12
  A Interpretação da Bíblia para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) – Uma Reflexão Bible’s Interpreting into Brazilian Sign Language (BSL) – A Reflection Ester Correia Trancoso Barbosa Centro de Comunicação e Letras – Universidade Presbiteriana Mackenzie Rua Piauí, 143 – 01241-001 – São Paulo – SP [email protected]  Resumo. E ste trabalho visa incentivar a reflexão sobre a interpretação do texto bíblico para língua de sinais, considerando a importância de teorias de tradução, analisando em que medida elas podem ser aplicadas à realidade do intérprete de língua de sinais em geral e, mais especificamente, a responsabilidade do intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na transmissão da mensagem bíblica para um público diferenciado, que de outra maneira seria excluído devido as suas especificidades comunicativas. Para tanto, analisamos a interpretação de Marília Moraes Manhães da carta de Paulo aos Colossenses para LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), suas escolhas de interpretação em função de seus receptores, baseando-nos nos estudos sobre língua de sinais, na formação de palavras em LIBRAS,  juntamente com a teoria de Karl Simms sobre o texto Sensível, a comparação de Nida e Taber entre Correspondência Formal e Equivalência Dinâmica e a visão Desconstrutivista de Derrida.  Palavras-Chave : Bíblia. Interpretação. LIBRAS ( Língua Brasileira de sinais).  Abstract. T his paper aims at the reflection about interpreting the biblical text into sign languages, considering the importance of theories on translation, analyzing to what extent they can be applied to the reality of the interpreter of sign languages in general and more specifically the LIBRAS (Brazilian Sign Language) interpreter’s responsibility in the transmission of the biblical message to a differentiated audience, which otherwise would be excluded due to their communicative specificities. Therefore, we analyze Marília Moraes Manhães’ interpreting of Paul’s letter to the Colossians into LIBRAS, her choices of interpreting in terms of her receptors, based ourselves on the studies of the sign languages, the formation of words in LIBRAS, together with Karl Simms's theory on the Sensitive text, Nida and Taber’s comparison between Formal Correspondence and Dynamic Equivalence and Derrida’s Desconstructive vision.  Key-Words:  Bible. Interpreting. BSL (Brasilian Sin g Language)

texto interessante

  • Upload
    jukb

  • View
    34

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 1/12

 

 

A Interpretação da Bíblia para a Língua Brasileira deSinais (LIBRAS) – Uma Reflexão

Bible’s Interpreting into Brazilian Sign Language (BSL) – AReflection

Ester Correia Trancoso Barbosa

Centro de Comunicação e Letras – Universidade Presbiteriana MackenzieRua Piauí, 143 – 01241-001 – São Paulo – SP

[email protected]

 Resumo. E ste trabalho visa incentivar a reflexão sobre a interpretação dotexto bíblico para língua de sinais, considerando a importância de teorias detradução, analisando em que medida elas podem ser aplicadas à realidadedo intérprete de língua de sinais em geral e, mais especificamente, aresponsabilidade do intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) natransmissão da mensagem bíblica para um público diferenciado, que deoutra maneira seria excluído devido as suas especificidades comunicativas.Para tanto, analisamos a interpretação de Marília Moraes Manhães da cartade Paulo aos Colossenses para LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), suasescolhas de interpretação em função de seus receptores, baseando-nos nosestudos sobre língua de sinais, na formação de palavras em LIBRAS,  juntamente com a teoria de Karl Simms sobre o texto Sensível, acomparação de Nida e Taber entre Correspondência Formal e Equivalência

Dinâmica e a visão Desconstrutivista de Derrida.

 Palavras-Chave: Bíblia. Interpretação. LIBRAS (Língua Brasileira de sinais).

 Abstract. T his paper aims at the reflection about interpreting the biblical text into sign languages, considering the importance of theories on translation,analyzing to what extent they can be applied to the reality of the interpreter of sign languages in general and more specifically the LIBRAS (Brazilian SignLanguage) interpreter’s responsibility in the transmission of the biblical message to a differentiated audience, which otherwise would be excluded due to their communicative specificities. Therefore, we analyze MaríliaMoraes Manhães’ interpreting of Paul’s letter to the Colossians into LIBRAS,her choices of interpreting in terms of her receptors, based ourselves on thestudies of the sign languages, the formation of words in LIBRAS, together with Karl Simms's theory on the Sensitive text, Nida and Taber’s comparison

between Formal Correspondence and Dynamic Equivalence and Derrida’sDesconstructive vision.

 Key-Words: Bible. Interpreting. BSL (Brasilian Sing Language)

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 2/12

 

 

1. A tradução bíblica no fortalecimento das línguas nacionais

A comunidade surda tem alcançado, ao longo dos anos, seu espaço na sociedade.

