da presena do observador.

Ex: assistir ao jogo pela televiso.

A Observao Cientfica: consiste na observao sistemtica e planificada, ela procura a explicao da essncia psicolgica interna dos fenmenos registados. Aqui precisa-se de um plano de observao assim como o registo dos resultados, depois dos factos serem analisados, comprovados para se chegar a uma concluso.

Observao Quotidiana: consiste na observao do meio ambiente natural do sujeito e realiza-se de forma casual sem nenhuma planificao prvia; os fenmenos so registados no momento em que ocorrem.

Limites da observaoNo processo o observador pode deparar-se com algumas dificuldades provocadas por diversos factores como:

1- Percepo: limitada e o observador pode perder dados que ajudem na interpretao do fenmeno observado.2- Motivao: o observador pode perder o interesse ou razo do que est a observar.

3- Observaes simultneas outros factos que estejam a ocorrer no momento da pesquisa podem provocar interferncia na observao.

4- Presena do observador pode influenciar no desempenho do observado e consequentemente no resultado. Pode haver falsidade da personalidade.

2. Mtodo de experimentaoMtodo de experimentao: consiste em provocar a actividade do sujeito da experimentao, criando as condies entre os quais pode manifestar-se o fenmeno psicolgico. Tem por objectivo comprovar ou verificar uma ou mais hipteses.

Hiptese: uma suposio ou probabilidade entre dois factos.

2.1. Caractersticas da experimentao1- Objectividade o experimentador deve submeter-se aos factos e colocar de lado as preferncias pessoais para encontrar resultados verdadeiros ( isto que confere o carcter cientfico).

2- Sistematizao deve haver uma programao para cada etapa.3- Repetio um evento cientfico que confere ao experimentador chegar aos mesmos resultados sempre que repetir a experincia.4- Controlo o experimentador para chegar aos mesmos resultados deve ter controlo total sobre todos os factores intervenientes da experincia.

2.2. Etapas da experimentao1- Observao tem de haver uma situao constatada que desencadeia a experincia.2- Formulao ou levantamento de hipteses so as perguntas sugestivas que vo conduzir a experincia para uma soluo.

3- Experimentao etapa em que o experimentador vai constatar, na prtica, se as sugestes apresentadas para solucionar o facto esto ou no correctas.4- Elaborao dos resultados ou Concluso - A experimentao distingue-se sobre duas formas fundamentais.

2.3. Tipos de experimentao

Experimentao Laboratorial: a que se realiza em condies laboratoriais com aparelhos psicolgicos especiais. O sujeito da experimentao actua segundo instrues do experimentador e com a ajuda deste mtodo se investigam a memria, a rapidez da reaco etc. As experincias de laboratrio fornecem meios precisos dirigidos e controlados (reaco causa efeito).

Os cientistas do comportamento procuram aplicar a descoberta de laboratrio do mundo real.

Para evitar o artificialismo e tornar os resultados mais aplicveis as condies do mundo real, as experincias so as vezes realizadas em ambientes naturais (no campo).

Experimentao naturalista: o investigador introduz num ambiente normal os factos que considera importantes para investigar na actividade que vai realizar.

Para investigar situaes comuns poder faz-lo na (aula, na conversao, no jogo, preparao de tarefas escolares etc.) Uma variante do mtodo de experimentao, a experimentao psico-pedaggica que se utiliza quando se estudam as possibilidades cognitivas dos alunos dos diferentes nveis, quando se estabelecem as vias concretas de formao da personalidade do aluno, etc.

A vantagem fundamental do mtodo de experimentao natural - consiste na possibilidade de se estudar os processos psquicos sob condies naturais e o sujeito que se observa actua com completa espontaneidade. A maior dificuldade no uso deste mtodo que o investigador deve esperar que se produza o fenmeno que se vai estudar.

A desvantagem: consiste em o experimentador pode influir na actividade do sujeito da experimentao. Ainda podemos acrescentar que uma simples observao no nos permite distinguir entre os efeitos casuais e os essenciais.

3. VariveisSo factores que queremos estudar. Temos geralmente dois tipos de variveis:

a) Varivel dependente (VD) factor que o experimentador pretende descobrir e pode ser afectado pelo meio.

b) Varivel independente (VI) o dado manipulado e influencia a VD.

c) Varivel enganadora ou estranha um dado involuntrio que pode aparecer no decorrer da pesquisa e atrapalhar a mesma.

Ex: motivaes do consumo de droga na juventude.

VD consumo de droga

VI problemas familiares, falta de emprego, curiosidade, etc.

3.1. Amostragem em psicologiaAmostragem: so as tcnicas ou critrios usados para extrair a amostra da populao.

Populao: o universo de pessoas que se pretende estudar.

Amostra: uma poro ou subconjunto da populao. Ser o grupo de pessoas que faro parte directa da experincia.

Ex: eleies partidrias em Angola

Populao: todos os angolanos

Amostra: (quem pode votar) pessoas maiores de idade e devidamente documentadas grupo experimental

Amostragem: idade, documento eleitoral, etc.

Grupo experimental: sero os sujeitos que faro parte directa da experincia.

Grupo de controle: no sero submetidos a experincia directamente mas seu comportamento serve de base para comparar os resultados com o grupo experimental.

4. Mtodos auxiliares4.1. Levantamentos (entrevista, questionrio, testes)

Consiste num conjunto padronizado de perguntas que ser feito a um grande nmero de pessoas seleccionadas.

Estes mtodos compensam as deficincias da observao e dos estudos de caso. Podem gerar uma grande quantidade de informaes interessantes e teis e so de custo relativamente baixo em relao a outros mtodos.

a) Entrevista: a conversao entre o investigador e o sujeito investigado atravs do qual o investigador obtm informaes acerca da conduta que pretende estudar.

b) Inqurito/questionrio: consiste em fazer uma srie de perguntas que o elemento inquirido dever responder. Atravs deste mtodo torna-se possvel recolher-se um volume de documentos embora que ele apresente tambm os seus pontos fortes e fracos que so:

As respostas dadas podem no ser verdadeiras.

Pode dar-se o caso em que elas estejam incompletas, falsas ou pura e simplesmente no se recebe nenhuma resposta. No inqurito as perguntas podem ser abertas ou fechadas.

Ex: gostas de estudar?Quais as disciplinas que gostas de estudar?

c) Testes so uma gama de questes, exerccios especialmente recolhidos com um carcter diagnstico e que permitem avaliar um fenmeno psquico correspondente ao sujeito em estudo ou ainda o teste uma prova definida reprodutvel que vai provocar o registo de um comportamento.

4.2. Mtodo correlacionalSignifica que dois fenmenos parecem estar relacionados: quando um deles aumenta, o outro tambm aumenta (ou diminui). Emprega mtodos estatsticos para examinar a relao entre duas variveis.

Ex: crianas com alto QI tm melhores notas na escola do que estudantes com baixo QI.

4.3. Mtodo biogrficoConsiste no estudo e anlise de documentos sobre a vida e as actividades de cada indivduo e, em particular as informaes dadas pelo prprio interessado ou por outro so de grande significao para o estudo dos fenmenos psquicos do homem. Tais documentos permitem-nos indicar os aspectos psquicos que o mtodo de observao e experimentao no podem fazer, dado que so fenmenos referentes ao passado. Permite-nos conhecer o papel e as condies de vida do sujeito (situao social, etc.) e as actividades realizadas pelo indivduo com vista ao seu prprio desenvolvimento psquico.

4.4. Mtodo comparativoEstabelece comparao em relao ao pensamento, por exemplo, de vrias pessoas.4.5. Mtodo clnico (estudo de caso) - um mtodo de investigao e de interveno (ajuda). Usado para estudos aprofundados de um caso em particular e concreto com vista a uma interveno teraputica. Estudo de caso: o acompanhamento que o psiclogo faz a um determinado indivduo onde a observao permanente e contnua para se tirar concluses.

5. tica de pesquisa em psicologiaToda a pesquisa em psicologia deve confirmar se s orientaes ticas so cumpridas, a fim de garantir que os participantes no fiquem sujeitos a experincias potencialmente nocivas ou que lhes sejam negados direitos humanos.

