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1 O CIÚME: UMA ABORDAGEM BIOENERGÉTICA José Gilson Farias Cavalcanti A TEMÁTICA A temática do ciúme tem estado presente, com alguma freqüência, na minha atividade clínica, ora na queixa inicial, ora durante o processo terapêutico. É curioso observar que, embora o tema esteja mais ligado às relações amorosas, apresenta-se, também, relacionado a irmãos, aos pais e a objetos preferidos. A forma de lidar com o ciúme, em seus diversos graus, parece guardar relação com o caráter. Neste estudo, o ciúme será tratado no contexto da relação amorosa entre duas pessoas que assumem um compromisso de estarem juntas. O ciúme permeia as relações humanas e, mais precisamente, as relações amorosas. É nesse campo que o sofrimento parece ser maior. Outro fato interessante prende-se a uma certa”universalidade” desse sentimento na cultura do homem “civilizado”. Perpassa o tempo e a geografia. Na história do homem esse assunto o acompanha, independentemente do lugar onde tenha habitado. O tema é por demais instigante por essa ‘universalidade” e porque as paixões humanas são sempre atualíssimas. Sente-se ciúmes e fala-se de ciúmes com muito mais freqüência do que supomos. Isso pode ser percebido claramente ou inferido nas entrelinhas de conversas íntimas, nas “rodas” de bate-papo e em outras situações. As teorias populares sobre o assunto são vastas. Vão da indicação de amor até a insanidade. Por ter uma gradação de intensidade, o ciúme tem uma escala de conseqüências nas relações: do rompimento ao fortalecimento das relações. Pode ser justificado por dados da realidade, mas pode ser fruto da imaginação, podendo fazer parte de um quadro de paranóia.

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Uma análise do Ciúme sob a ótica da Análise Bioenergética

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O CIÚME: UMA ABORDAGEM BIOENERGÉTICA

José Gilson Farias Cavalcanti

A TEMÁTICA

A temática do ciúme tem estado presente, com alguma freqüência, na minha

atividade clínica, ora na queixa inicial, ora durante o processo terapêutico. É

curioso observar que, embora o tema esteja mais ligado às relações amorosas,

apresenta-se, também, relacionado a irmãos, aos pais e a objetos preferidos. A

forma de lidar com o ciúme, em seus diversos graus, parece guardar relação

com o caráter. Neste estudo, o ciúme será tratado no contexto da relação

amorosa entre duas pessoas que assumem um compromisso de estarem

juntas.

O ciúme permeia as relações humanas e, mais precisamente, as relações

amorosas. É nesse campo que o sofrimento parece ser maior. Outro fato

interessante prende-se a uma certa”universalidade” desse sentimento na

cultura do homem “civilizado”. Perpassa o tempo e a geografia. Na história do

homem esse assunto o acompanha, independentemente do lugar onde tenha

habitado. O tema é por demais instigante por essa ‘universalidade” e porque as

paixões humanas são sempre atualíssimas. Sente-se ciúmes e fala-se de

ciúmes com muito mais freqüência do que supomos. Isso pode ser percebido

claramente ou inferido nas entrelinhas de conversas íntimas, nas “rodas” de

bate-papo e em outras situações. As teorias populares sobre o assunto são

vastas. Vão da indicação de amor até a insanidade. Por ter uma gradação de

intensidade, o ciúme tem uma escala de conseqüências nas relações: do

rompimento ao fortalecimento das relações. Pode ser justificado por dados da

realidade, mas pode ser fruto da imaginação, podendo fazer parte de um

quadro de paranóia.

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O ciúme também traz no seu bojo temas transversais como inveja, raiva,

fidelidade, amor. Daí a riqueza e a complexidade desse tema tão antigo, tão

atual e interessante para a atividade clínica. Esses temas são pontas de

icebergs que precisam de uma investigação no inconsciente para a

compreensão de como foi formado no indivíduo, as possíveis repressões a ele

ligados, bem como toda a cadeia formada pelos intrincados eventos de uma

vida humana .

Para aprofundar a discussão sobre o ciúme e complementar as considerações

teóricas elaboradas, realizamos uma pesquisa de campo

A investigação procurou dar um foco na relação do ciúme com a classificação

caracterológica da Bioenergética. Assim, pretendeu-se descobrir se existe uma

relação mais estreita entre a adoção de comportamentos indicativos de ciúme e

o caráter oral. Para tanto, a pesquisa abrangeu os 5 (cinco) tipos de caráter da

Bioenergética: esquizóide, oral, psicopata, masoquista e rígido. A partir das

respostas obtidas, pode-se verificar como as pessoas se comportam quando

sentem ciúmes e estabelecer uma correlação maior entre o caráter oral e o

ciúme.

Na verdade, muito se tem escrito sobre o ciúme, enfocando vários ângulos.