Um dos marcos dessa conquista, no Brasil, por exemplo, foi a oficialização da LIBRAS1

 como meio legal de comunicação e expressão. A partir desse momento histórico na vidados surdos2, muitos passos foram dados em prol de sua interação social, efetivamente,como cidadãos. A língua portuguesa, por exemplo, não tem valor superior à LIBRAS noBrasil (apesar de não poder substituir a modalidade escrita da língua portuguesa), pois jáse reconheceu que a língua brasileira de sinais, bem como as outras línguas de sinaisexistentes, é genuína e tão complexa como qualquer outra língua.

Essa constatação evoca, em parte, os primórdios da prática tradutória. Sabe-secomo a disseminação do Evangelho influenciou no desenvolvimento de comunidadesque, por vezes, não possuíam sequer a própria língua registrada ortograficamente, comoé o caso de algumas tribos indígenas. Enfim, foi a tradução da Bíblia para as línguas

vernáculas, que possibilitou o acesso ao conhecimento por parte das comunidadesmenos abastadas e que não dominavam as línguas “consagradas” por uma elite erudita.

Em “Os tradutores na história” de Jean Delisle e Judith Woodsworth (2003), háum capítulo específico que trata justamente do trabalho do tradutor no desenvolvimentodas línguas nacionais.

Entre outros exemplos que embasam esse fato, destacam-se as contribuições deMartinho Lutero que, além de seu papel eclesiástico, promoveu a formação de umalíngua literária alemã. Na África, a associação entre língua e religião contribuiu muito

 para a promoção das línguas locais, graças ao trabalho dos missionários envolvidos nadifusão do Evangelho, além de outros casos em que a circulação da Bíblia na línguafalada pelo povo, incentivou até a alfabetização, fortalecendo assim, o idioma nacional.

Diante desses acontecimentos, nos lembramos da importância de figuras como ado abade l’Epée que preocupado com a salvação das almas dos surdos parisienses,acompanha-os na formalização de uma língua de sinais.

A Bíblia em LIBRAS é um trabalho pioneiro que reforça esse protagonismo dotexto bíblico em projetos que procuram alcançar os mais diversos grupos sociais. Noentanto, a interpretação da Bíblia para uma língua de sinais, envolve processos que nemsempre se enquadram totalmente dentro das teorias desenvolvidas com base no textoescrito de uma língua de modalidade oral-auditiva3

Isso ocorre pelo simples fato de que enquanto a interpretação é uma situação deconcomitância ou simultaneidade da transmissão da mensagem de uma língua de partida

 para uma língua de chegada, a tradução é um processo que dispõe de tempo e recursos

1 LIBRAS é uma das siglas para referir a língua de sinais: Língua Brasileira de Sinais. Esta sigla édifundida pela Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS. LSB é outra sigla parareferir-se à língua brasileira de sinais: Língua de Sinais Brasileira. Esta sigla segue os padrõesinternacionais de denominação das línguas de sinais.2 Surdos são as pessoas que se identificam enquanto surdas.3 língua de modalidade oral-auditiva - As línguas apresentam diferentes modalidades. Uma língua falada éoral-auditiva, ou seja, utiliza a audição e a articulação através do aparelho vocal para compreender e produzir os sons que formam as palavras dessas línguas. (Quadros, 2001, p. 9).

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 3/12

 

 

tais como dicionários e revisor. Além disso, a diferença de modalidades entre umalíngua oral-auditiva e uma língua de modalidade visual-espacial4, implica, por exemplo,que um ouvinte, mesmo sem olhar para o transmissor de uma mensagem, entenda o queele diz, enquanto que a pessoa surda não.

Essas são apenas algumas das questões que levantamos em nossa análise dainterpretação realizada por Marília Moraes Manhães da carta de Paulo aos Colossenses

 para LIBRAS, gravada em DVD no ano de 2005, questionando, basicamente, até que ponto sua preocupação em “facilitar” o entendimento das mensagens religiosas pelossurdos, não fazendo uso dos sinais adotados nas igrejas evangélicas, é positiva, já queesses sinais expressam termos “típicos” de contextos religiosos, como, “graça”,“apóstolo”, além dos nomes dos livros da Bíblia e de seus personagens que muitas vezescarregam significado mais profundo do que aqueles sinais utilizados pela intérprete.

