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Texto - Operacionalidade Máxima na Polícia Militar

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Page 1: Texto - Operacionalidade Máxima na Polícia Militar

NASSARO, Adilson Luís Franco. Operacionalidade Máxima na Polícia Militar. Disponível em: <http://www.ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/08/operacionalidade-maxima-na-policia.html>.

Operacionalidade Máxima na Polícia Militar

Adilson Luís Franco Nassaro

As pessoas clamam por mais policiamento quando se sentem inseguras. Em

contraste com o recorrente pedido de “mais policiais nas ruas”, é fato que todos os

recursos são naturalmente limitados e não há mesmo possibilidade de colocar um policial

em cada esquina. Mas, os chefes de polícia devem atentar às solicitações como um sinal

de inconformismo da sociedade e de uma demanda reprimida de atendimento, ainda que a

omissão ou a inoperância de outros órgãos públicos contribua - e muito - para esse

sentimento coletivo que culmina no reclame por mais policiais uniformizados, sempre.

O senso crítico e as exigências têm aumentado principalmente nas cidades do

interior do Estado que conheceram, em passado recente, o fenômeno da interiorização da

violência, pela diminuição das distâncias em um mundo em rede e pelo aperfeiçoamento de

todas as formas de ação humana (também as delituosas). Em contrapartida, a Polícia

Militar de São Paulo elegeu como prioridade, nos últimos anos, potencializar os seus

programas de policiamento (Radiopatrulha – atendimento 190, Força Tática, Ronda

Escolar, Policiamento Comunitário, Policiamento Integrado, ROCAM - motos) e os seus

gestores enfrentam cobrança da sociedade organizada quando os índices criminais se

elevam, mesmo que pontualmente e em pequeno nível, no movimento cíclico

compreensível aos estudiosos da dinâmica criminal.

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NASSARO, Adilson Luís Franco. Operacionalidade Máxima na Polícia Militar. Disponível em: <http://www.ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/08/operacionalidade-maxima-na-policia.html>.

A ponderação de que a violência e a criminalidade não constituem questão apenas

de polícia é importante e mesmo indispensável nessas reflexões. Verdade que os policiais

lidam com as consequências da péssima distribuição de renda, da falta de oportunidades

de desenvolvimento humano, da apologia ao consumismo, da desestruturação familiar, de

uma legislação processual e de execução penal frágil e extremamente concessiva, da

invasão das drogas e armas que entram pelos milhares de quilômetros de fronteira seca de

um país continental. Todavia, defende-se que a reação rápida e concentrada do

policiamento ostensivo (de polícia militar) em esforço integrado com o segmento

policial de investigação (de polícia civil) tem a capacidade de estancar a

criminalidade em um impactante movimento de contenção; portanto, em um período

limitado, a energia da força policial traz efeito imediato e talvez suficiente para a

reorganização de outros serviços públicos e a mobilização dos demais órgãos com

responsabilidade no mais amplo Sistema de Segurança Pública. Nessa perspectiva,

admite-se que, para efeitos duradouros - em médio e longo prazo - são necessárias

políticas públicas mais complexas e que extrapolam o papel constitucional da atuação das

forças policiais, não obstante o seu impacto imediato.

Então, para o atendimento de justas reivindicações da sociedade, sempre por mais

segurança, temos testemunhado a busca permanente do plano ideal de emprego dos

agentes públicos treinados, armados e identificados pelo uso de uniforme, em esforço que

alcança todos os níveis gerenciais, alguns com mais e outros com menos sucesso. Chamo

esse padrão (plano ideal), que alguns consideram utópico, de “Operacionalidade Máxima”,

o que basicamente significa uma proposta de plena eficiência da polícia ostensiva na

preservação da ordem pública, essencialmente atuante na prevenção e na repressão

imediata à prática criminal. E lembro que a eficiência é um princípio constitucional imposto

a todos os órgãos públicos (artigo 37 da CF).

Tal como os pães e peixes que parecem insuficientes na passagem bíblica, há que

existir - e existem mesmo - meios para multiplicar recursos humanos e maximizar o seu

emprego na atividade fim, no precioso espaço que conhecemos como “operacional” ou

linha de frente da força policial. Por isso, os policiais que se encontram no enfrentamento

direto à criminalidade devem ser valorizados em todos os aspectos, estabelecendo-se uma

real noção de sua relevância, a fim de que a atividade de “apoio” (do efetivo em função

administrativa) não se projete em condição superior.

Os gestores de policiamento têm papel fundamental nesse propósito e devem criar

condições propícias ao máximo desempenho das equipes, estabelecendo um ambiente

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NASSARO, Adilson Luís Franco. Operacionalidade Máxima na Polícia Militar. Disponível em: <http://www.ciencias-policiais.blogspot.com.br/2013/08/operacionalidade-maxima-na-policia.html>.

produtivo, concentrando-se nos aspectos motivacionais, na mobilização de pessoas. Não

podem desperdiçar seu tempo e energia com burocracias inúteis e compromissos

superficiais, mas investir no fator humano, na valorização dos seus profissionais; devem

liderar ações e estratégias de sucesso.

A criatividade e a iniciativa dos comandantes operacionais, enquanto gestores,

devem ser estimuladas e sempre com foco na produtividade - que se pode mensurar - pois

as soluções locais são também as mais eficazes, pela proximidade do problema

enfrentado. Também é fundamental que os resultados do policiamento sejam analisados e

divulgados sob seu aspecto positivo, como resposta ao compreensível aspecto negativo da

incidência criminal; por exemplo, destaca-se a quantidade de abordagens policiais, as

apreensões de armas, as capturas de procurados pela Justiça e as prisões em flagrante

que foram concretizadas pelas intervenções de policiais proativos, apesar da incidência

criminal (gestão por resultados e visão do crime como fato social).

Nota-se a imediata consequência desse esforço: os infratores legitimamente detidos

deixam de praticar delitos enquanto estão reclusos, ou custodiados por terem agredido à

própria sociedade. Ao mesmo tempo em que a Operacionalidade Máxima reflete o aumento

de prisões em flagrante e outros indicadores, ocorre o aumento da sensação de segurança

pela maior presença da força policial ostensiva e o sentimento de punibilidade, ou seja, a

percepção de que o crime não compensa por conta da repressão policial eficiente.

Portanto, mais que um simples conceito, a proposição trata de uma postura

profissional, enquanto individual e, ao mesmo tempo, institucional no seu conjunto. A

Operacionalidade Máxima impacta a sensação de segurança, na condição de produto

imaterial, como percepção coletiva. Do mesmo modo, o aspecto da motivação dos agentes

policiais se estabelece como uma grande corrente em favor das realizações do

policiamento preventivo. Desse modo, registra-se a principal mensagem da

Operacionalidade Máxima: ao esgotar os recursos disponíveis, como órgão público em

plenitude de ação, “a Polícia está fazendo bem a sua parte”.

Adilson Luís Franco Nassaro