Este trabalho acrescenta, tão somente, uma abordagem bioenergética ao tema

uma vez que o ciúme revela um comportamento específico, constituindo uma

defesa de caráter, na linguagem bioenergética.

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VISÃO CONCEITUAL

Enquanto sentimento, trata-se de um processo que envolve inicialmente os

sentidos (sensação corporal) e, num momento posterior, a elaboração mental

das sensações sentidas. O sentimento está sempre ligado a uma disposição

afetiva em relação a objetos (coisas, seres). Sentir é sofrer a ação de algo

interno ou externo à pessoa que sente. O sentimento é uma reação psicofísica

a um estímulo interno ou externo à pessoa, podendo ser agradável,

desconfortável ou até mesmo aflitivo. Os sentimentos têm intensidades

diferentes. O medo que se sente, por exemplo, pode ser maior numa pessoa

do que numa outra. E até na mesma pessoa a intensidade tem variação de

acordo com o contexto. O prazer sentido pode ser maior numa ocasião e

menor noutra.

O ciúme é um sentimento que pode ser extremamente desconfortável porque

estará sempre ligado à possibilidade maior ou menor de perda do que se ama

e que se pretendia exclusividade de posse. Assim, a perda que se prenuncia

no ciúme não significa necessariamente deixar de ter o objeto, mas a forma

como pensava tê-lo, ou seja, exclusivista.

O ciúme nunca está sozinho como sentimento. Na verdade, desencadeia uma

série de outros sentimentos intrinsecamente ligados a ele. O medo, a

ansiedade, a angústia, a raiva e a tristeza fazem parte da “cadeia do ciúme”. É

o conjunto desses sentimentos que desencadeará a aflição e o sofrimento,

próprios do ciúme. O medo é o medo da perda, da traição, da competição, do

rival e de si mesmo.

O medo da perda é porque deixará a pessoa sem a propriedade do ser amado.

O ciúme, quando surge de forma intensa, evoca, para quem o sente, o pacto

silencioso de que “eu sou seu(sua) e você é meu (minha)”, vigente enquanto

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durar o relacionamento amoroso. A possibilidade de quebra desse pacto

representa uma perda muita sentida do que se imaginou possuir,

desencadeando um aviltamento ao seu direito. Ter o outro passa a ser um

direito.

O medo da traição provocará a desconfiança. Os estados de prontidão e de

vigilância são acionados; a desconfiança surge ao menor sinal (demonstração

de afeto por outra pessoa).

O medo do(a) rival existe porque a pessoa amada busca num terceiro algo que

não encontra na pessoa. O que tem essa pessoa que movimenta o(a) seu(sua)

amado(a) noutra direção que não para si? Eu nunca sou bom(boa) o bastante

para que se volte somente para mim. O registro é o de que não foi bom(boa) o

suficiente para ter somente para si a pessoa amada. Isso evocará a sua baixa

auto-estima construída nas suas relações primárias, quando suas

necessidades de apoio, segurança e de proteção não foram atendidas na

medida que precisava.

O meda da competição é porque terá que enfrentar um outro, podendo ganhar

ou perder (e a perda já está inscrita, por ocasião da vivência do Édipo); e o

medo de si mesmo porque terá que se confrontar consigo mesmo (auto

percepção mais profunda e, quem sabe, verdadeira)

Esses medos provocados pelo ciúme desencadearão outros sentimentos ( a

ansiedade, a angústia, a raiva) ameaçando não só a estrutura da relação,

como também a estrutura psíquica e, às vezes, a estrutura física das pessoas

envolvidas.

Como qualquer sentimento, é natural o surgimento do ciúme, como são a

inveja, o luto, a raiva, a saudade, a alegria etc. O importante será considerar

sua origem, intensidade, duração, forma de sentir e reagir, a importância que

assume no cotidiano da pessoa e como interfere na vida de quem convive com

ela .

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O ciúme, numa gradação, vai de zelo pela relação amorosa até a insanidade.

De todo modo, o ciúme tem sempre algo de cruel para quem o sente e a quem

ele é direcionado.

Parece ser comum que o ciúme apareça na vida da pessoa como aparecem

outras características suas como criatividade, inteligência, saudade, tristeza.

Há, porém, pessoas nas quais o ciúme assoma como algo monstruoso,

perturbando totalmente a vida das pessoas envolvidas: quem sente ciúme e o

parceiro a quem se destina o ciúme.

Para quem o sente, o ciúme traz consigo uma série de sentimentos negativos e

torturantes, como o medo da perda de alguém, a inveja da maior liberdade e

autodeterminação que se imagina o parceiro ter, a inferioridade perante o rival,

o qual se costuma minimizar com adjetivos pouco elogiosos, mas que

inconscientemente se imagina supervalorizado, as dúvidas sobre si mesmo, os

sentimentos de impotência, dependência, baixa auto-estima, depressão,

desespero. A quem é dirigido, o clima permanente de suspeita, os infindáveis

interrogatórios, as desconfianças contínuas , tornam sua vida um inferno.