2. LIBRAS - uma língua de verdade

Baseamos nossa análise, primeiramente, nos estudos de Lucinda Brito (1995?)sobre a gramática da LIBRAS. Os estudos lingüísticos sobre as línguas de sinaisconsideram que sua gramática particular é intrinsecamente a mesma das línguas oraissendo os princípios básicos respeitados em ambas as modalidades. Um desses

  princípios, seguindo a linha saussuriana5, é o da dupla articulação, que pressupõe aexistência de unidades mínimas formadoras de unidades complexas (são as unidadesmínimas distintivas e de morfemas ou unidades mínimas de significado). Podemos dizer que as palavras da LIBRAS e do português se estruturam a partir de unidades mínimasespaciais e sonoras, respectivamente. Essas unidades são distintivas porque, quandosubstituídas por outra, geram uma nova forma lingüística com um significado distinto.

Observemos os exemplos:

APRENDER e SÁBADO 

Temos acima duas palavras ou sinais distintos com significados tambémdistintos somente pelo fato de o primeiro sinal - APRENDER - ser articulado na testa ede o segundo - SÁBADO – ser articulado na boca, ou seja, é o ponto de articulação queos distingue. Em português, essas unidades mínimas equivalem aos fonemas /p/ e /b/ das

  palavras pata e bata, pois eles também distinguem as formas lingüísticas e seussignificados. Assim, por terem formas idênticas exceto por uma característica espacial

(ponto de articulação) na LIBRAS e fonética (sonoridade) no português, APRENDER eSÁBADO; pata e bata; podem ser considerados pares mínimos.

4 língua de modalidade visual-espacial – Ao longo do trabalho, essa nomenclatura apresenta variações deacordo com a ênfase que se deseja dar e o contexto em que está inserida: espaço-visual , mais utilizada  para referir à língua de sinais propriamente dita, que se articula no espaço e é percebida visualmente;visual-espacial , usada para designar, principalmente, a modalidade da língua de sinais, enfatizando seuaspecto visual;  gestual-visual mais ligada ao canal ou meio de comunicação, enfocando os movimentosgestuais e expressões faciais que são percebidos pela visão.5 linha saussuriana – Refere-se à teoria lingüística de Saussure.

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 4/12

 

 

Outro ponto importante a ser considerado sobre a língua de sinais é que não existeuma língua universal com a qual surdos de todo o mundo podem se comunicar entre si.Pelo contrário, além de existirem línguas diferentes, inclusive dentro de um mesmo país(como é o caso da língua de sinais da comunidade indígena da floresta amazônica,

Urubu-Kaapor, e a LIBRAS no Brasil), pode-se observar registros diversos (por categoria profissional, status social, idade, nível escolar etc.), além de dialetos regionais.É importante ressaltar, portanto, que apesar de a iconicidade ser mais evidente nasestruturas das línguas de sinais do que nas orais pelo fato de o espaço parecer ser maisconcreto e palpável do que o tempo utilizado pelas línguas orais-auditivas queconstituem suas estruturas através de seqüências sonoras que basicamente se transmitemtemporalmente, as formas icônicas das línguas de sinais não são universais ou retrato darealidade.

[...] cada língua de sinais representa seus referentes, ainda que de formaicônica, convencionalmente, porque cada uma vê os objetos, seres e eventosrepresentados em seus sinais ou palavras sob uma determinada ótica ou perspectiva. (Brito, [1995?]).

O exemplo que Ferreira Brito usa é o sinal ÁRVORE que em LIBRASrepresenta o tronco da árvore por meio do antebraço e os galhos e as folhas por meio damão aberta e do movimento interno dos seus dedos enquanto que, o sinal para o mesmoconceito em LSC (língua de sinais chinesa) representa apenas o tronco com as duasmãos semi-abertas e os dedos dobrados de forma circular.

ÁRVORE (LIBRAS) ÁRVORE (LCS) 

2.1. A criação de novos sinais na LIBRAS

Valendo-nos também da reflexão feita por Vilmar Silva e Fábio Irineu da Silva(2002?) sobre a criação de novos sinais para a disciplina de informática do curso dedesenho técnico ministrado no Centro Federal de Educação Tecnológica de SantaCatarina para jovens e adultos surdos. Basicamente, em todas as línguas humanas, oraisou visuais-espaciais, as palavras/sinais pertencem a uma categoria lexical. Assim, tanto

as línguas de sinais, quanto as línguas faladas, possuem um léxico e um sistema decriação de novos sinais em que as unidades mínimas – morfemas – são combinadas.Alguns desses processos, entretanto, diferem das línguas orais:

[...] nas línguas orais a criação de palavras morfologicamente complexas sãomuitas vezes formadas pela junção de um prefixo ou sufixo a uma raiz.Enquanto, nas línguas de sinais os processos para criação de sinais resultamde processos não-concatenados em que uma raiz é enriquecida commovimentos e contornos no espaço de sinalização” (BELLUGI; KLIMA,1979).

