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Texto para filosofia, trabalho da bruna

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1A QUESTÃO DA “NATUREZA HUMANA” NO DECORRER DA HISTÓRIA DO

PENSAMENTO E SEUS REFLEXOS NA ATUALIDADE.

Frederico dias freire*Paulo Henrique Vieira do Nascimento*

Não é de hoje que quando se trata do assunto “a natureza humana” é normal que os

rumos da discussão transitem através da linha do tempo e encontrem respostas que datam

desde a antiga Grécia até os tempos atuais. A religião, a cultura, a psicologia e outros; todos

tentam buscar soluções para tal indagação, porém os resultados quase sempre são divergentes,

mesmo porque são desenrolados por meio de diferentes perspectivas. Para Aristóteles, “a

natureza” humana assumia uma denotação“essencialista”, enquanto que para Thomas Hobbes,

o homem era regido por uma natureza vil. Apesar de serem propostas antagônicas, não se

pode desprezar o contexto histórico vivido por ambos pensadores, pois tal circunstância é de

fundamental importância na determinação de suas concepções.

Para Aristóteles, assim como Platão, o homem deveria ser observado de uma forma

desprendida de determinações particulares, ou seja, de uma forma universal, não parcial.

Linha de raciocínio que também foi adotada por “Parmênides”, filósofo pré-socrático; e

Martin Heidegger, pensador contemporâneo fortemente influenciado pelas questões clássicas

da filosofia, isto é, o “Ser”. Percebe-se então, que a concepção “essencialista” de Aristóteles é

resultado de uma angústia comum aos pensadores de sua época, essa angústia, além de outros

questionamentos, era o objeto de estudo naquele momento. No caso de Thomas Hobbes, o

que provavelmente influenciou sua compreensão depreciativa da natureza do homem foi ás

várias guerras que o mesmo presenciou.Hobbes tem uma concepção de Natureza Humana que

pode ser considerada negativa ou pessimista, ele considera o homem como naturalmente

agressivos, dizendo que todos são iguais, o que os torna iguais é o esforço que todos têm em

satisfazer seus desejos e a condição de inimigos entre si, uma vez que para satisfazer seus

próprios desejos. Em uma de suas frases Hobbes ira dizer que o “Homem é o lobo do

homem”, pois ele e movido por suas paixões e desejos e não hesita do aniquilamento do

outro, criando uma situação violenta onde todos estão contra todos.

Segundo o próprio relata em sua biografia, “ao meu nascer, minha mãe teria dado a

luz a gêmeos: eu e o medo”, fato que se justifica quando sua mãe entra em trabalho de parto

1* Acadêmicos do 3° período noturno do curso de Letras, do Instituto Superior de Educação da Faculdade

Alfredo Nasser, sob a orientação do professor(a) Ms. Bruna Milene Ferreira na disciplina Filosofia, no semestre letivo 2012/1.

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prematuro devido o medo da “Armada Espanhola”, que se encontrava prestes a invadir a

Inglaterra. Para Hobbes, o homem utilizava o julgamento da razão da maneira que achasse

adequada, era egoísta, deveria por isso ser governado de forma ditatorial. Segundo o

pensador, o homem em estado de natureza impossibilitaria a segurança e a paz, uma vez que

seus interesses particulares seriam colocados acima dos da coletividade. De fato, as propostas

para se definir a natureza do ser humano assumem diferentes acepções no decorrer da história,

são influenciadas pela realidade, pelos problemas e pelas necessidades de determinado

período. É o que se verifica no sec. XIX, com Karl Marx e Friedrich Engels, que vão rebater

esse conceito de “natureza humana” e propor a “condição humana”.