Sheakespeare, em Otelo, narra o que pode acontecer com o ciúme patológico:

Otelo mata Desdêmona por ciúme, a partir das intrigas de Iago. De qualquer

forma, o ciúme é marcado pela dor cuja intensidade guarda relação com a

estrutura da personalidade.

Assim, o ciúme também elicia o zelo, a incerteza, a insegurança, a humilhação,

o abandono, a inveja que já estão inscritos na pessoa, tendo em vista sua

história de vida .

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ABORDAGEM PSICANALÍTICA FREUDIANA

No texto “Alguns Mecanismos Neuróticos no Ciúme, na Paranóia e no

Homossexualismo”, Freud coloca que é normal a pessoa sentir ciúmes. Diz ele

que se alguém diz não senti-lo é porque sofreu severa repressão e, por

conseqüência, o ciúme tem um papel ainda maior na vida inconsciente da

pessoa.

Para Freud existem três graus de ciúme:

a) Competitivo ou Normal

Compõe-se do pesar, do sofrimento causado pelo pensamento de perder o

objeto amado e da ferida narcísica. Provoca sentimentos de inimizade e de

hostilidade contra o rival “bem sucedido” e, a depender da quantidade de

autocrítica, responsabilizando-se pela possibilidade de perda.

Esse ciúme tem sua origem, segundo Freud, na vivência do Édipo ou na

relação com os irmãos.

O ciúme pode ser experimentado bissexualmente. Nesse caso, por exemplo, o

homem tem ciúmes da mulher que ama e sofre por isso, mas também sofrerá

porque ama inconscientemente esse homem, sentindo ódio da mulher rival.

b) O Ciúme Projetado

Deriva da própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos nesse

sentido que foram reprimidos. No primeiro caso, como defesa, a pessoa

projeta a infidelidade para a outra. Isso se tornará mais lógico na medida em

que a outra pessoa dá margem a tal fato. No segundo caso, a negação do

impulso da infidelidade é tão forte que encontra escoamento na projeção à

outra pessoa.

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Uma pessoa ciumenta não apresenta tolerância para uma gentileza e até

mesmo um flerte, desconhecendo que isso pode ser uma salvaguarda contra a

infidelidade real. Não acredita existirem interrupção e retorno ao objeto amado

c) O Ciúme Delirante

Tem sua origem em impulsos reprimidos no sentido da infidelidade, mas o

objeto, nesses casos é do mesmo sexo do sujeito. O ciúme delirante torna sua

posição entre as formas clássicas da paranóia.

Como tentativa de defesa contra um forte impulso homossexual indevido, ele

pode, no homem, ser descrito pela fórmula: Eu não o amo; é ela que o ama. A

partir daí, aparecem os delírios que configuram o quadro da paranóia.

Na verdade projetam exteriormente para os outros o que não desejam

reconhecer em si próprios. No caso do ciumento paranóico a projeção

representa uma defesa contra o seu homossexualismo.

Para Freud existem dois momentos formadores de pessoas ciumentas: o

período pré-edípico e o edípico.

Na fase oral do desenvolvimento psicossexual da criança, o prazer está no

sugar o peito que é estendido para outros objetos. Nessa fase, desenvolve-se o

chamado complexo materno caracterizado por um apego excessivo à mãe,

podendo gerar o ciúme dos irmãos, do pai e de quem a mãe goste ou se

relacione. O ciúme assim provocado pode ser excessivamente hostil e

agressivo para com os irmãos, podendo provocar desejos reais de morte deles.

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Na vivência do período edípico, o menino se volta para a mãe de modo afetivo-

sexual. O mesmo se dá com a menina com relação ao pai. Nesse período é

comum que o objeto amado seja só seu e qualquer possibilidade de ameaça de

perdê-lo gera ciúmes e reações hostis contra rivais, principalmente o genitor do

mesmo sexo. A depender da forma como esse período é atravessado pela

criança a inscrição do ciúme será mais ou menos intenso. A saída do período,

caracterizado pela identificação com o pai do mesmo sexo, como forma de

obter o seu objeto, faz com que haja uma renúncia a esse objeto e a busca de

outro semelhante, do ponto de vista sexual. Mas a situação edipiana nem

sempre é vivida sem atribulações e a saída do período pode não se dar desse

jeito. O aprisionamento à essa situação contribuirá para uma fixação

carregada, entre outros aspectos, do ciúme do objeto amado.