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 5/12

 

 

Assim, enquanto em uma língua oral temos uma derivação “linear”, por exemplo, acrescentado o sufixo – dor – à direita do verbo – distribuir – e formando osubstantivo – distribuidor – . Em LIBRAS, vemos que nos sinais SENTAR eCADEIRA, a mudança na categoria lexical, de verbo para substantivo, ocorre por um

 processo de derivação baseado em uma mudança “não-linear”, o movimento.Vejamos:

SENTAR e CADEIRA

(Dicionário de LIBRAS ilustrado - SP)

Observando os processos de formação dos sinais utilizados por professor ealunos na disciplina de informática, primeiramente, os autores consideraram, entreoutros aspectos, a criação de sinais a partir da apropriação do português, em que “a

configuração da mão representa a primeira letra da palavra em português, ou a palavra ésoletrada manualmente6 na seqüência de configurações de mão tendo umacorrespondência com a seqüência de letras escritas no português.” (SILVA, Vilmar;SILVA, Fábio Irineu da, [2002?]). É o caso do sinal para formatar:

Os autores ressaltam que para Quadros e Karnopp (2003), “esses sinais fazem parte do léxico periférico da LSB7. São sinais não-nativos8 que foram incorporados pelascomunidades surdas brasileiras pela influência direta da língua portuguesa. (SILVA,Vilmar; SILVA, Fábio Irineu da, (2002?, p.8, grifo nosso).”

 Na interpretação de Colossenses por Marília Manhães, assim como o sinal criado para formatar, muitos sinais bíblicos sofrem a influência do português. Os nomes doslivros, por exemplo, trazem as configurações de mão de acordo com a primeira letra donome do livro:

6 soletração manual ou datilologia – às vezes, a Libras não tem um sinal lexical específico para designar um certo significado. Nesses casos, a Libras emprega a soletração digital da palavra escrita em Portuguêsque corresponde a esse significado, ou a da palavra. (CAPOVILLA, 2001, p.50), ou seja, são utilizadas asconfigurações de mão que correspondem a cada letra do alfabeto para “soletrar” uma palavra . 7 LSB – No trabalho citado, Quadros e Karnopp utilizam a sigla LSB que segue os padrões internacionaisde denominação das línguas de sinais.8 nativo – entende-se aqui por nativo aquilo que é próprio de determinada comunidade. Ou seja, aLIBRAS é a língua nativa dos surdos brasileiros.

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 6/12

 

 

O interessante desses dois sinais mostrados é que se tratam de sinais da LIBRASque apenas sofreram uma alteração da configuração de mão9. 

COMEÇAR LEI

3. Alguns aspectos das teorias de Nida e Taber, Simms e Derrida sobre atradução

Com base nos pressupostos sobre as especificidades das línguas de sinais, podemos considerar até que ponto teorias sobre tradução, produzidas pelos autores aquiselecionados, têm dado conta das questões que podem envolver esse processoespecífico, levando em consideração a crítica quanto à artificialidade dos sinaisconvencionados pelas igrejas evangélicas que a intérprete Marília Manhães, cujo

trabalho analisamos, opta por não utilizar.

Dentre essas teorias, destacamos a comparação feita no trabalho de Nida e Taber (The Theory and Practice of Translation, 1982) entre a   Dynamic Equivalence

(Equivalência Dinâmica) e a Formal Correspondence (Correspondência Formal) dasrespectivas versões da bíblia “Today’s English Version” (TEV) e “Revised StandardVersion” (RSV). A primeira, mais centrada no receptor da língua de chegada, namaneira como ele reage à mensagem, buscando provocar a “mesma reação” do leitor dalíngua de partida. A segunda, isto é, a Formal Correspondence, priorizando a forma e oestilo do texto da língua de partida. O que é importante apontarmos, aqui, é que a versãoda Bíblia Tradução na Linguagem de Hoje (TLH), utilizada pela intérprete MaríliaManhães, segue o mesmo “estilo” da (TEV), enquanto a versão Revista e Atualizada de

João Ferreira de Almeida se assemelha à (RSV).

  Nida e Taber consideram que muitas vezes, o significado das palavras queaparecem na Bíblia depende do contexto cultural em que os textos foram escritos.

9 é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Pelas pesquisas lingüísticas, foicomprovado que na LIBRAS existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto manualutiliza apenas 26 destas para representar as letras. (STROBEL, K.L.; FERNANDES, S.,1998, p.8)

Gênesis Sinal: Uma das mãos em G, simulando osinal começar.Significado: O começo de tudo.

ÊxodoSinal: E na palma da mão.Significado: Êxodo o Livro da Lei. 