Destes direitos, destacam-se os seguintes:

Antes de participarem numa pesquisa, os indivduos devem dar voluntariamente o seu consentimento para serem usados como sujeitos. No caso de crianas ou de outros sujeitos que talvez no sejam legais, intelectual ou emocionalmente capazes de prever tal consentimento, este pode ser concedido pelos pais ou tutores legais.

Os sujeitos tm direitos de serem informados respeito das experincias que podem encontrar nesse processo.

Os sujeitos tm o direito de se retirar da investigao em qualquer ocasio quando quiserem.

Os sujeitos devem ter direito de proteco contra experincias traumticas ou potencialmente nocivas.

CAPTULO III: BASES FISIOLGICAS DO COMPORTAMENTO

SISTEMA NERVOSO E SISTEMA ENDCRINO

1. O homem como unidade bio scio culturalO homem resultado da confirmao dos factores biolgicos, psicolgicos e sociocultural. O factor biolgico condiciona o comportamento atravs de trs grandes estruturas: o sistema nervoso, o sistema endcrino e a hereditariedade. O factor sociocultural condiciona o comportamento pela circunstncia intelectual que se desenvolve numa cultura.

2. Fisiologia e psicologiaA Fisiologia a cincia que estuda o funcionamento do organismo vivo. Enquanto que a psicologia estuda o comportamento e os fenmenos psquicos.

Na sua totalidade o corpo continua uma unidade. O psiquismo faz parte dessa unidade. Tendo em conta a interdependncia entre o elemento psquico e o elemento corporal, as reaces corporais nos ensinam coisas essncias da vida psquica.

Para se esclarecer as funes psquicas, procura-se conhecer o impacto dos factores genticos, hormonais e neurolgicos no comportamento.

O objectivo da Psicologia fisiolgica de encontrar as relaes entre os fenmenos corporais (especialmente o sistema nervoso) e o comportamento.

Alm da Psicologia outras cincias como Anatomia, Farmacologia, Bioqumica, Psiquiatria, Fisiologia, etc. tambm se ocupam do estudo das relaes entre fenmenos que ocorrem no sistema nervoso e o comportamento.

3. O sistema nervoso o conjunto de rgos encarregados de assegurar a coordenao dos nossos movimentos, regular as nossas funes vitais e tratar do ajustamento do organismo ao ambiente.

Funo: o sistema nervoso responsvel pelo controlo do comportamento e a regulao fisiolgica do organismo; ou seja, sua funo perceber e identificar as condies ambientais externas, bem como as condies reinantes dentro do prprio corpo e elaborar respostas que adaptem a essas condies.Portanto o sistema nervoso tem a capacidade de receber, transmitir, elaborar e armazenar informaes. Recebe informaes sobre mudanas que ocorrem no meio externo, isto , relaciona o indivduo com seu ambiente, inicia e regula as respostas adequadas. No somente afectado pelo meio externo, mas tambm pelo meio interno, isto , tudo que ocorre nas diversas regies do corpo. As mudanas no meio externo so apreciadas de forma consciente, enquanto as mudanas no meio interno no tendem a ser percebidas conscientemente.Quando ocorrem mudanas no meio, e estas afectam o sistema nervoso, so chamadas de estmulos.

Do ponto de vista estrutural o sistema nervoso divide-se em duas partes:

crebro

Encfalo cerebelo

Tronco cerebral

SNC

Medula espinal

SN N. aferentes

S. nervoso somtico

SNP

N. eferentes

S. nervoso autnomo

S. simptico

S. parassimpticoSistema nervoso central SNC (encfalo e medula espinal)

Sistema nervoso perifrico SNP (partes de nervos que transmitem informao entre o SNC e todo o corpo e do corpo para o SNC).

Sistema Nervoso

DivisoPartesFunes gerais

Sistema nervoso central (SNC)EncfaloMedula espinalProcessamento e integrao de informaes

Sistema nervoso perifrico (SNP)NervosGnglios

(SN Somtico

SN Autnomo)Conduo de informaes entre rgos receptores de estmulos, o SNC e rgos efectuadores (msculos, glndulas...)

O sistema nervoso central pode ser descrito como um longo tubo (medula espinal) que se torna bastante grosso na sua extremidade superior (encfalo). Ou seja, o conjunto de rgos de coordenao (recebem mensagens e do respostas) consciente e voluntrio, imprimindo aco aos msculos.O sistema nervoso perifrico o conjunto de rgos (nervos cranianos e raquidianos) de transmisso inconsciente e automtico, exercendo aco aos rgos.

Tanto os rgos centrais como os perifricos so formados por unidades elementares as clulas nervosas ou NEURNIOS.Neurnios: unidade fundamental do sistema nervosoO mecanismo cerebral humano complexo e contm entre 20 a 30 mil milhes de neurnios, mas s existem trs tipos destas clulas nervosas que mais adiante sero estudadas.

O sistema nervoso constitudo por dois grupos de clulas distintas:

- os neurnios ou clulas nervosas que constituem a unidade fundamental de todo SN;

- e as clulas glias que ocupam os espaos interneurnios que nutrem e modulam a sua funo.

Os neurnios tm formas e dimenses muito variveis e possuem a capacidade de conduzir impulsos elctricos estando ligados a outras clulas por zonas especficas - as sinapses (qumicas ou elctricas) atravs das quais os sinais so transmitidos.

Um neurnio apresenta trs partes distintas:

- Corpo celular - dendrites

- axnio.

Corpo celular ou soma, a parte mais volumosa da clula nervosa, pequena massa de citoplasma na qual se localiza o ncleo; serve para assimilar e fazer uso dos nutrientes que fornecem energia para a actividade do neurnio;

Dendrites ou dendritos (do grego dendron, rvore) so prolongamentos finos e geralmente ramificados que conduzem os estmulos captados do ambiente ou de outras clulas em direco ao corpo celular;

Axnio ou cilindro - eixo ou ainda fibra nervosa com as suas terminaes, um prolongamento nico, geralmente mais longo que os dendritos, cuja funo transmitir para outras clulas os impulsos nervosos provenientes do corpo celular. Ou seja, o axnio conduz o impulso do corpo celular para a sua extremidade e passa para os dentritos da clula seguinte. Os corpos celulares dos neurnios esto concentrados no sistema nervoso central e tambm em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo corpo, os gnglios nervosos. Os dendritos e o axnio, genericamente chamados fibras nervosas, estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares dos neurnios entre si e s clulas sensoriais, musculares e glandulares.

Clulas glia (ocupam os espaos interneurnios) Alm dos neurnios, o sistema nervoso apresenta-se constitudo pelas clulas glia, ou clulas gliais, cuja funo dar sustentao aos neurnios e auxiliar o seu funcionamento. As clulas glia constituem cerca de metade do volume do nosso encfalo. H diversos tipos de clulas gliais: os astrcitos, os oligodendrcitos e as clulas de Schwann.

Classes funcionais dos neurnios (espcies de nervos ou tipos de neurnios)

1- Neurnios aferentes, receptores ou sensorias transmitem informao dos diferentes tecidos e rgos do corpo para o SNC quer dizer conduzem informao da periferia para o centro.2- Neurnios eferentes, efectores ou motores transmitem sinais elctricos do SNC para as clulas efectoras (msculos ou glndulas) ou seja conduzem impulsos do centro para a periferia.

3- Interneurnios, conectores responsveis pela conexo dos neurnios aferentes e eferentes no SNC constituem 99% de todos os neurnios e so eles os processadores da informao no SNC (clulas glias).

OBS: No SNP se houver degenerao de um axnio, este pode regenerar-se para a sua clula. Leses em neurnios do SNC no regeneram nem repem a sua funo.Mecanismos do sistema nervoso(Mecanismo reflexo)

Toda a nossa aco no resultante da informao proveniente do crebro. Determinadas respostas que damos aos estmulos provenientes do exterior vem da medula espinal. importante saber a diferena entre as respostas provenientes da medula espinal e as respostas provenientes do crebro.

