|||DNA, Álbum de família e Vontade.

"Tal pai, tal filho." Sempre vi nessa afirmação tanto uma verdade quanto uma espécie de

destino.

Explico.

Desde pequeno, nunca me achei muito parecido nem com minha mãe - uma trabalhadora

absolutamente linda e incansável - e muito menos com meu pai. Pelo menos, digo isso

fisicamente. Meu pai sempre foi franzino fisicamente - eu, sempre fui alto (pelo menos, perto

dele). Em termos de aparência, sempre me denominei 'bem misturadinho'. Mas, em termos de

gênero e de oratória, aí sim, sou exatamente como o meu pai.

Meu pai era um palhaço. Aquele que absolutamente tirava uma situação engraçada de qualquer

outra que fôsse - e com quem fôsse. Uma vez, chegou a chamar a arma que meu avô carregava

de 'espalha-grilho'. Não sei como sobreviveu por aquela... Mas, brincadeiras à parte, algo

sempre me fez se orgulhar infinitamente por ele: ele foi o primeiro cameraman de uma unidade

móvel do Estado, isso na antiga TV Coligadas, sediada em Blumenau.

Aí está o Seu Ilo em cima da unidade móvel.

A TV Coligadas foi 'a culpada', digamos assim, por eu estar aqui agora escrevendo este texto.

No início dos anos 70, neste canal havia o programa 'Mulheres em Vanguarda', para onde

minha mãe (D. Chirle) escreveu uma carta. E meu pai (o tal do Seu Ilo) trabalhava na produção

deste programa (trabalhava como operador de microfone na época)... aí ele 'sorteou' a carta

dela e aí, bem... o resto é história...

Mãe & Pai: 'bem misturadinho'.

Mas o que realmente importa é que extraí do DNA do meu pai a característica que mais me

orgulha: a paixão pela comunicação. Esse é o traço que mais me fez ser o que sou hoje. Eu

poderia até ser franzino que nem ligaria... Essa capacidade que alguns de nós temos em alterar

pontos de vista de alguns, de trazer algo de bom para muitos, de poder até mesmo mudar o

rumo de sua própria história têm algo que me emociona.

E é por isso que escrevo esse texto. Não há como condicionar algo que já está em seu DNA.

Esse texto é um agradecimento àquele homem fanzino do meio da foto abaixo; àquele que

quase sem querer, passou para mim tudo o que ele tinha de melhor.

Nessa foto o Seu Ilo era o mais alto...