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 7/12

 

 

Assim, em muitos casos, seria uma opção inventar novos termos para expressarem, nocontexto da língua de chegada, o sentido que tinham na língua de partida, mas osteóricos propõem uma outra solução: “In these instances it is better for the translator toselect the meaning which is seems best supported by all the evidence and to put this in

the text, while placing the other in a marginal note (1982, p. 8, grifo nosso)”10.Mas como inserir essa “nota de rodapé” em um texto interpretado e não escrito?

  Na interpretação de pregações para LIBRAS em igreja evangélica, pudemos viver experiências que se enquadram nessa situação de precisar fazer uma “nota de rodapé”

 para que o receptor da mensagem compreenda o significado de determinado termo outrecho em seu contexto original, faz-se isso movimentando as mãos espalmadas

 paralelas ao lado do corpo, colocando, assim, o assunto de lado. São verdadeiras notasde rodapé que servem como uma explicação à parte para que os surdos se inteirem dealgum assunto ou termo que faz parte de outra cultura, por exemplo. Isso quando o

 próprio pregador não traz essa explicação em sua fala, o que ocorre muitas vezes parasituar os ouvintes do contexto cultural do próprio texto bíblico.

Podemos nos referir aqui, ao termo, Circuncisão, que aparece na interpretação queanalisamos. Não seria esse um caso para uma “nota de rodapé”? Ou será que asoletração manual da palavra em português que a intérprete Marília Manhães realiza ésuficiente para que o público surdo compreenda seu significado? A não ser que esseconhecimento já tenha sido adquirido por eles.

3.1 O texto bíblico como texto sensível 

Para o autor, o “conteúdo” é parte do que faz um texto sensível, além de outroselementos. Simms fala de conteúdo e não de tema, pois um texto médico pode ter sexocomo tema sem, contudo ser considerado ofensivo como pornografia poderia ser. (1997,3-4.). Diante disso, o autor aponta três questões contextuais: onde determinado textoestá inserido, para que público foi escrito e quem o lê (que pode não fazer parte do

 público-alvo do texto e se sentir ofendido). Simms aponta ainda quatro formas pelasquais um texto pode ser considerado sensível pelas objeções que causa por motivosligados ao estado, à religião (ou cultura), à decência (ou pudor), ou a determinadas

  pessoas em particular. Com relação aos textos sagrados, especificamente, o que fazdeles sensíveis, segundo Simms, é a crença de que expressam as intenções do Autor Original, assim o “autor do texto” no senso comum é meramente um escriba, alguémque transcreve uma Palavra mais originária com a qual ele é inspirado.(SIMMS, 1982,

 p.19)..

A partir desses pressupostos do que seja um texto sensível, entre outrasconsiderações o autor se posiciona em relação à tradução “livre” que para ele não é algoeducativo, pois não permite que o destinatário encontre a mensagem por ele mesmo a

 partir de uma imersão na cultura-fonte, tendo que tirar das palavras do tradutor o que amensagem expressa ser a “verdadeira”.(SIMMS, 1982, p. 9).

[...] nowadays the use of square brackets containing words or phrases fromthe source language together with explanatory footnotes is more the norm.

10 Nessas circunstâncias é melhor para o tradutor selecionar o significado que parece ser melhor sustentado por toda a evidência e colocar esse no texto, enquanto coloca o outro em uma nota de rodapé (NIDA; TABER, 1982, p. 8, tradução nossa.).

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 8/12

 

 

The advantage of this is that it is democratic and that this democracy comesfrom the pro-active intertextual reading experience, not as a gift from thetranslator. The translator is (highly) visible, but through the use of textualapparatus the reader knows which is the translator’s material and which thesource test’s. (SIMMS, 1982, p. 10)11 

A partir dessa afirmação, Simms considera que isso é uma questão de  prioridades do tradutor, já que Nida e Taber, por exemplo, estão explicitamente preocupados com a tradução da Bíblia como um instrumento de evangelismo, enquantoque outros podem considerar mais importante ensinar às pessoas como se ler.

Referimo-nos aqui, especificamente, a algo que poderia ser feito na interpretaçãode Marília Manhães de forma a enriquecer o público surdo no conhecimento de outrasculturas como as que a Bíblia apresenta, utilizando para isso explicações dedeterminados conceitos que no texto escrito seriam as “notas de rodapé”, apontadasanteriormente.

Outro problema que o autor soma a esse é a questão da “funcionalidade”, que

 Nida retoma. O exemplo citado por Simms é o trecho da oração do Pai Nosso “o pãonosso de cada dia nos dá hoje;” que pode ser causar engano em partes do mundo onde

 pão é um item de luxúria, a intenção funcional do original claramente é “alimento” nosentido mais geral. Assim podem ser necessárias adaptações do texto original para umacultura diferente, mas isso dá margem para objeções muito fortes, uma vez que é a

 precisão referencial do texto que garante sua autenticidade.