Na medula espinal a informao circula de um neurnio para outro sem existir uma grande complexidade, como acontecer no crebro. Aqui intervm apenas os nervos associados a rea afectada. Por exemplo: ao colocarmos a mo sobre uma superfcie muito quente, em fraces de segundo, a nossa mo afasta-se dessa superfici. E isto acontece antes de tomarmos conscincia da queimadura.

Independentemente da nossa vontade, exerceu-se uma aco sobre os nervos e a medula espinal que comandara a mo no esperou que o sinal chegasse ao crebro estamos perante o mecanismo de reflexo ou simplesmente acto reflexo.

Acto reflexo So respostas rpidas, simples e emergentes para um determinado estmulo. Essas respostas no passam pelo crebro so muito rpidas, os impulsos percorrem o tecido nervoso a grande velocidade, na ordem de 1 a 100 metros por segundo. A medula minimiza o tempo de aco.

No crebro, as mensagens atravessam e envolvem uma multido de neurnios organizados numa rede onde h interveno das diferentes zonas dos hemisfrios cerebrais que descodificam esta mensagem em seguida transmitem a medula espinal e accionam uma resposta ou aco voluntria. Aqui o tempo de aco mais prolongado.

Participam do mecanismo de reflexo os:

1- Mecanismos de recepo (receptores)

2 - Mecanismos de conexo ou transmisso (as clulas nervosas neurnios)

3 - Mecanismos de reaco (efectores).Transmisso de um impulso nervosoUm impulso transmitido de uma clula a outra atravs das sinapses (do grego synapsis, aco de juntar).

A sinapse (ponto de encontro mas sem contacto) uma regio de contacto muito prximo entre a extremidade do axnio de um neurnio e a superfcie de outras clulas. Estas clulas podem ser tanto outros neurnios como clulas sensoriais, musculares ou glandulares. As terminaes de um axnio podem estabelecer muitas sinapses simultneas. Na maioria das sinapses nervosas, as membranas das clulas que fazem sinapses esto muito prximas, mas no se tocam. H um pequeno espao entre as membranas celulares (o espao sinptico ou fenda sinptica). Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axnio da clula pr-sinptica, ocorre liberao, nos espaos sinpticos, de substncias qumicas denominadas neurotransmissores ou mediadores qumicos, que tem a capacidade de se combinar com receptores presentes na membrana das clula ps-sinptica, desencadeando o impulso nervoso. Esse tipo de sinapse, por envolver a participao de mediadores qumicos, chamado sinapse qumica.

Os cientistas j identificaram mais de dez substncias que actuam como neurotransmissores, como a acetilcolina, a adrenalina (ou epinefrina), a noradrenalina (ou norepinefrina), a dopamina e a serotonina.Sinapses Neuromusculares: A ligao entre as terminaes axnicas e as clulas musculares chamada sinapse neuromuscular e nela ocorre liberao da substncia neurotransmissora acetilcolina que estimula a contrao muscular.Sinapses Eltricas: Em alguns tipos de neurnios, o potencial de aco se propaga directamente do neurnio pr-sinptico para o ps-sinptico, sem intermediao de neurotransmissores. As sinapses eltricas ocorrem no sistema nervoso central, actuando na sincronizao de certos movimentos rpidos.NEURNIO

Sistema nervoso central composto por duas subdivises: o encfalo e a medula espinal.

O encfalo constitudo por crebro, cerebelo e tronco cerebral. a parte do SN que se aloja na caixa craniana e controla funes mais sofisticadas como preciso da memria, movimentos voluntrios, etc.

O encfalo humano contm cerca de 35 bilies de neurnios e pesa aproximadamente 1,4 kg. A regio superficial do crebro, que acomoda bilies de corpos celulares de neurnios (substncia cinzenta), constitui o crtex cerebral.

A medula espinal serve a duas funes principais:

1 - Transmite impulsos do corpo para o encfalo e do encfalo para o corpo;

2 - Controla muitos reflexos, por exemplo protege o organismo desencadeando em algumas situaes reaces rpidas (como retirar a mo de um fog quente).Crebro: Constitui a maior parte do encfalo humano e apresenta dois hemisfrios (direito e esquerdo) com suas circunvolues e fissuras. A camada externa destes hemisfrios chamada de crtex cerebral que realiza as habilidades mentais superiores complexas. O crtex cerebral est dividido em mais de quarenta reas funcionalmente distintas. aqui que a percepo tem lugar, a memria se armazena, os planos so formulados e executados. Entre os hemisfrios desenvolve-se um extenso feixe de fibras que os liga o corpo caloso - que desempenha um papel importante na integrao das funes de cada hemisfrio.As circunvolues cerebrais so divididas por fissuras que por sua vez dividem os hemisfrios em diferentes zonas ou 4 lobos cerebrais (lobos frontais, parietais, temporais e occipitais um em cada hemisfrio) nos quais esto associados as actividades como audio, viso, fala, etc.Funes localizadas no crebroLobo frontal: controla a rea motora e psicomotora dirigindo a aco e bem como a capacidade de abstraco (localizado acima da testa).

Lobo parietal: controla a rea sensorial e localiza-se atrs da fissura central.Lobo temporal: contm as reas auditivas e da compreenso da linguagem (rea de Wernicke), localizado prximo a fissura lateral e est em conexo com o crtex olfactivo.

Lobo occipital: ocupa-se de todos os processos visuais e localiza-se na parte posterior do encfalo.

Em cada rea de um dos hemisfrios, o crtex cerebral encerra trs tipos de reas (motoras, sensitivas e associativas) que agem em conjunto a fim de produzir um comportamento consciente.

Cerebelo: Tem o aspecto de uma miniatura do prprio crebro e situa-se inferioposteriormente em relao a este.Funes: tem como funo principal o controlo de movimentos voluntrios e involuntrios. Apesar de no ser ele a iniciar os movimentos voluntrios um centro importante de coordenao e aprendizagem dos movimentos bem como responsvel pela manuteno do equilbrio corporal; graas a ele que podemos realizar aces complexas, como andar de bicicleta e tocar violo, por exemplo. Ele recebe as informaes de diversas partes do encfalo sobre a posio das articulaes e o grau de estiramento dos msculos, bem como informaes auditivas e visuais.

Tronco cerebral ou enceflico

Formado pelo mesencfalo, pela ponte e pela medula oblonga (ou bulbo raquidiano), o tronco enceflico conecta ou assegura a comunicao entre o crebro e a medula espinal. Alm de coordenar e integrar as informaes que chegam ao encfalo, ele controla a actividade de diversas partes do corpo.

O mesencfalo responsvel por certos reflexos.

A ponte constituda principalmente por fibras nervosas mielinizadas que ligam o crtex cerebral ao cerebelo.

O bulbo raquidiano participa na coordenao de diversos movimentos corporais e possui importantes centros nervosos que controlam a respirao, ritmo cardaco e presso cardaca.

Existem duas estruturas localizadas na parte superior do tronco cerebral que merecem referncia: o tlamo e o hipotlamo.

Tlamo: sistema amplo com vrios centros que funcionam como uma rea de recepo para os hemisfrios cerebrais. Todas as mensagens sensoriais, com excepo das provenientes dos receptores do olfacto, passam pelo tlamo antes de atingir o crtex cerebral. O tlamo actua como estao retransmissora de impulsos nervosos para o crtex cerebral. Ele responsvel pela conduo dos impulsos s regies apropriadas do crebro onde eles devem ser processados.O hipotlamo: o principal centro integrador das actividades dos rgos viscerais, sendo um dos principais responsveis pela homeostase corporal. Ele faz ligao entre o sistema nervoso e o sistema endcrino, actuando na activao de diversas glndulas endcrinas. o hipotlamo que controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balano de gua no corpo e est envolvido na emoo e no comportamento sexual.O sistema lmbico: conjunto de estruturas interconectadas e localizadas nos hemisfrios cerebrais que envolve o lobo frontal e temporal, o tlamo e tem estreitas ligao anatmica com o hipotlamo.Desempenha um papel importante na aprendizagem, na expresso de emoes e numa srie de funes endcrinas..