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ABORDAGEM BIOENERGÉTICA DO CIÚME

Inicialmente, vamos verificar, no geral, o que faz com que uma pessoa se

relacione amorosamente com outra. Há algo nesse outro que atrai, que faz com

que se queira estar junto. Esse estar junto irá envolver o compartilhamento de

suas vidas. Portanto, o outro atende desejos que ora são conhecidas ora

desconhecidas pelos envolvidos na relação. Das necessidades conhecidas

pode-se localizá-las e enumerá-las: companheirismo, sexo, status, afeto,

dinheiro etc. Das necessidades desconhecidas não se pode falar porque não

se tem acesso a elas. Elas não são conscientes. Mas a não consciência delas

não implica na sua inexistência. A motivação humana é,basicamente,

inconsciente. Assim, há, também, um quantum de energia advinda das

instâncias inconscientes que me levam ao outro; despertam a necessidade de

sua presença. Algo se passa que aciona os desejos, a busca de satisfação de

necessidades.

Somos incompletos por natureza. Nascer é contatar com a falta. É sentir que

precisamos do mundo e das pessoas. Viver representa, em um nível, buscar

preencher as faltas que vão surgindo ao longo da vida. Novamente, vamos nos

deparar com faltas que nos são conhecidas e com outras inconscientes que

aparecem sob a forma de angústia, de ansiedade, de medo, de depressão ou

de pânico, difíceis de serem lidadas.

Perceber-se incompleto e “faltoso” nos faz sofrer. Parece haver uma inscrição

no humano da completude, da potência, da inteireza (será a centelha divina

que habita em nós; o “todo” que habita as partes”? ou a vida intra-uterina?)

porque somente conhecemos um lado quando sabemos do seu oposto. Eu sei

que existe a alegria porque conheço a tristeza. Assim, parece que o que

“perdemos” ao nascer nos arremessa a buscar o que foi perdido para

preencher essa falta primeira. Mas, o que foi perdido? Aí, poderemos nos

lançar a uma série de hipóteses ou de possibilidades. Sem podermos ter a

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precisão, dizemos que perdemos a sensação de estarmos completos, de um

estado de graça. Viveremos, no entanto, com a sensação dessa falta. A essa

primeira falta poderão juntar-se outras ao longo da vida e o “buraco” interior vai

se aprofundando.

Sabemos que a rejeição que um ser pode sofrer ainda no útero ou o abandono

pós-natal ou a desconexão entre o bebê e a mãe ou, ainda, a frieza nos

cuidados dos primeiros anos inscrevem na pessoa (nas dimensões bio-psico-

sócio-espiritual) faltas. A depender da história de cada um (estamos falando

das marcas da própria espécie e da dinâmica familiar diferencial) as faltas

serão mais ou menos profundas. E, aqui, passamos a mergulhar um pouco

mais na etiologia da formação do caráter oral. A formação desse caráter se dá

no primeiro ano de vida quando a necessidade da criança de ter a mãe com

presença calorosa não é satisfeita por morte, doença ou ausência determinada

pela necessidade de trabalhar. A criança vive sucessivas experiências de

privação que inscrevem na sua mente e no seu corpo o abandono. Cansa de

chorar ou de utilizar outra linguagem para expressar sua necessidade de

nutrição, de amor, de contato. Essa falta vai acompanhando o crescimento e

registrando um débito desse seu primeiro grande objeto de amor: a mãe. Cada

falta provoca uma necessidade que impulsiona a pessoa à vida procurando

satisfazê-la. Esse movimento de busca exige o dispêndio de energia. Assim, a

falta “rouba” uma energia que estava harmonizada com o todo, deixando

“buracos” que pedem preenchimento para o restabelecimento do equilíbrio, da

homeostase.

O percurso que a pessoa usa para o restabelecimento da homeostase, para o

preenchimento desses claros e que vão estar inscritos, como já dissemos, no

corpo, na mente e no espírito, é complexo. Os caminhos se transformam em

verdadeiros labirintos cuja saída final desejada é o bem-estar, é o sentimento

de pertencer ao universo, é a aceitação das faltas e da impotência, é o deixar a

vida fluir mais espontaneamente, é a predominância da graça, da beleza e da

harmonia.

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Como muitas dessas faltas nos fazem sofrer porque são dolorosas, utilizamos

mecanismos para suportá-las e seguirmos em frente nas nossas vidas. O

principal deles é a repressão. Outro mecanismo também comum é a negação

da falta, adotando-se uma postura de não reconhecê-las, ou seja “eu não

preciso do outro”. O outro é quem me deve (a noção de que o mundo lhe deve

irá acompanhá-lo pela vida) Como para o inconsciente só existe o sim a

energia represada pelo não reconhecimento da falta exige escoamento. A

negociação necessária será intermediada pelo ego já desenvolvido. Essa

negociação implicará a utilização de mecanismos (defesas) para a vazão do

inconsciente. Portanto a manifestação do inconsciente é, para a pessoa,

incompreensível e sem muito nexo.