Talvez seja interessante assinalar com vistas a essa funcionalidade que, apesar deo surdo viver e conviver com as pessoas ouvintes de seu país, isso não significa que suacultura seja necessariamente ou mesmo estritamente a mesma compartilhada por ouvintes. Já comentamos no capítulo anterior sobre comunidade surda que além de

 possuir sua língua própria como marca cultural, também partilha de uma diferente visão

de mundo, inclusive em relação aos ouvintes com os quais convive.

3.2 Tradução entre a modalidade oral-auditiva e espacial-visual

Karl Simms inclui em seus estudos sobre a tradução as línguas de sinais,considerando, o mundo diferente em que vivem as pessoas com quatro sentidos em vezde cinco. Sem desmerecer, as pessoas com um sentido a menos, mais especificamente ossurdos, o autor ressalta que a sensibilidade também é uma questão através dasmodalidades.

Esse tema é mais aprofundado no texto Seeing the difference: Translation across

modalities (Vendo a diferença: tradução entre modalidades) de Mary Brennan em que, basicamente, a autora desenvolve sua reflexão com base em uma interpretação jurídica  para língua de sinais em que todo o processo girou em torno de como o réu haviasegurado uma faca. Ao falarmos de uma ação comum como sentar em uma cadeira,

 podemos utilizar a palavra “cadeira” em seu sentido neutro sem especificarmos de que

11 [...] atualmente o uso de colchetes contendo palavras ou frases da língua-fonte junto com notas derodapé é mais a norma. A vantagem disso é que isso é democrático e que essa democracia vem daexperiência de leitura intertextual pró-ativa, não como um presente do tradutor. O tradutor é (altamente)visível, mas através de aparatos textuais que o leitor sabe qual é o material do tradutor e qual é o do texto-fonte. (SIMMS, 1982, p. 10, tradução nossa.).

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 9/12

 

 

tipo de cadeira estamos falando, isso já não ocorre na língua de sinais. Precisamos fazer uso de sinais denominados classificadores, eles acrescentam a determinado “nome”características que o distinguem dentro de uma série de possibilidades. Mary Brennancomenta sobre a BSL (Língua Britânica de Sinais):

BSL makes use of a set of morphemes usually termed classifier morphemes.These incorporate categorical information: they tall us something about thecategory of phenomena to which an item belongs. The basis of suchcategorization is very often either the size and shape of objects or the way inwhich human beings interact with objects, in particular, how they get hold of objects. Thus, in BSL, rather than having a single morpheme sign meaning‘give’, there is a range of signs. (SIMMS, 1997, p.98-99)12 

O emprego dos classificadores também ocorre na LIBRAS, uma característica  bem particular das línguas de sinais que pode ser considerada como um recursoenriquecedor que as línguas orais não possuem, o que tem a ver justamente com acaracterística essencialmente visual das línguas de sinais.

Outra peculiaridade das línguas de sinais é a relação de localização queestabelecem entre objetos e/ou pessoas dentro de um espaço determinado. MaryBrennan cita o exemplo da interpretação de um paciente em relação a seu médico, quedevem ser localizados em posições que representem suas localizações físicas reais. Emnossa experiência com interpretações em igreja, quando há um diálogo entre homem eDeus, é como se Deus olhasse do céu pra o homem na terra em posição inferior.

Dois outros sinais que caberiam aqui, mas que na verdade representam umalocalização de certa forma convencionada pela sociedade, seriam: CÉU e INFERNO,enquanto CÉU é localizado na altura da cabeça, INFERNO está em posição inferior.

Vejamos:

(Dois movimentos do mesmo sinal)

Com base nos aspectos específicos da modalidade visual-espacial apontados aquie de outros tantos que demonstram a complexidade da interpretação para as línguas desinais, podemos concluir que a tradução entre modalidades requer do intérprete que vejao mundo com os olhos de seus receptores, neste caso os surdos, de maneira a utilizar osvários recursos peculiares das línguas de sinais como os classificadores para a maior naturalidade possível à interpretação, o que aproximará ainda mais seu público da

mensagem que deseja transmitir.

12 A BSL faz uso de uma série de morfemas geralmente denominados morfemas classificadores queincorporam informações categoriais: dizem-nos algo sobre a categoria dos fenômenos aos quais um item pertence. A base de tal categorização é muito freqüentemente tanto o tamanho quanto a forma dos objetosou a maneira como seres humanos interagem com eles, especialmente como eles os seguram. Assim, emBSL, em vez de haver um único sinal de morfema significando “give” [dar], há vários sinais. (SIMMS,1997, p.98-99, tradução nossa.).