As estruturas mais importantes deste sistema so:

a amgdala (forma de amndoa) situada no interior do lobo temporal controla parte do sistema imunolgico (capacidade de defesa);

e o hipocampus (forma de cavalo marinho) situado imediatamente atrs da amgdala desempenha um papel importante no campo da memria.

Leses na amgdala afectam o comportamento emocional. Em animais revelam sexualidade indiscriminada (cpula de qualquer objecto9 e perda de capacidades tanto agressiva como defensiva.

Leses no hipocampus as pessoas perdem a capacidade de aprenderem algo novo.Medula espinal: elabora respostas simples para certos estmulos. Essas respostas medulares, denominadas actos reflexos, permitem ao organismo reagir rapidamente em situaes de emergncia. A medula funciona tambm como uma estao retransmissora para o encfalo. Informaes colhidas nas diversas partes do corpo chegam medula, de onde so retransmitidas ao encfalo para serem analisadas. Por outro lado, grande parte das ordens elaboradas no encfalo passa pela medula antes de chegar aos seus destinos.A parte externa da medula, de cor branca, constituda por feixes de fibras nervosas mielinizadas, denominados tratos nervosos, que so responsveis pela conduo de impulsos das diversas regies da medula para o encfalo e vice-versa.Sistema nervoso perifricoO Sistema Nervoso Perifrico constitudo pelos nervos e gnglios nervosos e sua funo estabelecer a ligao entre o sistema nervoso central e todo o resto do organismo, rgos, msculos e glndulas. Pode definir-se como sistema nervoso tudo que no faz parte do SNC.

Nervos so feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido conjuntivo. Nos nervos h vasos sanguneos, responsveis pela nutrio das fibras nervosas. As fibras presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axnios que conduzem, respectivamente, impulsos nervosos das diversas regies do corpo ao sistema nervoso central e vice-versa.

Gnglios nervosos so aglomerados de corpos celulares de neurnios localizados fora do sistema nervoso central. Os gnglios aparecem como pequenas dilataes em certos nervos.

Gnglios espinais: Na raiz dorsal de cada nervo espinal h um gnglio, o gnglio espinal, onde se localizam os corpos celulares dos neurnios sensitivos. Os nervos espinais ramificam-se perto da medula e os diferentes ramos enervam os msculos, a pele e as vsceras.

Os nervos que se ligam medula espinal chamam-se nervos raquidianos ou espinais e os que se ligam directamente base do crebro chamam-se nervos cranianos. Em ambos os casos existem pares de nervos (direito e esquerdo).

Nervos cranianos: So os nervos ligados base do crebro. Possumos doze pares de nervos cranianos, responsveis pela interveno dos rgos do sentido, dos msculos e glndulas da cabea, e tambm de alguns rgos internos.

Nervos espinais ou raquidianos: Dispem-se em pares ao longo da medula, um par por vrtebra. Cada nervo do par liga-se lateralmente medula por meio de duas "razes", uma localizada em posio mais dorsal e outra em posio mais ventral. A raiz dorsal de um nervo espinal formada por fibras sensitivas e a raiz ventral, por fibras motoras.Os nervos podem ser:

Nervos sensitivos so os que contm somente fibras sensitivas, que conduzem impulsos dos rgos sensitivos para o sistema nervoso central. aferentes

Nervos Motores so os que contm somente fibras motoras, que conduzem impulsos do sistema nervoso central at os rgos efectuadores (msculos ou glndulas) e constituem o comportamento. eferentes

Nervos mistos contm tanto fibras sensitivas quanto motoras.O sistema nervoso perifrico do ponto de vista funcional estrutura-se do seguinte modo:

S. nervoso somticoSNP

simptico

S. nervosos autnomo

Parassimptico

O sistema nervoso perifrico aferente: composto pelos neurnios aferentes, que transportam a informao da periferia at ao SNC. Portanto e o SNP aferente que informa o SNC tanto do mundo exterior como do interior do prprio organismo?O sistema nervoso perifrico eferente: composto pelos neurnios eferentes que transportam a informao vinda do SNC at aos msculos e glndulas. O sistema nervoso perifrico eferente mais complexo que o eferente subdividindo-se em sistema nervoso somtico e sistema nervoso autnomo.Sistema nervoso somtico ou (voluntrio): Conjunto de aces (voluntrias) e reaces entre o organismo e o meio. constitudo por todos os nervos e fibras nervosas vindas do SNC que conduzem s clulas de msculos esquelticos cuja contraco resulta de estmulos voluntrios. Estes nervos so os chamados nervos motores. Sistema nervoso autnomo: Constitudo por todos os nervos e fibras nervosas vindas SNC que enervam (excitam) os outros tecidos do organismo menos o tecido muscular esqueltico. Ex: msculo cardaco corao, musculo liso localizado nos vasos e intestinos, glndulas. A aco dos nervos autnomos resulta de estmulos involuntrios e essa mesma aco pode activar ou inibir os tecidos por ele enervados.O SN autnomo regula o ambiente interno do corpo, controlando a actividade dos sistemas digestivos, cardiovascular, excretor e endcrino. sob o seu comando que o corao bate mais depressa, os intestinos tm espamos e a pupila se contrai para proteger o olho de uma maior intensidade da luz.

Sistema Nervoso Autnomo

O S. autnomo contm dois sistemas com funes distintas:

- Sistema Simptico

Sistema ParassimpticoSistema simptico: Os nervos simpticos irradiam da parte mediana da coluna vertebral ao nvel do trax e das vrtebras lombares. Esses nervos emergem ao nvel da nuca e da base da coluna libertam a substncia noradrenalina que estimulada pela excitao forte, por exemplo, aumentando o ritma cardaco e a tenso arterial. Ex: quando corremos, fazemos ginstica ou levamos um susto e o nosso organismo trabalha aceleradamente o S. Simptico que foi accionado.Sistema parassimptico: Suas fibras libertam a substncias acetilcolina que, pelo contraio, diminui o ritmo cardaco e favorece a digesto, aumentado os movimentos rtmicos do intestino. Relaxam o organismo que trabalhou aceleradamente por conta do S. Simptico.SISTEMA ENDCRINO

Nenhuma clula vive isolada. Nos seres pluricelulares uma rede complexa de comunicao coordena o crescimento, o metabolismo da enorme variedade de clulas nos diversos tecidos e rgos, o comportamento sexual, etc.

Em pequenos grupos celulares a comunicao pode fazer-se directamente de clula para clula, mas nos organismos mais desenvolvidos as clulas tm de comunicar a longas distncias. Nestes casos, produtos extracelulares, as hormonas segregadas por glndulas, actuam como sinais que enviam posteriormente as clulas seguintes e mais distantes.

Hormonas so substncias especficas sintetizadas e libertas por tecidos celulares (glndulas) depois de ter havido um sinal e que se dirigem para outras clulas onde induziro uma resposta especfica.

Podemos distinguir dois (3) tipos de hormonas: neuro-hormonas (especficas para o tecido neurolgico) as sistmicas (que comunicam com as clulas dos outros tecidos). Existem tambm as hormonas mistas chamadas peptdeos.

Em suma, as hormonas so molculas qumicas (peptdeos, protenas ou esterides) produzidas em uma parte do corpo que ento viajam para fazer efeito em outra parte. Deste modo uma clula pode afectar outras clulas distantes.

O sistema endcrino um sistema refinado de verificaes e equilbrios em forma de circuitos realimentados que facilitam o funcionamento normal de todos os sistemas do organismo. Os hormnios podem ser produzidos e ter uma aco local ou podem ser produzidos em uma glndula endcrina e ter efeito em um local distante.

As glndulas - so unidades funcionais formadas de clulas que segregam hormnios, localizadas em vrias regies do corpo e que compem o sistema endcrino. Cada glndula tem funes especficas que ajudam a manter o organismo interno em condies normais e a promover a sobrevivncia do organismo.