As buscas de preenchimento dessas faltas são encetadas por movimentos

interiores mas a pessoa não sabe que essas faltas jamais serão preenchidas

pelos verdadeiros objetivos perdidos. A pessoa não é mais um bebê. Ela não

pode fazer o tempo voltar O que está presente é a agonia pela perda e a

necessidade de preenchê-la. Sem saber da impossibilidade do resgate do

perdido a pessoa busca algo que, de alguma forma, se “pareça” ou “lembre” ou

tenha alguma ligação com o verdadeiro objeto. E isso irá acontecer mais

fortemente quando está amando uma outra pessoa. Por isso dizemos que as

relações de um modo geral, e as amorosas em particular, são carregadas de

transferência. Há algo naquele outro que me faz sentir, pensar e, às vezes, ter

certeza de que vai preencher o meu vazio, vai ser o resgate do perdido, enfim,

encontrei o que estava me faltando.

Mas, é uma ilusão acreditar que o outro possui o algo que me falta. O objeto

perdido jamais será recuperado. Não se pode modificar a história passada. As

paixões são tanto maiores quanto maiores são as faltas. A intensidade da força

da ilusão de completude é a mesma da desilusão posterior, acrescida do

sentimento de fracasso, quando a paixão acaba.

Se eu perdi algo que deixou uma lacuna tão significativa em mim, que me fez

sofrer tanto, ao encontrar um outro em quem acredito me preencherá o vazio,

não quero perder de novo esse objeto. Se eu sinto que encontrei no outro “a

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razão do meu viver”, ficarei feliz e farei tudo para não perdê-lo porque a

experiência de exilado da completude está bem inscrita no meu ser. O que

faço? Tomo posse e me aproprio desse objeto. É meu e de ninguém mais.

Uma vez apreendido por mim, eu vou querer que esse outro seja como eu

quero (como eu idealizei). A posse, a propriedade sobre o outro tem de ser

como eu quero (porque eu preciso assim). Qualquer movimento do outro fora

do meu desejo é percebido como ameaça. Se o outro exerce sua liberdade de

buscar o seu bem-estar com outros objetos (situações ou pessoas) eu sinto

ciúmes. Não sou o único como eu pensava ser ou como eu queria ser para

esse outro. A necessidade de exclusividade é sinal de uma falta profunda

(grande vazio, energia nefasta). O ciúme é, então, um sinal de alerta, de

ameaça de perda desse objeto possuído, dessa “mãe” encontrada. A

possibilidade de perdê-lo ou ter de compartilhá-lo remete a pessoa à estaca

zero na sua busca. É como aqueles joguinhos em que você está já ganhando

e, de repente, tem de voltar e recomeçar tudo de novo. Só que é pior porque

jogo é jogo e vida é vida. Além disso, existe a questão: o que o outro está

procurando num terceiro que eu não tenho (quanto onipotência a nossa!)?

Como se pudéssemos completar totalmente o outro! Como se o mundo do

outro fôssemos nós porque reduzimos o nosso mundo ao outro. Quanto

sacrifício! E por isso, exigimos o mesmo sacrifício (redução do mundo, da vida)

do outro.

Quanto mais o oral exige exclusividade mais torpedeia a liberdade do outro e

mais o afasta de si, sem o saber, e mais o outro se afasta dele. Encerrados

numa relação baseada em suas faltas, fecha-se ao desenvolvimento de sua

potencialidade de amar. Desenvolve um autopoliciamento de si mesmo e um

patrulhamento do outro. Essa relação vai empobrecendo e apodrecendo. O

resultado ou é a acomodação neurótica (não é feliz com o outro, mas sem o

outro também não o será e não ficará sozinho na infelicidade) ou a relação se

desfaz (chega um momento em que um ou os dois não agüentam) ou se

instalam a mentira, a omissão, o medo, o perigo, os escapes entre as partes. E

tudo começou com a ilusão de que o outro preencheria as suas faltas.

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É certamente infantil acreditar e querer que o outro só tenha olhos para si.

Essa ilusão tem assento, novamente, no absoluto que foi a vida intra-uterina,

no narcisismo primário. A impossibilidade de se manter nesse estágio vem com

o nascimento, tornando-se a primeira castração. A outra grande e importante

castração vem com a descoberta de que o desejo da mãe se movimenta em

direção a outra pessoa (pai ou substituto). Mas, a situação extrema da

castração será representada pelo abandono e pelo desamor da mãe, para

quem o filho passa a representar a evidência de sua própria castração.

Portanto, a ilusão de que o outro só quer a mim é o desejo de restauração do

narcisismo primário. Ou seja, encontrar na pessoa amada a total completude

cujos desejos são os meus desejos, sendo igual a mim e que veio para me

salvar da falta.