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 10/12

 

 

3.3 A visão Desconstrutivista aplicada à interpretação bíblica 

Derrida considera a língua de chegada e a de partida não como pólos opostos,mas complementares. A partir dessa visão, o teórico se opõe à teoria na qual,

tradicionalmente, a tradução é vista a partir de uma concepção em que se tenta manter intactas as línguas envolvidas no processo tradutório. O que Jacques Derrida propõe emsua visão desconstrutivista é encarar a tradução como acontecimento da linguagemsendo que, na leitura que Paulo Ottoni faz de Derrida em  A tradução da différance:

dupla tradução e double bind , artigo publicado pela Revista de lingüística ALFA:

[o tradutor] é um sujeito que intervém de maneira efetiva na transformação e produção de significados, por meio de uma espécie de implante, de enxerto,de contaminação entre as línguas envolvidas na tradução [...]” (SISCAR;RODRIGUES, 2000, p.46).

Como deixar de lado, então, que essa efetividade se aguce, ainda mais quandotratamos da tradução de um texto sensível como a Bíblia? Ou seja, por mais que MaríliaManhães não queira “contaminar” a LIBRAS com os sinais criados pelas igrejas paradesignar termos bíblicos, a própria posição da intérprete de utilizar outros meios paratransmitir a mensagem é intervir de maneira efetiva na transformação e produção designificados, pois como já vimos anteriormente, por mais que a intérprete não faça usodesses sinais que considera artificiais, utiliza os considerados empréstimos, soletrandomanualmente muitas palavras do português, o que também é um tipo de“contaminação”.

Toda a problemática desconstrutivista de Derrida, portanto, gira em torno do queele chama double bind : a necessidade e a impossibilidade da tradução, que, segundo oteórico, é algo que deve ser suportado, é um desejo de se apropriar do original quandotraduzimos, contra o qual nada se pode fazer, sem o qual não haveria tradução (Siscar;Rodrigues, 2000, p.46).

A partir dessa visão podemos concluir que, as considerações teóricas tradicionaisda tradução podem se equivocar ao considerar que o ato de traduzir se resuma a ummero transporte de conteúdos, quando na verdade até a própria posição de não se“mostrar” em sua tradução enquanto tradutor “invisível”, é um ato de violência paracom o texto original, pois a partir do momento que ele passa a ser traduzido, é inevitávelque sofra um ato de violência, “ou seja, a violência da tradução, de toda e qualquer atividade de comunicação, passa a ser uma questão a ser investigada e compreendida, enão vista como fonte de embaraço” (SISCAR; RODRIGUES, 2000, p. 125). Assim, otradutor sempre estará em dívida com o texto original, o que não deve desmotivá-lo, noexercício de sua tarefa mesmo que para isso dependa constantemente de “perdão”.

4 Análise da interpretação do texto bíblico para a LIBRASConsideramos no trecho a seguir, algumas questões tradutórias pontuais que

envolveram a interpretação da carta de Paulo aos Colossenses para a LIBRAS feita por Marília Moraes Manhães.

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 11/12

 

 

A palavra “apóstolo”, por exemplo, é traduzida pelo sinal SEGUIR, o quesustenta a idéia de que simplesmente seguir a Jesus é o mesmo que ser seu apóstolo,

  palavra que carrega um sentido muito mais profundo de discípulo, embaixador,ministro.

Outra tradução que consideramos é a da palavra “Cristo” pelo sinal JESUS.Como o próprio sinal JESUS indica pela sua iconicidade (dando ênfase aos pregos nasmãos de Jesus), ele não está especificando, necessariamente, o Salvador prometido por Deus ao seu povo, o Messias, mas aquele homem que nasceu de Maria e que após levar uma mensagem às pessoas de sua época foi crucificado, considerando que a maioria dos

  judeus até hoje aguarda a vinda do Cristo, pois não reconhecem em Jesus o Salvador 

 prometido por Deus e anunciado pelos profetas.Por fim, tomamos a tradução da palavra graça por AMOR. Essa palavra não tem

um significado apenas no contexto religioso ou bíblico, mas pode ser referida tambémem outro contexto em que alguém está em posição de autoridade para conceder umfavor imerecido a outrem, como por exemplo um rei e um servo. Biblicamente, a graçadiz respeito, principalmente, ao favor de Deus para as pessoas que como pecadoras nãomereciam o Céu ou a salvação da morte, mas Deus por sua infinita Graça concede essefavor a todo aquele que confessar a Jesus como Senhor.