Embora haja alguns tecidos endcrinos espalhados, h vrias glndulas principais ou centros de controle dentro do sistema endcrino, dentre os quais incluem-se:Anatomicamente e funcionalmente a pituitria pode ser dividida em trs partes:a) Pituitria anterior (adenohipfise): seis hormonas peptdeos so segregadas pela adenohipfise: hormona do Crescimento (somatotropin), corticotropin (ACTH), hormona estimulante da tiride (TSH), hormona folculo-estimulante (FSH), hormona luteinizante (LH), e prolactina. Todos com excepo da hormona do crescimento e da prolactina regulam as actividades de outras glndulas.

A hormona do crescimento no se destina a um tecido especfico.

Todas as clulas do corpo humano so afectadas por esta hormona. muito importante para a criana em desenvolvimento, mas tambm essencial a muitas funes do organismo ao longo da vida. O GH actua no crescimento dos ossos e cartilagens, no metabolismo das protenas, na formao de RNA, no equilbrio dos electrlitos, e no metabolismo de glicose e de gorduras.

b) Lbulo intermedirio (pares intermdia): no ser humano adulto este lbulo reduzido quando as conexes vasculares e neurais so pobres, de forma que no facilitam a secreo. Estas clulas podem segregar MSH (hormona estimulante de melancitos) que estimula a actividade dos melancitos da pele.c) Pituitria posterior (neurohipfise): esta poro da pituitria na realidade uma extenso do hipotlamo. Os neurnios com seus corpos celulares no hipotlamo e suas pores terminais na neurohipfise liberam duas hormonas. A hormona antidiurtico (ADH) e a oxcitocina so armazenadas dentro dos processos terminais dos neurnios at que o sinal para liber-los seja recebido.Veja no quadro a seguir algumas glndulas, hormonas por elas segregados e suas funes no organismo humano.

Algumas glndulas e hormonas

Glndula

hormnafunes

Ovrio (SNP)progesteronaDiferenciao do tero na preparao p/ a implantao do embrio e manuteno da gravidez

Testculo (SNP)testosteronaMaturao e manuteno da funo dos orgos sexuais maculinos; desenvolvimento dos caracteres masculinos(barba)

Supra renais ( SNP)

cortisol

Influncia no metabolismo dos hidratos de carbono; reduo das inflamaes e de resposta imunolgicas, aumento da resposta ao stress

Tirode (SNC)

tiroxinaAumento da temperatura; regulao do metabolismo da glucose e de outros combuistiveis; expresso dos genes, etc

Pituitria (SNC)(vrias)

ACTH

LH

TSH

FSHHidrlise dos tecidos adiposos; estimula o crescimento; absoro de gua da urina, aumento da tenso arterial; secreo de tiroxina pela tirode, etc

Hipotlamo (SNC)TRH

Induz a secreo de TSH pela pituitria anterior; regula o fluxo dos impulsos dos centros excitadores sexuais.

DistrbiosNo caso de acidente, doena ou m formao congnita, por exemplo, os sistemas nervoso central ou perifrico podero sofrer alguns distrbios como:Acidente Vascular Cerebral (AVC)

um distrbio grave do sistema nervoso. Podem ser causados tanto pela obstruo de uma artria, que leva isquemia de uma rea do crebro, como por uma ruptura arterial seguida de derrame. Os neurnios alimentados pela artria atingida ficam sem oxigenao e morrem, estabelecendo-se uma leso neurolgica irreversvel. A percentagem de bitos entre as pessoas atingidas por AVC de 20 a 30% e, dos sobreviventes, muitos passam a apresentar problemas motores e de fala.

Algum dos factores que predispem ao AVC so a hipertenso arterial, a taxa elevada de colesterol no sangue, a obesidade, o diabete melito, o uso de plulas anticoncepcionais e o hbito de fumar.

Ataques EpilpticosEpilepsia no uma doena e sim um sintoma que pode ocorrer em diferentes formas clnicas. As epilepsias aparecem, na maioria dos casos, antes dos 18 anos de idade e podem ter causas diversas, tais como anomalias congnitas, doenas degenerativas do sistema nervoso, infeces, leses decorrentes de traumatismo craniano, tumores cerebrais, etc.

So dores de cabea que podem se propagar pela face, atingindo os dentes e o pescoo. Sua origem est associada a factores diversos como tenso emocional, distrbios visuais e hormonais, hipertenso arterial, infeces, sinusites, etc. A enxaqueca um tipo de cefaleia que ataca periodicamente a pessoa e se caracteriza por uma dor latejante, que geralmente afecta metade da cabea. As enxaquecas so frequentemente acompanhadas de fotofobia (averso a luz), distrbios visuais, nuseas, vmitos, dificuldades em se concentrar, etc. As crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por diversos factores, tais como tenso emocional, tenso pr-menstrual, fadiga, actividade fsica excessiva, jejum, etc.- Doenas degenerativas do sistema nervoso

Diversos factores podem causar morte celular e degenerao, em maior ou menor escala, do sistema nervoso. Esses factores podem ser mutaes genticas, infeces virais, drogas psicotrpicas, intoxicao por metais, poluio, etc. As doenas nervosas degenerativas mais conhecidas so a esclerose mltipla, a doena de Parkinson, a doena de Huntington e a doena de Alzheimer, Problemas auditivos, visuais, da fala

CAPTULO IV: PERSONALIDADE

1. Conceito de personalidade

Etimologicamente a palavra personalidade, vem do latim persona (per + sonar) que significa som proveniente de um pequeno megafone nas antigas mscaras usadas pelos actores de teatro para ajudar a projectar a voz do actor.

Assim, a personalidade, aquilo que individual, diferente de pessoa para pessoa e que caracteriza cada uma.

A personalidade de um individuo tudo aquilo que caracteriza este individuo, que lhe torna igual a si mesmo e diferente dos outros. A personalidade um homem concreto, com todas as suas particularidades psicolgicas (temperamento, capacidade, inteligncia, valores, tica, carcter, etc.).

1. 1. Singularidade

A personalidade aquilo que o individuo realmente , a irredutvel singularidade que o distingue de qualquer homem; nenhuma personalidade igual outra.

Podemos afirmar que a personalidade uma individualidade, pois, a conduta de um indivduo deixa sempre transparecer um cunho pessoal que nos permite inferir que estamos na presena de um indivduo original e nico.

1. 2. Totalidade

A personalidade um todo, a organizao de diferentes aspectos; os componentes fsicos, psicolgicos, morais e sociais do indivduo no modelam a personalidade por simples justaposio mas pela sua integrao global e organizada.

1. 3. Consistncia.

Existe sempre um conjunto de comportamentos comuns, ou seja, um modo prprio constante de se comportar. Com efeito, esta caracterstica da personalidade que nos permite esperar das pessoas com quem nos relacionamos.

2. Factores influentes na formao e desenvolvimento da personalidade.

Vrios so os factores que influenciam a formao e o desenvolvimento da personalidade, com maior realce aos seguintes:

1. Factores hereditrios (inatos)

H uma contribuio da hereditariedade no desenvolvimento da personalidade: o sexo, a constituio fsica e morfologia, o funcionamento do sistema nervoso e endcrino, etc. so elementos determinantes de uma estrutura hereditria bsica e premissas para formao e desenvolvimento da personalidade.

2. Factores ambientais (meio ambiente)

Os meios fsico, natural e social influenciam muito na formao e desenvolvimento da personalidade do indivduo atravs de aquisio de valores ticos, morais, conhecimentos intelectuais e vrios padres da vida.

3. A experincia pessoal (factor psicolgico)

Tudo o que acontece ao individuo deixa marcas mais ou menos na sua pessoa. Ocorrem ao longo da vida, principalmente durante a infncia e a adolescncia, as experincias vividas na relao do indivduo com a famlia, a escola (amigos) e a sociedade em geral. Pois, cada pessoa tem um modo prprio de sentir os acontecimentos e atribuir lhes um valor especifico. Tudo isso constitui se em conjunto vivo de factores a interferir na formao e desenvolvimento da personalidade.