Energeticamente, a pessoa com predominância da oralidade apresenta baixa

carga (não foi suficientemente energizada de amor). Desenraizada, a energia

de sustentação do corpo (pernas) e que permite a locomoção é pouca. A

respiração (fonte de obtenção de energia) é superficial devido ao fraco impulso

de sugar na infância. A agressividade para a manutenção de seus processos

vitais é reduzida. Cansa-se rapidamente quando engajado numa atividade

contínua. Alterna períodos de elação e de depressão. Elação quando sente que

encontrou numa pessoa a “mãe” com seus significados (amor, proteção,

incentivo, confiança); depressão quando se sente abandonado (mais uma vez).

A libertação pessoal requer confrontos com o individual e com a cultura. Há

uma relação delicada entre a pessoa e o social. Uma é matéria-prima e produto

da outra parte pela influência mútua que exercem. A transformação pessoal

advirá de um investimento em si próprio para si próprio. Esse empreendimento

poderá ser feito sozinho ou com a ajuda de um outro (o outro sempre está

presente)!

A vida será um fardo mais leve até que a gente retorne para o estado de

completude (graça) de onde possivelmente viemos. Sabendo “a dor e a delícia

de ser o que é”(1) descansaremos quando, num outro instante (que difícil,

não?) “repousarmos no Absoluto” (2).

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A PESQUISA

Para aprofundar a discussão sobre o ciúme e complementar as considerações

teóricas elaboradas, realizamos uma pesquisa de campo, focando a

classificação caracterológica da Bioenergética. Assim, pretendeu-se descobrir

se existe de uma relação mais estreita entre a adoção de comportamentos

indicativos de ciúme e o caráter oral. Para tanto, a pesquisa abrangeu os 5

(cinco) tipos de caráter da Bioenergética: esquizóide, oral, psicopata,

masoquista e rígido (histérica e fálico narcisista).

A Pesquisa teve como objetivo averiguar a seguinte hipótese:

A intensidade do sofrimento causado pelo ciúme é maior nas pessoas com

predominância da oralidade do que nas dos demais tipos de caráter, na

classificação da Bioenergética.

A pesquisa foi feita por meio de questionários que foram respondidos por

pessoas acima de 20 anos de idade e que se encontravam, naquele momento,

em processo terapêutico da Análise Bioenergética.

O questionário, de perguntas objetivas, foi elaborado contendo

comportamentos indicativos de ciúme e duas perguntas abertas, ao final, onde

se pretendeu conhecer as reações da pessoa quando ela sente e sabe que

está com ciúmes.

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A amostra da investigação foi formada por clientes de Analistas Bioenergéticos

que se dispuseram a participar da pesquisa. Foram aplicados 25 questionários

assim, distribuídos:

5 – oral

5 – esquizóide

5 – psicopático

5 – masoquista

5 – histérica

5 – fálico narcisista

Os terapeutas escolheram clientes que se dispuseram a participar do

levantamento, de forma anônima.

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DADOS OBTIDOS

Após o tratamento dos dados, classificamos o grau de ciúme conforme o total

de pontos obtidos por cada participante, resultando na tabela que segue.

Tabela 3 – Classificação do Grau de Ciúme, segundo o Caráter

CARÁTER

CLASSIFICAÇÃO

TOTAL POUCO CIUMENTO

CIUMENTO MUITO CIUMENTO

ESQUIZÓIDE

2

3

-

5

ORAL

-

-

5

5

MASOQUISTA

3

-

2

5

PSICOPÁTICO

1

1

-

2

HISTÉRICO

4

1

-

5

FÁLICO NARCISISTA

1

4

-

-

A computação das respostas, traduzida nesta Tabela, permite concluir que os

orais apresentam um maior número de comportamentos indicativos de ciúme e,

portanto, são mais ciumentos e sofrem muito mais com o ciúme do que as

pessoas dos outros caráteres.

As respostas à pergunta aberta (Qual(is) sua(s) reação(ões) quando sente

ciúmes?) foram apuradas por caráter. Assim, as reações computadas dizem

respeito à forma de reagir das pessoas com o mesmo caráter. Uma análise

qualitativa dessas respostas foi feita para a verificação de relação com a

hipótese do trabalho .

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A listagem está por ordem de freqüência ( da maior a menor freqüência) e

foram as seguintes:

Esquizóide

� Fica introspectivo(a)

� Fica calada

� Sente afastamento

� Fica de mau humor

� Disfarça

� Sente raiva

� Chora, mas não na frente da pessoas

� Conversa depois com o(a) parceiro(a)

� Pára e reflete

� Exterioriza o ciúme

Masoquista

� Vontade de gritar, brigar, mas não faz nada

� Medo

� Raiva

� Insegurança

� Calado(a)

� Briga

� Perda do controle

� Fica silencioso(a)