 Notamos assim, que mesmo que a intérprete não considere os sinais bíblicos domanual O clamor do Silêncio adequados à LIBRAS, a simples não-utilização dos

mesmos sem ao menos uma “nota explicativa” não é suficiente, pois culmina, inclusive,em perda de significado.

A análise da interpretação do texto bíblico feita por Marília Manhães nos leva aconclusão de que a teoria da tradução pode ser aplicada às línguas de sinais de forma“satisfatória” se entendermos por isso que a tradução em si, seja ela de que natureza for,visual ou auditiva, implica, basicamente nas mesmas indagações ou desafios que seapresentam ao tradutor bem como a qualquer indivíduo que queira compreender amensagem do outro, ou mesmo que deseje converter em palavras o seu pensamento ousentimento, mas que, inevitavelmente, encontra na expressão verbal uma enorme

Texto Bíblico

PortuguêsBíblia na Nova Tradução na

Linguagem de Hoje 

LIBRASInterpretação de

Marília Moraes Manhães

Colossenses

1:1-14

Carta de Paulo aos Colossenses  CARTA P-A-U-L-S C-O-L-O-S-S-E-N-S-E-S  

1Saudação 1Eu, Paulo, *apóstolo deCristo Jesus pela vontade de Deus,escrevo junto com o irmão Timóteoesta carta

EU PAULS SEGUIDOR JESUS MOSTRAR DESEJO D-E-U-S SENHOR ESCREVER JUNTOHOMEM T-I-M-O-T-O ESCREVER CARTA

2ao povo de Deus que mora na cidadede Colossos, os nossos fiéis irmãos emCristo.

DAR PESSOAS CONFIAR DEUS VIDACIDADE C-O-L-O-S-S-O-S TAMBÉM CRENTEVERDADE

Que a *graça e a paz de Deus, o nossoPai, estejam com vocês!

AMOR DEUS PAI ABENÇOAR VOCÊS

5/12/2018 texto interessante - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/texto-interessante 12/12

 

 

 barreira, muitas vezes intransponível, com relação à efetiva transmissão de sua idéia. Noentanto, é papel do tradutor não se acomodar diante do desafio da tradução, masconsiderar o papel que tem nas conquistas de todo um grupo, pelas relações sociais queestabelece, pois sua atuação é, muitas vezes, fundamental, para o crescimento de uma

comunidade que de maneira alguma deve ser excluída devido as suas especificidadescomunicativas, como é o caso das línguas de sinais.

Referências

ARAÚJO, Oliveira de. O clamor do silêncio: manual de sinais bíblicos. Rio de Janeiro: Junta de missõesnacionais, 1991.

Bíblia Sagrada: Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.

BRANDÃO, Flávia (Coord.). Dicionário de LIBRAS ilustrado. São Paulo: Imprensaoficial, 2006.

BRITO, Lucinda Ferreira.   Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,1995.

 _______. Língua brasileira de sinais – LIBRAS. Disponível em: www.surdo.org.br. Acesso em: 17 abr.2006.

CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkiria Duarte.   Dicionário enciclopédico ilustrado

trilíngüe da língua de sinais brasileira. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: ImprensaOficial do Estado, 2001.

Delisle, Jean; WOODSWORTH, Judith. Os tradutores na história. São Paulo: editora Ática, 2003.

MADUREIRA, Mariú Moreira. O texto sagrado e sua sensibilidade na tradução. 2004. Trabalho deConclusão de Curso (Graduação em Letras-Tradutor) – Faculdade de Filosofia Letras e Educação,Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2004.

MANHÃES, Marília M.   A Bíblia em libras: carta de Paulo aos colossenses.Rio de Janeiro: Missõesnacionais, 2005.

 NIDA, Eugene A; TABER, Charles R. The theory and practice of translation. Leiden: Brill, 1982.

Ottoni, Paulo Roberto.   A tradução é desde sempre resistência: reflexões sobre a teoria e história datradução. Alfa - Revista de Lingüística, São Paulo, n. 41, p. 159-68.

QUADROS, Ronice Müller de; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos lingüísticos. PortoAlegre: Artes Médicas, 2004.

 ______. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Brasília: MEC, 2002.

SACKS, Oliver. Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

SILVA, Vilmar; SILVA, Fábio Irineu da. A criação de novos sinais na disciplina de informática do curso

de educação de jovens e adultos surdos com profissionalização em desenho técnico: iniciando umaleitura. Disponível em:http://www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes/docs/a_criacao_%20de_novos_sinais %20.pdf Acesso em: 20 abrill.2007.

SIMMS, Karl. Translating sensitive texts: linguistic aspects. Amsterdam, Atlanta: Rodopi, 1997.