3. Estrutura e dinmica da personalidade

3. 1. Estrutura da personalidade

Segundo Freud, a estrutura da personalidade composta por trs (3) grandes sistemas: o Id, o Ego e o Superego.

O Id o sistema biolgico, o componente bsico, inicial, hereditrio da personalidade. O id apresenta se sob forma de instintos inconscientes que impulsionam o organismo e opera pelo principio do prazer (inconsciente)

O ego nasce do convvio entre o id e a influncia do meio que impede a obteno imediata do prazer. O ego essencialmente consciente, a instancia executadora da personalidade, controla as aces do id, opera mediante o principio da realidade.

O superego forma se por volta dos cinco (5) anos de idade pela interiorizao dos valores e idias sociais impostas no individuo. o componente social. (Medeia os conflitos entre o id e o ego).

As suas principais funes so:

Inibir os impulsos sexuais e agressivos do id;

Persuadir o ego a escolher o que bom para a sociedade;

Ajudar o indivduo a atingir uma realizao ideal.

3. 2. Dinmica da personalidade.

Segundo Freud a energia activadora do corpo humano provem fundamentalmente de dois instintos do Id:

O instinto da vida ou Eros. Ex.: sexo

O instinto a morte ou Thanatos. Ex.: Agressividade

Quer dizer que o comportamento humano orientado sempre para a procura do prazer (instinto de vida); caso contrrio recorre agresso (instinto de morte).

A satisfao ou no desses instintos faz com que o individuo passe constantemente por conflitos susceptveis de gerir a ansiedade.

A forma como a pessoa lida com a ansiedade constitui para Freud, aspecto mais determinante na formao e desenvolvimento da sua personalidade.

4. Teorias da personalidade.

Existem vrias tentativas de descrever a personalidade, considerando a complexidade e o interesse que este conceito desperta para muitos estudiosos.

Deste modo, propomos aos nossos leitores as seguintes posies tericas:4. 1. Teoria de desenvolvimento psico sexual de Sigmund Freud

Freud acreditava que a personalidade moldada pelas primeiras experincias quando as crianas passam por um conjunto sequencial de fases psico sexuais.

O termo psico sexual deriva da ideia de que a libido, que claramente uma energia sexual localizada em regies corporais diferentes, conforme o desenvolvimento psicolgico progride. Designou as zonas ergenas: a boca, o nus e os rgos genitais que respondem intensamente estimulao do prazer.

De acordo com Freud, as crianas passam por cinco fases psico sexuais: oral, anal, flica e genital, alm de um perodo de latncia;

1) Fase oral (0 1 ano de idade): a criana adquire o prazer atravs da boca. A libido centra se nos prazeres orais: comer, morder, levar objectos na boca, ao mamar, balbuciar e outros.

O desmame o principal conflito desta fase.

Se criana no resolver adequadamente os problemas desta fase, ou seja, no experimentar a satisfao adequada, poder tornar se fixada nas actividades orais e procurar durante o resto da vida, prazer atravs da boca, vindo a ser, por exemplo, um fumante inveterado, um guloso, beber ou conversar excessivamente, sugar os dedos, roer as unhas, etc.

2) Fase anal (2 3 anos de idade): O prazer obtido basicamente da regio anal. A criana gosta de urinar e defecar. Uma fixao neta fase pode explicar traos da personalidade adulta como obsessividade com a limpeza e arrumao, avareza e outros.

3) Fase flica (3 5 anos de idade): A criana descobre o seu sexo. Experimenta o prazer ao manusear os rgos genitais. Freud pensava que a maioria das crianas pequenas comea a se masturbar nesse perodo. As fantasias durante a masturbao preparam o cenrio para a crise. A criana ama o progenitor do sexo oposto excessivamente e sente rivalidade intensa com o progenitor do mesmo sexo.

No caso de uma menina, o conflito conhecido como complexo de Electra, nos meninos, complexo de dipo. Se no fim desta fase, se der a superao do complexo, o desenvolvimento ser mais equilibrado, se no for superado o complexo, pode ter como consequncias a neurose, a gerontofilia, a homossexualidade, etc.

4) Perodo de latncia (6 12): nessa fase as necessidades sexuais ficam adormecentes. No aparecem conflitos ou mudanas importantes.

5) Fase genital (dos 12 anos em diante): surge quando o adolescente comea a voltar se para as outras pessoas e coisas, deixando de ser para si mesmo o objecto de maior interesse. o incio da continuao das relaes heterossexuais, do interesse palas actividades adultas de assumir o seu papel no mundo social.

Freud via um vnculo heterossexual maduro como a marca da maturidade.

4. 2. Teoria de desenvolvimento psico social de Erik Erikson

Erikson discordou da noo de que a personalidade dos adultos no muda. Contrariamente a Freud, ele acreditava que as pessoas ao lidarem umas com as outras passavam por uma srie de crises ao longo das suas vidas e a sua personalidade dependia do modo como essas crises eram ultrapassadas.

Assim, com base nas suas observaes, Erikson dividiu o desenvolvimento humano em oito idades segundo as crises por que a pessoa passa. Essas crises so atravessadas nas seguintes idades e podem ter consequncias positivas ou negativas para o indivduo:

1. Do 1 ano de existncia os bebes enfrentam um conflito entre: a confiana \ a desconfiana. Nesse perodo o relacionamento com a me extremamente importante. Se as mes amamentam os bebes, mantm nos aquecidos e aconchegados, anima e conversam com eles, os bebs desenvolvem sentimentos de que o ambiente agradvel e saudvel e seguro (confiana bsica). Quando as mes no atendem essas necessidades, os bebs adquirem temores e suspeitas (desconfianas).

2. Dos 2 aos 3 anos de vida: paralelamente a fase anal de Freud, as crianas enfrentam um novo conflito; autonomia versus vergonha e dvida.

Neste perodo as capacidades do bebe esto aumentando rapidamente. Eles gostam de correr, empurrar, segurar e soltar. Se os pais incentivam as crianas a ficar de p sozinhas e a exercitar as prprias capacidades, eles sentem se autnomas. Se os pais exigem muito cedo, ou impedem o uso de habilidades recentemente descobertas, as crianas sentem vergonha e dvida.

3. Dos 3 aos 5 anos de vida: as crianas correm, brigam e sobem. Orgulham se de enfrentar problemas e conquistar o ambiente que as circunda, elas desenvolvem a auto estima dos podres mentais. Neste perodo surge o conflito de iniciativa \ sentimento de culpa. Nesta fase d se a consolidao da tenacidade (capacidade de iniciar actividades, de continu ls e de apreciar a sua realizao). Se os pais respondem as perguntas, compreendem e aceitam a brincadeira activa, as crianas aprendem a perseguir seus objectivos e adquirem iniciativas. Caso no encontrem satisfao nesta fase a criana desenvolve um sentimento de culpa>

4. Do 6 ano at a puberdade: o conflito diligncia \ complexa de inferioridade: desenvolve se a percia (capacidade em relacionar habilidades e instrumentos; exerccio da inteligncia e da destreza como o objectivo de realizar obras e realiz las bem. Pode ser que se gere um sentimento de incapacidade e de inferioridade.

5. Durante a adolescncia (quando comea a fase genital de Freud), ocorre o conflito de identidade \ confuso de papel. A adolescente precisa integrar vrias auto imagens e escolher uma carreira e um estilo de vida adequado.

6. Primeiros anos de vida adulta: Intimidade ou amor / isolamento: D se a capacidade de nos darmos aos outros amor e amizade. As pessoas que no tm senso da prpria identidade tm dificuldade para estabelecer relacionamentos ntimos. Podero isolar se distanciando se dos outros, evitando compromissos de amor ou de amizade.

7 Meia idade criatividade ou interesse \ estagnao ou auto absoro: Nesta fase da vida, d se aumento dos cuidados para com aquilo que foi criado atravs do amor, por necessidade ou acidentalmente. Aumento de interesse pala actividade profissional, por idias ou aumento da ateno para com os filhos.

Se isso no acontecer, a pessoa em causa fica sem interesse, cai num deixar andar, cair na depresso e haver um empobrecimento na relao com os outros.