Psicopático

� Incômodo

� Reflexivo

� Auto cobrança de uma postura mais aberta

� inseguro

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Histérica

� Brava

� Briga

� Fica alguns dias sem falar

� Magoada

� Torna-se mais interessante que a rival

� Disfarça

� Medo

� Conversa expressando para o parceiro o ciúme

� Emburrada

� Mãos frias, taquicardia

� Ódio

Fálico Narcisista

� Fica sério

� Irritadiço

� Procura ter certeza se houve ou não traição

� Não admite ser traído

Oral

� Tristeza

� Angústia

� Aperto no peito

� Falta de ar

� Vontade de morrer

� Depressão

� Retraimento

� Insegurança

� Sensação de perda

� Abandono

� Solidão

� Raiva

� Descontrole

� Cobra, briga

� Fúria

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A conclusão é a de que a nossa hipótese foi confirmada, dentro do universo

pesquisado e da metodologia adotada. De qualquer forma, julgamos que a

pesquisa precisa ser aprofundada, em termos de um universo maior de

participantes.

É curioso observar que as reações explicitadas pelas pessoas pesquisadas são

próprias do padrão de resposta dos tipos de caráter, na teoria da

Bioenergética. E essas reações guardam relação com a etiologia dos

caráteres. O ciúme elicia situações passadas, vividas na infância, nos períodos

pré-edípicos e edípicos. Os sentimentos evocados são aqueles que foram

reprimidos e as reações constituem o padrão de resposta construído para

fazer frente a eles e, portanto, para a sobrevivência da criança.

Para uma melhor compreensão faremos uma análise de cada caráter

pesquisado, associando as reações expressas pelas pessoas aos traços de

caráter.

O esquizóide tem reações que lhes são próprias como o afastamento, o voltar-

se para si, o disfarce e a raiva contida. A possibilidade da perda do vínculo, tão

difícil para o esquizóide, o remete ao medo de morrer; à rejeição que sofreu

desde quando estava no útero da mãe.

O psicopático reage sentindo-se incomodado. O que pode estar subentendido

nesse incômodo? A possibilidade de perda do objeto pode significar, muito

provavelmente, o medo de perder o poder sobre o outro, a conquista realizada;

um golpe na sua tirania ou sedução.

O masoquista reage sofrendo com a situação. Tem vontade de gritar, brigar,

afirmar-se, mas não faz nada ou faz muito pouco para expressar o seu

desagrado, a sua raiva. Como disseram, ficam calados(as), silenciosos(as),

submetendo-se à situação. A possibilidade de se ver trocado significa uma

ratificação da humilhação já sofrida antes, por alguém que gostava muito (a

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mãe). Assim, o ciúme no masoquista, suscita a sua baixa auto-estima e, muitas

vezes, o sentimento de culpa por ter feito algo errado para o outro.

A Histérica reage ficando brava, brigando, explodindo ou disfarçando,

procurando enfrentar a rival, tornando-se mais interessante que ela (mãe). O

ciúme pode ser prenúncio de traição, já vivido na fase edípica. Apresenta

somatizações que variam em função das vulnerabilidades físicas de cada uma.

O Fálico-Narcisista diz ficar sério, irritadiço, procurando ter certeza da traição.

Traição é seu núcleo traumático. Como se sentiu traído pela mãe que não o

reconheceu como homem, a possibilidade de repetição dessa experiência na

vida adulta remete-o à experiência vivida anteriormente. Não confiar, não abrir

o coração é o seu lema para não sofrer. O ciúme intensifica o sinal de alerta, a

desconfiança, de uma possível rejeição. É a prontidão para uma possível ferida

no amor-próprio. É perda do controle da situação.

As reações citadas pelos participantes do tipo Oral são perfeitamente

condizentes com o caráter. A tristeza, a depressão, a sensação de perda, de

abandono, o aperto no peito, a falta de ar, a solidão e a raiva são reações

típicas do caráter oral, na teoria da Bioenergética. Reporta o Oral às situações

de abandono a que foi submetido no primeiro ano de vida. O que era para ser o

seu “tudo” deixa de atender às suas necessidades de aceitação, afeto, amor,

toque. A perspectiva de perder o(a) parceiro(a) faz reviver a perda da figura

materna amável.

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Comentários relativos às respostas ao questionário:

Mandar seguir o(a) parceiro(a) ou seguir você mesma(o) e contratar detetive

para fazê-lo obteve o grau mínimo) de todos os caráteres. Isso pode significar

um ciumento mais doentio, não se enquadrando no quadro das neuroses que é

o caso dos caráteres;

Não gostar que o(a) parceiro(a) vá dançar com outra(o) foi apontado pelo grau

máximo dos caráteres oral, psicopático, masoquista e fálico-narcisista..

Provavelmente, um contato mais próximo como é o caso de dançar provoque

ciúme em todos os caráteres;

Os orais responderam no grau máximo a 17 perguntas de um total de 25,

significando, muito provavelmente o quanto são ciumentos;

A pesquisa revela um fálico-narcisista ciumento que controla o sentimento,

expressando-o sem a intensidade vivida. Parece ser muito difícil para ele

admitir que a(o) parceira(o) possa deixar de gostar dele, de admirá-lo, de

continuar a ser sua conquista. A expressão na intensidade vivida representaria

admitir uma vulnerabilidade, a castração, coisa difícil para um fálico-narcisista.