Vale ressaltar que o rebater descrito acima não se refere a negar a essencialidade da

natureza humana proposta por Aristóteles, mas sim alertar que sob o regime capitalista seria

impossível entendermos e desfrutarmos de tal asserção. Pois para Marx e Engels, o regime

econômico capitalista alienava o homem. Abstraia-o de qualquer condição intrinsecamente

ligada a “natureza humana” para joga-lo em uma condição; modo de ser previamente

estabelecido. Nessa situação o homem seria regido por ideologias, tornando se incapaz de

pensar por si próprio, estabelecendo-se como um alienado. Alguém incapaz de refletir, de

traçar seus próprios paradigmas. Encontra-se como mero instrumento que integra o macro

sistema de consumo. Passa então a trabalhar para produzir e consequentemente consumir, não

possui mais identidade, confundindo-se com todo processo. A individualidade pregada faz

parte do juízo da livre relação de procura e oferta, não da autenticidade intelectual, de

pensamento. Assim, percebe-se a coisificação do homem, que se encontra atrelado a essa

condição.As idéias de Marx e Engels não concorreram em igualdade com as capitalistas,

sendo sucumbidas por estas. Nessa situação, de hegemonia capitalista, deve-se propagar a

importância da filosofia como instrumento de combate à imposição de ideologias.

Durante muito tempo a filosofia foi sistematizada como uma ciência única, analisando

determinado problema e tentando decifrá-lo através do uso de todas vertentes do

conhecimento. Dessa forma tornava-se mais fácil chegar à origem da questão e realizar uma

abordagem mais rigorosa. Porém, com a sua divisão, nota-se uma certa deficiência em suas

ramificações, pois estas não se preocupam com o todo, tornaram-se especialistas em

determinados ramos, e muitas vezes, não passam de meios de propagação da ideologia

dominante e de instrumentos idealizados. É o que se nota ao observarmos a ciência, por

exemplo. Por mais que sustentem a bandeira do propósito desenvolvedor da humanidade, não

passam de pobres fantoches do capitalismo, que é indubitavelmente capaz de estagnar o

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desenvolvimento tecnológico caso se sinta ameaçado de alguma forma. Como se pode notar,

até mesmo a ciência da tecnologia é refém da ideologia atual. Conseguiram criar uma imagem

pejorativa da filosofia, não dando espaço para o pensamento autêntico, sufocando o

empreendedorismo intelectual. Talvez em outra época, o “mito da caverna” de Platão nunca

tivesse tanta aplicabilidade como na atualidade.

A filosofia nada mais é que um modo de pensar sobre uma postura diante do mundo,

nos permitindo ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua

contextualização em um amplo horizonte, que abrange os valores sociais, históricos,

econômicos, políticos, éticos e estéticos. Ao se pensar filosoficamente o homem revela,

mostra, traduz os valores envolvidos nos acontecimentos e nas ações humana, combatendo o

domínio ideológico exercido sobre os indivíduos. O pensamento filosófico caracteriza-se pelo

modo radical, ir ate a raiz dos acontecimentos, aos seus fundamentos, não só cronológica, mas

no sentido de encontrar os valores originais que possibilitaram o fato; o modo rigoroso, pois

segue um método adequado dos objetos em estudo, com todo o rigor, colocando em questão

as respostas mais superficiais possíveis, eseja também pelo fato de analisaros fatos em

conjunto, pois a filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um

conjunto de fatos e valores que estão relacionados entre si. Portanto, o processo de filosofar

deverá sempre resultar em uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto.

Ao tomarmos por base a possibilidade de analisarmos filosoficamente fatos e

indagações podemos explicar o conceito antropológico de cultura e pluralidade cultural nota-

se que a cultura é o modo como os indivíduos e comunidades respondem às suas necessidades

e aos seus desejos simbólicos, englobando a língua que falamos, as ideias de um grupo, as

crenças, costumes etc. A função da cultura é tornar a vida segura e continua para a sociedade

humana.A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização

decaracterísticas étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no

territórionacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais

discriminatórias eexcludentes que permeiam as sociedades.

Seja como for, é importante lembrar que nossa identidade é forjada dentro das varias

culturas de que participamos: desde a familiar, que nos dá os valores básicos que guiam

nossos primeiros anos de vida até as culturas que escolhemos à medida que tornamos adultos

autônomos.

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