8. Finalmente na velhice, a pessoa enfrenta uma ltima crise: sentimento de integrao e calma \ desespero: As pessoas que olham para trs ficam satisfeitas e aceitam sua vida achando que valeu a pena viver, tm um senso de integridade e haver aceitao da morte.

O desespero atinge aqueles que olhando para trs verificam que nos se fez nada que valesse a pena. Acham pouco sentido ou satisfao na vida passada e vm a vida como desperdiada, o tempo acabou, a morte aterrorizante.

4. 3. Teoria de desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget

Piaget props que em todas as crianas o pensamento desenvolve se na mesma sequncia fixa de estgios. Esquemas caractersticos surgem em momentos especficos. As realizaes de cada estgio ocorrem com base em realizaes anteriores.

Ao explicar o desenvolvimento, Piaget enfatizou a hereditariedade. Afirma que ambientes fsico e social afectam apenas o momento de ocorrncia de marcas especificas.

Piaget, dividiu este desenvolvimento em quatro (4) estgios, a saber:

1 Estgio sensrio motor (0 2 anos): durante os primeiros 24 meses, os bebs entendem suas capacidades pela viso, tacto, paladar, olfacto e manipulao. Em outras palavras elas usam os sistemas sensorial e motor.

2 Estgio pr operatrio (2 7 anos): Neste perodo as crianas guiam se pelas percepes da realidade, surge nas crianas a capacidade de distinguir o significado e o significante.

3 Estgio das operaes concretas (7 11 anos): As crianas desenvolvem a capacidade de usar a lgica e param de se guiar to predominantemente pelas informaes sensoriais simples para entender a natureza das coisas.

4 Estgio das operaes formais ou proporcionais (11 15): Neste estgio as crianas desenvolvem a capacidade de entender a lgica abstracta. Esses jovens so capazes de ponderar o possvel, nos esto mais limitados ao aqui e agora.

5. Socializao

5. 1. Conceito de socializao

Entende se por socializao, o processo de integrao do individuo numa determinada sociedade. atravs da socializao que o sujeito aprende e assimila comportamentos, regras, normas, valores, formas de estar, de comunicar e de se relacionar com os outros.

A socializao um processo contnuo que decorre ao longo de toda a vida e termina quando o indivduo morre. um processo presente em todas as sociedades humanas, um processo dinmico, interactivo e permanente de integrao social.

5. 2. Tipos de socializao

Geralmente faz se uma distino entre socializao primaria e socializao secundria:

Por socializao primria designa se a que ocorre fundamentalmente durante a infncia. neste perodo que a criana aprende com os outros, seguindo os modelos sociais, os hbitos alimentares, de higiene, as regras de linguagem, de relacionamento, isto , o conjunto de comportamentos sociais aceites e considerados indispensveis vida em sociedade.

A socializao secundria compreende o processo de integrao do indivduo nas situaes sociais especficas que vo ocorrendo ao longo da sua vida: quando inicia ou muda de profisso, quando se casa ou se divorcia, quando tem um filho, quando ingressa num grupo cultural ou desportivo, quando se inscreve num sindicato ou partido poltico, etc. Em todas essas situaes a pessoa tem que adoptar novos papis, novos modos de agir, interiorizar normas e modelos, enfim, socializar se.

Segundo determinados autores a socializao primria assegura os saberes de base, enquanto a secundria corresponde aquisio dos saberes especializados no tendo esta ltima portanto o carcter de generalidade que caracteriza a primeira.

6.Tipologias

Em psicologia existem muitas tipologias e cada tipo de personalidade representa determinados modos de agir, de pensar, de reagir em funo aos estmulos do meio.

6.1. Tipologia de Hipcrates

A tipologia de Hipcrates a mais antiga e o seu autor classificou quatro tipos de indivduos, segundo o humor que existisse em maior ou menor proporo no corpo de cada pessoa.

So os seguintes tipos:

a) O melanclico (humor predominante: blis negra) o indivduo propenso tristeza, taciturno.

b) O colrico (blis amarela) o indivduo excitvel e irascvel (se irrita facilmente)

c) O sanguneo (sangue) o indivduo activo e jovial (alegre com boa disposio).

d) O fleumtico (fleuma) um indivduo vagaroso e no emotivo calmo.

6. 2. Tipologia de Carl G. Jung

Entre as mais conhecidas tipologias modernas est a de Carl Gustav Jung, um antigo associado de Freud. A sua tipologia, inclui duas amplas categorias: o extrovertido e o introvertido.

a) O extrovertido que primordialmente orientado para os outros e o mundo exterior.

b) O introvertido mais preocupado consigo prprio e com o mundo subjectivo.

A extroverso e a introverso, exprimem se numa srie de funes incluindo o pensar, o sentir e perceber.

A tipologia de Jung a mais utilizada, mais adaptada e quais todas as tipologias abordadas convergem nela; isto quer dizer, nas diversas tipologias encontramos elementos quer da introverso ou da extroverso.

6. 3. Tipologia de William Scheldon

A tipologia de Scheldon estabelece trs tipos bsicos de personalidades que so: viscerotnico, somatotnico e cerebrotnico.

a) Tipo Viscerotnico: manifesta se pela predominncia das funes digestivas, possui atitude calma e de amor ao conforto, gosta muito de objectos materiais, social entra em contacto facilmente com os outros e adapta se com facilidade ambientes diferentes. Vive geralmente satisfeito com a vida e est sempre disposto, a afectividade predominante.

b) Tipo Somatotnico: caracteriza se pela predominncia da actividade muscular, exerccio da actividade fsica, gosta de aces e aventura e de conquistar pessoas e coisas. Costuma ser prtico, realista, objectivo e extrovertido quando se trata de alcanar seus objectivos, que o faz manifestar grande fora de vontade.

c) Tipo cerebrotnico: Tem predominncia da conteno, do controlo dos seus actos, do desejo de se ocultar. o tipo em que predomina o intelecto, gosta muito de desconfiana. Costuma ser introvertido, dificilmente manifesta os seus sentimentos aos outros. Apresenta vida socivel fraca.

6.4. Tipologia de Spranger

Spranger classificou os indivduos em seis (6) tipos de personalidades. que correspondem a seis valores scio culturais adquiridos no meio de convivncia e a seis reas vocacionais que so:

1. Terico: O terico tem como valor cultural a verdade, em todos os aspectos da sua vida, preocupa se mais em conhecer a razo e essncia das coisas. Ele procura sempre saber os porqus dos fenmenos.

2. Esttico: Tendo como valor cultural o belo a beleza um indivduo fechado que exprime seus sentimentos em forma artstica, seja literria, plstica, musical ou grfica. Ele capaz de influenciar a sociedade atravs das suas obras artsticas.

3. Social: tendo como valor cultural o bem ou o amor ao prximo, um indivduo generoso, altrusta, necessita dar se a algum ou a algo, muito cooperativo.

4. Poltico: um tipo em que predomina o mando e manifesta se pela sua capacidade de impor se aos demais, gosta de ser lder e chefe do grupo como o social, busca os seus semelhantes, no para dar se com eles, mas para dirigi los.

5. Religioso: tendo como valor cultural, a salvao da alma, este tipo v a mo de Deus em todas as coisas, acredita muito em Deus e d pouca importncia aos bens do mundo.

6. Econmico: Procura em todas as coisa a sua utilidade. Guia - se pela lei do menor esforo, econmico no s nas questes relativas ao dinheiro mas, nas questes de tempo e esforo, sistemtico. Assim sendo economiza energia e preocupaes.

6. 5. Tipologia de Kretschemer

A tipologia de Kretschemer um tipo morfolgico e psicolgico e, dividiu a humanidade em trs tipos:

1) O tipo picnico ciclotmico: morfologicamente so pessoas com tendncias para serem gordas e psicologicamente gostam de socializar se; so alegres e bem dispostas. Tm predisposio, no caso de adoecerem com uma doena mental, para a psicose manaco depressiva.