Em apenas duas perguntas os orais apresentaram um grau menor que outro

tipo de caráter: Ouvir telefonemas e preferir não ter uma vida social mais

intensa para evitar que o(a) parceiro(a) tenha contatos com outras pessoas. O

primeiro caso aparece como uma surpresa visto que revelaram abrir

correspondências, examinar bolsos, carteiras, roupas, celular, extratos de

cartão de crédito, etc. Talvez ouvir telefonema os coloquem mais em risco de

serem flagrados do que fazer as outras verificações. Quanto ao segundo caso,

evitar uma vida social mais intensa represente a possibilidade de dividir a

atenção, o afeto com outras pessoas que, provavelmente, estarão

representando os irmãos.

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CONCLUSÕES

O presente estudo teve como objetivo abordar o tema ciúme, focando-o nas

relações amorosas entre duas pessoas que decidiram assumir um

compromisso de estarem juntas, estabelecendo uma relação entre o caráter,

na teoria de Alexander Lowen, e o grau de ciúme sentido, através da

expressão de comportamentos indicativos de ciúme.

O ciúme, enquanto um sentimento de ameaça de perda do objeto amado, é

natural do ser humano. A intensidade do sentimento é que vai variar de pessoa

a pessoa e guarda relação com o caráter de cada uma.

O ciúme desencadeia outros sentimentos que a ele estão ligados como medo,

ansiedade, angústia, raiva, tristeza, inveja, insegurança, entre outros. Isto quer

dizer que o ciúme nunca surge sozinho. Associado a ele assomam outros que

irão constituir a “cadeia de reação” da pessoa com ciúme. As reações podem

ser classificadas em neuróticas (em se tratando de caráter) e psicóticas

(quando a pessoa possui uma estrutura psicótica desenvolvida, como é o caso

da paranóia). O ciúme pode significar um zelo pelo objeto amado até uma

demonstração de insanidade, a depender, é claro, do grau do sentimento e da

reação provocada por ele.

Do ponto de vista teórico, embasamos a hipótese (os orais são mais

ciumentos) na etiologia do caráter oral, onde o abandono da mãe sentido pelo

bebê, provocará uma falta de amor, de carinho, de toque, de aceitação que o

acompanhará durante sua vida adulta. Essa falta inscrita irá provocar

comportamentos de busca de preencher o vazio deixado por essa mãe. O

encontro com uma pessoa por quem sente amor desencadeará uma ilusão de

encontro com um objeto que preencherá o grande vazio que o acompanha.

Assumirá uma atitude de posse exclusiva e qualquer possibilidade de essa

outra pessoa relacionar-se com terceiros poderá ser sentida como uma

ameaça à “estabilidade” conseguida. Surgirá, então o ciúme num grau elevado,

adotando comportamentos indicativos de ciúme.

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Para testar essa hipótese, procedemos a uma pesquisa de campo, onde

pudemos investigar que comportamentos são adotados, na média das

situações, por pessoas de caráteres diferentes na teoria da Bioenergética.

Estabelecemos uma comparação das reações explicitadas pelos participantes

da pesquisa e concluímos, tendo em vista a metodologia adotada, que,

realmente, os orais apresentam um maior número de comportamentos

indicativos de ciúme e, portanto, são mais ciumentos e sofrem muito mais com

o ciúme do que as pessoas dos outros caráteres.

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7. BIBLIOGRAFIA

FREUD, Sigmund.Alguns mecanismos Neuróticos no Ciúme, na Paranóia e

no Homossexualismo. Traduzido por Jayme Salomão. Standard Brasileira e

Imago: Rio de Janeiro. 1980.

LOWEN, Alexander. Bioenergética. Traduzido por Maria Silvia mourão Netto.

Summus: São Paulo. 1982.

LOWEN, Alexander. O Corpo em Terapia: a abordagem bioenergética.

Traduzido por Maria Silvia Mourão Netto. Summus: São Paulo. 1977.

REICH, Wilheim. Análise do Caráter. Traduzido por M. Lizette Branco e

Maria Manuela Pecegueiro. Martins Fontes: São Paulo. 1980.

ELSWORTH, F. Baker. O Labirinto Humano – Causas do Bloqueio da

Energia Sexual. Traduzido por Maria Silvia Mourão Netto. Summus: São

Paulo. 1980.

BUSS, David M. A Paixão Perigosa. Traduzido por Myriam Campelo.

Objetiva: Rio de Janeiro. 2000.

SHAKESPEARE, William. Otelo. Traduzido por Beatriz Viegas Faria. L&M

Editores: Porto Alegre. 2001