2) O tipo leptossmico esquizotmico: morfologicamente so magros e altos, tendo como trao psicolgico a tendncia para se isolarem e no serem muito sociveis. Tm predisposio para a esquizofrenia.

3) O tipo atltico: so musculosos (no atravs da musculao, obviamente, mas devido a caractersticas hereditrias). So do ponto de vista do comportamento, normalmente quadrados, isto , pouco maleveis e pouco intuitivos. Algumas pessoas deste tipo sofrem de epilepsia.

CAPTULO V A SENSAO E A PERCEPO

1. A sensaoA psicologia estuda o comportamento e os fenmenos psquicos. Os fenmenos subdividem-se em processos, estados e propriedades.

O homem no seu dia-a-dia conduz a sua vida atravs do que ouve, sente, saboreia, v, etc.

Podemos dizer que vivemos recebendo estmulos que excitam os nossos receptores sensoriais (os receptores so constitudos por clulas receptoras).

Tradicionalmente dividimos a experincia em duas classes:

Sensao

Percepo

1. 1. Conceito de sensao A sensao: comea quando a energia oriunda de uma fonte externa ou do interior do corpo, estimula uma clula receptora em um dos rgos sensoriais. Cada clula receptora envia um sinal por meio dos nervos sensoriais at a rea apropriada do crtex cerebral. A sensao recebe os dados brutos do ambiente.

definida por muitos psiclogos como a recepo simples de estmulos, tais como brilho, a cor, o calor ou o sabor.

- o processo elementar que se inicia quando um estmulo excita um receptor.

- o processo psicolgico simples que permite reflectir directamente as propriedades particulares dos objectos.

- A sensao o acto reflexo; o processo psquico produzido pela aco de um objecto sobre um rgo sensorial.

- o processo psquico ligado aos rgos dos sentidos.

Cada criatura, seja o homem ou animais inferiores, tm sensibilidade diferente aos estmulos, o que nos permitem viver pacificamente.

Ex1: o falco ultrapassa cerca de duas vezes e meia o olho (viso) do homem. Voando a 20 metros do solo facilmente localiza a sua refeio de insectos.

Ex2: Apesar do mundo ser uma mancha para a maioria dos cachorros, eles so capazes de usar o focinho (olfacto) para localizar pessoas enterradas, procurar drogas, etc.Mesmo entre os seres humanos temos as nossas diferenas sensoriais quanto maneira de ver as cores, distinguir tons, detectar os cheiros, etc., quer dizer existem em cada um de ns estruturas especializadas para os diferentes estmulos, quer sejam qumicos, mecnicos, sonoros ou luminosos.

Durante a gravidez ou a idade avanada as sensibilidades modificam-se ligeiramente a medida que o organismo se altera.

Os receptores sensoriais so especializados em receber diferentes estmulos que os transformam em impulsos e enviam do SNP para o SNC onde so processados produzindo tanto a sensao como a percepo.

Os receptores especializados so os rgos dos sentidos: audio, viso, tacto, olfacto e gosto.

1.2. Condies orgnicas para ocorrer uma sensaoPara que ocorra uma sensao so necessrias trs condies:

a) Tem de haver uma excitao (estmulo) quer dizer tem de haver a aco de um excitante ou agente provocador sobre um rgo sensorial.

Os excitantes podem ser:

mecnicos (choque, pancada, queimadura)

Fsicos (luz, cor, som, barulho, etc.)

Qumicos (drogas, perfumes e outros irritantes ou substncias qumicas).

b) tem de haver uma impresso sensorial (nervo condutor que efectua a transmisso): que a modificao orgnica que se processa nos rgos sensoriais e que se transmitem por fibras nervosas da periferia para o centro e vice-versa.

c) Tem de haver uma resposta ou reaco (rgo efector):A excitao - condio a) de natureza fsica;

- A impresso sensorial condio b) de natureza fisiolgica;

- A reaco ou resposta condio c) de natureza psicolgica.

A ausncia ou eliminao de uma das trs condies implica o no aparecimento da sensao.

1. 3. Caractersticas ou propriedades da sensaoA sensao apresenta as seguintes caractersticas: qualidade, durao, localizao espacial, adaptao sensorial, intensidade do excitante e tempo de reaco.

a) Qualidade particularidade fundamental que nos d o carcter individual de cada sensao. Permite distinguir uma sensao de outra.

Ex: Sensao visual tem qualidades diferentes como a cor, o brilho, a sombra, etc.

b) Durao caracteriza-se pelo tempo que pode demorar uma sensao.

Ex: Dor de barriga

c) Localizao espacial permite-nos encontrar (localizar) o estmulo no espao. Ex: A msica vem do vizinho;

A mesa est a sua esquerda.

d) Adaptao sensorial quando os nossos sentidos se ajustam a diferentes nveis de estimulao. Essa adaptao pode causar perda da sensibilidade. Ex: Os cozinheiros, depois de algum tempo, chegam a segurar a panela quente sem auxlio de uma pega para o efeito. Criaram calos a temperatura da panela e conseguem suportar por mais tempo em relao as pessoas que no cozinham todos os dias.

e) Intensidade do excitante a fora de actuao de um estmulo.

Ex: Um som pode ser alto ou baixo.

A chapada pode ter mais fora em uma pessoa e no em outra.

f) Tempo de reaco o intervalo de tempo que se passa entre a actuao do estmulo sobre um rgo sensorial e a reaco do organismo face a essa excitao.

O tempo de reaco varivel, depende do funcionamento do sistema nervoso de cada um.

Ex: algumas pessoas bebem 10 cervejas e continuam sbrios e outros no.

As experincias do dia-a-dia demonstram que o tempo de reaco varia:

a) de um sentido ao outro (uns tm grande sensibilidade visual e no olfactiva, outros auditiva, etc.);

b) de um indivduo para outro;

c) No mesmo indivduo de um momento ao outro, segundo as suas disposies fisiolgicas e psicolgicas.

Ex: As 9h00m somos mais activos do que as 12h.

1. 4. Classificao das sensaesPodemos dividir as sensaes em duas classes, segundo o tipo de receptores:

a) Sentidos impressionveis distncia: viso, audio, olfacto.

b) Sentidos impressionveis por contacto directo: tacto e gosto.

Em relao aos receptores dos rgos sensoriais os primeiros a desenvolverem-se so os auditivos e so tambm os primeiros a declinar-se, a partir dos 25 anos.

A viso o sentido mais importante para os seres humanos ao contrrio dos ces (olfacto), dos morcegos (audio) ou dos peixes (paladar).

Na verdade, no vemos com os olhos; vemos com o crebro. As mensagens provenientes dos olhos precisam ser enviadas at ao crebro para que ocorra viso. Os olhos recebem impulsos que so transformados em viso pelo lobo occipital, o mesmo acontece com os outros rgos dos sentidos.

A audio outro sentido do qual os seres humanos muito dependem

A sensao a que chamamos de som a interpretao que o nosso crebro faz do fluxo e refluxo das molculas de ar que batem os nossos tmpanos.

O olfacto sentido mais fraco nos humanos e dez mil vezes mais aguado que o paladar. Nosso olfacto para odores comuns activado por uma protena complexa produzida na glndula nasal.

A teoria da evoluo explica porque nosso olfacto fraco se comparado ao de outros animais. Os animais que possuem o olfacto mais aguado geralmente andam por todo tipo de terreno com a cabea bem prxima ao cho, onde esto os odores mais acres.

Por ex.: os porcos so capazes de sentir o cheiro de trufas enterradas no solo. Os elefantes so capazes de lembrar algo ao mover sua tromba para frente e para trs sobre alguma trilha utilizada muitos anos antes. Quando os nossos ancestrais deixaram de viver nas florestas, seguiram em direco s grandes plancies e comearam a andar erectos, inimigos e presas, plantas comestveis, etc. ficaram ao alcance da viso. Consequentemente o olfacto tornou-se menos importante.

Os seres humano possui 5 milhes de clulas receptoras dedicadas ao olfacto quantidade msera, se comparada s 220 milhes de clulas que um co pastor possui.

O paladar - para compreender o paladar devemos diferencia